Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Vedada, nos termos da lei, a reprodução total ou parcial deste livro sem autorização da editora.
Projeto grá co
Regina Ferraz
Revisão tipográ ca
Tereza da Rocha
ISBN 978-85-85910-16-7
CDD 301.2
Para
Gyam , Anthony, Per Kodjo, Tomiwa, Lamide,
Tobi, Mame Yaa, Maggie e Elizabeth
Abusua-dua yεntwa
Sumário
Prefácio
Agradecimentos
1 - A invenção da África
2 - Ilusões de raça
3 - Pendendo para o nativismo
4 - O mito de um mundo africano
5 - A etno loso a e seus críticos
6 - Velhos deuses, novos mundos
7- O pós-colonial e o pós-moderno
8 - Estados alterados
9 - Identidades africanas
Epílogo: Na casa de meu pai
Notas
Bibliogra a
Índice onomástico
Prefácio
1 Político de Gana (Nkroful, 1909 - Bucareste, 1972), líder do movimento de oposição nacionalista,
primeiro-ministro em 1952 e, após a independência da Costa do Ouro, presidente da República,
eleito em 1960. (N. da T.)
2 William E. B. Du Bois, sociólogo e escritor norte-americano (Great Barrington, Mass., 1868 -
Acra, Gana, 1963), um dos fundadores da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de
Cor (NAACP), militante do movimento pela igualdade de direitos entre negros e brancos, e um
dos fundadores do pan-africanismo. (N. da T.)
4 Escritor nigeriano de expressão inglesa, nascido em Abeokuta em 1934. Recebeu o Prêmio Nobel
de Literatura em 1986. (N. da T.)
Agradecimentos
K. A. A.
Koumassi, Achanti
Janeiro de 1991
1
A invenção da África
Kwame Nkrumah
5 República democrática e popular da África Ocidental, com cerca de 8 milhões de habitantes, que
conquistou a independência em 1960, denominando-se Haute Volta. Mudou de nome em 1984.
(N. da T.)
6 Escritor e político francês, nascido na Martinica em 1913, que fez da poesia um motivo de retorno
às fontes da negritude e proclamou em seus ensaios e peças o desejo de se libertar das formas
tradicionais da cultura ocidental. Elegeu-se deputado em 1946, presidindo o Partido
Progressista martiniquenho. (N. da T.)
7 Léopold Sédar Senghor, político e escritor senegalês, nascido em Joal (perto de Dacar) em 1906.
Foi um dos criadores do movimento da négritude e presidente do Senegal desde 1960 até 1981,
tendo sido reeleito três vezes. (N. da T.)
8 Aqui e em outras passagens, mantivemos o termo francês, usado pelo próprio autor, para marcar
que négritude, nesse contexto, não se refere simplesmente à condição de ser negro, mas a um
movimento muito especí co, historicamente situado. O substantivo negritude, em sentido
genérico, também aparecerá no texto, sem destaque. (N. da T.)
9 Para preservar a diferença presente na língua inglesa, usamos “colonos brancos” para traduzir
settlers e “súditos coloniais” para traduzir colonials. Esta última palavra designava especi camente
os súditos não brancos do Império. (N. da T.)
10 Escritor da Guiné (Kouroussa, 1928 - Dacar, 1980) que evocou em seus romances as crenças e
costumes tradicionais. (N. da T.)
11 Psiquiatra e teórico político francês (Fort-de-France, 1925 - Bethesda, Maryland, 1961), foi um
dos principais teorizadores do anticolonialismo. (N. da T.)
12 O cial e político de Gana (Acra, 1947), que esteve no poder em 1978 e a ele retornou após o
golpe de Estado de 1981. (N. da T.)
13 Kamau Johnstone wa Ngengi Keniata, dito Jomo Keniata, político do Quênia (1893-1978) que
chegou a primeiro-ministro em 1963, após a independência do país, e foi presidente da
República de 1964 a 1978. (N. da T.)
14 Kenneth Davis Kaunda, político zambiano (Lubwa, 1924) e primeiro presidente da República de
Zâmbia, sucessivamente reeleito desde 1964. (N. da T.)
15 Um dos “diálogos socráticos” de Platao, cuja discussão sobre ética procura de nir a virtude da
piedade. (N. da T.)
16 Biscoito salgado crocante, em forma de nó, muito consumido pelos alemaes e comumente
servido para acompanhar a cerveja. (N. da T.)
17 Nome verdadeiro de Saloth Sor (ou Sar), político cambojano, chefe militar do Khmer Vermelho,
depois primeiro-ministro em 1976 e principal responsável pelas atrocidades cometidas em seu
regime. (N. da T.)
18 Nesse ordálio, ou prova, o acusado de feitiçaria bebia uma mistura da casca de Sassywood, para
mostrar-se inocente ou culpado. Sassywood é uma árvore da África Ocidental (Erythrophloeum
guineense) cuja casca é venenosa. (N. da T.)
W. E. B. Du Bois
Vimos que, para o objetivo que mais lhe interessava — ou seja, para
compreender o status do negro —, Du Bois foi lançado de volta à
de nição “cientí ca” da raça, que ele o cialmente rejeitava. Mas, a
de nição cientí ca (o desconforto de Du Bois com ela re ete-se em seu
comentário de que as raças “talvez transcendam a própria de nição
cientí ca”) já cara ameaçada, em si mesma, quando ele discursou na
primeira reunião da Negro Academy. No m do século XIX, a maioria
das cabeças pensantes (como muitas ainda hoje) acreditava que o que Du
Bois chamava de “diferenças mais grosseiras” era o sinal de uma essência
racial herdada, que explicava a de ciência intelectual e moral das raças
“inferiores”. Em “A preservação das raças”, Du Bois optou, efetivamente,
por admitir que a cor era sinal de uma essência racial, mas escolheu
negar que as aptidões culturais dos humanos de pele escura e cabelo
encaracolado — as aptidões determinadas por sua essência — fossem
inferiores às dos de pele branca e cabelos mais lisos. Contudo, o colapso
das ciências da inferioridade racial levou Du Bois a repudiar a ligação
entre a capacidade cultural e a morfologia grosseira; a negar os
“impulsos e esforços” familiares de sua de nição anterior. Podemos
encontrar provas dessa mudança de idéia num artigo da edição de
agosto de 1911 de e Crisis, o jornal da National Association for the
Advancement of Colored People [Associação Nacional para o Progresso
das Pessoas de Cor, NAACP] dos Estados Unidos, que ele editou
entusiasticamente durante a maior parte dos primeiros anos deste
século.
Os principais cientistas do mundo apresentaram-se (...) e expuseram,
em termos categóricos, uma série de proposições20 que podem ser
resumidas da seguinte maneira:
1. (a) Não é legítimo a rmar, a partir de diferenças nas características físicas, diferenças nas
características mentais (...).
2. A civilização de uma (...) raça, em qualquer momento particular do tempo, não oferece
nenhum índice de suas capacidades inatas ou herdadas (...).21
22 Escritor norte-americano (1903-1946), autor de poemas ligados à condição negra (“Copper Sun”,
“On ese I Stand”) e de um romance (One Way to Heaven). (N. da T.)
3
Pendendo para o nativismo*23
Para além da recusa de qualquer dominação externa, existe a vontade de reatar profundamente
os laços com a herança cultural da África, mal-entendida e rejeitada por demasiado tempo. Longe
de ser um esforço superficial ou folclórico de fazer com que se revivam algumas tradições
ou práticas ancestrais, trata-se. de construir uma nova sociedade [africana]
cuja identidade não seja conferida de fora. 1
Não faz muito tempo que ouvi o escritor congolês Sony Labou Tansi
discutir sua relação ambivalente com a língua francesa. Inicialmente
criado por sua parentela zairense no Congo (belga), e depois mandado
para a escola no CongoBrazaville (francês), ele chegou à sua
escolarização formal sem estar familiarizado com sua língua (francesa)
de instrução. Com estranha brandura, relatou a maneira como seus
professores coloniais o besuntavam com fezes humanas como punição
por seus solecismos gramaticais iniciais; e então, um momento depois,
passou a falar de sua própria obra notável como romancista e
dramaturgo em francês. Labou Tansi inventou, a partir de uma
experiência de primórdios tão pouco promissores, um uso para uma
língua que ele certamente deveria odiar — uma língua literalmente suja
de cocô em sua infância —, um uso no projeto do nacionalismo literário
pós-colonial.
Na África e em todo o mundo, muitos de nossos escritos, e, mais
especialmente, de nossos escritos sobre a literatura, tocam nessas
questões da nação e sua língua, na conjunção captada, quase no início
das modernas teorias da nação, pela concepção herderiana do
Sprachgeist. É que os intelectuais de toda parte estão hoje empenhados —
seja como voluntários, seja como convocados ou resistentes — numa luta
pela articulação de suas respectivas nações: e em toda parte, ao que
parece, a língua e a literatura são centrais nessa articulação.
No mundo não industrializado, o poder da idéia de nação é mais uma
conseqüência da hegemonia cultural dos europeus e norte-americanos,
cujos ancestrais inventaram tanto a idéia quanto a maioria das
nacionalidades jurídicas do mundo. Como a rmou Ben Anderson (em
seu conciso texto Imagined Communities [Comunidades imaginadas]),
embora a idéia nacional tenha sido apresentada a grande parte do
mundo através de contatos com o imperialismo europeu, a atração dessa
idéia para os “nativos” logo escapou ao controle e aos interesses da
metrópole. Não é verdade que os intelectuais africanos e asiáticos
con am na autodeterminação nacional só porque ela nos foi impingida,
porque foi imposta como um instrumento de nossa contínua dominação
neocolonial: ao contrário, a idéia de nação proporcionou — primeiro à
elite local, depois aos habitantes recém-proletarizados da cidade
colonial, e por m, até ao campesinato que tentava se haver com sua
crescente incorporação no sistema mundial — um meio de articular a
resistência à dominação material dos impérios mundiais e à ameaça mais
nebulosa aos pensares pré-coloniais, representada pelo projeto ocidental
de domínio cultural.
Parti da tradição que, através de Tupper, conduz aos dias atuais, não
apenas porque, como veremos, ela instrumentaliza a crítica africana
recente, mas também porque quero insistir no grau em que as questões
da língua e da nação, tão centrais à situação que quero discutir neste
ensaio — a dos escritores e críticos africanos ao sul do Saara —, são
também problemas da crítica européia e norteamericana. Isso não
constitui — como é tantas vezes apresentado — uma viagem ao exótico,
um erte com um Outro distante. Voltaire, ou um de seus companheiros
philosophes numa cultura européia anterior ao auge dos impérios
mundiais, certa vez disse que, quando viajamos, o que descobrimos é
sempre a nós mesmos. Parece-me que essa idéia, por assim dizer, tornou-
se verdade. No mundo posterior a esses impérios mundiais, um mundo
em que o centro e a periferia são mutuamente constitutivos, a vida
política pode ser concebida (não importa quão enganosamente) em
termos nacionais, mas o que Voltaire teria chamado de vida mental, não.
Se procuro situar minha discussão da situação africana com alguns
elementos contextuais, em parte é para que outros possam reconhecer
quanto dessa situação é um território familiar.
O fato de o território ser muito familiar é conseqüência da maneira
como os intelectuais do que denomino Terceiro Mundo, com certa
reserva, são o produto histórico de um encontro com o que, com
reservas similares, continuo a chamar de Ocidente. Como vimos, a
maioria dos escritores africanos recebeu uma educação de estilo
ocidental; suas relações ambíguas com o mundo de seus antepassados e
com o mundo dos países industrializados fazem parte de sua localização/
deslocamento cultural característico, situação esta que Abiola Irele
descreveu com eloqüência em seu “In Praise of Alienation” [Em louvor
da alienação]:
(...) estamos incomodamente espremidos entre os valores de nossa cultura tradicional e os do
Ocidente. O processo de mudança por que estamos passando criou um dualismo de formas de
vida que vivenciamos, no momento, menos como um estilo de instigante complexidade do que
como um de confusa desigualdade.
E condenam
[o] retraimento modernista de nossos poetas para um universalismo privatista [que] lhes
torna muito fácil desfazerem-se de qualquer consciência nacionalista africana que possam ter,
antes de cruzarem o limiar do santuário da ‘poesia nas nuvens’. E isso convém perfeitamente ao
establishment literário inglês, que preferiria muito que uma consciência nacionalista africana,
inevitavelmente antibritânica, não fosse promovida ou cultivada, através da literatura, na jovem
elite africana.17
Assim, quando o crítico britânico Adrian Roscoe exorta os poetas
africanos a se verem como “herdeiros de uma tradição universal das
artes e letras, e não apenas como bene ciários de um legado nativo”, ele
colhe o desprezo dos nacionalistas.18 É que a insistência central destes
consiste em que “a literatura africana é uma entidade autônoma,
separada e distinta de qualquer outra literatura. Ela tem suas próprias
tradições, modelos e normas.”19
Ora, devemos reconhecer desde logo que essas polêmicas podem ser
um corretivo salutar para uma porção de absurdos que foram escritos
sobre a literatura africana, por críticos para quem o mérito literário é
aquilatado pelo fato de uma obra poder inserir-se numa Grande
Tradição Branca de obras-primas. É difícil não carmos irritados com os
pronunciamentos arrogantes de críticos para quem a descrição
detalhada do panorama local equivale a uma mera palestra ilustrada
sobre viagens, a menos, digamos, que o cenário seja “Wessex” e o autor
seja omas Hardy; para quem a evocação dos costumes locais reduz-se à
mera etnogra a, a menos, digamos, que se trate dos costumes de uma
cidade mineradora do Norte da Inglaterra e que o autor seja D. H.
Lawrence; e para quem a narrativa de acontecimentos históricos reduz-
se a um simples jornalismo, a menos que o acontecimento seja a Guerra
Civil Espanhola e o autor seja Hemingway.
Aquilo a que Chinweizu e seus colegas se contrapõem, em outras
palavras, é a postura que dissimula o privilegiamento de uma tradição
nacional (ou racial) em relação a outras, numa conversa ada sobre a
Condição Humana. Não surpreende, portanto, que Chinweizu e seus
companheiros também endossem a visão de T. S. Eliot de que, “embora
seja muito fácil para um escritor ser local sem ser universal, duvido que
um poeta ou um romancista possa ser universal sem também ser local”.20
E nesse ponto, é claro, ca bastante evidente que “universal” di cilmente
seria um termo depreciativo.
De fato, é característico dos que posam como anti-universalistas usar o
termo “universalismo” como se ele signi casse “pseudo-universalismo”; e
a verdade é que sua reclamação não é com o universalismo, em absoluto.
Aquilo a que eles realmente objetam — e quem não objetaria? — é a
hegemonia eurocêntrica fazendo-se passar por universalismo. Assim,
enquanto o debate é formulado em termos das reivindicações rivais do
particularismo e do universalismo, a verdadeira ideologia do
universalismo nunca é interrogada e, a rigor, é até tacitamente aceita.
Ironicamente, como veremos mais adiante, o ataque a algo chamado
“universalismo” leva ao obscurecimento da autêntica diferença local.
O atrativo dessa retórica nativista é compreendido com extrema
facilidade no contexto da geogra a político-lingüística sub continental,
uma geogra a que descrevi no começo do livro. O fato essencial a ser
lembrado aqui é a associação de uma elite eurófona com um populacho
não-eurófono, pois é essa combinação que responde pela atração do
nativismo. O fato de as línguas européias — e, em particular, os dialetos
delas em que a elite continua a escrever — estarem longe de ser
con antemente dominadas pela plebe não distingue, evidentemente, a
literatura do Terceiro Mundo — os textos que são ensinados — do
grosso dos textos norte-americanos ou europeus contemporâneos
igualmente ensinados. Mas, o fato de a literatura africana
contemporânea funcionar numa esfera de linguagem que é prontamente
identi cável como produto da escolarização — e uma escolarização que
só é plenamente acessível a uma elite — decerto estimula a identi cação
nativista da literatura formal nas línguas coloniais como sendo
simplesmente estrangeira. Essa associação é ainda mais reforçada pelo
reconhecimento de que existe, na África como no Ocidente, um corpo
de produtos culturais característicos — em toda a gama da cultura
popular — que têm um acesso mais imediato aos cidadãos providos de
menor instrução formal.
Por exemplo, certamente existem, como já a rmei, vigorosas práticas
vivas de cultura oral — religiosas, mitológicas, poéticas e narrativas —
na maioria das mil e tantas línguas da África ao sul do Saara; e não há
dúvida quanto à importância das poucas línguas que já estavam (como se
diz) reduzidas à escrita antes da era colonial. Mas, não devemos deixar-
nos levar pela idéia sentimentalista de que o “povo” se agarrou a uma
tradição nacional nativa, e de que apenas a burguesia instruída é
composta de “ lhos de dois mundos”. Também no plano da cultura
popular, a moeda corrente não é um remanescente de um uxo contínuo
de tradições; na verdade, como a maioria das culturas populares na era
da produção em massa, ela di cilmente chega a ser nacional. A cultura
popular da África abrange (os norte-americanos) Michael Jackson e Jim
Reeves; e, quando colhe produções culturais cujas fontes são
geogra camente africanas, o que ela colhe não costuma ser tradicional
em nenhum sentido plausível. A música da alta sociedade tanto é
reconhecivelmente africana ocidental quanto nitidamente não pré-
colonial; e os sons de Fela Kuti teriam estarrecido os músicos da última
geração de músicos palacianos de Ioruba. À medida que desenvolveram
novas formas de música, recorrendo a repertórios instrumentais e idéias
musicais de estonteante ecletismo, os músicos da África também zeram
coisas assombrosas com uma língua que costumava ser o inglês. Mas é
como inglês que essa língua é acessível a milhões em todo o continente (e
em todo o mundo).
Vale a pena insistir num ponto que é desprezado quase com a mesma
freqüência com que é frisado: o nativismo e o nacionalismo (em todos os
seus múltiplos sentidos) são criaturas diferentes. Sem dúvida, eles se
combinam incomodamente, por muitas razões. A nal, um retorno às
tradições nunca seria um retorno ao Estado nacional contemporâneo.
Nem poderia signi car, na África (onde o pan-africanismo é uma forma
favorita de nacionalismo), um retorno a uma unidade continental
anterior, uma vez que — insistindo no óbvio — o continente não era
uni cado no passado. Argumentarei, no capítulo 9, que vários projetos
de solidariedade africana têm seus usos no continente e em sua diáspora,
mas essas formas de “nacionalismo” voltam-se para o futuro, e não para o
passado.
Se quisermos ir além dos acenos nativistas, o certo será começar
desfamiliarizando os conceitos com que pensamos — e ensinamos — a
literatura. Com demasiada freqüência, as tentativas de análise cultural
são abreviadas pela incapacidade de recordar as histórias dos termos
analíticos — “cultural”, “literatura”, “nação” — através dos quais passamos
a falar do mundo pós-colonial. Assim, é bom nos relembrarmos do
pareamento da literatura com o nacionalismo, com o qual iniciei este
capítulo, e com os modos como cada um deles é essencializado através
das narrativas. Estamos familiarizados, a partir de Ernest Renan, com a
lembrança e o esquecimento seletivos do passado, que dão sustento à
identidade grupal. E a historiogra a recente enfatizou reiteradamente os
modos como a “herança nacional” é construída pela invenção das
tradições, pela criteriosa ltração da torrente impetuosa dos
acontecimentos históricos no curso suave de uma narrativa o cial, e
pela criação de um legado homogêneo de valores e experiências.21
No contexto especí co da história da “literatura” e seu estudo, os
debates recentes também nos deixaram em sintonia com os modos pelos
quais a “escavação” convencional do cânone literário pode servir para
consolidar uma determinada identidade cultural. A constituição o cial
de uma história nacional lega-nos a nação; e a disciplina da história
literária, como observou oportunamente Michel de Certeau,
“transforma o texto numa instituição” — e, com isso, lega-nos o que
chamamos literatura.22
O falecido Raymond Williams certa vez observou que, à medida que o
termo “literatura” começa a adquirir sua carga semântica moderna,
constatamos “um desenvolvimento do conceito de ‘tradição’ em termos
nacionais, que resulta na de nição mais e caz de ‘uma literatura
nacional’”.23 Como a rmei no início deste capítulo, “literatura” e “nação”
di cilmente poderiam deixar de se encaixar: desde o começo, elas foram
feitas uma para a outra. Depois que o conceito de literatura foi adotado
pelos intelectuais africanos, o debate africano sobre o nacionalismo
literário era inevitável.
Assim, o que vemos em Toward the Decolonization of African Literature
é, com efeito, a instauração de um “discurso invertido”: os termos da
resistência já nos foram dados e nossa contestação é apanhada na
armadilha da matriz cultural ocidental que pretendemos questionar. A
pose de repúdio pressupõe, na verdade, as instituições culturais do
Ocidente e suas ideologias. Esbravejando contra a dominação cultural
do Ocidente, os nativistas são partidários dela sem saber.24 De fato, os
próprios argumentos e a retórica de contestação que nossos
nacionalistas exibem são, em certo sentido, canônicos, con rmados pelo
tempo. É que eles encenam um con ito que é interno à mesma ideologia
nacionalista que deu à categoria “literatura” suas condições de
emergência: a contestação é menos determinada pelas noções “nativas”
de resistência do que pelos ditames do próprio legado herderiano do
Ocidente — suas ideologias sumamente elaboradas de autonomia
nacional, e da língua e da literatura como seu substrato cultural. A
nostalgia nativista, em suma, é basicamente impulsionada pelo
sentimentalismo ocidental que nos é tão familiar desde Rousseau;
poucas coisas, portanto, são menos nativas do que o nativismo em suas
formas atuais.
Nesse debate entre intelectuais africanos, vemos recapitulados os
gestos clássicos da formação das nações no campo da cultura. E, sem
dúvida, isso é exatamente o que deveriamos esperar. No discurso pós-
colonial, o projeto de formação da nação — o que costumava ser, no
século XVIII, a tentativa de de nir (e portanto, de inventar) o “caráter
nacional” — está sempre perto da super cie. Mas, como nos lembraria
qualquer americanista, o surgimento da literatura norte-americana no
século XIX foi cercado justamente por essas preocupações, aliadas a um
forte sentimento de estar na periferia em relação ao centro europeu.
Assim, é com uma sensação de reconhecimento que hoje nos voltamos
da retórica da critica pós-colonial para, digamos, a leitura da angustiada
observação de William Carlos Williams:
Os norte-americanos nunca se reconheceram. Como poderiam? Isso é impossível, até que
alguém invente termos originais. Enquanto nos contentarmos em ser chamados pelos termos
de outrem, seremos incapazes de ser qualquer coisa senão tapeados por nós mesmos.25
O! my clansmen
How aged modern women
Pretend to be young girls! *3346
25 O autor usa aqui o termo “poesy”, do inglês medieval, em vez do moderno “poetry”. (N. da T.)
26 A palavra usada no original é “niggef ’, termo popular e pejorativo de referência aos negros.(N. da
T.)
27 Tipo muito conhecido de pessoa que transmite histórias orais na África Ocidental. (N. da T.)
28 Ônibus pequenos, abertos nas laterais, ou caminhões de médio porte usados para transporte de
carga ou passageiros na África Ocidental. (N. da T.)
29 O termo touts, de difícil tradução, refere-se a intermediários, de nível muito baixo, que atuam no
mundo do crime. Correspondem aproximadamente aos “aviões” do trá co de drogas no Rio de
Janeiro. Em outros contextos, o termo pode signi car também vendedores importunos, espiões,
olheiros que vendem informações sobre “barbadas” nas corridas de cavalos etc. (N. da T.)
30 Filósofo britânico nascido em 1904, autor de Other Minds (1952) e Philosophy and Psichoanalysis
(1953), entre outras obras. (N. da T.)
31 Conhecida cadeia de hotéis norte-americana, cujo lema é “e best surprise is no surprise”(N. da T.)
33 Em tradução livre: “Perdoa-me, irmão, / Não creias que insulto / A mulher com quem comparto
meu marido! / Não creias que minha língua / É a ada pelo ciúme. / É a visão de Tina / Que
desperta simpatia em meu coração. / Não nego que / Eu seja um pouco ciumenta, / De nada serve
mentir, / Todos sofremos de um leve ciúme. / Ele nos pega desprevenidos, / Como os fantasmas
que trazem as febres; / Surpreende as pessoas / Como os tremores de terra; / Mas, quando vires a
bela mulher / Com quem partilho meu marido, / Sentirás certa comiseração por ela! // Seus seios
são completamente murchos, / São peles secas em dobras; / Formaram ninhos de algodão cru, / E
ela dobra os pedaços de couro de vaca / Nos ninhos, / E os chama de seios! // Ah! membros de
meu clã! / A que ponto as modernas mulheres idosas / Pretendem ser jovenzinhas!” (N. da T.)
34 Samuel Johnson (1709-1784), escritor e dicionarista inglês que, em sua época, foi um defensor
do classicismo e exerceu uma in uência literária por muitos considerada forte demais. (N. da T.)
35 Da expressão “the carrot and the stick”, com o sentido gurado de engodo, que descreve a
situação hipotética em que se ata uma vara ao corpo de um coelho, projetada à sua frente e, na
ponta dela, uma cenoura, para fazê-lo correr incessantemente na tentativa de abocanhar a isca. (N.
da T.)
Wole Soyinka escreve em inglês. Mas esse, como muitos fatos evidentes, é
um cuja obviedade pode levar-nos a subestimar sua importância e suas
obscuridades. Pois, se é óbvio que a língua de Soyinka é o inglês, é difícil
saber de quem é o inglês que ele escreve. Amos Tutola acostumou o
ouvido ocidental ao “inglês nigeriano”; o inglês de Soyinka só é
“nigeriano” quando ele escuta nigerianos, e, nesse caso, sua escuta é
precisa. Mas, com a mesma precisão ele capta a língua do súdito
colonial, em tema e estilo: somente alguém que escutasse faria a mulher
do Administrador Distrital britânico dizer a seu marido, quando ele sai
para negociar com “os nativos” em Death and the King’s Horseman [A
morte e o cavaleiro do rei]: “Tome cuidado, Simon, quero dizer, seja
esperto.”3
Contudo, esse mesmíssimo texto relembra, ocasionalmente, o inglês
das traduções do grego feitas por Gilbert Murray: Soyinka, como
estamos lembrados, traduziu (ou, melhor dizendo, transformou) As
bacantes — como aqui, na primeira narração da peça:
Death came calling.
Who does not know the rasp of the reeds?
A twilight whisper in the leaves before
e great araba falls. *38 4
38 Em tradução livre: “A morte veio chamar. / Quem nao conhece o áspero som dos juncos? / Um
sussurro crepuscular nas folhas, antes / Que caia a grande carruagem.” (N. da T.)
39 Também chamado James Ngugi, escritor queniano (Limuru, 1938), autor de romances
engajados, ensaios e peças, exilado em Londres desde 1982. (N. da T.)
40 O termo usado aqui é houseboy, designação bastante pejorativa dos colonizadores ingleses para
se referir aos empregados domésticos (masculinos) das colônias. (N. da T.)
41 Ananse é uma personagem (uma aranha) sobre a qual existe um imenso ciclo de histórias na
África Ocidental, no Caribe e, em muito menor grau, na América do Norte. Esu-Elegba
corresponde, no Brasil, a Exu-Elegbá. (N. da T.)
5
A etnofilosofia e seus críticos
Paulin Hountondji
É também fatal que elas tenham que fazer escolhas dentro das tradições
ocidentais. Há uma considerável diferença de estilos de loso a na
França e na Alemanha, por um lado, e no mundo anglófono, por outro;
na Grã-Bretanha e na América do Norte, há também uma ampla
divergência entre a prática — e a teoria meta losó ca — da tradição
anglo-americana dominante e a teoria e prática daqueles cujo trabalho é
concebido como mais próximo das tradições que ainda são fortes na
França e na Alemanha.3 Que o trabalho destes últimos lósofos seja
freqüentemente designado por loso a “continental” é um re exo das
origens essencialmente inglesas dessa dicotomização.
Quando, nas primeiras décadas deste século, Frege começou a
substituir Hegel como o espírito tutelar da loso a inglesa, o espírito
dos modos de pensar historicistas continentais foi gradualmente
eliminado das faculdades de loso a das universidades inglesas (embora,
curiosamente, não das escocesas). Na Inglaterra, o corpo mais in uente
de prática losó ca durante meados do século derivou da transposição,
através de guras como Ludwig Wittgenstein e Alfred Ayer, do
positivismo lógico do Círculo de Viena para Oxford e Cambridge, no
contexto fornecido pela crítica do idealismo iniciada por G. E. Moore e
Bertrand Russell. A tradição daí resultante tornou-se conhecida como
“ loso a analítica”.
Os ventos da Áustria sopraram com menos força nos Estados Unidos,
onde o pragmatismo proporcionava uma alternativa local às in uências
do Círculo de Viena. Mas W. V. O. Quine, uma das mais poderosas
in uências na formação da moderna linguagem da loso a norte-
americana, fora in uenciado, como Alfred Ayer, por seus contatos com a
escola vienense, muito embora admitisse que o pragmatismo fosse outra
de suas grandes in uências. Enquanto Wittgenstein levou o evangelho
para Cambridge, a in uência de Moritz Schlick, gura central na
organização do Círculo, e sobretudo de Rudolf Carnap — sob certo
aspecto, o maior lósofo sistemático do século — também deixou sua
marca na loso a acadêmica norte-americana.
Para os muitos que resistiram a essas correntes de pensamento nos
Estados Unidos, a gura fundadora de sua tradição continuou a ser, não
Frege, mas Hegel, e os mais in uentes dentre os modernos não foram
Wittgenstein e Carnap, mas Husserl e Heidegger. Os que seguiam essa
tradição sentiam-se à vontade com Sartre, que introduzira na loso a
francesa a in uência dos fenomenólogos alemães e, segundo a rmava,
dera-lhe uma boa utilização existencialista. Eles continuavam a ler
Schopenhauer. Redescobriram Nietzsche — descontaminado de suas
associações nazistas — após a Segunda Guerra Mundial. Entrementes, os
lósofos analíticos liam Russell e Moore e o Wittgenstein dos primeiros
textos — e, mais tarde, Carnap e o Wittgenstein da maturidade, bem
como Quine — e gastavam uma parte cada vez maior de seu tempo com
algo chamado “ loso a da linguagem”.
Muito mais marcantes para o observador ocasional do que as
diferenças de doutrina desses grupos — pois nem a loso a
“continental” nem a “analítica” são fáceis de caracterizar pelo credo —
são suas diferenças de método e expressão. Elas compartilham, é claro,
de um vocabulário de palavras-chave que pertencem à linguagem da
tradição losó ca ocidental — “verdade” e “sentido”, por exemplo, são
palavras familiares a ambas —, mas é freqüente utilizarem essas palavras
comuns de modos radicalmente diferentes; e termos como “ser” (para os
analíticos) e “referência” (para os continentais), que eram importantes
para a outra tradição, tornaram-se praticamente um tabu por algum
tempo.
Para um observador externo, esse excesso de minudências talvez
pareça simplesmente absurdo: a nal, o que está em jogo é apenas o
direito ao rótulo de “ loso a”. Por que haveria de ser importante para
alguém, analítico ou continental, que uma outra pessoa, continental ou
analítica, se incomodasse em chamar por esse rótulo o que ele estava
fazendo? Mas, a resposta é simples: “ loso a” é o rótulo de maior status
no humanismo ocidental. Pretender-se com direito à loso a é
reivindicar o que há de mais importante, mais difícil e mais fundamental
na tradição do Ocidente; e o poder duradouro dessa pretensão re ete-se
na resposta mais comum do estrangeiro inquisitivo, seja ele francês,
britânico ou norte-americano, que me pergunta o que eu faço:
“Filoso a?” Pausa. “Você deve ser muito inteligente.” Admitir perante
uma platéia ocidental que os lósofos, como todos os intelectuais,
podem ser obtusos ou brilhantes, e que as perguntas que formulamos e
respondemos são difíceis, porém não mais difíceis do que as da física ou
da teoria literária, admitir isso — nosso mais recôndito segredo — seria
jogar fora uns dois milênios de capital cultural.
Provérbio mbiem
Fazem-se então os sacrifícios dos animais e deixa-se que seu sangue seja
vertido no tacho de latão. Durante esse processo, é possível que outro
sacerdote entre em transe e entoe o cântico de outro espírito local
menor.
Essa descrição é uma paráfrase aproximada da publicada pelo capitão
R. S. Rattray na década de 19203 e, com algumas modi cações, seria
possível encontrar uma cerimônia idêntica no empossamento de um
espírito — um cbosom — num santuário atual.
Talvez não haja nada de intrigante no ritual que descrevi. Procurei,
deliberadamente, fazer o relato de uma série de atos que di cilmente as
pessoas de fora da cultura acreditariam ser capazes de lograr êxito, mas
em que certamente todos podemos pelo menos imaginar acreditar. No
entanto, esse ritual faz parte de um mundo religioso que é típico das
muitas culturas tradicionais cujos modos de pensar a guraram-se
intrigantes à etnogra a e à loso a ocidentais.
É possível começarmos a compreender a razão disso se nos
perguntarmos, não em que é que esses atores acreditam, mas como foi
que eles passaram a ter essa crença. A maioria dos intelectuais fora de
Achanti julga saber, a nal, que esses espíritos não existem. Que, apesar
de todos os apelos da oração do sacerdote, nenhum agente invisível irá
habitar no santuário; ninguém responderá às perguntas “Que fez esta
pessoa adoecer?”, “Será que venceríamos, se fôssemos à guerra?”, ou
“Como devemos curar o ancião?”. No entanto, eis aí uma cultura em que,
ao menos por várias centenas de anos, as pessoas têm criado santuários
exatamente assim, têm-lhes formulado exatamente essas perguntas, e têm
pedido aos espíritos que elas crêem estar ali que executem exatamente
essas tarefas. A esta altura, elas decerto deveriam saber, se são racionais,
que isso não vai funcionar, não é?
Pois bem: o apelo a uma noção de racionalidade, nesta última
pergunta, nos leva a um território caracteristicamente losó co; e, em
parte, é pelo que ele nos diz sobre a racionalidade, sobre o âmbito e a
função próprios da razão, que esses rituais têm uma importância
losó ca. Se insistirmos em perguntar como é possível que essas crenças
se mantenham, frente a uma falsidade que é patente, ao menos para
alguém com uma formação de estilo moderno, acabaremos voltando à
questão de saber se realmente compreendemos o que acontece.
Mas em seu trabalho original, como eu disse, Horton fez uma segunda
a rmação importante em prol da diferença: resumiu-a chamando o
mundo cognitivo das culturas tradicionais de “fechado”, e o das culturas
modernas, de “aberto”. “O que considero ser a diferença fundamental é
uma diferença muito simples”, escreve ele. “É que, nas culturas
tradicionais, não há uma consciência desenvolvida das alternativas ao
corpo de princípios teóricos aceito, ao passo que, nas culturas de
orientação cientí ca, essa consciência é altamente desenvolvida.”31
Quando saímos das questões relativas ao conteúdo e à lógica da
explicação tradicional e cientí ca e entramos nos contextos sociais em
que essas teorias são construídas e mobilizadas, é aí que a explicação de
Horton começa a parecer menos satisfatória.
Devemos começar, entretanto, concordando em que existem
claramente importantes diferenças entre os contextos sociais da
formação e desenvolvimento da teoria na África pré-colonial, de um
lado, e na Europa pós-renascentista, de outro. A ciência moderna teve
início na Europa, justamente quando seus povos estavam começando a se
expor às culturas antes desconhecidas do Oriente, da África e das
Américas. Os primeiros trabalhos cientí cos em língua vernácula — os
diálogos de Galileu, por exemplo — foram escritos na Itália, numa época
em que fazia algum tempo que as cidades mercantis italianas
encontravam-se no centro do comércio entre o Mediterrâneo, o Oriente
— próximo e distante —, o Novo Mundo e a África. Num clima assim,
era natural indagar se as certezas dos antepassados estariam corretas, no
confronto com culturas como a China descrita por Marco Polo, cuja
engenhosidade técnica combinava-se com teorias da natureza totalmente
desconhecidas.
Esse questionamento das crenças ocidentais ocorreu não apenas em
termos da teoria da natureza, mas também recapitulou as discussões
gregas sobre os modos como as questões de valor parecem variar de um
lugar para outro, discussões estas que levaram, muito naturalmente, a
um ceticismo moral e cientí co, exatamente do tipo que encontramos
nos primeiros empiristas modernos. E não parece ter sido por
coincidência que essas antigas discussões gregas foram instigadas por
uma consciência de que existiam visões de mundo alternativas, africanas
e asiáticas — uma consciência encontrável nos primeiros historiadores,
como Heródoto. (O relato de Heródoto sobre as Guerras Persas começa
por uma longa discussão da variedade de costumes religiosos e sociais
encontrados no Império Persa.) Em outras palavras, é a disponibilidade
de teorias alternativas da moral e da natureza que dá origem à
investigação sistemática da natureza, ao aumento da especulação e ao
desenvolvimento desse elemento crucial que distingue a sociedade
aberta, ou seja, o questionamento organizado da teoria vigente.
Lembremos a resposta dada pelo sacerdote à pergunta sobre o ouro
em pó. “Nós o fazemos porque os ancestrais o faziam.” Na sociedade
aberta, isso já não serve de razão. Os primeiros cientistas naturais
modernos, os lósofos naturais do Renascimento, freqüentemente
frisavam a irracionalidade dos apelos à autoridade: e, se a erudição
moderna sugere que eles superenfatizaram o quanto seus predecessores
tinham sido vítimas de um tradicionalismo tacanho, mesmo assim é
verdade que existe uma diferença — nem que seja de grau — na medida
como a modernidade celebra a distância cognitiva em relação a nossos
predecessores, enquanto o mundo tradicional celebra a continuidade.
Pois bem, a explicação de Horton sobre o sentido em que a visão de
mundo tradicional é fechada tem sido — acertadamente — questionada.
Em boa parte da África pré-colonial, as complexidades da guerra e do
comércio, da dominação e do clientelismo, da migração e da diplomacia,
simplesmente não são compatíveis com a imagem de povos
desconhecedores de que existe um mundo em outro lugar. Como
assinalou Catherine Coquery-Vidrovitch, uma eminente historiadora
francesa da África:
Na verdade, essas sociedades supostamente estáveis raras vezes desfrutaram do encantador
equilíbrio que se presume ter sido rompido pelo impacto do colonialismo. A África Ocidental,
por exemplo, fervilhou de atividade já desde as ondas de conquista dos fulas no século XVIII, e
muito antes da criação das unidades de resistência à in uência européia (...). A bacia congolesa
foi palco de convulsões sociais ainda mais profundas, ligadas à penetração comercial. Nesses
casos, a revolução na produção abalou os próprios alicerces da estrutura política. Quanto ao
Sul da África, a revolta dos zulus e sua expansão tiveram repercussões que chegaram à África
Central. Até onde teremos de recuar para encontrar a estabilidade tida como “característica” do
período pré-colonial: até antes da conquista portuguesa, antes da invasão islâmica, antes da
expansão dos bantos? Cada um desses grandes momentos de decisão marcou uma reviravolta
em tendências de longo prazo, dentro das quais, por sua vez, seria possível identi car toda
uma série de ciclos mais curtos, como, por exemplo, a sucessão dos impérios sudaneses, ou de
ciclos ainda mais curtos, como os períodos de recessão (1724-1740, 1767-1782, 17951811 etc)
e a ascensão da economia de comércio escravagista de Daomé. Em suma, o conceito estático de
sociedade “tradicional” não consegue resistir à análise do historiador.32
Quando deparei com essa passagem pela primeira vez, ela logo me
pareceu esplendidamente adequada à situação dos intelectuais africanos
de hoje. Esse parágrafo registra um sentimento de Lecky, de que a
secularização intelectual da cultura — o “crescimento do racionalismo”
— ocorreu sem um exame apropriado das provas. Tenho con ança
su ciente na vitalidade da razão para crer que nós, africanos, teremos
perspectivas melhores se não seguirmos esse exemplo. E contamos com a
grande vantagem de ter diante de nós as experiências européia e norte-
americana com a modernidade — bem como a asiática e a latino-
americana —, para ponderar à medida que formos fazendo nossas
escolhas.
42 Também aggry bead ou aggri bead; trata-se de um tipo de conta de vidro variegada, que se
encontra enterrada no chão em Gana. (N. da T.)
(N. da T.)
47 Essa é a denominação dada por E. Benveniste aos dêiticos de tempo e espaço (agora e aqui).
Dêitico é todo elemento lingüístico que, num enunciado, refere-se à situação e ao momento em
que ele é produzido, bem como ao falante. (N. da T.)
7
O pós-colonial e o pós-moderno
A in uência do mundo ocidental revela-se nas roupas e na bicicleta dessa escultura iorubana
neotradicional, que provavelmente representa um mercador a caminho do mercado.11
Mas, não sei como explicar essa pista sem dizer, primeiro, como
mantenho minha orientação nas águas infestadas de tubarões ao redor
da ilha semântica do pós-moderno. Já que as narrativas, diversamente das
metanarrativas, têm permissão de proliferar nesses mares, começarei por
uma história a respeito de minha falecida amiga Margaret Masterman.
Certa ocasião, em meados dos anos 60, Margaret foi convidada a
participar de um simpósio presidido por Karl Popper, no qual Tom
Kuhn deveria ler um artigo; depois, ela, J. M. W. Watkins, Stephen
Toulmin, L. Pearce Williams, Imre Lakatos e Paul Feyerabend travariam
um debate sobre o trabalho de Kuhn. Infelizmente para Margaret, ela
contraiu uma hepatite infecciosa no período imediatamente anterior ao
simpósio e, por isso, não pôde preparar um texto. Felizmente para todos
nós, porém, ela pôde sentar-se em seu leito de hospital — no Bloco 8 do
hospital de Norwich, a cuja equipe foi dedicado o artigo que acabou
escrevendo — e criar um índice remissivo para A estrutura das revoluções
científicas. No processo de fazer o chamento do livro, Margaret
identi cou “nada menos de 21 sentidos, possivelmente mais, não menos”,
em que Kuhn utiliza a palavra “paradigma”. Depois de catalogar esses 21
usos, ela comenta laconicamente que “nem todos esses sentidos de
‘paradigma’ são incoerentes entre si”, e prossegue:
Não obstante, dada a diversidade, é obviamente razoável perguntar: existe alguma coisa em
comum entre todos esses sentidos? Haverá, loso camente falando, algo de de nido ou geral
na noção de paradigma que Kuhn está tentando esclarecer? Ou será que ele é apenas um poeta-
historiador, descrevendo diferentes acontecimentos ocorridos na história da ciência e se
referindo a todos eles através do uso da mesma palavra, “paradigma”?12
Nos yeux reçoivent la lumière d’étoiles mortes. Une biographie de mon ami Ernie tiendrait
aisément dans le deuxième quart du XXe siècle; mais la véritable histoire d’Ernie Lévy commence
très tôt, dans la vielle cité anglicane de York. Plus précisément: le 11 mars 1185.36
Nossos olhos recebem a luz de estrelas mortas. Uma biogra a de meu amigo Ernie caberia
facilmente no segundo quarto do século XX; mas a verdadeira história de Ernie Lévy começa bem
antes, na velha cidade anglicana de York. Mais precisamente: em 11 de março de 1185.
Se havemos de nos identi car com alguém, in fine, será com “la négraille”
— a negrada, que não tem nacionalidade. Para esse m, uma república é
tão boa — o que equivale a dizer tão ruim — quanto qualquer outra. Se
essa postulação de si mesmo como africano — e nem desta ou daquela
etnicidade supostamente pré-colonial nem dos novos Estados nacionais
— está implícita em Le Devoir de violence, esse recurso pós-colonial à
África é encontrado, nos importantes romances de V. Y. Mudimbe —
Entre les eaux [Entre as águas], LeBelImmonde [O Belo Imundo] (recém-
publicado em inglês como Before the Birth of the Moon [Antes do
nascimento da lua]) e LÉcart [O desvio] —, mais perto da superfície, e
vez após outra.44
Toda vez que Landu enfrenta uma decisão crucial, ela lhe é formulada
como uma pergunta sobre o signi cado da África.
Após ser acusado de outra traição — desta vez, pelos rebeldes, que
interceptaram uma carta endereçada a seu bispo (uma carta em que
Landu apela para que ele se solidarize com os negros rebeldes, que os
recupere para Cristo) —, Landu é condenado à morte. Enquanto
aguarda a execução, ele se lembra de algo que um tio lhe dissera, dez
anos antes, sobre “os ancestrais”:
“Farás falta aos teus...”, dissera-me meu tio há mais de dez anos. Eu me recusara a ser iniciado.
Que queria dizer? Eles é que me estão fazendo falta. Seria esta sua maldição? A fórmula me
invadiu, a princípio discreta, depois estonteante, impedindo-me de pensar: “Espera que
nossos ancestrais desçam. Tua cabeça queimará, tua garganta explodirá, teu ventre se abrirá e
teus pés se quebrarão. Espera que os ancestrais desçam...” Eles haviam descido. E eu tinha
apenas a secura de uma Fé racionalizada para me defender da África.51
50 O autor parece fazer uma dupla referência: a O império dos signos, famoso livro de Roland Barthes
sobre os japoneses, e a O império contra-ataca, lme de cção cientí ca de George Lucas. (N. da
T.)
53 Jacques Bénigne Bossuet (1627-1704), escritor francês célebre por suas prédicas em Paris e por
seus sermões escritos; foi também prelado (e bispo). (N. da T.)
56 Os verandah boys podem ser encontrados um pouco por toda a África. São garotos que
permanecem nas varandas, do lado de fora das casas, esperando pequenos trabalhos que lhes
rendam alguma comissão. (N. da T.)
57 Palavra twi, principal língua dos akan, que habitam as regiões central e meridional de Gana. Pode
ser traduzida por “libertador”, ou “salvador”. (N. da T.)
58 Instituição formada por funcionários ingleses que serviam na Índia. (N. da T.)
60 O autor escreve em 1991, antes da posse do governo de Nelson Mandela. (N. da T.)
Penso que existem três lições cruciais a serem aprendidas através desses
casos. Primeiro, que as identidades são complexas e múltiplas, e brotam
de uma história de respostas mutáveis às forças econômicas, políticas e
culturais, quase sempre em oposição a outras identidades. Segundo, que
elas orescem a despeito do que antes chamei de nosso
“desconhecimento” de suas origens, isto é, a despeito de terem suas
raízes em mitos e mentiras. E terceiro, que não há, por conseguinte,
muito espaço para a razão na construção — em contraste com o estudo e
a administração — das identidades. Assim, para aqueles que atribuem
uma centralidade a essas cções em nossa vida é tentador deixar a razão
para trás: celebrar e endossar as identidades que, no momento, parecem
oferecer a melhor esperança de promover nossos outros objetivos, e
silenciar sobre as mentiras e os mitos. Mas, como a rmei antes, os
intelectuais não desprezam facilmente a verdade e, tecidas todas as
considerações, nossas sociedades se bene ciam, a meu ver, da
institucionalização desse imperativo no mundo acadêmico. É importante
que continuemos procurando dizer nossas verdades. Mas os fatos que
examinei devem imbuir-nos a todos de um intenso sentimento da
marginalidade desse trabalho para a questão central da resistência ao
racismo e à violência étnica — e para o sexismo e as outras estruturas da
diferença que moldam o mundo do poder; e eles devem impor-nos o
reconhecimento claro de que a verdadeira batalha não é travada nos
círculos acadêmicos. Todas as vezes que leio mais uma reportagem nos
jornais sobre uma calamidade africana — a fome na Etiópia, uma guerra
na Namíbia, con itos étnicos em Burundi —, co me perguntando qual
é o benefício de corrigir as teorias a que esses males estão ligados; a
solução são os alimentos, a mediação ou alguma outra medida mais
material, mais prática. E no entanto, como venho tentando argumentar
neste livro, a con guração da África moderna (a con guração de nosso
mundo) é produto, em grande parte — muitas vezes um produto
inintencional e não previsto —, das teorias; até o mais vulgar dos
marxistas terá que admitir que os interesses econômicos operam através
das ideologias. Não podemos modi car o mundo simplesmente pela
evidência e pelo raciocínio, mas decerto tampouco podemos mudá-lo
sem eles.
Aquilo para o que nós do mundo acadêmico podemos contribuir —
ainda que apenas lenta e marginalmente — é a desarticulação do
discurso das diferenças “raciais” e “tribais”. Pois, em minha opinião
perfeitamente não original, a realidade dessas muitas identidades rivais
da África de hoje faz o jogo, justamente, dos exploradores de cujos
grilhões estamos tentando escapar. A “raça”, na Europa, e a “tribo”, na
África, são centrais para o modo como se distorcem os interesses
objetivos daqueles que estão em pior situação. Um dado análogo foi
reconhecido há muito tempo por Du Bois a respeito dos afro-
americanos.11 Du Bois a rmou, em Black Reconstruction [A reconstrução
negra], que a ideologia racista bloqueou essencialmente a formação de
um movimento trabalhista signi cativo nos EUA, pois tal movimento
teria exigido a colaboração dos nove milhões de ex-escravos e de
agricultores brancos do Sul.12 Em outras palavras, como as categorias
diferenciais freqüentemente perpassam nossos interesses econômicos,
elas funcionam no sentido de nos cegar para seu reconhecimento. O que
liga os afro-americanos de classe média a seus concidadãos de pele
escura dos bairros pobres não é o interesse econômico, mas o racismo e
os produtos culturais da resistência a ele, que são compartilhados pela
(maior parte da) cultura afro-americana.
Parece-me que aprendemos com esse exemplo o que John ompson
a rmou recentemente, numa crítica vigorosa mas apreciativa a Pierre
Bourdieu, isto é, que talvez seja um erro considerarmos que a
reprodução social — os processos pelos quais as sociedades se mantêm
ao longo do tempo — pressupõe “algum tipo de consenso a respeito dos
valores ou normas dominantes”. Ao contrário, a estabilidade da
sociedade industrializada de hoje talvez exija “uma vasta fragmentação da
ordem social e uma proliferação de divisões entre seus membros”. Pois é
precisamente essa fragmentação que impede que as atitudes
oposicionistas gerem “uma visão alternativa coerente, capaz de fornecer
uma base para a ação política”.
As divisões rami cam-se pelas linhas do sexo, da raça, das quali cações pro ssionais e assim
por diante, formando barreiras que bloqueiam o desenvolvimento de movimentos que possam
ameaçar o status quo. A reprodução da ordem social talvez dependa menos de um consenso a
respeito dos valores ou normas dominantes do que de uma falta de consenso, justamente no
ponto em que as atitudes de oposição poderiam traduzir-se na ação política.13
62 Referência ao regime de minoria branca, instalado quando Ian Smith declarou a independência da
Rodésia, de forma unilateral e ilegal. A Unilateral Declaration of Independence, então
proclamada, passou a ser conhecida como UDI. (N. da T.)
EPÍLOGO
Na casa de meu pai
Abusua d cfunu.
O clã materno adora um cadáver.
Provérbio akan
Mas, se ele sabia com clareza que essa era sua família, sabia com igual
clareza que nós também o éramos. Num caderno de notas que
encontramos após sua morte, ele escrevera uma mensagem para nós, seus
lhos, contando-nos a história de sua abusua, da família de nossa mãe,
de seu pai e de suas esperanças para nós. E a ternura de seu tom era
ainda mais marcante. Referindo-se a seu próprio pai, escreveu:
Não tive a sorte de conhecê-lo tão intimamente quanto vocês me conheceram, e por duas
razões: ele era reservado e, além disso, não era o costume aqui, na época, um pai familiarizar-se
demais com os lhos, por medo de gerar desprezo.
Mas, até eu sabia como era difícil trancar as coisas numa caixa em
Achanti. Acostumara-me a isso fazia muito tempo. Lembro-me de
quando, uns quinze anos atrás, estive hospedado em Koumassi com um
amigo inglês da faculdade. Na época, eu estava lecionando na
Universidade de Gana e meu pai era ministro do governo, trabalhando
“no Castelo”, a sede do governo no antigo castelo escravagista holandês
de Christiansborg, em Acra. Meu amigo James e eu estávamos sozinhos
em Koumassi para o m de semana — sozinhos, bem entendido, exceto
pelo motorista, o cozinheiro e nosso camareiro —, já que meus pais
estavam ambos fora. James pediu para ser levado às discotecas de
Koumassi.
— Ótimo — eu disse. — Peça a Boakye, nosso motorista, para levá-lo.
Ele vai gostar.
No alvorecer do dia seguinte, meu pai, então ministro de governo,
telefonou de seu escritório na capital. Recebera a notícia de que nosso
carro fora visto numa parte “estranha” da cidade na noite anterior. Que
estivera fazendo? Meu pai lembrou-me que nosso carro seria
reconhecido onde quer que fosse; pediu que eu guardasse isso em mente
ao decidir onde mandar o motorista; e voltou a suas investigações sobre
as transações nanceiras de mais uma multinacional desonesta.
No café da manhã, falei com James sobre o telefonema do raiar do dia.
Onde ele tinha ido? James não sabia dizer ao certo, mas as mulheres
tinham sido muito amáveis. E, desse dia em diante, ele passou a se
locomover de táxi. O nome da família não seria desonrado.
Eu havia rompido com meu rei, com a abusua de meu pai. Havia
irritado a irmã de meu pai, em si uma mulher poderosa. Não se faz isso
impunemente. Quando entregaram comida do palácio em nossa casa,
houve quem nos dissesse que, muito provavelmente, ela estaria
envenenada (por meio de feitiçaria, é claro). Tia Vic fez sentir seu peso
por toda a cidade, sendo transportada num dos automóveis de sua frota
de Mercedes Benz, cultivando uma aura levemente plutocrática. O
desagrado da abusua também não era coisa em que se incorresse com
leviandade. Minha prima Nana Ama, que eu sempre considerara
generosa e acomodada, revelou a intensidade dos sentimentos da abusua
ao nos advertir friamente a considerarmos o bem-estar futuro de mamãe.
“Tomem cuidado”, disse ela a minhas irmãs e a mim. “Vocês não moram
aqui. Estamos aqui com sua mãe.” Quando minhas irmãs a desa aram a
dizer diretamente se estava ameaçando mamãe — quando lhe
perguntaram se estava lembrada de como minha mãe havia zelado por
sua educação —, ela gritou defensivamente que “tinha dito o que dissera”.
Nossa casa é uma construção erguida por meus pais pouco antes da
independência. No térreo, duas portas se abrem da varanda fronteiriça,
uma para a casa, outra para o escritório advocatício de meu pai. Quando
crianças, costumávamos ir para a escola, de manhã, passando pelas
muitas pessoas reunidas naquela varanda, desde as primeiras horas do
amanhecer, para consultá-lo. Muitas delas eram extremamente pobres e,
em vez de dinheiro, levavam galinhas, inhame ou tomates, pois sabiam
que meu pai nunca insistia em ser pago. Às vezes, as pessoas que
chegavam não eram clientes, mas eleitores que haviam caminhado
milhas, desde o lago Bosomtwi, para tomar um “mammy-wagon” até a
cidade e pedir a ajuda de meu pai em tratativas com o governo; outras
vezes, não eram eleitores, mas pessoas de Nyaduom que iam buscar uma
decisão sobre direitos da terra, ou ajuda para conseguir a abertura de
uma estrada, para que pudessem transportar suas safras em caminhões,
em vez de fardos sobre a cabeça.
O caixão de meu pai foi levado para dentro por sob a árvore que
minha avó inglesa plantara em sua primeira visita àquela casa (uma
árvore em que, quando menino, eu ngia ser Tarzan, balançando-me nos
galhos, alheio à política cultural de minha brincadeira), subiu os
degraus da varanda e passou pelo escritório em que papai fora o Sr. Joe
Appiah, Advogado e Procurador da Suprema Corte de Gana em seus
Salões de Audiência de Ekuona; Digníssimo Membro do Parlamento por
Atwima-Amansie, conhecido como o Leopardo, Csebc, por sua oposição
destemida ao governo; Cpanin Kwabena Gyam , herdeiro de Akroma-
Ampim, ancião e dono hereditário de Nyaduom. Ao entrarmos em casa,
ele voltou a ser mais uma vez o Joe de minha mãe e nosso papai.
Houve sonoros toques de tambor e um choro ainda mais alto quando
o corpo foi introduzido na casa, nos ombros de meia dúzia de rapazes
com panos amarrados na cintura, alguns da casa de minha avó por
a nidade, outros, simples vizinhos de rua. Amarrei meu próprio pano na
cintura e me juntei a eles.
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
1. “Au delà du refus de toute domination extérieure, c’est la volonté de renouer en profondeur avec
l’héritage culturel de l’Afrique, trop longtemps méconnu et refusé. Loin d’etre un effort superficiel ou
folklorique pour faire revivre quelques traditions ou pratiques ancestrales, il s’agit de construire une
nouvelle société dont l’identité n’est pas conférée du dehors.” Citado por Valentin Mudimbe em
“African Gnosis. Philosophy and the Order of Knowledge: An Introduction”, p. 164.
2. Essa citação é feita em Werner Sollors, Beyond Ethnicity: Consent and Descent in American
Culture (p. 57), que fornece uma discussão lúcida do papel das idéias de ascendência na
compreensão da etnicidade nos Estados Unidos; ver minha discussão de Sollors em “Are We
Ethnic? e eory and Practice of American Pluralism”. Minha discussão, aqui, deve muito ao
trabalho de Sollors.
3. Ver Hugh B. MacDougall, Racial Myth in English History: Trojans, Teutons, and AngloSaxons. A
discussão desses parágrafos baseia-se na exposição de MacDougall.
4. Ver Reginald Horsman, Race and Manifest Destiny: e Origins of American Racial
AngloSaxonism. Minha discussão de Jefferson baseia-se na exposição de Horsman, de onde
provêm essas citações; ver p. 19, 101 e 108.
5. Ver Hans Kohn, e Idea of Nationalism, p. 431-432, que inclui a referência a Herder, On the
New German Literature: Fragments.
6. Alexander Crummell, “e Race Problem in America”, in Brotz, Negro Social and Political
ought, p. 184.
7. Hippolyte A. Taine, History of English Literature, p. 1.
8. Id., ibid., p. 17.
9. Id., ibid., p. 37.
10. Id., ibid., p. 39.
11. David Hume, Of National Characters (1748), nota [M.], p. 521-522.
12. Ver o prefácio de Henry Louis Gates a Black Literature and Literary eory.
13. Citado em John Guillory, “Canonical and Non-Canonical: A Critique of the Current Debate”.
Esse ensaio certamente passará a ser visto como uma análise de nitiva.
14. “(...) Tenseignement de la littérature’ estpour moipresque tautologique. La littérature, c’est ce qui
s’enseigne, un point c’est tout. C’est un objet d’enseignement” Roland Barthes, “Re ections sur un
manuel”, p. 170.
15. Chinweizu, Jemie e Madubuike, Toward the Decolonization of African Literature, p. xiv, texto e
nota de rodapé.
16. Id., ibid., p. 89.
17. Id., ibid., p. 151.
18. Id., ibid., p. 147.
19. Id., ibid., p. 4.
20. Eliot é citado na p. 106. Quando Chinweizu et al. a rmam, tipicamente, que “havia na África
pré-colonial uma abundância de narrativas orais que em nada são inferiores aos romances
europeus” (p. 27), eles presupõem a visão universalista de que existe alguma métrica avaliativa
(universal) pela qual a excelência relativa dos dois possa ser aquilatada.
21. O in uente ensaio de Renan, “Qu’est-ce qu’une nation”, é o locus classicus das tentativas de
de nir a nacionalidade por uma “memória comum”. Para um trabalho recente sobre a invenção
de tradições, ver Hobsbawm e Ranger, e Invention of Tradition.
22. Michel de Certeau, Heterologies: Discourse on the Other, p. 32.
23. “As fontes de cada uma dessas tendências podem ser discernidas a partir do Renascimento, mas
foi nos séculos XVIII e XIX que elas se evidenciaram com mais vigor, até efetivamente se
tornarem, no século XX, pressupostos aceitos.” Raymond Williams, Marxism and Literature, p.
47. Ver também Louis Montrose, “Of Gentlemen and Shepherds: e Politics of Elizabethan
Pastoral Form”, e Michel Beaujour, “Genus Universum”.
24. Ernesto Laclau e Chantal Mouffe escrevem: “Somente quando se aceitar que as posições do
sujeito não podem ser reconduzidas a um princípio fundante positivo e unitário — só então o
pluralismo poderá ser considerado radical. O pluralismo só é radical na medida em que cada
termo dessa pluralidade de identidades encontre dentro de si o princípio de sua própria
validade, sem que esta tenha que ser buscada numa base positiva transcendental ou subjacente,
como a hierarquia de sentido de todos eles e como fonte e garantia de sua legitimidade”
(Hegemony and Socialist Strategy, p. 167).
25. William Carlos Williams, In the American Grain, p. 226.
26. Para Pêcheux, o gesto mais radical se dá em direção ao que ele denomina de desidenti cação,
na qual já não somos investidos das determinações institucionais especí cas do Ocidente.
Michel Pêcheux, Language, Semantics and Ideology, p. 156-159.
27. Frantz Fanon, e Wretched of the Earth, p. 221.
28. Id., ibid., p. 223-224.
29. Id., ibid., p. 226. Para Ngugi, a causa do nacionalismo cultural levou-o a escrever em gikuyu,
evitando as línguas da Europa. Na verdade, a propósito de seus pares eurófonos, ele insiste em
que, “apesar das a rmações em contrário, o que eles produziram não é literatura africana”, e
quali ca a obra de Achebe, Soyinka, Sembene e outros como uma mera aberração híbrida, que
“só pode ser chamada de literatura afro-européia” (Ngugi wa iong’o, “e Language of African
Literature”, p. 125). Assim, é interessante notar que, a despeito de seu nativismo lingüístico, ele
não evita inovações enraizadas nos meios de comunicação expressivos ocidentais.
Recentemente, explicou alguns dos efeitos que conseguiu em seu último romance gikuyu,
Matigari ma Njirugi, pelo fato fortuito de ter sido “in uenciado pela técnica cinematográ ca. (...)
Escrevo como se cada cena fosse captada num quadro, de modo que o romance inteiro é uma
série de tomadas de câmera”. (“Interview with Ngugi wa iong’o, por Hansel Nolumbe Eyoh”, p.
166.)
30. Terence Ranger, “Invention of Tradition in Colonial Africa”, in Hobsbawm e Ranger, e
Invention of Tradition, p. 212.
31. Id., ibid., p. 212.
32. Id., ibid., p. 262. Al-Amin M. Mazrui argumentou, oportunamente, que “as observações
empíricas tenderam a sugerir uma mudança para uma crescente consciência étnica, apesar da
tendência inversa no sentido de reduzir o comportamento étnico. Perder de vista essas
observações culmina, necessariamente, na distorção da natureza da identidade tribal e na
misti cação do renascimento cultural como um auxiliar da identidade tribal. Na verdade, essa
tendência a misti car a identidade tribal é precisamente o fator que levou os países imperialistas
a reconhecerem que não há nenhum con ito de interesses em seu patrocínio de toda sorte de
festivais culturais tribais provincianos, a título de revivi car a herança cultural africana, ao
mesmo tempo em que tentam infundir em nossas sociedades um ‘novo’ ethos cultural que seja
conducente a uma maior consolidação do capitalismo neocolonial na África.” Al-Amin Mazrui,
“Ideology or Pedagogy: e Linguistic Indigenisation of African Literature”, p. 67.
33. Johannes Fabian, Language and Colonial Power, p. 42-43. O predomínio do swahili em muitas
áreas é, em si mesmo, um produto colonial (ver p. 6).
34. Fanon, e Wretched of the Earth, p. 212.
35. Christopher Miller, “eories of Africans: e Question of Literary Anthropology”.
36. Paul de Man, “e Resistance to eory”, p. 14.
37. Paul de Man, Allegories of Reading, p. 16-17.
38. Denis Kambouchner, “e eory of Accidents”, p. 149.
39. Id., ibid., p. 150.
40. É importante que que claro que a a rmação de dependência de Chase é complexa; Paul de
Man, a rma ela, está parcialmente empenhado numa crítica da ideologia romântica; ver o artigo
de Chase, “Translating Romanticism: Literary eory as the Criticism of Aesthetics in the Work
of Paul de Man”, para uma elaboração desse ponto.
41. Miller, “eories of Africans: e Question of Literary Anthropology”, p. 281.
42. Ver meu artigo “Strictures on Structures: On Structuralism and African Fiction”.
43. Marilyn Butler, “Against Tradition: e Case for a Particularized Historical Method”.
44. Para uma discussão esclarecedora sobre as acusações de que Ouologuem seria culpado de
“plágio” da obra de Greene, ver Christopher Miller, Blank Darkness: Africanist Discourse in
French, p. 219-228.
45. “Entrevista com Achebe” (Anthony Appiah, John Ryle e D. A. N. Jones), 26 de fevereiro de
1982.
46. Otok p’ Bitek, Song of Lawino and Song of Ocol, p. 43-44.
47. Gerald Moore, Twelve African Writers, p. 124-125.
48. Ver Killam, African Writers and Writing, p. 3.
49. Signi cativamente, quando, em minha própria época de estudante universitário lá, a
Universidade de Cambridge nomeou Wole Soyinka como lente, foi através do Departamento de
Antropologia.
50. Immanuel Wallerstein, Historical Capitalism, p. 88.
51. Eu contrastaria isso com as tentativas sérias de usar situacionalmente, na teoria literária, noções
extraídas da adivinhação ifa, por exemplo, como fez Henry Louis Gates em seu Signifying
Monkey. Mas, nesse caso, teremos ultrapassado em muito a mera inserção de uma metáfora
ocasional. Aquilo a que faço objeção é o glacê nativista, e não o bolo africano.
52. “Entrevista com Achebe”. Essa passagem, que provém de minha transcrição original, foi editada
a partir da versão publicada no Times Literary Supplement.
53. Soyinka, é claro, usa a expressão “visão social” para ns mais complexos, em Wole Soyinka,
Myth, Literature and the African World. Para uma discussão adicional dessas questões, ver o
capítulo 4.
54. “Tout le long du jour” vem de Chants d’ombre.
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
1. J. F. iel, La Situation religieuse des Mbiem (Provérbio 5), p. 171. Verti a tradução e a glosa
francesas.
2. Eu poderia ter escolhido aqui a palavra “pós-tradicional”, mas, como argumento no ensaio
seguinte, talvez convenha reservar o “pós” como pre xo para um m mais especí co que o de
signi car simplesmente “depois”.
3. R. S. Rattray, Ashanti, p. 147-149. Modi quei a tradução dele em alguns pontos.
4. Experimente pedir a um padre católico, na Irlanda rural ou na Guatemala, uma explicação de
cada passo da Eucaristia.
5. Esse ponto é claramente exposto no excelente Symbol and eory, de John Skorupski.
6. Clifford Geertz, e Interpretation of Cultures, p. 90.
7. Kwasi Wiredu, Philosophy and an African Culture, p. 42.
8. Chinua Achebe, entrevista.
9. Oscar Wilde, Phrases and Philosophies for the Use of the Young, p. 418.
10. Robin Horton, “Spiritual Beings and Elementary Particles: A Reply to Mr. Pratt”, p. 21-33; p.
30.
11. “ Unepremière approche desphénomènes de la magie et de la sorcellerie serait de supposer que nous
nous trouvons là en face d’un langage symbolique (...) Un homme qui vole dans les airs, qui se
transforme en animal, ou qui se rend invisible à volonté (...) pourraient ríêtre alors qu’un langage
codé dont nous devrions simplement découvrir la clef. Nous serions alors rassurés.” M. P. Hegba,
Sorcellerie; chimère dangereuse...?, p. 219.
12. Horton, “Spiritual Beings and Elementary Particles - A Reply to Mr. Pratt”, p. 31.
13. “[L]e langage symbolique et ésotérique est fort en honneur en notre société (...)”, Hegba, Sorcellerie:
chimère dangereuse...?, p. 219.
14. John Skorupski convenceu-me de que Durkheim realmente oferece essa argumentação
aparentemente grosseira; ver Skorupski, Symbol and eory, capítulo 2, para uma excelente
discussão.
15. Essa explicação me foi sugerida numa conversa com Ruth Marcus. Essa concepção da
racionalidade pertence a uma família de propostas recentes que tratam o conceito como sendo
de nido por aquilo que os lósofos chamam relações de re dos agentes com o mundo; ver, por
exemplo, a explicação do conhecimento dada por Grandy em Hugh Mellor (org.), Prospects for
Pragmatism. Assim, segundo essa visão, é verdade que as crenças de uma pessoa podem ser
objetivamente irracionais, muito embora sejam subjetivamente justi cadas. Como mostrou
Gettier, uma crença pode ser justi cada e verdadeira, mas não um conhecimento, em virtude de
a justi cação não se relacionar apropriadamente, de re, com os fatos; ver Edmund L. Gettier III,
“Is Justi ed True Belief Knowledge?”, p. 281-282. Do mesmo modo, quero dizer que uma crença
pode ser sensata (subjetivamente) mas irracional (objetivamente). Uma vez que as questões da
racionalidade, portanto, levantam questões sobre como as outras pessoas se situam em relação à
realidade, e já que essas questões não podem ser respondidas e ao mesmo tempo deixar em
aberto, como desejo fazer, questões sobre quem tem razão, falarei mais, de agora em diante, em
sensatez do que em racionalidade. Uma pessoa é sensata, a meu ver, quando tenta ser racional:
quando tenta agir de modo a maximizar a probabilidade de que suas crenças sejam verdadeiras.
16. Evans-Pritchard, Witchcra, Oracles and Magic Among the Azande, p. 202.
17. Richard Miller, Fact and Method, passim.
18. Evans-Pritchard, Witchcra, Oracles and Magic Among the Azande, p. 201.
19. Id., ibid., p. 201.
20. Id., ibid., p. 199. O que Evans-Pritchard pretende dizer com “místicos”, como a rma, são os
“padrões de pensamento que atribuem aos fenômenos supra-sensíveis qualidades as quais, ou
parte das quais, não decorrem da observação, ou não podem ser logicamente inferidas desta, e as
quais eles não possuem” (p. 229, grifos meus). É a oração grifada que executa todo o trabalho aqui:
o resto dessa de nição signi ca, simplesmente, que os predicados místicos são carregados de
teoria, o que quer dizer, se a recente loso a da ciência tiver razão, que eles são, nesse aspecto,
como qualquer outro predicado empírico; ver N. R. Hanson, Patterns of Discovery, e (para
algumas ressalvas) Ian Hacking, Representing and Intervening, p. 171-176. (O termo de Hanson é
“theory-loaded”, mas eu — e outros — usamos a expressão “theory-laden” [ambos traduzidos em
português por “carregados de teoria”].)
21. Evans-Pritchard, Witchcra, Oracles and Magic Among the Azande, p. 201-203.
22. Algumas pessoas acreditam que Uri Geller tenha poderes ditos “paranormais”: a capacidade,
por exemplo, de vergar colheres “pelo poder da mente”.
23. Ver Karl Popper, Conjectures and Refutations, e T. S. Kuhn, e Structure of Scientific
Revolutions.
24. O artigo mais famoso de Horton é seu “African Traditional Religion and Western Science”
[Religião tradicional africana e ciência ocidental]. Toda a minha re exão sobre essas questões foi
estimulada e avivada pela leitura e pelas conversas com ele; e tantas das idéias que estarei
apresentando são dele, que faço agora um agradecimento geral.
25. “Sans méconnaitre ses limites ni freiner la marche vers le progrès, la science et la libération, il faut
admettre que l’explication africaine des phénomènes de la magie et de la sorcellerie est rationelle. Nos
croyances populaires sont déconcertantes certes, parfois fausses, mais ne seraitce pas une faute
méthodologique grave que de postuler l’irrationnel au point de départ de l’étude d’unesociété?”M. P.
Hegba, Sorcellerie: chimère dangereuse...?, p. 267.
26. Wiredu, Philosophy and an African Culture, cap. 3.
27. Horton, “African Traditional Religion and Western Science”, p. 64.
28. Id., ibid., p. 51.
29. Ver Daniel Dennett, e Intentional Stance.
30. Ver Evans-Pritchard, Witchcra, Oracles and Magic Among the Azande, cap. 2.
31. Wilson, Rationality, p. 153.
32. Catherine Coquery-Vidrovitch, “e Political Economy of the African Peasantry and Modes of
Production”, p. 91.
33. Barry Hallen, “Robin Horton on Critical Philosophy and Traditional ought”. Wiredu, é claro,
não nega a existência de céticos nas culturas tradicionais. Ver p. 20-21, 37 e 143 de Philosophy
and an African Culture.
34. Hallen, “Robin Horton on Critical Philosophy and Traditional ought”, p. 82.
35. Id., ibid., p. 82.
36. Karl Popper, “Towards a Rational eory of Tradition”.
37. Hallen, “Robin Horton on Critical Philosophy and Traditional ought”, p. 83.
38. M. Griaule, Dieu d’eau. Entretiens avec Ogotemmeli (Paris, 1948). (E poderiamos acrescentar,
apesar dos comentários de Horton no manuscrito “African ought-patterns: the Case for a
Comparative Approach” [Padrões de pensamento africanos: em defesa de uma abordagem
comparativa], que, desde Kuhn, a “abertura” da ciência também está em questão; ver D. Gjertsen,
“Closed and Open Belief Systems”.)
39. Barry Hallen e J. O. Sodipo, Knowledge, Beliefand Witchcra.
40. Esse trabalho encontra-se no artigo “Traditional ought and the Emerging African
Philosophy Department: A Reply to Dr. Hallen” [O pensamento tradicional e o emergente
Departamento de Filoso a Africana: resposta ao dr. Hallen].
41. O que não quer dizer que eles não tenham os conceitos necessários para compreender a idéia
de um experimento, mas apenas que não se interessam pela experimentação desinteressada,
simplesmente para descobrir como as coisas funcionam. Pois os azande estão muito cônscios,
por exemplo, de que um oráculo precisa ser executado cuidadosamente, para que possa ser
con ável. Assim, eles testam sua con abilidade a cada ocasião em que ele é usado. Em geral,
existem dois testes: bambata sima e gingo, o primeiro e o segundo testes. Geralmente, no
primeiro teste, a pergunta é formulada para que a morte de uma galinha signi que “sim”, e, no
segundo, para que a morte signi que “não”; mas pode dar-se o inverso. Os resultados
incoerentes invalidam o processo. Os azande também têm um meio de con rmar se um oráculo
não está funcionando: fazer-lhe uma pergunta cuja resposta eles já conheçam. Essas falhas
podem ser explicadas por um dos muitos obstáculos ao funcionamento adequado de um
oráculo: desrespeito ao tabu; feitiçaria; o fato de o veneno benge usado no oráculo ter sido
“estragado” (como crêem os azande) por ter estado perto de uma mulher menstruada.
42. Evans-Pritchard, Witchcra, Oracles and Magic Among the Azande, p. 202-204.
43. Gellner propõe uma “baixa divisão cognitiva do trabalho, acompanhada, ao mesmo tempo, por
uma proliferação de papéis”, como “diferenças cruciais entre a mente selvagem e a mente
cientí ca”, em Legitimation of Belief, p. 158.
44. A discussão da importância desse fato é uma das áreas mais estimulantes da loso a da
linguagem; ver, por exemplo, Hilary Putnam, “e Meaning of ‘Meaning’”, em seu livro Mind,
Language and Reality.
45. William Lecky, History of the Rise and Influence of the Spirit of Rationalism in Europe, p. 8-9.
46. “Tout Africain qui voulait faire quelque chose depositif devait commencerpar détruire toutes ces
vieilles croyances, qui consistent à créer le merveilleux là ou il n’y a quephénomène naturel: volcan,
forêt vierge, foudre, soleil, etc” Aké Loba, Kocoumbo, l’étudiant noir, p. 141.
Capítulo 7
Capítulo 8
1. Provérbio akan. (Os provérbios são notoriamente difíceis de interpretar, e portanto, também de
traduzir. Mas a idéia é a de que os Estados desmoronam por dentro, e o provérbio é usado para
expressar o sentimento de que as pessoas sofrem em decorrência de suas próprias fraquezas.
Meu pai jamais perdoaria o solecismo de tentar explicar um provérbio!)
2. Em Politics and Society in Contemporary Africa, p. 81, Naomi Chazan, Robert Mortimer, John
Ravenhill e Donald Rotchild citam, com base na revista Afriscope 7, n. 4 (1977), p. 2425, uma cifra
de 150 mil “pessoas pro ssionalmente quali cadas” na África sub-saariana.
3. Ver D. G. Austin, Politics in Ghana 1946-1960, p. 48.
4. A Etiópia, que nunca foi colônia, é um dos mais antigos Estados uni cados do mundo; mas as
fronteiras modernas da Etiópia incluem a Eritréia e Ogaden, ambos essencialmente concedidos
ao império etíope por potências ocidentais.
5. Kwame Nkrumah, Autobiography ofKwame Nkrumah, p. 153-161.
6. Politics and Government in African States 1960-1985, de Peter Duignan e Robert H. Jackson
(orgs.), p. 120-121.
7. Samir Amin, “Underdevelopment and Dependence in Black Africa: Origins and Contemporary
Forms”.
8. Chazan et al., Politics and Society in Contemporary Africa, p. 41.
9. Twi é o nome genérico da língua falada (com algumas variações de acento e vocabulário) na
maior parte do setor akan de Gana; a língua de Achanti é o twi-achanti.
10. Isso não equivale a ignorar o papel do SAP (Programa de Ajuste Estrutural) no
estrangulamento dos movimentos trabalhistas, que, em alguns locais, constituíram um dos
principais opositores societários ao Estado. O SAP tem desempenhado, como se pretendia, o
papel de facilitar a vida do capital também de outras maneiras.
11. Na Grã-Bretanha, a oposição da sra. atcher à plena união monetária européia e a uma moeda
única, por exemplo — uma oposição que cumpriu um papel em sua saída do cargo de primeira-
ministra —, esteve claramente ligada a um sentimento (extremamente ameaçador para quem
quer que tivesse as simpatias da sra. atcher pelo monetarismo) de que isso reduziria as opções
da política monetária nacional britânica.
12. A referência à “con ança essencial dos cidadãos de Gana e de outros locais no sistema judiciário
estabelecido” — em Chazan et al., Politics and Society in Contemporary Africa, p. 59 — é um dos
raros pontos em que sou obrigado a dizer que considero pouco convincente a análise desses
autores.
13. Considerei muito útil a elaboração teórica desses padrões em Chazan et al., Politics and Society
in Contemporary Africa, cap. 3, “Social Groupings”.
14. Não devemos, entretanto, desconhecer o papel das assimetrias do poder na periferia de
Koumassi e em outros lugares da periferia do Estado, na estruturação de quem se bene cia com
esses arranjos.
15. Uma association des originaires é uma associação de pessoas de origem comum.
16. Sou especialmente grato a Jeff Paine por sua ajuda na construção de uma visão anterior dessas
colocações, publicada no Wilson Quarterly.
Capítulo 9
Epílogo
ACHEBE, Chinua. e Novelist as Teacher. In : African Writers on African Writing. Org. G. D. Killam.
Londres : Heinemann, 1973.
______. Entrevista com Anthony Appiah, D. A. N. Jones e John Ryle no Times Literary Supplement,
26 de fevereiro de 1982. (Algumas passagens citadas no texto são de minha própria transcrição não
publicada da íntegra da entrevista, que foi editada em sua versão publicada, mais curta.)
ADKINS, A. W. H. Merit and Responsibility in Greek Ethics. Oxford : Oxford University Press, 1960.
AMADIUME, I . Male Daughters, Female Husbands. Londres : Zed Books, 1987.
AMIN, Samir. Underdevelopment and Dependence in Black Africa: Origins and Contemporary
Forms. Journal of Modern African Studies 10, n. 4 (1972), p. 503-524.
ANDERSON, Benedict. Imagined Communities: Reflections on the Origin and Spread of Nationalism.
Londres : Verso, 1983.
APPIAH, Joe. Joe Appiah: e Autobiography of an African Patriot. Westport, Conn. : Praeger, 1990.
APPIAH, K. A. How not to do African Philosophy. Universitas, 6.2 (1979), p. 183-191.
______. Modernisation and the Mind. Resenha de Wiredu, Philosophy and an African Culture. Times
Literary Supplement, 20 de junho de 1980, p. 697.
______. Strictures on Structures: On Structuralism and African Fiction. In : Black Literature and
Literary eory. Org. Henry Louis Gates Jr. Nova York : Methuen, 1984, p. 127-150.
______. An Aesthetics for Adornment in some African Cultures. No catálogo Beauty by Design: e
Aesthetics of African Adornment. Nova York : African-American Institute, 1984, p. 15-19.
______. Soyinka and the Philosophy of Culture. In : Philosophy in Africa: Trends and Perspectives.
Org. P. O. Bodunrin. Ile-Ife : University of Ife Press, 1985, p. 250-263.
______. Resenha de Hountondji, African Philosophy: Myth and Reality. Queens Quarterly (inverno
de 1985), p. 873-874.
______. e Uncompleted Argument: Du Bois and the Illusion of Race. In : “Race”, Writing and
Difference. Org. Henry Louis Gates Jr. Chicago : University of Chicago Press, 1986, p. 21-37.
______. Are We Ethnic? e eory and Practice of American Pluralism. Black American Literature
Forum 20 (primavera-verão de 1986), p. 209-224.
______. Racism and Moral Pollution. Philosophical Forum 18 (inverno-primavera 1986-1987), p.
185-202.
______. Old Gods, New Worlds: Some Recent Work in the Philosophy of African Traditional
Religion. In : Contemporary Philosophy: A New Survey, v. 5. Org. Guttorm Flistad. Amsterdam :
Martinus Nijhoff, 1987, p. 207-234.
______. A Long Way from Home: Richard Wright in the Gold Coast. In : Richard Wright Modern
Critical Views. Org. Harold Bloom. Nova York : Chelsea House, 1987, p. 173-190.
______. ought in a Time of Famine. Resenha de Gyekye, An Essay on African Philosophical
ought. Times Literary Supplement (29 jul. - 4 ago. 1988), p. 837.
______. Racisms. In : Anatomy of Racism. Org. David Goldberg. Mineápolis : Minnesota University
Press, 1988.
______. Necessary Questions. Nova York : Prentice-Hall, 1989.
______. e Conservation of “Race”. In : Black American Literature Forum 23 (primavera de 1989),
p. 37-60.
______. Race. In : Key Words in Contemporary Literary Studies. Org. Frank Lentricchia e Tom
McLaughlin. Chicago : University of Chicago Press, 1990, p. 274-287.
______. Tolerable Falsehoods: Agency and the Interests of eory. In : Some Consequences of
eory. Org. Barbara Johnson e Jonathan Arac. Baltimore : Johns Hopkins University Press, 1990.
______. Soyinka’s Myth of an African World. In : Crisscrossing Boundaries in African Literatures. Org.
Kenneth Harrow, Jonathan Ngaté e Clarisse Zimra. Washington, DC : ree Continents Press e
African Literature Association, 1991, p. 11-24.
APPIAH, Peggy, APPIAH, K. A. Bu me be: e Proverbs of the Akan. No prelo.
ARNOLD, A. James. Modernism and Négritude. Cambridge, Mass. : Harvard University Press, 1981.
AUSTIN, D. G. Politics in Ghana 1946-1960. Oxford : Oxford University Press, 1964.
BARTHES, Roland. Re exions sur un manuel. In : Enseignement de la littérature. Org. Tzvetan
Todorov e Serge Doubrovsky. Paris : Plon, 1971, p. 170-177.
BEAUJOUR, Michel. Genus Universum. Glyph 7, Baltimore, Johns Hopkins University Press, 1980,
p. 15-31.
BENDIX, Reinhard. Max Weber: An Intellectual Portrait. Londres : Methuen University Paperback,
1966.
BERGER, Harry Jr. Bodies and Texts. Representations 17 (inverno de 1987), p. 144-166.
BERNAL, Martin. Black Athena, v. I, e Fabrication of Ancient Greece 1785-1985. New Brunswick, NJ
: Rutgers University Press, 1987.
BLOOM, Harold. A Map of Misreading. Nova York : Oxford University Press, 1975.
BLYDEN, E. W. Study and Race. In : Black Spokesman: Selected Published Writings of Edward Wilmot
Blyden. Org. Hollis R. Lynch. Londres : Frank Cass, 1971.
______. Christianity, Islam and the Negro Race, 1887. Reedição. Edinburgo : Edinburgh University
Press, 1967.
BROTZ, Howard. Negro Social and Political ought. Nova York : Basic Books, 1966.
BUTLER, Marilyn. Against Tradition: e Case for a Particularized Historical Method. In : Historical
Studies and Literary Criticism. Org. Jerome J. McGann. Madison : University of Wisconsin Press,
1985.
CARTWRIGHT, Nancy. How the Laws of Physics Lie. Oxford : Oxford University Press, 1983.
CERTEAU, Michel de. Heterologies: Discourse on the Other. Trad. [para o inglês] Brian Massumi.
Mineápolis : Minnesota University Press, 1986.
CÉSAIRE, Aimé. Cahier d’un retour au pays natal. Paris : Presence Africaine, 1971.
CHASE, Cynthia. Translating Romanticism: Literary eory as the Criticism of Aesthetics in the
Work of Paul de Man. Textual Practice, 4.3 (inverno de 1990), p. 349-375.
CHAZAN, Naomi, MORTIMER, Robert, RAVENHILL, John, ROTHSCHILD, Donald. Politics and
Society in Contemporary Africa. Boulder, Colorado : Lynne Rienner Publishers, Inc., 1988.
CHINWEIZU, Onwuchekwa Jemie, MADUBUIKE, Ihechukwu. Toward the Decolonization of
African Literature. Enugu : Fourth Dimension Publishing Co., 1980.
COLE, H., ROSS, D. e Arts of Ghana. Los Angeles : University of California, 1977.
COQUERY-VIDROVITCH, Catherine. e Political Economy of the African Peasantry and Modes
of Production. Trad. [para o inglês] Jeanne Mayo. Reeditado e organizado por Peter C. W. Gutkind e
Immanuel Wallerstein. In : e Political Economy of Contemporary Africa. Beverly Hills, Califórnia :
Sage Publications, 1976, p. 94-116.
CRUMMELL, Alexander. e Relations and Duties of Free Colored Men in America to Africa. In :
Negro Social and Political ought. Org. H. Brotz. Nova York : Basic Books, 1966, p. 171-180.
______. e Race Problem in America. In : Negro Social and Political ought. Org. H. Brotz. Nova
York : Basic Books, 1966, p. 180-190.
______. e English Language in Liberia. In : e Future of Africa: Being Addresses, Sermons Etc.,
Etc., Delivered in the Republic of Liberia (1862). Republicado em Detroit : Negro History Press,
1969.
DENNETT, Daniel C. e Intentional Stance. Cambridge, Mass. : Bradford Books, 1987.
DIETERLEN, M. (org.). La Notion depersonne en Afrique noir. Paris : Editions du CNRS, 1973.
DIOP, Cheikh Anta. e African Origin of Civilization: Myth or Reality. Nova York : Westport,
Lawrence Hill and Company, 1974.
DOUGLAS, M. Purity and Danger. Nova York : Praeger, 1966.
DU BOIS, W. E. B. Races. e Crisis (agosto de 1911). In : Writings in Periodicals Edited by W. E. B. Du
Bois. V. I : 1911-1925. Compilado e organizado por Herbert Aptheker Milwood. Nova York : Kraus-
omson Organization Limited, 1983.
______. e Conservation of Races. American Negro Academy Occasional Papers, n. 2, 1897.
Republicado em W. E. B. Du Bois Speaks. Speeches and Addresses 1890-1919. Org. Philip S. Foner.
Nova York : Path nders Press, 1970, p. 73-85.
______. Black Reconstruction: An Essay Toward a History of the Part which Black People Played in
America, 1860-1880. Nova York : Russel and Russel, 1935.
______. Dusk of Dawn: An Essay Toward an Autobiography of a Race Concept. Nova York : Harcourt,
Brace and Company, 1940. Republicado com uma introdução de Herbert Aptheker Milwood. Nova
York : Kraus-omson Organization Limited, 1975.
DUNIGAN, Peter, JACKSON, Robert H. Politics and Government in African States 1960-1985.
Londres e Sydney : Croom Helm; Stanford : Hoover Institution Press, 1986.
EAGLETON, T. Literary eory: An Introduction. Oxford : Basil Blackwell, 1983.
EDDINGTON, A. e Nature of the Physical World. Cambridge : Cambridge University Press, 1928.
EVANS-PRITCHARD, E. E. Nuer Religion. Oxford : Oxford University Press, 1956.
______. Witchcra, Oracles and Magic Among the Azande. Resumido e com uma introdução de Eva
Gillies. Oxford : Oxford University Press, 1976.
FABIAN, Johannes. Time and the Other: How Anthropology Makes its Object. Nova York : Columbia
University Press, 1983.
______. Language and Colonial Power. Cambridge : Cambridge University Press, 1986.
FANON, Frantz. e Wretched of the Earth. Nova York : Grove Press, 1968.
FEYERABEND, P. Against Method. Londres : New Le Books, 1975.
GATES, Henri Louis Jr. (org.). Black Literature and Literary eory. Nova York : Methuen, 1984.
______. “Race”, Writing and Difference. Chicago : University of Chicago Press, 1986.
______. Figures in Black. Nova York : Oxford University Press, 1987.
______. e Signifying Monkey: A eory of Afro-American Literary Criticism. Nova York : Oxford
University Press, 1988.
GEERTZ, Clifford. e Interpretation of Cultures. Nova York : Basic Books, 1973.
GELLNER, Ernest. Legitimation of Belief. Cambridge : Cambridge University Press, 1974.
GETTIER, Edmund L. III. Is Justi ed True Belief Knowledge?. Analysis, 23.6 (jun. 1963), p.121-123.
GJERTSEN, Derek. Closed and Open Belief Systems. Second Order, 7.1 (1980), p. 5-69.
GOODY, J. e Domestication of the Savage Mind. Cambridge : Cambridge University Press, 1977.
GORDON, David M., EDWARDS, Richard, REICH, Michael. Segmented Work, Divided Workers: e
Historical Transformation of Labor in the United States. Cambridge : Cambridge University Press,
1982.
GREENBLATT, Stephen. Renaissance Self-fashioning: from More to Shakespeare. Chicago : University
of Chicago Press, 1980.
GRIAULE, M. Dieu d’eau. Entretiens avec Ogotemmeli. Paris : Editions du Chêne, 1948.
GUILLORY, John. Canonical and Non-Canonical: A Critique of the Current Debate. ELH 54, 3
(outono de 1987), p. 483-527.
GYEKYE, Kwame. Resenha de Mbiti, African Religions and Philosophy, Second Order, 4.1 (1975), p.
86-94.
______. Akan Language and the Materialism esis. Studies in Language, I, n. 1 (1977), p. 237244.
______. African Philosophical ought. Cambridge : Cambridge University Press, 1987.
HABERMAS, Jürgen. e Philosophical Discourse of Modernity: Twelve Lectures. Cambridge, Mass. :
MIT Press, 1987.
HACKING, Ian. Representing and Intervening: Introductory Topics in the Philosophy of Science.
Cambridge : Cambridge University Press, 1983.
HALLEN, B. Robin Horton on Critical Philosophy and Traditional ought. Second Order, 6.1
(1977), p. 81-92.
HALLEN, B., SODIPO, J. O. Knowledge, Belief and Witchcra. Londres : Ethnographica, 1986.
HANSON, N. R. Patterns of Discovery: An Inquiry into the Conceptual Foundations of Science.
Cambridge : Cambridge University Press, 1958.
HARROW, Kenneth, NGATÉ, Jonathan, ZIMRA, Clarisse (orgs.). Crisscrossing Boundaries in African
Literatures. Washington, DC : ree Continents Press e African Literature Association, 1991.
HARTMAN, Geoffrey. Wordsworth’s Poetry, 1787-1814. New Haven : Yale University Press, 1964.
HEGBA, Meinrad P. Sorcellerie: chimère dangereuse...? Abidjã : INADES, 1979.
HEISENBERG, W. Philosophic Problems of Nuclear Science. Nova York : Pantheon, 1952.
HOBSBAWM, Eric, RANGER, Terence (orgs.). e Invention of Tradition. Cambridge : Cambridge
University Press, 1983.
HORSMAN, Reginald. Race and Manifest Destiny: e Origins of American Racial AngloSaxonism.
Cambridge, Mass. : Harvard University Press, 1981.
HORTON, R. God, Man and the Land in a Northern Ibo Village Group. Africa 26, 1 (1956), p. 17-28.
______. e Kalabari World View: An Outline and Interpretation. Africa 22, 3 (1962), p. 197220.
______. Ritual Man in Africa. Africa 34, 2 (1964), p. 85-104.
______. African Traditional Religion and Western Science. Africa 37, 1 & 2 (1967), p. 50-71 e 155-
187.
______. A Hundred Years of Change in Kalabari Religion. In : Black Africa: Its Peoples and their
Cultures Today. Org. John Middleton. Londres : Collier-Macmillan, 1970, p. 192-211.
______. Spiritual Beings and Elementary Particles: A Reply to Mr. Pratt. Second Order, 1.1 (1972), p.
21-33.
HORTON, Robin. Paradox and Explanation: A Reply to Mr. Skorupski. In : Philosophy of Social
Sciences 3 (1973), p. 231-256.
______. Lévy-Bruhl, Durkheim and the Scienti c Revolution. In : Modes of ought. Org. Robin
Horton e Ruth Finnegan. Londres : Faber and Faber, 1973, p. 249-305.
______. Understanding Traditional African Religion: A Reply to Professor Beattie. Second Order,
3.1 (1976), p. 3-29.
______. Traditional ought and the Emerging African Philosophy Department: A Comment on
the Current Debate. Second Order, 6.1 (1977), p. 64-80.
______. Tradition and Modernity Revisited. In : Rationality and Relativism. Org. S. Lukes e M.
Hollis. Oxford : Basil Blackwell, 1982, p. 201-260.
______. African ought-Patterns: e Case for a Comparative Approach. Manuscrito não
publicado.
______. Traditional ought and the Emerging African Philosophy Department: A Reply to Dr.
Hallen. Manuscrito não publicado.
______. African ought Patterns: e Case for a Comparative Approach. Manuscrito não
publicado.
HORTON, R., FINNEGAN, R. Modes of ought. Londres : Faber and Faber, 1973.
HOUNTONDJI, P. Sur la philosophie africaine. Paris : Maspero, 1976.
______. African Philosophy: Myth and Reality. Trad. [para o inglês] Henri Evans, com a colaboração
de Jonathan Rée. Introdução Abiola Irele. Bloomington : Indiana University Press, 1983.
HUME, David. Of National Characters (1748). In : Essays and Treatises on Several Subjects. V. I :
Essays, Morals, Political and Literary (Edinburgo, Bell & Bradfute, & W. Blackwood; & T. Cadell;
Longman, Hurst & Co.; J. Cuthell; J. Nunn; Baldwin, Craddock & Joy; Jeffrey & Son; John
Richardson: Sherwood & Co.; G. B. Whittaker; R. Saunders; J. Collingwood; W. Mason; & J. Duncan.
Londres : 1825), p. 194-210; notas de rodapé p. 507-521.
HUNTER, George K. Dramatic Identities and Cultural Tradition: Studies in Shakespeare and his
Contemporaries. Liverpool : Liverpool University Press, 1978.
IRELE, Abiola. In Praise of Alienation. Aula inaugural dada em 22 de novembro de 1982 na
Universidade de Ibadan, Nigéria, por F. Abiola Irele, Catedrático de Francês e Diretor do
Departamento de Línguas Modernas. Edição particular, s.d.
JAMESON, Fredric. e Political Unconscious. Ithaca, NY : Cornell University Press, 1981.
______. e Ideologies of eory: Essays 1971-1986. V. 2 : Syntax and History. Mineápolis :
Minnesota University Press, 1988.
JOYCE, Joyce. Who the Cap Fit. New Literary History, 18.2 (inverno de 1987), p. 335-344.
JULY, Robert K. e Origins of Modern African ought. Londres : Faber and Faber, 1968.
KAGAMÉ, Alexis. La Philosophie bantou-rwandaise de l’etre. Bruxelas : Mémoire in 8 de ARSOM, N.
S., v. XII.1, 1956.
KALLEN, Horace M. e Ethics of Zionism. e Maccabaean, Nova York, agosto de 1906.
KAMBOUCHNER, Denis. e eory of Accidents. Glyph 7. Baltimore : Johns Hopkins University
Press, 1980.
KILLAM, G. D. (org.). African Writers on African Writing. Londres : Heinemann, 1973.
KOHN, Hans. e Idea of Nationalism. Nova York : Collier Books, 1967.
KUHN, omas. e Structure of Scientific Revolutions. 2. ed. Chicago : University of Chicago
Press, 1962. [Ed. brasileira: A estrutura das revoluções científicas. São Paulo : Perspectiva.] LACLAU,
Ernesto, MOUFFE, Chantal. Hegemony and Socialist Strategy. Londres : Verso, 1977. LAITIN, David.
Politics, Language, and ought. Chicago : University of Chicago Press, 1977.
______. Linguistic Dissociation: A Strategy for Africa. In : Antinomies of Interdependence. Org.J. G.
Ruggie. Nova York : Columbia University Press, 1983.
______. Hegemony and Culture: Politics and Religious Change Among the Yoruba. Chicago :
University of Chicago Press, 1986.
LASH, Scott. Modernity or Modernism? Weber and Contemporary Social eory. In : Max Weber,
Rationality and Modernity. Org. Scott Lash e Sam Whimster. Londres : Allen and Unwin, 1987.
LECKY, William. History of the Rise and Influence of the Spirit of Rationalism in Europe, v. I. Nova York
: D. Appleton & Company, 1914.
LE PAGE, R. B., TABOURET-KELLER, A. Acts of Identity: Creole-based Approaches to Language and
Ethnicity. Cambridge e Nova York : Cambridge University Press, 1985.
LITHOWN, R. Bodunrin on eoretical Entities: A Critique. Second Order, 5.2 (1976), p. 76-84.
LOBA, Aké. Kocoumbo, Tétudiant noir. Paris : Flammarion, 1980.
LUKES, S., HOLLIS, M. (orgs.). Rationality and Relativism. Oxford : Basil Blackwell, 1982.
LYOTARD, Jean-François. e Postmodern Condition: A Report on Knowledge (eory and History of
Literature, v. 10). Trad. [para o inglês] Geoff Bennington e Brian Massumi. Mineápolis : Minnesota
University Press, 1988.
MACDOUGALL, Hugh B. Racial Myth in English History: Trojans, Teutons, and Anglo-Saxons.
Montreal : Harvest House; Hanover, New Hampshire e Londres : University Press of New England,
1982.
MACINTYRE, Alasdair. A Short History of Ethics. Nova York : Macmillan Publishing Company, 1966.
______. Aer Virtue: A Study in Moral eory. Notre Dame, IN : University of Notre Dame Press,
1987.
______. Whose Justice? Which Rationality? Notre Dame, IN : University of Notre Dame Press, 1988.
MASTERMAN, Margaret. e Nature of a Paradigm. In : Criticism and the Growth of Knowledge.
Org. Alan Musgrave e Imre Lakatos. Cambridge : Cambridge University Press, 1970, p. 59-89.
DE MAN, Paul. Allegories of Reading. New Haven : Yale University Press, 1979.
______. e Resistance to eory. Mineápolis : Minnesota University Press, 1986.
MAYNARD-SMITH, John. e eory of Evolution. 3. ed. Londres : Penguin, 1975.
MAZRUI, Ali. e Patriot as an Artist. In : African Writers on African Writing. Org. G. D. Killam.
Londres : Heinemann, 1973, p. 73-90.
MAZRUI, Al-Amin M. Ideology or Pedagogy: e Linguistic Indigenisation of African Literature.
Race and Class, 28.1 (verão de 1986), p. 63-72.
MBITI, John S. African Religions and Philosophy. Nova York : Doubleday, 1970.
MCHALE, Brian. Postmodernist Fiction. Nova York : Methuen, 1987.
MELLOR, D. H. (org.). Prospects for Pragmatism: Essays in Honour of F. P. Ramsey. Cambridge :
Cambridge University Press, 1981.
MERCER, Kobena. Black Hair/Style Politics. New Formations 3 (inverno de 1987), p. 33-54.
MILLER, Christopher. eories of Africans: e Question of Literary Anthropology. In : “Race”,
Writing and Difference. Org. Henry Louis Gates Jr. Chicago : University of Chicago Press, 1986, p.
281-300.
______. Blank Darkness: Africanist Discourse in French. Chicago : University of Chicago Press, 1985.
MILLER, Richard. Fact and Method. Princeton : Princeton University Press, 1987.
MONTROSE, Louis. Of Gentlemen and Shepherds: e Politics of Elizabethan Pastoral Form. ELH
50 (1983), p. 433-452.
MOORE, Gerald. Twelve African Writers. Bloomington : Indiana University Press, 1980.
MOORE, Gerald, BEIER, Ulli (orgs.). Modern African Poetry. 3. ed. Nova York : Penguin, 1985.
MOSES, Wilson J. e Golden Age of Black Nationalism: 1850-1925. Hamden, Conn. : Archon Books,
1978.
MUDIMBE, Valentin Y. African Gnosis. Philosophy and the Order of Knowledge: An Introduction.
African Studies Review 28, n. 2, 3 (jun./set. 1985), p. 149-233.
______. Entre les eaux. Paris : Presence Africaine, 1973.
______. Le Bel Immonde. Paris : Presence Africaine, 1976.
______. L’Ecart. Paris : Presence Africaine, 1979.
______. L’Odeur du père. Paris : Presence Africaine, 1982.
______. e Invention of Africa. Chicago : University of Chicago Press, 1988.
NEI, M., ROYCHOUDHURY, A. K. Gene Differences Between Caucasian, Negro and Japanese
Populations. Science, v. 177 (ago. 1972), p. 434-435.
______. Genetic Relationship and Evolution of Human Races. Evolutionary Biology, v. 14. Nova York :
Plenum, 1983, p. 1-59.
NGATÉ, Jonathan. Francophone African Fiction: Reading a Literary Tradition. Trenton, NJ : Africa
World Press, 1988.
NGUGI WA THIONG’O. Homecoming. Nova York : Lawrence Hill and Company, 1972.
______. e Language of African Literature. New Le Review 150 (1985), p. 109-127.
______. Interview with Ngugi wa iong’o by Hansel Nolumbe Eyoh. e Journal of Commonwealth
Literature, 21.1 (1986), p. 162-166.
NKRUMAH, Kwame. Autobiography of Kwame Nkrumah. Londres : Panaf Books, 1973.
OGUAH, Ben. African and Western Philosophy: A Comparative Study. In : African Philosophy: An
Introduction. Org. Richard Wright. Washington : University Press of America, 1979, p. 195-214.
OLSON, James S. Race, Class and Progress: Black Leadership and Industrial Unionism, 19361945. In
: Black Labor in America. Org. M. Cantor. Westport, Conn. : Negro Universities Press, 1969, p. 153-
164.
OUOLOGUEM, Yambo. A Mon Mari. Présence Africaine 57 (1966), p. 95.
______. Le Devoir de violence. Paris : Editions du Seuil, 1968.
______. Bound to Violence. Trad. [para o inglês] Ralph Manheim. Londres : Heinemann Educational
Books, 1968.
P’BITEK, O. Religion in Central Luo. Nairobi : East African Publishing House, 1971.
______. Song of Lawino and Song of Ocol. Nairóbi : East African Publishing House, 1972.
PÊCHEUX, Michel. Language, Semantics and Ideology. Nova York : St. Martin’s Press, 1982.
POPPER, Karl. Conjectures and Refutations: e Growth of Scientific Knowledge. Nova York : Basic
Books, 1962.
______. Towards a Rational eory of Tradition. In : Conjectures and Refutations. Nova York : Basic
Books, 1962.
PRATT, Mary-Louise. Toward a Speech-act eory of Literary Discourse. Bloomington : Indiana
University Press, 1977.
______. Reply to Harold Fromm. In : “Race”, Writing and Difference. Org. Henry Louis Gates Jr.
Chicago : University of Chicago Press, 1986, p. 400-401.
PRATT, V. Science and Traditional Religion. A Discussion of Some of Robin Horton’s Views. Second
Order, 1.1 (1972), p. 7-20.
PUTNAM, Hilary. e Meaning of ‘Meaning’. In : Mind Language and Reality. Philosophical Papers, v.
2. Cambridge : Cambridge University Press, 1975, p. 215-271.
RAJCHMAN, John. Habermas’s Complaint. Resenha de Jürgen Habermas, e Philosophical
Discourse of Modernity. New German Critique 45 (1988), p. 163-191.
RANDLES, W. G. L. L’Ancien Royaume du Congo des origines à la fin du XIXe siècle. Paris : Mouton,
1968.
RATTRAY, R. S. Ashanti. Londres : Oxford University Press, 1955.
______. Ashanti Law and Constitution. Londres : Oxford University Press, 1929.
REED, Adolph, Jr. Black Particularity Reconsidered. Telos 39 (primavera de 1979), p. 71-93.
RENAN, E. Qu’est-ce qu’une nation? In : Oeuvres Complètes, v. I. Paris : Calmann-Lévy, 1882, p. 887-
906.
ROBINSON, Cedric J. Black Marxism: e Making of the Black Radical Tradition. Londres : Zed
Books, 1983.
RORTY, Richard. e World Well Lost. Journal of Philosophy 69 (1972), p. 649-666.
______. Contingency, Irony and Solidarity. Cambridge : Cambridge University Press, 1988.
SARTRE, Jean-Paul. Orphée noir. In : Anthologie de la nouvelle poésie nègre et malagache de langue
française. Org. Leopold S. Senghor. Paris : Presses Universitaires de France, 1948.
SCHUYLER, George. Black No More. Nova York : Negro Universities Press, 1931.
SCHWARTZ-BART, André. Le Dernier des justes. Paris : Editions du Seuil, 1959.
SENGHOR, Léopold S. Chants d’ombre. Paris : Editions du Seuil, 1964.
SHELDRAKE, Rupert. A New Science of Life: e Hypothesis of Formative Causation. Londres : Blond
and Briggs, 1981.
SKORUPSKI, John. Symbol and eory. Cambridge : Cambridge University Press, 1976.
SMITH, Paul. A Question of Feminine Identity. Notebooks in Cultural Analysis 1. Durham : Duke
University Press, 1984, p. 81-102.
SNOWDEN, Frank. Blacks in Antiquity. Cambridge, Mass. : Harvard University Press, 1970.
SOLLORS, Werner. Beyond Ethnicity: Consent and Descent in American Culture. Nova York : Oxford
University Press, 1986.
SONGOLO, Aliko. e Writer, the Audience and the Critic’s Responsibility: e Case of Bound to
Violence. In : Artist and Audience: African Literature as a Shared Experience. Org. Priebe, Richard e
omas A. Hale. Washington, DC : ree Continents Press, 1979, p. 126-140.
SOYINKA, Wole. Myth, Literature and the African World. Cambridge : Cambridge University Press,
1976.
______. Death and the King’s Horseman. Londres : Methuen, 1975.
SPILLER, G. (org.). Papers in Inter-Racial Problems Communicated to the First Universal Races
Congress Held at the University of London, July 26-29, 1911. Londres : P. S. King and Son, 1911.
Reeditado com uma introdução de H. Aptheker. Secaucus, NJ : Citadel Press, 1970.
SPIVAK, Gayatri C. In Other Worlds: Essays in Cultural Politics. Nova York e Londres : Routledge,
1988.
STRAWSON, Peter F. Individuals: An Essay in Descriptive Metaphysics. Londres : Methuen, 1959.
SULERI, Sara. Meatless Days. Chicago : University of Chicago Press, 1989.
TAINE, Hippolyte A. History of English Literature. Trad. [para o inglês] H. Van Laun. Londres :
Chatto and Windus, 1897.
THIEL, J. F. La Situation religieuse des Mbiem. Ceeba Publications, série II, v. 1. Bandundu, Zaire :
Centre d’Etudes Ethnologiques, s.d.
THOMPSON, John B. Studies in the eory of Ideology. Berkeley : University of California Press,
1984.
TODOROV, Tzvetan. “Race”, Writing and Culture. In : “Race”, Writing and Difference. Org. Henry
Louis Gates Jr. Chicago : University of Chicago Press, 1986, p. 370-380.
TODOROV, T., DUBROVSKY, Serge (orgs.). Enseignement de la littérature. Paris : Plon, 1971.
TOWA, M. Essai sur la problématiquephilosophique dans l’Afrique actuelle. Yaoundé : CLE, 1971.
TRILLING, Lionel. e Opposing Self: Nine Essays in Criticism. Nova York : Viking Press, 1955.
______. Sincerity and Authenticity. Cambridge, Mass. : Harvard University Press, 1971.
VOGEL, Susan et al. Perspectives: Angles on African Art. Nova York : Center for African Art, 1987,
por James Baldwin, Romare Bearden, Ekpo Eyo, Nancy Graves, Ivan Karp, Lela Kouakou, Iba
N’Diaye, David Rockefeller, William Rubin e Robert Farris ompson, entrevistados por Michael
John Weber, com introdução de Susan Vogel.
WALLERSTEIN, Immanuel. Historical Capitalism. Londres : Verso, 1982.
WEBER, Max. e Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism. Trad. [para o inglês] Talcott Parsons.
Londres : Unwin University Books, 1930. [Ed. brasileira: A ética protestante e o espírito do
capitalismo. São Paulo : Pioneira.]
______. e eory of Social and Economic Organization. Nova York : Oxford University Press, 1947.
______. From Max Weber: Essays in Sociology. Org. H. H. Gerth e C. Wright Mills. Londres : Kegan
Paul, 1948.
______. Ancient Judaism. Glencoe : e Free Press, 1958.
______. Economy and Society. 3 v. Org. Gunther Roth e Claus Wittich. Nova York : Bedminster
Press, 1968. [Ed. brasileira: Economia e sociedade. Brasília : Editora da UnB, 1991.]
WESTPHALL, Jonathan. Colour: Some Philosophical Problems from Wittgenstein. Oxford : Basil
Blackwell, 1987.
WILDE, Oscar. Intentions. Londres : 1909.
______. Phrases and Philosophies for the Use of the Young. e Annotated Oscar Wilde. Org. H.
Montgomery Hyde. Nova York : Clarkeston N. Potter Inc., 1982, p. 418-419.
WILLIAMS, Bernard. Ethics and the Limits of Philosophy. Londres : Fontana, 1985.
WILLIAMS, Raymond. Marxism and Literature. Oxford : Oxford University Press, 1977.
WILLIAMS, William Carlos. In the American Grain, 1951. Reedição. Nova York : New Directions,
1956.
WILSON, Bryan (org.). Rationality. Oxford : Basil Blackwell, 1970.
WIREDU, Kwasi. Philosophy and an African Culture. Londres : Cambridge University Press, 1980.
WIREDU, J. E. (Kwasi). How Not to Compare African ought with Western ought. In : African
Philosophy: An Introduction. Org. Richard Wright. Washington : University Press of America, 1979,
p. 166-184.
WRIGHT, Richard. African Philosophy: An Introduction. 2. ed. Washington : University Press of
America, 1979.
Índice onomástico
Abrahams, 88
Acheampong, general, 232
Achebe, Chinua, 25, 72, 88, 102-104, 108, 109, 111, 112, 115, 119, 122, 164, 209, 210, 216, 236, 241,
245, 246, 275n, 276n, 277n, 280n, 287n
Adorno, eodor, 133
Akoto, Baffuor, 258-260
Akwasi, Francis, 194, 196
Akyempemhene, Nana, 171
Althusser, Louis, 133, 152, 153
Amin, Idi, 236
Amin, Samir, 228, 186n
Anderson, Ben, 85
Anokye, Okomfo, 240, 243, 254
Aoyoade, John, 140
Appiah, Joe, 10-12, 17, 253-268, 288n
Appiah, Peggy, 9, 10, 17, 255, 257
Aristóteles, 129, 135, 137, 175
Armah, 88
Arnold, A. James, 269n
Arnold, Matthew, 114, 198
Arthur, rei, 79
Asante, Rev. Dr., 257, 258, 266
Asante-Antwi, Rev. Dr., 257, 258
Austin, D. G., 286n
Austin, J. L., 141
Ayer, Alfred, 130
Azikiwe, Nnamdi, 247
Bacon, 15
Baldwin, James, 193, 195, 196, 219, 282n
Barth, Karl, 177
Barthes, Roland, 88, 202, 207, 275n
Baudelaire, Charles, 100
Baudrillard, 198
Bearden, Romare, 193, 282n
Beattie, John, 166
Beier, Ulli, 271n
Bendix, Reinhard, 204, 283n
Bernal, Martin, 270n, 278n
Bitek Otok p’, 276n
Bjornson, Dick, 17
Blyden, Edward W., 39, 41,44-47, 49, 53, 111, 147, 270n, 271n
Boigny, Houphouet, 194
Bolgar, R. R., 87
Brecht, Bertold, 118
Brook, Peter, 118
Brotz, H., 270n, 271n, 274n
Buber, Martin, 165
Buchan, 88
Busia, Ko , 221, 222, 231
Butler, Joseph, 15
Butler, Marilyn, 101, 276n
Galileu, 178
Gallie, W. B., 106
Gates, Henry Louis, 17, 275n, 277n
Gbedemah, 231
Geertz, Clifford, 162, 280n
Geller, Uri, 170, 281n
George, Tio, 258, 260, 265
Gettier, Edmund L., 280n
Gjertsen, D., 282n
Gladstone, 44
Goody, Jack, 185
Gordimer, Nadine, 216
Gordon, David M., 288n
Graves, Nancy, 193, 282n
Greenblatt, Stephen, 114, 277n
Greene, Graham, 88, 102, 210, 276n
Griaule, M., 180, 282n
Guilherme, o Conquistador, 57
Guillory, John, 87, 275n
Gyekye, Kwame, 17, 145, 278n
Jackson, Michael, 92
Jackson, Robert H., 286n
Jameson, Fredric, 197-199, 201, 210, 283n, 288n
Jaucourt, 270n
Jefferson, omas, 79, 80, 84, 274n
Jemie, Dr. Onwuchekwa, 89, 90, 275n
Johnson, Samuel, 104
Jojo, Tio, 256, 263, 265
Juabenhene, Nana, 258, 260
July, Robert K., 270n
Padmore, George, 25
p’Bitek, Okot, 102, 103
Pêcheux, Michel, 94, 275n
Platão, 36, 128, 129, 137, 147, 148
Polo, Marco, 178
Pol Pot (Saloth Sor), 41
Popper, Karl, 170, 180, 181, 197, 281n, 282n
Pound, Ezra, 201
Prempeh II, rei achanti, 9
Proust, Marcel, 98, 100, 113, 201
Putnam, Hilary, 189, 282n
Saint-Hilaire, 44
Santo Agostinho, 177
São Tomás, 216
Sartre, Jean-Paul, 56, 131-133, 272n
Schlick, Moritz, 130
Schopenhauer, Arthur, 131
Schuyler, George, 287n
Schwartz-Bart, André, 211, 284n
Scott, 103, 209
Senghor, Léopold, 23, 28, 110, 212, 272n
Shakespeare, William, 83, 119, 120
Sheldrake, Rupert, 182, 183
Silveira, Onésima, 47
Simon, Paul, 202
Skorupski, John, 142, 278n, 280n
Snowden, Frank, 270n
Sócrates, 135
Sodipo, J. O., 181,282n
Sófocles, 32
Sollors, Werner, 51, 271n, 274n
Soyinka, Wole, 14, 17, 25, 42, 48, 101, 102, 104, 108, 109, 112, 113, 116-125, 181, 212, 216, 245,
269n, 275n, 276n, 277n, 284n
Spenser, Edmund, 83,
Spivak, Gayatri, 17, 105, 287n
Stalin, Joseph, 41, 203, 205
Strawson, Peter, 141, 278n
Suleiman, Susan, 285-286n
Suleri, Sara, 218, 285
Sumner, Charles, 44
Verstegen, Richard, 79
Victoria, tia (mulher do Asantehene), 256, 257, 266
Virgílio, 44
Vitória, rainha, 44
Vogel, Susan, 193, 195, 196, 207, 282n, 283n
Voltaire, 84, 86