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COMPATIBILIDADE ELETROMAGNÉTICA

COMPATIBILIDADE ELETROMAGNÉTICA EM SUBESTAÇÕES E RECINTOS ELÉTRICOS


Caracterizações, Principais Problemas e Possibilidades de Solução
Eng. Marcos Isoni - Engeparc Engenharia Ltda

Em subestações (e também em usinas elétricas) tais


Resumo – Este trabalho propõe-se a apresentar, de
interferências podem constituir-se em problemas
maneira sucinta e objetiva, os aspectos básicos graves por 3 razões básicas :
relacionados à Compatibilidade Eletromagnética em
subestações de energia e recintos elétricos em geral,
• os circuitos eletrônicos com tecnologia analógica
fundamentalmente no que se refere às possibilidades
ou digital operam com níveis de sinais elétricos
do surgimento de interferências sobre os sistemas
muito baixos para processar e transmitir
eletrônicos amplamente utilizados nesses ambientes
informações;
para as funções de proteção, controle / automação,
monitoramento e comunicação. São abordados os
• as aplicações de energia elétrica utilizam níveis de
tipos e as principais fontes de ruídos em SE’s, bem
tensão e corrente muito superiores, de modo que
como as possibilidades de minimização dos efeitos
apenas uma pequena porção desta potência, se
potencialmente nocivos ao funcionamento de
acoplada não intencionalmente a um circuito de
equipamentos eletrônicos sensíveis. Além disso, ao
sinal, pode provocar um erro de operação nos
longo do texto são citadas algumas soluções adotadas
equipamentos / circuitos sensíveis;
com sucesso em casos reais.
• variações em campos elétricos e magnéticos são
1. INTRODUÇÃO capazes de causar acoplamentos indesejáveis
entre circuitos; geralmente, quanto maior a taxa
de variação de tais campos, maior será o
Nos dias de hoje, circuitos elétricos e eletrônicos são acoplamento.
utilizados para as mais diversas funções tais como a
distribuição de potência, a comunicação de dados e a Uma grande dificuldade em se lidar com o assunto
automação e controle de equipamentos e processos. Compatibilidade Eletromagnética é a ampla faixa de
A disseminação do uso integrado dessas funções freqüências (Hz) associada à própria operação dos
impõe, com freqüência, a operação de tais circuitos e circuitos eletrônicos e a fenômenos transitórios que
dispositivos relativamente próximos uns dos outros, podem ocorrer nos circuitos elétricos de maior
fato que pode gerar interferências indesejáveis e potência (que, em regime, operam em 60 Hz -
problemas operacionais severos caso alguns frequência industrial no Brasil).
cuidados importantes não venham a ser tomados.
Tais interferências denominam-se Interferências Também é importante ressaltar que os equipamentos
Eletromagnéticas (ou IEM), sendo comumente citadas eletrônicos, mesmo que cumprindo individualmente
na bibliografia específica como “EMI”, sigla oriunda do os requisitos comerciais de CEM (quanto à
termo em inglês “Eletromagnetic Interference”, e imunidade a ruídos), quando conectados e
fazem parte de uma área da engenharia moderna com integrados, geralmente estarão perfazendo um
escopo de abrangência mais amplo, conhecida como sistema com nível de imunidade inferior ao de cada
Compatibilidade Eletromagnética (CEM). Grosso dispositivo isoladamente, o que se deve,
modo pode-se definir sucintamente a CEM como “a principalmente, à presença das cablagens de
capacidade de um determinado equipamento, sistema interconexão. Essa situação pode agravar-se em
ou grupo de sistemas, de operar(em) adequadamente ambientes tais como os das subestações, onde as
em seu ambiente eletromagnético, não estando diferenças entre os níveis de potência dos circuitos
susceptível(eis) aos ruídos eventualmente presentes, elétricos e eletrônicos são elevadíssimas.
não afetando a operação dos demais equipamentos /
sistemas próximos e não provocando interferências Salienta-se que, pela complexidade e pela
em si próprio(s)”. abrangência do assunto, esse artigo não tem por
objetivo estabelecer recomendações detalhadas e de
A probabilidade da ocorrência de interferências caráter muito específico. O objetivo é apresentar
eletromagnéticas entre circuitos e dispositivos uma compilação de informações extraídas de artigos
aumenta proporcionalmente com a redução de suas e textos técnicos contemplando os aspectos mais
dimensões, com a sofisticação tecnológica e com a gerais sobre o assunto, os problemas em potencial e
diminuição dos níveis dos sinais presentes, como os cuidados básicos a serem observados quanto à
também, com a freqüência (Hz) dos sinais envolvidos. CEM em subestações e recintos elétricos.
2
2. INTERFERÊNCIAS ELETROMAGNÉTICAS EM receptor, por exemplo, uma impedância entre
SISTEMAS ELETRO-ELETRÔNICOS DE malhas de terra; o ruído decorre da circulação de
SUBESTAÇÕES E RECINTOS ELÉTRICOS – correntes pelo sistema de aterramento, elevando o
PANORAMA GERAL potencial referencial de terra do sistema receptor;
por vezes, uma perturbação pode ser irradiada pelo
2.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES E TEORIA BÁSICA ar e, em seqüência, captada por um cabo (que age
como antena), sendo transmitida por condução até o
O estudo de EMI’s cobre, geralmente, sinais na faixa receptor.
de freqüência de 10 a 100 GHz (há autores que
delimitam os domínios da CEM comercial na faixa -acoplamento por irradiação eletromagnética : ocorre
compreendida entre DC, ou seja, 0 Hz, e 400 GHz). através de ondas eletromagnéticas propagantes pelo
As condições necessárias para a ocorrência de ar, que atingem o receptor (ou “vítima”) quando a
problemas relativos às interferências são : distância entre este e o ponto de geração da
irradiação é superior a 1/6 do comprimento da onda
• a existência de uma fonte de ruído eletromagnético; irradiada.

• a existência de um receptor susceptível ao ruído Quanto aos campos (elétrico ou magnético)


eletromagnético (daqui por diante, será responsáveis pela possível geração de
considerando que o receptor é um equipamento interferências, a teoria básica a respeito do assunto
eletrônico sensível - EES - ou um sistema sensível); introduz as seguintes classificações :

• a existência de uma forma ou um caminho de -Campo próximo – é o campo caracterizado quando


acoplamento entre a fonte e o receptor. a distância entre a fonte e o equipamento vítima for
inferior à relação (quociente) entre o comprimento de
Sendo assim, um problema de EMI pode ser onda (λ = v / f, sendo v ≈ 300 Km/µs e
modelado basicamente conforme indicado na Figura f = freqüência) do sinal emitido pela fonte
1, a seguir.
perturbadora e a constante 2π.

Fontes de ruído Receptor de ruído


-Campo remoto – é o campo caracterizado quando a
Acoplamento distância entre a fonte e o equipamento vítima for
eletromagnético eletromagnético
superior à relação (quociente) entre o comprimento
de onda do sinal emitido pela fonte perturbadora e a
Figura 1
constante 2π.
Os modos de acoplamento entre uma fonte de ruído e
um receptor (ou equipamento / sistema “vítima”) Com base nessas definições, caracterizam-se 3 tipos
podem ser classificados em 4 grupos : de campos de interferência :

-acoplamento indutivo ou magnético : manifesta-se -campo magnético – aquele em que a relação entre a
entre 2 circuitos / sistemas vizinhos; nesse caso, não densidade do campo elétrico E e a densidade do
existe ligação física entre a fonte e o receptor e a EMI campo magnético H é inferior a cerca de 377 Ohms;
irradia-se pelo ar, geralmente por meio de antenas ou sendo assim, um sistema de corrente elevada e de
cabos como em sinais de rádio, TV, linhas de alta tensão baixa caracteriza-se como sendo uma fonte
tensão, ou motivados por efeito corona, efeitos de predominantemente de campo magnético.
chaveamentos, etc; o nível de acoplamento (tensão
induzida) é proporcional à taxa de variação da -campo elétrico – aquele em que a relação entre a
corrente de ruído na fonte e à indutância mútua entre densidade do campo elétrico E e a densidade do
os circuitos e depende, também, da distância entre a campo magnético H é superior a cerca de 377 Ohms;
fonte e o receptor. sendo assim, um sistema de baixa corrente e tensão
elevada caracteriza-se como sendo uma fonte
-acoplamento capacitivo ou eletrostático : manifesta- predominantemente de campo elétrico.
se entre 2 circuitos / sistemas vizinhos; nesse caso,
não existe ligação física entre a fonte e o receptor e a -radiação eletromagnética – aquela em que a relação
EMI irradia-se pelo ar, por meio das capacitâncias entre a densidade do campo elétrico E e a densidade
existentes entre eles; o nível de acoplamento (tensão do campo magnético H é constante e equivale a
perturbadora e/ou corrente circulante no receptor) é cerca de 377 Ohms; nessa situação, as ondas são
proporcional à taxa de variação da tensão do ruído na denominadas “TEM” (Transverse Eletromagnetic
fonte e à reatância capacitiva existente entre o circuito Waves) ou ondas planas, e as componentes E e H
ruidoso e o circuito afetado, dependendo, também, da propagam-se ortogonalmente.
distância entre a fonte e o receptor.
O gráfico da Figura 2 resume as definições aqui
-acoplamento resistivo ou por condução : nesse caso citadas.
há uma ligação física entre o sinal gerado (EMI) e o
3
alguns kHz; essas sobretensões podem resultar
na superação da tensão de restabelecimento
transitória (TRT) do disjuntor manobrado, situação
em que o equipamento não é capaz de extinguir o
arco na primeira passagem da corrente pelo valor
nulo, sendo originadas várias reignições de arco
nos contatos – consequentemente, criam-se picos
de tensão com elevados valores e rápidas frentes
de onda, gerando campos irradiados que podem
interferir no funcionamento dos equipamentos
eletrônicos sensíveis.

• manobras (abertura) de bancos de capacitores de


Figura 2
média tensão, podendo ocorrer reignições de arco
nos pólos do disjuntor devido à diferença de
Salienta-se que a impedância Z (equivalente à relação potencial entre a tensão instantânea da rede logo
E/H) refere-se à impedância intrínseca do meio de após a abertura e a tensão armazenada no(s)
propagação das ondas (considerado o espaço livre). capacitor(es) – havendo tais reignições, podem
Algumas bibliografias específicas que abordam as surgir fortes oscilações de tensão, com
questões da CEM consideram a divisão do problema freqüências elevadas e valores de pico que podem
das interferências em duas classes : EMI’s Externas atingir, em casos mais críticos, até 5 pu da tensão
(ou inter-sistemas) e EMI’s Internas (ou intra- nominal do sistema; alem disso, os arcos
sistemas). As EMI’s externas abrangem as produzidos entre contatos emitem campos
interferências eletromagnéticas que podem ocorrer eletromagnéticos de grande intensidade.
em sistemas distintos, ou seja, entre fontes de ruído e
sistemas de terceiros (por exemplo, entre uma linha • correntes de falta fase-terra circulando pela malha
de transmissão e um sistema eletrônico existente em de aterramento de força; entre malhas de terra
uma edificação a ela adjacente). As EMI’s internas distintas, se não conectadas, ou entre pontos
contemplam as interferências passíveis de ocorrer distintos da mesma malha, podem surgir tensões
entre sub-sistemas próximos ou relativamente da ordem de dezenas de kV’s, com uma faixa de
próximos, inseridos em um mesmo sistema. freqüências compreendida entre dezenas de kHz a
até alguns MHz; nessas circunstâncias, surgem
Os aspectos abordados daqui por diante neste capacitâncias de acoplamento no interior dos
trabalho referem-se a EMI’s internas, considerando-se equipamentos eletrônicos, mais especificamente
as influências possíveis entre sistemas elétricos e entre pontos aterrados e pertencentes a diferentes
sistemas eletrônicos existentes em uma subestação malhas de terra (terra da alimentação elétrica e
de energia ou qualquer recinto elétrico. terra de referência de sinal, por exemplo), ou entre
pontos aterrados em diferentes locais da mesma
2.2 PRINCIPAIS FONTES DE INTERFERÊNCIAS EM malha, gerando a destruição de placas eletrônicas.
SUBESTAÇÕES
• abertura de disjuntores ou contatores perante a
Além das possíveis interferências em equipamentos / ocorrência de faltas, podendo gerar ruídos
circuitos sensíveis em decorrência dos acoplamentos eletromagnéticos irradiados (decorrentes do
citados no sub-item anterior, mesmo estando a SE em surgimento de arcos elétricos) da ordem de 1
regime normal de operação, há uma série de outras dezena de kV’s, com uma faixa de freqüências
possibilidades de geração de ruídos, também através compreendida geralmente entre 10 kHz e algumas
das várias formas de acoplamento possíveis, perante dezenas de MHz;
a ocorrência de :
• funcionamento de intercomunicadores, que podem
• ruídos eletromagnéticos irradiados a partir de arcos gerar campos com intensidade de até 10 V/m a 1
elétricos originados em chaveamentos nos circuitos metro de distância, a freqüências de até algumas
de potência, cujos pulsos de corrente podem centenas de MHz;
apresentar taxas de variação da ordem de algumas
dezenas de Ampéres por nanossegundo; tais • funcionamento de lâmpadas de descarga, como as
irradiações podem atingir os circuitos e lâmpadas fluorescentes, a vapor de mercúrio e a
equipamentos eletrônicos sensíveis, provocando a vapor de sódio, utilizando reatores eletrônicos com
perda de programação e/ou de lógicas de comando, filtros de radio-frequência pouco eficientes (ou sem
ou mesmo danos físicos. filtros) para a supressão de ruídos de radio-
interferência gerados por chaveamentos em seus
• manobras em circuitos de potência (tensão de circuitos internos, permitindo a condução de tais
transmissão ou distribuição) com elevado conteúdo ruídos para a rede de alimentação.
de carga indutiva, podendo gerar pulsos de tensão
da ordem de 10 kV ou mais, a freqüências de
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No que se refere aos campos potencialmente • Em subestações de AT
presentes em subestações, às fontes e às
interferências típicas passíveis de ocorrência nesse -Campos elétricos em SE de 138 kV, emanados por
tipo de instalação, algumas informações adicionais disjuntor em operação de abertura
merecem destaque : .junto ao disjuntor : 20 kV/m
.a 50 cm do disjuntor : 3 kV/m
-além das emissões de alta freqüência, chaveamentos .a 1 m do disjuntor : 1 kV/m
elétricos causam oscilações de tensão de baixa
freqüência que também podem afetar a operação de -Em pátios de manobra de SE’s, abaixo do
equipamentos eletrônicos sensíveis. barramento de AT, ao nível do solo (distância de
aproximadamente 4 metros)
-a injeção de correntes elevadas em malhas de .perante falta fase-terra, SE de 345 kV : 9 kV/m e
aterramento de subestações (e a conseqüente 95,5 µT.
ocorrência de alterações nos potenciais do(s) .perante abertura de seccionadora, SE de 138 kV :
sistema(s) de aterramento) também pode originar-se a 9,3 kV/m e 43,6 µT.
partir da ocorrência de descargas atmosféricas .perante abertura de seccionadora, SE de 500 kV :
captadas pelo SPDA (sistema de proteção contra 16 kV/m e 208,5 µT.
descargas atmosféricas) existente.
• Em subestações de MT (13,8 kV)
-na bibliografia específica relata-se um caso real em
que os equipamentos eletrônicos de uma usina -Campo magnético junto a um transformador
geradora de energia foram vítimas do funcionamento (1 MVA), operação do núcleo próximo ao ponto de
de rádios intercomunicadores na sala de controle e saturação, carga alta : 125,6 µT (campo de fuga).
operação da central termelétrica, o que resultou na
paralização de todas as turbinas a gás, em função da Obs. : a redução desse nível é proporcional ao cubo da variação
da distância entre o transformador e o ponto de medição.
atuação de relés de proteção digitais acionados
indevidamente pela interferência irradiada.
-Campo magnético na superfície da isolação dos
cabos secundários do transformador (carga alta) :
Na Tabela 1 apresentam-se algumas correlações
300 µT.
básicas entre regiões do espectro eletromagnético e a
-Campo magnético a 2,5 metros dos cabos (carga
problemática da CEM no âmbito das subestações e
alta) : 2 µT.
também dos sistemas elétricos industriais de maneira
geral.
Nota - As unidades do Sistema Internacional (SI)
utilizadas para a medição de campos
magnéticos são :

.intensidade de campo magnético H : A/m (Ampére


por metro).
.indução magnética ou densidade de fluxo magnético
B : Tesla (T).

A unidade A/m é comumente usada no meio


industrial por relacionar diretamente as correntes aos
campos magnéticos por elas gerados. A unidade
Tesla (T) do Sistema Internacional, bem como a
unidade Gauss (G) do Sistema CGS, mensuram as
densidades de fluxo geradas pelos campos
magnéticos, sendo mais comuns em medições no
âmbito da CEM.
Tabela 1

As relações para conversão entre tais unidades (ao


2.3 ALGUNS RESULTADOS DE MEDIÇÕES DE CAMPOS
ar livre) são :
EM SUBESTAÇÕES DE MÉDIA E DE ALTA TENSÃO

1 A/m = 1,257 microTesla = 12,57 milliGauss


A seguir, apresentam-se alguns resultados de
medições realizadas em subestações (MT e AT),
extraídos de bibliografias e artigos técnicos
específicos, com o objetivo de apenas indicar algumas
ordens de grandeza em determinadas situações.
Os valores são dados em kV/m (quilovolt por metro)
para os campos elétricos (E) e em µT (microTesla)
para a indução magnética ou densidade de fluxo
magnético (B).
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3. POSSIBILIDADES DE CONTROLE E eletricamente independentes. Vale lembrar que os
PREVENÇÃO DE EMI’s E SURTOS EM circuitos de corrente contínua presentes nos
EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS DE equipamentos eletrônicos sensíveis empregados em
SUBESTAÇÕES E RECINTOS ELÉTRICOS SE’s geralmente operam com tensões de -5/0/+5,
-12/0/+12 ou -24/0/+24 Volts, tendo como referência
Objetivando a redução da magnitude de ruídos e a barra de terra de sinal. Perante alterações no
sinais gerados de forma indesejável e que podem potencial dessa referência, os equipamentos
afetar os equipamentos / sistemas eletrônicos poderão realizar operações inconsistentes, não
sensíveis em subestações, é possível atuar reduzindo operar ou mesmo danificar-se.
os níveis de emissão das fontes de perturbação,
protegendo os receptores em potencial a fim de torná- As Figuras 3, 4a e 4b ilustram essa configuração,
los imunes às perturbações ou reduzindo / dificultando considerando o esquema TN-S, normalizado pela
os acoplamentos entre as fontes e os equipamentos- NRB-5410/2004 da ABNT (“Instalações Elétricas de
vítima. Tais ações podem, obviamente, ser adotadas Baixa Tensão – Procedimento”), em que os
em conjunto. condutores neutro e o condutor de proteção (PE) são
separados ao longo da instalação, sendo
As principais técnicas são geralmente implementadas eletricamente conectados apenas na origem da
através dos seguintes procedimentos : alimentação elétrica.

• Melhoria / Adequação de Sistemas de Obs.: Havendo proteção específica contra descargas


Aterramento atmosféricas (SPDA), recomenda-se a
utilização de um terceiro sistema de
O sistema atualmente indicado pela literatura aterramento para esta finalidade, porém,
específica como o mais adequado para um eletricamente conectado à barra de
atendimento integrado às funções de aterramento de equalização de potenciais do sistema de força
proteção para segurança e aterramento para (barra localizada acima do nível do solo, para a
referência de sinais consiste na utilização de 2 malhas qual converge o condutor ligado à malha de
de terra, obrigatoriamente conectadas. Dessa forma é terra de força).
possível escoar as correntes de alta e de baixa
freqüência eventualmente introduzidas em cada sub- As duas malhas de terra devem ser conectadas
sistema de aterramento, além de prover a desejável preferencialmente em 2 pontos por meio de ligações
equalização de potenciais. Em última análise, a equipotenciais, afastando-se o perigo de se tocar em
função primordial de uma malha de referência de sinal pontos aterrados de ambas após um eventual
rompimento de um (único) condutor de interligação.
Figura 3
Terra do sistema
de força
Quadro de Distribuição Terra de
referência
A B C N PE
A
N
PE Proteção
contra surtos
(rede de
sinal)
Comunicação

Proteção
contra surtos
(rede CA)

BEP

Vem da Malha de Linha equipotencial


Aterramento do
SPDA

Malha de
terra de
referência
Malha de terra do
sistema de força Condutor Isolado
Linha equipotencial

EES: Equipamento Eletrônico Sensível

consiste na eliminação (ou minimização substancial) Como a malha de terra de referência de sinal não é
da possibilidade de surgimento de diferenças de responsável pela condução de correntes de curto-
potencial significativas entre as carcaças dos circuito fase-terra no sistema de força, seu
equipamentos eletrônicos sensíveis e seus dimensionamento segue critérios específicos,
barramentos de referência de sinal eletrônico, quando levando em conta a circulação de correntes de surtos
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Quadro de Distribuição
EES 1 EES 2 EES 2
Aterramento
de força
Aterramento Barra de Equipotencialização
das carcaças

Comunicação
Aterramento
de referência
Malha de
Referência

Teto Falso Figura 4b


Malha de terra
de referência
Barra de Equalização
de Potenciais equipamentos eletrônicos, devido ao
surgimento de potenciais perigosos
entre o terra de referência de sinal
Vem da Malha de
Aterramento do
(eletricamente isolado das carcaças
SPDA dos equipamentos) e o condutor terra
Malha de terra da alimentação elétrica (conectado às
do sistema de força carcaças), através da capacitância de
acoplamento entre ambos (que,
perante altas frequências, incorre em
uma baixíssima reatância capacitiva).

EES: Equipamento Eletrônico Sensível Daí a importância de se utilizar uma


malha de referência com a mais baixa
Figura 4a indutância possível, o que pode-se obter com a
redução do comprimento dos cabos e com a
de alta freqüência, eventualmente provocadas por adequação da geometria dos mesmos.
indução eletromagnética (acoplamento indutivo) e por
condução nas cablagens de alimentação elétrica e de Para melhor visualização dessas questões, a Figura
sinais (dados), sendo drenadas pelos supressores de 5 apresenta uma possível configuração para o
surto a serem obrigatoriamente previstos no sistema. sistema com a ausência da malha de terra de
referência (mantido o circuito de referência de sinal)
Quanto à filosofia de implementação de uma malha de e sem a barra de equipotencilaização (BEP),
referência, vale ressaltar a importância exercida por indicando os pontos de surgimento de possíveis
sua indutância (L). No caso da ocorrência de surtos capacitâncias de acoplamento perante a ocorrência
com componentes de freqüências elevadas, sua
Terra do sistem a
C apacitância de
de força
acoplam ento
Q uadro de D istribuição
T erra de
A B C N PE referência
A
N
PE P roteção
contra surtos
(rede de
sinal)
Comunicação

P roteção
contra surtos
(rede C A )
C apacitância de
C apacitância de acoplam ento
acoplam ento
V em da M alha de
A terram ento do
SPDA

M alha de terra do
sistem a de força C ondutor Isolado

E E S : E quipam ento E letrônico S ensível

reatância indutiva assumirá proporções muito mais Figura 5


significativas que sua resistência ôhmica. Sendo
assim, as quedas de tensão entre pontos distintos da de surtos de alta freqüência na malha de terra de
malha [ ∆V = L . (∆i/∆t) ], e entre esta e outras malhas, força (uma descarga atmosférica, por exemplo).
poderão ser muito elevadas, agravando-se ainda mais Pode-se perceber que a superioridade técnica da
em função da amplitude do surto de corrente injetado. configuração apresentada na Figura 3 relativamente
Essa situação poderá causar danos irreversíveis aos ao esquema da Figura 5, é notória.
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A malha de terra do sistema de força (apropriada para -se confeccionadas “in-loco”, as conexões entre os
a circulação de correntes à freqüência industrial) deve condutores da malha deverão ser, preferencialmente,
ser dimensionada conforme os critérios geralmente já executadas com solda exotérmica, para minimização
conhecidos no meio técnico e de acordo as normas das resistências de contato; outra opção reside na
aplicáveis. Nos sistemas solidamente aterrados (ou utilização de mantas de aterramento pré-fabricadas
aterrados por impedância), uma de suas funções é, disponíveis comercialmente, normalmente
como se sabe, a de garantir a segurança, permitindo a compostas por fios de cobre de pequenas dimensões
circulação de correntes de falta para a sensibilização e pequeno afastamento entre si.
rápida das proteções contra sobrecorrentes.
Entretanto, o dimensionamento da malha de terra de -o condutor de interligação entre essa malha e a
referência e de suas interligações é regido por barra de terra (PE) do quadro elétrico local deverá
conceitos específicos, conforme abordado no ser isolado para a mesma classe de tensão dos
parágrafo anterior. São aplicáveis, em princípio, os condutores de alimentação elétrica dos
seguintes critérios básicos : equipamentos.

-o “mesh” da malha (distância entre os condutores -finalmente, e como já mencionado anteriormente, a


utilizados no reticulado) deve estar situado entre 1/10 malha de terra de referência deverá ser
(principalmente para cabos de seção circular, que obrigatoriamente conectada à malha de aterramento
apresentam maior indutância) e 1/20 (no caso da de força.
utilização de fitas condutoras, situação de menor
indutância) do comprimento de onda do sinal • Aumento das Distâncias de Separação entre
conduzido esperado; na prática, tem-se adotado, Fontes de Ruído e Receptores
como valor referencial, a freqüência de 30 MHz para
determinação do comprimento de onda ( λ = v / f, Quanto maior for a distância física entre os
sendo v ≈ 300 Km / µs ). equipamentos eletrônicos sensíveis e as potenciais
fontes geradoras de ruídos no sistema elétrico local,
-as conexões das barras de terra de referência menor será a interferência, principalmente a
individual de cada equipamento eletrônico sensível à irradiada. Esse afastamento pode ser obtido pela
malha de referência devem ser feitas com o menor análise / alteração do lay-out da sala elétrica em
comprimento possível e é ideal que a máxima questão, avaliando-se a maior distância possível
dimensão linear não seja superior ao afastamento para racks, bastidores e painéis relativamente à
entre os condutores que compõem essa malha; posição de chaves seccionadoras, disjuntores,
nessas conexões, devem ser utilizadas cordoalhas transformadores, cablagens de força e condutores de
chatas de cobre (preferencialmente) ou alumínio, de descidas de SPDA’s.
pouca espessura e maior largura.
Alguns especialistas e consultores na área de CEM
-os condutores da malha (cabos, fitas ou cordoalhas) citam que os painéis eletrônicos críticos, ou seja,
devem ter seção nominal mínima de 16 mm2 se aqueles que abrigarem dispositivos digitais de
enterrados e não inferior a 6 mm2 se não enterrados; importância crítica para a proteção ou operação dos
no caso da utilização de fitas, recomenda-se uma sistemas, fundamentalmente quando previstos para
espessura mínima não inferior a 0,5 mm. instalação em locais potencialmente sujeitos a níveis
elevados de perturbações eletromagnéticas,
-em princípio, a malha de terra de referência deverá deverão, sempre que possível, estar afastados de,
ter dimensões totais equivalentes ao ambiente onde no mínimo :
estarão instalados os equipamentos eletrônicos
sensíveis e, perante a presença de poucos .15 m de barramentos, disjuntores e chaves do
equipamentos próximos, deverá estar localizada sistema de potência em média / alta tensão;
imediatamente abaixo destes, sendo a dimensão total .5 m de de barramentos, chaves, disjuntores,
equivalente a um quadrado com um mínimo de 1,5m motores e retificadores;
de lado. .3 m de painéis de baixa tensão.

-a resistência de aterramento dessa malha não é um Portanto, percebe-se que, já no projeto arquitetônico-
parâmetro definitivo e determinante, sendo muito mais civil dos recintos elétricos e nas definições de lay-
significativos os aspectos relacionados à sua outs de subestações e usinas, é importante que os
indutância, em função das freqüências de interesse; requisitos de CEM sejam considerados.
todavia, a bibliografia específica recomenda uma
resistência não superior a 30 Ohms. • Blindagens de Recintos Elétricos com
Equipamentos Sensíveis
-a malha poderá estar instalada diretamente
enterrada, sob pisos elevados eventualmente Considerações Teóricas Preliminares
existentes nos recintos em questão (sala de controle,
sala de equipamentos, etc) ou embutida na laje de Compreende-se por blindagem eletromagnética, o
piso. método de redução / atenuação dos campos que
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incidem sobre uma instalação e/ou sobre seus Geralmente as atenuações obtidas com o uso de
componentes. A implementação de blindagens blindagens são expressas em dB (decibéis),
rigorosamente perfeitas é uma tarefa praticamente conforme a seguinte expressão :
impossível. Equipamentos sensíveis, ainda que
istalados no interior de um invólucro metálico de Atenuação = 20 log10 [ Ee / Ei ] (dB)
paredes espessas, necessitam ser eletricamente
ligados a uma fonte externa qualquer através de ou
condutores, através dos quais as emissões
eletromagnéticas podem atingi-los. Aberturas Atenuação = 20 log10 [ He / Hi ] (dB)
necessárias para ventilação também deterioram as
condições de blindagem. onde : Ee e He são, respectivamente, as
intensidades de campo elétrico e
As blindagens podem ser do tipo magnéticas magnético no exterior da blindagem e Ei e
(ferromagnéticas) ou condutivas. Hi as intensidades em seu interior.

Blindagens Magnéticas, confeccionadas em ferro O Bel é uma unidade logaritimica utilizada para se
fundido, aço ou níquel por exemplo, apresentam a expressar uma relação entre duas grandezas de
propriedade de concatenar o fluxo magnético muito mesma natureza. Para que se possa perceber a
mais eficientemente que o ar, possibilitando que o comparação entre a relação de grandezas físicas e
fluxo resultante em seu interior seja menor que o fluxo os valores em decibéis, pode-se verificar a Tabela 2.
contido no material utilizado para a blindagem, uma Quanto melhor for a blindagem, maior será o valor da
vez que tal fluxo tenderá a buscar o caminho de atenuação em dB, ou seja, a eficiência de uma
menor relutância. O grau de atenuação é função da blindagem é determinada pelo nível de atenuação
permeabilidade magnética do material (característica obtido.
que define a facilidade ou dificuldade de um material
ser atravessado por linhas de campo magnético) e da Razão entre Atenuação
espessura adotada. Tais blindagens podem ser grandezas dB
utilizadas para atenuar campos magnéticos gerados 106 120
por correntes contínuas (estacionários) ou correntes 105 100
alternadas. 104 80
103 60
Nas Blindagens Condutivas, confeccionadas em cobre 102 40
ou alumínio por exemplo, os fluxos magnéticos 10 20
incidentes provocam a circulação de correntes 5 14
parasitas (Foucault). Tais correntes, por sua vez, 2 6
produzem fluxos que se opõem ao fluxo que as gerou 1 0
(Lei de Lenz), atenuando sua intensidade, o que
representa uma barreira a campos magnéticos. O Tabela 2
grau de atenuação é função da condutividade elétrica
do material (característica que define a facilidade ou Como exemplo, se uma medição de campo
dificuldade de um material ser percorrido por eletromagnético realizada em um determinado
correntes elétricas) e da espessura adotada. Pelo seu ambiente antes e depois da instalação da blindagem,
princípio de funcionamento, tais blindagens podem ser indicar uma relação de 10 / 1, essa atenuação
utilizadas para atenuar campos eletromagnéticos equivalerá a 20 dB.
gerados apenas por correntes alternadas.
Uma blindagem eletromagnética também pode ser
A espessura a ser adotada em ambos os tipos de avaliada com base no quociente entre as densidades
blindagem, dependerá do material e do grau de de campo magnético sobre ela e em seu interior, ou
atenuação desejado em cada projeto. no quociente entre a intensidade de campo elétrico
ou de campo magnético no exterior e no interior da
Se uma determinada blindagem se destina mesma, respectivamente. A tais relações, dá-se o
primordialmente à atenuação de campos magnéticos, nome de Fator de Blindagem (melhor blindagem =
a escolha reacairá sobre as blindagens magnéticas. maior fator de blindagem).
Se, no entanto, há a necessidade de atenuação de
campos elétricos, é aconselhável a adoção das As radiações eletromagnéticas têm a propriedade de
blindagens condutivas, independentemente da penetrar nas paredes metálicas uma blindagem
freqüência do campo incidente. Alguns especialistas magnética. A essa característica dá-se o nome de
recomendam o uso de materiais magnéticos para a Profundidade de Penetração (δ), definida pela
blindagem de campos magnéticos com freqüências de seguinte expressão :
até 100 kHz e o uso de materiais com boa
condutividade para a blindagem de campos elétricos δ = _____1_____
com qualquer freqüência e de campos magnéticos
com freqüência acima de 100 kHz. ( f.π.µr.σr ) 1/2
9
Como se percebe, a profundidade de penetração será a serem atenuadas e dos níveis de atenuação
inversamente proporcional aos seguintes parâmetros : pretendidos, projetos dessa natureza geralmente
freqüência (f) da radiação incidente, permeabilidade consideram atenuações da ordem de 20 a 60 dB, ou
magnética (µr) do material em relação à seja, atenuações mínimas de 10 vezes e máximas
permeabilidade do vácuo (µvácuo = 1) e condutividade de 1000 vezes.
(σr) do material relativamente à condutividade do -deve-se adquirir as telas (reticulados) para
cobre (σcobre = 5,8 x 107 Siemens/metro). blindagem com as dimensões e especificações
indicadas pelo projeto, aplicando / fixando as várias
A atenuação proporcionada por uma blindagem seções sobre as paredes, lajes, vigas e colunas /
contempla efeitos relativos às perdas por reflexão de pilares do ambiente, interconectando-as através de
parte dos campos ou radiação que a atinge, a efeitos barras metálicas, fitas metálicas de boa
de perdas por absorção no interior da própria condutividade ou por meio de soldagem.
blindagem (transformação em calor) e às perdas por
múltiplas reflexões que ocorrem no interior da mesma, -após devidamente posicionadas / fixadas, as telas
entre suas faces (também gerando calor). O cálculo devem ser cobertas com cerca de 5 cm de alvenaria.
dessas parcelas de atenuação é muitas vezes
complexo, sendo abordado detalhadamente na -se as necessidades arquitetônicas impuserem a
bibliografia específica. O processo de cálculo de cada previsão de janelas convencionais em função dos
parcela de atenuação envolve fórmulas específicas requisitos estéticos das fachadas do recinto, deve-se
que consideram, cada qual, o tipo de campo a ser preparar, junto a elas, janelas mais internas
levado em conta no ponto de localização da revestidas com blindagem de tela com as mesmas
blindagem (magnético, elétrico ou radiação características da tela utilizada nas paredes; essas
eletromagnética). janelas deverão fechar pelo lado de dentro, sobre as
janelas convencionais.
A eficiência de uma blindagem na prática é afetada
por inúmeros fatores, dentre os quais, a presença de -as janelas e demais aberturas do ambiente deverão
aberturas e juntas, elementos que reduzem, estar solidamente conectadas ao restante da
fundamentalmente, a capacidade de bloqueio de blindagem através de conexões ou molas
campos magnéticos. Um grande número de pequenos articuladas, para garantia de continuidade elétrica.
orifícios produz uma menor perda de eficiência em
comparação ao efeito de um orifício maior, de área -blindagens contra sinais de freqüência na faixa entre
total equivalente à soma dos orifícios menores.Em se 10 kHz e 5 MHz são de implementação relativamente
tratando de um recinto elétrico, as aberturas e orifícios fácil; para sinais com freqüências acima do limite
são obrigatórias para as portas de acesso, janelas, máximo aqui mencionado, deve-se ter um cuidado
ventilação e para passagem de dutos, etc, o que especial com fendas e aberturas em geral, uma vez
impõe critério na análise e definição das blindagens. que, para aberturas das ordem de um centésimo do
comprimento da onde irradiada (60 cm para
Blindagens em SE’s e Recintos Elétricos f = 5 MHz), ainda existe a possibilidade de
penetração de campos.
Há muitos aspectos a serem analisados na concepção
e projeto de blindagem de recintos elétricos que -em casos mais críticos, para os quais sejam
contenham equipamentos eletrônicos sensíveis em previstas elevadas intensidades de campos
uma subestação. A previsão das possíveis magnéticos, é prudente evitar aberturas a abertura
freqüências perturbadoras deve ser objeto de estudos de janelas.
minuciosos, sendo altamente recomendável confiar
tais procedimentos a especialistas da área. -para intensidades de campo magnético mais
modestas, pode-se utilizar janelas com vidro duplo,
Embora geralmente o tema requeira análises caso a instalando entre elas uma tela metálica a ser
caso, algumas informações e recomendações práticas adequadamente interligada à blindagem das
indicadas por projetistas (com foco em interferências paredes;
de médias e altas freqüências geradas externamente
aos recintos dotados de equipamentos sensíveis) são -um procedimento muitas vezes adotado em casos
descritas a seguir : práticos para melhorar a eficiência da blindagem em
-geralmente, no caso de perturbações passíveis de locais de aberturas consiste em aplicar, em
serem produzidas em ambientes externos de duplicidade, telas metálicas com “mesh” não superior
subestações / usinas de energia elétrica (por a 1,5 mm.
descargas atmosféricas, chaveamentos de potência,
etc), a faixa de frequências de tais surtos situa-se -também é possível utilizar lâminas flexíveis de
entre 10 kHz e 500 kHz (alguns autores citam bronze, por exemplo, nas aberturas de portas e
freqüências de até 1 GHz). janelas, interligando-as às blindagens previstas para
as paredes.
-embora a determinação de tipos e configurações de
blindagem de recintos sejam funções das freqüências
10
-devem ser aplicadas blindagens a todas as aberturas explica pela fato de que, para uma onda a uma
utilizadas para a transição interno-externo de cabos dada freqüência, o reticulado de menores
elétricos e de comunicação. dimensões em relação ao comprimento de onda,
será capaz de proporcionar uma melhor blindagem.
-a escolha do material metálico a ser adotado
dependerá dos campos incidentes e do nível de No caso dos campos magnéticos de baixa freqüência
atenuação desejado; sendo assim, materiais (60 Hz, por exemplo) originados proximamente aos
magnéticos como o aço, o ferro fundido e o níquel equipamentos sensíveis, as blindagens são
podem ser adotados para a blindagem contra campos problemáticas, podendo ser obtidas geralmente com
magnéticos; materiais como o cobre e o alumínio, chapas espessas de alta permeabilidade magnética
devido à sua alta condutividade, devem ser usados ou alta condutividade elétrica, soluções muitas vezes
para a blindagem contra campos elétricos. inviáveis na prática. No caso das subestações e
recintos elétricos, provavelmente a melhor solução
O Gráfico da Figura 6 apresenta curvas elaboradas será estudar novos arranjos físicos para os
para análises de atenuação de campos magnéticos equipamentos, buscando afastá-los o máximo
deem uma determinada subestação, consideradas possível das fontes geradoras de interferência.
telas de blindagem em 3 configurações e uma faixa de
freqüências de 1 kHz a 100 MHz. • Supressão de Surtos Conduzidos

A supressão de surtos (proteção contra


sobretensões) objetiva a atenuação de ruídos
conduzidos entre diferentes partes de um sistema,
por meio de condutores metálicos. Os dispositivos
utilizados para esse fim são filtros / supressores de
surtos com capacidade suficiente para absorver
surtos com alto conteúdo energético.

Esses dispositivos são especialmente recomendados


para a proteção de equipamentos eletrônicos
sensíveis contra surtos induzidos por descargas
atmosféricas (e por operações de chaveamento) nas
cablagens de alimentação elétrica, de telefonia e de
sinais. São nos circuitos de alimentação CA dos
equipamentos bem como nos estágios de entrada e
saída de circuitos de comunicação de dados, e
dimensionados / especificados com base nos níveis
Figura 6 de proteção requeridos e nos níveis de corrente /
energia teoricamente esperados.
Observando-se o gráfico, conclui-se que, nesse caso :
O ponto de instalação de um supressor é
-a atenuação se eleva com o aumento da freqüência fundamental para uma proteção eficiente. Embora
do campo magnético incidente até uma freqüência de seja prática comum a utilização de supressores no
aproximadamente 1 MHz em todos os casos, embora interior dos quadros de alimentação elétrica, vale
com taxas de crescimento diferenciadas; ressaltar que os melhores níveis de proteção serão
obtidos quando os mesmos estiverem posicionados /
-para freqüências acima de 1 MHz, a atenuação torna- ligados o mais próximo possível dos equipamentos a
se constante em todos os casos, porém, proteger. Isso se deve aos seguintes motivos :
estabilizando-se em patamares diferentes;
-um surto irradiado que atinja uma cablagem em um
Obs. : as duas observações acima podem ser ponto situado entre o supressor e o equipamento irá
explicadas em parte, e grosso modo, pelo se propagar nas duas direções, podendo atingir o
fato de que, para distâncias próximas da equipamento em um tempo inferior ao tempo
interseção entre as regiões de campo necessário para atingir o supressor (vale lembrar,
próximo e campo remoto, e a partir desse com base na teoria de transitórios eletromagnéticos,
ponto, o acréscimo da freqüência provoca a que a velocidade de propagação de um surto
redução da parcela de atenuação por depende das características físicas do meio de
reflexão (considerada uma onda TEM) e o propagação e, nesse caso, por se tratar do mesmo
aumento da parcela de atenuação por meio, o surto atingirá primeiramente quem estiver
absorção (efeito aplicável a ondas TEM e a mais próximo do ponto onde a perturbação se
campos magnéticos e elétricos). originou).

-com a diminuição da menor porção formadora do -alguns tipos de supressores de surto são
reticulado (“mesh”), a atenuação aumenta; isso se unidirecionais; estando afastado do equipamento a
11
proteger, um supressor desse tipo poderá receber o os critérios para aplicação dos dispositivos de
curto pela “retaguarda”, não promovendo a atenuação proteção contra surtos elétricos.
conforme suas características nominais.
• Redução das Áreas de “Loops”
-estando o supressor junto ao equipamento eletrônico,
qualquer surto que se propagar pela cablagem Uma importante medida a ser tomada como
sempre atingirá primeiramente o supressor; o prevenção contra o surgimento de tensões elevadas
equipamento receberá apenas uma pacela da energia em diferentes pontos dos equipamentos sensíveis
da onda impulsiva, o que aumenta sensivelmente a consiste na minimização dos “loops” de elevados
eficiência da proteção. diâmetros (ou distanciamentos) entre circuitos de
sinal e cablagens de força. Sempre que houver um
A interligação de equipamentos através de longos “laço” aberto submetido a uma indução
cabos de comunicação é um dos pontos que mais eletromagnética (por acoplamento indutivo), surgirá
apresentam problemas de proteção no ambiente de nos terminais desse laço uma tensão proporcional à
uma subestação. Geralmente, e erroneamente, utiliza- sua área e à taxa de crescimento (di/dt) da
se apenas um supressor em uma das extremidades corrente geradora da perturbação. Essa situação é
dos cabos de comunicação de dados. Nessa situação, ilustrada por meio da Figura 7.
apenas um dos equipamentos interconectados estará
protegido e o outro estará totalmente susceptível a
surtos que incidem e quem são propagados por
condução em uma rede de comunicações.

Outro ponto importante a ser observado é o local de


conexão dos cabos de drenagem (aterramento) de
Figura 7
surtos, a partir dos supressores. Nessa situação,
torna-se mais uma vez fundamental a presença de
uma malha de equipotencialização (malha de
referência já abordada anteriormente – seção
“Melhoria / Adequação de Sistemas de Aterramento”),
Como soluções para evitar / minimizar esse
onde tais cabos deverão ser conectados. A presença
problema, principalmente no caso de cablagens não
desse elemento de equipotencialização evita que
blindadas, podem-se adotar blindagens por dutos
componentes internos aos equipamentos sensíveis
metálicos (ver seção “Blindagens”) em ambas as
estejam submetidos a diferenças de potencial mais
partes do “laço” ou a redução da área entre os feixes
elevadas quando da ocorrência de surtos de altas
de cabos, conforme indicado na Figura 8. Na
freqüências. Ressalta-se ser importante que os cabos
segunda hipótese, deve-se respeitar uma distância
de interligação dos supressores à malha possuam a
mínima entre os circuitos de força e sinal, evitando-
menor indutância possível. Isso pode ser obtido com
percursos tão curtos quanto possível e com a
utilização de cordoalhas chatas ao invés de cabos de
seção circular. As conexões, sempre que possível
deverão ser soldadas ou rigidamente aparafusadas.

Geralmente recomendam-se as seguintes


configurações de proteção :
Figura 8
-circuitos de baixa tensão conectados a equipamentos
sensíveis : 1 ou 2 varistores de óxido metálico
devidamente coordenados ou varistores associados a
diodos Zener.
-circuitos de sinal, controle, comunicações :
combinação de varistores e centelhadores a gás;
-serviços auxiliares, barramentos principais de CA e
CC : varistores ou capacitores de surto.
Nos circuitos de força pode ser interessante instalar, se as interferências entre ambos por acoplamento
por exemplo, fusíveis em série com os dispositivos indutivo (ver seções “Otimização da Rota de
supressores de surto, para evitar uma possível Condutores” e “Segregação de Vias para Cabos”).
interrupção de energia caso haja um curto-circuito no
sistema de supressão (nesse caso o circuito de força Problemas de interferência decorrentes da presença
continuará energizado, porém, sem proteção contra de “loops” também podem surgir quando há laços de
surtos até que o problema seja sanado). maiores dimensões entre os cabos de força ou de
sinal e seus respectivos condutores-terra (ou de
A NRB-5410/2004 da ABNT (“Instalações Elétricas de referência), sendo desejável, sempre que possível,
Baixa Tensão – Procedimento”) aborda com detalhes instalar os condutores de aterramento próximos aos
12
circuitos de alimentação elétrica e de sinal a eles .Cablagem eletrônica específica : cabos de
associados. controle de baixa energia e fibras óticas (essas
apenas por uma questão de organização da
Um outro problema potencial de mesma trata-se da instalação e proteção mecânica);
possibilidade de formação de “loops” de terra em .Cabos de controle CC ou CA de, por exemplo,
circuitos de sinal. Esse problema pode ocorrer quando 125 Vcc e 220 Vca;
dois sub-sistemas estão aterrados em diferentes .Cabos de iluminação e força;
malhas de aterramento ou quando as conexões são .Cabos isolados de média tensão;
feitas na mesma malha, porém, quando esta é .Cabos de telecomunicações.
submetida a diferenças de potencial entre tais
pontos (devido, por exemplo, à circulação de Uma alternativa de mais baixo custo passível de
correntes provocadas por ruídos). Essa diferença de adoção quando da impossibilidade de utilização de
potencial atuará como uma fonte de tensão e dutos independentes para cabos com funções
provocará a circulação de correntes de modo-comum, distintas consiste na utilização de calhas metálicas
conforme indicado na Figura 9. compartimentadas, dotadas de septos (separações)
internos também metálicos; porém, convém que essa
alternativa esteja restrita apenas a cabos de força de
circuitos de baixa tensão / potência (inferior a 5 kVA)
e a cabos de lógica de sistemas considerados não
vitais.

• Especificação de Calhas Metálicas / Bandejas


para Cabos

Afim de comparar o desempenho de calhas


fabricadas com diferentes materiais quanto ao
surgimento de interferências em circuitos de sinal,
foram realizados ensaios laboratoriais (conforme a
norma MIL-STD-461/462) em 3 tipos de dutos
Figura 9
disponíveis comercialmente, fabricados em PVC,
chapa de aço galvanizado e chapa de alumínio
As bibliografias específicas abordam algumas formas
extrudado. Esses ensaios consistem, basicamente,
de lidar com esse problema, tais como a utilização de
em fazer circular uma corrente elétrica em diferentes
filtros bloqueadores de ruídos de modo comum,
freqüências por um cabo de força (simulando-se a
acopladores óticos e transformadores isoladores.
introdução de um surto) e medindo-se a corrente
Adicionalmente, a adoção de uma configuração de
resultante (induzida) em um cabo de sinal não
aterramento que possibilite uma eficiente equalização
blindado posicionado dentro e fora de um duto,
de potenciais associada à racionalização de percursos
porém, sempre à mesma distância do cabo de força.
de cablagens pode minimizar esse tipo de problema.
O mesmo ensaio é repetido invertendo-se os papéis,
ou seja, injetando surtos no cabo de sinal e
• Otimização de Rotas e Segregações para Vias
verificando os efeitos no cabo de força posicionado
de Cabos
dentro e fora do duto.
Os condutores que transportam os sinais analógicos,
Demonstrou-se em tais testes, que as calhas de
digitais e cabos de força não deverão estar agrupados
alumínio proporcionam uma blindagem magnética
em um mesmo duto, principalmente os não blindados.
mais eficaz em ambas as situações, sendo bem mais
pronunciadas que com o aço ou o PVC (obviamente)
Uma das medidas para minimização / eliminação de
principalmente para o caso dos efeitos medidos
EMI´s adotada em projetos específicos e detalhada
sobre o cabo de sinal. Essa situação decorre do fato
em textos técnicos e memoriais descritivos de
de que quanto maior é o produto da permeabilidade
projetos, refere-se à segregação das cablagens (no
magnética relativa pela condutividade relativa do
interior e no exterior dos recintos abrigados das SE´s)
de acordo com a função dos cabos. Os "ambientes de material (µr, σr) que constitui a blindagem, maior é a
segregação" geralmente adotados são constituídos atenuação do ruído por efeito de absorção no
por calhas / bandejas metálicas tampadas ou material.
eletrodutos metálicos independentes. Esses dutos
deverão estar convenientemente aterrados em vários Além disso, os dutos de alumínio apresentam
pontos (intervalos entre conexões de aterramento : 5 vantagens adicionais, tais como um menor peso que
a 10 metros). os dutos de chapa de aço e melhor resistência
mecânica e química que os dutos de PVC.
Alguns exemplos de cablagens que devem ser
conduzidas em dutos separados são : Todos esses fatores agregados podem compensar o
(provável) maior investimento inicial.
13
• Utilização de Transformadores de Isolação da gaiola externa adicionalmente, como forma de
incrementar os níveis de proteção.
A utilização de um transformador de isolação, com
relação de transformação 1:1, no circuito de De qualquer modo, e considerando-se que um SPDA
alimentação elétrica geral para os equipamentos destina-se primordialmente à manutenção da
sensíveis, dotado de blindagem eletrostática integridade física de uma edificação, esses
(devidamente aterrada), pode ser uma medida eficaz procedimentos não anulam a necessidade de
para atenuar a transferência de perturbações previsão (obrigatória) de proteções contra surtos
conduzidas oriundas no primário. eventualmente introduzidos nas linhas elétricas e de
comunicação por acoplamento indutivo, decorrentes
Em se tratando de bloqueio de ruídos, a principal ação de descargas atmosféricas (ver seção “Supressão de
de um transformador é desempenhada por sua Surtos”).
indutância de dispersão, cuja reatância atua como um
filtro, dificultando a transferência de sinais conduzidos • Utilização de Fibras Óticas
de altas frequências e atenuando harmônicas
eventualmente presentes. Todavia, para minimizar a Em situações mais críticas, principalmente em áreas
possibilidade de transferência de algum ruído através externas de subestações, nas quais os circuitos de
das capacitâncias de acoplamento entre primário e sinais de comunicação poderão estar bastante
secundário, os trafo-isoladores são dotados de próximos de equipamentos e circuitos de potência, a
blindagens eletrostáticas aterradas, através das quais utilização de fibras óticas pode tornar-se atrativa (ou
os ruídos de modo-comum fluem para a terra. mesmo imperativa), uma vez que esse sistema
apresenta imunidade a EMI´s. Também é importante
Uma característica adicional desse sistema reside no salientar a confiabilidade e precisão obtida na
fato de que o usuário pode definir uma nova transmissão de informações mesmo a distâncias
referência de terra, aterrando o neutro do secundário muito longas e em uma faixa de freqüências
(ligação em estrela, se na configuração trifásica) e extremamente ampla.
tornando-o independente do neutro do primário.
Dessa forma, as tensões secundárias para a terra são Entretanto, em que pesem as vantagens, há também
estabilizadas e controladas, favorecendo a proteção desvantagens a serem consideradas relativamente à
aos equipamentos eletrônicos sensíveis. utilização de condutores metálicos. Em que pese a
redução dos preços com o passar do tempo, a
• Proteções contra Descargas Atmosféricas instalação de sistemas com fibras óticas ainda é
mais onerosa, requerendo maior preparação e mão-
No que tange às descargas atmosféricas, geralmente de-obra mais especializada. As fibras não são
consideram-se duas situações distintas em flexíveis e de acomodação física tão fácil como os
subestações : o pátio de alta tensão (no caso das cabos metálicos e as sistemáticas de instalação são
SE´s ao tempo) e o prédio de controle / supervisão, geralmente delicadas. Além disso, como na grande
onde encontram-se instalados os equipamentos maioria dos casos os sinais óticos devem ser
eletrônicos sensíveis. Simplificadamente, pode-se reconvertidos em sinais elétricos nos pontos de
afirmar que a forma de avaliação em ambos os casos recepção, o hardware necessário para essa função
é similar, diferindo apenas a forma de se definir a encarece o sistema e degrada um pouco sua
corrente crítica de bllindagem. Para os equipamentos confiabilidade geral. Apesar de tais desvantagens,
de alta / média tensão tal corrente é definida em pode-se considerar que as fibras óticas constituem-
função do NBI (Nível Básico de Impulso atmosférico) se em uma boa alternativa quando se requer elevada
por eles suportada. Para os prédios, geralmente confiabilidade na transmissão de dados e sinais a
adota-se o valor de 5 kA. distâncias de 20 metros a 2 quilômetros,
fundamentalmente em ambientes potencialmente
Considerando-se a existência de equipamentos hostis sob o ponto de vista da CEM.
sensíveis, a proteção dos prédios deverá contemplar
uma Gaiola de Faraday composta por cabos • Tecnologia Emergente : Concreto Condutivo
condutores dispostos em forma de malha, com
dimensionamentos gerais (inclusive quanto ao O Concreto Condutivo, produto emergente já
aterramento) conforme a norma NBR-5419/2001 da disponibilizado na América do Norte em escala
ABNT (“Proteção de Estruturas contra Descargas comercial, tem sido utilizado em países com invernos
Atmosféricas”). A blindagem oferecida pela própria rigorosos, nos quais torna-se necessário o rápido
estrutura das ferragens do concreto armado (assunto derretimento da neve acumulada em rodovias,
já amplamente abordado em artigos técnicos e na pontes, coberturas de edificações e calçadas
bibliografia específica) poderá ser utilizada públicas, por exemplo. Essa função é obtida através
(preferencialmente quando projetada prevendo-se tal de sua energização com baixas tensões, provocando
função, por meio de ferragens diferenciadas para as seu aquecimento por meio da circulação de corrente
descidas com garantia de continuidade elétrica, e elétrica em sua estrutura interna.
sistemas de aterramento incorporados às fundações);
porém, alguns especialistas recomendam a confecção
14
Basicamente, o material é obtido com o uso de De qualquer modo, espera-se que as informações
cimento agregado a outros insumos condutivos tais aqui apresentadas possam ser úteis no sentido de
como fibra de carbono, grafite e “coque-brezze” esclarecer as bases e os principais aspectos a serem
(partículas de carvão mineral de reduzida avaliados com maiores detalhes quando da
granulometria, obtidas como sub-produto residual em realização de projetos e procedimentos de
indústrias siderúrgicas), de modo a se perfazer uma adequação objetivando a melhoria dos níveis de
malha condutora contínua. Como resultado, obtem-se CEM em instalações dessa natureza.
um concreto mecanicamente resistente (mesmo com
apenas 70% da massa específica do concreto
convencional) e com alta condutividade elétrica. BIBLIOGRAFIA - FONTES DE CONSULTA
Portanto, suas características podem aliar as
necessidades da construção civil a requisitos de CEM [1] Marcelo C. V. Martins – COPESP – Ministério da
em instalações internas próximas a fontes potenciais Marinha – “Interferência Eletromagnética em
de geração de interferências eletromagnéticas, o que Ambientes Industriais” – Revista Eletricidade
o torna uma alternativa passível de análise Moderna – Agosto / 1994.
particularmente para utilização em recintos elétricos e
salas de controle e de equipamentos de automação. [2] Colin Hargis – Control Technics Plc – Reino Unido
(tradução do Eng. Prof. Hilton Moreno) – “CEM :
Os fabricantes citam, baseados em vários testes Guia Prático para o Projetista e Instalador de
realizados em amostras de concreto condutivo Sistemas Elétricos” – Revista Eletricidade
confeccionadas em painéis pré-moldados com Moderna – Maio / 2000
espessura da ordem de apenas 10 a 15 cm, que o
material pode proporcionar uma eficiência de
blindagem magnética (atenuação) da ordem de 10 a [3] Guilherme A. D. Dias e Marcos Telló – PUC-RS –
36 dB para uma elevada faixa de frequências, sendo “Compatibilidade Eletromagnética em
mais eficaz que as chapas de aço para freqüências Subestações de Alta Tensão” – SNPTEE-1999 e
acima de 25 MHz. Revista Eletricidade Moderna – Maio / 2000

Portanto, tudo indica que, em um futuro próximo, a [4] Antônio Carlos Passos Sartin e Cezar José
uitilização desse tipo de material poderá ser cogitada Sant’Anna – CTEEP (Companhia de Transmissão
também no Brasil para a construção / blindagem de de Energia Elétrica Paulista) – “Compatibilidade
recintos fechados em subestações e usinas, tais como Eletromagnética em Usinas e Subestações” –
as salas elétricas e os compartimentos destinados à SNPTEE – 2001
instalação de equipamentos eletrônicos sensíveis.
[5] Sergio T. Sobral (ST & SC Serviços Técnicos
Ltda) David S. Rezende e José Eduardo D.
Olesko (COPEL – Companhia Paranaense de
4. CONCLUSÕES Energia) – “A Técnica de Disposição de
Cablagem em Chicote para Reduzir os Ruídos de
Cada vez mais, à medida em que as aplicações da Modo Comum e Diferencial – Resultados de
eletrônica e da informática se expandem, os Medições” – SNPTEE – 2001
equipamentos sensíveis são adotados para as
funções de proteção, controle / automação, [6] José Osvaldo S. Paulino, Moacir Souza Jr. e
monitoramento e comunicação em subestações, Marisa Lages Murta – UFMG (Universidade
usinas e demais recintos elétricos, estando expostos a Federal de Minas Gerais) – “Técnicas de
surtos eletromagnéticos irradiados e conduzidos que Blindagem de Campos Magnéticos de 60 Hz” –
podem incorrer em seu mau funcionamento ou até Revista Eletricidade Moderna – Agosto / 2000
mesmo em sua destruição.
[7] Sergio T. Sobral e S. C. Sobral – ST & SC
Esse trabalho buscou sistematizar uma série de Serviços Técnicos - “Tecnologia de Blindagens
informações obtidas em artigos e livros técnicos em Instalações de Usinas, Linhas e Subestações”
abordando aspectos que envolvem a Compatibilidade – Revista Eletricidade Moderna – Agosto / 2000
Eletromagnética em subestações de energia,
fundamentalmente no que se refere às possíveis [8] Ronni M. Campaner (Intertechne) e Thutomu
interferências em equipamentos eletrônicos sensíveis Fujino (COPEL) – “Dificuldades no Cumprimento
nelas instalados, bem como algumas medidas dos Critérios para Mitigação das Interferências” –
passíveis de adoção para a minimização de tais Revista Eletricidade Moderna – Fevereiro / 2001
problemas.
[9] Roberto Menna Barreto – QUEMC – “Influência
O assunto é vasto, complexo, ainda polêmico e não de Linhas de Transmissão / Distribuição em
completamente equacionado em todas as suas Sistemas Eletrônicos, de Telecomunicações e de
peculiaridades. Automação” – texto técnico obtido na Internet
15
[10] R. L. Araújo, N. S. R. Quoirin, L. M. Ardjomand
(LACTEC – Centro Politécnico da UFPR) e M. N.
Silva (CERJ) – “Utilização Eficiente de
Aterramentos para a Proteção de Equipamentos
Sensíveis” – Ciclo de P&D – ANEEL – 2003/2004

[11] Lairton José Vilela Pinto – CEMIG – “Interferência


Eletromagnética em Cabos de Controle” –
capitulo extraído da apostila do Curso de
Subestações – Vol. - PUC-MG / 1987

[12] Fernando Chaves Dart e João Clavio Salari Filho


(CEPEL), Paulo Sergio Azambuja Rocha e
Roberto Márcio Coutinho (CEMIG) – “Requisitos
Básicos para a Otimização do Aterramento de
Subestações” – Revista Eletricidade Moderna,
Agosto / 1998

[13] Hilton Moreno – Cobei/ABNT e Escola de


Engenharia Mauá – “Utilização de Canaletas de
Alumínio para Instalações de Potência e Sinal” –
Revista Eletricidade Moderna – Dezembro / 1998

[14] Clayton. R. Paul – Livro : “Introduction to


Eletromagnetic Compatibility” – Ed. John Wiley &
Sons, Inc., New York, 1992

[15] Ara Kouyoumdjian – Livro : “A Compatibilidade


Eletromagnética” – Groupe Schneider / MM
Editora – 1998

[16] João Mamede Filho – COELCE (Companhia


Energética do Ceará) e UNIFOR (Universidade
de Fortaleza) – Livro : “Proteção de
Equipamentos Eletrônicos Sensíveis” – Editora
Érica – 1997

[17] Duílio Moreira Leite e Carlos Moreira Leita – Livro


: “Proteção Contra Descargas Atmosféricas” –
Officina de Mydia Editora Ltda – 1994

[18] Material didático e notas de aula – Curso de


Especialização em Sistemas de Energia Elétrica
– Ênfase : Qualidade da Energia – UFMG – Prof.
Glássio C. de Miranda, PhD e Prof. José Osvaldo
S. Paulino, PhD (UFMG)

[19] Informações diversas / textos técnicos obtidos na


WEB

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