A Terra Gira!

pêndulo foi posto em movimento, na

Coimbra e estudou na França, onde
1851: A primeira experiência com
direção do meridiano; outras experi-
o pêndulo de Foucault no Brasil
teria se tornado amigo de Arago. Re-

C
ento e cinquenta anos atrás, em ências similares foram feitas na direção
fevereiro de 1851, Foucault tornando ao Brasil, tornou-se profes-
realizou pela primeira vez seu do paralelo e em várias outras direções
famoso experimento que comprovava sor de matemática na Academia Mili-
o movimento de rotação da Terra por intermediárias. No seu artigo, Cândido
meio do movimento de precessão do tar. Em 1827, propôs a criação do
plano de oscilação de um pêndulo. A Batista anunciava a observação de
partir da divulgação deste resultado, Observatório Imperial e, em 1830, co-
que se espalhou rapidamente pelo planos invariantes de movimento;
mundo, cientistas de vários lugares mo deputado, fez um projeto de
passaram a reproduzir a mesma expe- tal resultado originou-se quase
riência. Curiosamente, um dos primei- lei (recusado) no qual propunha
ros a realizá-la, no meses de setembro certamente de algum erro siste-
e outubro do mesmo ano, foiCândido a adoção do sistema métrico deci-
Batista de Oliveira,no Rio de Janeiro. mático em seu aparato obser-
O resultado de suas observações foi pu- mal. Até a sua morte, em 1865,
blicado nosComptes Rendus da Academia vacional. Ao se dar conta das
de Ciências de Paris[v. 33, p. 582, 1851], tornou-se o principal defensor
e também nas revistasCosmose falhas originais, Cândido
Poggendorff Annalen,em 1852. A expe- da implantação deste siste-
riência no Rio é mais delicada do que a Batista publicou uma
de Paris, devido à sua menor latitude. ma no Brasil (que viria
O tempo para um giro completo do pla- nota de retificação na
no do pêndulo, no Rio, se eleva a quase a ser adotado oficial-
62 horas, contra as 36 horas (apro- Cosmos,em 1852, em
ximadamente) em Paris. Considerações mente em 1862). Che-
simplificadas mostram que o período que afirmava que a
de rotação desse plano vale 24 horas/ gou a exercer cargos
sen(ϕ), ondeϕé a latitude do local. observação dos planos
Em seu artigo, Cândido Batista des- públicos importantes:
creveu o pêndulo que usou nos experi- invariantes
mentos: uma bala de artilharia, com era
massa de 10,5 kg, que tinha em sua ministro da Fazenda e
parte inferior um apêndice terminando certamente errônea.
em ponta, que permitia deixar um da Marinha; diretor do
traço sobre uma camada de areia fina. Cândido Batista
Observou que o pêndulo, em pequenas Jardim Botânico; sena- (acervo
do
oscilações, descrevia uma elipse muito continuou interessado IFUSP)
alongada, com o pequeno eixo sendo dor, presidente do Ban-
suficiente apenas para fazer perceber a no pêndulo e em suas
direção do movimento do pêndulo. O co do Brasil e conse-
possibilidades experi-
lheiro do Estado. Tinha
Física na Escola, v. 2, n. 1, 2001 Notas daEm
mentais. História
1854,da Física no Brasil
a amizade e a confiança
Pioneiro da Física do Estado
Sólido Comemora 95 Anos

E
m novembro do ano passado o
Prof.Bernhard Gross come-
morou,com amigos e colabora-
dores de São Carlos,95 anos de uma
existência repleta de êxitos pessoais e
científicos.Gross nasceu em Stutt-
gart, Alemanha, em 1905. Veio para
o Brasil em 1932, naturalizando-se
já em 1935. Embora sua pesquisa
para obtenção do diploma de enge-
nheiro físico tenha versado sobre a
influência da temperatura e pressão
na condutividade do água sob radia-
ção, seu primeiro trabalho importante
foi na área de raios cósmicos (partí-
culas elementares energéticas que che-
gam à Terra em todas as direções),
onde introduziu a chamada Transfor-
mação de Gross, relacionando o fluxo
vertical com o fluxo hemisférico. No
Brasil, realizou pesquisas experimen-
tais e teóricas na área dos dielétricos, Os 95 anos do prof. Gross. Em pé, da esquerda para direita: professores Sérgio
estudando o efeito de memória, pelo Mascarenhas, Milton Soares de Campos, Guilherme Fontes L. Ferreira, José Alberto
qual o dielétrico reage a cada variação Giacometti e Roberto Mendonça Faria. Sentados, da esquerda para a direita: sra. Gertrudes
do campo elétrico. Estudou também Gross e prof. Bernhard Gross.
a radioatividade do ar gerada por ex-
plosões atômicas, construiu e paten- Distrito Federal, no Instituto Nacional G.F.L. Ferreira
teou o dosímetro Compton para de- de Tecnologia, onde realizou a maior IFSC/USP
tecção de raios gama, baseado no efei- parte de suas pesquisas. Em São
to de indução no interior de um con- Carlos, onde reside, fundou o Grupo Leia Mais
densador devido à ionização direcional de Eletretos, no Instituto de Física da
de átomos. Foi um dos pioneiros em USP, na qualidade de professor visi- B. Gross, “Lembranças de um Fí-
experiências de carregamento de die- tante, tendo orientado inúmeras teses sico no Rio de Janeiro”,Revista Bra-
létricos por elétrons energéticos, para e dissertações. Foi Diretor de Departa- sileira de Ensino de Físicav. 22, n. 2,
obter sólidos permanentemente carre- mento na Comissão Nacional de Ener- p. 266-271, 2000; Special Issue:
gados –os eletretos.No Rio de Janeiro gia Nuclear e representante brasileiro Tribute to B. Gross,Brazilian Jour-
trabalhou na extinta Universidade do na Agência Internacional de Energia nal of Physicsv. 29, n. 2, June, 1999.
Atômica, em Viena.

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Obstáculos em um trilho
Considere dois trilhos sem atrito e com o mesmo
comprimento. A saliência no trilho A possui a mesma
curvatura que a depressão no trilho B. Se duas bolas
iguais partirem simultaneamente, com a mesma velo-
cidade inicial, a bola que percorre a trajetória primeiro
é:
a) A bola A
b) A bola B
c) Ambas levam o mesmo tempo
Se a velocidade inicial for de 2 m/s e a velocidade da bola no fundo da depressão B é de 3 m/s,
então a velocidade da bola no topo da curva no trilho A é:
Desvendando d) 1 m/s e) >1 m/s
f)<1
a Física!
Resposta no próximo número.

Notas da História da Física no Brasil Física na Escola, v. 2, n. 1, 2001