Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Gestão
GestãodedeRemuneração
Remuneração
eeBenefícios
Benefíciosem
emCargos
Cargos
Willian Bueno
Willian Bueno
Willian Bueno
eeSalários
Salários
Willian
WillianBueno
Bueno
Código Logístico Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6467-0
www.iesde.com.br
www.iesde.com.br
facebook.com/iesdebrasil
facebook.com/iesdebrasil 58458 9 788538 764670
Gestão de remuneração
e benefícios em cargos
e salários
Willian Bueno
Apresentação 7
1 Gestão de remuneração 9
1.1 Princípios de gestão de remuneração 9
1.2 Sistemas de remuneração 11
4 Pesquisa de remuneração 49
4.1 Tipos de pesquisa de remuneração 49
4.2 Etapas de elaboração da pesquisa 51
4.3 Interpretação e aplicação da pesquisa 55
5 Estrutura salarial 59
5.1 Métodos de elaboração de tabelas salariais 59
5.2 Tipos de tabelas salariais 62
5.3 Atualização de tabelas salariais 65
6 Gestão de benefícios 69
6.1 Origem dos benefícios sociais 69
6.2 Tipos de benefícios 70
6.3 Modelos de gestão de benefícios 75
7 Remuneração variável e incentivos a curto e longo prazo 79
7.1 Tipos de remuneração variável: ICP e ILP 79
7.2 PLR: participação nos lucros e resultados 82
7.3 Bônus e gratificações 83
7.4 Remuneração variável na prática 84
9 Política de remuneração 99
9.1 Importância da política de remuneração 99
9.2 Elaboração e comunicação das diretrizes de remuneração 100
Gabarito 115
Apresentação
Bons estudos!
1
Gestão de remuneração
Neste capítulo, você vai conhecer alguns princípios fundamentais de gestão de remuneração
que lhe servirão de base para o entendimento de todo o nosso estudo. Vamos começar com algu-
mas reflexões conceituais dos termos remuneração e salário. Na sequência, você entenderá o que é
um sistema remuneratório e como ele funciona na prática.
No contexto atual de transformações econômicas e sociais, o tema gestão de remuneração
tem tido maior importância no ambiente organizacional. As empresas deixaram de pensar apenas no
quesito salário e passaram a se preocupar com todo o contexto de reconhecimento e recompensa de
seus empregados. Já os profissionais não buscam apenas um valor financeiro em troca de seus servi-
ços – eles querem suprir outras necessidades. As relações de trabalho mudaram. Por isso, a gestão de
remuneração é, sem dúvida, uma das tarefas mais desafiadoras dentro das organizações.
Como percebemos, a etimologia desses termos está atrelada ao contexto histórico das rela-
ções de trabalho. A contrapartida recebida pelos trabalhadores em decorrência de sua mão de obra
passou por muitas transformações ao longo das sociedades. Em nosso estudo não nos aprofunda-
remos na história dos modelos remuneratórios, mas é importante apresentarmos alguns exemplos
para melhor entendimento – e também para oportunidade de estudo complementar.
10 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
Conforme Franco (2008), inicialmente havia a troca de mão de obra por mercadorias diver-
sas, na sequência essa troca passou a ser realizada por moedas. No século XVI, os pagamentos em
moedas eram realizados com base no número de peças produzidas pelo trabalhador. Já no contex-
to norte-americano da virada do século XX, o sistema de pagamentos era baseado no tempo de
execução de tarefas. Finalmente, durante o capitalismo percebemos que o salário se torna a forma
principal de pagamento pela exploração de mão de obra. Essa abordagem trazida pelo capitalismo
foi amadurecida durante a sociedade moderna, que buscou conciliar empresa com produção e
pessoas com remuneração.
Nos dias de hoje, a remuneração tem um conceito bem mais amplo, por isso é também
necessário que façamos uma reflexão conceitual para diferenciar remuneração e salário em um
contexto atual.
Para Chiavenato (2004, p. 259), “a remuneração constitui tudo quanto o empregado aufere
como consequência do trabalho que realiza em uma organização”, inclusive o salário. Lacombe
(2005) traz uma definição bem apurada de remuneração:
A soma de tudo o que é periodicamente pago aos empregados por serviços
prestados: salários, gratificações, adicionais (por periculosidade, insalubridade,
tempo de serviço, trabalho noturno e horas extras), bem como todos os benefí-
cios financeiros, como prêmios por produtividade, participação nos resultados
e opção de compra de ações entre outros. (LACOMBE, 2005, p. 147)
Em nossa legislação, os termos são tratados de maneira diferenciada. Você pode consultar a
Consolidação das Leis Trabalhistas, no artigo 457, e verificar que: “Compreendem-se na remune-
ração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo
empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber” (BRASIL, 1953).
Logo percebemos que remuneração é um termo mais aberto, é o gênero que se refere à
totalidade de ganhos do empregado decorrentes da relação de trabalho. Salário é apenas uma das
espécies desse gênero, assim como benefícios, gorjetas, premiações e outros itens que podem fazer
parte de uma remuneração.
Figura 1 – Conceito de remuneração
Salário
Recompensas Adicionais
Remuneração
Gratificações Prêmios
Benefícios
Remuneração total
aprofundar um pouco mais nos diferentes modelos adotados pelas empresas atualmente. Segundo
Wood Jr. e Picarelli Filho (2004), podemos classificar oito modelos tradicionais de remuneração:
• Remuneração funcional: modelo com foco na remuneração básica determinada pela
função (cargo) e ajustada ao mercado. Este é o modelo de remuneração mais tradicional
em que todos os que estão lotados nos mesmos cargos recebem a mesma composição
salarial.
• Salário indireto: modelo com foco em benefícios e incentivos salariais. Empresas que
pautam sua estratégia de remuneração em modelos de salário indireto tendem a ser mais
criativas na elaboração dos pacotes de benefícios e também nas premiações.
• Remuneração por habilidades: neste modelo os indivíduos são remunerados por suas
habilidades, ou seja, por aquilo que sabem fazer. Baseia-se nas capacitações requeridas do
profissional e não necessariamente no cargo que ocupa dentro da empresa. É comumente
destinado aos níveis mais operacionais das empresas.
• Remuneração por competências: é um pouco mais amplo que o modelo anterior. Aqui
são considerados o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes para definição
da remuneração total do profissional, ou seja, pessoas com cargos iguais podem receber
remunerações diferentes dependendo do tipo de competência requerida. É um modelo
comumente destinado aos demais níveis tático e estratégico das empresas. Vamos nos
aprofundar nesse tema no Capítulo 10 desta obra.
• Previdência complementar: pode ser considerado tanto um benefício quanto um incen-
tivo salarial e está sempre atrelado a um programa de previdência privada. É um modelo
de remuneração em que a empresa complementa a aposentadoria de seus empregados
por meio de contribuições mensais ou subsídio de programa previdenciário. É cada vez
mais utilizado para retenção de profissionais, uma vez que seus efeitos são a longo prazo.
• Remuneração variável: com foco em incentivos salariais, a remuneração variável é nor-
malmente realizada por meio de comissões, participação nos lucros e bônus. Este modelo
vincula o pagamento de uma recompensa ao atingimento de uma meta individual.
• Participação acionária: modelo em que é oferecida ao empregado a copropriedade da
empresa por meio da venda ou da distribuição de parte das ações. Neste modelo, o indiví-
duo não é apenas um empregado da empresa, ele passa a ser um parceiro.
• Alternativas criativas: estes modelos focados em benefícios e incentivos salariais
compreendem todos os esforços criativos das empresas de recompensar seus empregados,
com bônus, premiações e condições diferenciadas conforme critérios e estratégia adotados
para determinada ocasião.
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Wood Jr. e Picarelli Filho, 2004, p. 52.
Considerações finais
Neste capítulo, fizemos uma breve reflexão conceitual do nosso objeto de estudo, o que nos
permitiu entender a diferença entre remuneração e salário. Esse entendimento foi fundamental
para analisarmos os aspectos de um sistema remuneratório e, também, o equilíbrio dos modelos
de remuneração que compõem esse sistema. Tais conhecimentos são base para que possamos nos
aprofundar nos próximos temas.
14 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
• Neste livro, o autor resume de maneira prática as principais alterações na legislação traba-
lhista em virtude da última reforma. No capítulo 18 ele aborda os temas: salário, prêmios,
bônus e gratificações. Leitura recomendada para entendimento do contexto de remune-
ração na legislação atual.
MELEK, M. A. Trabalhista! O que mudou?: reforma trabalhista 2017. Curitiba: Estudo
Imediato, 2017.
• O filme a seguir retrata a disputa entre três vendedores de uma empresa imobiliária para
alcançar uma meta instituída pelos seus patrões. Os dois vendedores que atingirem o
estipulado receberão recompensas bem atrativas – e o terceiro será desligado. Filme reco-
mendado para refletir sobre as relações de trabalho frente ao contexto de reconhecimento
e recompensa.
O SUCESSO a qualquer preço. Direção: James Foley. EUA: New Line Cinema, Zupnik
Cinema Group II e GGR, 1992. 1 arquivo de vídeo em formato avi (100 min), son., color.
Atividades
1. Qual é a importância de entendermos a diferença fundamental entre salário e remuneração?
3. Que modelos de remuneração podem ser utilizados por empresas que tenham foco em atin-
gimento de metas e desempenho?
Gestão de remuneração 15
Referências
BRASIL. Lei n. 1.999, de 1º de outubro de 1953. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 out. 1953. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L1999.htm#art1. Acesso em: 22 mar. 2019.
CHIAVENATO, I. Recursos humanos: o capital humano das organizações. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
PONTES, B. R. Administração de cargos e salários. 11. ed. São Paulo: LTR, 2005.
WOOD JR, T.; PICARELLI FILHO, V. Remuneração e carreira: por habilidades e por competências. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2004.
2
Plano de remuneração e carreira
Agora que já conhecemos os princípios básicos da gestão de remuneração, vamos nos aprofun-
dar um pouco mais no estudo do plano de remuneração e carreira. Neste capítulo, você conhecerá de
maneira prática como funciona essa ferramenta de gestão, poderá analisar as etapas de elaboração do
plano e refletirá sobre as melhores práticas para implantá-la. Além disso, explanaremos os conceitos
de diagnóstico e mudança organizacional, pois um plano de remuneração é também um projeto
empresarial que gera transformação.
No contexto de mercado atual, as empresas têm buscado práticas de gestão que garantam
seu equilíbrio econômico e potencializem sua competitividade. Essa não é uma tarefa simples.
Empresas sustentáveis procuram soluções sólidas e criativas que otimizem seus resultados de ma-
neira coerente – é quase uma fórmula mágica. Estabelecer um plano de remuneração e carreira é
uma prática cada vez mais necessária. Essa ferramenta de gestão – quando implantada corretamen-
te – apoia a organização no alcance do tão desejado equilíbrio interno e externo, com práticas jus-
tas e adequadas ao mercado, que valorizam seu capital intelectual e aumentam sua produtividade.
Quando uma organização se propõe a implementar uma ferramenta como essa, é necessário
construir critérios que atendam às funcionalidades da empresa. Nesse contexto, precisamos enten-
der que cada empresa possui um modelo operacional, ou seja, uma ordem racional de funciona-
mento e que um plano de remuneração precisa estar sistematizado a fim de atender a esse modelo.
Dessa maneira, a estrutura de cargos precisa ser aderente às reais necessidades da orga-
nização, precisa estar voltada ao seu negócio. Lembre-se de que um plano de remuneração é uma
ferramenta que a empresa utiliza para desdobrar sua estratégia na gestão de recursos e pessoas.
É importante ressaltar que uma empresa que possui uma ferramenta como essa gera maior transpa-
rência para seus empregados.
Existem muitas vantagens em implantar um plano de remuneração. Podemos, de maneira
macro, citar três aspectos positivos: custos, engajamento e gestão (CARREIRA MULLER, 2016).
Figura 1 – Vantagens de um plano de remuneração e carreira
Além disso, estruturas bem organizadas tendem a ser mais enxutas e geram equilíbrio finan-
ceiro para a organização. Um plano favorece a adequação de rotatividade de empregados a níveis
saudáveis. Vamos estudar um pouco mais sobre cargos e funções no próximo capítulo: “Análise,
descrição e avaliação de cargos”.
Outra vantagem que um plano de remuneração gera é o engajamento. Segundo uma pes-
quisa realizada pela Michael Page (2017), cerca de 74% dos brasileiros pensam em mudar de
emprego, o que demonstra a necessidade de gerar engajamento nos profissionais a fim de que
permaneçam na empresa. Um plano de remuneração contribui para esse cenário, pois torna a
gestão empresarial mais transparente. Com isso, o colaborador sabe exatamente as regras e os
critérios que levam a avanços em sua carreira dentro da organização, bem como conhece as di-
retrizes para progressão salarial.
Profissionais ainda planejam movimentar sua carreira, em especial por conta
de pouca perspectiva de crescimento – e não porque não gostavam do local de
trabalho ou não estavam satisfeitos com o valor que recebiam –, o que sugere
que eles podem até estar felizes com a atual posição que ocupam, mas a falta de
perspectiva leva à desmotivação. (CARREIRA MULLER, 2016, p. 7)
Um plano de carreira bem estruturado gera perspectiva para que os profissionais saibam
exatamente como a empresa em que atuam funciona e possam conciliar seus objetivos de carreira
individual com as oportunidades que encontram no ambiente local.
Há ainda uma vantagem macro que precisamos explanar: a melhoria na gestão e/ou gover-
nança. A implantação de um plano de remuneração e cargos e salários traz uma linguagem única
para toda a empresa: os gestores ficam alinhados para tomadas de decisão com relação às carreiras
em suas equipes com os mesmos critérios.
Antes de implantar um plano de remuneração e carreira, é necessário fazer uma reflexão
sobre a manutenção do equilíbrio interno e externo. O plano deve gerar credibilidade na empresa,
as pessoas precisam ter a percepção de que ele é justo e está pautado em princípios de equidade.
A equidade interna obedece ao princípio da justiça distributiva, que fixa os
salários de acordo com as contribuições ou os insumos que os colaboradores
trocam com a organização [...] O modelo de justiça distributiva salienta que
as pessoas ficam satisfeitas quando percebem que são pagas equitativamente
em relação aos colegas com trabalho similar. Por outro lado, a equidade exter-
na obedece ao modelo do mercado de trabalho, que fixa os salários conforme
as ocupações similares de outras organizações do mesmo ramo de atividade.
A equidade externa alinha os salários da organização com os do mercado de tra-
balho. A organização precisa balancear os dois tipos de equilíbrio para manter
consistência em sua estrutura salarial. (CHIAVENATO, 2014, p. 245)
Segundo Pontes (2005), o equilíbrio interno é obtido pela correta avaliação dos cargos e pela
construção da estrutura hierárquica. Já o equilíbrio externo é conseguido com a adequação salarial
da organização diante do mercado de trabalho, conforme Figura 2.
20 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
Equilíbrio Equilíbrio
interno externo
Avaliação Adequação
de cargos salarial
Estruturas
Mercado
hierárquicas
O maior desafio da gestão de remuneração é gerar esse equilíbrio de maneira coerente, aten-
dendo às necessidades da empresa e dos colaboradores.
Agora que já entendemos as vantagens de implantar um plano de remuneração e também
já sabemos que o equilíbrio interno e o externo são a base para sua construção, podemos analisar
como funcionam as etapas ideais de implantação do plano.
Existem diversos modelos possíveis, porém neste estudo vamos utilizar o modelo sugerido
por Pontes (2005). A seguir, vamos conhecer brevemente cada uma das etapas e continuaremos
discutindo esses temas até o final desta obra.
• Planejamento e discussão do plano: nesta etapa, é realizado o desenho conceitual do
plano e, com isso, são entendidas as necessidades da empresa e é elaborada uma proposta
inicial. Para viabilizar o projeto, é construído um comitê gestor com representantes da alta
administração da empresa. Essa proposta é discutida, avaliada e aprovada.
• Análise de cargos: nas análises de cargos, são construídas as estruturas funcionais. Por meio
de entrevistas, faz-se a coleta de dados e informações das atividades realizadas na empresa,
a definição e a descrição de cargos. Nessa fase, são desenhadas as estruturas hierárquicas e
também a divisão dos cargos por grupos funcionais.
• Avaliação dos cargos: aqui os cargos identificados e descritos são avaliados. Essa avaliação
visa definir quais deles são mais importantes para a empresa e classificar um “peso” para
cada posição. A avaliação de cargos gera um ranking com o tamanho destes na estrutura.
• Pesquisa salarial: a pesquisa salarial é uma avaliação de cargos específicos em outras
empresas e tem como objetivo entender quanto o mercado está pagando a determinadas
funções. Para realizar a pesquisa, é inicialmente necessário definir e contatar as empresas
desejadas, elaborar uma metodologia para coleta e tabulação dos dados e realizar uma
análise estratégica das informações recebidas.
• Estrutura salarial: nesta etapa, são definidos os métodos matemáticos para construção
das estruturas e/ou tabelas salariais, com base na estrutura de cargos já construída e na
pesquisa de mercado já realizada.
Plano de remuneração e carreira 21
• Política de remuneração: determina os critérios que a empresa vai utilizar para definição
de salário admissional, promoções horizontais e verticais, reavaliação de cargos e reajus-
tes salariais. Além disso, temos a definição de adicionais salariais, pacote de benefícios e
outras regras específicas de cada organização.
• Carreiras profissionais: esta etapa tem como base todas as etapas anteriores, são avalia-
dos os temas inerentes à sucessão de cargos, os programas de desempenho e de treina-
mento e desenvolvimento.
• Incentivos salariais: por meio do plano de remuneração, também são definidas as estra-
tégias de incentivos salariais: ofertas de bônus, prêmios e participação nos resultados da
empresa, como vimos rapidamente no capítulo anterior.
Aprovação do projeto
Análise de cargos
Avaliação dos cargos
Pesquisa salarial
Definição de estrutura salarial
Como você pode notar, um plano de remuneração e carreira está muito além de um
documento formal da empresa. Viabiliza a estratégia organizacional e dialoga com outras ferra-
mentas de gestão de pessoas, como o plano de sucessão e avaliação de desempenho, treinamento
e desenvolvimento.
É de suma importância que os conceitos instituídos reflitam a realidade da empresa.
Agora que já sabemos o que é e como funciona um plano de remuneração e carreira, vamos nos
aprofundar um pouco mais no diagnóstico organizacional e nas mudanças que uma ferramenta
como essa pode gerar.
22 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
carreira precisa acompanhar essa velocidade. Entender e respeitar a cultura é outro fator
de extrema relevância. A cultura não inibe o que deve ser feito, mas direciona como as
ações devem ser desmembradas – por melhor que seja seu plano, ele precisa ser aderente
às crenças e aos valores da organização, caso contrário está fadado ao fracasso.
• Observar macroprocessos organizacionais: as carreiras devem ser estruturadas segundo
a natureza de macroprocessos da empresa, a fim de preservar e fomentar o desenvolvi-
mento em áreas críticas do negócio. Podemos exemplificar esse parâmetro analisando
o setor securitário: empresas de resseguros (“seguradora das seguradoras”) demandam
profissionais com alto nível técnico e de especialização, que normalmente são encontra-
dos prontos no mercado. Dessa forma, essa seria uma área crítica em que o incentivo ao
desenvolvimento de profissionais internos deve ser avaliado.
• Vincular entregas e capacidades à lógica de progressão de carreira: para cada eixo e nível
de complexidade são determinadas entregas desejáveis e competências necessárias, ou
seja, sabemos exatamente o que precisa ser feito em cada nível de carreira e também
que conhecimentos, habilidades e atitudes os profissionais precisam ter. A progressão
profissional é estabelecida com uma lógica dentro do plano de remuneração e carreira.
Nesse modelo ideal, a empresa pode oportunizar seus talentos em sintonia com sua es-
tratégia, sabendo exatamente o momento de retê-los e o momento de liberá-los. Se todo
esse sistema fizer sentido, essa progressão em tempos e movimentos pode inclusive ser
acordada em um plano de desenvolvimento individual (PDI).
O diagnóstico ambiental é, sem dúvida, uma etapa muito importante na gestão de remune-
ração. Além do entendimento do contexto atual, também precisamos ter ciência de que a implan-
tação de um sistema de remuneração pode suceder a um processo de mudança organizacional ou
ser, ela mesma, vista como um processo de mudança. É por causa dessa dupla condição que vamos
agora entender o tema “mudança organizacional”.
Conforme Wood Jr e Picarelli Filho (2004), “mudança organizacional é qualquer transfor-
mação de natureza estratégica, estrutural, cultural, tecnológica, humana ou de qualquer outro fator
capaz de gerar impacto na organização”. Processos de mudança são geralmente complexos e visua-
lizados a longo prazo, sendo assimilados paulatinamente ao dia a dia da empresa.
Se entendermos o plano de remuneração e carreira como um processo de mudança, precisamos
ter ciência de que há um período para maturação desses conceitos na prática empresarial: os adminis-
tradores e os colaboradores precisarão de um tempo para internalizar os modelos propostos.
Antes da implantação do plano, é importante fomentar uma reflexão sobre o momento que
a empresa vive e se é oportuno gerar um processo de mudança. Essa resposta virá do diagnóstico
organizacional e do entendimento do ciclo pelo qual a empresa está passando. Mudanças são cons-
tantes, momentos de inércia são meramente transitórios.
Assim, o sucesso de um plano de remuneração e carreira vai estar atrelado à compreensão
da funcionalidade da empresa, bem como de seus macroprocessos e interesses. A implantação de
um modelo como esse deve respeitar os aspectos culturais, entendendo que organizar o sistema
de cargos e remuneração é também gerar uma grande mudança organizacional.
24 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
Considerações finais
Por meio dos aprendizados deste capítulo, pudemos notar que o plano de remuneração e
carreira vai muito além de uma prática corporativa. Trata-se de uma ferramenta de gestão ampla
que reflete a realidade da empresa e permite a organização das carreiras, das estruturas organiza-
cionais, dos cargos, dos salários e de todo o sistema remuneratório.
A viabilização dessa ferramenta só é possível por meio de uma análise profunda do ambiente
interno e externo da empresa. Pudemos aprender que o entendimento do diagnóstico e das mu-
danças organizacionais é indispensável para a implementação do plano de remuneração e carreira.
Nos próximos capítulos, vamos nos aprofundar ainda mais em cada item do plano de remu-
neração e carreira. Iniciaremos um estudo técnico de cada componente do sistema de remuneração.
• Neste filme, Bobby Walker (personagem de Ben Affleck) é surpreendido com a demissão da
empresa em que trabalhava. Diante disso, precisa se reinventar e traçar um novo plano de car-
reira. O filme é indicado para que possamos refletir sobre o protagonismo de carreira, pois,
por mais que as empresas disponibilizem aos seus colaboradores planos de remuneração e
Plano de remuneração e carreira 25
Atividades
1. Explique brevemente quais são as principais vantagens de estabelecer um plano de remune-
ração e carreira em uma organização.
2. A política de remuneração é uma diretriz que apresenta vários critérios para gestão de re-
muneração dentro das organizações, porém outros quesitos precisam ser avaliados e de-
senvolvidos antes de sua elaboração. Explique brevemente quais são as etapas anteriores à
elaboração de uma política de remuneração.
Referências
CARREIRA MULLER. Guia prático: plano de carreira e remuneração. Indaiatuba, SP: Carreira Muller,
2016. Disponível em: http://carreira.com.br/wp-content/uploads/2016/10/Guia-Plano-de-Carreira-e-
Remuneracao.pdf. Acesso em: 23 mar. 2019.
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri,
SP: Manole, 2014.
FERNANDES, B. R. Gestão estratégica de pessoas com foco em competências. 1. ed. Rio de Janeiro: Campus,
2013.
LIMA, S. Gestão do conhecimento e relacionamento: poderosos ativos para as empresas. 1. ed. São Paulo:
Burarama Conteúdos, 2009.
MICHAEL PAGE. Estudo de remuneração 2017. Campinas; Curitiba; Porto Alegre; Recife; Rio de Janeiro;
São Paulo: Michael Page, 2017. Disponível em: http://www.michaelpage.com.br/sites/michaelpage.com.br/
files/Estudo_de_Remuner%C3%A7%C3%A3o_MP_2017.pdf. Acesso em: 23 mar. 2019.
PONTES, B. R. Administração de cargos e salários. 11. ed. São Paulo: LTR, 2005.
WOOD JR, T.; PICARELLI FILHO, V. Remuneração e carreira: por habilidades e por competências. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2004.
3
Análise, descrição e avaliação de cargos
• Método da entrevista: sem dúvida este é o método que gera maior qualidade na obtenção
dos dados. É realizada uma entrevista com o ocupante do cargo ou com o gestor da área
para identificar todas as funções exercidas, bem como as tarefas de responsabilidade
daquela posição. A entrevista possibilita um maior entendimento da realidade e gera
maior transparência no processo de coleta. Para que esse método funcione, é necessário
estruturar bem a pauta da conversa para que todas as informações sejam colhidas.
Podemos ordenar a entrevista em quatro etapas: inicialmente uma contextualização de
todo o processo para que o entrevistado saiba exatamente as razões desse trabalho; depois,
são obtidos os dados das execuções de tarefas – o entrevistado lista de maneira verbal
todas as atividades que exerce na área, e essas informações devem ser anotadas e criticadas
pelo entrevistador; no terceiro passo da entrevista, é feita a análise das especificações do
cargo que se pretende entender, quais os requisitos técnicos para exercer aquelas funções,
o nível de escolaridade e experiência necessários; e para encerrar a entrevista, fazem-se as
considerações sobre a conversa e a explicação de que aqueles dados serão transcritos em
uma descrição de cargo formal. A entrevista deve ser realizada no local de trabalho para
que o entrevistado fique mais à vontade e possa demonstrar exemplos da atividade no
ambiente em que ela é realizada.
Análise, descrição e avaliação de cargos 29
Vantagens: possibilita esclarecimentos com o ocupante do cargo; os dados são mais fide-
dignos; pode ser aplicado em todas as áreas da organização.
Desvantagens: se a entrevista for mal estruturada, o entrevistado pode não ter boas
percepções do processo, gerando descrédito; o custo é bem elevado, há um investimen-
to alto de tempo e também necessidade de mão de obra qualificada para a condução
das entrevistas.
• Métodos combinados: a combinação dos métodos já descritos é uma solução bem eficaz
para minimizar as desvantagens de cada um.
É importante avaliar bem onde cada método se encaixa e qual é o momento mais oportuno
para utilizar cada um deles. No Quadro 1, a seguir, há algumas combinações possíveis para que nos
sirvam de exemplos dos métodos elencados anteriormente.
Quadro 1 – Métodos combinados para a coleta de dados
Forma de
Combinações Descrição Vantagens
aplicação
O ocupante responde ao questionário e o
Ocupante do cargo analista faz uma entrevista tendo por base as Diminui o tempo da
informações declaradas no questionário. entrevista e melhora a
A gerência responde ao questionário sobre o qualidade das informa-
Questionário cargo ocupado pelo subordinado e o analista ções coletadas pelo
Gerência
+ faz uma entrevista tendo por base as informa- questionário.
É importante que essa diferenciação fique bem clara, pois é muito comum os termos serem
utilizados como sinônimos – porém não são. O cargo sempre será definido pelo conjunto de
funções similares executadas por um indivíduo e é por meio do cargo que definiremos o que esse
indivíduo precisa ter ou saber para executar suas funções.
Para que uma empresa possa funcionar, é necessário que as pessoas estejam posicionadas em
seus devidos cargos e esses cargos estejam definidos conforme a estrutura organizacional. É como
se a empresa fosse uma grande máquina e cada peça desse sistema fosse um cargo: essa engrena-
gem precisa ter seu tamanho correto e desempenhar sua função nas especificidades adequadas
para que a grande máquina se movimente.
Conforme Hay Group (2017), há uma lógica para os cargos e as responsabilidades nas
organizações. Primeiramente é necessário entender a formulação estratégica da empresa, a maneira
que a organização escolhe para competir no mercado. Depois disso, na execução estratégica,
Análise, descrição e avaliação de cargos 33
entendemos o modelo operacional, a forma pela qual a organização opta para entregar produtos
e serviços ao mercado e alocar seus recursos e, finalmente, como cargos, equipes e organizações
estão estruturados para realizar a estratégia.
Figura 2 – Lógica de organização dos cargos
Estrutura
organizacional
(cargos, equipes
e responsabili-
dades)
Execução
estratégica
(modelo
operacional)
Formulação
estratégica
(posicionamento
da empresa no
mercado)
Toda essa organização é feita por meio de uma análise dos cargos existentes na empresa.
Nessa análise, os cargos são caracterizados e diferenciados, sendo, então, elaborada uma descrição
que contém todas as tarefas inerentes ao cargo e também os pré-requisitos para que um indivíduo
possa realizar as funções descritas. Depois desse processo, os cargos são avaliados e medidos.
É nesse momento que descobriremos o tamanho dessa posição na empresa e determinaremos seu
“peso” na estrutura organizacional: quanto se pagará, que tipo de critérios serão estabelecidos,
entre outros quesitos que estudaremos a seguir.
Papel: este cargo tem como missão principal responder pelo cumprimento das linhas conforme programação e
eventuais necessidades.
Atividades Específicas:
1. Viabilizar as linhas programadas com eficácia, observando padrões de pontualidade, qualidade, segurança
e regularidade.
2. Organizar viagens extras e especiais, com base em análise de demanda.
3. Controlar toda a frota em circulação, decidindo a retirada em operação de embarcações por ciclos de manuten-
ção, junto com o superior.
4. Identificar eventos mais impactantes na operação, bem como programar a necessidade de embarcações e via-
gens extras.
5. Reduzir a ocorrência de viagens improdutivas e a incidência de atrasos de viagens.
Atividades Comuns:
1. Conhecer a visão, missão e valores da empresa, bem como os procedimentos internos e políticas preestabeleci-
das.
2. Participar de treinamentos internos e externos, atendendo à orientação ou à solicitação efetuada pelo superior
imediato, buscando o conhecimento e/ou especialização de assuntos inerentes aos negócios da empresa, área
de atuação ou cargo exercido, bem como o aprimoramento e atualização técnica, visando ao desenvolvimento
profissional e pessoal.
3. Atender às normas de segurança, higiene, disciplinares ou de outra natureza, estabelecidas pela empresa, se-
guindo o regulamento estabelecido e as orientações do superior imediato, sanando qualquer dúvida a respeito,
visando efetuar o cumprimento do regulamento vigente e incentivar, sendo exemplo de conduta para outros
colaboradores da área em que atua.
4. Responsabilizar se e comprometer se pelo bom ambiente de trabalho, de modo que todos possam participar e
contribuir para a otimização dos resultados propostos.
5. Prestar atendimento e realizar outras atividades profissionais correlatas e inerentes ao cargo exercido, conforme
orientação e/ou solicitação do superior imediato.
JR PL SR
JR PL SR
Tempo 1 a 2 anos 2 a 4 anos 4 a 6 anos
(Continua)
Análise, descrição e avaliação de cargos 35
JR PL SR
Custos e Orçamentos Desejável Desejável Desejável
Competências Técnicas
JR PL SR
Competências Comportamentais
JR PL SR
Análise Crítica x x x
Comunicação x x x
Planejamento x x x
Iniciativa x x x
Orientador x
Liderança x
Aprovações:
RH: _____________________________ Gerência: _____________________________ Diretoria: _____________________________
Formação:
JR PL SR
Experiência:
JR PL SR
(Continua)
Análise, descrição e avaliação de cargos 37
Conhecimentos:
JR PL SR
Gestão de Pessoas x x x
Idioma: Inglês x x x
Informática: MS Office x x x
Segurança do Trabalho x x x
Treinamentos:
JR PL SR
Legislação Trabalhista: Atualizações x x x
Departamento Pessoal x x x
Informática: MS Office x x x
Comunicação x x x
Revisão e Aprovação:
Revisão nº: 001
Data: 01/02/2019
Natureza da revisão: descrição inicial
Podemos verificar que nesse modelo não se faz distinção de competência técnica ou com-
portamental, ambas estão dispostas no mesmo bloco. O que percebemos de diferente é que, além
da formação acadêmica (graduação), o cargo exige treinamentos e atualizações na área de atuação.
O documento ainda possui data de aprovação e revisão, o que sugere que de tempos em tempos
essas atividades são revisitadas e a descrição, atualizada.
O modelo 3, disposto na Figura 5, é um exemplo de descrição para cargos com especificida-
des técnicas mais apuradas.
38 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
Cargo: Desenvolvedor
Área: Software Alfa
Responsabilidades específicas:
1. Participar da análise e definição dos requisitos de software.
2. Auxiliar nas atividades de soluções tecnológicas e propor novas tecnologias.
3. Fornecer suporte na definição dos componentes de software.
4. Realizar a integração de componentes ao sistema.
5. Auxiliar nas atividades de desenvolvimento de soluções de sistemas de apoio aos projetos desenvolvidos pelo
INDT, tais como: provas de conceito, integração de sistemas/hardware e programas, testes, distribuição e arqui-
tetura de projetos de software.
6. Desenvolver para os módulos de sistemas e interface com o usuário.
Responsabilidades comuns:
1. Praticar as orientações de segurança do trabalho, com base nas instruções e cursos de treinamento realizados
pela área de Segurança, para a garantia das condições ambientais e de trabalho na empresa.
2. Participar de treinamentos internos e externos sempre que orientado ou solicitado pelo superior imediato, visan-
do ao desenvolvimento profissional e pessoal por meio de aprimoramento e atualização técnica.
3. Responsabilizar se e comprometer se pelo bom ambiente de trabalho, de modo que todos possam participar e
contribuir para a otimização dos resultados propostos.
4. Manter se atualizado quanto às mudanças e evoluções ocorridas na área, por meio da leitura de publicações
especializadas, participações em cursos, seminários, congressos ou feiras, visando ao aperfeiçoamento profis-
sional e ao conhecimento de inovações tecnológicas.
Requisitos básicos:
JR PL SR
Engenharia de Computa-
Área de estudo Engenharia de Computação Engenharia de Computação
ção
(Continua)
Análise, descrição e avaliação de cargos 39
Habilidades Comportamentais:
JR PL SR
Satisfação do cliente 1 2 2
Aprendizagem contínua 2 2 2
Trabalho em equipe 2 2 2
Execução 3 3 4
Iniciativa 2 3 4
Comunicação 1 2 3
Visão estratégica 1 3 4
Gerenciamento de projetos 1 3 4
Legenda:
1. Raramente Presente
2. Eventualmente Presente
3. Permanentemente Presente
4. Marcante
Habilidades Técnicas:
JR PL SR
Documentation 1 2 2
Rich UI 2 2 2
Kernel 2 2 2
Compilers 3 3 4
Device drivers 2 3 4
API Design 1 2 3
Legenda:
1. Raramente Presente
2. Eventualmente Presente
3. Permanentemente Presente
4. Marcante
Idioma:
Aprovações:
RH: ______________________________ Gerência: ______________________________ Diretoria: ______________________________
Além de uma criteriosidade maior para descrição dos requisitos e habilidades, o modelo
exposto na Figura 5 utiliza uma escala de avaliação desses itens, demonstrando uma diferenciação
entre os níveis de cargo (JR/PL/SR). Descrições de cargos especializados tendem a ser mais robustas
para abarcar todos os pré-requisitos necessários ao desempenho da função.
Por fim, o modelo 4, apresentado na Figura 6, traz a descrição de um cargo de gestão.
Figura 6 – Modelo 4 de descrição de cargo
Identificação:
Cargo: Gerente Projetos
Nível: 3ª Gerência
Área: Projetos
Organograma:
Diretor-geral
Gerente de Projetos
Assistente de Projetos
Missão do Cargo:
Este cargo tem como missão principal gerir a equipe de projetos, desenvolver e implementar melhorias nos pro-
cessos, preservando a segurança, o meio ambiente, a qualidade do produto e otimizando a eficiência da fábrica.
Responsabilidades de Gestão:
Aplicar e fazer cumprir a missão, visão, valores e princípios da organização em sua área.
Praticar a liderança de pessoas, mobilizando os esforços das equipes subordinadas para o alcance dos objetivos
e estratégias da organização, criando oportunidades para o desenvolvimento contínuo e compatibilizando os
interesses estratégicos da organização com os interesses dos profissionais liderados, a fim de promover a moti-
vação para resultados de qualidade e produtividade.
Responder pelos colaboradores alocados em sua área, aplicando, em parceria com a área de Recursos Humanos,
todas as políticas, programas, técnicas e procedimentos estabelecidos quanto a recrutamento e seleção, políticas
de remuneração e benefícios, treinamento e desenvolvimento pessoal, promoção de ambiente saudável e favorável
à produtividade.
Tomar decisões, considerando objetivos e estratégias empresariais, prioridades e valores, bem como potenciais
efeitos da decisão tomada na estratégia da organização, objetivando a compreensão global de uma situação e a
geração de soluções.
Praticar a gestão integrada de processo, integrando projetos e planos de ação de sua área com as demais estra-
tégias da organização, planejando as atividades de sua área considerando as demais áreas e gerindo os recursos,
objetivando ganhos de produtividade e qualidade das operações.
Promover a gestão de mudança, propondo novos projetos e tecnologias nas estratégias empresariais, identificando
necessidades de mudanças frente aos desafios do negócio e gerenciando o processo de mudança, por meio de
participação de seu planejamento e condução.
Promover a organização e estabelecer relações “ganha/ganha” com os stakeholders (qualquer pessoa ou empresa
que tenha interesse, ou seja, afetada pelas ações da organização), buscando o equilíbrio dos interesses nas nego-
ciações em que participa, objetivando resultados satisfatórios para todas as partes envolvidas.
(Continua)
Análise, descrição e avaliação de cargos 41
Indicadores de Resultados:
Requisitos do Cargo:
Formação Escolar – Mínima: Ensino Superior; Desejável: Pós-Graduação.
Experiência – Acima de 8 anos em gestão de equipe e gestão de projetos.
Requisitos:
1. Assertividade
2. Criatividade e inovação
3. Empreendedorismo
4. Gerenciamento de crises
5. Liderança
6. Negociação
7. Orientação para resultados
8. Gerenciamento de projetos
Revisão e Aprovação:
Revisão nº: 001
Data: 01/02/2019
Natureza da revisão: descrição inicial
Podemos notar que essa descrição exposta na Figura 6 é bastante completa, demonstrando
o organograma da área para que se tenha noção dos graus de subordinação do cargo e também as
42 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
Método Tipo/Modelo
1. Escalonamento
Não quantitativos (globais)
2. Grau predeterminado
1. Metodologia Hay
2. Metodologia Towers
Sistêmicos
3. Metodologia Mercer
4. Metodologia Carreira Muller
Fonte: Adaptado de Franco, 2008, p. 82.
Secretária português
Seleção de pessoal
Auxiliar de pessoal
Secretária bilíngue
Analista de custos
Auditor interno
CARGO TOTAL
Datilógrafo
Telefonista
Comprador
Estoquista
Arquivista
Motorista
Analista de custos + + - + - + - + + + + + + 11
Analista de laboratório - + - + - + - + + - + - + 8
Arquivista - - - - - + - - - - - - + 3
Auditor interno + + + + + + - + + + + + + 13
Auxiliar de pessoal - - + - - + - - + - - - + 5
Comprador + + + - + + - + + + + + + 12
(Continua)
44 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
Engenheiro de processos
Analista de laboratório
Secretária português
Seleção de pessoal
Auxiliar de pessoal
Secretária bilíngue
Analista de custos
Auditor interno
CARGO TOTAL
Datilógrafo
Telefonista
Comprador
Estoquista
Arquivista
Motorista
Datilógrafo - - - - - - - - - - - - + 2
Engenheiro de processos + + + + + + + + + + + + + 14
Estoquista - - + - + - + - + - - + + 6
Motorista - - + - - - + - - - - - + 4
Seleção de pessoal - + + - + - + - + + + - + 10
Secretária português - - + - + - + - + + - + + 7
Secretária bilíngue - + + - + - + - + + - + + 9
Telefonista - - - - - - - - - - - - - 1
O sistema de pontos é o método mais usual entre as empresas, pois permite que um nú-
mero grande de cargos seja avaliado por meio de alguns fatores predefinidos. Esses fatores são
determinados conforme as áreas de avaliação que vimos anteriormente. Para cada fator é definida
uma relação de quesitos, e os cargos são pontuados por cada quesito que possuem. Quanto mais
complexo um cargo for, maior será sua pontuação em quesitos. Por meio dessa somatória final,
é realizado um ranqueamento de todos os cargos. Inicialmente é necessário definir quais são os
fatores de avaliação e a pontuação para cada um deles. A Tabela 2 apresenta uma exemplificação de
fatores e quesitos a serem avaliados e sua respectiva pontuação.
Análise, descrição e avaliação de cargos 45
Escolaridade
A Ensino fundamental 20
D Superior incompleto 80
F Especialização 200
Experiência
A Sem experiência 20
B Até 1 ano 29
C De 2 a 3 anos 43
D De 4 a 5 anos 63
E De 6 a 7 anos 93
F De 8 a 9 anos 136
Complexidade
Autoridade administrativa
Nível de atuação
A Auxílio 20
B Sistematização 43
C Análise 93
D Gestão 200
No exemplo da Tabela 2, temos cinco fatores definidos com base nas áreas de avaliação:
escolaridade, experiência, complexidade, autoridade administrativa e nível de atuação. Cada fator
possui uma relação de quesitos com suas respectivas pontuações. Ao avaliar o cargo, precisamos
classificá-lo conforme grau de avaliação de cada quesito. Veja na Tabela 3 um exemplo de cargos
classificados com base nos fatores da Tabela 2.
Tabela 3 – Ranqueamento de cargos
Fatores de avaliação
Cargos
KH Nível Lib. Pontos
KH técnico Magnitude
prático complex. ação
1 Administrador / Presidente F F F D D 936
Fatores de avaliação
Cargos
KH Nível Lib. Pontos
KH técnico Magnitude
prático complex. ação
41 Faturista D C C A B 236
51 Cozinheiro B C B A B 170
60 Conferente II A B B A A 121
61 Conferente I A B A A A 109
62 Embalador A B A A A 109
63 Separador I A B A A A 109
Considerações finais
Neste capítulo, pudemos explorar de maneira prática todos os itens relacionados ao cargo:
sua análise, descrição e avaliação. A compreensão de todo esse sistema é fundamental para a
próxima etapa de nossos estudos do plano de remuneração e carreira, pois abordaremos os temas
relacionados aos salários desses cargos.
Pudemos perceber que um cargo não é apenas uma nomenclatura utilizada na organização,
mas sim um componente fundamental do sistema de remuneração e que tem grande importância
na definição das estruturas organizacionais, de sua efetividade e consequentemente nos resultados
obtidos pelas empresas.
48 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
Atividades
1. Explique e exemplifique a diferença entre tarefa, função e cargo.
Referências
CARREIRA Muller. Guia prático: modelos de descrição de cargos. Indaiatuba, SP: Carreira Muller, 2018.
Disponível em: http://conteudo.carreira.com.br/modelos-de-descricao-cargos-2018/. Acesso em: 24 mar. 2019.
HAY GROUP. Treinamento: gestão de carreira e recompensa. São Paulo: Hay Group, 2017.
PONTES, B. R. Administração de cargos e salários: carreiras e remuneração. 16. ed. São Paulo: LTR, 2013.
4
Pesquisa de remuneração
A pesquisa de remuneração é um trabalho mais amplo que a pesquisa salarial, pois são
verificados todos os aspectos do sistema remuneratório – e não apenas salários –, como também
estrutura de cargos, benefícios, salários indiretos, práticas de gestão, entre outros.
Segundo Carreira Muller (2015), existem algumas vantagens fundamentais no processo de
pesquisa de remuneração:
50 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
• Diagnóstico salarial: o diagnóstico dos salários pagos pelo mercado referência avaliará a
saúde (rentabilidade) da remuneração da empresa.
• Política salarial: a pesquisa apoiará a construção das diretrizes de gestão de remuneração
da empresa e apoiará no processo de atração e retenção de profissionais.
• Práticas de remuneração: a pesquisa trará conhecimento da remuneração mensal, in-
centivos (como PLR e bônus) e benefícios praticados no segmento e na região de atuação
da empresa.
• Indicadores: acompanhamento dos indicadores, práticas e tendências do mercado
brasileiro.
• Atualização de salários: a pesquisa possibilita a definição da estrutura salarial da empre-
sa, bem como a manutenção dos salários praticados.
• Objetivos estratégicos: valer-se de informações suficientes (provenientes do ambiente
externo da empresa) para que a implantação de um programa de gestão de remuneração
e carreira ocorra de maneira mais eficiente.
O outro método é mais específico e se dá por uma curva de maturidade. Nele se realiza a curva de matu-
ridade: prioriza
análise dos cargos e salários atrelados a algum critério específico de pesquisa ou fator de avalia- a experiência do
profissional, com o
ção, como o tempo de formação acadêmica: quanto se paga para um engenheiro recém-formado cargo em segundo
e quanto se paga para outro engenheiro com mais tempo de formação. A escolha do critério de plano, para base de
remuneração.
pesquisa dependerá dos objetivos da empresa na análise externa. Essa metodologia normalmente é
utilizada para pesquisas mais direcionadas.
Segundo Hay Group (2017, p. 28), as pesquisas salariais têm por objetivo “obter informações
necessárias à comparação das estruturas de remuneração da empresa com os níveis praticados pelo
mercado”. O valor agregado da pesquisa está diretamente relacionado à sua metodologia, podendo
ser comparado, de maneira mais objetiva, aos salários por cargo, ou realizando uma compara-
ção mais apurada, que leva em consideração as descrições desses cargos e seus respectivos posi-
cionamentos na estrutura organizacional. Para essa segunda metodologia se exige mais tempo e
maior investimento.
As pesquisas salariais podem ser feitas por iniciativa própria da organização com seu conta-
to direto ao mercado selecionado ou podem ser feitas por meio de uma empresa especializada que
poderá apoiar a organização na tabulação e na interpretação desses dados.
4. Coleta de dados.
Na seleção dos cargos que serão pesquisados, temos uma decisão muito importante a ser
tomada: quais cargos devemos incluir na pesquisa. Essa definição não pode ser muito excessiva,
o ideal é que sejam selecionados em torno de cinquenta cargos – se a pesquisa envolver todos os
níveis da organização, esse número poderá ser maior.
Segundo Chiavenato (2014, p. 274), “para não precisar trocar informações a respeito de
todos os cargos, torna-se necessário selecionar os cargos de referência ou cargos amostrais
(benchmark jobs)”.
Ainda segundo o autor, para essa seleção são levados em consideração três critérios:
• Pontos da curva: é importante que o cargo represente os vários pontos da curva (ou da
reta salarial) da organização.
• Setores: vários setores de atividade da organização devem ser representados na seleção
dos cargos amostrais.
• Mercado: a seleção dos benchmark jobs deve levar em consideração a facilidade do mer-
cado em identificá-los.
É importante que os cargos selecionados sejam representativos, tanto interna quanto exter-
namente. São cargos universais que podem ser facilmente comparáveis entre as empresas a serem
pesquisadas. A seleção também deve conter cargos de todas as classes salariais. A Figura 2 demons-
tra alguns critérios a serem considerados para a seleção dos cargos.
Figura 2 – Seleção de cargos
Representativos
Número não de todas as classes
Universais
excessivo salariais da
estrutura salarial
Que não
Representativos
apresentam
interna e Específicos
grande variedade
externamente
de tarefas
Localização geográfica
Ramo de atividade
Tamanho
Política salarial
Empresas cuja política salarial (mais ousada ou mais conservadora) seja inte-
ressante para a organização.
Além dos itens citados anteriormente, é necessário avaliar os níveis de cargo que estão sendo
comparados. Segundo Carreira Muller (2015), devem-se também levar em consideração as estru-
turas hierárquicas da empresa, olhar mais de um cenário.
Os cargos dos níveis operacionais e administrativos de áreas de apoio, como RH,
financeiro e fiscal, costumam concorrer no mercado regional, não necessaria-
mente em empresas do mesmo segmento ou porte. Os cargos das áreas comerciais
e técnicas, por sua vez, tendem a concorrer em um contexto regional mais amplo,
porém, mais restrito no que diz respeito ao segmento de atuação da empresa. Já
os cargos de níveis de gestão estão sujeitos a uma competição mais ampla, muitas
vezes considerando oportunidades em cidades mais distantes, outros estados e até
mesmo outros países. Por conta disso, variáveis como porte, faturamento e origem
do capital passam a ser mais relevantes. (CARREIRA MULLER, 2015, p. 8)
Descrições
Apresentação de cargo Organograma Gabaritos
simplificadas
Informações Informações
Relação das Relação dos Informações
Instrução para sobre data-base sobre benefí-
empresas cargos sobre
preenchimento e reajustes cios e política
participantes pesquisados remuneração
salariais salarial
É importante divulgar essas informações para gerar credibilidade ao trabalho. Lembre-se de que
a empresa precisará atualizar essa pesquisa esporadicamente e para isso contará com a contri-
buição das empresas respondentes.
A pesquisa de remuneração é uma ferramenta muito poderosa para elaboração de uma es-
tratégia de remuneração. Mas é importante sempre lembrarmos que a construção da estratégia não
pode ser baseada apenas nos dados de mercado, é necessário tomar decisões levando em conta a
visão, os valores, a cultura e os objetivos da organização.
Considerações finais
Como pudemos perceber neste estudo, a pesquisa de remuneração é uma ferramenta técnica
de coleta de dados, mas que possui uma função extremamente estratégica. Vimos a importância
de definir um instrumento de avaliação coerente e assertivo para garantia de resultados ricos em
informações que vão subsidiar a definição de práticas internas nos quesitos de remuneração e o
posicionamento da empresa no mercado. A pesquisa salarial é o item base para nosso próximo
estudo, a definição de estruturas salariais.
• A rede social (2010) retrata a história do criador do Facebook, Mark Zuckerberg (inter-
pretado por Jesse Eisenberg). O filme mostra a vida desse rapaz que, de um simples ana-
lista de sistemas, passa a ser um bilionário dono da rede social mais utilizada no mundo.
Recomenda-se a obra para a reflexão sobre a competitividade de mercado e o posiciona-
mento de uma empresa frente a seus concorrentes. Uma pesquisa de mercado está atre-
lada ao conhecimento do ambiente externo da organização e esse filme retrata bem os
aspectos de competitividade e segurança da informação.
A REDE social. Direção: David Fincher. EUA: Sony Pictures, 2010. 1 vídeo (120 min), color.
Pesquisa de remuneração 57
Atividades
1. Cite duas vantagens da realização de uma pesquisa de remuneração e exemplifique.
3. Por que é importante realizar uma devolutiva às empresas respondentes, uma vez que elas
são concorrentes da empresa patrocinadora da pesquisa?
Referências
CARREIRA Muller. Guia prático: pesquisa salarial. Indaiatuba, SP: Carreira Muller, 2015. Disponível em:
http://www.resolution.com.br/wp-content/uploads/2016/12/Guia_Pratico_Pesquisa_Salarial_Resolution.
pdf/. Acesso em: 24 mar. 2019.
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri,
SP: Manole, 2014.
FRANCO, J. O. Cargos, salários e remuneração. 2. ed. Curitiba, PR: Iesde Brasil, 2012.
HAY GROUP. Gestão de carreira e recompensa. São Paulo: Hay Group, 2017.
PONTES, B. R. Administração de cargos e salários: carreiras e remuneração. 16. ed. São Paulo: LTR, 2013.
5
Estrutura salarial
Termos Conceitos
É a organização de uma progressão salarial em função da crescente valorização
Estrutura salarial
dos cargos resultantes do processo de avaliação e pesquisa de mercado.
Faixa salarial Corresponde a cada valor intermediário entre o mínimo e o máximo da classe/grau.
Termos Conceitos
É o valor médio entre o menor salário e o maior salário da classe/grau. Corresponde
Salário médio da classe/grau ao valor da curva de referência na classe/grau, quando essa se encontra na média
da faixa salarial, que é comumente aplicada.
Classe Cargos
Operador de caixa
1
Auxiliar de copa
Auxiliar de cozinha
2
Auxiliar de serviços gerais
Assistente de atendimento
3
Assistente de laboratório
Atendente
4
Assistente de laboratório
Assistente acadêmico
5
Assistente administrativo
Fonte: Elaborado pelo autor.
e mediana? Pois bem, o Q1 (primeiro quartil) é a base para definição do salário mínimo, o Q2 ou
mediana é base para definição do salário médio e o Q3 (terceiro quartil) é a base para definição do
salário máximo. A Tabela 1 exemplifica a definição das faixas salariais.
Tabela 1 – Faixas salariais
Perceba que a faixa A é o salário mínimo da classe e também pode ser o Q1 da pesquisa
salarial. Já a faixa C é o salário médio, ou a mediana da referência de mercado. A faixa E é o salário
máximo a ser praticado, ou Q3 da referência de mercado.
Podemos utilizar esse mesmo exemplo para avaliar a amplitude da faixa salarial, ou seja, a
diferença (monetária ou em percentual) entre o maior e o menor salário. No caso do operador de
caixa, a amplitude é de 19% e a diferença monetária, R$ 237,00 (R$ 1.462,00 – R$ 1.225). A ampli-
tude também pode ser calculada entre classes: podemos analisar, por exemplo, a diferença entre o
maior salário da empresa e o menor salário.
A relação entre os salários de cada classe precisa ter uma ordem lógica. Quanto mais rele-
vante a classe, maiores os salários praticados. Por isso, é necessário encontrar um equilíbrio ma-
temático nessa estrutura: o salário máximo de uma classe deve estar próximo do salário mínimo
da classe seguinte. Existem métodos estatísticos que podem ser utilizados nessa relação: trata-se
da progressão geométrica e da progressão aritmética. Não nos deteremos nesses cálculos, porém é
importante saber que a sequência que nos dará o intervalo dos grupos salariais é definida por essa
lógica. Veja a seguir a fórmula para conhecimento.
an
n−1
a1
a n a1
R
n 1
Em que:
R = razão
an = último termo
a1 = primeiro termo
n = número de termos totais
Faixas
Classe Cargos
A B C D E
Operador de caixa
1 1.225 1.281 1.340 1.402 1.462
Auxiliar de copa
Auxiliar de cozinha
2 1.268 1.326 1.387 1.451 1.513
Auxiliar de serviços gerais
Fonte: Elaborada pelo autor.
Podemos observar que a definição das classes e faixas está intimamente relacionada com
as referências de salário de mercado obtidas por meio da pesquisa de remuneração. Esse é um
item fundamental para elaboração da estrutura salarial, pois determinará o grau de adequação
dos salários praticados pela empresa aos do mercado. Essa decisão envolve muitos fatores, visto
que, além do posicionamento estratégico e da atração de profissionais, os salários praticados pre-
cisam estar condizentes com a receita disponível para folha de pagamento. Portanto, a empresa
não precisa praticar os salários resultantes da pesquisa; ela pode determinar um percentual de
atuação com referência no mercado – essa dinâmica também é chamada de curva de referência.
Uma empresa pode, por exemplo, decidir que trabalhará 20% acima da curva média de mer-
cado, tendo uma política salarial mais agressiva, ou então pode trabalhar 15% abaixo da curva de
mercado, tendo uma política salarial menos atrativa. A empresa também pode decidir para quais
grupos de cargo terá uma abordagem mais ou menos agressiva – tudo isso dependerá de sua estra-
tégia empresarial e da busca pelo equilíbrio interno e externo.
Deve-se levar em consideração também o pacote de benefícios e o modelo de remuneração
variável praticados pela empresa. Lembre-se do que estudamos no Capítulo 1: o salário é a remu-
neração básica do colaborador, há de se considerar benefícios e incentivos salariais na composição
da sua remuneração total.
Método Tipo/modelo
1. Escalonamento
Não quantitativos (globais)
2. Grau predeterminado
2 117 - 136
3 137 - 159
4 160 - 186
5 187 - 218
• 3ª Etapa – Cálculo do ponto médio das classes: nesta etapa, deve ser calculada a média
entre os pontos mínimos e máximos de cada grau, conforme Tabela 5, a seguir.
Tabela 5 – Cálculo do ponto médio das classes
2 127
3 148
4 173
5 202
Fonte: Elaborada pelo autor.
• 4ª Etapa – Cálculo do salário médio das classes: nesta etapa, temos a definição do ponto
de referência de cada faixa salarial. Estamos assumindo que a referência será situada no
centro da faixa salarial. O cálculo pode ser realizado por meio de equação do ajustamento
da curva de referência (método estatístico) ou utilizando a mediana definida na pesquisa
salarial, conforme demonstrado na Tabela 6.
Tabela 6 – Cálculo do ponto médio das classes
Salário médio
Classe Amplitude de pontos em reais
Faixa C
1 100 - 116 1.340
• 5ª Etapa – Cálculo das faixas salariais: é a definição dos pontos mínimos e máximos
da faixa salarial. Eles podem ser obtidos por meio do cálculo de um fator baseado em
uma amplitude predeterminada, 15% entre uma faixa e outra, por exemplo. Ou pode-se
utilizar a aplicação dos quartis, Q1 como salário mínimo e Q3 como salário máximo,
conforme a Tabela 7.
Estrutura salarial 65
• 6ª Etapa – Enquadramento dos cargos nas classes: os cargos devem ser enquadrados nas
classes em função dos pontos recebidos no momento da avaliação, como apresentado na
Tabela 8.
Tabela 8 – Enquadramento dos cargos nas classes
Operador de caixa
1 100 - 116 1.225 1.281 1.340 1.402 1.462
Auxiliar de copa
Auxiliar de cozinha
2 117 - 136 1.268 1.326 1.387 1.451 1.513
Auxiliar de serviços gerais
Assistente de atendimento
3 137 - 159 1.352 1.454 1.563 1.680 1.806
Assistente de laboratório
Atendente
4 160 - 186 1.500 1.628 1.766 1.916 2.079
Assistente de laboratório
Assistente acadêmico
5 187 - 218 1.740 1.888 2.048 2.222 2.411
Assistente administrativo
Fonte: Elaborada pelo autor.
É comum que a ausência de problemas imediatos gere um certo conforto, contudo, quando
se trata de estruturas salariais, não podemos permitir que as informações fiquem defasadas. Por essa
razão, é de suma importância que se estabeleça um calendário anual para que esse tema seja revisado.
Comumente, as empresas revisam suas tabelas salariais levando em consideração alguns fato-
res: (a) inflação sobre os salários praticados; (b) índice de reajuste proposto pelos acordos coletivos
das classes profissionais; e (c) atualização da pesquisa salarial. Veja, a seguir, por que esses fatores
devem receber atenção.
a. Inflação sobre os salários praticados: a estrutura salarial da empresa deve sempre ter
como referência os salários praticados pelo mercado, independentemente da política sa-
larial adotada. Sabemos que a inflação tem grande influência sobre as finanças de uma
organização, contudo os salários não crescem na mesma proporção desse índice. Por isso,
utilizá-lo pode gerar um grau de defasagem a longo prazo.
b. Índice de reajuste proposto pelos acordos coletivos das classes profissionais: anualmen-
te os sindicatos estabelecem, nas convenções e nos acordos coletivos, um percentual de
reajuste salarial a ser aplicado em todos os salários da categoria, e essa determinação
precisa ser cumprida pela empresa. Contudo, no momento da aplicação do reajuste,
a organização pode ou não atualizar as tabelas salariais com o mesmo índice. É importan-
te esclarecermos que reajustar salários individuais ou de categorias específicas não é fator
determinante para atualizar as tabelas. Uma coisa é o salário individual do profissional,
outra coisa é a estrutura salarial base da empresa. Vale novamente a reflexão de que a
estrutura salarial precisa estar adequada com o mercado, e o reajuste sindical nem sempre
acompanha o mercado.
c. Atualização da pesquisa salarial: as empresas também podem, esporadicamente, atualizar
a pesquisa salarial para entender como o mercado referência se comportou com relação
aos salários praticados e analisar a necessidade de atualização ou não de suas referências
internas. Quando se trata de atualização de estrutura salarial, essa sem dúvida é a
alternativa mais adequada. Por isso, é fundamental que a pesquisa de remuneração seja
um processo estruturado na empresa com ocorrência cíclica.
Como pudemos refletir, a atualização das estruturas salariais é um processo de extrema impor-
tância – e é necessário estarmos cientes de que não apenas os salários mudam, mas também todos os
processos de gestão que estão correlacionados a estes, tais como: promoções e méritos, avaliação de
desempenho, processo orçamentário, atração e retenção de talentos etc.
Assim, o cenário ideal para atualização das estruturas salariais é a realização de pesquisas
recorrentes gerando insumos e embasamento para as tomadas de decisão que afetam diretamente a
competitividade e o resultado da empresa.
Considerações finais
Por meio do estudo das estruturas salariais, pudemos perceber que existe uma lógica no
estabelecimento de salários em uma empresa – não apenas no quesito estatístico e matemático, mas
Estrutura salarial 67
também nos impactos positivos que uma tabela competitiva e financeiramente viável pode gerar nos
resultados de uma empresa.
A construção e a implantação da política salarial é um processo de muita responsabilidade,
desde a análise da pesquisa de remuneração até a escolha do método e atualização. Esse é um tema
que exige atenção e precisa estar em pauta nos comitês de gestão de pessoas nas organizações.
Por isso, é fundamental que saibamos realizar a leitura e a interpretação de todo o contexto
técnico e estratégico.
• Este livro é um informe pronunciado por Karl Marx, em junho de 1865, nas sessões do
Conselho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores, e expõe os elementos
essenciais para a construção da teoria da mais-valia. A leitura é recomendada para
conhecimento das primeiras discussões sobre o estabelecimento de salários e reflexão
sobre práticas salariais em um contexto histórico.
MARX, K. Salário, preço e lucro. Trad. de: Paulo Ferreira Leite. 4. ed. São Paulo: Centauro,
2002.
Atividades
1. Descreva quais fatores iniciais precisam ser considerados na elaboração de uma estrutura
salarial.
2. Como são definidos os salários mínimos e máximos a serem pagos para um determinado
cargo na empresa?
Referências
CARREIRA Muller. Guia prático: pesquisa salarial. Indaiatuba, SP: Carreira Muller, 2015. Disponível em:
http://carreira.com.br/carreira_estudo/ebook-guia-pratico-da-pesquisa-salarial/. Acesso em: 24 mar. 2019.
CARREIRA Muller. Correção de tabelas salariais. Indaiatuba, SP: Carreira Muller, 2016. Disponível em:
http://carreira.com.br/correcao-de-tabela-salarial/. Acesso em: 24 mar. 2019.
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri,
SP: Manole, 2014.
HAY GROUP. Gestão de carreira e recompensa. São Paulo: Hay Group, 2017.
MERCER. Pesquisa de remuneração total 2018. São Paulo: Mercer Brasil, 2018.
PONTES, B. R. Administração de cargos e salários: carreiras e remuneração. 16. ed. São Paulo: LTR, 2013.
WOOD JR, T.; PICARELLI FILHO, V. Remuneração e carreira: por habilidades e por competências. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2004.
6
Gestão de benefícios
A partir dos anos 1980, as empresas americanas e europeias passaram a se dedicar a outros
aspectos além da remuneração fixa. A competição para atração de profissionais no mercado fez
com que as empresas buscassem diferenciais além do salário direto – e é nesse momento da história
que percebemos uma mudança na abordagem de benefícios.
Por outro lado, os profissionais passaram a valorizar outros aspectos além de salário no-
minal e avaliar sua entrada e permanência nas empresas conforme os benefícios, tangíveis e
intangíveis, oferecidos para eles e seus familiares.
Os órgãos de classe, sindicatos e representantes dos trabalhadores passaram a exigir em
negociações coletivas que benefícios além dos já oferecidos fossem mais difundidos e disponi-
bilizados para os empregados. Em paralelo, o governo elaborou algumas iniciativas de incentivo
fiscal para potencializar essa prática nas organizações.
Atualmente os benefícios são usados como atrativos para as empresas reterem seus pro-
fissionais. Explica Chiavenato (2014, p. 288) que “não basta remunerar as pessoas pelo seu tem-
po dedicado à organização, isso é necessário, mas insuficiente”, corroborando a importância dos
investimentos no pacote de benefícios. O autor pontua, ainda, que a remuneração fixa criada no
século XX era somente para compensar o trabalho rotineiro e repetitivo existente, pois a época era
de estabilidade e permanência. Mas, hoje, a remuneração fixa não tem esse poder de motivar o
profissional, além de não ter a capacidade de estruturar os funcionários a partir dos interesses es-
tratégicos da empresa. Assim, esse tipo de compensação não aumenta o comprometimento destes
com a organização (CHIAVENATO, 2014).
O que inicialmente era apenas um complemento na remuneração dos indivíduos, hoje é uma
poderosa ferramenta. Benefícios não são apenas importantes para atração e retenção, mas também
para gerar qualidade de vida e segurança aos colaboradores – o que obviamente tem reflexos nos
resultados e na competitividade da empresa.
uma seguradora de saúde que disponibilizará, além dos planos, a possibilidade de reem-
bolso para atendimentos que são realizados fora de sua rede credenciada; (3) Planos de
Autogestão: modalidade em que a empresa contrata uma parceira (medicina de grupo ou
seguradora) devidamente certificada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar)
para administrar um plano próprio, sem utilizar os produtos disponibilizados no mercado.
• Práticas comuns: normalmente as empresas estabelecem regras de subsídio dos benefí-
cios, seja de maneira integral ou parcial, dependendo do critério adotado pela organiza-
ção. Há ainda a possibilidade de extensão do plano aos dependentes legais do colaborador
e ainda a continuidade no convênio depois do término do vínculo empregatício.
• Importância na gestão de remuneração: planos de saúde empresariais são importantes
para melhoria da qualidade de vida dos colaboradores. Ter um convênio médico gera
maior segurança para o indivíduo. Além disso, a empresa pode estabelecer programas de
gestão de saúde e atrelar o benefício ao controle de absenteísmo, prevenção de patologias
e incentivo a uma vida mais saudável e equilibrada. Estender o benefício aos dependentes
também é uma boa estratégia, pois demonstra a preocupação da empresa com o contexto
familiar de seus empregados. O plano de saúde é sem dúvida um dos benefícios que mais
gera engajamento e retenção nas organizações.
6.2.2 Alimentação
A alimentação é um insumo básico no pacote de benefícios de uma empresa. Existe inclusi-
ve um programa de incentivo fiscal do Governo Federal para que as empresas lhe disponibilizem
recursos.
• Modelos: existem cinco modelos usuais quando pensamos em alimentação: (1) restau-
rante próprio na empresa; (2) vale-alimentação; (3) vale-refeição; (4) cesta básica; (5) con-
vênios com restaurantes.
• Práticas comuns: normalmente as empresas praticam um único modelo de benefício,
subsidiando integral ou parcialmente as despesas com alimentação. Também podem
combinar os modelos de benefício, disponibilizando, por exemplo, um restaurante local
para alimentação diária e um valor mensal como vale-alimentação.
• Importância na gestão de remuneração: no modelo de restaurante próprio, a empresa
tem mais autonomia e amplitude para trabalhar com o benefício e cuidar de fato da ali-
mentação de seus colaboradores. O acompanhamento nutricional permite que ações de
incentivo a uma alimentação mais saudável sejam realizadas, e isso tem forte impacto na
saúde e na qualidade de vida dos empregados.
6.2.3 Transporte
O transporte, assim como a saúde e a alimentação, é um insumo básico e está relacionado à
locomoção dos empregados até seus locais de trabalho. Por isso, a empresa tem certa responsabi-
lidade nesse item.
72 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
• Modelos: podemos citar quatro modelos usuais do benefício transporte: (1) vale-trans-
porte: regulamentado pela Lei Federal n. 7.619/871, o empregador é obrigado a custear o
transporte do empregado; (2) transporte fretado: disponibilização de transporte coletivo
próprio, ônibus ou van, para locomoção dos empregados até a empresa; (3) carro: algu-
mas empresas disponibilizam carros para certos cargos, normalmente posições de chefia
e executivos; (4) reembolso de combustível.
• Práticas comuns: no caso do vale-transporte, as empresas seguem o que está determi-
nado no dispositivo legal, disponibilizam os créditos em cartão ou ficha (depende do
sistema de mobilidade urbana da localidade), subsidiam o benefício e podem descontar
do empregado até 6% de seu salário a título de coparticipação no benefício. Já no caso
do transporte fretado, a empresa esquematiza uma rota que seja comum ao maior núme-
ro de colaboradores possível e disponibiliza transporte coletivo em horários e caminhos
preestabelecidos. Ela pode ou não subsidiar integralmente o benefício. Normalmente essa
prática acontece na indústria para atender o público operacional dos turnos de trabalho
ou em empresas localizadas em regiões que o transporte público não abrange. Há empre-
sas que disponibilizam carros para seus empregados, entre os quais colaboradores que
viajam pela empresa ou fazem representação comercial e executivos. Em relação a estes
últimos, a prática é cada vez mais comum e, nesse caso, o benefício tem um sentido muito
mais de status do que de necessidade de locomoção. Por fim, o reembolso de combustível,
que pode estar atrelado à necessidade de viagens e/ou utilização de veículo próprio.
• Importância na gestão de remuneração: o transporte é um benefício básico que gera
segurança para os empregados, mas pode ser utilizado como ferramenta estratégica de
atração, principalmente para o público executivo.
1 Você pode conferir a Lei Federal n. 7.619/87 pelo link: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7619.htm. Acesso
em: 24 mar. 2019.
Gestão de benefícios 73
6.2.7 Outros
Além dos benefícios listados, podemos relacionar uma série de outras ações que as empresas
têm realizado. Abaixo uma breve listagem dessas práticas usuais.
• Farmácia: subsídio para compra de medicamentos.
• Clube de vantagens: parceria com empresas para oferecer descontos aos colaboradores
na aquisição de produtos e serviços diversos.
• Estacionamento: subsídio para estacionamento ou oferta de estacionamento gratuito.
• Check-up: check-up médico anual para ações de prevenção e diagnóstico de saúde dos
colaboradores.
• Academia: subsídio e incentivo à prática de atividade física, seja em academia, seja para
esportes específicos.
• Massagem e terapias: disponibilização de espaços e momentos na empresa para reali-
zação de massagens e atendimento terapêutico, psicológico e de relaxamento, visando
aumentar a qualidade de vida no trabalho.
• Complemento auxílio-doença: salário extra para complementar a renda do colaborador
na ocasião do afastamento por auxílio-doença.
• Ampliação de licenças: extensão de licenças para além do prazo legal: licença-maternida-
de, licença-paternidade, licença de óbito, entre outras.
• Creche: disponibilização de creche em espaço próprio da empresa ou ajuda de custo men-
sal para subsídio de creche ou babá.
• Cultura: disponibilização de vale-cultura ou descontos e ingressos para espetáculos de
arte, música, dança e teatro.
• Entretenimento: promoção de ações de entretenimento e cultura dentro da empresa.
• Salas de convivência: disponibilização de espaços para descanso e socialização dos
empregados.
• Home-office: possibilidade de realizar o expediente de trabalho em casa no modelo
teletrabalho.
• Day-off: concessão de folgas em datas específicas (aniversário, por exemplo) ou como
contrapartida por atingimento de metas e objetivos.
• Casual day: possibilidade de utilizar vestimenta menos formal em dias específicos.
• Horário flexível: mobilidade na escala de trabalho sem a necessidade de seguir horários
específicos, apenas cumprir a jornada diária estabelecida.
• Empréstimo consignado: concessão de empréstimo para desconto em folha de pagamen-
to via instituição financeira parceira ou diretamente com a empresa.
Gestão de benefícios 75
• Crédito extra: disponibilização de cartões com função crédito como contrapartida para
metas e objetivos atingidos.
• Alternativas criativas: compreendem todos os esforços criativos das empresas de recom-
pensar seus empregados, com bônus, premiações e condições diferenciadas conforme cri-
térios e estratégia adotados para determinada ocasião.
Chiavenato (2014) destaca dois pontos de atenção na hora de construir o pacote de benefícios:
o primeiro deles é o princípio do retorno do investimento que considera que as liberalidades concedi-
das pela empresa precisam lhe trazer alguma vantagem – seja no aumento de produtividade, elevação
de moral, melhora da qualidade, retenção de talentos ou qualquer outro indicador. O outro ponto é
o princípio da mútua responsabilidade, em que pessoas cooperam entre si para um bem comum e
nesse caso ele é aplicado no patrocínio do benefício – muitas empresas pagam o valor total, contudo
é sempre importante que o colaborador participe, mesmo que com uma parcela mínima.
Existem três abordagens na estratégia de remuneração que podem ser utilizadas para defini-
ção do modelo de benefícios. Veja quais são elas na Figura 2.
Figura 2 – Abordagens para definição de modelo de benefícios
Abordagem de pacificação
Considerações finais
Pudemos refletir, por meio deste estudo, sobre a importância dos benefícios no sistema de
remuneração. Eles têm efeitos tangíveis e intangíveis que estão relacionados ao grau de satisfação
com a empresa, engajamento no trabalho, percepção de respeito e segurança, qualidade de vida,
entre outros. Por essa razão, esse item tem tido especial atenção nos investimentos das empresas,
tendo sido usado inclusive como moeda de troca nas negociações coletivas de trabalho.
Alternativas criativas são cada vez mais comuns e essa ferramenta tem mudado as relações
com o ambiente de trabalho, por isso devemos sempre acompanhar essas iniciativas, que têm uma
contribuição importante para a melhoria dos resultados da empresa e geram bem-estar aos cola-
boradores e à comunidade.
• A revista Valor econômico publicou recentemente uma matéria que retrata as dificuldades
das empresas em manter os planos de saúde empresariais, visto que o setor de saúde tem
tido índices de inflação médica bastante altos – o que exige maiores investimentos na área
e adoção de alternativas criativas pelas organizações. A leitura é recomendada por fomen-
tar uma reflexão sobre os esforços necessários para que as empresas possam realizar uma
gestão eficaz de benefícios de maneira sustentável.
MACIEL, L. Os malabarismos das empresas para cortar custos com plano de saúde. Valor
econômico, São Paulo, 20 jun. 2018. Disponível em: https://www.valor.com.br/empre-
sas/5609355/os-malabarismos-das-empresas-para-cortar-custos-com-plano-de-saude.
Acesso em: 24 mar. 2019.
Atividades
1. Escolha três benefícios e discorra sobre a importância deles na gestão de remuneração e
carreira.
3. Quais são as abordagens de estratégia de remuneração que podem ser utilizadas para defini-
ção do modelo de benefícios? Explique brevemente cada uma delas.
Referências
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri,
SP: Manole, 2014.
PONTES, B. R. Administração de cargos e salários: carreiras e remuneração. 16. ed. São Paulo: LTR, 2013.
WOOD JR, T.; PICARELLI FILHO, V. Remuneração e carreira: por habilidades e por competências. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2004.
7
Remuneração variável e incentivos
a curto e longo prazo
Benefícios
RT
Incentivos Remuneração Incentivos
TD total
Total em
dinheiro
SB
Salário + adicionais fixos Salário + adicionais fixos Salário + adicionais fixos
Salário-base
Quando falamos em remuneração variável, estamos nos referindo aos incentivos salariais que
compõem o total em dinheiro pago aos colaboradores. Segundo Franco (2008 p. 138), “na remuneração
variável a pessoa é remunerada em função da sua contribuição para o resultado da empresa e para a
continuidade do negócio”. Assim sendo, podemos dizer que a parcela de incentivos salariais é baseada
na contratação de metas e objetivos do empregado, enquanto a parcela de salário fixo é um reflexo do
valor acordado em contrato de trabalho.
A remuneração variável não é novidade. Sempre foi muito comum o emprego
desse tipo de remuneração para profissionais de vendas (bônus e comissões),
executivos (bônus), e pessoal operacional (prêmios), no entanto mais recen-
temente passou a ser mais adotada para todos os profissionais da empresa [...]
A remuneração variável, desde que interligada aos objetivos empresariais, é a
principal modalidade de remuneração estratégica, porque incentiva o “ganha-
-ganha” organizacional. (PONTES, 2013, p. 377)
Remunerar com base em metas predefinidas pode ser uma maneira muito inteligente de
otimizar os resultados e os recursos de uma organização, contudo é uma prática que exige geren-
ciamento contínuo e transparência. Se todos trabalham para o atingimento de metas e objetivos,
é importante que todos conheçam claramente os resultados de seu trabalho. Nesse contexto,
o compliance (agir de acordo com as regras) e a segurança da informação se tornam aspectos
importantes para o controle de incentivos salariais. Sua má administração pode gerar risco para
a empresa, enquanto sua gestão eficaz potencializa os ganhos empresariais.
A maioria das organizações paga seus colaboradores na base de salários men-
sais, pois isso reduz riscos tanto para o empregador quanto para o colaborador.
Outras optam por valores flexíveis para cargos elevados, como presidentes e
diretores (em função dos resultados operacionais) e vendedores (na base de
comissões de vendas). A Apple adota a remuneração flexível para obter vanta-
gens para a empresa e para os funcionários, pois eles preferem salários baixos
em troca de ações da companhia. Claro, muitos deles ficaram milionários ou
bilionários desde a década de 1980. Os gerentes de lojas da Walmart trabalha-
ram durante anos em troca de salários baixos e ações da companhia e não se
arrependeram. Ficaram ricos. (CHIAVENATO, 2014, p. 261)
a conquista de resultados; (2) avaliar o desempenho em uma base quantitativa e mensurável; (3)
atrelar a remuneração variável ao desempenho tanto individual quanto coletivo; (4) garantir o foco
na criação de valor no longo prazo, recompensando ao mesmo tempo as metas tangíveis de curto
prazo. A Figura 2 ilustra a remuneração total.
Figura 2 – Remuneração total
Desempenho
individual
e coletivo
Apuração em
base quantitativa
Lucro ou resultado
da empresa
Negativo Positivo
Resultado da
Não há pagamento
equipe
Negativo Positivo
Distribuição
Não há pagamento dos lucros ou
resultados
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Pontes, 2013, p. 398.
1 Veja o texto da Lei na íntegra em: http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/LEIS/L10101.htm. Acesso em: 25 mar. 2019.
Remuneração variável e incentivos a curto e longo prazo 83
Perceba que, apesar de todos os empregados participarem do programa, as metas podem ser
desenhadas por áreas e a apuração pode ou não gerar o pagamento. Na prática, cada trabalhador
representa um resultado diferente e o pagamento também poderá ser com valores diferenciados.
Há alguns pontos complementares que comumente geram dúvidas. Vale um breve
esclarecimento:
• Obrigatoriedade: a PLR é um tipo possível de remuneração variável e não necessaria-
mente uma obrigatoriedade da empresa. Só existe exigência legal caso haja previsão em
Acordo Coletivo de Trabalho.
• Natureza salarial: como vimos, a PLR é um tipo de incentivo salarial, não sendo ca-
racterizada como salário fixo. Por não se tratar de salário, não incidem sobre essa
parcela tributos, encargos previdenciários ou trabalhistas.
• Plano de PLR: é um documento que descreve todas as metas, regras e indicadores de
desempenho que implicam o pagamento dos valores. Todos os colaboradores são elegí-
veis e esse plano deve ser negociado entre a empresa e o representante dos trabalhadores,
normalmente sindicato.
• Periodicidade: normalmente a apuração das metas é anual, porém o pagamento pode ser
realizado em mais de uma parcela. De acordo com a lei, deve ocorrer no máximo duas
vezes por ano.
A PLR é um tema relativamente novo no Brasil, por isso nem todas as empresas possuem
um programa estruturado de distribuição. Esse tipo de remuneração variável é muito importante,
visto que é um incentivo de curto prazo que serve de instrumento eficaz para integração entre o
capital e o trabalho, estimulando a produtividade da organização.
Objetivos do programa
Para apoiar o atingimento das metas previstas no Planejamento Estratégico
do Grupo WB Indústrias, foi definida a remuneração variável. Na busca pela
eficiência, a estratégia de remuneração deve ser ancorada na realidade de ne-
gócio e nas necessidades de seus colaboradores. Com isso, os objetivos do
plano são:
Público elegível
São elegíveis à remuneração variável: gestores que atuam nas funções de pre-
sidente, diretor, gerente e coordenador.
Cargos
Presidente
Diretor
Gerente
Coordenador
(Continua)
86 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
Metas globais
As metas globais foram definidas considerando o atingimento de cinco fato-
res: caixa operacional; receita líquida; qualidade; inovação; pesquisa de clima.
Cada uma das metas possui um peso na composição do resultado global e
também uma régua com mínimo esperado, meta e desafio.
Mínimo
Objetivos Peso Meta Desafio
esperado
Aumentar
Mínimo último Aumentar em 1pp
Qualidade (%) 20,00% 2pp a meta
resultado o último resultado
proposta
Inovação
10,00% 80,00% 100,00% Não se aplica
(projetos específicos)
Metas individuais
Cada participante do programa analisará, com a sua chefia, o desdobramento
das metas globais e seu grau de responsabilidade para atingimento delas. Em
seguida, será firmado um acordo de metas individuais.
Composição do bônus
O bônus corresponde ao pagamento do valor de cinco salários nominais para
atingimento integral de todas as metas.
O bônus será pago mediante atingimento das metas globais (metas gerais da
empresa) e do atingimento das metas individuais (acordo específico de me-
tas individuais acrescido do resultado da avaliação de desempenho), tal como
mostra a Figura 4.
Acordo específico de
Avaliação de
desempenho
(Continua)
Remuneração variável e incentivos a curto e longo prazo 87
Salário R$ 30.000,00
Bônus possível
R$ 150.000,00
(cinco salários nominais)
100% x 50%
+
Cálculo de pagamento 80% x 50%
x
150.000,00
Considerações finais
Neste capítulo, pudemos conhecer um pouco mais do contexto em que a remuneração variá-
vel está posicionada. Trata-se de um dos componentes mais expressivos do sistema remuneratório
e pode contribuir de maneira muito significativa nos resultados das organizações.
Pudemos conhecer os modelos mais usuais de incentivo a curto e longo prazo, bem como
apreciar uma exemplificação de como tudo isso acontece na prática. Os incentivos salariais têm
sido cada vez mais difundidos nas empresas. Por isso, é fundamental que tenhamos os conheci-
mentos necessários para entendimento desses modelos, seja no âmbito acadêmico, na elaboração
prática de um programa de bonificação ou simplesmente como empregado que participa de um
programa de PLR, por exemplo.
Esse é um tema que merece estudo e compreensão, dada sua importância no contexto
empresarial.
• Este livro apresenta alguns cases de empresas que tiveram bons resultados e lucros,
mas que fizeram isso de maneira sustentável e humana. A indicação da leitura é para
gerar um maior entendimento do princípio “ganha-ganha”, citado neste capítulo, e
Remuneração variável e incentivos a curto e longo prazo 89
também para estimular a reflexão sobre a importância dos valores humanos no atin-
gimento das metas e dos objetivos organizacionais.
MURARO, R. M. Mais lucro: valores humanos na construção de empresas. 1. ed. Rio de
Janeiro: Jose Olympio, 2006.
Atividades
1. Quais são os itens de composição da remuneração total? Explique cada um deles.
Referências
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri,
SP: Manole, 2014.
PONTES, B. R. Administração de cargos e salários: carreiras e remuneração. 16. ed. São Paulo: LTR, 2013.
8
Avaliação de desempenho e remuneração
Como pudemos notar no capítulo anterior, a remuneração variável está intimamente ligada
ao nível de performance dos profissionais no atingimento de metas e resultados. Por isso, é impor-
tante que conheçamos os métodos de avaliação de desempenho.
Neste capítulo, vamos estudar os conceitos de desempenho e performance, conhecer as me-
todologias mais comuns para medição desses fatores e, por fim, refletir sobre a relação entre de-
sempenho e gestão de remuneração.
Por meio desse processo, os colaboradores obtêm informações sobre a expectativa da em-
presa em relação a seu trabalho. Com isso, eles podem aferir seu próprio desempenho, adminis-
trar suas recompensas e identificar as áreas em que podem melhorar (HOURNEAUX JUNIOR;
CORRÊA, 2007).
Nesse contexto, podemos classificar duas abordagens de medida de desempenho: uma ba-
seada em comportamento e outra, em resultados. Os indicadores baseados em comportamento
medirão os níveis de conhecimento do profissional em relação à matéria, serviço ou produto em
que atua; também avaliarão as competências necessárias para desempenho de suas funções e a
adequação desse perfil à execução das tarefas. Essas medidas possuem um grau menor de avaliação
sendo mensuradas a longo prazo, uma vez que se fazem necessários períodos de tempo maiores
para efetiva medição. Já os indicadores baseados em resultado possuem uma mensurabilidade su-
perior e são orientados a curto prazo – são avaliados os índices de produtividade, entregas realiza-
das, satisfação de clientes, entre outros.
Figura 1 – Abordagens de medidas de desempenho
Indicadores de
comportamento
Indicadores de
resultado
Estratégia organizacional
Avaliação comparativa
Conhecimento e reconhecimento
• Garantir que a organização conheça e reconheça diferenciadamente a contribuição de cada pessoa ou equipe
(planos de carreira e promoções e prêmios de desempenho).
• Permitir o tratamento dos recursos humanos como um recurso básico da organização e cuja produtividade
pode ser desenvolvida indefinidamente, dependendo, obviamente, da forma de administração.
Clareza das
Esforço individual Desempenho
responsabilidades do cargo
Podemos notar que a gestão de performance por meio da avaliação de desempenho está in-
timamente relacionada às percepções do indivíduo em relação a seu papel e suas competências na
organização. Ele medirá seus esforços para alcance de recompensas, por isso atrelar desempenho
ao sistema de remuneração é uma prática que pode gerar resultados expressivos.
questionário on-line para garantir a impessoalidade dos resultados e promover maior en-
gajamento dos respondentes que ficam mais à vontade para avaliar, uma vez que não
precisam ser identificados.
• Avaliação 360º: é um modelo dinâmico e circular em que todos os elementos que man-
têm interação com o indivíduo o avaliam, e o indivíduo também tem a oportunidade de
avaliar os outros componentes do processo. Todos os funcionários ao redor do indivíduo
avaliado (como em uma abrangência de 360º) participam da avaliação, isto é, gerente,
subordinados, clientes internos e externos etc. Assim como na avaliação da equipe de
trabalho, nesse modelo normalmente se utiliza uma ferramenta on-line que traz mais se-
gurança para o processo, tornando a avaliação impessoal e trazendo o real crivo do grupo.
• Avaliação para cima: é um modelo específico de avaliação do gerente ou líder. Ao contrá-
rio da avaliação do subordinado pelo seu gestor, nesse processo a equipe pode demonstrar
suas percepções sobre a contribuição do líder no atingimento de seus resultados. A ava-
liação para cima é individual e pouco utilizada. Normalmente está combinada a algum
outro método ou é realizada quando se tem uma demanda específica de avaliação do líder
por sua equipe.
Os modelos podem ser realizados tanto de maneira isolada como de forma combinada, de-
pendendo dos objetivos da organização em promover uma avaliação de desempenho.
colaborador. Muitas empresas utilizam a gestão de performance para determinar os avanços verti-
cais e horizontais de carreira e também os aumentos salariais de seus colaboradores.
Todos esses exemplos fazem parte do que chamamos de remuneração por resultados,
que é uma classificação de estratégia de remuneração em que o trabalhador é remunerado em
função dos padrões, metas e objetivos atingidos. Segundo Lacombe (2005), é importante que
toda a empresa esteja em sintonia e, também, que os seus departamentos trabalhem em sinergia
para que todos tenham o mesmo norte. Para Wood Jr. e Picarelli Filho (2004), as vantagens desse
tipo de estratégia estão no reforço do trabalho em grupo, na participação dos empregados na
gestão da empresa, no incentivo e nas buscas por inovações e soluções criativas ao negócio, no
aumento de qualidade e produtividade, bem como na redução de resistência a mudanças e na
redução de desperdícios e custos.
Uma pesquisa analisou padrões de governança corporativa de 132 empresas brasileiras,
entre 2010 e 2014, e trouxe um panorama da geração de valor dos modelos de remuneração bra-
sileiros (LINS; MALVESSI, 2015). Essa pesquisa demonstrou que 44% das empresas nacionais
utilizam a avaliação de desempenho para reajustar a remuneração fixa de seus colaboradores,
ou seja, a gestão de performance é o critério mais utilizado para concessão de méritos salariais e
promoções. Além disso, a pesquisa avaliou os indicadores utilizados para definir a remuneração
variável de curto e longo prazos e mais uma vez a avaliação de desempenho foi o fator líder nesse
contexto, com 58% das empresas no ICP e 48% no ILP.
Os dados apresentados e todas as informações trabalhadas ao longo deste capítulo demons-
tram a relevância da avaliação de desempenho na gestão de remuneração e reforçam a necessidade
de os princípios de meritocracia orientarem a gestão de performance e consequentemente o paga-
mento de recompensas.
Considerações finais
Como pudemos notar, a compreensão dos objetivos, métodos e aplicação da avaliação de
desempenho é fundamental para que possamos relacionar a gestão de performance com a gestão
de remuneração. Essa é uma abordagem estratégica da maneira de remunerar e recompensar os
profissionais potencializando os resultados da empresa.
Os temas que estudamos neste capítulo são complementares aos conceitos de remuneração
variável que estudamos anteriormente, visto que os modelos de incentivo a curto e longo prazos
estão pautados no atingimento de metas e objetivos organizacionais.
Além disso, esses conhecimentos são prévios para melhor entendimento dos capítulos
seguintes, em que abordaremos os modelos de políticas de remuneração e remuneração estratégica.
São abordagens em que o desempenho, a meritocracia e a performance também têm forte influência.
Avaliação de desempenho e remuneração 97
• Este filme norte-americano é baseado no livro Moneyball: the art of winning an unfair
game, de Michael Lewis, e conta a história do gerente-geral de um time de beisebol que
cria uma equipe competitiva em meio a uma situação financeira desfavorável, usando
uma sofisticada análise estatística dos jogadores. O filme é indicado para fomentar a re-
flexão sobre esse método estatístico de avaliação de desempenho e o reflexo que a correta
mensuração de performance trouxe para os resultados da equipe.
O HOMEM que mudou o jogo. Direção: Bennett Miller. Produção: Michael De Luca e
Brad Pitt. EUA: Sony Pictures, 2012. 1 vídeo (133 min), son., color.
Atividades
1. Qual é a importância do instrumento de avaliação de desempenho para os colaboradores
de uma empresa?
3. Cite alguns exemplos de componentes do sistema remuneratório que são influenciados pela
avaliação de desempenho e gestão de performance.
Referências
BORINELLI, M. L. Estrutura conceitual básica de controladoria: sistematização à luz da teoria e da prá-
xis. Orientador: Wellington Rocha. 2006. 341 f. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) – Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade, USP, São Paulo, 2006. Disponível em: https://www.teses.usp.
br/teses/disponiveis/12/12136/tde-19032007-151637/publico/Tesemarcioborinelli.pdf. Acesso em: 27 mar.
2019.
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri,
SP: Manole, 2014.
98 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
LINS, J.; MALVESSI, O. Remuneração executiva e geração de valor: práticas de remuneração e desempenho
em empresas de capital aberto no Brasil. [S. l.]: PwC; FGV, 2015. Disponível em: http://www.oscarmalves-
si.com.br/downloads/artigos/169/Remun-Exec-e-geracao-de-valor-1ed-OMalvessi-FGV-EAESP-e-JLins-
PwC-3-2015.pdf. Acesso em: 16 abr. 2019.
MARRAS, J. P. Administração da remuneração. 1. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
PATTO, J. Remuneração variável: como recompensar seu time pelo resultado. São Paulo: Endeavor Brasil,
2014.
WOOD JR, T.; PICARELLI FILHO, V. Remuneração e carreira: por habilidades e por competências. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2004.
9
Política de remuneração
Deve-se elaborar um glossário com os termos técnicos que serão utilizados no documento:
como os temas de remuneração não são comuns a todos, faz-se necessária essa breve explicação.
Além disso, é recomendável verificar os documentos internos e/ou externos utilizados como refe-
rência na política e citá-los para consulta e leitura complementar. Lembre-se de que a política de
remuneração se relaciona com outros instrumentos normativos, como diretrizes orçamentárias,
política de recrutamento e seleção, código de ética ou conduta, entre outros.
Conforme Pontes (2013), também devem ser definidas as regras para movimentação de car-
reira na empresa: avanço horizontal e avanço vertical.
• Avanço horizontal: também conhecido por “mérito”, é o aumento salarial dentro da faixa
estabelecida para aquela posição, sem mudança de cargo. Normalmente ele é motivado
quando há uma evolução nas competências do profissional acrescido de bons resultados e
desempenho, porém não há necessidade ou possibilidade de elevação do cargo. Em geral,
o avanço horizontal obedece a um prazo mínimo de seis meses entre um aumento e outro,
e os aumentos são limitados entre 10 e 15%.
• Avanço vertical: ocorre toda vez que o colaborador, após ter adquirido as competên-
cias necessárias e ter tido um bom desempenho na gestão de performance, conquista
o direito de ser promovido a um novo cargo. Normalmente as empresas estabelecem
regras de tempo e valor para as promoções. É definido um período mínimo entre um
avanço e outro e também um percentual máximo para reajuste salarial. O período mí-
nimo para uma nova promoção, conforme políticas gerais das empresas, é de um ano e
o percentual máximo para aumento salarial é em média 25%. Não há uma diretriz legal
para esses quesitos, por isso cada empresa aplica o que é mais factível e coerente para
sua realidade. Há ainda empresas que trabalham com escalonamento salarial, prática
em que o colaborador, assim que promovido, recebe aumentos salariais progressivos
para alcançar a faixa inicial do cargo em um tempo específico, como o escalonamento
salarial a cada 120 dias durante 1 ano para efetivação do novo salário.
Há ainda a reclassificação ou enquadramento salarial, que ocorre quando são atribuídas
mais funções ou tarefas mais complexas, que pela proporcionalidade exijam uma elevação nos
valores de salário.
Outro quesito fundamental a ser abordado nessa etapa é o reajuste salarial. É comum que
reajustes ocorram anualmente por meio da data-base sindical que estabelece um percentual a ser
aplicado nos salários atuais a fim de equipará-los à inflação do período.
O reajuste sindical pode, ou não, ser utilizado para reajustar as tabelas salariais – depende
da estratégia da empresa. O ideal é que o reajuste da data-base seja aplicado apenas aos salários
dos profissionais atuantes e, para atualização das tabelas e estruturas, seja realizada nova
pesquisa de mercado. Os índices utilizados pelo sindicato podem não ser os mesmos que afetam
o mercado, por isso, para as estruturas não inflacionarem ou deflacionarem, é interessante
utilizar parâmetros distintos.
As regras específicas de benefícios são complexas e o que se percebe em geral é que cada be-
nefício acaba recebendo uma política exclusiva. Podemos utilizar como exemplo o plano de saúde:
há empresas que possuem regras de elegibilidade tão específicas e procedimentos de administração
tão particulares que se faz necessária uma normativa para explanar apenas esse tema.
Mesmo que a organização não aborde os benefícios em detalhes na política de remuneração,
é interessante demonstrar as regras gerais ou ao menos as diretrizes da empresa enquanto estraté-
gia e abordagem de benefícios, como estudamos anteriormente.
Além desses temas gerais que abordamos, a política de remuneração pode conter outras
normativas, como as regras da empresa em caso de viagens a trabalho ou transferências de cidade e
domicílio. Também é oportuno falar sobre as alçadas e processos de aprovação para todos os itens
que explanamos aqui. Não há uma regra geral, cada empresa formatará o instrumento na medida
de sua necessidade e estratégia.
Finalizado o processo de elaboração da política, inicia-se o momento de divulgação.
Normalmente as empresas já estão habituadas a escrever e compartilhar políticas ou normativas.
Em geral os documentos são públicos a todos os colaboradores e ficam disponíveis em algum di-
retório interno.
Quanto à remuneração, um trabalho pedagógico precisa ser realizado previamente, pois o
tema exige conhecimento básico de alguns conceitos. Por essa razão, o ideal é realizar alguma ação
com os gestores da empresa antes de divulgar a todo o grupo. É de suma importância que os líderes
conheçam e entendam as normativas, já que eles serão os principais agentes no desdobramento da
workshops: são
gestão de remuneração e carreira na empresa. Nesse contexto, são muito bem-vindos workshops, reuniões de inte-
treinamentos ou simples reuniões para abordar os temas. ressados em dado
assunto a fim de se
Assim, a comunicação é um processo tão importante quanto a elaboração. É o momento aprofundarem no
tema discutido.
em que a empresa gerará perspectiva em seus colaboradores. Por isso, quanto mais claras e coe-
rentes forem as ações relacionadas à divulgação, menos ruídos e resistências a empresa sofrerá.
Lembre-se: a gestão de remuneração e carreira tem impactos muito significativos no clima, na
cultura e na identidade organizacional.
Considerações finais
Verificamos neste capítulo que a política de remuneração é a principal maneira de dialogar
com todos os colaboradores e líderes da empresa sobre o programa de remuneração. Entendemos,
também, a importância e a relevância de estabelecer os instrumentos normativos e os cuidados
necessários para sua implementação e divulgação.
Perceba que todos os quesitos que estudamos até este capítulo são tratados na política de re-
muneração. Por isso é fundamental que, antes de normatizar esses temas, a empresa tenha visitado
todos os conceitos de cargos, salários, benefícios, mercado, entre outros. A política salarial é uma
normativa que traz diretrizes do programa de remuneração já desenvolvidos pela empresa.
104 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
Atividades
1. Cite três importantes razões para o estabelecimento de uma política de remuneração
nas organizações.
2. Quais são os principais itens a serem abordados na política com relação à administração
de salários?
Referências
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri,
SP: Manole, 2014.
PONTES, B. R. Administração de cargos e salários: carreiras e remuneração. 16. ed. São Paulo: LTR, 2013.
10
Remuneração estratégica
Chegamos ao último capítulo de nosso estudo. Agora que já conhecemos todas as caracte-
rísticas do sistema de remuneração, vamos refletir sobre alguns aspectos complementares relacio-
nando remuneração a temas organizacionais de grande relevância.
Iniciaremos refletindo sobre os efeitos da gestão de remuneração na estratégia empresarial
e entendendo o quanto os executivos responsáveis pelo direcionamento de um negócio precisam
estar conscientes do nosso tema de estudo. Também explanaremos a relação entre remuneração e
os índices de engajamento, atração e retenção.
Por fim, vamos falar sobre competências organizacionais e conhecer as abordagens possíveis
em remuneração, entendendo também os efeitos dessa dinâmica nas transformações organizacionais.
Em um cenário dinâmico e de transformações constantes, as empresas têm muitos desafios
para ampliar seus negócios e gerir seus recursos. Por isso, é fundamental utilizar as ferramentas
corretas e de maneira assertiva, garantindo o equilíbrio organizacional interno e externo – não há
espaço para desperdícios na corrida por bons resultados.
Para Silva (2005, p. 121), “os processos de remuneração podem ser uma das principais fontes
disponíveis para uma empresa que busca aumento na eficácia e no desempenho organizacional”.
Todavia, o que se percebe é uma má utilização desse recurso, dada sua relevância no reforço de
comportamentos cruciais para todos aqueles que contribuem no atingimento de resultados. Gestão
de remuneração é gestão empresarial, e sua administração tem fortes efeitos na competitividade
da empresa.
Segundo Hay Group (2004, p. 11), a remuneração deve ser tratada na estratégia empresarial
por três razões: “a diferenciação em ambientes competitivos exige pessoas capazes de superar re-
sultados. Desafios, filosofia de gestão e reconhecimento determinam comportamentos de alta per-
formance. A estratégia de remuneração é um forte diferencial na busca de resultados sustentados”.
É importante refletirmos sobre os efeitos da competitividade de mercado no perfil profissio-
nal desejado pelas empresas, visto que a remuneração estratégica é uma ponte entre esses dois fato-
res. Os indivíduos estão alinhados às novas realidades das organizações e esperam ser remunerados
pelos seus conhecimentos, habilidades, competências e pelos resultados que trazem à organização.
Já a estratégia empresarial estabelece uma visão de futuro e define o planejamento, a estru-
tura e o estilo da empresa. Portanto, remunerar de maneira estratégica é harmonizar interesses
gerando diferenciais competitivos.
O sistema de remuneração é tão parte do planejamento organizacional e tem tanta interfe-
rência sobre a competitividade do negócio que é difícil interpretá-lo como um fator isolado. Desse
modo, podemos concluir que a remuneração não é apenas parte da estratégia empresarial, ela é um
de seus fundamentos.
No que tange à atração de talentos, é oportuno averiguar, nos processos seletivos, o quanto
estão adequadas as pretensões salariais dos candidatos ao salário de admissão praticado – uma
pesquisa de remuneração pode fornecer esse mesmo dado, como já vimos anteriormente.
É de extrema relevância também verificar com os profissionais que saem da empresa as
razões que lhes fizeram tomar essa decisão, analisando o quanto o sistema de remuneração tem
influência na perda de capital humano. Lembre-se de que remuneração não é o único fator de
retenção em uma empresa. Pessoas querem mais do que salários, suas motivações vão muito além
dos ganhos em decorrência da prestação de serviços.
Uma pesquisa realizada pela Mercer (2018) fez um paralelo entre o que os profissionais
almejam e o que as empresas oferecem. Quando se trata de carreira, 75% dos profissionais querem
se sentir seguros para desenvolver suas carreiras nas empresas em que atuam, em contrapartida
apenas 28% das empresas oferecem ferramentas e mecanismos no sistema de remuneração que
geram essa perspectiva.
Essa pode ser uma das interferências do sistema de remuneração na retenção de profissio-
nais. Por isso é importante que as diretrizes estejam bem divulgadas e internalizadas na empresa.
A retenção está intimamente ligada às perspectivas do profissional. Portanto trabalhar remune-
ração de maneira clara e contundente é uma forma de contribuir para a retenção de talentos.
Outra pesquisa, realizada pela Carreira Muller (2016), investigou as principais estratégias
para retenção de profissionais nas organizações. O estudo demonstrou que 93% das empresas in-
vestem em recrutamento interno e plano de sucessão, 76% em possibilidades de carreira e 59% em
meritocracia. Esses dados traduzem a importância de utilizar a gestão de remuneração e carreira
para gerar perspectiva dentro das organizações e fidelizar o capital humano.
Ainda na temática de retenção, podemos analisar uma pesquisa realizada pela Hay Group
(2018) que avaliou as razões pelas quais os profissionais saem das empresas. A principal razão é a
melhor oferta em nível superior (53% dos casos) e quanto a isso as empresas não têm muita ação,
pois o profissional está tomando a decisão baseado na sua própria trilha de carreira. O que chama
atenção é a questão subsequente da pesquisa: 39% dos profissionais saem das empresas por falta
de oportunidade e acabam optando por melhores ofertas em mesmo nível, ou seja, eles não têm a
perspectiva de desenvolvimento na carreira e escolhem mudar de empresa nas mesmas condições
de remuneração.
Os dados apresentados nos demonstram o grau de importância de um programa de
remuneração na retenção de talentos e diminuição dos níveis de rotatividade. Bons salários e boas
condições não são suficientes, contudo são fatores primordiais. Empresas bem organizadas que
conseguem gerar perspectiva de carreira são mais propícias à fidelização de capital humano e
obviamente se tornam mais competitivas.
Quando se trata de engajamento, é importante avaliarmos o real papel do programa de
remuneração. O engajamento ou a motivação são fatores intrínsecos que podem ser estimulados
– não necessariamente gerados. Por isso, não podemos acreditar que uma remuneração mais
agressiva é sinônimo de profissionais mais felizes e estimulados.
110 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
Como estudamos nos capítulos anteriores, a remuneração variável está intimamente rela-
cionada à gestão de performance, e é nesse contexto que o programa de remuneração pode ser
associado ao engajamento.
Trata-se de um estímulo ao bom resultado seguido de um retorno ao bom desempenho. Por
essa razão, é importante pensarmos no reconhecimento e na recompensa como uma ferramenta na
retenção e motivação do capital humano, e não necessariamente como um gerador de engajamento.
máximo. O importante é estimular o crescimento do capital intelectual agregando valor a seu negócio
e remunerar por competências é uma alternativa bastante interessante.
Podemos analisar essa relação por uma outra ótica. Segundo Fernandes (2013), a analogia
entre competência e sistema de remuneração também se dá no dimensionamento de mão de obra.
Para que a empresa saiba o tamanho e o peso de sua estrutura organizacional, é importante que ela
entenda os níveis de complexidade e os eixos de carreira de cada área.
Em outras palavras, a empresa precisa interpretar seu modelo operacional e entender em
que áreas deverá posicionar profissionais de maior senioridade e em que lugares poderá contar
com uma força de trabalho mais intermediária. Essa volumetria de pessoal está muito relacionada
à arquitetura de cargos da empresa, e essas variáveis de níveis e eixos de carreira serão resultantes
das definições de competências organizacionais.
É um grande desafio utilizar competências no complexo de remuneração. O próprio concei-
to de competências ainda precisa ser mais difundido na realidade empresarial para que possa ser
mais bem utilizado, seja nos processos de treinamento ou recrutamento, seja para recompensar e
reconhecer profissionais com melhores habilidades.
Considerações finais
Refletimos, por meio deste último capítulo, sobre as relações do sistema de remuneração
com aspectos organizacionais de grande relevância. O que se percebe, em geral, é que a gestão de
remuneração não é o único fator da estratégia empresarial – e também não é a única responsável
pelo engajamento, pela atração e pela retenção de talentos, tudo isso está conectado.
Vimos também a relevância de sua utilização para o desenvolvimento e a fidelização do
capital humano e a agregação de valor gerada pelo uso das competências como fatores de reconhe-
cimento e recompensa.
Em suma, a remuneração estratégica faz parte de um contexto organizacional de adminis-
tração de negócios e atua como ferramenta para maior competitividade de mercado e alinhamento
dos interesses individuais com os interesses empresariais.
Remuneração não é um tema que deve ficar nas planilhas do departamento de recursos hu-
manos, é uma pauta executiva e precisa ser pensada em um contexto tático e estratégico.
Atividades
1. Qual é a principal relação da remuneração com o contexto de engajamento em uma orga-
nização?
2. Quais as razões para que a remuneração seja tratada no contexto da estratégia empresarial e
não apenas como um processo organizacional?
Referências
CARREIRA Muller. Atração e retenção. Indaiatuba, SP: Carreira Muller, 2016. 26 p. 1 arquivo digital em
formato PDF.
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri,
SP: Manole, 2014.
FERNANDES, B. R. Gestão estratégica de pessoas com foco em competências. 1. ed. Rio de Janeiro: Campus,
2013.
HAY GROUP. Remuneração variável. Câmara Suíça. [S. l.: s. n.], 15 jun. 2004. Disponível em: http://www.
swisscam.com.br/files_legais/HayGroup_rt.pdf. Acesso em: 17 abr. 2019.
HAY GROUP. Tendências de RH 2018. [S. l.: s. n.], mar. 2018. 55 p. 1 arquivo digital em formato PDF.
MERCER. 2018 global talent trends study: unlocking growth in the human age. New York, USA: Marsh &
McLennan, 2018. 52 p. 1 arquivo digital em formato PDF.
PARRY, S. B. The quest for competencies. Training, Minneapolis, USA, v. 33, n. 7, p. 48-54, jul. 1996.
RIBEIRO, A. R. B.; OLIVEIRA, J. A. Remuneração variável: uma nova forma de motivar e fidelizar talento.
Revista Tendências do Trabalho, Rio de Janeiro, n. 331, p. 4-7, 2002.
SILVA, M. O. Gestão de pessoas através do sistema de competências, estratégias, processos, desempenho e remu-
neração: fundamentos e aplicação. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.
WOOD JR., T.; PICARELLI FILHO, V. Remuneração e carreira: por habilidades e por competências. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2004.
Gabarito
1 Gestão de remuneração
1. Salário e remuneração são termos distintos: remuneração é o total da contrapartida
recebida pelo empregado em troca de sua mão de obra, salário é uma das espécies de
remuneração, um dos componentes remuneratórios que o trabalhador pode receber.
É de suma importância entender a diferença fundamental entre os dois termos para
que se possa ter a compreensão do conceito de sistema de remuneração, que é a base
de estudo da gestão de remuneração.
3. Um plano de remuneração não só pode gerar muitas mudanças na organização como ele
mesmo pode ser a mudança. A organização de cargos e salários, a implantação de políticas,
a interface com outros processos de gestão, como sucessão de cargos, programas de desem-
penho e de treinamento e desenvolvimento, são exemplos das interferências que um projeto
como esse pode gerar.
2. “O que faz?”; “como faz?” e “para quê faz?”. Como exemplo, podemos descrever o cargo
de caixa ‒ o que faz: atender o público; como faz: por meio da cobrança e do recebimento
de valores; para quê faz: para garantir o correto pagamento dos produtos/serviços comer-
cializados.
3. O método de avaliação mais utilizado é o sistema de pontos. Os cargos são ranqueados con-
forme classificação e pontuação de quesitos e fatores padrão preestabelecidos.
4 Pesquisa de remuneração
1. As vantagens são: 1. elaborar um diagnóstico salarial que definirá o quão saudável é a prática
de remuneração da empresa – por meio desse diagnóstico saberemos se os salários pagos são
competitivos e; 2.estabelecer política salarial com as regras internas para administração de
cargos e salários que são definidas com referência nas avaliações internas e nas informações
de mercado e contribuirão para reter e atrair talentos.
3. Para gerar credibilidade no trabalho desenvolvido e para garantir que essas empresas parti-
ciparão de uma nova pesquisa no momento da atualização desses dados.
5 Estrutura salarial
1. O primeiro fator a ser considerado é a estruturação dos cargos previamente avaliados na eta-
pa de avaliação e pesagem dos cargos e o segundo fator é a análise dos salários de mercado
referência, obtidos por meio da pesquisa de remuneração. Esses dois itens são os insumos
para elaboração das estruturas salariais.
Gabarito 117
2. Com base nos resultados da pesquisa salarial, tendo menção aos quartis e à mediana. O Q1
(primeiro quartil) será referência para definir o menor valor na faixa salarial de determinada
classe, a mediana será referência para o salário médio e o Q3 (terceiro quartil) será referência
para o maior salário.
6 Gestão de benefícios
1. Plano de saúde: é o benefício mais comum nas empresas e tem uma relevância muito alta.
Além de gerar segurança para os colaboradores, ainda pode abranger seus familiares e me-
lhora a qualidade de vida da mão de obra das empresas. Previdência complementar: como
estratégia de remuneração indireta, a previdência gera maiores garantias no momento da
aposentadoria dos colaboradores – o que pode aumentar o índice de atração e retenção
da empresa. Incentivo à educação: por meio do subsídio educacional, a empresa tam-
bém consegue gerar retenção de talentos e investir em seu capital intelectual, tornando-se
mais competitiva.
3. Promover maior controle dos indicadores, melhoria contínua dos processos, otimização de
custos, clareza nas metas da empresa e individuais, além de criar maior comprometimento
dos profissionais no alcance das metas.
118 Gestão de remuneração e benefícios em cargos e salários
2. Porque há uma variação no desempenho de pessoa para pessoa. Os fatores que condicionam
e influenciam seus resultados são determinados pela percepção de valor e esforço para con-
quista de recompensas.
9 Política de remuneração
1. A política é um instrumento formal, importante para estabelecer diretrizes organizacio-
nais da gestão de remuneração para todos os colaboradores e líderes. Ela também tem sua
contribuição na gestão de carreiras e na melhor percepção dos colaboradores na relação
empresa x empregado.
10 Remuneração estratégica
1. A maneira mais fácil de associar remuneração com engajamento é a recompensa por
performance, utilizada nos modelos de remuneração variável e de incentivos salariais. Obvia-
mente, remuneração também tem relação com a motivação dos colaboradores, contudo seus
efeitos práticos são vistos nos estímulos por meio de recompensas baseadas em resultados.
Gestão
GestãodedeRemuneração
Remuneração
eeBenefícios
Benefíciosem
emCargos
Cargos
Willian Bueno
Willian Bueno
Willian Bueno
eeSalários
Salários
Willian
WillianBueno
Bueno
Código Logístico Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6467-0
www.iesde.com.br
www.iesde.com.br
facebook.com/iesdebrasil
facebook.com/iesdebrasil 58458 9 788538 764670