Você está na página 1de 13

Branquitude e Psicanálise:

segregação racial e a matriz colonial do saber


ANDREA MÁRIS CAMPOS GUERRA*

Resumo: A questão racial, desde há muito, pouco problematizada pela teoria psicanalítica, é
aqui discutida em três tempos. No primeiro, discutimos a matriz inconsciente de toda forma de
segregação. No segundo, problematizamos como essa segregação toma a forma do racismo pelo
Ideal de Eu branco, nomeado branquitude. E, por fim, desenvolvemos o modo como essa matriz
coloniza o poder, o saber, o ser e o gênero, a partir da transmissão universitária, em diálogo
transversal com a matriz Modernidade/Colonialidade. A consequência desse diálogo em torno
do poder e do pacto narcísico brancos, que se desejam hegemônicos, é a aposta numa teoria e
numa práxis que, desde a psicanálise, abalem a estrutura da segregação, advinda pulsionalmente
da projeção do gozo sobre o corpo racializado, estabelecida e mantida ao longo dos séculos pela
lógica imperial.
Palavras-chave: Branquitude; Psicanálise; Colonialidade; Segregação; Gozo.
Whiteness and Psychoanalysis: racial segregation and the colonial matrix of knowledge
Abstract: The racial issue, which has been little problematized by psychoanalytic theory for a
long time, is discussed here in three stages. In the first one, we present the unconscious matrix
of all forms of segregation. In the second stage, we discuss how this segregation takes the form
of racism through the White Ideal of the Ego, or whiteness, which is imposed for all. Finally,
we examine how this matrix colonizes power, knowledge, being and gender, conveyed by
academia, in a transversal dialogue with the modernity/coloniality matrix. The consequence of
this dialogue around white power and the white narcissistic pact, both of which aspire to be
hegemonic, is the wager on a theory and a praxis that, through psychoanalysis, may shake the
instinctual structure of segregation rooted in the projection of jouissance on the racialized body,
a process that is established and maintained over the centuries by imperial logic.
Key words: Whiteness; Psychoanalysis; Coloniality; Segregation; Jouissance.

*
ANDREA MÁRIS CAMPOS GUERRA é psicanalista e professora do Departamento e do
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFMG, onde coordena o Núcleo @PSILACS (Psicanálise
e Laço Social Contemporâneo).

55
1. Para começar a conversa Lacan. Freud, a partir do narcisismo das
pequenas diferenças, funda sua
Com a Proclamação da República
condição de possibilidade. O outro
Brasileira, em 1890, Rui Barbosa
mandou queimar todos os contratos de merecerá meu amor, se for de tal
compra e venda de pessoas modo semelhante a mim, que eu
escravizadas, mercadoria humana vinda possa me amar nele, [...] que nele
do continente africano – em geral da eu possa amar meu ideal de meu
próprio eu. [...] Mas se essa pessoa
região central Bantu –, rompendo em
for um estranho ou não conseguir
ato o circuito geracional que poderia atrair-me por um de seus próprios
escrever sua herança simbólica. Ato valores ou por qualquer
isolado, branco e hegemônico, que significação que possa já ter
violenta a história. Isso não é adquirido para minha vida
imaginário, mas marca do real do gozo emocional, me será muito difícil
predatório que marcou a entrada amá-la (FREUD, 1976, p. 131).
simbólica do Ocidente na Modernidade,
Seria injusto, inclusive, com quem amo,
com a conquista das Américas e a
colocar um estranho em pé de igualdade
invasão da África, assentadas sobre a
com ele. Um estranho não apenas seria
noção de raça, substituta da de sangue, indigno do amor [ao próximo], como
no maior espólio da branquitude, possuiria mais direito à hostilidade e,
assentado ao longo dos séculos por isso, não hesitaria em prejudicar o
seguintes. próximo ou ganhar dele alguma
Para tratar do tema da branquitude em vantagem. Aliás, Freud pinta um
diálogo com a psicanálise, propomos cenário ainda mais corrosivo numa já
recuperar os marcos estruturais da clássica passagem em que se aproxima
história dessa geopolítica amefricana de Hobbes [Homo homini lúpus - o
(GONZALEZ, 2020), pensar a relação homem é o lobo do homem]. “Os
entre estrutura e história – nem sempre homens não são criaturas gentis que
óbvia ou consensuada – e situar a matriz desejam ser amadas e que no máximo
colonial do saber, a partir da lógica da podem defender-se quando atacadas;
segregação em psicanálise. Dela pelo contrário são criaturas em cujos
problematizaremos a branquitude e dotes pulsionais deve-se levar em conta
como, psicanaliticamente, podemos uma poderosa quota de agressividade”
abrir formas de lidar com esse modo (FREUD, 1976, p. 133).
estrutural e institucional do racismo. Sabemos que o resultado disso é o de
Teremos como encruzilhada o diálogo que o próximo sirva de ajudante
entre a perspectiva psicanalítica e os potencial e objeto sexual, sobre o qual
pressupostos do grupo da agressividade, abuso, exploração
Modernidade/Colonialidade reunidos humilhação, sofrimento, tortura e morte
em três argumentos: segregação,
seriam destinos plausíveis. São
branquitude e matriz colonial do saber.
expressões de Freud, que se questiona:
2. Primeiro aspecto da questão: a “Quem, em face de toda a experiência
segregação em Psicanálise de vida e da história, terá a coragem de
A tese psicanalítica central acerca da discutir essa asserção?” (FREUD, 1976,
segregação, enunciada já desde p. 133). A bala perdida que matou a
Sigmund Freud, encontra no gozo seu
articulador móvel, segundo Jacques

56
jovem Kathlen1, grávida de 24 anos e a só poder reconhecer do lado de fora”
chacina do Jacarezinho2 são as últimas (LACAN, 2008, p. 219).
testemunhas dessa série brasileira ainda
Das Ding é introduzido por Freud
inexorável. exatamente pelo complexo do Outro –
Lacan sintetiza e complexifica a Nebenmensch. Homem que é mais
proposição freudiana, ao introduzir a próximo, mas que não conseguimos
distinção entre próximo e Outro. “O situá-lo. “Amar ao próximo como a ti
próximo é a iminência intolerável do mesmo” é o mandamento divino que lhe
gozo. O Outro é apenas sua confere estatuto: “onde existirá fora
terraplanagem higienizada" (LACAN, desse centro de mim mesmo que não
2008, p. 219). O gozo é aqui por ele posso amar, alguma coisa que me seja
retomado como centralidade de uma mais próxima” (LACAN, 2008, p. 219).
zona proibida na qual o prazer seria Jacques-Alain Miller colocará a
intenso demais. Essa distribuição do radicalidade do gozo na matriz da
prazer, no seu limite íntimo, é o que segregação em termos límpidos:
condiciona a proibição do que, em Sabemos que o estatuto
síntese, constitui o que nos é mais fundamental do objeto é o de
próximo, embora nos seja externo. sempre ter sido roubado pelo Outro.
Extimidade. Trata-se, na matriz da Esse roubo de gozo é o que
segregação, portanto, daquilo que Miller escrevemos como menos fi (-ϕ) que,
designará com todas as letras. como se sabe, é o matema da
castração. Se o problema tem o ar
Lacan recupera nesse ponto do gozo de insolúvel, é porque o Outro é
como êxtimo aquilo que Freud Outro dentro de mim mesmo. A
distinguira antes: Die Sache – a coisa raiz do racismo é o ódio de meu
circunscrita pelo simbólico – e Das próprio gozo. Não há outra raiz a
Ding – A Coisa em si, campo êxtimo do não ser essa. Se o Outro está no
gozo, mais próximo de lalíngua ou interior de mim mesmo em posição
língua mãe. Cito: “É numa exterioridade de extimidade, trata-se igualmente
jaculatória que se identifica esse algo de meu próprio ódio (MILLER,
pelo qual o que me é mais íntimo é, 2016, s.p.).
justamente, aquilo que sou obrigado a Ao propor uma segunda distinção –
serão três ao todo para nos auxiliar –,
agora entre ódio e agressividade, Miller
1
RODRIGUES, M. Grávida morta por bala
(2016) destaca que o ódio visa o real no
perdida em comunidade do Rio já tinha Outro. Se a agressividade, especular,
escolhido nomes para bebê, G1 Rio, Rio de dirige-se ao objeto pela vertente do
Janeiro, 09 jun. 2021. Disponível em: ideal [i(a)], o ódio radica na mais
https://g1.globo.com/rj/rio-de- absoluta impossibilidade de
janeiro/noticia/2021/06/09/gravida-morta-por-
bala-perdida-em-comunidade-do-rio-ja-tinha-
especularização ou representação [-φ e
escolhido-nomes-para-bebe.ghtml. Acesso em S de (A barrado)].
02/08/2021. Não basta questionar o ódio do
2
HAIDAR et al., Operação no Jacarezinho Outro, pois isso colocaria
deixa 25 mortos, provoca intenso tiroteio e tem
fuga de bandidos, G1 Rio, Rio de Janeiro, 06
justamente a questão de saber por
maio 2021. Disponível em: que esse Outro é Outro. No ódio do
https://g1.globo.com/rj/rio-de- Outro há, certamente, algo mais do
janeiro/noticia/2021/05/06/tiroteio-deixa- que a agressividade. Há uma
feridos-no-jacarezinho.ghtml. Acesso em constante dessa agressividade, que
02/08/2021.

57
merece o nome de ódio, e que visa Éric Laurent fala desde uma perspectiva
o real no Outro. O que faz com que estrutural de um trauma vivido pelo
esse Outro seja Outro para que se avesso, um real impossível de ser
possa odiá-lo, para que se possa absorvido pelo simbólico e vice-versa –
odiá-lo em seu ser? Pois bem, é o
um simbólico impossível de ser
ódio do gozo do Outro. É
exatamente essa a forma mais geral
absorvido pelo real. Se “de fato, o
que se pode dar a esse racismo racismo muda seus objetos à medida em
moderno tal como o verificamos. É que as formas sociais se modificam, [...]
o ódio da maneira particular conforme a perspectiva de Lacan,
segundo a qual o Outro goza sempre jaz, numa comunidade humana,
(MILLER, 2016, s.p.). a rejeição de um gozo inassimilável,
Pois bem, no coração desse problema, domínio de uma barbárie possível”
não há como discordar de Lacan de que (LAURENT, 2014, s.p.). Esse gozo
“o que há de absolutamente incrível é implica um vazio central na estrutura do
que ainda não se tenha percebido que os saber ou, mais radicalmente, o saber do
problemas de consciência são real, saber do corpo que goza e quer
problemas de gozo" (LACAN, 1971, p. viver e, por isso, angustia. Dessa
angústia, edificam-se as defesas em seus
23). Nesse primeiro plano, pois,
distintos níveis, apresentações e
recuperamos a proposição estrutural
intensidades.
acerca da segregação – nem sempre
óbvia para não-psicanalistas –, a saber: O racismo implica, assim, de maneira
a segregação se define como ódio que radical, uma rejeição primordial no
visa o real do meu gozo, vivido nível do simbólico que retorna como
êxtimamente como Outro no próximo. modo de gozo e se articula com efeitos
Vejamos o segundo aspecto de nossa imaginários. A raça “se constitui pelo
discussão de hoje: a segregação em sua modo como se transmitem, pela ordem
perspectiva racial. de um discurso, os lugares simbólicos,
aquele com que se perpetua a raça dos
3. Segundo aspecto: Branquitude, o
mestres/senhores e igualmente dos
Outro e o Gozo
escravos” (LACAN, 2003b, p. 462,
No seminário 18, Lacan reafirma que grifo nosso).
“basta um mais-de-gozar para que se
E onde se situa o Eu, território de toda
constitua um racismo” (LACAN, 2009,
sorte de confluência real, desvio
p. 29), e prossegue dizendo que, se
imaginário e equivocidade de sentido no
basta um mais-de-gozar para sustentar
plano estrutural do racismo? Recorro ao
todas as formas de racismo, elas “são o
esquema óptico para situá-lo. Valho-me
que nos ameaça quanto aos próximos
dele como modelo, tanto como ficção,
anos” (LACAN, 2009, p. 29). Como o
quanto como instrumento. Ficção,
próprio Miller bem nos recordou, Lacan
porque é uma criação que não tem
neste ponto – raro – é pródigo em
existência, não é um referente.
previsões acertadas. A noção de raça,
Instrumento, porque permite um modo
como discurso em ação (LACAN,
de acesso ao real (D’AGORD et al.,
2003b, p. 462-3), implica o vazio
2015, p. 153). Gostaríamos de conferir a
central do ser, de onde qualquer
ele aqui uma visada específica: a
tentativa de sutura, seja ela real,
introdução que faz Lacan do espelho
simbólica ou imaginária, emana.
plano no esquema de Bouasse
(LACAN, 1979).

58
Sabemos que um espelho esférico Lacan introduz esse elemento novo – o
pode produzir, de um objeto situado espelho plano – no experimento óptico,
no ponto de seu centro de de modo a elaborar um modelo teórico
curvatura, uma imagem que lhe é para “as relações do Eu Ideal com o
simétrica, mas sobre a qual o
Ideal do Eu” (LACAN, 1998a, p. 679),
importante é que ela é uma imagem
real (...) Em certas condições, essa
“permitindo distinguir nela a dupla
imagem pode ser fitada pelo olho incidência do imaginário e do
em sua realidade (...) É o caso da simbólico” (LACAN, 1998a, p. 680-
chamada ilusão do buquê invertido, 681). A montagem lacaniana que
que encontraremos descrita em completará o aparelho será a introdução
L’Optique et photométrie dites de um espelho plano, como nas duas
géometriques de Bouasse (LACAN, figuras abaixo podemos constatar.
1998a, p. 679).

FIGURA 1 – “O ‘experimento óptico’ de Bouasse”

Fonte: LACAN (1998a) apud D’AGORD et al. (2015, p. 162)

FIGURA 2

Fonte: LACAN (1998a) apud PRADO (2009)


Pois bem, por que Lacan introduz o (re)conhece como uma imagem
espelho plano no esquema de Bouasse alienada; em vez de autonomia, há
duplicando simbólico e imaginário para alienação, ou seja, o sujeito se
dar conta do real? Enquadrado o vazio, reconhece através de uma imagem que
posso encontrar a imagem como minha, ele não é, e onde não está (D’AGORD
ela se torna narcísica, pois agora que a et al., 2015, p. 483).
vejo através do Outro (na analogia com Como mostra o esquema, não há uma
o espelho plano), ela é apenas virtual. unidade do Eu possível, desde a
Através do espelho plano o eu se

59
perspectiva psicanalítica. O Eu se Enquanto S1, o Branco equivalido ao
identificaria, no nível do -i(a) com uma Humano, coloca em marcha os
imagem real, articulada simbolicamente discursos em ação. Segundo Kalpana
pelo Ideal de Eu I(A), restando sempre Seshadri-Crooks (2012), forjamos uma
não especularizável o objeto subtraído especularidade pretensamente universal
(- ), ponto de ancoragem do gozo, de Ideal de Eu na composição do
matricial nos fenômenos segregatórios agrupamento humano ocidental, a partir
como acabamos de ver. O resultado é a da ilusão de que o Branco não é uma
imagem virtual, que comporta a imagem cor, uma raça, mas, invisibilizado, é o
real3 - i’(a) -, refletida no espelho plano. Humano.
O que Miller nos indica perseguir para
Essa forja nasce com a conquista das
compreender o racismo advém
Américas, o encobrimento do outro, o
exatamente da localização desse vazio
nascimento da modernidade e sua
que a interposição do espelho plano visa
marcação histórica é o ano de 1492
ocultar, dissuadir, diluir.
(DUSSEL, 1993). Na aliança capital e
Certamente, ao se invocar as causas ciência, o real em que grupos sociais
econômicas, sociais e geopolíticas, foram remanejados pela universalização
pode-se explicar um vasto campo assim introduzida constituiu o “nosso
desse fenômeno; mas resta, apesar futuro de mercados comuns [que]
de tudo, alguma coisa que faz
encontrou seu equilíbrio numa
pensar que ele não se dá somente
nesse nível. Há um resto que ampliação cada vez mais dura dos
poderíamos chamar de causas processos de segregação” (LACAN,
obscuras do racismo, e não é certo 2003a, p. 263).
que seja suficiente protestar contra
Até nosso século, esse espelho
isso. Pode ser que protestar contra
isso seja o mesmo que esconder o assentado com a argamassa do capital
rosto e desviar o olhar do que está em sua vertente neoliberal, da força
em questão (MILLER, 2016). militar cada vez mais tecnológica e do
discurso decolonial, como avesso do
A segregação toma forma de racismo no discurso do mestre, fixaram o Ideal
ponto mesmo dessa causa obscura que como se ele fosse verdadeiramente
aloca como I(A) – espelho plano universal e imóvel. Ele funcionou como
matricial da constituição de qualquer guia moral e interditor superegóico.
imagem de Eu no Ocidente – a Entretanto o real, não mais equivalido à
branquitude como referente universal. estabilidade da natureza, deixou ver que
eram semblantes que ali velavam um
3
“Em óptica, as imagens são de dois tipos: vazio central.
imagens reais e imagens virtuais. As imagens
reais são as produzidas, por exemplo, por um A mutação maior que atinge a
espelho côncavo, ou seja, algo parecido à ordem simbólica no século XXI é o
superfície interna e bem polida de uma esfera fato de ela ser, doravante,
oca. Chamam-se imagens reais porque para o amplamente conhecida como uma
sujeito que percebe, elas se comportam como articulação de semblantes. As
objetos e não como imagens, implicam uma categorias tradicionais que
ilusão óptica, isto é, o observador é enganado.
organizam a existência passam para
As imagens virtuais são as imagens cotidianas
produzidas por um espelho plano (de uso o nível de simples construções
cotidiano) e não implicam ilusão óptica alguma, sociais, votadas à desconstrução.
já que para o sujeito observador essas imagens Não é apenas o fato de os
se comportam como tais, ou seja, como semblantes vacilarem, mas de eles
imagens” (D’AGORD et al, 2015, p. 156). serem reconhecidos como

60
semblantes. E, devido a um curioso Nessa partilha do gozo, o par sadismo-
entrecruzamento, é a psicanálise masoquismo deixa seu lastro histórico
que, por meio de Lacan, restitui o como ferida aberta que ganha nas
outro termo da polaridade cicatrizes fantasmagóricas da
conceitual: nem tudo é semblante,
escravização o legado vergonhoso de
há um real (MILLER, 2014, s.p.).
nosso país e do assentamento
Isto posto, cabe-nos perguntar hoje devastador da modernidade no solo
quem, como e quando se fixou o latino-americano. Foi desde esse ponto
espelho plano dessa maneira. Ele que a estrutura da extimidade foi
enquadra o gozo, que não aparece no lançada mão.
esquema. Podemos colocar a mesma O gozo maligno em jogo no
questão de outra maneira. O que não discurso racista é desconhecimento
queremos ver para continuar a gozar da dessa lógica. Ela está no
mesma forma racista? De quais fundamento de todo laço social. O
privilégios de corpo, de gozo, não crime fundador não é o assassinato
cedemos, quando não levantamos o do pai, mas a vontade de
espelho plano da branquitude para assassinato daquele que encarna o
buscar não-toda a verdade que, como gozo que eu rejeito. Portanto,
saber, a civilização ocidental assentou sempre o antiracismo é a reinventar
sobre a noção de raça, no para seguir as novas formas do
objeto do racismo, se deformando à
universalizante poderio branco,
medida dos remanejamentos das
masculino, patriarcal, cisheterossexual e formações sociais (LAURENT,
burguês? Branco não é sem cor. 2014, s.p.).
Aqui, para encerrarmos essa segunda Vejamos, no terceiro tempo, como
parte, retomo a distinção heideggeriana fincamos a raça no lugar onde antes os
evocada por Miller (2016), entre critérios de sangue e de títulos
idêntico e mesmo. justificavam as hierarquias. Numa
Com efeito, se o gozo pode postular operação simbólica sem precedentes,
esse estatuto de Outro do Outro, eu numa espoliação sem possibilidade de
diria que é na medida em que, tal restauração e numa devastação real com
como o colocamos em função na sólido anteparo imaginário, o mundo
experiência analítica, ele aparece europeu inventou o Ocidente e seu
como o mesmo. Ele aparece como o centro, a própria Europa, bem como o
invariável. Eu disse o mesmo, e não
Norte e o Sul, abaixo do Equador. O
o idêntico a si. Quando falamos de
identidade, de identidade a si, já avanço das grandes navegações
alojamos a questão no registro implicou na fuga da Europa cristã da
significante, com os paradoxos e as invasão e crescimento dos muçulmanos
dificuldades que ele comporta. Mas em seu território. Assim, a abertura
o gozo nos obriga a pensar um além-mar das Índias - dois novos
estatuto do mesmo, que não é o continentes: americano e africano - sob
idêntico no registro significante. seu poderio produziu um dos mais
[...]. Dizemos o mesmo para não notáveis avanços da Modernidade. No
implicar os paradoxos significantes próximo tópico, conheceremos seu
da identidade, para opor às avesso.
variações do Outro, à alteridade que
é interna ao Outro, a inércia do
gozo (MILLER, 2016, s.p.)

61
4. Terceiro aspecto da questão: a matriz colonial do saber
FIGURA 3 - Mapa Múndi Séc. XV *(anterior à descoberta das américas, etc.)

Fonte: https://www.arqnet.pt/portal/artigos/jss_expansao4.html

FIGURA 4 – Mapa Múndi – Martin Waldseemüller, 1507-Séc XVI

Fonte: http://afmata-tropicalia.blogspot.com/2010/02/maior-descoberta-cartografica-do-seculo.html

Acima temos dois mapas-múndi: o de 533). É daí também que surgem as


antes e o de depois das grandes fantasias inéditas que ligam sujeito
navegações, testemunhando a dividido ao objeto de sua satisfação,
consolidação simbólica e cartográfica como bem mostra Frantz Fanon em Pele
do Novo Mundo sob a estrutura do gozo Negra e Máscaras Brancas (2008).
imperial, ancorado no avesso do “Deixar esse Outro entregue a seu modo
discurso do mestre moderno. Estamos de gozo, eis o que só seria possível não
bem longe da facilidade imaginária dos lhes impondo o nosso, não o tomando
processos identitários, como bem por subdesenvolvido” (LACAN, 2003c,
podem ver. Seria mais cômodo reduzir p. 533).
nossa história a um jogo de preto e
Trata-se do choque dos gozos que,
branco em duas dimensões. Mas não é
múltiplos, dariam a sensação de que
simplesmente assim que a lógica racial
fragmentam o laço social. Daí a
funciona.
tentação de apelo a um Deus unificador.
Em 1973, ao profetizar a escalada do Pois bem, foi essa estratégia unificadora
racismo, Lacan (2003c) retoma a - no nível do espelho plano - que se
dimensão do gozo, lembrando que só há impôs na conquista das Américas como
o “Outro para situá-lo, mas na medida orientação geopolítica e histórica.
em que estamos separados dele” (p. Amparada pela razão iluminista e pelo

62
ensejo de um Deus único, se 1. Contra os muçulmanos e
estabeleceu para dar a outridade radical judeus em nome da pureza do
que é o corpo, seu invólucro simbólico e sangue em Al-Andaluz;
discursivo: o racismo. Foram
2. Contra os povos
necessários quatro epistemicídios para
indígenas nas Américas e depois
fundar à força e com uma violência
na Ásia;
ímpar na história das, assim ditas,
civilizações essa nova gestão 3. Contra os africanos,
epistêmica, ontológica e ética das aprisionados em seu território e
gentes. depois vendidos e escravizados
no território americano;
Ramón Grosfoguel (2016), ao discutir a 4. Contra as mulheres
estrutura do conhecimento nas queimadas vivas sob a alegação
universidades ocidentalizadas, fala em de serem bruxas.
duas passagens do cogito cartesiano até Foram quatro modos de produção de
a assunção de sua lógica conhecimento assim ilegitimados e
fundamentalmente colonial, sexista e aniquilados. Assim fomos civilizados e
racista. Trata-se da passagem do Ego iluminados pela Modernidade; a
cogito para o Ego conquiro e deste para Colonialidade permanecendo seu avesso
o Ego Extermino. Do Penso, logo sou, sombrio, subdesenvolvido, primitivo,
nasce a centralidade cartesiana que inumano. Como Achille Mbembe
justifica, com Deus no horizonte, a (2018) mostra, passamos da espoliação
conquista Penso, logo conquisto, tendo, organizada à revolta e independência
entre elas, a eliminação dos que não descoloniais e destas à globalização
disporiam do mesmo estatuto neoliberal e sua humanidade supérflua.
ontológico: Penso, logo elimino. Seu ápice: o devir negro no mundo
como coleção de corpos – negros e não-
Assim, passaram-se cem anos entre negros – tornados descartáveis.
concílios e bulas papais, no Século XVI, Conhecida hoje como Modo Colonial
discutindo-se se os habitantes do do Poder (MCP), a colonialidade do
hemisfério sul tinham alma nuliius – se poder se somou à colonialidade do
eram desalmados – ou se eram seres saber, do ser e do gênero, denunciando,
humanos e não deveriam ser roubados sob o ideal da universalidade, a versão
de sua liberdade ou posses. As terras europeia, branca, masculina e patriarcal
das Índias, assim, tornar-se-iam do poder centralizador gestado
legitimamente ocupáveis. Se não eram epistemicamente (QUIJANO, 2017).
de ninguém, poderiam ser desvirginadas Assim, ancorado no modo de gozo do
pelo poder europeu, extraídas de suas discurso do Mestre Moderno, fatiou-se
riquezas e dizimadas de seus povos de nosso território em capitanias
origem. No fundamento, pois, do hereditárias, assim como o continente
conhecimento em suas condições de africano em fatias europeias. A
possibilidade e de advento, foram dimensão central dessa composição do
quatro os epistemicídios discurso colonial é a raça como seu
(GROSFOGUEL, 2016) que permitiram constituinte necessário.
a fundação forçada de sua
racionalidade, cientificidade e O que deve nos reter é o racismo
como moderno. Isso não tem nada a
universalidade:
ver com o racismo antigo. Não

63
adianta apelar para os gregos ou que definiu um enquadre dos corpos e
para os bárbaros. Isso não tem nada um empobrecimento reducionista e
a ver com a densidade que a defensivo face às diferenças de gozo.
questão adquiriu para nós. Trata-se Com essa defesa, nosso vazio central
de um racismo moderno, ou seja, de
infamiliar se projeta extimamente como
um racismo da época da ciência e,
também, da época da psicanálise
medo, ódio, horror e gozo sobre o corpo
(MILLER, 2016, s.p.). de pele negra, especialmente quando
feminino (GONZALEZ, 2020;
Aníbal Quijano (2017) é claro ao SEGATO, 2006).
mostrar que a substituição do sangue
pela raça, institui a modernidade Como dito, ao se referir aos modos de
iluminista, racional e liberal que assenta colonização e engendramento do
uma nova lógica discursiva para nosso sistema-mundo moderno, para esse
tempo. Seu nome é colonialidade, não grupo, conhecido como da
apenas como sistema econômico Modernidade/Colonialidade, fala-se em
espalhado por distintos continentes do quatro níveis de apropriação discursiva,
planeta – em especial americano e empírica e hierárquica do poder: a da
africano –, mas antes como modo de colonização do poder, do saber, do ser
governo dos corpos. e do gênero. A matriz colonial do poder
pode ser, então, definida como uma
Isso se encarnou sob a fachada – estrutura lógica que sublinha o modo
em geral humanitária – do discursivo da civilização ocidental e
colonialismo. Naquela época, não também como uma lógica
se dizia “cada qual em sua casa”.
administrativa, que agora já se estendeu
Ao contrário, o que se fazia era ir
ver de perto para instaurar ordem e
para além dos atores que a criaram e
civilização. É engraçado constatar administraram (MIGNOLO, 2017).
que em nossa época vivemos o Suas inflexões são inúmeras, não
retorno disso, o retorno de infinitas, como uma espécie de conexão
extimidade desse processo. Isso é de enodamentos que articulam modos
tanto mais interessante na medida discursivos de operacionalidade do
em que se trata dos mesmos: eles gozo, como diríamos com Lacan.
pretendiam colonizar povos inteiros
e hoje não podem mais suportar que A raça, na matriz do sistema
esses povos não estejam em suas classificatório define o Humano, o sub-
casas (MILLER, 2016, s.p.). humano e o não-humano. Como destaca
Fanon (2008), o Homem identificado ao
Bom, qual ordem estava em jogo? O
Humano – e já denunciado como falácia
que se chamaria, nessa situação, de
das ciências humanas por Lacan
civilização? Havia desordem nos
(1998b) – é uma criação epistêmica que
continentes roubados de seus povos
sustenta um regime ontológico de
originários? Subdesenvolvimento ou
poder: patriarcal, sexista, machista,
diferença? Modos distintos de viver,
racista e classista em suas múltiplas
que hoje garantem parte da ecologia
derivações.
sistêmica de nossa sobrevivência
mundial, advêm dessa cosmologia dos Projetada como I(A) funda um código e
povos originários, distinta da se torna autorreferente de uma
cosmologia cristã-secular-ocidental. O experiência de mundo, aniquiladora de
desejo de fazer Um, consistente, armou outros modos, que passam, a partir do
o mundo ocidental de uma ilusória século XVI e da conquista das
centralidade universal – espelho plano – Américas, a se tornarem subalternos.

64
Classificar é identificar (MIGNOLO, 5 Abertura
2017). A identidade, submetida a esse
Para concluir, perguntamo-nos: como
regime, não é simplesmente imaginária,
enfrentar a segregação racial e a matriz
mas conexão que garante o fio do poder
colonial do saber, com a psicanálise,
e legitima um modo de gozo destrutor
desde a universidade? Recolhemos três
tomado como civilizatório; assim define
posições do grupo
o lugar hierárquico de um corpo pela
Modernidade/Colonialidade. Quijano
cor e pelo sexo; estabelece o regime
(2017) trata do reconhecimento de um
alteritário do estrangeiro pelo Estado
modo de relação intersubjetiva e
Nação; dentre suas múltiplas outras
material dominante que aniquila a
inflexões.
possibilidade de coexistência de
“Quem classifica controla o sentido e distintos modos de poder e de viver. Ele
quem é classificado tem que confrontar defende a reoriginalização das
o sentido que lhe impõe a classificação” experiências históricas, a
(MIGNOLO, 2017, p. 45). O sistema plurinacionalidade e a
não funciona per se. São necessários pluriculturalidade, através de modos
meios para que as gentes confundam a não predatórios de relação com o
epistemologia (o dizer) com a ontologia universo.
(dito) e tornem eficazes,
Walter Mignolo (2017) propõe enfrentar
discursivamente, o efeito ontológico do
as feridas coloniais para assunção de
dizer. Seus meios são as línguas, as
uma subjetividade decolonizada a partir
instituições, as disciplinas e os atores
de processos de desidentificação; uma
(MIGNOLO, 2017, p. 45). É dessa
atualização das bordas e das fronteiras
maneira relacional que se reduz a
que constituem a praxis do viver. Para
negritude ao identitarismo, que se nega
ele, a liberação colonial nasce desde o
a branquitude e seus privilégios
comunal [o comum] e se origina de
invisibilizados, que se transforma o
processos de autodecolonialidade.
gozo sádico do plano real em queixa
Grosfoguel (2008) fala em heterarquia
imaginária no plano virtual.
decolonizada, em três linhas: 1ª.
Assim, a raça se reduz a uma escrita reconhecimento do provincialismo e do
ausente no plano inconsciente, político e racismo/sexismo epistêmico; 2ª.
clínico, sob o olhar hegemonicamente rompimento com o universalismo da
branco. Trata-se de uma adesão cega, epistemologia ocidental; 3º.
político-estrutural, a um plano encaminhamento da diversidade
epistêmico, ontológico e ético que epistêmica para o cânone do
subjaz negligenciado, ocultado e pensamento, através da conversação
silenciado. Como no esquema óptico, interepistêmica e criação de novos
depois de interposto o espelho plano do conceitos pluriversais.
Outro, vemos as flores dentro do vaso,
como se esse fosse o estado normal das Com Lacan, pensamos que é preciso
coisas. Cada um no seu devido lugar. extrair as consequências psicanalíticas
No fundo, porém, é do tratamento do na teoria e na praxis de um inconsciente
resto, que Miller preferiu chamar de colonizado, de seu modo constituinte de
causas obscuras, que estamos falando. gozo e seu modo correlato de enquadre.
Buscar o que não se coloniza e resiste
como ponto indomesticado pelo
discurso, a fim de pensar o que se
operacionaliza fora do campo da

65
tradição e do enquadre discursivo. E, pelo acontecimento de corpo como
finalmente, saber-fazer com isso. resposta ao que o traumatiza.

Lacan propõe que enfrentemos os Deste vasto diálogo com distintas


modos familiares com que disciplinas, a questão sobre a
testemunhamos o adestramento dos branquitude radica em perguntarmo-nos
efeitos reais nos processos simbólicos como tomar em causa o racismo na
de colonização do inconsciente e teoria e na clínica em continuidade
também na diluição de suas formas moebiana. Reconhecer a reiteração do
imaginárias a partir da clínica. Ao Outro – racista, sexista, misógino,
analisar médicos do Togo, ele se patriarcal, trans e homofóbico –,
surpreende com o modo como se nomear o que ocupa o I(A) a cada dito
adequavam ao Império na capital no espelho plano, suspender o espelho e
francesa. Ele não encontra seus mitos de operar com o gozo que então se revela
origem, nem em rastros ou traços no corpo como acontecimento e no ato
inconscientes, mas, antes, depara-se de fala, mostrar a própria montagem dos
com um inconsciente edipianizado, espelhos como encobrimento do real,
colonizado e vendido imperialmente. mais que apenas quebrá-los, vem sendo,
Cito Lacan (1992): dentre outras operações, aquelas que
guiam o exercício clínico e a pesquisa
Era o inconsciente que tinham teórica no campo da psicanálise.
vendido a eles ao mesmo tempo
Pelo movimento de ocupação da
que as leis da colonização, forma
éxótica, regressiva, do discurso do
experiência racial, a psicanálise tem
mestre, frente ao capitalismo que se escutado e lido, como bem faz desde
chama imperialismo [...] sua sua fundação, a necessidade de levantar
infância era retroativamente vivida o espelho plano e enfrentar o gozo
em nossas categorias familiares branco – não invisibilizado na cor – que
(LACAN, 1992, p. 85). lhe subjaz. Ocupação psicanalítica seria
o nome desse programa. Decolonizar a
Nesse artigo nosso propósito foi o de psicanálise seria seu intento. Introduzir
situar a raça e evidenciar o racismo a categoria racial na leitura do mundo e
como fato de estrutura desde a na clínica psicanalítica, sua revirada
perspectiva da psicanálise, colaborando desde o avesso. O que, rapidamente se
transversalmente com a discussão constata, implica um trabalho longo,
decolonial na clínica. A consequência duradouro e decidido. É um convite,
desse diálogo em torno do poder e do uma aposta e uma porta aberta. Entra
pacto narcísico brancos, que se desejam quem deseja, quem se implica.
hegemônicos pela branquitude, é a
aposta em uma teoria e em uma práxis
que, desde a psicanálise, abalem sua Referências
estrutura pulsionalmente estabelecida e D’AGORD, M. R. L.; CAVALHEIRO, R.;
mantida ao longo dos séculos. Cabe HASAN, R. Dos modelos à função crítica.
avançar e pensar como tratar esse gozo Revista Latinoamericana de Psicopatologia
disjunto que, projetado, se transforma Fundamental, v. 18, n.1, p. 152-166, 2015.
em ódio ao estranho, seja nos processos DUSSEL, E. 1492: o encobrimento do Outro:
referidos aos efeitos do modo como o A origem do mito da modernidade.
Petrópolis: Vozes, 1993.
laço social estrutura as modalizações de
gozo e satisfação dos corpos, seja face FANON, F. Pele Negra, máscaras brancas.
ao que um a um, na clínica, constitui Salvador: EDUFBA, 2008.

66
FREUD, S. Mal-estar na civilização. In: LAURENT, E. Racismo 2.0. Lacan Quotidien,
FREUD, S. Edição standard brasileira das n. 371, s.p., 2014.
obras psicológicas completas de Sigmund
MBEMBE, A. Crítica da razão negra. São
Freud, vol. XXI. Rio de Janeiro: Imago, 1930
Paulo: N-1, 2018.
[1929]-1976.
MIGNOLO, W. D. Colonialidad y sujeción:
GONZALEZ, L. Por um feminismo
clasificación, identificación, desidentificación,
afrolatinoamericano. Rio de Janeiro: Imago,
sociogénesis. In: CASTAÑOLA, M. A. e
2020.
GONZÁLEZ (coord.). Decolonialidad y
GROSFOGUEL, R. (2016). A estrutura do psicoanálisis. Navarra: México, 2017.
conhecimento nas universidades
MILLER, J.-A. O inconsciente e o corpo
ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e
falante, conferência de encerramento
os quatro genocídios/epistemicídios do longo
apresentada no IX Congresso da Associação
século XVI. Dossiê: Decolonialidade e
Mundial de Psicanálise (AMP), Paris, 14 de
Perspectiva Negra. Soc. Estado, vol. 31, n. 1,
abril, s.p., 2014. Disponível em:
p. 25-49, 2016.
https://www.wapol.org/pt/articulos/Template.as
LACAN, J. O seminário, livro 1: os escritos p?intTipoPagina=4&intPublicacion=13&intEdic
técnicos de Freud. Rio de Janeiro: Zahar. ion=9&intIdiomaPublicacion=9&intArticulo=2
1953/1954-1979. 742&intIdiomaArticulo=9. Acesso em
02/08/2021.
LACAN, J. Observação sobre o relatório de
Daniel Lagache: “Psicanálise e estrutura da MILLER, J.-A. Racismo e extimidade. Derivas
personalidade”. In: LACAN, J. Escritos (pp. Analíticas. Revista Digital de Psicanálise e
653-691), 1961[1966]-1998a. Cultura da Escola Brasileira de Psicanálise
de Minas Gerais, n. 4. Belo Horizonte: EBP-
LACAN, J. A ciência e a verdade. In: LACAN,
MG, s.p., 2016. Disponível
J. Escritos (pp. 869-892). Rio de Janeiro: Zahar,
em: http://revistaderivasanaliticas.com.br/index.
1966-1998b.
php/accordion-a-2/o-entredois-ou-o-espaco-do-
LACAN, J. Proposição de 09 de outubro de sujeito#_edn2. Acesso em 02/08/2021.
1967 sobre o psicanalista da Escola. In:
PRADO, A. Estádio do espelho e esquema
LACAN, J. Outros Escritos (pp. 148-263). Rio
óptico. Instituto Trianon de Psicologia, Centro
de Janeiro: Jorge Zahar, 1968-2003a.
Lacaniano de Pesquisa em Psicanálise. Aula de
LACAN, J. O seminário, livro 16: de um 22/09/2009. Disponível em:
Outro ao outro. Rio de Janeiro: Zahar. https://slideplayer.com.br/slide/51763/. Acesso
1968/1969-2008. em 02.08.2021.
LACAN, J. O seminário, livro 17: o avesso da QUIJANO, A. Colonialidad del poder y
psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar. 1969/70- subjetividad en América Latina. In:
1992. CASTAÑOLA, M. A. e GONZÁLEZ (coord).
Decolonialidad y psicoanálisis. Navarra:
LACAN, J. O saber do psicanalista. Recife:
México, 2017.
Centro de estudos Freudianos do Recife, 1971.
SEGATO, R. L. O Édipo brasileiro: a dupla
LACAN, J. O seminário, livro 18: de um
negação de gênero e raça. Série Antropologia
discurso que não fosse semblante. Rio de
(400), Departamento de Antropologia,
Janeiro: Zahar, 1971-2009.
Universidade de Brasília, s.p. 2006.
LACAN, J. O aturdito. In LACAN, J., Outros SESHADRI-CROOKS, K. Desiring whiteness:
Escritos (pp. 448-497). Rio de Janeiro: Zahar,
a lacanian analysis of race. Londres:
1973-2003b.
Routledge, 2002.
LACAN, J. Televisão. In LACAN, J., Outros
Escritos (508-543). Rio de Janeiro: Zahar,
1974-2003c. Recebido em 2021-07-11
Publicado em 2021-09-01

67

Você também pode gostar