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Teoria Microeconômica I

LISTA I - GABARITO

Professora: Valéria Pero


Monitor: Gabriel Neto Instituto de Economia - UFRJ

1) O princípio da Preferência Revelada: “Seja (x1 , x2 ) a cesta escolhida quando os preços são (p1 , p2 )
e seja (y1 , y2 ) alguma outra cesta de modo que p1 x1 + p2 x2 ≥ p1 y1 + p2 y2 [prefere fracamente]. Assim, se
o consumidor escolher a cesta mais preferida que puder adquirir, teremos (x1 , x2 ) estritamente preferido a
(y1 , y2 )”. Está diretamente relacionado com o princípio da monotonicidade - consumidor sempre vai preferir
a cesta com mais bens.
Axioma Fraco da Preferência Revelada (AFrPR): Se (x1 , x2 ) for diretamente revelada como prefe-
rida a (y1 , y2 ) e se as duas cestas não forem idênticas, então não pode acontecer que (y1 , y2 ) seja diretamente
revelada como preferida a (x1 , x2 ). Ou: se a cesta (x1 , x2 ) for comprada aos preços (p1 , p2 ) e se uma cesta
diferente (y1 , y2 ) for comprada aos preços (q1 , q2 ), então, se p1 x1 + p2 x2 ≥ p1 y1 + p2 y2 , não podemos ter que
q1 y1 + q2 y2 ≥ q1 x1 + q2 x2 . Se o consumidor aparentemente escolheu (x1 , x2 ), quando poderia ter escolhido
(y1 , y2 ), isso indica que (x1 , x2 ) foi preferida a (y1 , y2 ) e, se isso ocorre, posteriormente (variação de preço ou
renda) não pode acontecer de (y1 , y2 ) ser escolhida se (x1 , x2 ) estiver disponível.

A violação acima aconteceu porque o consumidor escolheu a cesta (x1 , x2 ) mesmo (y1 , y2 ) estando dispo-
nível. Isso mostra que a cesta (x1 , x2 ) é revelada diretamente preferida a cesta (y1 , y2 ). Mas, posteriormente,
em uma nova relação de preços, o consumidor revê suas escolhas e decide escolher a cesta (y1 , y2 ) à cesta
(x1 , x2 ), se mostrando agora “mais propenso” à cesta (y1 , y2 ). Isso constitui uma violação do Axioma Fraco
da Preferencia revelada, que determina que se uma cesta X revela-se preferível a uma cesta Y, então, quando
o consumidor adquire Y a cesta X não pode ser factível. E, se era, ele violou o Axioma. Na imagem, o
consumidor viola o AfrPr ao escolher tanto (x1 , x2 ) quanto (y1 , y2 ).

2)
Restrição orçamentária: m =p1 x1 + p2 x2 m=1045,00
Cesta X: (x1 , x2 ) = (400,49) No RJ:(p1 , p2 ) = (2;5)
Cesta X’: (x1 , x2 ) = (300;58) No ES: (p1 , p2 ) = (3;2,5)
No Rio de Janeiro ambas as cestas eram passíveis de serem consumidas:
X: (2.400+49.5) = 1045,00 [m=p1 x1 + p2 x2 ]
X’: (2.300+5.58) = 890,00 [m> p1 x1 + p2 x2 ]

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Logo, como X foi escolhida quando X’ também estava passível de ser adquirida, X mostrou-se revelada-
mente preferida à X’.
Porém, no Espírito Santo a cesta X não estava passível de ser adquirida:
X: (3.400+2,5.49) = 1322,50 [m< p1 x1 + p2 x2 ]
X’: (3.300+2,5.58) = 1045,00 [m= p1 x1 + p2 x2 ]
Como a cesta X’ foi escolhida quando a cesta X (escolhida inicialmente, no RJ) não estava passível de ser
mais adquirida (acima da restrição orçamentária), o agente não violou o AFrPR.

3)
a) m= 400,00
(px , py )= (2;2)
(p0x , py )= (1,50;2)
Cesta ótima antes da variação:
1 400
x= . =100
2 2
1 400
y= . =100 —–>(x,y) = (100,100)
2 2
Cesta ótima depois da variação:
1 400
x= . =133,3
2 1, 5
1 400
y= . =100 —–>(x,y) = (133,3; 100)
2 2

b) Índice de preços de Laspeyres:

1, 50.100 + 2.100
Lp= =0,875
2.100 + 2.100
c) Para Fernanda manter constante seu poder aquisitivo, a nova renda deverá ser de modo:
m’= Lp.m m’= 0,875.400 = 350,00

d) O índice de quantidade de Paasche é calculado por:

pt1 xt1 + pt2 xt2


Pq =
pt1 xb1 + pt2 xb2
1, 5 · 125 + 2 · 100 ∼
= = 1, 107
1, 5 · 100 + 2 · 100
Neste caso temos um índice de quantidade de Paasche maior que 1, logo temos:

pt1 xt1 + pt2 xt2 > pt1 xb1 + pt2 xb2 (1)
Pelo princípio da preferência revelada, a desigualdade (1) mostra que Fernanda está melhor no período t
do que no período base b. Como a cesta (125,100) foi comprada em t quando a cesta (100,100) poderia ter
sido comprada com o orçamento disponível, podemos dizer que a cesta (125,100) é diretamente revelada como
preferida a (100, 100). Se essa consumidora for racional comprando a melhor cesta, (125,100) é preferida a
(100,100). Logo, Fernanda está melhor em t do que em b.

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4)
a) Falsa. Para um bem inferior, o módulo (valor absoluto) do efeito renda pode ser menor que o efeito
substituição ou maior - caracterizando um bem de giffen.
b) Falsa. Para bens normais, efeito substituição e efeito renda possuem o mesmo sentido, ambos reforçam-
se mutuamente.
c) Verdadeira. Efeito substituição de Slutsky fornece ao consumidor o dinheiro exatamente necessário
para voltar a seu nível original de consumo; o efeito substituição de Hicks fornece ao consumidor a quantidade
de dinheiro exatamente necessária para que retorne à sua antiga curva de indiferença. Apesar dessa diferença
nas definições, o efeito substituição de Hicks tem de ser negativo – no sentido de que ele opera na direção
contrária da variação do preço – exatamente igual ao efeito substituição de Slutsky.

5)
a) Cesta ótima:
1 24
x1 : . = 6 —–> x1 (p1 ,m)
2 2
1 24
x2 : . = 6
2 2

Efeito substituição: (I)


m’= ∆m + m
∆m = x1 ∆p1
∆m= 6.2
∆m= 12
m’ = 12 + 24 = 36
1 36
x1 (p01 ,m’)= . = 4,5
2 4
(I)∆xs1 = 4,5 - 6 = -1,5

Efeito Renda: (II)


1 24
x1 (p01 ,m)= . =3
2 4
(II)∆xn1 = 3 - 4,5 = -1,5
Efeito Total: ∆xs1 + ∆xn1 = (-1,5) + (-1,5)= -3,0
b)U (x1 , x2 ) = min {x1 , x2 }
x1 = x2 ——> m = p1 x1 + p2 x2
m = p1 x+ p2 x
m = x(p1 + p2 )
m
x=
(p1 + p2 )
24
x= =6 (x1 , x2 ) = (6, 6)
(2 + 2)
Efeito substituição:
m’= ∆m + m
∆m = x1 ∆p1
∆m= 6.2
∆m= 12
m’ = 12 + 24 = 36
36
x1 (p01 , m0 ) = =6
(2 + 4)

3
∆xs1 = 6 - 6 = 0

Efeito Renda:
24
x1 (p01 , m)= =4
2+4
∆xn1 = 4 - 6= -2
Efeito Total = ∆xs1 + ∆xn1 = (0) + (-2)= -2
Como esperado, bens complementares perfeitos possuem efeito substituição nulo, ou seja, toda a variação
no consumo decorre do efeito renda.

6)

Neste exercício temos uma queda no preço do bem x e deste modo há aumento da renda real da consumi-
dora, o qual será medido pelo Efeito Renda representado no gráfico pelo movimento do ponto C para o ponto
B. Ou seja, dada a queda do preço do bem x, a restrição orçamentária se altera e faz com que a consumidora
maximize sua utilidade no ponto B.
Já o efeito substituição capta o movimento em torno da curva de indiferença inicial onde o padrão de
consumo é alocado de forma que a TMS permaneça igual a nova razão dos preços. Para efeitos ilustrativos,
podemos pensar em uma reta orçamentária imaginária (linha pontilhada) que tangencia a curva de indiferença
inicial de modo que este efeito seja representado pelo movimento de A para C. Ou seja, a consumidora substitui
o bem y pelo bem x pois o bem x passou a estar relativamente mais barato.

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