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OS QUILOMBOS E A RESISTÊNCIA DOS ESCRAVIZADOS

Origem:

Os povos quilombolas não se agrupam em uma região específica ou vieram de um


lugar específico. A origem em comum dos remanescentes de quilombos é
a ancestralidade africana de negros escravizados que fugiram da crueldade da
escravidão e refugiaram-se nas matas. Com o passar do tempo, vários desses
fugitivos aglomeravam-se em determinados locais, formando tribos. Mais
adiante, brancos, índios e mestiços também passaram a habitar os quilombos,
somando, porém, menor número da população.
Ao longo da história brasileira, vários quilombos foram registrados, alguns com
grande número de habitantes. O Quilombo dos Palmares, por exemplo, que na
verdade era formado por um conjunto de 10 quilombos próximos, chegou a ter uma
população estimada em 20 mil habitantes no século XVII.
Ainda hoje existem comunidades quilombolas que resistem à urbanização e
tentam manter seu modo de vida simples e em contanto com a natureza, vivendo,
porém, muitas vezes em condições precárias devido à falta de recursos naturais e à
difícil integração à vida urbana e não tribal.

Localização
Segundo os registros, existem quilombos nos seguintes estados
brasileiros: Maranhão, Pernambuco, Espírito Santo, Bahia, Goiás, Mato
Grosso, Pará, Amapá, Acre, Rio Grande do Norte, Amazonas, Rio de Janeiro, São
Paulo, Sergipe, Ceará, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do
Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Tocantins, Piauí, Paraíba e Ceará.
Lideres

Os registros que os historiadores possuem fazem menção a dois grandes líderes do


quilombo. Os únicos líderes de Palmares que conhecemos
foram Ganga Zumba e Zumbi. O primeiro morreu em condições misteriosas
(supostamente por envenenamento) e acredita-se que foi líder de Palmares de 1645
a 1678. Zumbi foi eleito chefe do quilombo e permaneceu como tal de 1678 a 1695 –
quando foi morto pelos portugueses.

Resistencia e lutas

A resistência à escravidão por meio das revoltas, conforme pontua o historiador


João José Reis, não visava, exclusivamente, a acabar com o regime de escravidão,
mas, dentro do cotidiano dos escravos, poderia ser utilizada
como instrumento de barganha. Sendo assim, essas revoltas dos escravos
buscavam, muitas vezes, corrigir excessos de tirania dos senhores, diminuir o nível
de opressão ou punir feitores excessivamente cruéis.
Muitas pessoas têm uma imagem de que os escravos africanos aceitavam a
escravização de maneira passiva, mas os historiadores nos contam que a história foi
bem diferente e os escravos organizaram-se de diferentes maneiras para colocar
limites à violência a que eram submetidos no seu cotidiano.
Entre as diferentes formas de resistência dos escravos podem ser mencionadas
as fugas coletivas, ou individuais, as revoltas contra feitores e seus senhores (que
poderia ou não ter o assassinato desses), a recusa em trabalhar, a execução do
trabalho de maneira inadequada, criação de quilombos e mocambos etc.

Cultura e Religião
Apesar da diversidade de origens culturais, alguns traços gerais da cultura
africana estão presentes nos quilombos, além do sincretismo religioso das religiões
afro-brasileiras, que misturam o tradicional culto aos orixás com o catolicismo, e a
culinária, com vários elementos indígenas. Os quilombolas em geral gostam muito
de música, canto, dança e festas tradicionais.
Já quanto à religião cultuada nas regiões quilombolas, não há uma específica. Os
quilombos têm várias matrizes religiosas, sendo predominante o candomblé, o
catolicismo e o protestantismo. Neles o sincretismo entre elementos católicos e
candomblecistas também é muito presente.

Comunidades remanescentes

Os quilombos não pertencem somente a nosso passado escravista. Tampouco se


configuram como comunidades isoladas, no tempo e no espaço, sem qualquer
participação em nossa estrutura social.  Ao contrário, são quase 4 mil comunidades
quilombolas espalhadas pelo território brasileiro mantêm-se vivas e atuantes,
lutando pelo direito de propriedade de suas terras consagrado pela Constituição
Federal desde 1988.

Existem comunidades quilombolas em pelo menos 24 estados do Brasil: Amazonas,


Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Piauí, Rio
de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São
Paulo, Sergipe e Tocantins.

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