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ISBN 978-85-522-1661-2
CDD 658.151
Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Unidade 1
A Controladoria como área da gestão empresarial����������������������������������� 5
Seção 1
A Controladoria financeira e as funções do controller����������������� 8
Seção 2
Visão sistêmica da empresa�������������������������������������������������������������19
Seção 3
Sistema de informações�������������������������������������������������������������������32
Unidade 2
Planejamento estratégico����������������������������������������������������������������������������51
Seção 1
O processo de gestão������������������������������������������������������������������������54
Seção 2
Controladoria estratégica����������������������������������������������������������������62
Seção 3
Planejamento estratégico�����������������������������������������������������������������72
Unidade 3
Planejamento operacional e financeiro����������������������������������������������������95
Seção 1
Planejamento operacional e orçamentário������������������������������������98
Seção 2
Orçamento empresarial���������������������������������������������������������������� 109
Seção 3
Técnicas orçamentárias����������������������������������������������������������������� 126
Unidade 4
Execução e controle operacional e financeiro�������������������������������������� 145
Seção 1
Execução e controle orçamentário���������������������������������������������� 148
Seção 2
Sistemas de controles internos e o controle organizacional���� 156
Seção 3
Sistemas de medição e avaliação de desempenho��������������������� 171
Unidade 1
Introdução à unidade
Empreender um negócio é um desafio. Criar, estimular o crescimento e
manter uma entidade empresarial, fazendo-a prosperar nas suas operações
de forma sustentável, também é desafiante. Fazer isso requer que a gestão
empresarial tenha uma preocupação constante na utilização e otimização dos
recursos disponíveis para a geração de resultados, no curto e no longo prazo.
É nesse contexto que a Controladoria se insere, porque contribui ao processo
decisório. Ela ajuda a gestão nas suas atuações, ampliando o conhecimento
por meio dos Sistemas de Informações. Ela também facilita o enfoque
organizacional na busca da eficácia e eficiência organizacional, otimizando as
operações e as ações gerenciais para conduzir a empresa, corrigindo rumos,
se necessário, para o alcance de resultados econômicos que tragam benefícios
à própria empresa, visando à sua continuidade e a toda sociedade.
A área da Controladoria contribui ao explicar o controle organizacional
e ao retratar o modo como os comportamentos organizacionais ocorrem em
relação ao processo de tomada de decisão.
A Controladoria auxilia monitorando e melhorando o processo de gestão
organizacional, envolvendo o aperfeiçoamento dos controles e processos
internos da empresa em todos os níveis e em todas as áreas da empresa. Ela
busca centralizar as informações que são coletadas, processadas e geradas
por meio dos Sistemas de Informações, visando integrar todas as áreas,
levando a empresa à eficácia e à aplicação otimizada dos recursos. Somente
uma empresa com visão sistêmica pode entender o ambiente econômico,
dinâmico e competitivo.
Dessa forma, a primeira unidade deste livro está estruturada em três
seções. A primeira seção apresenta os aspectos precursores da Controladoria
e discute os conceitos de eficácia e eficiência, fundamentais ao controle
organizacional. Além disso, aborda os propósitos, as estruturações, os
objetivos e as funções da Controladoria, bem como o papel, os deveres e as
responsabilidades do controller.
A segunda seção abrange os aspectos do ambiente econômico e as forças
competitivas que nele atuam. Nesse cenário, a empresa é vista como um
sistema aberto, composto por seus subsistemas, missões, crenças e valores,
os quais dão a base para a formação do modelo de gestão.
Por fim, a última seção relaciona os aspectos relacionados à informação
de utilidade, desde a coleta até a sua aplicação pela gestão empresarial.
Contempla os Sistemas de Informações, constituídos de subsistemas infor-
macionais que permeiam os níveis estratégicos, táticos ou gerenciais e opera-
cionais. São eles que dão a base para a aplicação de instrumentos voltados
ao planejamento estratégico, operacional, orçamentário e para a avaliação
do desempenho.
Todas as seções contêm pontos para reflexões, exemplos, discussões e
atividades. Estudantes de graduação e pós-graduação e profissionais ligados à
Controladoria poderão se beneficiar desses assuntos da área da Contabilidade
Gerencial para o benefício da gestão. Assim, pretende-se discorrer sobre os
aspectos que possibilitarão a condução da prática da gestão empresarial,
enfatizando os mecanismos que permitem o aumento da eficácia e efici-
ência organizacional.
Seção 1
8
d. Aumento no número de fontes de capital.
O aumento em tamanho e complexidade das organizações impactou o
modelo de gestão das empresas entre o final do século XIX e o início do
século XX, porque grandes empresas de países desenvolvidos tiveram uma
remodelação estrutural em razão do novo processo industrial que substituiu a
tradicional produção manufaturada, caracterizada pelo intensivo uso de mão
de obra direta e pouca complexidade organizacional. As máquinas passaram
a fazer parte do processo produtivo, e a produção industrial tornou-se
mecanizada, permitindo a produção em grande escala e com um arranjo
físico ampliado nos pátios industriais. A maneira como se desenvolviam os
negócios também mudou em razão da Revolução Industrial. Companhias
ferroviárias, de eletricidade, água, gás, etc. acompanharam a mudança com o
desenvolvimento de estradas de ferros e suportes de infraestrutura próximas
às indústrias norte-americanas, facilitando o aumento dos negócios e a rede
de distribuição de produtos.
A produção em massa e o aumento da demanda estimularam o surgi-
mento de grandes empreendimentos e a uniformização dos processos indus-
triais, difundindo-se em diversas localidades de maneira descentralizada.
Tais fatores em conjunto trouxeram à tona a necessidade de desenvolvi-
mento de novos mecanismos de administração, planejamento e controle que
pudessem atender às novas necessidades da gestão dos grandes empreendi-
mentos industriais.
Com essas mudanças, a globalização das empresas começou a ser perce-
bida por volta da década de 1980, com a criação de filiais ao redor do mundo,
instigando novos posicionamentos estratégicos e vantagens competitivas. Isso
gerou impacto significativo na criação de departamentos de Controladoria.
O crescimento nas relações entre governos e empresas ficou marcado pela
necessidade de fiscalização governamental sobre as empresas por meio de
suas demonstrações contábeis.
Por fim, o surgimento da Controladoria também foi motivado pelo
aumento no número de fontes de capital, que assinalou a necessidade de
empresas, a partir da quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929,
estimulando-as a criarem mecanismos gerenciais e de reporte com maior
qualidade, de modo a atender às necessidades dos usuários externos.
O processo de interação da empresa com os stakeholders externos (forne-
cedores, bancos, governos, etc.) surge de um conjunto de fenômenos econô-
micos, sociais, políticos, educacionais, tecnológicos e regulatórios, e extrapola
os conceitos oferecidos pela administração, contabilidade e economia no que
tange à busca da eficácia organizacional (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 2017).
9
Para obter uma compreensão clara sobre esses fenômenos, é possível
recorrer à Controladoria, a qual, segundo Mossimann, Alves e Fisch (1993),
pode ser assimilada como o conjunto de princípios, procedimentos e
métodos advindos das ciências de Administração, Economia, Estatística e
Contabilidade, cujo foco é a gestão econômica empresarial, visando guiá-las
para a eficácia.
Na perspectiva de Oliveira, Perez Júnior. e Silva (2013), é possível entender
a Controladoria como sendo o departamento responsável pelo planejamento,
pela execução e pelo controle do sistema integrado de informações geren-
ciais, operacionais, orçamentárias, financeiras e contábeis da empresa. Ela é
competente e eficaz quando está capacitada para coletar dados e analisá-los,
monitorar os controles internos e agir, exercendo uma ação contributiva nas
decisões da gestão. Deve cumprir tudo isso, visando à eficácia e eficiência não
apenas da empresa, mas também de suas responsabilidades na execução de
tarefas e atribuições relacionadas à contabilidade, inclusive, com observância
às questões da legislação fiscal e tributária em seus aspectos específicos e
complexos. Nesse ponto, é importante que você tenha em mente a distinção
entre eficácia e eficiência.
A eficácia significa o cumprimento de algum objetivo previamente estabe-
lecido. É compreendida também como sendo o nível de alcance de algum
objetivo ou meta predeterminado, como resultado de alguma atividade ou
de algum esforço. Uma das medidas da eficácia é o lucro. Se é previsto que
a empresa alcance seus objetivos, é esperado que isso se reflita na forma de
retorno de investimentos aos proprietários, aos acionistas e à comunidade.
Do ponto de vista sociedade, a empresa é eficaz quando, junto aos stake-
holders, cumpre sua missão, suas metas e seus objetivos, considerando as
restrições de recursos. Aliado a isso, a empresa deve ser eficiente na aplicação
dos recursos originários do ambiente em que ela atua. A eficiência representa
o desempenho de uso dos recursos para o cumprimento dos objetivos, ou
seja, trata-se da relação entre os resultados alcançados e os recursos consu-
midos para se obter aquele resultado. Também pode ser definida como o
processo pelo qual a empresa atinge suas finalidades de maneira satisfatória,
com uma aplicação mínima de recursos. Isso permeia todas as atividades,
operações e transações da empresa.
A mensuração da eficácia e da eficiência permite à empresa gerenciar o
controle organizacional. O cerne dele está relacionado à capacidade da alta
administração da empresa em realizar a integração das diversas áreas da
empresa em torno dos objetivos estratégicos da organização, com monito-
ramento constante, facilitando a atuação da gestão. O controle, geralmente,
é observado sob o ponto de vista do processo de gestão e da contabilidade,
10
por meio dos controles contábeis. Contudo, tem-se que a informação é um
elemento essencial ao controle e à visão sistêmica da empresa. É normal que
os controles das operações internas incluam, por exemplo, normas e proce-
dimentos que os gestores implementam junto à Controladoria para garantir
que os objetivos e as intenções estratégicas sejam cumpridos (eficácia) e que
as ações indesejadas não sejam produzidas (efetividade).
Como expressa Oliveira, Perez Júnior e Silva (2013), nesse contexto, a
Controladoria deve promover a eficácia das decisões, monitorando o alcance
dos objetivos estabelecidos, investigando e diagnosticando os motivos para
a ocorrência de resultados indesejados ou eventos que levam a prejudicar
o resultado, sugerindo correções de rumo e suavizando as variáveis econô-
micas de difícil controle, por meio do fornecimento de informações, pelo
Sistemas de Informações, sobre operações passadas, presentes e projetadas.
A Controladoria deve comunicar adequadamente tudo isso aos gestores, de
maneira que possa preservar a integridade do processo decisório.
11
O sucesso disso só pode ser alcançado se a Controladoria atuar apoiando
e subsidiando a gestão quanto ao planejamento e ao controle das atividades
internas, operacionais, comerciais, financeiras etc., por meio da manutenção
de um sistema de informação que permita integrar a empresa nas suas
diversas funções. Segundo Catelli (2013), pressupõe que a empresa atuará
preservando a continuidade das operações a longo prazo. Trata-se de uma
preocupação enorme por parte da administração.
Diante disso, pode-se compreender que a Controladoria apoia a gestão
com informações em todas as etapas do processo de tomada de decisão, tendo
em vista os interesses estratégicos da empresa. É ela que exerce o controle
organizacional das atividades operacionais, para isso, precisa estar estrutu-
rada para criar e manter controles organizacionais, os quais são úteis para o
acompanhamento de todas as etapas do processo de gestão da empresa. Logo,
a estruturação da Controladoria consiste na sua relação com os sistemas de
informações essenciais à gestão, nos aspectos gerenciais e estratégicos.
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Referente ao segundo grupo, descreve o aspecto moderno das atribuições
e atividades da Controladoria, as quais envolvem a gestão de negócios, as
questões orçamentárias, as projeções e simulações, a gestão estratégica de
custos, a análise de desempenho, etc.
A Controladoria Orçamentária compreende um sistema de planejamento
e controle. O planejamento da gestão é expresso pelo orçamento, que serve
para apoiar a coordenação e implementação desses planos. O orçamento
resume os objetivos de todas as áreas de uma empresa, sendo o instrumento
quantitativo dos objetivos e o detalhamento dos fatores necessários para
atingi-los. A sua elaboração tem por base o Planejamento Estratégico.
As atividades desempenhadas pela Controladoria devem voltar-se ao
monitoramento dos controles gerenciais, visando à sua melhoria. Como
consequência, espera-se que haja uma ampliação no desempenho da gestão,
considerando que possíveis problemas se tornam evidentes para serem corri-
gidos por medidas administrativas.
13
A atuação da empresa no mercado, as decisões da gestão, as forças compe-
titivas no ambiente, entre outros fatores, levam à exposição a riscos, a qual é
inerente às atividades das empresas. Nesse aspecto, os controles internos são
preparados pela Controladoria para atenuar os riscos.
A Controladoria, por meio de controles internos, monitora a entidade
e sua cultura de gestão. A implementação de um controle interno pode ser
considerada efetiva quando os colaboradores reconhecem suas responsabili-
dades, limitações, autoridades e competências. Ela protege o patrimônio da
empresa, suas operações e a sua dinâmica funcional. São nesses aspectos que
a Controladoria observa e age diariamente, pois as aplicações dos controles
estão conexas ao cumprimento dos objetivos da empresa.
Do ponto de vista da administração financeira, a Controladoria repre-
senta um órgão de observação e controle da alta administração preocupada
com a avaliação constante da eficácia e da eficiência organizacional nas
diversas áreas da empresa, nos processos internos e na aplicação das ativi-
dades operacionais. Ela possui visão sistêmica e, por isso, é capaz de fornecer
dados e informações, de maneira tempestiva, à administração, para demons-
trar a realidade da empresa no que tange ao desempenho presente e às expec-
tativas futuras que impactarão na rentabilidade da empresa.
É por esses aspectos que Oliveira, Perez Júnior e Silva (2013) e Nascimento
e Reginato (2013) destacam que o objeto principal da Controladoria é o
estudo e a prática das funções de planejamento, controle, registro e divulgação
dos atos e fatos da administração da empresa por meio de relatórios úteis à
tomada de decisão. Para eles, a Controladoria tem por atribuição propor-
cionar o suporte informacional necessário em todas as etapas do processo
de gestão, tendo em vista o conjunto de interesses da empresa. As funções e
atividades desempenhadas pela Controladoria são tidas como fatores vitais
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para o planejamento, a execução e o controle de longo prazo em qualquer
tipo de empresa (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR; SILVA, 2013).
Portanto, para Figueiredo e Caggiano (2017), a Controladoria garante as
informações adequadas ao processo decisório, colaborando com os gestores
na busca da eficácia gerencial, estando associadas ao planejamento, ao
controle, à informação, à contabilidade e a outras funções.
O planejamento consiste na implementação e sustentação de um plano
interligado da empresa, segundo os objetivos operacionais e estratégicos.
O controle refere-se a criar, implementar e revisar modelos de mensuração
de desempenho norteadores da atuação da gestão. A informação descreve
elaboração, análise e interpretação dos resultados contábeis, operacionais
e financeiros para o uso pelos usuários internos, no processo decisório, e
pelos usuários externos, atendendo às exigências do governo e aos interesses
dos acionistas, das entidades financeiras, dos consumidores e da comuni-
dade em geral. Já a contabilidade representa o tracejo, a implementação e
a manutenção do sistema de contabilidade geral, em especial, o de custos,
em toda a empresa, controlando todas as transações financeiras, conforme
os princípios de contabilidade, as normas brasileiras de contabilidade e com
finalidades de controle interno. É função da contabilidade também preparar
as demonstrações contábeis financeiras para uso pelos usuários internos e
externos, de modo a evidenciar o desempenho e demonstrar o posiciona-
mento patrimonial. Por fim, as outras funções retratam a necessidade de
gerenciar todas as atividades que afetam o desempenho financeiro e opera-
cional da empresa; manter o relacionamento com os auditores internos e
externos, para contribuir para a aplicação de melhorias ao controle interno;
desenvolver e manter sistemas e procedimentos internos que visam melhorar
as metas; entre outras atividades.
As situações variam no que diz respeito à aplicação dessas funções essen-
ciais, no entanto, vale considerar que a informação aliada à condução do
comportamento organizacional pode ser o elemento diferencial na busca de
resultado da empresa. O controller tem isso como sua base norteadora na
aplicação de suas funções na busca da eficiência e eficácia organizacional.
15
Em sua atuação, ele é o gestor dos Sistemas de Informações Gerenciais
da empresa. A titulação de controller variará conforme as responsabilidades,
podendo ser aplicado em diversos cargos nas áreas administrativas, contá-
beis e financeiras. Segundo Oliveira, Perez Júnior e Silva (2013), a responsa-
bilidade e a remuneração desse profissional dependem do setor econômico
em que a empresa atua e também do porte da organização.
Em pequenas empresas, geralmente, o controller, por não dispor de
completa estrutura à sua atuação, acaba exercendo responsabilidades em
outras atividades, podendo mesmo intervir em tarefas de encarregados de
área, dependendo da necessidade. Nesse caso, é comum ele exercer habili-
dades em informática, finanças, departamento pessoal, etc. (OLIVEIRA;
PEREZ JÚNIOR; SILVA, 2013). Em outros casos, o controller pode ainda
ser conhecido por outras denominações, como Gerente Administrativo-
Financeiro, Gerente de Operações Financeiras e Gerenciais, etc.
De qualquer modo, dada a importância da Controladoria, especialmente
no que tange à sua implementação, monitoramento e controle, o controller é
tido como um profissional de alto nível na empresa, sendo de confiança para
os sócios e/ou acionistas.
Para Figueiredo e Caggiano (2017), visando à eficiência da gestão, o
controller possui o papel de zelar pela continuidade da empresa e das suas
operações, viabilizando as sinergias dentro da organização, promovendo a
atuação conjunta das equipes, de modo que as atividades sejam desenvol-
vidas para a organização obter resultados desejados. Cabe a ele manter a alta
administração informada sobre os rumos que a empresa esteja tomando, os
anseios dela e os caminhos que deseja seguir.
Cabe mencionar que o controller atua de maneira próxima à diretoria da
empresa, compreendo claramente suas perspectivas estratégicas. Ao mesmo
tempo, atua também junto aos departamentos e às áreas da empresa, tendo
uma visão operacional dos processos internos e das tarefas que são execu-
tadas na empresa. Pelo fato de possuir uma visão da diretoria (top-down) e
uma visão dos colaboradores na execução das operações (bottom-up), acaba
possuindo uma visão plena de toda a empresa por compreender a perspec-
tiva de todos os stakeholders internos da entidade. Isso lhe permite visua-
lizar possibilidades de conciliar os interesses estratégicos com as necessi-
dades operacionais.
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Questões para reflexão
Como o controller pode obter uma visão sistêmica na sua atuação? Que
tipo de recursos ele pode buscar? Quais atitudes pode ter e a quem ele
pode recorrer para compreender sobre os ambientes interno e externo?
Atividades de aprendizagem
17
a. à eficácia.
b. à eficiência.
c. à efetividade.
d. à economicidade.
e. ao controle interno.
18
Seção 2
19
etc., por meio de um sistema de informações que integre as várias funções e
especialidades. É justamente a partir desse contexto que esta seção se inicia.
20
definam sejam difíceis. Assim, uma empresa pode ser sensível às ações e
interações de outra empresa (ou outros stakeholders), podendo dificultar a
existência de sinergia ou altos níveis de relacionamentos interorganizacio-
nais. Podem ser citados como exemplos: os fornecedores; os clientes; os
sindicatos; os recursos humanos disponíveis no mercado; os concorrentes;
entre outros. O atributo principal dessa dimensão é que, no ambiente ,todos
os que nele atuam tentam aumentar o seu domínio por meio de suas ações,
de modo a alcançar vantagem competitiva sobre os recursos disponíveis.
As empresas crescem, tornam-se robustas, alcançam níveis desejados
de eficácia que permitem o privilégio de obterem resultados sustentáveis,
porém buscando ampliar suas influências, às vezes com ações oportunistas
sobre aqueles que atuam no ambiente. Dado que as variações e as ações são
distintas, cada empresa sofre efeitos distintos no que tange ao domínio opera-
cional, porque cada empresa é suscetível a enfrentar situações específicas.
Por isso, um comportamento de uma empresa pode ser visto como sendo
de confiança para algumas empresas e de oportunismo para outras, depen-
dendo do relacionamento interorganizacional. A relação de uma empresa
com um parceiro comercial pode ser favorável e, ao mesmo tempo, negativa
em relação às empresas concorrentes.
Como os gestores precisam lidar com esse tipo de fenômeno, cabe à
Controladoria monitorar atributos, como confiança, incertezas, oportu-
nismo, nível de relacionamento e custos de transação, porque é um desafio
para a empresa prever e se antecipar estrategicamente aos efeitos que as
variáveis ambientais e os comportamentos dos stakeholders podem acarretar.
21
barganha dos fornecedores, a ameaça de substitutos do produto, a ameaça da
possibilidade de novas empresas entrarem no mercado e o nível de compe-
tição entre as empresas existentes. Quanto mais intensas essas forças forem,
maiores podem ser os custos. As cinco forças, ilustradas na Figura 1.1, são
descritas a seguir.
Figura 1.1 | Forças competitivas de Porter
ENTRANTES
Poder de negociação Ameaça de novos
dos fornecedores
POTENCIAIS competidores
Concorrentes
FORNECEDORES COMPRADORES
na indústria
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momento de aquisição ou negociação de produtos ou serviços, menores
tendem a ser os preços praticáveis, menores os lucros e as rentabilidades.
23
sua operação. Quando os gestores das empresas atuam em direção oposta
ao funcionamento sistêmico dos ambientes internos e externos, eles ficam
sujeitos a tomarem decisões equivocadas.
Em suma, a empresa representa um conjunto organizado de recursos, o
qual pode ser entendido como um sistema aberto, que se subdivide em partes
ou subsistemas, as quais se inter-relacionam, visando atingir uma missão da
empresa e os objetivos previamente definidos. Os objetivos gerais da empresa
como sistema diz respeito ao seu ambiente, às mudanças constantes e às ações
comportamentais dos stakeholders no cumprimento da sua missão e obtenção
de resultados. Logo, o estabelecimento de diretrizes para a operacionalidade
e a promoção de instrumentos que permita a sinergia entre todas partes são
atitudes esperadas de uma organização que deseja atingir seus objetivos.
Numa visão sistêmica, a empresa, para ser eficaz, precisa ter eficiência na
utilização de seus recursos, caso contrário, é inviável o alcance dos objetivos,
em relação à sociedade, de forma totalmente ineficiente. Considerando a
empresa um sistema aberto pelas relações interorganizacionais, a organização
retira recursos do ambiente, processa-os, transformando-os em produtos e
serviços e devolve-os ao ambiente onde o seu público-alvo está estabelecido.
Em outras palavras, a empresa simboliza uma unidade produtora que:
a. Capta recursos do ambiente externo.
b. Organiza os recursos econômicos, sociais e humanos.
c. Transforma os recursos captados em produtos ou serviços.
d. Processa e transaciona produtos ou serviços com os stakeholders.
Na visão sistêmica, os conceitos de eficiência e eficácia se interligam,
embora sejam diferentes. A eficácia possui um caráter mais abrangente,
global, em maior amplitude, sendo obtida por meio de uma gestão de todo
conjunto da empresa.
A observância desse processo traz à tona a empresa como um sistema
aberto, que tem finalidades e funções próprias. Ela é um sistema aberto
porque interage continuamente com o ambiente, afetando suas variáveis
ambientais e sendo afetada por elas. Devido a essa interação, a empresa retrata
o bem-estar da sociedade, porque também gera riqueza, empregos etc. para
ela. Isso demonstra que a interação entre empresa e ambiente permanece em
constante mudança.
24
2.4 Subsistemas organizacionais
As áreas da empresa representam os meios indispensáveis à promoção
da sinergia equilibrada entre os seus subsistemas, de modo que contribua
para a execução dos objetivos e das intenções estratégicas da organização.
Sob uma perspectiva econômica e ampla, conforme menciona Catelli (2013),
é possível considerar seis subsistemas que compõem o sistema empresa, os
quais interagem entre si, visando ao cumprimento da missão da empresa:
Subsistema institucional: composto por um conjunto de crenças,
valores e expectativas dos proprietários e condutores do negócio da empresa,
expresso por meio de diretrizes que orientam os demais componentes do
sistema empresa aos resultados esperados. O subsistema institucional é
caracterizado pelos propósitos organizacionais e pela filosofia empresarial
que transcende todo o negócio.
Subsistema físico: compõe todos os elementos materiais ou recursos
físicos utilizados pela empresa, tais como instalações, equipamentos,
máquinas, imóveis e demais itens de imobilizado, os quais se fazem funda-
mentais para a execução das atividades operacionais que utilizam recursos
para fornecer produtos e/ou serviços. Em outras palavras, trata-se dos
conjuntos de recursos estruturais da empresa que possibilitam sua sobrevi-
vência no mercado. A existência de falhas nesse subsistema pode indicar a
falta de alinhamento às necessidades de produção e problemas de estocagem
de produtos.
Subsistema social: refere-se ao conjunto de recursos humanos na
empresa, composto pelas pessoas que nela atuam, bem como por todos os
seus atributos individuais, inclusive, motivacionais e comportamentais. É
considerado como um dos subsistemas mais complexos, justamente por
tratar dos aspectos inerentes à dimensão humana no ambiente organi-
zacional. Geralmente, esse subsistema possui os maiores problemas de
integração com os demais subsistemas, dadas as dificuldades de alinhamento
entre colaboradores e do emaranhado conjunto de atributos individuais que
envolvem as pessoas da empresa.
Subsistema organizacional (ou formal): representa a organização formal
da empresa, sendo expressa pela maneira com que ela está estruturada pelas
suas atividades departamentais, pelos seus níveis hierárquicos, pelas defini-
ções de amplitude e responsabilidades, pelo grau de descentralização das
decisões desejável e pela delegação de autoridade.
Subsistema de gestão: condiz ao processo de orientação da realização
das atividades operacionais da entidade empresarial, conforme seus propó-
sitos, que leva em conta a necessidade de planejamento, execução e controle
25
das operações. Abrange também aspectos da arquitetura do organograma da
empresa, suas formas de operacionalização, seus mecanismos de comuni-
cação entre gestores e colaboradores e a postura profissional no ambiente
de trabalho.
Subsistema de informação: composto pelas atividades de coleta, proces-
samento e geração de informações, essenciais à aplicação das atividades
empresariais e sua gestão. Tem como propósito apoiar a execução dos
processos administrativos e decisórios em todos os seus níveis.
É importante destacar que o cumprimento da missão da empresa, dos
objetivos empresarias e da estratégia organizacional depende da existência
de sinergia e integração entre os subsistemas, a qual se faz necessária para a
harmonia sistemática da empresa.
26
dois stakeholders, pode comprometer o real propósito da empresa ou levar a
decisões contrárias às diretrizes estratégicas.
Da mesma forma que as empresas se preocupam com a definição clara de
seus produtos e serviços oferecidos, para que se minimizem problemas opera-
cionais, a missão deve ser cuidadosamente definida, com objetivos e detalhes,
pois assim ela contribuirá para a gestão nortear suas decisões e fundamentar
as ações organizacionais, levando a empresa numa direção coerente com seus
objetivos. Isso permite que as estratégias sejam claramente compreendidas
por todas pessoas que contribuem para o sucesso organizacional.
Segundo Schmidt, Santos e Martins (2014), para que a Controladoria
contribua para o alcance da missão, torna-se essencial a explicitação das
principais crenças e valores das empresas, os quais representam atributos
dos sócios, proprietários ou executivos. Esses elementos balizam as ações de
como a missão deverá ser alcançada, pois definem limites a serem obser-
vados diariamente por aqueles que atuam na entidade.
27
Quadro 1.1 | Componentes de análises de declarações de missões
Componentes Questionamentos relacionados aos componentes
1 Clientes Quem são os clientes da empresa?
28
2.6 Modelo de gestão
As pessoas geram, transformam e conduzem ações orientadas pelo
modelo de gestão, para que os objetivos organizacionais sejam alcançados.
Os objetivos pessoais podem mover as pessoas a agirem segundo os seus
interesses, o que moldará os comportamentos individuais dentro da organi-
zação, afetando os resultados dela. Cabe à gestão saber lidar com isso, para
direcionar os comportamentos no processo de planejamento, execução e
controle, de modo a otimizar os desempenhos organizacionais.
De acordo com Nascimento e Reginato (2013), pelo conjunto de ações
das pessoas envolvidas na empresa, a organização planeja seu posiciona-
mento de mercado, realizando análises de pontos fortes e fracos, analisando
riscos, benefícios, custos e oportunidades. A partir do planejamento empre-
sarial, ela define as diretrizes a serem implementadas para o curto, médio e
longo prazo, considerando todos os recursos disponíveis.
O plano operacional se resume no orçamento, o qual se espera que
seja executado por todos aqueles que contribuem para o desempenho da
empresa, e no controle sistemático dos resultados realizados, visando otimi-
zá-los (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). A execução do plano opera-
cional é motivada pelo modelo de gestão da empresa, que demonstra os
interesses estratégicos dela, junto às crenças, aos valores e aos princípios,
sendo expresso, de maneira implícita ou explicita, nos comportamentos
individual e coletivo.
O modelo de gestão deriva das crenças, dos valores e dos princípios
dos sócios, proprietários ou executivos da empresa. As crenças e os valores
surgem das percepções que os executivos têm a respeito do que ocorre no
mercado e no mundo, considerando também seus desejos particulares.
A missão, as crenças, os valores e os princípios são conceitos que deter-
minam a cultura organizacional, a qual conduz à formulação de um modelo
conceitual estratégico a ser adotado pela gestão da empresa. Isso é denomi-
nado modelo de gestão.
Padoveze (2016, p. 65) define modelo de gestão como “o conjunto de
normas e princípios que devem orientar os gestores nas escolhas estratégicas
para levar a empresa a cumprir sua missão com eficácia”, sendo, portanto,
um produto do subsistema institucional que potencializa a ação da gestão no
cumprimento de seus objetivos. De outra forma, modelo de gestão consiste
numa representação concebida sobre como deve ser a realidade do funcio-
namento da gestão a ser exercitada na empresa, considerando as intenções
estratégicas (SCHMIDT; SANTOS; MARTINS, 2014).
29
Para Padoveze (2016), a estruturação do modelo de gestão deve consi-
derar os seguintes itens:
a. O processo de gestão do sistema empresa (planejamento,
execução, controle).
b. A avaliação de desempenho das áreas e dos gestores.
c. O processo decisório.
d. O comportamento dos gestores e suas motivações.
Atividades de aprendizagem
30
a. Clientes.
b. Produtos ou Serviços.
c. Tecnologia.
d. Sobrevivência, Crescimento e Lucratividade.
e. Preocupação com imagem pública.
31
Seção 3
Sistema de informações
32
3.1 Aspectos qualitativos da informação
A informação representa a associação entre os aspectos dos sistemas de
informações e as variáveis ambientais, sendo essencial para a comunicação. O
elemento básico da comunicação é o feedback, o qual se refere ao conteúdo
informacional que retrocede, de modo que sirva de controle para a função do
sistema, seja para dar um direcionamento ou manter uma situação desejada
(NASCIMENTO; REGINATO, 2013).
A informação transita partindo de um transmissor a um receptor, passando
por um canal de comunicação, fazendo parte de um sistema veiculado. Nele,
compreender os dados que são transmitidos e a informação em sua plenitude
com o mínimo nível de ruído informacional possível torna-se relevante para
uma comunicação eficaz. Um dado é considerando um elemento bruto, o
qual não possui significado suficiente ou carece de ser lapidado e analisado,
de forma a criar uma ação ou informação a ser veiculada. Informação é, por
conseguinte, representada pelo tratamento feito aos dados ou ao conjunto
de dados estruturados. Quando os dados são processados para representar
informações, a condução de uma empresa por meio de informações estra-
tégias, operacionais e gerenciais pode ser realizada pela gestão. A empresa,
por meio da Controladoria, deve definir a forma sobre como os dados são
coletados, armazenados e tratados para transformá-los em informação útil e
tempestiva aos usuários, porque assegura a sua qualidade.
A Contabilidade, na sua essência, contempla todos os elementos funda-
mentais do processo de comunicação. O sistema de comunicação contábil
é afetado pelas ações da gestão ou dos tomadores de decisão, causando um
efeito de realimentação no sistema (feedback).
A empresa, ao estabelecer um sistema de informação eficaz, considerará
esses elementos mencionados, contribuindo para o processo decisório. Isso é
chamado de Modelo de Informação, cuja essência está intrínseca ao modelo
de gestão. Os profissionais da empresa que possuam conhecimentos plenos
das atividades que ela desenvolve, a exemplo do próprio controller, devem
ter a liberdade para construir ou deliberar pelo modelo informacional a ser
utilizada pela empresa, desde que seja alinhado à estratégia e possibilite à
administração avaliar os desempenhos da organização como um todo.
À vista disso, a informação possui como um de seus objetivos propor-
cionar condições, com consciência, para o ato de decidir da gestão, gerando
benefícios aos cumprimentos dos objetivos estratégicos pela aplicação
eficiente de todos os recursos que, juntos, contribuem para o funcionamento
que qual precisa ser controlado.
33
As informações servem para preservar a continuidade da empresa e
suas operações internas e realizar avaliações gerais sobre o seu desempenho,
permitindo mensurar a realidade para compará-la ao que foi planejado, no
sentido de verificar a existência de inconformidades e constatar se as expec-
tativas foram atendidas. A respeito disso, a área da Controladoria contribui
no monitoramento desse desempenho, no direcionamento das informações e
na condução da gestão na busca da eficiência e eficácia organizacional.
A informação precisa agregar valor aos usuários da informação e à
Controladoria. O valor está inerente ao potencial da informação em influen-
ciar uma decisão, isto é, se a informação for capaz de fazer diferença no
processo decisório, ela pode ser considerada de utilidade. Sob uma visão
gerencial, a informação de utilidade é aquela capaz de conduzir a empresa
nas suas operações para obter resultados mais otimizados do que aqueles que
ela obteria se não a utilizasse.
A informação financeira é considerada um dos principais tipos de infor-
mação, visto que o seu conhecimento possui a capacidade de influenciar
os ambientes, atenuando incertezas e ações oportunistas de concorrentes,
modificando comportamentos e gerando condições para decisões satisfa-
tória, visando à vantagem competitiva.
34
e. Comparabilidade: a informação deve permitir que os usuários das
informações realizem análises comparativas.
f. Produtividade: a informação deve levar em consideração a relação
custo-benefício.
A Controladoria deve, por meio dos sistemas de informações, abastecer
seus usuários com informações de utilidade, contribuindo para o aumento
de suas habilidades no processo decisório. A comunicação contábil deve se
basear na criação de uma linguagem que seja capaz de convencer, influenciar,
motivar e controlar os comportamentos organizacionais. O êxito da área de
Controladoria depende da qualidade de seu processo de comunicação.
As ferramentas da informação apoiam as atividades operacionais, e a
comunicação passa por todos os níveis da gestão, da estratégia às operações,
em cortejo da comparação entre aquilo que foi planejado e realizado, permi-
tindo alinhamentos estratégicos. A comunicação eficaz permite que a gestão
coordene suas decisões de maneira sistêmica para melhorar o desempenho.
A qualidade do processo de tomada de decisão, por sua vez, depende do nível
de qualidade das informações e da qualidade da análise de dados, fundamen-
tais para a prática da controladoria.
35
2013). Isso ocorre pela facilidade de se captarem os eventos que ocorrem
para traduzi-los em relatórios, dando orientações às atuações da gestão.
Ressalta-se que os sistemas requerem a aplicação de tecnologia de informa-
ções na elaboração de produtos e serviços para contribuir para o alcance dos
objetivos estratégicos da empresa.
A qualidade das informações que transitam pelos fluxos de informa-
ções é afetada pela eficácia das decisões, a qual, por sua vez, é sensibilizada
pela qualidade de informações disponíveis nos sistemas informacionais. Os
relatórios gerenciais são os meios pelos quais a informação é comunicada
aos gestores, desde que considerados a partir dos registros e das análises de
dados sobre o conteúdo informacional das operações internas e das áreas
organizacionais. Os dados precisam ser captados para serem processados
pelos sistemas de informações, tais como: custos de produção, volume de
vendas, volume de recebimentos de clientes, montante de compras reali-
zadas, consumos de matéria-prima, etc.
Os sistemas de informações, em termos gerais, estão presentes em todas
áreas de uma organização. Quando se consideram as áreas de finanças e
contabilidade, eles costumam ser utilizados para fins preditivos, como prever
a capacidade de geração da receita e possíveis atividades empresariais, a fim
de determinar e assegurar os recursos para a saúde da empresa e a confiabili-
dade dos relatórios contábeis-financeiros.
Os Sistemas de Informações Contábeis (SICs) fundamentam os
gestores no processo de tomada de decisão com segurança e confiabilidade.
Eles englobam aspectos de gerenciamento e previsão de caixa, investimentos,
orçamentos, planejamento financeiro e operacional, sistemas de desem-
penho, entre outros. As informações histórias e atuais dos SICs permitem à
gestão ter a capacidade de realizar análises das atividades financeiras e opera-
cionais da empresa, projetar captação e consumo de recursos futuros, bem
como exercer o monitoramento e controle ao longo do tempo.
Como observa-se, o conjunto de informações significativo, propiciado
pelos SICs, é fundamental para o processo de tomada de decisão, que visa
à eficiência e eficácia da empresa. Nesses aspectos, os SICs podem auxiliar o
exercício da Controladoria na identificação de possíveis fatores que afetam o
alcance da eficiência e da eficácia organizacional.
De maneira geral, sob a ótica da controladoria, os sistemas de informa-
ções podem ser visualizados pela associação entre o Sistema de Apoio às
Operações (SAO) e o Sistema de Apoio Gerencial (SAG). O SAO responde
pelo processamento de dados gerados pelas operações internas, os quais
envolvem as transações, os processos internos industriais e as atuações
entre equipes de trabalhos. Já o SAG é responsável pelo fornecimento de
36
informações fundamentais para uma tomada de decisão com eficácia. Este
pode ser subdividido em tipos ou classificações de subsistemas efetivos para
a criação de informações: Subsistema de Informação Gerencial (SIG), que
se fundamenta em relatórios gerencias padronizados; Subsistema de Apoio
à Decisão (SAD), restritamente relacionado ao apoio interativo à decisão; e
Subsistema de Informações Executivas (SIE), que visa fornecer informa-
ções consistentes e úteis à gestão da empresa.
Para Schmidt, Santos e Martins (2014), os sistemas e subsistemas infor-
macionais podem ser estruturados, segundo o nível de informações em que
são gerados, da seguinte forma: a) sistemas de apoio à decisão; b) sistemas
de informações gerenciais; e c) sistemas de apoio à transação. A relação
deles é ilustrada na Figura 1.2, em relação ao tipo de informação que pode
ser gerado.
Figura 1.2 | Hierarquia dos sistemas de informações em relação ao tipo de informação
Sistema de SIE
apoio à decisão
Estratégico SAG
Sistema de SIG/SAD
Tá�co ou informações
Gerencial gerenciais
Sistema de
Operacional apoio à SAO
transação
37
do controle organizacional. Por essa razão, as funções da Controladoria
dependem da gestão dos sistemas de informações, porque a gestão de uma
empresa teria enormes dificuldades de atuar e promover a tomada de decisão
consciente se fizesse o gerenciamento de informações fora dos sistemas
(SCHMIDT; SANTOS; MARTINS, 2014). A Controladoria é responsável por
criar, desenvolver, estabelecer e manter sistemas de informações contábeis
(societária, de custos, gerencial) em todos os níveis da empresa, adequados
para a aplicação de controles internos.
A Contabilidade, por si só, representa um sistema de informação e
mensuração de eventos econômicos que afetam o processo decisório
(FIGUEIREDO; CAGGIANO, 2017), composta por uma série de atividades
ligadas, as quais envolvem observações, coletas, registros, análises e comuni-
cação das informações aos usuários por meio de relatórios.
Os SICs visam gerar informações que influenciam comportamentos
e ações por meio dos relatórios contábeis e gerenciais. A informação é o
elemento básico da tomada de decisão. Esses sistemas produzem informa-
ções financeiras e não financeiras, fundamentais ao controle patrimonial,
possibilitando aos usuários da informação, inclusive, à gestão, atuarem com
responsabilidade, conduzindo a aplicação dos recursos com eficiência.
Do ponto de vista gerencial, a informação contábil útil propicia as condi-
ções necessárias para a empresa atingir seus objetivos estratégicos. Nesse
contexto, a efetividade da informação contábil, por meio de um SIG para o
controle, pode ser mensurada pelo nível de alcance dos objetivos e das inten-
ções estratégicas (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 2017).
O SIC proporciona à gestão e aos usuários da informação uma visão
panorâmica sobre a organização, servindo de elo entre os outros sistemas
e subsistemas de informação, relacionando-se ao marketing, aos recursos
humanos, às pesquisas de desenvolvimento e à produção. Já o SIG consiste
na associação da tecnologia com lógicas racionais, que visa contribuir para
as funções de planejamento gerencial, controle, melhoria e avaliações das
operações internas da empresa, visando maximizar a eficácia e a eficiência,
pela garantia do alcance de resultados específicos e globais da entidade.
A Figura 1.3 demonstra um exemplo de SIC. As informações contá-
beis e orçamentárias são controladas, sendo confeccionadas e sintetizadas
em relatórios gerenciais (para usuários internos) e formais (para usuários
externos).
38
Figura 1.3 | Sistema de Informação Contábil
Gestores
Transações
Planos Programas
Realizações
Eventos
Previstos / Realizados Custos e
Sistema Orçamentário
Contabilidade
Decisão
Modelo de Mensuração Banco de dados
Modelo de Informação Planejamento / Realizado
Modelo de Decisão
Avaliação
Modelo de Gestão
Relatórios Gerenciais Relatórios Formais
Terceiros
Balanço Balanço
Fluxo de caixa Fluxo de caixa
Pré-orçamento
DRE DRE
39
que tange à geração de informações; e) é pautado em dados internos da
empresa; f) normalmente, como produto do sistema, gera relatórios de
controle operacional e gerenciais.
40
De maneira geral, os principais usuários do SIG são os gestores de nível
intermediário ou avançado. Por exemplo, pode-se citar os gerentes de vendas,
de produção, de recursos humanos, analistas de custos, entre outros.
41
sobre a empresa e sobre a tecnologia de informação, dada a necessidade da
construção e gestão dos sistemas de informações.
Por fim, a atuação proativa da controladoria no gerenciamento dos
sistemas de informação decorre do fato de que as empresas são dependentes
de sistemas de informações e dos investimentos necessários para mantê-los.
42
tempestiva e dinâmica, todavia, o uso de ferramentas de tecnologias de infor-
mações pode compensar a possível falta de flexibilidade nos fluxos informa-
cionais, tornando os controles eficientes quanto ao formato, ao acesso e à
segurança da informação.
Nesse sentido, é possível incorporar ferramentas de inteligências de
negócios que buscam unificar as múltiplas fontes de informações, conside-
rando suas naturezas, para que as estratégias e o modo de operação organiza-
cional sejam claramente definidos.
Atividades de aprendizagem
43
Fique Ligado!
• A Controladoria é responsável pelo planejamento, pela execução e
pelo controle do sistema integrado de informações gerenciais, opera-
cionais, orçamentários, financeiras e contábeis da empresa.
• A eficácia significa o cumprimento de objetivos previamente estabe-
lecidos, ao passo que a eficiência é o desempenho de uso dos recursos
para atender aos objetivos.
• A missão da Controladoria consiste em assegurar a eficácia da
empresa e zelar pela continuidade dela.
• O objetivo da Controladoria é criar, implementar e melhorar
processos internos e controles internos para alcançar a eficácia e efici-
ência organizacional desejada.
• A Controladoria tem por atribuição proporcionar o suporte informa-
cional necessário em todas as etapas do processo de gestão.
• O controller deve viabilizar a sinergia organizacional.
• O ambiente externo é compreendido como sendo o conjunto de
entidades que afetam ou são afetadas pelas atuações da empresa.
• As forças competitivas associam a estratégia da empresa ao ambiente
em que ela atua.
• A empresa é um sistema aberto porque interage continuamente com o
ambiente, sendo subdividida em subsistemas organizacionais.
• A missão sintetiza os valores e as crenças que guiam as ações e ativi-
dades da empresa.
• Modelo de gestão representa o conjunto de normas e princípios que
devem orientar os gestores nas escolhas estratégicas.
• Os sistemas de informações são um conjunto interligado de informa-
ções que apoiam as operações e funções de gestão empresarial.
• Modelo de informação representa o sistema de informação eficaz que
contribui para o processo decisório.
44
informações, fundamentais aos controles internos. A informação de utili-
dade, em atendimento aos ensejos da empresa, cria condições para a
aplicação do controle organizacional e do monitoramento das operações da
empresa por parte da Controladoria.
A empresa atua como sistema aberto, interagindo com o ambiente,
permitindo a eficiência e o alcance da eficácia organizacional. Do ponto de
vista do controle de gestão, a empresa se preocupa com o planejamento, a
execução e o controle, constituindo um processo de gestão. Isso depende do
feedback e das informações relevantes que a gestão obtém sobre a atuação da
empresa em relação ao que foi planejado.
Os sistemas de informações dão a base para a gestão atuar e tomar as
suas decisões em prol dos interesses da empresa em alcançar resultados. Os
Sistemas de Informações Contábeis são os responsáveis pelos registros de
todos os eventos da empresa, bem como pelo processamento de dados, que
vai gerar os relatórios contábeis e gerencias, subsidiando os usuários da infor-
mação tempestivamente. A Controladoria contribui para que os tomadores
de decisão se municiem de informações úteis, confiáveis e detalhadas sobre a
situação passada, presente e projetada da organização.
É de responsabilidade da Controladoria monitorar os desempenhos das
atividades e as operações internas para orientar as ações no âmbito organi-
zacional, visando ao alcance dos objetivos estratégicos da empresa. Ela
equilibra as visões da gestão e dos colaboradores, contribuindo para que a
empresa tenha uma visão sistêmica em todas as áreas, tendo em vista que sua
prioridade é buscar a eficácia e eficiência pela implementação e melhoria dos
controles e processos internos de todas as operações efetuadas na organização.
O pensamento sistêmico empresarial deve permear todos os profissio-
nais da empresa e todas as áreas, a fim de que a empresa possa atuar com
sinergia, preparada para se ajustar às mudanças constantes do ambiente.
Nesse sentido, a Controladoria auxilia e coordena todos os subsistemas
organizacionais envolvidos, visando otimizar a aplicação dos recursos. O
equilíbrio organizacional passa pelo conhecimento sobre impactos aderentes
ou adversos na cultura organizacional, refletidos no modelo de gestão, o qual
leva às ações eficazes da gestão.
Em um ambiente dinâmico, as empresas devem se preocupar com
processos decisórios de qualidade que considerem a informação de utilidade.
A Controladoria deve atender a gestão da empresa no sentido de prover
condições para que ela supere os desafios decorrentes de atuações de compe-
tidores, oportunidades e exigências do ambiente em que atua. Por fim, cabe
à Controladoria integrar as áreas organizacionais, avaliando o desempenho
45
organizacional, para sugerir correções de rumos no que tange à comparação
entre aquilo que foi planejado e realizado.
Acerca disso, a unidade destacou a importância do controller ao descrever
suas características e atribuições. Fica demonstrado, nesse ponto, que o
controle organizacional é fundamental para o processo de gestão e o plane-
jamento empresarial, sendo a informação um recurso imprescindível para a
eficácia, a eficiência e a qualidade na avaliação do desempenho.
46
2. O Sistema de Apoio às Operações retrata o subsistema de apoio à
transação, sendo composto pelos sistemas de processamento de informa-
ções transacionais, que ocorrem no cotidiano de uma empresa, incluindo
os seus fluxos de recursos. As características que devem ser consideradas na
aplicação desse subsistema são:
I. Possui poucos padrões, mas não sendo repetitivo quanto ao seu
funcionamento.
II. Não preserva a exatidão dos dados obtidos.
III. Possui baixa flexibilidade no que tange à geração de informações.
IV. É pautado em dados internos da empresa.
É CORRETO apenas o que se afirma em:
a. I e II.
b. II e III.
c. III e IV.
d. I, II e IV.
e. I, III e IV.
47
d. I, II e IV.
e. I, III e IV.
48
III. A Controladoria não projeta resultados econômicos e operacionais,
sendo isso atribuição dos acionistas.
IV. Uma das missões da Controladoria é assegurar a eficácia da empresa
pela otimização de resultados e pela integração dos esforços
conjuntos das diversas áreas.
Estão CORRETAS apenas as afirmativas:
a. I e II.
b. II e III.
c. III e IV.
d. I, II e IV.
e. I, III e IV.
49
Referências
CATELLI, Armando. Controladoria: uma abordagem da gestão econômica. 2. ed. 10. reimpr.
São Paulo: Atlas, 2013.
FIGUEIREDO, Sandra; CAGGIANO, Paulo Cesar. Controladoria: teoria e prática. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2017.
OLIVEIRA, Luis Martins de; PEREZ JÚNIOR; José Hernandez; SILVA, Carlos Alberto dos
Santos. Controladoria Estratégica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
PEARCE, J. A. I.; DAVID, F. Corporate Mission Statements: The Bottom Line. Academy of
Management Executive, v. 1, n. 2, p. 109-115, 1987.
PORTER, Michael Eugene. Competitive Advantage: creating and sustaining superior perfor-
mance. New York: Free Press, 1985.
SCHMIDT, Paulo; SANTOS, José Luiz dos. Fundamentos de controladoria. 1. ed. 2. reimpr.
São Paulo: Atlas, 2009.
SCHMIDT, Paulo; SANTOS, José Luiz dos; MARTINS, Marco Antônio dos Santos. Manual de
controladoria. São Paulo: Atlas, 2014.
Unidade 2
Planejamento estratégico
Caro leitor, nesta unidade, você está convidado a se aprofundar, pela
visão da Controladoria, nos aspectos iniciais do processo de gestão empresa-
rial. Destaca-se que o objetivo de assegurar a eficácia empresarial depende do
processo de gestão, descrito por um contínuo processo decisório. As discus-
sões desta unidade pretendem apresentar a você a essência, as características,
a utilidade e as aplicações do planejamento estratégico como fase primordial
dentro do processo de gestão. É com base no plano estratégico e na visuali-
zação dos objetivos de longo prazo que a Controladoria pode estabelecer o
suporte básico ao processo decisório da gestão empresarial.
A Controladoria compara os resultados obtidos pela execução das ações
estratégicas da empresa com aquilo que foi inicialmente projetado. Diante
disso, esta unidade discute pontos relevantes sobre a estratégia no âmbito da
Controladoria, como a necessidade empresarial de busca e manutenção de
vantagens competitivas e de posicionamento no mercado.
Ainda, no decorrer desta unidade, você entenderá que o planejamento
estratégico é de responsabilidade da gestão da empresa e que corresponde
à elaboração de objetivos, diretrizes e ações estratégicas, considerando as
variáveis externas e internas à empresa. Com isso, você descobrirá como a
estratégia concede a base para a Controladoria acompanhar o desempenho
da empresa. O planejamento estratégico é a porta de entrada para entender
as aplicações operacionais e os controles organizacionais da empresa que,
juntos, contribuem para a melhoria dos processos e controles internos.
Introdução à unidade
A busca da eficácia e eficiência do funcionamento da gestão organi-
zacional depende da atuação das empresas nos ambientes em que estão
inseridas. As organizações visam alcançar os resultados desejados, mas isso
apenas acontece se elas estabelecerem claramente suas estratégias e tiverem
consciência de suas vantagens competitivas. Num ambiente econômico,
competitivo e dinâmico, as empresas precisam ter visão sistêmica para
compreender suas forças e fraquezas, entendendo as ameaças e oportuni-
dades que afetam a maneira como atuam.
A partir desse conhecimento interno e externo, elas determinam suas
missões organizacionais, declarando aquilo que realmente são e o propó-
sito de sua existência. Entender isso permite a elas construírem, moldarem
e adaptarem suas estratégias conforme suas necessidades, dentro do modelo
de gestão. Nesse cenário, a Controladoria se insere ao exercer o papel de
coordenar a criação e a manutenção do planejamento estratégico.
Isto posto, a presente unidade deste livro está estruturada em três
seções. A primeira seção apresenta o modelo do processo de gestão, com
seus conceitos, aspectos e fases. Nela, são introduzidas, de maneira breve, as
fases de planejamentos estratégico e operacional, de execução e de controle.
No entanto, esta unidade dá foco ao planejamento estratégico, enquanto as
demais fases serão discutidas nas unidades seguintes deste livro.
A segunda seção abrange os aspectos da Controladoria Estratégica. Nela,
é demonstrado o papel da Controladoria no apoio contributivo à estratégia
empresarial. A estratégia corresponde a um conceito associado à necessidade
de obtenção e manutenção de vantagens competitivas pelas empresas. Por
causa disso, a seção contempla também os atributos relativos à gestão estra-
tégica de custos, como o posicionamento estratégico empresarial. Você verá
que a Controladoria abastece os responsáveis pelo Planejamento Estratégico
com informações úteis para apoiar o processo de análise, planejamento,
implementação e controle estratégico. Desta forma, ela provê o suporte estra-
tégico à gestão executiva.
Por fim, na última seção desta unidade, você é convidado a explorar os
detalhes da fase de planejamento estratégico com seus benefícios e utilidades.
Nesse momento, você verá que a elaboração do plano estratégico considera
uma consonância com a missão organizacional, uma análise ambiental
externa e interna, o estabelecimento de diretrizes e objetivos estratégicos,
além das metas estratégicas, fundamentais para a determinação dos rumos
desejados de longo prazo da empresa. Ao longo da seção, você compreenderá
os motivos que levam a gestão empresarial a criar e implementar um plano
estratégico, mas, principalmente, as razões pelas quais a empresa deve avaliar
suas estratégias, reformulando-as, se necessário. Todas as informações a
respeito disso estão representadas pelo Planejamento Estratégico, o qual será
estudado nesta unidade, constituindo-se como um importante instrumento
de orientação e controle de todas as atividades da empresa. A Controladoria
acompanha os momentos de concepção, implementação e avaliação de uma
estratégia, tendo em vista o aumento da eficácia e eficiência organizacional
na prática da gestão empresarial.
Seção 1
O processo de gestão
54
de maneira geral, podem ser divididas nas seguintes fases: planejamento,
execução e controle.
55
desempenho gerado pelas ações deve ser reavaliado periodicamente,
comparando-o com o desempenho desejado. Isso cria condições para a
melhoria do planejamento.
Define-se planejamento estratégico como o conjunto de objetivos, finali-
dades, metas, diretrizes fundamentais e planos para atingir esses objetivos,
coordenado de forma a definir em que atividade se encontra a empresa, que
tipo de empresa ela é ou deseja ser.
56
comportamento do cliente, a falta ou a disponibilidade de recursos do forne-
cedor, os níveis de atividade econômica, as mudanças nos cenários políticos,
o desenvolvimento tecnológico, entre outros, permitem ameaças ou geram
oportunidades. Avaliar isso leva a empresa a definir com consciência os
produtos e serviços que ofertará, os mercados em que atuará, os relaciona-
mentos com os fornecedores que desenvolverá, os canais de distribuição de
recursos que promoverá e a estrutura e produção que melhorará.
Diante disso, aparecem os cenários nos quais quais a empresa atuará com
seu planejamento, diretrizes, políticas e objetivos estratégicos. Por isso, é
importante entender onde a organização está e, para isso, fazer um diagnós-
tico de sua atual situação. Com isso, ela poderá pensar, por meio da missão,
dos objetivos e das políticas estratégicas, sobre onde deseja ir. Apenas assim
ela terá clareza para determinar os meios de alcançar os objetivos, colocando
em prática a estratégia. A Figura 2.1 ilustra o planejamento estratégico
organizacional com base nessa discussão.
Figura 2.1 | Visualização do planejamento estratégico
57
e metas estratégicas em aplicações práticas, associando o plano estratégico
às atividades empresariais. Geralmente, é expresso por meio do orçamento,
demonstrando os recursos requeridos para colocar em prática a estratégia
desenvolvida. Portanto, o planejamento operacional detalha em termos
viáveis aquilo que o planejamento estratégico propôs. O seu foco está na
previsão dos meios, das atividades e dos recursos que serão acionados para
possibilitar a realização de um objetivo.
O processo de planejamento operacional, segundo Catelli (2013), é
composto pelas seguintes etapas:
a. Estabelecimento de objetivos operacionais.
b. Definição dos meios e recursos.
c. Identificação das alternativas de ação.
d. Simulação das alternativas identificadas.
e. Escolha das alternativas e incorporação ao plano.
f. Estruturação e quantificação do plano.
g. Aprovação (validação) e divulgação do plano.
Todos os responsáveis das áreas funcionais da empresa devem participar
desse processo descrito, para refletir os pontos operacionais e as condições de
viabilidade da realização do plano e firmar o compromisso de cumprimento
das metas estipuladas.
58
com vistas a alcançar os resultados desejados, segundo as expectativas dos
seus proprietários (NASCIMENTO; REGINATO, 2013).
59
responsável pelo acompanhamento da execução dos planos validados, anali-
sando as decisões da gestão, revisando o planejamento quando necessário,
para a identificação de possíveis desvios, e sugerindo soluções corretivas do
rumo da entidade. Não é função da Controladoria realizar a correção dos
desvios, mas apontá-los, indicando caminhos para que os planos sejam
revistos. Para uma revisão de planejamento, ela deve gerar informações
suficientes para que a gestão faça as adequações, de modo a manter a viabili-
dade dos planos (OLIVEIRA, 2018).
Por isso, cabe à Controladoria criar os canais de comunicação para que
todos os níveis da administração, por meio de sistemas de informações
apropriados, tenham as informações sobre os planos. Além disso, ela deve
acompanhar a execução destes.
Embora o controle organizacional seja a última parte do processo de
gestão, aconselha-se que ele seja realizado concomitantemente ao desenvol-
vimento do planejamento estratégico, evitando que seja efetuado apenas no
final do processo estratégico na empresa.
Vale ressaltar que a realidade de cada empresa deve ser analisada dentro
do seu modelo de gestão e dos fatores ambientais, para que o procedimento
de elaboração do planejamento estratégico seja realmente bem conduzido.
Atividades de aprendizagem
60
2. O planejamento empresarial precisa estar apoiado no processo decisório
da empresa, uma vez que estabelece a sinergia organizacional, visto que todas
as áreas da empresa buscam alcançar os objetivos empresariais.
Diante disso, acerca do planejamento estratégico, avalie as afirmações a seguir.
I. O planejamento estratégico é elaborado no nível institucional, com
apoio da Controladoria, tendo um conteúdo detalhado e analítico.
II. O planejamento estratégico corresponde à realização e implemen-
tação efetiva das ações planejadas.
III. O planejamento estratégico contempla a análise das variáveis ambien-
tais internas, pela investigação das fraquezas e forças da empresa, e
externas, pela identificação de possíveis ameaças e oportunidades.
IV. O planejamento estratégico é o processo de transformar as intenções
e metas estratégicas em aplicações práticas.
À vista das afirmações apresentadas, estão corretas as afirmações:
a. I e II, apenas.
b. II e III, apenas.
c. I e III, apenas.
d. I, II e III, apenas.
e. I, III e IV, apenas.
61
Seção 2
Controladoria estratégica
62
impactarão no processo decisório, exigindo um profundo conhecimento da
empresa, dos negócios e do ambiente, além de uma visão sistemática.
Em uma empresa, a estratégia está associada ao modo como se aplicam
os recursos físicos, tecnológicos, financeiros e humanos, considerando a
minimização dos problemas internos e a maximização das oportunidades, as
quais, geralmente, não são controláveis (OLIVEIRA, 2018).
A estratégia empresarial implica na escolha de um caminho de ação para a
empresa como um todo. A Figura 2.2 demonstra que, por meio de um caminho
sinuoso, que pode ou não ser planejado num primeiro momento, a empresa
alcança o momento presente em certa situação para avaliá-la como base para
decidir sobre um caminho futuro. A avaliação disso acontece pela análise dos
pontos fortes e fracos (e, às vezes, alguns pontos neutros) da empresa. Por outro
lado, as oportunidades e ameaças, no ambiente empresarial, devem ser anali-
sadas. É mediante essas análises que a empresa consegue determinar a missão, os
objetivos e a postura estratégica, entendendo suas reais vantagens competitivas.
Figura 2.2 | Escolha de um caminho de ação pela empresa
Presente
Empresa
Oportunidades Ameaças ?
Ambiente
63
a sua sobrevivência, o seu crescimento e a sua lucratividade, que sintetiza sua
capacidade competitiva.
Ao estabelecer o planejamento estratégico como processo gerencial, a
Controladoria buscará acompanhar se sua execução está sendo efetiva. Para
isso, ela implementará sistemas de indicadores de desempenho para diagnos-
ticar problemas e verificar as medidas operacionais aderentes ao planeja-
mento estratégico. Essa função é muito importante, porque permite reunir
uma série de informações sobre a empresa, como monetárias, físicas, de
produtividade, de qualidade, de sustentabilidade, etc. Esse volume de infor-
mação, gerido por meio dos sistemas de informações, favorece a empresa
num ponto fundamental: verificar se os aspectos do planejamento opera-
cional estão de fato alinhados com as intenções do planejamento estratégico.
64
de execução. Por essa visão, para Oliveira, Perez Júnior e Silva (2013), a gestão
empresarial compõe um processo contínuo e cíclico de:
a. Criar estratégias.
b. Transmitir a estratégia, comunicando-a por toda a organização.
c. Desenvolver e estabelecer táticas para implementar as estratégias.
d. Desenvolver e implementar controles internos para aprimorar a
execução da estratégia, tendo em vista o sucesso no alcance das
metas estratégicas.
A continuidade da empresa pela aplicação do planejamento de longo
prazo depende da Controladoria. A competitividade existente, a globali-
zação e a abertura de relações comerciais exigem uma gestão cada vez mais
eficiente e eficaz quanto à realização dos propósitos organizacionais.
De modo a contribuir com a empresa e sua gestão executiva, a
Controladoria precisa exercer seu papel, apoiando e fornecendo as bases para
o processo de tomada de decisão da gestão no planejamento empresarial e no
controle das ações operacionais, comerciais, financeiras, fiscais, entre outras.
Por causa disso, a manutenção dos sistemas de informações é fundamental
para integrar as diversas áreas das empresas, as suas funções e capacidades.
Padoveze (2016) e Figueiredo e Caggiano (2017) definem a Controladoria
Estratégica como a atividade que abastece, com informações financeiras e
não financeiras, por meio dos Sistemas de Informação Contábeis, os respon-
sáveis pelo planejamento estratégico da empresa, com o propósito de apoiar
os processos de análise, planejamento, implementação e controle estratégico,
provendo o suporte estratégico.
É vital que os sistemas de informações estejam alinhados com as estra-
tégias organizacionais. Para isso, os seguintes pontos devem ser observados
pela Controladoria:
a. Atenção a todos os stakeholders (clientes, fornecedores, colabora-
dores, acionistas, sociedade em geral, entre outros).
b. Preocupação com as necessidades de longo prazo.
c. Inclusão dos indicadores operacionais aderentes ao planejamento
estratégico.
d. Uso de informações monetárias, físicas, de produtividade e de qualidade.
e. Consideração ao ambiente externo à empresa.
f. Análise de custos totais dos concorrentes.
65
g. Análise de rentabilidade dos produtos dos concorrentes.
h. Informações sobre o processo de gestão de preços de vendas
dos concorrentes.
i. Capacidade produtiva dos concorrentes.
j. Satisfação dos clientes em relação à concorrência.
k. Análise das razões de transações não efetivas ou perdidas.
l. Nível de satisfação dos colaboradores.
m. Reputação da empresa junto aos recrutadores e funcionários potenciais.
n. Indicadores de absenteísmo.
o. Indicadores de produtividade esperada.
p. Análise da evolução da qualidade dos fornecedores.
q. Análise da capacidade produtiva e saúde financeira dos fornecedores.
r. Nível de relacionamento e satisfação com os fornecedores.
s. Imagem e reputação institucional.
66
para a melhoria de resultados; c) uma prática de aprimoramento na capaci-
dade da empresa de criação de valores.
A GEC tem por objetivo assegurar uma vantagem competitiva às
empresas. Conforme Shank e Govindarajan (1993), ela compreende uma
análise vista sob um contexto mais amplo, em que os elementos estratégicos
se tornam mais conscientes, explícitos e formais. Segundo os autores, a GEC
resulta no conjunto de três temas, chamados de pilares, sendo cada um deles
extraídos da literatura em gestão estratégica:
a. Análise da cadeia de valor: conjunto de atividades de criação de
valor que se inicia de fontes de matérias-primas, básicas, passa pelos
fornecedores de componentes e termina após a entrega do produto
final ao consumidor.
b. Análise de posicionamento estratégico: corresponde à diferença das
escolhas de vantagens competitivas, definida pelo escopo estratégico.
c. Análise de determinantes de custos (cost drivers): são as causas
estruturais dos custos, mas podem ser compreendidos como escolhas
estratégicas que determinam um montante de custos. Por exemplo:
escala, tecnologia, complexidade, escopo, inter-relacionamento,
políticas, localização geográfica, fatores institucionais, etc.
67
dois tipos básicos de posicionamento estratégico para a busca de vantagem
competitiva podem ser considerados: Liderança em Custo e Diferenciação.
A força e a fraqueza de uma empresa definem se sua posição estratégica será
com foco em custo ou com foco em diferenciação.
À vista disso, a estratégia competitiva adotada pela empresa consiste em
um conjunto de ações especificas, desenvolvidas para criar vantagens compe-
titivas sustentáveis em produtos ou mercados específicos (PADOVEZE,
2016). Devido ao posicionamento da empresa, a vantagem competitiva
torna-se distinta e sustentável sobre a atuação dos concorrentes. O posicio-
namento da empresa para estabelecer sua vantagem competitiva dependerá
do ambiente em que atua e das forças competitivas de Porter (1985), como
também do conjunto de escolhas estratégicas que definem o escopo da estra-
tégia empresarial. É apenas com um escopo estratégico definido que seu
posicionamento se torna efetivo.
O posicionamento empresarial em custo ou em diferenciação visa à busca
por vantagens competitivas de amplo alcance no ambiente econômico.
A Liderança em Custo (também chamado de Baixo Custo) demonstra
uma atuação em relação aos concorrentes que busca aumentar o Market Share
(ou participação de mercado). Geralmente, ela acontece pelo uso de aborda-
gens, tais como: a) economias de escala de produção; b) efeitos positivos da
curva de aprendizagem; c) controles internos de custos de fabricação e de
despesas administrativas; d) minimização de custos em áreas como Pesquisa
e Desenvolvimento (P&D); e) sinergia entre força de vendas e publicidade.
Segundo Padoveze (2016), a Liderança em Custo acontece quando a empresa
consegue ofertar produtos a preços competitivos ou abaixo da média do
mercado, tendo lucros elevados, porque seus custos são menores que os
custos de seus concorrentes. Empresas que focam em ter baixos custos e alto
volume de vendas são propensas a terem esse posicionamento.
A Diferenciação visa diferenciar a oferta de produtos no mercado, de
modo que os clientes possam perceber, atribuindo valor, para que a dispo-
sição em obter tal produto seja contínua. Esse posicionamento gira em
torno da promoção da qualidade do produto, seja pela engenharia que
busca aprimorar a qualidade industrial do produto, seja pela criação de
valor agregado pela percepção dos consumidores. Esses tipos de abordagens
implicam na fidelidade à marca, por exemplo. A Diferenciação também pode
ser relacionada a atributos de qualidade dos serviços prestados, à qualidade
da oferta e ao status do produto. Quando há a criação de valor aos atributos
de importância para os clientes, estes ficam dispostos a pagar um preço
prêmio (aceitam pagar mais) pela diferenciação que o produto traz consigo.
Isso ocorre por causa de uma faixa de produtos ou serviços diferenciados,
68
que é projetada para criar um apelo a um segmento diferente ou focar apenas
em um único segmento (PADOVEZE, 2016).
69
Quanto ao preparo do planejamento estratégico, é papel da Controladoria
certificar que:
a. O planejamento estabelecido apoie as políticas, os objetivos almejados
da empresa e as escolhas estratégicas.
b. O planejamento seja realista e viável (por exemplo, uma quantidade
de vendas esperadas por vendedor, com base em históricos recentes).
c. O planejamento de produção apoie o programa de vendas.
d. O planejamento de produção esteja dentro das capacidades de produção.
e. Os níveis de gastos sejam proporcionais às atividades a eles relacionadas.
f. Haja fundos suficientes para as atividades projetadas (se não existir
uma quantidade suficiente de recursos, originários de capital próprio
ou de terceiros, o planejamento deve ser reprojetado em escala menor
para comportar a capacidade patrimonial da empresa).
Com o planejamento estratégico finalizado, a Controladoria apresenta o
plano aos gestores, para estes avaliarem, sugerirem alterações e o validarem.
É normal que, na prática, muitas reuniões aconteçam para viabilizarem
as discussões sobre as mudanças no planejamento estratégico. Por fim,
sugere-se que a apreciação e validação do planejamento estratégico seja feita
com consciência.
Atividades de aprendizagem
70
2. O plano estratégico corresponde ao planejamento que, ao considerar
a empresa nas relações com as variáveis ambientais, analisa as ameaças e
oportunidades, bem como seus reflexos na própria empresa, destacando seus
pontos fortes e fracos e criando as diretrizes estratégicas.
Quanto aos aspectos estratégicos, analise as seguintes frases.
1. A estratégia é um conceito ligado à ______.
2. As empresas buscam obter a ______ em suas atuações.
3. A estratégia, para ser efetiva, precisa sustentar a ______, e não
apenas alcançá-la.
4. A estratégia abrange um conjunto de ações que orientam, desen-
volvem e mantem a ______.
A mesma expressão preenche as lacunas de todas as frases. Trata-se da expressão:
a. Gestão empresarial.
b. Controladoria.
c. Vantagem competitiva.
d. Diferenciação.
e. Liderança em Custos.
71
Seção 3
Planejamento estratégico
72
operacional, podendo levar a uma sobrecarga de informações (muitas
delas sem utilidade) e a uma consideração inadequada de algumas alter-
nativas estratégicas, impactando na qualidade das decisões de distribuição
de recursos.
Um benefício importante do planejamento estratégico é facilitar decisões
que contribuem para a distribuição de recursos em suporte às opções estra-
tégicas (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2011). A Figura 2.3 mostra um
exemplo de como um processo de planejamento estratégico adequadamente
elaborado reduz um conjunto de opções de tal forma que os tomadores de
decisão sejam inteligentes quanto à distribuição de recursos durante a fase
operacional. Assim, o plano estratégico auxilia a empresa na compreensão
das implicações das decisões estratégicas para planos de ação em curto prazo.
Figura 2.3 | Seleção das opções estratégicas pelo planejamento
73
custoso. O consumo de tempo de elaboração do plano, geralmente, é consi-
derado como o gasto mais impactante.
O plano estratégico pode ajudar as empresas de diversas maneiras, mas
vale ressaltar o seguinte ponto: a gestão organizacional precisa estar conven-
cida da importância do planejamento estratégico. De outra forma, ele se torna
um mero exercício formal daqueles que o elaboram, tendo pouco efeito para
o processo decisório. Ele é essencial em empresas de grande e médio porte e/
ou que possuem complexidade. Em pequenas empresas estáveis, a compre-
ensão informal das direções de longo prazo da empresa ajuda no processo
de decisão sobre as distribuições de recursos, contudo, recomenda-se que
toda empresa tenha um planejamento estratégico, ainda que simples, desper-
tando com clareza a consciência das pessoas da empresa quanto aos propó-
sitos empresariais. Além disso, as incertezas ambientais sempre existirão, no
entanto, a existência de um planejamento estratégico permite uma flexibili-
dade para a empresa se ajustar às situações de mudanças ambientais.
74
3.3 Classificações de estratégia
As estratégias podem ser classificadas de diferentes maneiras. Oliveira
(2018) sugere uma classificação que pode ajudar no enquadramento das
empresas em diversas situações.
a. Quanto à amplitude:
Macroestratégia: corresponde à ação que a empresa vai tomar diante do
ambiente, considerando sua missão e seus objetivos, bem como o resultado
do diagnóstico estratégico.
Estratégia Funcional: corresponde à forma de atuação de uma área
funcional da empresa, normalmente correlacionada ao nível tático da empresa.
Microestratégia: refere-se à forma de atuação operacional, normalmente
correlacionada a uma meta da empresa, limitada a certo desafio.
b. Quanto à concentração:
Estratégia Pura: na qual se tem o desenvolvimento específico de uma
ação em área de atividade. Exemplo: oferecer mais serviços aos consumi-
dores, com o objetivo de neutralizar a alteração de preço de um produto por
parte de um concorrente importante.
Estratégia Conjunta: corresponde a uma combinação de estratégias em
várias áreas. Por exemplo: uma empresa fabricante de telefones celulares
pode adotar as seguintes estratégias simultaneamente:
• Aumentar as despesas com propaganda, caso o aumento dos
serviços aos consumidores não atinja os resultados desejados.
• Aprimorar a qualidade do celular, com aumento em despesas em
pesquisa e desenvolvimento.
• Manter o preço do celular, mas concedendo descontos por
quantidade comprada.
75
Estratégias externas à empresa: correspondem à descoberta de novas
oportunidades como consequência da ação de um concorrente.
Estratégias internas e externas à empresa (ou mista): correspondem à
interligação entre aspectos internos (controláveis) e externos (não controlá-
veis) da empresa.
e. Quanto aos recursos aplicados:
Estratégias de recursos humanos: referem-se à predominância de fatores
humanos em um grande volume de recursos.
Estratégias de recursos não humanos: referem-se à predominância de
aplicação de recursos materiais e/ou financeiros.
Estratégias de recursos humanos e não humanos (ou misto): referem-se
ao equilíbrio entre os dois tipos de recursos aplicados (materiais e humanos).
f. Quanto ao enfoque:
Estratégias pessoais: representam os valores, as motivações, as proteções
contra o ambiente hostil, os métodos de atuar no ambiente empresarial, as
técnicas para lidar com as pessoas e a execução de tarefas.
Estratégias empresariais: representam a ação da empresa perante seu
ambiente. Não confunda essa classificação com a macroestratégia vista
anteriormente, porque esta tem abordagem mais ampla.
76
e. As ações planejadas impactarão no futuro.
f. As incertezas sobre o controle da situação futura.
g. As percepções sobre o futuro podem não ser as mesmas para todos os
envolvidos no processo.
h. Todas as atividades do negócio, todos os períodos do planejamento e
todos os relacionamentos internos e externos.
i. Como será o setor de atuação da empresa.
j. Em quais mercados a empresa competirá.
k. Os concorrentes e parceiros potenciais no mercado.
l. Os produtos e serviços a serem ofertados no mercado.
m. Os clientes, suas necessidades, seus atributos e comportamentos.
n. O valor a ser oferecido aos seus clientes por meio de seus produtos
e serviços.
o. As vantagens competitivas que pretende obter no longo prazo.
p. O potencial de crescimento que pode afetar sua estrutura e seu porte.
q. A sua rentabilidade pretendida.
r. O montante de valor agregado aos acionistas.
O planejamento estratégico deve assumir um caráter determinístico que
o diferencia de uma simples previsão. A previsão implica na predição do
futuro em algum grau, mas sem a interferência pela aplicação de uma ação
futura por parte de quem planejou. O planejamento estratégico, por sua
vez, requer intervenção e aplicação de ações que, normalmente, envolvem
uma ação futura a ser tomada. Portanto, uma previsão pode predizer as
condições ou sinalizar possíveis ações futuras das empresas e outras forças
que atuam no ambiente econômico, tais como governos e concorrentes.
Contudo, aquele que planeja estabelece o curso de ação desejado para
atingir os objetivos da empresa.
A Controladoria contribui na construção do planejamento estratégico, visando:
a. Determinar a missão da entidade.
b. Selecionar os principais objetivos a longo prazo.
c. Desenvolver estratégias competitivas.
77
De acordo com Schmidt, Santos e Martins (2014), a Controladoria deve
focar nas seguintes atividades, no que diz respeito à elaboração do planeja-
mento estratégico:
Visão geral: nas áreas suscetíveis a análises financeiras ou econômicas, a
Controladoria deve preparar e analisar um material para ser disponibilizado
para a gestão executiva. Se verificar que algumas conclusões a que os execu-
tivos chegaram estão baseadas em informações errôneas, deverá interferir
para criar um novo plano mais consistente.
Missão organizacional: a missão será determinada a partir de um
profundo conhecimento das forças e fraquezas da entidade, das crenças e dos
valores dos responsáveis da empresa. Nas situações em que a Controladoria
identificar variáveis inconsistentes, deverá indicar as falhas e apontar suges-
tões alternativas.
Objetivos de longo prazo: todas as projeções de longo prazo devem
ser analisadas, considerando os cenários futuros identificados pela
Controladoria, para que todas as variáveis internas e externas sejam avaliadas
de forma consistente, considerando que a Controladoria tem conhecimento
sistêmico da empresa.
Desenvolvimento estratégico: na fase de desenvolvimento de estratégias,
o papel da Controladoria é o de auxiliar na geração de informações neces-
sárias, para que a gestão trace estratégias consistentes, contribuindo com
análises financeiras, para determinar estratégias, dar sugestões sobre variá-
veis macroeconômicas, custo, eficácia, desperdícios, taxas de inflação, etc.
A elaboração de um plano estratégico abrange os seguintes elementos:
a. A consonância com a missão organizacional.
b. As análises ambientais externa e interna, que incluem:
– A análise das variáveis ambientais.
– A análise SWOT.
c. O estabelecimento de diretrizes e objetivos estratégicos.
d. A determinação de metas estratégicas.
e. A avaliação das estratégias.
78
visão de longo prazo, a qual pode ser observada pelo número de anos. Não há
um limite temporal definido para o planejamento estratégico, porque isso varia
de empresa para empresa e de necessidade para necessidade. Contudo, no geral,
é razoável pensar o longo prazo como um período de cinco a oito anos.
O pensamento estratégico leva todos os profissionais da empresa a
pensarem sobre o que deve ser feito agora, para que os desejos estratégicos
possam se concretizar. O plano estratégico contém as intenções da empresa e
a maneira como ela deve proceder. A missão está incluída nisso, sendo ela a
razão central da existência da empresa, indicando os stakeholders que atende
com seus produtos e serviços no ambiente econômico. Em síntese, a missão
corresponde a uma esfera dentro do qual a empresa atua ou poderá atuar.
• Tecnologia de produção
Tecnológicas
Variáveis
Políticas
• PIB
• Inflação • Restrições de exploração
Econômicas
Variáveis
Variáveis
Sociais
79
A presença ou não dessas variáveis descreve o ambiente em que a empresa
deve atuar e sinalizar os possíveis cenários com os quais poderá lidar para
garantir sua sobrevivência, seu crescimento e sua lucratividade e o desenvol-
vimento das demais entidades que atuam ao seu redor. A maior parte dessas
variáveis não é controlável, mas impacta em outras variáveis que estão ou
que podem estar sob influência direta, como no caso dos relacionamentos
interorganizacionais do ambiente próximo. Este consiste no conjunto de
entidades que compõem os seguimentos dos quais a empresa atua e parti-
cipa. Por exemplo: fornecedores, clientes, concorrentes, consumidores, etc.,
como forma de relacionar a estratégia competitiva empresarial ao ambiente.
80
Figura 2.4 | Análise SWOT
Variáveis Internas
PONTOS FORTES PONTOS FRACOS
B C
RISCOS
Variáveis Externas
Capitalizar Melhorar
OPORTUNIDADES
D A
Monitorar Eliminar
81
3.8 Determinação de diretrizes e objetivos estratégicos
As diretrizes e os objetivos estratégicos são definidos com base nos resul-
tados da avaliação das variáveis ambientais. Eles representam os benefícios
tangíveis e duradouros da análise de algum cenário.
As diretrizes estratégicas influenciam e são influenciadas pela análise da
situação, por envolverem aspectos amplos de atuação da empresa que servem
como base para o direcionamento de toda a entidade. São importantes no
processo de determinação dos objetivos estratégicos globais. Elas significam
um conjunto de indicações de caráter amplo que direcionam o compor-
tamento da empresa como um todo e orientam o raciocínio no processo
decisório para a escolha dos objetivos estratégicos globais.
Veja alguns exemplos de diretrizes estratégicas:
a. Desenvolver produtos que permitam a racionalização dos procedi-
mentos e a desburocratização da administração, visando à redução da
mão de obra envolvida.
b. Racionalizar o processo de gestão interna, com ênfase na redução
de gastos e no aumento da produtividade, melhorando a relação
“custo-benefício”.
c. Descentralizar as atividades da empresa, enfatizando o replaneja-
mento do ativo fixo e a adoção de tecnologias adequadas às necessi-
dades do mercado.
d. Desenvolver uma sistemática de planejamento empresarial, a fim
de permitir melhor visão do futuro, maior flexibilidade de ações e
rapidez nas decisões.
Os objetivos estratégicos devem ser situados, com o intuito de alcançar
níveis de desempenho satisfatórios. Isso é possível pelas conclusões de
análises ambientais, nas quais estão apresentadas, a princípio, as ações
importantes que podem ser implementadas. Esses objetivos significam resul-
tados esperados a serem atingidos pela empresa num determinado período
e expressam as metas que a empresa quer atingir e o prazo. Os prazos estipu-
lados servem como parâmetros das metas para avaliar o grau de alcance dos
objetivos. Em suma, os objetivos estratégicos devem:
a. Representar uma necessidade real e coerente com a missão organizacional.
b. Representar uma prioridade dentro do conjunto de
necessidades estratégicas.
c. Serem claros, definidos, concretos e viáveis.
82
d. Serem desafiadores.
A definição de critérios para avaliar se os resultados planejados foram
obtidos dentro do prazo previsto pode ser complexa. Para alguns objetivos,
torna-se difícil determinar as bases de indicadores, no entanto, indicadores
que mensuram indiretamente os fatores que afetam o fenômeno podem
ajudar. O alcance de um objetivo estratégico que esteja associado à melhoria
geral na qualidade do produto da empresa, por exemplo, pode ser mensurado
pelo aumento do volume de clientes ou pela redução do nível de reclamações.
Os objetivos estratégicos representam tudo aquilo que é vital para uma
empresa para manter sua capacidade competitiva e aumentar as suas vanta-
gens em relação aos concorrentes atuais ou futuros.
83
Manter corresponde a uma meta estratégica que visa à manutenção ou
preservação da fatia de mercado conquistada e da posição competitiva na
qual a empresa se encontra. Para fazer isso, as organizações utilizam recursos
e aplicam táticas, buscando se proteger contra as ameaças dos concorrentes
no ambiente competitivo. As empresas que já possuem grandes participa-
ções em mercados ou participações de mercado consolidadas, geralmente,
adotam essa meta estratégica como meta de manutenção. É observável que o
fluxo de caixa dos que a adotam, na maioria dos casos, apresenta-se equili-
brado, ou seja, os montantes das entradas de recursos no caixa são equipará-
veis às saídas de recursos no caixa.
Colher implica na busca da maximização dos lucros e do fluxo de caixa,
mesmo que isso, às vezes, represente uma perda da fatia de participação de
mercado. Essa meta estratégica é comumente adotada pelas empresas que
possuem alta participação nos mercados de baixo crescimento, como o setor
de tabaco. Por causa dos poucos investimentos necessários, os fluxos de caixa
líquidos tendem a ser positivos.
84
Estratégia de Desenvolvimento de Mercado (segmentação): este
método de expansão de empresas refere-se à expansão geográfica dos
mercados interno e externo.
Meios Fins
85
b. A estratégia precisa estar alinhada aos aspectos externos da empresa.
Ela deve estar em conformidade com as condições ambientais da
empresa, tanto as atuais quanto as futuras, por meio de um processo
de mudanças contínuas. Deve haver consistência da empresa em
relação ao seu ambiente, porque desalinhamentos nesses aspectos
pode levar a empresa ao fracasso na atuação operacional e na
aplicação da sua estratégia.
c. A estratégia precisa estar alinhada à visão, aos valores, à missão, aos
cenários, à vantagem competitiva, à postura estratégica, bem como
aos objetivos, às metas e às políticas da empresa.
d. A estratégia precisa estar alinhada aos projetos, considerando os
recursos existentes e disponíveis na empresa. A Controladoria deve
orientar a gestão para que tome cuidado ao dimensionar os recursos
que a estratégia proposta pretende requerer, estipulando os recursos
críticos necessários às ações estratégicas.
e. A estratégia precisa estar alinhada ao nível de risco que a empresa
julga ser aceitável. Esse nível está associado aos recursos da empresa,
dado que, quanto maior for a quantidade de recursos de uma empresa,
maiores são os riscos que ela assume.
f. A estratégia precisa estar alinhada ao período de tempo necessário
para que os objetivos estratégicos sejam alcançados. Nesse caso, quanto
mais distante no tempo estiverem os objetivos e desafios considerados,
maiores serão o volume de mudanças que ocorrerão. Nesse sentido, é
útil que as estratégias sejam elaboradas para serem flexíveis.
g. A estratégia precisa estar alinhada às necessidades, aos desejos e às expec-
tativas dos proprietários, executivos e demais profissionais da empresa.
Atividades de aprendizagem
86
b. Refere-se a um diagrama de causas e efeitos que sintetiza as
falhas identificadas na empresa, voltado à elaboração indica-
dores de desempenho.
c. Representa, na forma de um quadro, os aspectos internos identifi-
cados pelo diagnóstico institucional (análise das forças e fraquezas)
e os aspectos ambientais externos (análise ameaças e oportunidades).
d. Corresponde a uma comparação estruturada dos principais aspectos
da empresa com referenciais de certificações de sistema de qualidade.
e. Corresponde a um histograma que demonstra, de maneira analítica,
os fatores críticos a serem enfrentados para o aprimoramento dos
processos internos da organização.
87
Fique Ligado!
• O processo de gestão consiste nas fases de planejamento, execução
e controle.
• A fase de planejamento compõe-se pelo estabelecimento de objetivos
estratégicos e operacionais.
• A fase Execução refere-se ao momento de execução das ações daquilo
que foi planejado.
• A fase Controle refere-se à verificação do que as ações propostas que
estão sendo realizadas representam devidamente para aquilo que
foi planejado.
• A estratégia empresarial determina as metas a longo prazo e os
objetivos de uma empresa, a adoção de ações e a aplicação dos
recursos necessários para alcançar essas metas.
• As vantagens competitivas devem ser obtidas e mantidas pela
atuação organizacional.
• A estratégia corresponde ao processo pelo qual a gestão empresarial
avalia as oportunidades e ameaças ambientais externas, a capacidade
organizacional e os recursos internos, de modo a decidir sobre as
metas e seus respectivos planos de execução.
• A Gestão Estratégica de Custos representa a associação entre o
processo de gestão de custo e o processo de gestão da empresa para a
obtenção de vantagens competitivas.
• O planejamento estratégico é de responsabilidade da gestão
da empresa.
• A Controladoria acompanha o processo de elaboração do planeja-
mento da empresa, promovendo sua criação, embora não seja sua
responsabilidade definir os cursos de ação da empresa.
• A elaboração de um plano estratégico envolve a consonância com a
missão organizacional, a análise ambiental externa e interna, o estabe-
lecimento de diretrizes e objetivos estratégicos, a determinação de
metas estratégicas e a avaliação das estratégias.
88
Para concluir o estudo da unidade
Nesta unidade, você conheceu as fases do processo de gestão, essenciais
à atividade da empresa. Destaca-se que a Controladoria tem por atribuição
proporcionar o suporte informacional necessário em todas as etapas do
processo de gestão, inclusive, no planejamento estratégico. Esta unidade deu
ênfase ao planejamento estratégico. Você aprendeu que as empresas devem
considerar suas forças e fraquezas, estando atento às ameaças e oportuni-
dades, pois essas variáveis afetam a atuação organizacional nos ambientes
em que atuam. Ao considerarmos a atuação da empresa, você pode perceber
que o posicionamento da empresa (Liderança em Custo ou Diferenciação) dá
fortes indicativos sobre como ela está no ambiente competitivo.
Num ambiente econômico, competitivo e dinâmico, as empresas visam
alcançar os resultados desejados e satisfatórios, conforme a proposta de suas
intenções estratégicas e operacionais da gestão empresarial. Nesse sentido,
elas precisam estabelecer de forma clara as suas estratégias, tendo consci-
ência de suas vantagens competitivas e uma visão sistêmica para compre-
ender todas as variáveis que giram ao seu redor e que fazem parte delas.
Ao entender isso, estabelecendo a missão organizacional, podem construir,
manter ou colher, conforme as metas estratégicas que forem estipuladas.
Toda estratégia deve ser estabelecida dentro do modelo de gestão.
Você também aprendeu que a Controladoria se insere nesse contexto ao
exercer o papel de coordenar a criação e a manutenção do planejamento estra-
tégico, o qual possibilita o acompanhamento das ações organizacionais, bem
como a identificação das contribuições obtidas para a alcance dos objetivos
da organização. O valor de um plano estratégico se expressa na síntese de um
conjunto de relatórios gerenciais que demostram à gestão executiva aquilo
que foi previsto e as ações estratégicas a serem tomadas.
O planejamento estratégico não corresponde somente a um instrumento
da gestão executiva da empresa, útil também para facilitar as interações da
empresa com o seu ambiente, mas serve também como uma valiosa ferra-
menta de controle gerencial interno. Contudo, o sucesso de sua aplicação
depende essencialmente do envolvimento e comprometimento de todos os
membros da organização com relação aos objetivos estratégicos estabele-
cidos e ao conhecimento dos meios operacionais a serem percorridos para
alcançá-los, sempre objetivando a eficácia e a eficiência organizacional.
89
Atividades de aprendizagem da unidade
90
Isto posto, avalie as seguintes asserções e sua relação proposta:
I. O Planejamento Estratégico representa um processo gerencial na
determinação de metas e objetivos de uma empresa, a adoção de ações
e a aplicação dos recursos necessários para alcançar essas metas, consi-
derando as variáveis ambientais internas e externas à empresa.
PORQUE
II. O planejamento estratégico gera um conjunto de diretrizes estra-
tégicas de longo prazo que norteia o planejamento operacional.
De maneira geral, envolve uma ação futura a ser tomada de algo
predeterminado inicialmente. Ele é essencial para o sucesso organi-
zacional no alcance de seus objetivos estratégicos e no suporte ao
processo decisório.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justifica-
tiva da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.
91
III. O planejamento estratégico é elaborado com base no direciona-
mento dado pelas diretrizes operacionais e pelos cenários analisados
no processo de planejamento operacional.
IV. O controle organizacional, de maneira simples, é conceituado
como a ação indispensável para assegurar a realização dos
objetivos, das metas, das estratégias, dos projetos e dos planos de
ação previamente estabelecidos.
Estão CORRETAS apenas as afirmações:
a. I e II.
b. III e IV.
c. I e IV.
d. II e III.
e. II e IV.
92
e. Os pontos fracos da empresa são variáveis ambientais externas que
podem prejudicar o alcance dos objetivos desejados, sendo, por causa
disso, monitorados pelos gestores.
93
Referências
CATELLI, Armando. Controladoria: uma abordagem da gestão econômica. 2. ed. 10. reimpr.
São Paulo: Atlas, 2013.
FIGUEIREDO, Sandra; CAGGIANO, Paulo Cesar. Controladoria: teoria e prática. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2017.
OLIVEIRA, Luis Martins de; PEREZ JÚNIOR, José Hernandez; SILVA, Carlos Alberto dos
Santos. Controladoria Estratégica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
PORTER, Michael Eugene. Competitive Advantage: creating and sustaining superior perfor-
mance. New York: Free Press, 1985.
SCHMIDT, Paulo; SANTOS, José Luiz dos; MARTINS, Marco Antônio dos Santos. Manual de
controladoria. São Paulo: Atlas, 2014.
SHANK, J. K.; GOVINDARAJAN, V. Strategic cost management: the new tool for competitive
advantage. New York: The Free Press, 1993.
Unidade 3
Objetivos de aprendizagem
Caro leitor, nesta unidade, você está convidado a descobrir os
desdobramentos do planejamento estratégico para aprender sobre o
planejamento operacional e financeiro. Você verá o papel da Controladoria
diante da necessidade de planejamento operacional e do estabelecimento
de orçamentos empresariais. A asseguração da eficácia empresarial e do
cumprimento das estratégias exige a criação e a implementação de planos
operacionais. O planejamento operacional traz consigo a clareza das ações
a serem praticadas. O orçamento empresarial, por sua vez, corresponderá
a essas ações pela expressão monetária dos recursos que são requeridos o
desenvolvimento organizacional. As discussões desta unidade pretendem
apresentar a você a essência, as características, a utilidade e as aplicações do
planejamento operacional como fundamento prático dentro do processo de
gestão. Com base no plano operacional e na perspectiva de ações de curto
prazo que a Controladoria pode acompanhar os rumos da organização,
sugerindo correções de rumos.
Do ponto de vista do orçamento empresarial, a Controladoria exerce
o papel de acompanhar se os valores projetados correspondem de fato aos
valores realizados. Dessa forma, ela avalia o resultado dessa comparação para
apoiar as áreas da empresa. Com isso, esta unidade apresenta os aspectos
teóricos e práticos do plano operacional no âmbito da Controladoria.
Durante a leitura, você verá que o planejamento operacional se
fundamenta pelas ações dos responsáveis das áreas e pela gestão de
recursos que a administração faz nessa atuação. Por fim, descobrirá como
a prática orçamentária fornece as peças básicas para a criação de sistemas
de desempenhos organizacionais. Por consequência, pelo monitoramento
das ações práticas, a melhoria contínua de controles e processos internos,
elementos do sucesso organizacional, pode ser alcançada.
Introdução à unidade
A busca da eficácia e eficiência empresarial inicia-se pelo estabele-
cimento do planejamento estratégico; após isso, estabelece-se o plane-
jamento operacional, o qual visa estabelecer as ações práticas a serem
tomadas pelas pessoas da empresa, cuja mensuração monetária expressa o
orçamento empresarial e financeiro. Quando se observam as necessidades
e as dificuldades do planejamento operacional, visualiza-se que os aspectos
orçamentários envolvidos, mesmo com as simplificações de representações
que modelos orçamentários podem assumir, demonstram a importância
do orçamento no contexto da gestão empresarial. A Controladoria atua,
nesse contexto, auxiliando os tomadores de decisão no estabelecimento de
orçamentos operacionalmente viáveis.
Nesse sentido, o orçamento empresarial pode ser compreendido como
uma ferramenta à gestão, que objetiva proteger a empresa contra riscos,
incertezas, ineficiências e desperdícios, inclusive, em graus que, às vezes,
decorrem das atuações operacionais normais da empresa, dado que o
ambiente econômico é mutável, dinâmico e desafiador.
Além de propiciar essa proteção, o orçamento deve contribuir para
identificar as oportunidades de mudanças nas operações internas e nos
processos internos. Assim, o orçamento empresarial serve de instrumento
para a prevenção e a proatividade da gestão empresarial.
A Controladoria possui o dever de assegurar a eficácia organizacional
em prol da eficiência, no que tange ao cumprimento de sua missão organi-
zacional. A empresa, por sua vez, deve adotar um sistema orçamentário que
contribua para o alcance dos objetivos empresariais.
À vista disso, esta unidade apresenta-se estruturada em três seções.
A primeira seção descreve o planejamento operacional e orçamentário,
abordando seus aspectos, conceituações e pressupostos, retratando as utili-
dades e limitações do orçamento empresarial. Nela, também é discutida a
relação do planejamento operacional com a estratégia da empresa.
A seção seguinte retrata os conceitos fundamentos do orçamento
empresarial, bem como os tipos de orçamentos. Nesta seção, você verá a
Controladoria pelas aplicações operacionais, tendo em vista seu papel no
processo de elaboração e implementação das peças orçamentárias.
A última seção desta unidade é destinada à apresentação das categorias de
planejamento e técnicas orçamentárias. Nela, você conhecerá a importância
dos suborçamentos e do papel dos responsáveis de cada área organizacional
na formação do planejamento operacional. Por causa disso, você acompa-
nhará o desenvolvimento de um caso que explora esses suborçamentos.
Aproveite a leitura desta unidade! Você está convidado a compreender
os detalhes de um planejamento operacional com os detalhes do funciona-
mento orçamentário empresarial. Os rumos desejados de longo prazo da
empresa, na prática, se concretizam pela execução dos orçamentos e das
ações operacionais. Você entenderá que as razões da avaliação do planeja-
mento empresarial passam pela revisão dos valores orçados em comparação
aos valores realizados. A empresa deve avaliar suas estratégias, reformulan-
do-as, se necessário. Como desdobramento das estratégias, o planejamento
operacional a ser estudado nesta unidade corresponde a um importante
instrumento de ação prática em todas as atividades da empresa.
Seção 1
Introdução à seção
A Controladoria, como área da organização, exerce uma atuação essen-
cial no que tange ao preparo e à elaboração do planejamento da empresa.
Ela atua pela captação de informações, organização e sistematização de
plano da organização para contribuir no estabelecimento dos orçamentos,
bem como na definição das responsabilidades dos planos criados. Cabe à
gestão da empresa definir as premissas orçamentárias, tendo como base o
planejamento estratégico desenvolvido, inclusive, os objetivos estratégicos
que a empresa pretende alcançar. E à Controladoria cabe o papel de criar,
implementar e acompanhar todo o processo de avaliação de desempenho da
empresa, decorrente do controle orçamentário, apoiando o estabelecimento
de orçamentos financeiros e empresariais na empresa.
A Controladoria visa acompanhar e avaliar as necessidades de estabe-
lecimento dos planos operacionais, no entanto, os gestores responsáveis
devem ser contundentes para contribuir para o planejamento operacional,
segundo as diretrizes estratégicas e as necessidades de cada área da empresa.
Deste modo, a Controladoria precisa criar um ambiente propício para que o
planejamento seja construído pelos gestores de forma harmônica, trazendo
à tona a visão sistêmica das operações da empresa. O planejamento, quando
validado e aprovado, torna-se um instrumento para ser utilizado no cotidiano
da empresa. Por meio do planejamento operacional, pode-se estabelecer
sistemas de avaliação e medição de desempenho para que por eles sejam
avaliadas as ações que foram implementadas, observando se aquilo que foi
inicialmente proposto está de fato sendo executado.
Esta seção introduz você aos aspectos iniciais do planejamento opera-
cional e também do orçamento empresarial. O planejamento busca definir
as ações a serem realizadas pelos setores ou áreas das empresas como etapas
essenciais para a execução do planejamento estratégico em toda a empresa.
98
demanda a adoção de planos de ações, expressos por meio dos orçamentos.
Por sua vez, o planejamento operacional refere-se à quantificação dos
recursos necessários e à definição orçamentária para se executar tais planos
de ações, visando ao alcance dos objetivos. Cabe ressaltar que todos os plane-
jamentos são acompanhados pelas ações da Controladoria.
O planejamento empresarial (estratégico e operacional) consiste no
estabelecimento de metas para períodos de longo, médio e curto prazos.
Nascimento e Reginato (2013) explicam que, em cada tipo de meta, há
certos níveis de detalhes quanto às operações a serem executadas. Quanto
menor for o período, mais detalhes devem apresentar os planos de ações
por meio das demonstrações projetadas, tais como o Balanço Patrimonial,
a Demonstração do Resultado do Exercício e a Demonstração dos Fluxos
de Caixa Projetados. Os planos de ações operacionais mencionados nesse
contexto correspondem aos orçamentos de investimento, de marketing, de
produção, de vendas, etc.
99
a. Planejamento: corresponde à maneira como a gestão e a empresa
pretendem alcançar os objetivos desejados.
b. Organização: corresponde à gestão dos recursos da empresa, que
devem estar dispostos de maneira a favorecer o alcance dos objetivos
empresariais com eficiência e eficácia.
c. Controle: corresponde à segurança de que as energias e ações da
gestão e de todos os colaboradores subordinados estejam alinhadas à
execução dos objetivos empresariais.
A tarefa de elaborar o orçamento é de toda a organização, pois cada área
possui responsabilidades e metas a serem alcançadas, as quais devem ser
harmônicas com os propósitos da empresa. Do ponto de vista da gestão e
da Controladoria, o processo orçamentário constitui-se num instrumento de
acompanhamento do desempenho organizacional e asseguração de análise,
correção e controle de desvios entre aquilo que foi planejado e aquilo que
foi realizado.
Orçamento significa a expressão quantitativa e formal dos planos da
gestão empresarial que serve para auxiliar a coordenação e a implementação
desses planos, sem perder de vista o foco da empresa e o processo de tomada
de decisão. O orçamento global da empresa sintetiza os objetivos de todas
as unidades de negócios e áreas de uma organização (vendas, produção,
logística de suprimentos das matérias-primas, distribuição dos produtos
acabados, finanças, investimentos em tecnologias de informática, etc.). Dessa
forma, como instrumento, ele traz a definição quantitativa dos objetivos
que foram estabelecidos e o detalhamento dos elementos necessários para
alcançá-los, permitindo, ainda, o controle do desempenho organizacional
e orçamentário. A criação do orçamento fundamenta-se na existência do
planejamento estratégico da empresa após os desdobramentos iniciais do
planejamento estratégico.
100
que atenderão às necessidades da empresa, fornecendo maior precisão no
processo de elaboração do orçamento empresarial.
Com essa consideração, é possível definir o orçamento empresarial como
sendo a quantificação do planejamento operacional. Serve para definir metas
quantitativas de receitas, despesas, ganhos e perdas, estabelecendo projeções
de fluxos de caixa e de patrimônio da empresa.
A elaboração do orçamento empresarial sugere a criação de um modelo
de gestão útil para projetar o futuro da empresa. O orçamento, por ser
estimado, não é preciso, mas auxilia na execução e concretização das
diretrizes apontadas pelo planejamento estratégico da empresa. O orçamento
empresarial corresponde à parte mais detalhada de um planejamento organi-
zacional, o qual se inicia pela elaboração do planejamento estratégico,
avaliação da missão organizacional e visão da empresa e definição dos seus
objetivos (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). Esses atributos envolvem
o processo de criação do modelo de gestão da empresa, o qual é único em
cada empresa. Por conta desse fator, o processo de planejamento empresarial
difere em cada empresa, e o próprio formato do orçamento empresarial é
moldado pelo modelo de gestão e pelos aspectos dela, como consequências
do planejamento operacional estabelecido inicialmente.
O planejamento operacional é preparado segundo o direcionamento das
diretrizes estratégicas e os cenários analisados no processo de planejamento
estratégico, correspondendo à identificação, integração e avaliação das alter-
nativas de ação, bem como à estipulação de um plano a ser estabelecido
(CATELLI, 2013). O planejamento operacional destaca a prática das ações a
serem tomadas para se alcançarem os resultados desejados. Logo, envolve o
processo em que as decisões operacionais são tomadas por antecipação pelo
envolvimento de toda a gestão. A expressão monetária dessas ações opera-
cionais corresponde ao orçamento empresarial, o qual, ao mesmo tempo,
retrata o compromisso de execução das atividades pela gestão. Além disso,
o orçamento viabiliza o controle organizacional para a gestão e o controle
orçamentário para a área da Controladoria.
Veja o Quadro 3.1, que resume os aspectos mais importantes inerentes ao
planejamento e controle orçamentário de uma organização:
101
Quadro 3.1 | Diferença entre planejamento operacional e orçamento
Planejamento Orçamento
É a definição prática e operacional do É a expressão monetária do planejamento
futuro desejado e meios mais eficazes para operacional.
alcançá-lo.
102
formulação dos objetivos, viabilizando a sua participação no controle
orçamentário e na análise de desempenho.
Segundo Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), de maneira resumida, os
objetivos orçamentários principais do orçamento são:
a. Projetar de forma integrada e estruturada o resultado econômico e
financeiro de um processo de planejamento.
b. Controlar o desempenho, tendo em vista os objetivos e as metas
estabelecidas para o acompanhamento das variações orçamentárias.
Os objetivos apresentados são inalcançáveis se as seguintes premissas,
observadas no Quadro 3.2, não forem consideradas no processo de elaboração
do orçamento empresarial.
Quadro 3.2 | Premissas orçamentárias
Premissas Descrição
Projeção para o O orçamento irá estabelecer metas com base em estimativas de
futuro montantes de investimentos, receitas, despesas, ganhos e perdas,
considerando aspectos passados e presentes.
103
1.4 Relação com o planejamento estratégico
O planejamento estratégico implica no modo de pensar e decidir sobre
a natureza e a dimensão dos programas e ações operacionais a serem execu-
tados durante a aplicação das estratégias organizacionais (ANTHONY;
GOVINDARAJAN, 2011). As ações para estabelecer o planejamento estra-
tégico e preparar o orçamento compõem a necessidade do planejamento,
embora os tipos de atividades possam ser distintos em ambos os casos. O
orçamentário, normalmente, concentra-se em um único ano ou num curto
período, ao passo que o planejamento estratégico se concentra nas atividades
que se estendem pelo longo prazo. O orçamento depende de um plano estra-
tégico porque as diretrizes estratégicas fornecem a base na qual o orçamento
se desenvolve. O orçamento corresponde, num certo sentido, a uma parcela
de curto prazo da estratégia estabelecida, mas o processo orçamentário
envolve muito mais fatores do que apenas o estabelecimento de períodos
para a execução de atividades.
Em essência, o planejamento estratégico constitui-se por produtos ou
programas a serem executados, enquanto o orçamento é mais analisado por
centros de responsabilidade. Essa reorganização do programa é fundamental
porque o orçamento serve para motivar o desempenho de um gerente antes
do fato e para a avaliação de desempenho após o fato.
104
com as últimas informações disponíveis, sendo baseado na decisão da
gestão de todos os níveis da empresa. A primeira definição orçamentária
pode revelar o desempenho global da empresa desejado pela empresa e o
desempenho que não seria satisfatório. Essa análise permite a melhoria do
desempenho antes da execução de alguma operação específica.
Coordenação: os gestores de cada centro de responsabilidade da empresa
podem contribuir na preparação do orçamento. Por causa disso, é normal que,
quando todos os envolvidos reúnem as peças em um plano geral, surjam diver-
gências. Uma delas é a possibilidade de os planos de produção não estarem
concisos com a quantidade de vendas planejada. Os planos para a distribuição
de produtos finais, por exemplo, podem ser incoerentes com os planos das
fábricas no que tange à entrega de componentes para os produtos. É necessário
que, durante o processo de elaboração orçamentária, tais incoerências sejam
identificadas e resolvidas (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2011).
Estabelecendo responsabilidade: o orçamento validado e aprovado
deve esclarecer pontualmente a responsabilidade dos gestores (ANTHONY;
GOVINDARAJAN, 2011). Além disso, o orçamento autoriza os gestores
a gerirem valores específicos para certas finalidades sem a solicitação de
aprovação às autoridades superiores.
Base para a avaliação de desempenho: o orçamento concede as bases
para a avaliação de desempenho porque representa um compromisso
alinhado aos interesses da empresa. O orçamento define a responsabilidade
de cada área e o centro de responsabilidade empresarial, por exemplo, para
as áreas do marketing. Em cada área, o orçamento estabelece a responsabi-
lidade para cada centro, por exemplo, os escritórios de vendas regionais na
organização de marketing.
Nascimento e Reginato (2013) complementam essa lista de utilidades
com menção a outros pontos. Segundo eles, o orçamento é uma ferramenta
para a gestão empresarial porque permite o acompanhamento das atividades
operacionais e a observância contínua das variações do volume de receitas,
custos, despesas e investimentos. O orçamento é como se fosse uma bússola
que orienta a gestão na condução das atividades da empresa quanto ao que
deve fazer para obter os resultados desejados com eficiência e eficácia. Isso
se torna viável pela possibilidade de que a adoção do orçamento permite
criar e acompanhar o passo a passo da otimização do consumo de recursos
e da determinação do nível de atividades e de resultados econômicos. O
orçamento permite à gestão se precaver contra desequilíbrios entre receitas e
gastos, viabilizando a tomada de decisões antecipada, a fim de corrigir rumos
e falhas da empresa; também, estimar seus limites, procedendo ao processo
105
de tomada de decisões coordenadas que otimizem resultados econômicos ou
identifiquem os fatores limitadores para que isso ocorra.
É desejável que o orçamento seja segmentado em áreas de atividades,
cujo detalhamento visa dar à gestão visibilidade suficiente para que atribua
claramente a parcela de responsabilidades dos gestores dentro do plane-
jamento. Um completo detalhamento do orçamento auxilia a gestão, por
meio da atuação da Controladoria, a orientar e acompanhar os resultados
das ações dos gestores durante a execução orçamentária. Isso concede à
Controladoria a capacidade de auxiliar no processo de tomada de decisão de
maneira apropriada, orientando com informações sobre os desempenhos das
diversas áreas organizacionais e demonstrando aquilo que se planejou e se
realizou, verificando se as responsabilidades designadas estão sendo de fato
cumpridas, conforme a expectativa da empresa.
Nesse sentido, o orçamento serve como um instrumento de validação
da estratégia. Uma vez que ele quantifica a estratégia da empresa, permite
avaliar eventuais desvios entre aquilo que foi planejado e aquilo que foi reali-
zado, identificando falhas operacionais e de estratégias. A identificação de
falhas permite que medidas corretivas sejam tomadas para não prejudicar o
desempenho organizacional.
106
deseja alcançar. Essa limitação pode ser neutralizada pelo zelo da gestão
organizacional na adoção de premissas coerentes.
Outra limitação está no fato de que os orçamentos podem conter
excessos introduzidos por gestores. Alguns gestores podem modificar seu
próprio comportamento na proposta orçamentária, visando se pouparem da
explicação de eventuais desvios durante a execução do planejamento. Essa
restrição pode ser minimizada pela aplicação de rigor e critérios adotados
no momento da elaboração do planejamento orçamentário. A aplicação de
mecanismos de controle, por ser de avaliação de desempenho, reduzem
esse risco, mas deve-se observar que, dependendo do ambiente de controle
da empresa, o orçamento tem o potencial de estimular conflitos de agência
danosos à empresa.
A existência de um orçamento exige um ambiente de controle forte. Alguns
custos administrativos podem aumentar para que isso aconteça, no entanto, o
controle deve existir de qualquer forma, pois, caso não exista, corre-se o risco
da perda da noção sobre aspectos fundamentais de toda a gestão.
Uma das principais limitações do orçamento está no fato de que sua
elaboração reflete um ensejo futuro baseado no cenário visto na situação
atual da empresa, ou seja, o orçamento é como uma trajetória escrita a
partir de um retrato fotográfico, preparado mediante a análise das variáveis
ambientais (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). Durante a execução do
orçamento, as variáveis ambientais podem se comportar de forma diferente
do esperado. Algumas vezes, o cenário empresarial pode ser mais favorável
à atividade operacional da empresa do que àquele concebido durante elabo-
ração do orçamento. Isso implica compreender que a empresa poderia obter
resultados mais satisfatórios do que aqueles previstos inicialmente.
Atividade de aprendizagem
107
d. Sistemas de medições de desempenho.
e. Controle gerencial.
108
Seção 2
Orçamento empresarial
Introdução à seção
O estabelecimento de um orçamento empresarial exige clareza quanto
aos seus fundamentos. O orçamento empresarial está subjacente ao plane-
jamento empresarial. A Controladoria busca a todo instante examinar com
cuidado os orçamentos de todas áreas da empresa, acompanhando a execução
orçamentária e analisando-os para entender possíveis desvios de propósitos
organizacionais. Também, busca compatibilizar as projeções de cada área,
reunindo-as numa perspectiva global da empresa ou num plano mestre
que demonstre todos os resultados desejados pela gestão empresarial. Em
outras palavras, o orçamento empresarial demonstra a eficácia e a eficiência
desejada pela organização na sua atuação e no ambiente competitivo. Com
base nisso, os profissionais das áreas funcionais da empresa e a Controladoria
podem avaliar os impactos econômicos, de fluxos de caixa e patrimoniais.
A sobrevivência, o crescimento e a lucratividade da empresa no mercado
pelo uso do orçamento empresarial dependem do adequado estabelecimento
do plano. Por isso, conhecer os tipos de orçamentos e suas aplicabilidades
torna-se essencial. Se o tipo de orçamento não for adequado e não atender
à necessidade da empresa, as ações dos gestores não contribuirão para o
planejamento estratégico, e as tomadas de decisões tornam-se equivocadas,
sendo frustradas.
Diante disso, esta seção visa apresentar os tipos de orçamentos, trazendo
as considerações do papel da Controladoria no processo de elaboração do
orçamento e discutindo os requisitos necessários a serem considerados
durante a elaboração do orçamento. Além disso, você aprenderá que o
processo de implementação e elaboração do sistema orçamentário é a base
para uma gestão eficiente dos recursos empresariais.
109
Orçamento de Tendências (ou Incremental)
É comum a prática organizacional se pautar em dados históricos para
estabelecer projeções futuras de situações e eventos. O Orçamento de
Tendências, também conhecido como Orçamento Incremental, consiste na
aplicação de dados passados para criação de projeções de situações futuras.
Ele toma como base o orçamento passado, de modo tal que permita os ajustes
nas contas orçadas para mais ou para menos, conforme a necessidade, para
assim definir um novo orçamento empresarial.
Em geral, essa prática traz resultados positivos porque eventos passados,
muitas vezes, decorrem das estruturas organizacionais existentes, e isso
eleva a probabilidade de eventos semelhantes se repetirem, considerando a
inserção de novos elementos operacionais. Assim, a execução do Orçamento
de Tendências exige a análise de eventos passados e do conhecimento da
própria empresa para compreender quais eventos serão recorrentes, a fim
de ser replicado no orçamento. Deve-se ponderar que a empresa poderá ter
eventos futuros, pelos quais ainda não há bases definidas de estimativas para
mensurar. Eventos novos que não possuem históricos devem ser mensurados
utilizando outras bases e artefatos gerenciais. Da mesma forma, existirão
eventos futuros que não terão um passado em que possam se basear as novas
estimativas. Nesses casos, eles deverão ser orçados de outra maneira.
Orçamento Base Zero
O Orçamento Base Zero, como proposta conceitual, surgiu como uma
contraposição ao Orçamento de Tendências (PADOVEZE, 2016). A ideia
por trás dele está no rompimento com o passado e as informações histó-
ricas. Esse tipo de orçamento retrata que a definição orçamentária nunca
deve partir da observação de dados históricos porque eles seriam ineficientes
para atender às necessidades futuras e poderiam preservar a continuidade de
falhas orçamentárias ao longo do tempo.
Segundo Padoveze (2016), o Orçamento Base Zero visa rediscutir as áreas
funcionais da empresa em todas as vezes que se prepara o orçamento, levan-
tando questionamentos sobre cada gasto e estrutura, visando checar a real
necessidade de cada recurso. Nessa perspectiva, as atividades da empresa
devem ser discutidas na empresa, não em função dos montantes de recursos,
mas em função de seu propósito de existência para a contribuição na estra-
tégia empresarial. Quando uma atividade é definida quanto ao seu propósito
e existência, é realizada uma análise, partindo do zero e sem a utilização de
bases anteriores para definir os montantes de gastos para a estruturação e
manutenção da atividade, as metas e os objetivos. Nessa lógica, a aplicação
do Orçamento Base Zero está associada aos conceitos de custo padrão. Numa
110
aplicação mais profunda, esse tipo de orçamento pode levar a discussões
de reengenharia, isto é, a uma discussão quanto à definição de processos
internos da empresa.
111
Assim, o Orçamento Flexível pode ser compreendido como um conjunto de
orçamentos ajustáveis a qualquer nível de atividades, conforme a necessidade.
No Orçamento Flexível, os valores orçados podem sofrer mudanças ao
longo da execução orçamentária. Esse tipo de orçamento permite estimar
os gastos e investimentos nas atividades organizacionais, viabilizando uma
análise abrangente das possíveis variações. Com isso, tem-se uma visão
analítica das variáveis por áreas ou atividades e a aplicação de correções
pontuais e robustas no caso de mudanças expressivas nos níveis de atividade
de produção e venda.
A flexibilidade orçamentária permite a checagem dos itens, das ativi-
dades e de possíveis desvios em relação ao previsto, facilitando a investigação
de motivos para a ocorrência desses desvios. Isso pode ser verificado ao se
analisarem as mudanças em gastos variáveis e o preço de vendas, que podem
não ter a mesma proporcionalidade (NASCIMENTO; REGINATO, 2013).
Portanto, o fundamento base para a preparação do Orçamento Flexível
está na separação entre custos fixos e variáveis. Os custos e despesas variá-
veis (gastos variáveis) acompanham o nível de atividade (volume de
vendas), ao passo que os custos e despesas fixos (gastos fixos) são tratados
de maneira tradicional, pelo orçamento estático, observados pelo Sistema
de Custeio Variável. Essa classificação acurada entre gastos variáveis e fixos
é fundamental para que a aplicação do orçamento crie o efeito desejado
(NASCIMENTO; REGINATO, 2013).
O Quadro 3.3 apresenta um exemplo sintético de Orçamento Flexível.
A possibilidade de uma mensuração unitária dos gastos permite a aplicação
do enfoque do Orçamento Flexível. Ao associar os valores unitários aos
volumes propostos, é possível gerar diversos orçamentos flexíveis, conforme
necessário. Os gastos fixos continuam sendo apresentados dentro do enfoque
tradicional do orçamento, que é o Orçamento Estático.
112
Quadro 3.3 | Exemplo de Orçamento Flexível para níveis de atividades pelo custeio variável
113
Questões para reflexão
Com base no que você aprendeu até aqui, em quais situações você
imagina ser mais conveniente aplicar os orçamentos estático e
flexível? Qual seria o papel da Controladoria em relação à elaboração
desses orçamentos?
114
de estoques e aos montantes desembolsados para a realização de investi-
mentos. Essa observação é importante porque uma empresa pode obter
lucros expressivos que não se expressam na forma de caixa no momento em
que são gerados. Em muitos casos, os resultados operacionais ficam retidos
na forma de contas a receber e estoques até o momento da conversibilidade
desses ativos em caixa líquido.
Quando uma empresa atua de modo a não conciliar os prazos de recebi-
mentos dos ativos, ela passa a ter dificuldades em gerar caixa pelas ações
operacionais e passa a considerar a possibilidade de gerar caixa por fontes de
financiamentos. Se essa ação não for planejada, pode prejudicar a empresa ao
torná-la dependente de capital financeiro ao invés de trabalhar com o capital
operacional, gerado por sua atuação. Em casos assim, os stakeholders (partes
interessadas), como fornecedores, governo e funcionários, passam a criar
uma pressão de pagamento na empresa, que pode provocar inadimplência e
ações inconsequentes.
Diante de cenários como esse, o planejamento torna-se indispensável,
independente de qual seja a metodologia aderida para sua realização. Nesse
contexto, a Controladoria tem sua reponsabilidade expandida e seus propó-
sitos justificados, dado que sua atuação contribui para que o planejamento
seja adequadamente estabelecido por todas as pessoas na empresa.
O orçamento deve estar subjacente ao planejamento empresarial, cabendo
à Controladoria realizar o exame cuidadoso dos orçamentos de todas as
áreas da empresa, de modo a compatibilizar as projeções de cada área com
a perspectiva global da empresa no que tange aos resultados desejados pela
gestão empresarial, avaliando os impactos que esses valores podem gerar nos
fluxos de caixa da empresa.
É atribuição da Controladoria avaliar a sensatez de cada premissa adotada
pela empresa na implementação do planejamento, visando identificar possí-
veis gargalos nos fluxos de caixa e falhas nos processos operacionais. Sendo
o caso, a Controladoria deve avisar a gestão empresarial sobre isso para
provocar novas reflexões sobre as projeções, de modo a preservar os rumos
estratégicos da empresa, evitando eventuais dificuldades financeiras e opera-
cionais durante a aplicação do orçamento.
Após definido, validado e implementado o orçamento, a Controladoria
deverá monitorar o desenvolvimento da empresa, observando seus rumos.
O orçamento servirá de base para a criação de quadros de indicadores de
desempenho, úteis para moldar o comportamento organizacional em cada
área, conforme as intenções estratégicas da gestão empresarial. Com as
informações dos indicadores, derivados do orçamento, a Controladoria
pode contrapor os montantes projetados com os montantes realizados,
115
tendo condições de sugerir alternativas de correções de rumos para empresa.
Nascimento e Reginato (2013) citam um exemplo disso: se o Prazo Médio
de Recebimento (PMR) de clientes estiver acima daquilo que foi projetado,
a Controladoria deve disponibilizar essa informação, por meio dos sistemas
de informações, para as áreas de vendas e compras, para que os seus profis-
sionais busquem diminuir o PMR, enquanto aumentam o Prazo Médio de
Pagamento (PMP).
Esse pensamento também é válido para análises de receitas, custos
ou despesas constantes no orçamento projetado. Assim, a Controladoria
alerta a gestão empresarial quando identificadas as falhas e os desvios com
indicadores que são preparados a partir do orçamento empresarial. Ao
fazer isso, a Controladoria agrega valor à sua própria atuação e, ao mesmo
tempo, resguarda a empresa contra o efeito que as incertezas ambientais
e os imprevistos possam ocasionar ao seu fluxo de caixa e à sua continui-
dade operacional.
É inútil planejar e preparar o orçamento se não houver o controle de
sua execução. Para Nascimento e Reginato (2013), o controle acontece
pelo acompanhamento e pelas alterações das atividades empresariais.
Considerando o processo de tomada de decisão, as peças orçamentárias são
utilizadas de formas distintas, de acordo com as áreas gerencias da empresa
e os tipos de tomadores de decisões e gestores operacionais. As peças básicas
devem ser observadas em conjunto. Uma Demonstração do Resultado do
Exercício pode interessar mais ao gerente de produção, mas essa peça é apenas
uma parte do conjunto. Uma ênfase precisa ser dada aos fluxos de caixa junto
às informações de cunho patrimonial (Balanço Patrimonial). Pela análise
integrada dessas três peças, a gestão empresarial pode fornecer maior visibi-
lidade quanto às operações da empresa e ao nível de alcance de suas expecta-
tivas quanto ao atendimento daquilo que está proposto em orçamento.
Para a área de Controladoria, todas as peças orçamentárias são igualmente
relevantes porque elas guardam entre si uma relação de causalidade, cuja
falta de uma não permite o pleno entendimento do desempenho da empresa,
caso sejam examinadas de maneira separadas. Na visão da Controladoria,
o orçamento corresponde a um dos instrumentos de acompanhamento das
operações mais relevantes para a empresa, dado que serve como uma ferra-
menta utilizada para recomendar a correção de rumos, apontando as causas
de um determinado desempenho organizacional e suas implicações sobre o
desempenho global da empresa.
A área de Controladoria se utiliza do orçamento, observando a parcela
realizada dos valores, assim como a parcela não realizada, identificando os
motivos de eventuais desvios dos padrões estabelecidos de metas, provendo a
116
gestão com informações úteis para o processo decisório quanto ao futuro da
empresa. O orçamento como um todo serve como a base para a estipulação
de um conjunto de indicadores de avaliação de desempenhos, fundamentais
para a realização das funções da Controladoria.
117
d. Autoridade e responsabilidade versus competências: o orçamento
deve ser divulgado para toda a gestão, assim como aos responsáveis
designados para a sua execução, a fim de esclarecer os limites de
autonomia que cada um possui na realização das atividades previstas.
Essa autonomia costuma ser relativa. A execução orçamentária dos
gastos pode estar dentro do previsto, mas as receitas podem não estar
aquém das expectativas. O equilíbrio orçamentário é um ponto que
requer acompanhamento constante dos administradores da empresa.
Em alguns casos, se o resultado realizado não atender às expecta-
tivas em relação ao que se esperava, certo nível de centralização das
decisões pode ser aplicável.
e. Controle: o controle é a única forma conhecida para que se identifi-
quem e se processem ajustes no planejamento empresarial. O controle
perde sua eficácia quando não há responsabilidades atribuídas aos
gestores para que eles tomem as ações de implementação do plano
e expliquem os eventuais desvios entre os resultados planejados e
realizados. Assim, o controle exige a observância de dois pontos: o
controle da execução do orçamento em si e a avaliação das coerências
das explicações dadas pelos gestores em situações em que os resul-
tados não são obtidos. O controle orçamentário é uma das funções da
Controladoria.
f. Processo de feedback: corresponde à notificação dos responsáveis
pela execução orçamentária sobre eventuais desvios e falhas identifi-
cados entre resultados planejados e executados. Por meio do feedback,
pode-se chegar à conclusão sobre possíveis reorientações dos rumos
da empresa ou da postura dos gestores responsáveis pela execução do
orçamento.
g. Aplicação como mecanismo de avaliação de gestores: o orçamento
é um instrumento para a avaliação de desempenho da atuação da
gestão e de toda a empresa.
h. Orçamento por centros de responsabilidade: para um adequado
controle da execução orçamentária e para o desígnio dos responsáveis
por sua implementação, recomenda-se que o orçamento seja subdivi-
dido por áreas de responsabilidade, porque facilita a identificação das
origens de eventuais desvios, o apontamento de suas causas e a apresen-
tação de alternativas para as suas correções pela área de Controladoria.
i. Prazos: a elaboração orçamentária depende da definição de um
cronograma, detalhando-se as etapas para a sua realização e os nomes
dos participantes do processo inerente.
118
Para saber mais
A definição de cronogramas costuma ser objeto de muitas discussões
entre os diretores, gestores, alta administração e responsáveis pela
Controladoria. É habitual que a Controladoria estabeleça reuniões
periódicas com os responsáveis das áreas, para determinar ou revisar
cronogramas, dando confiabilidade quanto à execução das atividades,
de modo a preservar a sinergia da empresa. Além disso, eventualidades
na execução do planejamento podem gerar a urgência de se revisar os
níveis de autoridade e as responsabilidades das áreas para estabelecer
novos procedimentos.
119
Além das condições listadas, a Controladoria deve acompanhar o estabe-
lecimento das premissas orçamentárias pelo comitê orçamentário ou pelos
responsáveis gerais pelo orçamento, observando a maneira que se dará o
modelo de condução do processo orçamentário. Nesse ponto, a Controladoria
deve estruturar e monitorar os sistemas de informações contábeis, para que
atendam a todos os princípios orçamentários definidos pela empresa. Além
disso, cabe também à Controladoria definir as tecnologias de informações
que fornecerão apoio à execução das atividades de cálculos e lançamentos
orçamentários dentro dos sistemas (PADOVEZE, 2016).
Na prática, as principais falhas ocorridas no estabelecimento do plane-
jamento operacional e orçamentário decorre pela falta ou incompletude de
observação de pelo menos um dos itens elencados no Quadro 3.5.
Dentro do processo de planejamento operacional e orçamentário,
pode-se destacar o papel do comitê de planejamento orçamentário, o qual
é responsável pelo estudo, pela análise e pelas tomadas de decisões quanto
aos impactos causados pelas alterações no mercado. Assim, destaca-se a
necessidade de envolvimento da gestão empresarial no processo operacional
de preparação do orçamento, especialmente no que tange à estipulação de
objetivos e metas empresariais. Depois dessa etapa, a empresa deve focar
em aspectos estratégicos pela identificação de oportunidades e ameaças do
mercado. Empresas pequenas, geralmente, têm a Controladoria, os encarre-
gados dos setores e a gestão empresarial como responsáveis por esse papel.
A Figura 3.1 apresenta o fluxo do processo de elaboração do sistema
orçamentário. Os fatores macroeconômicos correspondem às variáveis
conjunturais da economia, do mercado interno e externo, da concorrência e
de todas as demais variáveis ambientais.
120
Figura 3.1 | Fluxo do processo de elaboração do sistema orçamentário
FATORES
MACROECONÔMICOS
COMITÊ DE
Processos operacionais Aspectos de mercado
PLANEJAMENTO
da empresa financeiro
ORÇAMENTÁRIO
ANÁLISE
E TOMADA DE
DECISÃO
FIXAÇÃO DE
OBJETIVOS E METAS
PLANEJAMENTO
FEEDBACK CONTROLE
121
2.6 Processo de elaboração do sistema orçamentário
Schmidt, Santos e Martins (2014) esclarecem que o orçamento empre-
sarial quantifica as atividades constantes no planejamento operacional da
empresa, de maneira integrada, considerando aspectos econômicos e finan-
ceiros. Segundo eles, o orçamento empresarial e financeiro é o resultado da
consolidação dos orçamentos setoriais, conforme as necessidades das áreas, o
qual se comporá nas peças orçamentárias da Demonstração do Resultado do
Exercício Projetada (DRE projetada), da Demonstração dos Fluxos de Caixa
Projetada (DFC projetada) e do Balanço Patrimonial Projetado (veja a Figura
3.2). Essas demonstrações projetadas são elaboradas com base nas premissas
orçamentárias e visam apresentar o desempenho econômico projetado da
empresa, os valores de ingressos e desembolsos de recursos financeiros
projetados para o período e a situação financeira e patrimonial da empresa
projetada, considerando as origens e aplicações de recursos.
Dessa forma, o orçamento empresarial compreende a integração
orçamentária, obtida pela união das diversas áreas da empresa, expresso
pelos diversos suborçamentos, os quais devem ser preparados de maneira
sistemática e organizada, em razão das premissas definidas pela organização,
destacadas por meio de fluxogramas.
122
Figura 3.2 | Fluxograma do modelo orçamentário
Orçamento de vendas
Orçamento
de produção
Reposição
de estoques
Orçamento das
Orçamento
despesas
de caixa administra�vas
Resultado
Final
Fonte: adaptado de Schmidt, Santos e Martins (2014, p. 176-177), Nascimento e Reginato (2013) e
Padoveze (2016).
123
do processo orçamentário, contribuindo para a sinergia organizacional,
tanto no que diz respeito aos sistemas de informações quanto à execução
de cronogramas.
Em termos gerais, segundo Padoveze (2016), é possível listar e generalizar
os seguintes passos para a execução orçamentária:
1. Definição do planejamento estratégico (missão e objetivos corporativos).
2. Estruturar as variáveis ambientais para, a partir delas, determinar o
fator limitante (geralmente, o fator limitante são as vendas, mas, às
vezes, é a produção, como ocorre com empresas que trabalham com
jazidas minerais, por exemplo).
3. Preparar o orçamento a partir da função restritiva do fator limitante
em todas áreas da empresa.
4. Preparar os outros orçamentos, coordenando-os com o fator
limitante e os objetivos empresariais.
5. Sintetizar todos os orçamentos para produzir um orçamento único,
chamado de orçamento mestre.
6. Revisar o orçamento mestre para checar sua consonância com os
objetivos empresariais.
7. Validar o orçamento mestre ou, caso não esteja de acordo com os
objetivos empresariais, voltar ao passo 2 e repetir o processo até o
orçamento ficar aceitável e validado.
8. Monitorar os resultados reais contra os resultados orçados e
reportar variações.
9. Com base nos resultados das variações, tomar ações corretivas para
reduzir as variações, revisando todos os orçamentos.
Os itens 1 e 2 correspondem ao uso informações estratégicas para
compreender o fator limitante da empresa que fornece a base para a
elaboração orçamentária.
124
O conceito apresentado refere-se ao orçamento:
a. Base Zero.
b. Incremental.
c. Flexível.
d. Estático.
e. Kaizen.
125
Seção 3
Técnicas orçamentárias
Introdução à seção
A prática orçamentária se estende pelas técnicas orçamentárias. O
orçamento empresarial e financeiro se expressa por diversos suborçamentos,
os quais retratam a realidade aguardada da empresa quanto aos aspectos
econômicos, financeiros e patrimoniais futuros. Cada suborçamento funciona
como uma parte de uma peça, em que todas as partes se juntam para formar
as peças finais, fundamentais para o planejamento operacional. O orçamento
de vendas, por exemplo, é um suborçamento que retrata a expectativa da
empresa em relação ao atendimento da demanda nos períodos seguintes.
Por meio dele, a empresa estabelecerá as metas operacionais que produ-
zirão esforços de todos os membros da organização para atingi-las. Uma vez
definido isso, os departamentos administrativos, comerciais (e de marketing)
e financeiro se projetarão em termos de despesas para fortalecer as ações da
empresa. Quanto maior for a eficiência desse esforço, melhores tendem a ser
os resultados da empresa. De maneira semelhante, a produção se projetará
também para otimizar os custos, repensando processos internos, controles e
condutas, se necessário, para atender aos ensejos organizacionais.
Nesta seção, você verá como cada suborçamento se interliga entre si para
formar as peças fundamentais orçamentárias. Pelo conjunto destas, é possível
analisar a maneira como a empresa pretende atuar, visando à geração de
desempenho econômico e caixa. Vale reforçar que a execução de um plano
operacional assim requer a sinergia de toda a organização por meio da
comunicação, da colaboração e do envolvimento de todos nos momentos de
planejamento e execução das atividades operacionais.
126
a. Orçamento de vendas: consiste na elaboração das metas de vendas
empresariais, em termos de quantidade e valores, classificadas por
produtos, região, tipos de clientes, etc. Ressalta-se que as metas
previamente estabelecidas precisam ser atingíveis, dado que todos os
demais suborçamentos são preparados com base premissa.
b. Orçamento de produção: com base nas metas de vendas, políticas
de estocagem e estoques iniciais de produtos acabados, pode
ser elaborado o plano de produção, no qual são estimadas as
quantidades de produção necessárias para que a empresa supra todo
o seu planejamento de vendas. Nesta fase, a empresa deve analisar se
possui capacidade para atender à demanda de produção necessária.
c. Orçamento de matéria-prima: com base no plano de produção,
pode-se elaborar o orçamento de matéria-prima. Cada tipo de
produto a ser produzido requer um conjunto de materiais e matéria-
prima. As quantidades e os valores desse conjunto devem estar
discriminados, segundo a necessidade produtiva.
d. Orçamento de mão de obra direta: é elaborado com base no plano
de produção. Para cada tipo de produto a ser fabricado deve existir
um quadro de tempo de atividade para analisar o tempo de mão de
obra requerida para a produção de cada produto.
e. Orçamento dos custos indiretos de fabricação (CIFs): geralmente,
os CIFs são de natureza fixa. A depreciação é um exemplo de custo
dessa parte orçamentária, cuja informação deve ser obtida com
base no orçamento de capital (imobilizado). Recomenda-se que
sejam feitos levantamentos com certa regularidade, para identificar
possíveis aumentos de capacidade produtiva fabril, uma vez que isso
pode afetar a estrutura de gastos da empresa.
f. Orçamento de despesas administrativas: as despesas administrativas,
geralmente, possuem natureza fixa. Sugere-se que seja analisada a
estrutura administrativa empresarial para determinar se ela é aceitável
para a execução dos orçamentos anteriores.
g. Orçamento de despesas comerciais: essas despesas têm natureza fixa
e variável. A parte fixa deve ser elaborada pela utilização de custos
históricos, enquanto a parte variável (por exemplo, comissões) deve
ser elaborada com base no orçamento de vendas.
h. Orçamento de despesas financeiras: as despesas financeiras devem
ser elaboradas a partir do Planejamento Financeiro, avaliando-se a
127
necessidade de geração de fluxos de caixa da empresa, de modo a
viabilizar a execução dos planos orçamentários anteriores.
128
ou do consumo de caixa e das faltas de caixa a serem sanadas, para
tornar viável a execução dos demais planos.
O planejamento do capital refere-se à elaboração das estimativas de
investimentos (itens de imobilizado, por exemplo) a serem aplicadas para a
geração de receitas futuras, com seus valores de depreciação ou amortização.
O orçamento de imobilizado corresponde a um suborçamento do plano
de capital, o qual consiste na preparação orçamentária dos investimentos
em imobilizado.
129
Cenário econômico para o orçamento de vendas
O diretor do departamento comercial e a Controladoria, em reunião,
definiram as metas de vendas da empresa para o ano 20x1. Foram projetadas
as vendas dos dois modelos de produtos que a empresa comercializa, cujo
volume é superior ao volume do ano 20x0 (ano anterior). As novas infor-
mações foram definidas com base em pesquisas de mercado, na análise do
ambiente econômico, no conhecimento do perfil dos clientes e na análise
feita sobre as forças competitivas dos fornecedores. Em 20x0, as vendas da
empresa foram as seguintes (veja no Quadro 3.6):
Quadro 3.6 | Vendas anuais realizadas pela empresa Metal Brilhante S.A. em 20x0
Total 250.500
Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e
Reginato (2013) e Padoveze (2016).
130
Quadro 3.7 | Vendas anuais projetadas para 20x1 da empresa Metal Brilhante
Total 307.715
Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e
Reginato (2013) e Padoveze (2016).
A 4.000 7.500
B 6.000 13.000
Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e
Reginato (2013) e Padoveze (2016).
Modelo A Modelo B
Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e
Reginato (2013) e Padoveze (2016).
131
Orçamento de consumo de matérias-primas
Para atender ao Orçamento de Produção, os engenheiros de produção
propõem uma estimativa sobre quanto será a quantidade de matéria-prima a
ser consumida no processo produtivo de cada unidade, conforme demonstra
o Quadro 3.10.
Quadro 3.10 | Projeção de consumo em quilos de matéria-prima da empresa Metal Brilhante
para 20x1, por modelo de produto
132
Quadro 3.12 | Projeção de custo unitário de matéria-prima da empresa Metal Brilhante para 20x1
Matéria-prima X 100
Matéria-prima Y 300
Matéria-prima Z 200
Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e
Reginato (2013) e Padoveze (2016).
133
Orçamento de mão de obra direta
Modelo A Modelo B
Modelo A Modelo B
134
Orçamento dos custos indiretos de fabricação
Após a projeção da matéria-prima e da mão de obra, os custos indiretos
para o ano de 20x1 também foram projetados (veja Quadro 3.17).
Quadro 3.17 | Custos indiretos de fabricação da empresa Metal Brilhante para 20x1
Total 37.000.000
Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e
Reginato (2013) e Padoveze (2016).
135
Quadro 3.19 | Orçamento das despesas administrativas, comerciais e financeiras da empresa
Metal Brilhante para 20x1
Total 98.700
Fonte: elaborado pelo autor, com base em adaptações de Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), Nascimento e
Reginato (2013) e Padoveze (2016).
136
O contexto apresentado descreve o:
a. Planejamento de investimentos.
b. Planejamento de financiamentos.
c. Planejamento de capital.
d. Planejamento econômico e operacional.
e. Planejamento financeiro.
Fique Ligado!
• O planejamento operacional refere-se à prática das ações a serem
tomadas para se alcançarem os resultados desejados.
• Os objetivos orçamentários principais são: projetar de forma integrada
e estruturada o resultado econômico e financeiro de um processo de
planejamento e controlar o desempenho, tendo em vista os objetivos
e as metas para o acompanhamento das variações orçamentárias.
• Há, ao menos, dois tipos de orçamento: Orçamento Estático e
Orçamento Flexível. Outros tipos podem ser listados da seguinte
forma: Periódico, Contínuo, Participativo, Convencional e Kaizen.
• Há dois conceitos que fundamentam o processo de execução do plano
orçamentário: Orçamento de Tendências e Orçamento Base Zero.
137
• O orçamento como um todo serve como a base para a estipulação de
um conjunto de indicadores de avaliação de desempenhos, funda-
mentais para a realização das funções da Controladoria.
• O orçamento empresarial quantifica as atividades constantes no
planejamento operacional, de maneira integrada, por meio das peças
orçamentárias, considerando aspectos econômicos e financeiros.
• As principais peças orçamentárias são: Balanço Patrimonial
Projetado, Demonstração do Resultado do Exercício Projetada e
Demonstração dos Fluxos de Caixa Projetada.
138
organizacional no ambiente competitivo. Em alguns casos, quando se
projetam cenários, algumas variáveis podem apresentar restrição, de modo
que o resultado final do resultado do exercício não pode ser alterado, mas as
revisões podem estimular a gestão a pensar em maneiras distintas de atingir
o mesmo resultado por meio de outras ações.
A Controladoria deve sempre notificar a gestão empresarial quanto
às possibilidades e aos desvios, a fim de alavancar novas reflexões sobre o
planejamento, de maneira a preservar os rumos estratégicos da empresa. No
entanto, o desenvolvimento das ações operacionais com sucesso depende
do envolvimento e comprometimento de todas as pessoas que visualizam os
objetivos empresariais e percorrem os caminhos operacionais para alcançá-
-los, considerando a eficácia e a eficiência organizacional.
139
2. O planejamento econômico corresponde a um dos grupos que compõe
o planejamento operacional, sendo representado pela fixação de metas para
as contas de resultado, por meio dos itens de receitas e despesas, inclu-
sive, os custos dos produtos vendidos. Entre os diversos suborçamentos do
plano econômico, pode-se citar o orçamento de produção, o qual permite à
empresa analisar sua capacidade de atendimento à demanda de produção.
Diante desse contexto, analise as seguintes asserções:
I. O orçamento de produção é, normalmente, elaborado com base
nas metas de vendas, políticas de estocagem e estoques iniciais de
produtos acabados.
PORQUE
II. Espera-se que, no plano de produção, estejam estimadas as quanti-
dades de produção necessárias para que a empresa supra todo o seu
planejamento de vendas.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.
140
Em regra geral, o orçamento empresarial e financeiro se comporá nas peças
orçamentárias relativas aos itens:
a. I, II e III, apenas.
b. I e II, apenas.
c. II e V, apenas.
d. I, IV e V, apenas.
e. IV e V, apenas.
141
5. O Orçamento Base Zero é um conceito de orçamento empresarial que
visa rediscutir todas as áreas empresa em todas as vezes que se prepara o
orçamento, levantando questionamentos sobre cada gasto e estrutura,
visando checar a real necessidade de cada recurso. A respeito dele, avalie as
seguintes asserções e sua relação proposta:
I. O Orçamento Base Zero retrata que a definição orçamentária nunca
deve partir da observação de dados históricos.
PORQUE
II. Os dados históricos no Orçamento Base Zero são ineficientes para
atender às necessidades futuras, podendo preservar a continuidade
de falhas orçamentárias ao longo do tempo.
Em relação às asserções, assinale a alternativa que você julga ser correta:
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma
justificativa da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.
142
Referências
ANTHONY, Robert N.; GOVINDARAJAN, Vijay. Sistemas de controle gerencial. Trad. Leila
de Barros et al. Porto Alegre: AMGH, 2011.
CATELLI, Armando. Controladoria: uma abordagem da gestão econômica. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2013.
OLIVEIRA, Luis Martins de; PEREZ JR., José Hernandez; SILVA, Carlos Alberto dos Santos.
Controladoria estratégica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
PADOVEZE, Clovis Luís. Controladoria básica. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
SCHMIDT, Paulo; SANTOS, José Luiz dos; MARTINS, Marco Antônio dos Santos. Manual de
controladoria. São Paulo: Atlas, 2014.
Unidade 4
Introdução à unidade
Um dos grandes objetivos da Contabilidade é fornecer as bases para o
controle, contudo, o controle não é algo aplicável em momento posterior. A
função contábil na empresa e sua relevância consiste no processo de acompa-
nhamento e controle, que ocorre em todas as etapas do processo decisório
e de planejamento empresarial. Isso denota que os planejamentos estraté-
gicos e operacionais possuem a função de controle, a qual, geralmente, é vista
dentro da execução orçamentária da empresa. Quando a empresa estabelece
políticas e diretrizes e avalia cenários, ocorre um controle implícito quando
ela prioriza o controle de variáveis mais relacionadas aos objetivos organiza-
cionais. O controle está em todas as etapas do processo de gestão (fases de
planejamento e execução), incluindo nele próprio. Ele contribui para atestar
se os resultados foram obtidos da forma planejada e melhorar a eficácia e
eficiência; além disso, conduz a uma avaliação de desempenho da empresa
com seus processos e dos colaboradores responsáveis pelas atividades empre-
sariais. Por meio do orçamento empresarial, as metas estabelecidas tornam-se
padrões que estimulam o esforço da organização. Com padrões de desem-
penho definidos, muitas empresas costumam buscar objetivos duradouros
e novas ideias para melhorar a sua vantagem competitividade. Os padrões
têm uma relação com o planejamento estratégico e operacional, porque são
prévias sobre como a empresa pretende ser. O controle é exercido pelas diver-
gências ou pelos desvios, os quais geram ineficiência para a empresa. Assim,
o controle é, inicialmente, aplicado na realização daquilo que foi previsto e
na observação das variações orçamentárias. Nesta seção, você conhecerá a
aplicação analítica do controle, o qual reflete no desempenho financeiro e
organizacional da empresa.
Seção 1
148
sobre o desempenho real; iii) comparar o desempenho real com o previsto;
iv) verificar quando uma decisão foi ineficaz e corrigir o procedimento que a
produziu quando possível (CATELLI, 2013).
A aplicação do controle é baseada nos planos formulados pela empresa.
Por isso, Catelli (2013) explica que, quanto mais claros, objetivos e concisos
forem os planos, mais controles eficientes a empresa tende a utilizar. Além
disso, nessa ótica, o controle está relacionado à asseguração da adequada
execução do plano estratégico e operacional. Isso ocorre por meio do uso dos
sistemas de informações, os quais dão as bases para o feedback que trazem
consigo os indicadores de desempenho da empresa. Por meio deles, a gestão
executiva, por exemplo, pode entender a maneira que a empresa atuou num
determinado período, observando se isso ocorreu da maneira prevista.
Muito dos esforços da gestão é aplicado no controle operacional e finan-
ceiro, para que os orçamentos propostos sejam atendidos de fato. O feedback
é um elemento essencial do controle, porque, por meio da compreensão
das criticidades dos processos internos, os gestores podem tomar medidas
e ações corretivas, que colocarão a empresa no rumo correto. Ademais, o
controle do planejamento estratégico com ações corretivas para assegurar
os objetivos plenos de toda organização constitui uma ação favorável da
Controladoria para uma empresa que possui dificuldade de se manter no
mercado ou controlar seus custos, por exemplo.
149
Controladoria acompanhar os processos e notificar o gestor da produção
sobre os possíveis gargalos no processo produtivo.
O exercício do controle depende da obtenção de feedback advindo dos
sistemas de informações para avaliar se os objetivos empresariais estão
sendo alcançados ou não. Catelli (2013) esclarece que o desempenho eficaz
do controle está associado a um sistema de informações eficiente, que revele
a necessidade de ações corretivas de maneira tempestiva, a fim de que os
gestores possam avaliar se os objetivos estratégicos e operacionais estão
pertinentes ou não, dado as mudanças que podem acontecer internamente,
como na produção, ou externamente.
Sem o feedback, o controle perde a eficácia, uma vez que não seria
possível acompanhar a evolução do desempenho organizacional ao longo
do tempo. Assim, a informação é como se fosse um fluído essencial para o
funcionamento do processo de tomada de decisão e do exercício do controle
de qualquer gestor.
A fase de controle permite à gestão comparar o desempenho desejado
(previsto) com o realizado. Essa possibilidade de comparação admite a reali-
zação de um próximo passo: a tomada de ações corretivas com base nisso,
visando a resultados melhores do que aqueles que a empresa teria se não
tivesse implementado um sistema de controle.
150
alcançados e as variações orçamentárias monetárias e não monetárias, para
analisar e compreender as razões das variações e, assim, decidir sobre as
ações de ajustes de metas que considerem o longo prazo da empresa.
Padoveze (2013) explica também que as peças orçamentárias são objetos
dos relatórios de acompanhamento em relação ao que realmente acontece. Um
relatório clássico de controle orçamentário, geralmente, demonstrará os tipos
de receitas e despesas para todos os centros de atividades ou áreas da empresa,
compreendendo: a) valores orçados (previstos) para o período; b) valores reais
registrados pela contabilidade no período; c) variações do período entre o
orçado (previsto) e o realizado; d) valores reais acumulados e contabilizados
até o período; e) variações acumuladas entre o real e o orçado (previsto) no
período; f) as informações das variações podem ser expressas, ainda, em termo
percentuais para o período ou de forma acumulada até o período.
151
Pergunta 3: Como realimentar o sistema orçamentário? (Feedback)
Não basta apenas identificar as variações relevantes e as falhas geradas
pelos desvios de rumos, é necessário que a comunicação seja reforçada para
toda a organização e que medidas corretivas sejam aplicadas, no caso de
desvios desfavoráveis aos propósitos organizacionais. Assim, a revisão do
planejamento e dos procedimentos permite um alinhamento em relação à
realidade da empresa. Correções de rumos podem levar a novas mudanças
organizacionais, desde que discutidas pelos membros da organização,
visando à atuação da empresa no longo prazo. Segundo Frezatti (2013), isso
implica a necessidade de gerenciar o capital intelectual da empresa, o qual,
segundo ele, é fonte inesgotável de melhorias e oportunidades.
152
que o montante previsto no orçamento. Essa análise considera as causas que
provocaram essa variação.
Nessa mesma situação, suponha que a empresa tenha orçado uma
quantidade 3.400 unidades de matéria-prima ao custo de $0,50 por unidade.
Durante o mês, houve um aumento de preços de matéria-prima no forne-
cedor por fatores imprevistos, elevando o valor dela para $0,60. Além disso, o
gerente de produção constatou que 3.000 unidades de matéria-prima teriam
sido utilizadas para atender às necessidades da empresa daquele período.
Com base nessas informações, é possível calcular a variação do preço e da
quantidade, como exibem os Quadros 4.2 e 4.3.
Quadro 4.2 | Variação do preço
153
preço no fornecedor não foi benéfico para empresa, dado que sua variação foi
desfavorável em $ 300. A empresa, numa possibilidade, por exemplo, poderia
rever seu relacionamento com os fornecedores para, talvez, procurar um
fornecedor mais competitivo, o qual ofertasse um preço menor sem prejuízos à
qualidade da matéria-prima que está sendo adquirida. Contudo, se o aumento
imprevisto de $0,50 para $0,60 tiver sido esporádico, a empresa pode tolerar a
variação para preservar um relacionamento saudável com o fornecedor.
Quadro 4.4 | Variação do valor total
Atividade de aprendizagem
154
resultados melhores do que aqueles que a empresa teria se não tivesse imple-
mentado um sistema de controle.
Diante disso, acerca do controle orçamentário, avalie as afirmações a seguir:
I. O controle orçamentário visa identificar e analisar as variações ocorridas.
II. O controle orçamentário permite à empresa identificar quão
próxima ela está de seus resultados em relação ao que planejou para
determinado período.
III. O controle é aplicado nas áreas da empresa e na empresa de uma forma
geral, possibilitando uma avaliação de desempenho global e analítica.
IV. O controle corresponde ao conjunto de objetivos, finalidades, metas,
diretrizes fundamentais e planos para atingir os objetivos empresariais.
É correto afirmar que as afirmações relativas ao planejamento operacional são:
a. II e III, apenas.
b. I, II e III, apenas.
c. II, III e IV, apenas.
d. I, II e IV, apenas.
e. I, III e IV, apenas.
155
Seção 2
156
2.1 Aspectos introdutórios do controle interno
O exercício do controle interno, diante do processo de tomada de decisão,
pode ser considerado o mais crítico para a Controladoria (NASCIMENTO;
REGINATO, 2013). Nessa fase do processo, ela torna-se responsável pelo
monitoramento, acompanhamento, controle e avaliação do desempenho
organizacional. O controle proporciona mecanismos que permitem à
empresa caminhar nos rumos estratégicos e operacionais desejados.
Para Anthony e Govindarajan (2011), os controles internos devem conter
ou ser caracterizados por pelo menos quatro elementos fundamentais: a) ser
um componente detector de mensuração que responde ao surgir de situações
no processo que está sendo controlado; b) ser um componente avaliador que
define a relevância de algo que esteja ocorrendo (geralmente, isso acontece
pela comparação com padrões previamente definidos); c) ser um compo-
nente executante que modifica o comportamento do sistema quando o
elemento avaliador requerer alteração (conhecido como feedback); e d) ser
um componente de comunicação do sistema, o qual transmite a informação
entre o detector e o avaliador e entre o avaliador e o executante.
A atividade de controle implica a mensuração, a avaliação e o aponta-
mento de correções de rumos, de modo a alinhar os objetivos da empresa
aos planos empresariais para promover a eficiência e a eficácia organiza-
cional. Deste modo, o controle interno busca proteger os ativos da empresa
e obter informações adequadas. Os controles internos devem assegurar que
as fases do processo de tomada de decisão e o fluxo de informações tenham
plena confiabilidade.
Conforme visto na Unidade 1, o objetivo da Controladoria é criar, imple-
mentar e melhorar processos internos e controles internos para alcançar
a eficácia e da eficiência organizacional desejada. Para atender à gestão da
empresa e aos tomadores de decisões, a Controladoria deve criar dispositivos
ou recursos de análise, fundamentados em padrões previamente definidos
para permitir a comparação das informações que foram planejadas com as
realizadas. Nesse aspecto, a Controladoria atua de maneira contínua, gerando
as informações úteis e tempestivas para que o controle possa ser aplicado de
maneira eficaz. Desta maneira, a Controladoria é responsável pela criação,
implementação e melhoria dos sistemas de controles internos de todos os
departamentos da empresa. Ela é quem estabelece controles internos, porque
sua atuação permeia todas as áreas e sabe que a empresa toda precisa ser
acompanhada de maneira constante na avaliação do seu desempenho, o
qual deve ser concomitante com as decisões empresariais. Além disso, os
controles internos são preparados para reduzir os riscos. Logo, por meio
deles, ela monitora a entidade e sua cultura de gestão.
157
A implementação de um controle interno pode ser considerada efetiva
quando os colaboradores reconhecem suas responsabilidades, limitações,
autoridades e competências. A efetividade do controle depende do fato de
que a avaliação não existe se não houver controle estabelecido, ou seja, não
é possível avaliar aquilo que não está sendo controlado. Por causa disso, as
ações das organizações precisam ser acompanhadas por meio de indicadores
para verificar se as medidas fazem sentido em relação à estratégia empresarial.
Desta maneira, conforme relata Nascimento e Reginato (2013), para
efetivar a avaliação, a Controladoria deve considerar que os sistemas de
medição de desempenho precisam: a) controlar as atividades operacionais da
empresa; b) contribuir para os sistemas de incentivos dos colaboradores; c)
conduzir estratégias competitivas; d) identificar problemas que exigem inter-
venção da gestão; e) verificar se a missão da empresa está sendo atingida.
É esperado que as atividades de controle consumam muito tempo das
ações da Controladoria. A contabilidade apoia a Controladoria como órgão
interno das empresas, por isso, muitas informações são geradas por aquela
e utilizadas por esta. Outras informações fundamentais ao controle interno
são obtidas e preparadas pela própria Controladoria, que reúne todas para
apresentar um sistema de mensuração e avaliação de desempenho.
158
propósito do controle diante de uma necessidade e os procedimentos de
controle. A avaliação de um controle, por exemplo, leva em conta o seu
objetivo e a maneira como está implementada.
Figura 4.1 | Integração entre os objetivos, procedimentos e avaliação do controle interno
Avaliação do
controle interno
159
Isto posto, a relevância dos sistemas de controles internos se resume nos
seguintes aspectos, segundo Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013):
a. Tamanho e complexidade da empresa: quanto maior é a entidade,
mais complexa tende ser a organização estrutural. Para controlar
as operações com eficiência, os tomadores de decisões precisam
de relatórios e análises concisos que reflitam a realidade das ativi-
dades operacionais.
b. Responsabilidades: a responsabilidade pela salvaguarda dos ativos
e pela prevenção de erros ou fraudes é da administração. Por isso,
a manutenção dos sistemas de controles internos é imprescindível
para a aplicação e atribuição correta das responsabilidades.
c. Caráter preventivo: um sistema de controle interno que funcione
corretamente constitui uma proteção segura e confiável para a
empresa. As rotinas de checagem e revisão indicam a existência de
controles internos eficientes, porque minimizam erros e a possibili-
dades de fraudes, garantindo a confiança nas informações.
Conforme Catelli (2013), o controle pode ser compreendido como a
última fase dentro de um processo de gestão, embora possa acontecer conco-
mitante ao planejamento. A fase de controle consiste em: a) comparar aquilo
que foi executado com aquilo que foi previsto; b) identificar os desvios de
rumos e analisar suas causas; e c) estabelecer ações corretivas que preservem
a continuidade e a integridade organizacional. Isto posto, para Oliveira,
Perez Jr. e Silva (2013), os principais objetivos de um sistema de controles
internos são:
a. Verificar e assegurar os cumprimentos às políticas e normas
da empresa.
b. Obter informações confiáveis, de qualidade e em tempo hábil, úteis
ao processo decisório.
c. Comprovar a veracidade de relatórios contábeis, financeiros
e operacionais.
d. Proteger os ativos (bens e direitos) da empresa.
e. Prevenir erros e fraudes.
f. Servir para a localização de erros e desperdícios, promovendo a
uniformidade e a correção.
g. Registrar as operações para assegurar a eficiente utilização dos
recursos da empresa.
160
h. Estimular a eficiência da mão de obra.
i. Verificar a exatidão e fidelidade dos dados e relatórios contábeis.
j. Assegurar o processamento correto das transações da empresa e a
autorização de todos os gastos incorridos no período.
k. Permitir a observância e o estrito cumprimento das bases norma-
tivas e legais em vigor.
161
das atividades, de modo que um colaborador ateste o trabalho executado por
outro, validando o processo. São exemplos de controles organizacionais: a)
segregações de funções; b) atribuição de responsabilidades; c) definição da
delegação de autoridade; d) procedimentos para as aprovações e autoriza-
ções; e) padrões para a mensuração e quantificação do desempenho.
Controles de procedimentos: referem-se aos controles obtidos pela
observação de políticas, normas e procedimentos internos na empresa.
Esse tipo de controle visa obter razoável certeza de que: a) as transações e
operações estão de fato autorizadas; b) as transações e operações são conta-
bilizadas corretamente, permitindo a elaboração das demonstrações contá-
beis segundo os princípios de contabilidade; c) o acesso aos ativos ocorre
mediante a autorização da administração; e d) é instituída responsabilidade
para que as operações e transações contabilizadas sejam checadas e recalcu-
ladas regularmente para comparar as informações com a existência de ativo
físico, de modo que permita que ações apropriadas sejam aplicadas quando
houver divergências.
162
Questões para reflexão
Os controles internos, quando implementados sem alinhamento aos
propósitos estratégicos, podem desviar a empresa de sua missão. Na
prática, uma empresa assim costuma lidar com situações urgentes de
curto prazo que não contribuem para os avanços de longo prazo da
organização. Você concorda com essas declarações? Por quais motivos?
163
Crepaldi e Crepaldi (2017), envolvem a redução das perdas derivadas da não
execução dos objetivos gerais de controle contábil.
164
Quanto à avaliação de risco, as empresas, normalmente, lidam com riscos
externos e internos, cujas fontes devem ser avaliadas. Ela exige a determi-
nação de objetivos associados aos diferentes níveis organizacionais. Como os
ambientes são dinâmicos, complexos e mutáveis, espera-se que dispositivos
sejam aplicados para identificar riscos e fornecer soluções quanto aos riscos
relacionados às mudanças.
As atividades de controle correspondem às políticas e aos procedimentos
visam assegurar o modo de execução das diretivas de gestão, incluindo ativi-
dades, como aprovações, autorizações, verificações, conciliações, revisões de
desempenhos, salvaguarda de ativos e segregação de funções. Essas ações
permitem dissuadir as atividades de fraude ou roubo que poderiam ocasionar
perdas para a organização.
A informação pertinente precisa ser identificada, captada e comuni-
cada por meio de relatórios e cronogramas definidos que ajudem as pessoas
no cumprimento de suas responsabilidades. Neste aspecto, os sistemas de
informação geram relatórios gerenciais, financeiros e não financeiros. O
controle da eficiência do sistema de informação corresponde a uma medida
da Controladoria para uma empresa que enfrenta dificuldades no mercado.
A comunicação eficaz também deve ocorrer em um sentido mais amplo,
ao ponto de que todas as pessoas da empresa, em seus diversos níveis,
possam receber uma mensagem clara da gestão executiva de que as respon-
sabilidades de controles precisam ser atendidas. Por isso, o colaborador deve
compreender o seu papel na aplicação e manutenção de controles internos e
na maneira como suas atividades afetam o trabalho das demais pessoas.
Por fim, o monitoramento deriva de um processo que avalia a quali-
dade do desempenho do sistema de controle interno, estabelecido ao longo
do tempo pelas atividades de monitoramento contínuo e das avaliações
separadas. O monitoramento contínuo ocorre durante a aplicação das ações
operacionais. O escopo e a frequência das avaliações distintas dependem de
uma avaliação dos riscos e da não existência de falhas nos procedimentos
de monitoramento em andamento. Quando identificadas, as deficiências de
controle devem ser reportadas pela Controladoria para a administração da
empresa, para esta sanar tais problemas.
O COSO foi criado para projetar, implementar, conduzir e avaliar
os sistemas de controles internos por meio de princípios associados aos
controles internos (veja o Quadro 4.5). Ele concede a base para a gestão de
riscos, fundamental para lidar com as incertezas do ambiente e otimizar as
ações estratégicas para o alcance de sua missão organizacional.
165
Quadro 4.5 | Princípios do controle interno segundo o COSO
Dimensão do
Princípio
controle interno
Ambiente de 1. A organização demonstra um compromisso com a integridade e os
controle valores éticos.
Fonte: elaborado pelo autor, com base em McNally (2013) e Kaya (2018).
166
as informações para os propósitos empresariais, além de criar eficientes
mecanismos de controles internos.
167
das áreas. A revisão dos controles pode ser programada para cada semestre,
trimestre ou mês, por exemplo, a partir do profundo conhecimento dos
processos internos de uma determinada área da empresa. Nessa revisão, a
Controladoria examina os controles internos existentes e a necessidade de
novos controles, objetivando emitir um relatório sobre a qualidade da gestão
de risco, de problemas e falhas, para os gestores e executivos da empresa.
Deve-se considerar também o custo de implantação de novos controles e
os impactos financeiros com o novo procedimento de controle interno para
evitar a burocratização. Os controles não devem travar o processo de decisão,
mas servir de auxílio no alcance das metas empresariais.
A implantação, revisão ou aprimoramento de um sistema de controles é
uma atividade complexa, a qual requer a observância de algumas diretrizes
básicas, as quais, segundo Oliveira, Perez Jr. e Silva (2013), podem ser listadas
em passos sete passos.
Primeiro passo: cada empresa deve desenvolver seu próprio sistema
de controle.
Cada empresa tem suas particularidades, resumidas pelo modelo de
gestão, pela cultura organizacional, por suas crenças e por seus valores, e isso
deve ser considerado na criação de um controle. Embora os princípios de
controles internos sejam os mesmos, a aplicação destes exige a incorporação
dos aspectos próprios de cada empresa.
Segundo passo: um controle interno, por mais eficiente que seja, não
pode compensar ou neutralizar as incompetências dos executivos da
empresa ou má gestão.
Muitas empresas consideram o valor dos controles internos apenas
diante de problemas ou prejuízos. Nessas situações, é comum que adminis-
tradores atribuam as falham à falta de controle interno ou à ineficiência de
um controle existente. A Controladoria deve avaliar a origem do problema.
Às vezes, o problema se origina na falha da mão de obra e na execução das
atividades, e não no controle interno.
Terceiro passo: a complexidade dos sistemas de controles internos não
representa garantia de eficácia e eficiência.
Uma vez estabelecidos os objetivos da empresa e os sistemas de controles
aplicáveis ao alcance deles, deve-se priorizar o estabelecimento de sistemas
adequados ao ambiente empresarial, mesmo que apresentem simplicidade
em seu contexto.
Quarto passo: devem ser fixados prazos realistas e exequíveis no
processo de implantação do sistema de controles.
168
Todo o processo que envolve a aplicação de tentativa, erro e correção
para o estabelecimento de controles tende a consumir tempo desnecessário,
tornando inviável prever com razoável aproximação o prazo exigido para
a implantação ou renovação de um sistema de controles. As previsões de
prazos para estabelecimento de controles precisam ser realistas, conforme
a necessidade, e não de acordo com a ansiedade dos gestores em terem o
controle em funcionamento.
Quinto passo: é decisiva a participação das pessoas da empresa
na implantação ou melhoria dos controles internos, bem como na
manutenção e operacionalização sistêmica.
O responsável pelo processo de implantação e a Controladoria devem ser
hábeis em convencer as pessoas da utilidade de controles para evitar possí-
veis rejeições de implantação.
Sexto passo: sistemas complexos e impraticáveis são inúteis.
Eventualmente, os profissionais encarregados da criação, implantação ou
melhoria de controles internos podem ser perfeccionistas ao ponto de perderem
de vista a realidade, tornando todo o trabalho inviável para a empresa.
Sétimo passo: no processo de implantação ou reformulação de
controles, devem ser consideradas as perspectivas futuras da empresa,
isto é, a visão estratégica.
Não é justificável que sistemas sejam implementados para atender apenas
a uma demanda imediata. Deve-se considerar as necessidades futuras e as
mutações que a empresa sofrerá, porque isso afeta a durabilidade de um
controle. Além disso, os controles devem refletir a estrutura, o porte e as
concepções da empresa ao longo do tempo.
Atividade de aprendizagem
169
c. Desestimular o cumprimento das políticas, das normas e dos proce-
dimentos na empresa.
d. Comprar recursos de almoxarifado e matéria-prima.
e. Promover as vendas da empresa.
170
Seção 3
171
das ações organizacionais, as quais viabilizem o alcance ou a aproximação
dos objetivos. A avaliação de desempenho surge das necessidades das organi-
zações em mudar, encorajar ou reforçar certas atitudes de seus colaboradores.
Em decorrência disso, as técnicas e responsabilidades de avaliação sofreram
grandes evoluções, com o intuito de aperfeiçoarem-se. A grande preocu-
pação que a Controladoria tem hoje é a de observar se a estratégia definida
pelos gestores da empresa está alinhada com as práticas operacionais, tanto
no planejamento quanto na execução. Desalinhamentos entre as intenções
estratégicas e as práticas operacionais levam à criação de indicadores de
desempenhos que não servem ao propósito da organização. Esse cuidado é
a base para se certificar de que os rumos estratégicos realmente estão condu-
zindo pelo caminho certo.
172
Dentro da empresa, muitas vezes, ocorre uma avaliação informal, do
cotidiano, pela qual os gestores são avaliados por seus líderes ou os colabo-
radores são avaliados pela gestão, por exemplo. Todavia, conforme explica
Nascimento e Reginato (2013), a forma como o resultado de uma avaliação
ocorre depende dos atributos do modelo de gestão. Se este for bem definido,
estabelecerá regras, políticas e fundamentos, aplicando-as com rigor,
para uma avaliação de desempenho que permita o embasamento para o
processo decisório.
O perfil interno da empresa estimula a maneira como as avaliações de
desempenho são aplicadas. A centralização ou descentralização do processo
decisório, a atuação proativa ou não dos gestores, as capacidades empreen-
dedoras dos gestores, entre outros aspectos, podem ser determinantes para o
tipo de avaliação a ser adotado.
Veja que o nível de formalização, gerado a partir do modelo de negócio
com base na estratégia da empresa, definirá a base para o monitoramento e a
avaliação de resultados, conforme aquilo que a empresa espera. Dessa forma,
o processo de gestão ganha robustez, acompanhada pela Controladoria, que
desdobra os procedimentos para viabilizar o planejamento empresarial em
termos estratégicos e operacionais.
Com o planejamento operacional definido e validado formalmente, a
empresa executará as metas operacionais que foram estipuladas. Para isso, ela
realiza novas transações, consome e gere recursos e coloca as novas ações em
prática. O planejamento torna-se inútil se não houver o acompanhamento
e o controle da execução orçamentária. É no planejamento que aquilo que
foi planejado pode ser confrontado com o realizado, para a identificação de
falhas, ineficiências e desvios, o que a Controladoria realiza como uma de
suas funções.
Assim, a empresa, com apoio da Controladoria, deverá processar a
avaliação de desempenho organizacional, considerando todos os colabora-
dores, especialmente, os gestores que são responsáveis pelas ações de maiores
impactos e pelos resultados desejados.
Visto que a empresa possui planejamentos estratégicos e operacionais,
ela precisa estabelecer sistemas de indicadores de desempenho, para que o
conjunto de indicadores interligados traduza as intenções estratégicas para
termos operacionais. A gestão da empresa é responsável por não compro-
meter a qualidade dos indicadores, mas a Controladoria é responsável
por sua manutenção e apresentação tempestiva ao processo de tomada de
decisão. Um sistema de indicadores pode estabelecer punições ou recom-
pensas, conforme a meta alcançada, o que pode gerar uma proteção sistêmica
173
na organização, uma vez que há critérios formais para a atribuição de avalia-
ções. No contexto da Controladoria, a avaliação de desempenho refere-se ao
julgamento de ações ou atividades de maneira qualitativa, cuja percepção dos
colaboradores pode ser expressa de maneira quantitativa.
A avaliação de desempenho, geralmente, é dinâmica dentro das ações
organizacionais e no processo de gestão, porém é associada à execução do
planejamento, ao monitoramento das ações e ao controle organizacional.
Uma vez estabelecida, a avaliação de desempenho permeia a organização e
o processo de gestão (NASCIMENTO; REGINATO, 2013). Uma das finali-
dades das avaliações de desempenho consiste em gerar base informacional
suficiente, por meio de indicadores financeiros e não financeiros, para subsi-
diar o processo de tomada de decisão, ao ponto de permitir correções de
rumos e a melhoria do desempenho organizacional.
174
gestores da organização o controle das atividades em alinhamento às metas
desejadas. Por isso, as informações para o processo de tomada de decisão
vêm à tona, isto é, os gestores passam a ter bases e fundamentos para decisões
assertivas para o alcance dos objetivos empresariais.
A utilização de um sistema de medição e avaliação de desempenho opera-
cional permite, ainda, aos gestores obterem conhecimentos detalhados sobre
as atividades operacionais de maneira rápida, possibilitando que adotem
medidas preventivas ou corretivas com maior agilidade quando comparado
a empresas que não possuem sistemas de desempenho implementados. A
avaliação de desempenho não se restringe a avaliar a eficiência e a eficácia das
atividades operacionais, porque ela pode trazer informações relevantes sobre
o desempenho individual dos colaboradores também. Isso abre, para a gestão
empresarial, um caminho para compreender os aspectos de adequações das
habilidades internas em cada área da empresa, considerando as necessidades
daquilo que é exigido para a atuação individual em determinado setor. Por
exemplo, por meio de uma avaliação de desempenho, é possível identificar
se os funcionários precisam de treinamentos, orientações ou recursos para a
atuação dentro da empresa.
Em linhas gerais, Nascimento e Reginato (2013) resumem em uma lista
os principais motivos para as empresas investirem em instrumentos de
mensuração e avaliação de desempenho: a) controlar as atividades operacio-
nais da empresa; b) estimular os sistemas de incentivo dos funcionários; c)
controlar o planejamento empresarial; d) criar, implantar e conduzir estra-
tégias competitivas; e) identificar problemas que necessitem de intervenção
dos gestores; e f) verificar se a missão da empresa está sendo alcançada.
175
3.5 Sistemas de medição desempenho
O desempenho operacional de uma organização pode ser mensurado
por meio de indicadores, os quais são organizados em modelos de medição
e avaliação de desempenho. Existem muitos modelos, entretanto, nesta
unidade, você conhecerá os modelos de Avaliação 360°, Balanced Scorecard
e o Prisma de Desempenho. Contudo, é possível citar que além desses você
pode encontrar empresas aplicando modelos de desempenho, como o modelo
KPMG, Tableau de Bord, Gestão de Desempenho Baseado em Atividades
(ABC/M), entre outros.
176
tendências ou preconceitos; o resultado é proveniente de várias pessoas; pode
ajudar a melhorar o comportamento das pessoas e da empresa toda.
Por outro lado, algumas limitações podem ser listadas: pode haver uma
forte resistência das pessoas em realizarem mudanças e da complexidade
envolvida nesta avaliação pelo seu enfoque sistêmico; o sistema é complexo,
por combinar respostas diferentes; pode haver opiniões conflitantes, embora
precisas; exige treinamentos e conscientizações; a reaplicação do processo
pode ser intimidante.
Trata-se de uma forma mais complexa de avaliação, que exige muito mais
da equipe, mas, geralmente, apresenta ótimos resultados, porque a visão da
avaliação é mais completa, não dependendo apenas de um único avaliador,
sendo embasado por diversos pontos de vista.
Quando se trata da aplicação do instrumento de avaliação 360°, os
seguintes passos devem ser levados em consideração: a) estabelecer metas
para a iniciativa 360°; b) avaliar a prontidão individual e organizacional; c)
projetar o processo, definindo as competências; d) selecionar ou projetar
uma ferramenta; e) identificar e preparar os participantes; f) preparar a
organização; g) administrar a avaliação e seus resultados; h) entregar comen-
tários da avaliação; i) apoiar o desenvolvimento organizacional e avaliar o
processo realizado.
A Controladoria, junto aos Recursos Humanos, é a responsável por
validar e aplicar essa ferramenta. Para isso, ela deve criar as competências que
estejam de acordo com os propósitos da empresa, associar uma atribuição e
responsabilidade à competência e definir a escala métrica de mensuração,
como ilustra o Quadro 4.6.
177
Quadro 4.6 | Exemplo de aplicação da Avaliação 360°
N D A S
Competência Atribuições e responsabilidades
0 1 2 3
Gestão do Repassar informações, comunicar sobre X
conhecimento novas informações e contribuir para o
aprimoramento de outros profissionais
da empresa.
178
3.7 Balanced Scorecard
A gestão não deve ter dúvidas entre indicadores financeiros e operacio-
nais, uma vez que dependem do conjunto completo de indicadores. Em 1992,
Kaplan e Norton apresentaram uma proposta de integração entre indicadores,
que passou a ser conhecido como Balanced Scorecard (BSC). Esse modelo
resolve a dependência restrita de medidas financeiras, isto é, as medidas de
desempenho, as quais estavam sendo baseadas apenas em dados financeiros,
e isso estava prejudicando a capacidade das empresas em gerar valor para o
futuro. O BSC corresponde a um sistema de gestão empresarial que envolve as
medidas financeiras do desempenho passado com as medidas dos fatores que
impulsionam o desempenho futuro (OLIVEIRA; PEREZ JR.; SILVA, 2013).
Os objetivos e medidas do scorecard derivam da visão e estratégia da empresa.
O modelo BSC representa uma maneira de traduzir a estratégia em ação
operacional, isto é, transformar as intenções descritas nos planos opera-
cionais e estratégicos em ações operacionais e práticas para difundi-las por
todos os níveis da empresa. Por isso, objetiva-se assegurar que todos os
colaboradores participem de sua execução no cotidiano da empresa. Pelo
BSC, as grandes metas são traduzidas em tarefas e objetivos específicos para
cada colaborador.
Do ponto de vista da gestão, o BSC é uma ferramenta estratégica essencial
para que empresas conduzam seus desempenhos presentes e futuros, canali-
zando os esforços, as habilidades e os conhecimentos específicos de todos
os colaboradores da empresa em busca da realização de metas estratégicas
e da lucratividade desejada. Pode ser compreendido também como sendo
o conjunto selecionado de medidas quantificáveis derivadas da estratégia
de uma organização. Por causa disso, corresponde a um sistema de gestão
estratégica que permite a tradução da visão, missão e aspiração estratégica
da empresa em objetivos tangíveis e mensuráveis, ou seja, o BSC traduz a
estratégia em termos operacionais.
Em essência, o BSC é considerado, simultaneamente, uma ferramenta
de comunicação, um sistema de medição de desempenho e um sistema de
gestão estratégica que auxilia as empresas na superação de três questões
essenciais: a) medição eficaz do desempenho organizacional; b) aumento
dos ativos intangíveis, porque mensura o seu potencial; c) desafio de imple-
mentar a estratégia. Ele tem por característica a possibilidade de combinar as
variáveis financeiras e operacionais em um único modelo de gestão empre-
sarial, proporcionando um controle e uma avaliação de desempenho consis-
tentes. Permite equilibrar os controles estratégicos e financeiros, concedendo
às empresas a capacidade de monitorar com eficiência seu desempenho.
179
Os responsáveis pelo negócio levantam a lista de metas de cada área da
empresa com base no planejamento operacional e definem os indicadores a
serem acompanhados para impulsionar o desempenho dela. Vale ressaltar
que os indicadores estabelecidos precisam estar alinhados aos planos estraté-
gicos da organização e aos rumos que ela pretende dar.
O BSC pode ser compreendido por meio de seus atributos, tais como:
Perspectivas, Equilíbrio, Alinhamento estratégico e causalidade, Mapas
Estratégicos e Ativos Intangíveis e Declarações de Destino.
Em sua proposta inicial, visando concentrar-se nos indicadores de
desempenho considerados críticos para empresa, Kaplan e Norton (1992)
sugeriram que o volume de indicadores contidos no scorecard deveria ser
limitado. Nesta lógica, o modelo proporciona à alta gestão da empresa uma
visão rápida e abrangente do negócio, a princípio, a partir de quatro perspec-
tivas, equilibrando as medidas financeiras e operacionais quanto à satisfação
dos clientes, aos processos internos, ao financeiro e ao aprendizado e cresci-
mento. Essas dimensões satisfazem o chamado BSC clássico, ou BSC de
primeira geração.
A dimensão da perspectiva do cliente contempla um conjunto de indica-
dores que permite à empresa identificar como ela é e como deseja ser vista
por seus clientes, considerando suas expectativas e necessidades. A dimensão
da perspectiva dos processos internos dá a oportunidade de ela descrever os
processos de negócios fundamentais ou as competências nos quais ela deve
se destacar de modo a satisfazer clientes e investidores. A dimensão da
perspectiva do aprendizado e crescimento (inovação) possibilita a capacidade
de identificar as mudanças necessárias para realização de seus objetivos por
meio de melhoria contínua e criação de valor. Por fim, pela dimensão da
perspectiva financeira, a organização procura descobrir como é percebida e
como deseja ser vista por seus investidores.
As quatro perspectivas foram concebidas para atender a muitas empresas,
por isso, não devem ser consideradas um modelo fechado, pois não há
embasamento matemático para dizer se elas são necessárias e suficientes
(KAPLAN; NORTON, 1996).
180
empresas podem substituir, por exemplo, a perspectiva dos processos
internos por uma chamada de competência.
181
objetivos, iniciativas e metas, bem como os indicadores utilizados para
avaliar o desempenho, revelando as relações de causa e efeito por melho-
rias que criam os resultados desejados. A construção dos mapas estratégicos
envolve uma análise top-down, no entanto, pode também envolver a análise
bottom-up, a qual permite aos gestores o entendimento de maneira sistemá-
tica sobre o modo como a empresa pode converter seus ativos intangíveis em
resultados tangíveis, perfazendo com que seja possível o alinhamento desses
ativos com a estratégia, mensurando sua contribuição.
O BSC evoluiu com o passar do tempo. Por isso, Lawrie e Cobbold (2004)
classificaram o BSC em três gerações: a primeira composta pelos conceitos de
Kaplan e Norton; a segunda inclui as relações de causa e efeito e introduz os
mapas estratégicos; a terceira geração apresenta as declarações de destino e um
modelo de articulação estratégica, a qual reduz o número de perspectivas para
duas (LAWRIE; COBBOLD, 2004; PERKINS; GREY; REMMERS, 2014).
Perkins, Grey e Remmers (2014) identificaram mudanças conceituais,
tipificando o BSC em três gerações, distribuídas em oito versões, as quais
visam expressar a intensidade da mudança em cada fase da evolução do BSC,
conforme demonstradas no Quadro 4.7.
182
Quadro 4.7 | As versões e gerações do BSC
Primeira geração
1.0 1.0.1 1.1 1.2
Integração entre Iniciando o foco Mais peso às metas e Elos entre objetivos
as medidas na estratégia tempo estratégicos
Abordagem top-
down
Fonte: elaborado pelo autor com adaptações de Perkins, Grey e Remmers (2014).
Diante das várias versões, cabe mencionar que a empresa é livre para
adicionar, reduzir, modificar e criar perspectivas ao BSC, desde que isso
esteja alinhado à estratégia e ao modelo de gestão. A Figura 4.2 demonstra
um modelo de mapa estratégico de uma empresa com os objetivos estraté-
gicos e suas relações de causa e efeito.
183
Figura 4.2 | Modelo de mapa estratégico
Aumentar o lucro Eliminar a Manter as
Financeiro operacional da inadimplência na obrigações da
empresa empresa empresa em dia
Crescer no Manter os
Cliente mercado clientes
atuais
184
3.8 Prisma de Desempenho
O Prisma de Desempenho é um modelo que integra os aspectos positivos
dos sistemas de medição de desempenho, colocando as diferentes perspec-
tivas de desempenho na perspectiva dos stakeholders em prioridade.
Compõe-se de cinco fases: a) satisfação dos stakeholders; b) estratégias; c)
processos; d) capacidades; e) contribuição do stakeholders.
A satisfação dos stakeholders leva a empresa a avaliar a relevância, o
interesse e as necessidades das partes interessadas (usuários externos e
internos). Trata-se de uma faceta que envolve os investidores, clientes, forne-
cedores, funcionários, entidades reguladoras, entre outros.
A faceta das estratégias da empresa evoca questionamentos sobre os tipos
de estratégias que ela deve adotar para atender os stakeholders, de modo a
agregar valor a eles.
Por decorrência da estratégia, tem-se a terceira faceta, que busca um
alinhamento entre processos e habilidades para gerenciá-las. A aplicação
das estratégias exige a execução de processos que determinam as atividades
operacionais da empresa. O acompanhamento da execução dos processos
assegura que as capacidades auxiliem na aplicação das estratégias, na quarta
faceta do Prisma.
Por fim, a quinta fase corresponde à contribuição dos stakeholders, em
que se reconhece que a empresa não somente deve gerar valor mas também
ser beneficiada pelos valores que advêm das partes interessadas. Dessa forma,
espera-se um retorno deles para a empresa. Em essência, a relação entre os
stakeholders e a empresa é mutua. Por causa disso, pode haver conflitos de
interesses, segundo a teoria da agência, entre as partes, se não existir um
alinhamento entre a empresa e seus stakeholders.
185
b. Quatro perspectivas (financeira, clientes, processos internos e apren-
dizado e crescimento).
c. Cinco perspectivas (confiança, inovação, financeira, processos
internos e recursos humanos).
d. Três perspectivas (pontualidade no recebimento, inovação e financeira).
e. Uma perspectiva (financeira).
Fique ligado!
• O controle consiste na verificação de que as ações executadas corres-
pondem efetivamente ao que foi planejado.
• O controle ajuda na correção de rumos e desvios da empresa.
• O sistema de controle interno permeia a empresa em todas as áreas.
• O controle contribui para que as funções organizacionais sejam
eficientes no alcance dos objetivos.
• A Controladoria observa as falhas resultantes de entendimento
precário das instruções, de juízo ou outros fatores humanos.
• O COSO retrata o controle interno como sendo um processo que
proporciona razoável nível de confiança, visando à eficácia e efici-
ência das operações, à confiabilidade dos reportes financeiros e à
conformidade com leis e regulamentos aplicáveis.
186
• Um sistema de medição e avaliação de desempenho deve estar
alinhado à estratégia da empresa.
• A avaliação de desempenho torna-se relevante porque permite aos
gestores da organização o controle das atividades em alinhamento às
metas desejadas.
187
contribuído para o seu percurso e para a compreensão e aplicação das ações
da Controladoria na busca da eficácia e eficiência organizacional.
188
PORQUE
II. o BSC permite a tradução da visão, missão e aspiração estraté-
gica da empresa em objetivos tangíveis e mensuráveis, ou seja, em
termos operacionais.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta:
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma
justificativa da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.
189
d. II e III, apenas.
e. I, II e III.
190
II. O controle interno auxilia no alcance dos objetivos com a aplicação
do menor volume de recursos possíveis, sem prejuízos para a quali-
dade das atividades empresariais.
Em relação a essas asserções, assinale a alternativa correta:
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma
justificativa da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.
191
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