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Sumário

Os perigos do ostinato na música e na vida cristã ................................................................................ 2

1. Introdução................................................................................................................................... 2

2. A música e a sua influência no ser humano............................................................................... 2

3. O que é ostinato? ....................................................................................................................... 3

4. A aplicação do ostinato na Música Popular Brasileira (MPB) ................................................... 3

5. Os perigos do ostinato no meio Gospel ..................................................................................... 5

6. A igreja e a cultura ...................................................................................................................... 6

7. Conclusão .................................................................................................................................... 7

8. Bibliografia .................................................................................................................................. 8
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Os perigos do ostinato na música e na vida cristã

1. Introdução

O que é música?

A música pode ser definida como a arte de combinar sons ou até mesmo
como a arte de ouvir e reproduzir, porém saindo dos conceitos didáticos, a música nada
mais é que uma linguagem, uma forma de se expressar.
A música foi dada pelo próprio Deus para preencher um propósito
educacional. Em Deuteronômio 31:19-22, o Senhor deu a Moisés a ordem para
escrever um cântico e ensiná-lo aos filhos de Israel, com o propósito explícito de fazer
com que Israel se lembrasse através daquele cântico aquilo que Deus havia feito por
eles.

2. A música e a sua influência no ser humano

Para os gregos, que foram o berço da cultura Ocidental, a música era


associada diretamente a um significado psíquico, que poderia dar ânimo e
potencializar virtudes do corpo e do espírito, ou seja, eles acreditavam que a música
tem o poder de melhorar ou piorar o caráter de uma pessoa.
Sabemos que a música nos influencia diretamente, podemos ficar mais
calmos, agitados, tristes ou felizes, dependendo da música, mas até onde isso deixa de
ser uma emoção passageira e avança ao estágio de mudança de caráter, ou seja, até
onde a música pode nos influenciar? Esse é um debate bem vasto e pessoal, até porque
cada um possui uma reação diferente, então vamos estreitar esse debate a fatos, e
agora nós falaremos sobre ostinato e a sua influência no meio secular e evangélico.
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3. O que é ostinato?

Em música, um ostinato é um motivo ou frase musical que é


persistentemente repetido numa mesma altura. A ideia repetida pode ser um padrão
rítmico, parte de uma melodia ou uma melodia completa.
O ostinato em si não é o problema, mas sim a forma como pode ser utilizado
e assim influenciar as emoções e a manipulação da mente humana através de transe.
Judith Becker e Joshua Penman, pesquisadores americanos da Universidade
de Michigan, concluíram em um dos seus estudos sobre a música e suas reações na
mente, que um furioso padrão de ostinato quando repetido escutado por certos
períodos influenciam diretamente a mente humana a entrar em transe, uma vez que a
música em questão serve, em suas palavras, como um “Catalisador de emoções fortes
que pode levar a um transe”.
Jörg Fachner, professor do Instituto de Cambridge para Pesquisa em
Musicoterapia, em seu estudo sobre o assunto complementa ainda mais as teorias de
Penman e Becker, uma vez que seus testes levaram a conclusão de que a reprodução
de músicas com excesso de ostinados, durante alguns minutos começa a levar nossa
mente a uma redução do ruído do pensamento, ou seja, alteram o foco da atenção, da
consciência, oferecendo uma maneira de esvaziar uma pequena parte da memória e
assim facilitando/permitindo que novas informações entrem em nossa cabeça.

4. A aplicação do ostinato na Música Popular Brasileira (MPB)

Quando digo a sigla MPB, logo as pessoas pensam em Caetano Veloso ou


até mesmo Raul Seixas, mas convenhamos que atualmente o estilo musical desses
autores não é popular. Música popular é a música escutada e praticada pelo povo em
massa, ou seja, quando cito MPB, a exemplo, me refiro ao funk.
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O funk surgiu não somente pela questão da pobreza e da marginalização,


uma vez que temos exemplos de estilos como blues e jazz que são extremamente
“ricos” e que vieram a partir de uma questão social de pobreza e preconceito extremos
sofridos pelos seus criadores. Ele surge a partir de diversas influências de mídia,
empobrecimento cultural e sexualização como cultura que foram implantadas na
população aos poucos, e que hoje estão normalizadas em nossa sociedade, porém, não
estou aqui para falar politicamente e nem me aprofundar nas raízes desse debate, mas
sim alertar do efeito desse estilo de música em nossa sociedade.
Todos nós já escutamos funk, mesmo que involuntariamente, logo,
sabemos que esse estilo se baseia em um ritmo que “abusa” dos ostinados do início
ao fim, desde as batidas incessantes até a sua melodia baseada apenas em refrões.
Muitas pessoas dizem que escutam apenas pelas batidas legais e não pelas
letras indecentes, mas pelo que já falamos sabemos o perigo de se fazer isso, tanto
emocionalmente quanto nas ações do cotidiano.
Com base nos testes de Becker, Penman e Fachner, sabemos que uma
pessoa em determinada situação se propõe a escutar esse estilo por diversos minutos,
devido as batidas, começará a entrar em transe. Vale sempre lembrar que o estado de
transe não significa perder consciência ou ser manipulada através de comandos diretos
como é simbolizada nos filmes, mas sim na facilidade da adesão de informações na
mente e na influência futura dessas informações.
Indivíduos que escutam esse estilo musical, irão ter uma influência
emocional, uma vez que a música em si já mexe com nossas emoções por sua definição
e, nesse caso, irá estimular as emoções dela na parte sexual. Nesse primeiro momento,
nada que qualquer outro estilo não faria também, emoções passageiras, porém depois
de certos períodos escutando, o cérebro reage ao ostinato e começa a assimilar as
informações da letra da música e, a partir desse momento, já pode influenciar a pessoa,
uma vez que as superficialidades da música entram na mente como “conhecimento” e
isso influencia diretamente nas ações do indivíduo. Então, uma pessoa exposta a tudo
isso no cotidiano, estará enchendo a sua cabeça de apologia a libertinagem e relações
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superficiais, logo, irá reproduzir as mesmas coisas, ou seja, aquele estilo de vida
cantado se tornou algo normal e banalizado em sua mente, e assim que as
“oportunidades” de realizar essas coisas na sua vida pessoal aparecerem, ela irá
reproduzir por influência das músicas. Podemos concluir que o Funk ser um dos estilos
mais escutados do Brasil é um grande problema para o Brasil e a Igreja, já que tantas
pessoas estão sendo influenciadas a libertinagem, superficialidade e banalizar valores
da sociedade.

5. Os perigos do ostinato no meio Gospel

Infelizmente esse fenômeno também influencia no nosso meio, e assim


colocamos em pauta o “Worship”. Lembrando que não pretendo criticar esse novo
estilo de louvor, até porque não tenho propriedade para determinar o que é correto
ou errado, estou aqui somente para alertar que não é só no meio secular que somos
enganados pela nossa própria consciência.
Apesar dos louvores não possuírem batidas repetidas com altura definida
como o estilo do tópico anterior, a influência velada ainda ocorre. Nesse momento
você deve estar se perguntando: “Mas como é um louvor, ser influenciado mesmo que
por transe não é algo tão negativo”.
No caso da igreja, os perigos vêm de outra maneira, pois já temos afinidade
com as músicas e o ambiente dos cultos já deixa nossa mente propicia a emoções, ou
seja, temos que tomar cuidado para não confundirmos emoções com espiritualidade.
O Worship não possui batidas repetidas, porém se baseia em refrões, ritmos
e acordes que se repetem inúmeras vezes, é nisso que se baseiam esse estilo, e
também é nesse ponto que mora o perigo. Lembra quando eu disse que o ostinato
poderia servir como catalisador de emoções, segundo os estudos de Penman e Becker?
É exatamente assim que ele age nos louvores, principalmente quando combinado a um
clima estruturado de um culto, tendo como consequência arrepios e choro, ou seja,
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uma pessoa com pouco discernimento pode confundir isso com algo espiritual e não
percebe que não está em adoração, mas sim em uma “anestesia emocional”.
Para a pessoa que já está pensando em Apocalipse 4:8, onde relata sobre o
cântico “santo, santo, santo é o Senhor Deus todo poderoso que era, que é e que há de
vir”... que se repetia incessantemente, eu quero ressaltar que o problema não é a
repetição, mas sim a massificação dela em forma de letra e que todos devem sempre
estar alertas para que sejam repetições cantadas de coração e em adoração, mas não
só porque está em um telão de igreja e essa música lhe dá sensações boas. Logo o
exemplo em questão leva o cristão a sentir algo momentâneo e que não está o
fortalecendo espiritualmente, até porque ele irá acordar no outro dia e estará vazio
novamente.
Dentro do conceito desse fenômeno, ainda temos a redução do
pensamento e a facilidade de aceitar informações novas, logo, se em uma base de
worship o autor colocar heresias, ou até mesmo frases motivacionais sem
espiritualidade, a pessoa não irá questionar e simplesmente aceitar isso, e se
colocarmos isso em uma rotina, a mesma irá tomar a letra como algo real e a heresia
estará implantada, uma vez que o transe irá induzir a mentalidade dela.

6. A igreja e a cultura

O Worship é um novo estilo que, como os outros no meio cristão, edifica da


mesma forma e abençoa a todos nós, porém, por ser muito simples e estar crescendo
cada vez mais, devemos tomar todo o cuidado para não perdermos as músicas ricas
tecnicamente e que geram um excelente celeiro de músicos que fortalecem a cultura
do país.
Em uma nação em que a cultura perece diante de tanta superficialidade e
que não cumpre o papel de educar musicalmente sua população, cabe a igreja ter
pessoas capacitadas para influenciar o meio musical e assim melhorar a cultura do país,
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ou seja, não podemos apenas nos limitar a músicas simples tecnicamente e que não
geram exímios músicos.
Se temos músicos excelentes na parte técnica, temos cristãos influenciando
o país em um meio tão crítico em nossa sociedade e que assim mais pessoas sairão da
superficialidade e verão através do nosso exemplo o quanto nosso Deus é grande.

7. Conclusão

Concluo alertando a todos os irmãos sobre os perigos do uso abusivo do


ostinato em nossa cultura e em nossa espiritualidade e que todos estejam sempre em
oração e vigilância quanto a isso, para que não estejamos nos afastando de Deus
anestesiados pela nossa própria consciência. Deus os abençoe.
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8. Bibliografia

DOUKHAN, Liliane, Música na Bíblia, disponível em: < https://bit.ly/3sHf3Rn > acesso em 01 abril
2021.

GARRO, Renata, A música como auxílio para o transe e o êxtase. Universidade Federal de
Uberlândia, 2019. Disponível em: <https://bit.ly/3mfx1YI> acesso em: 01 abril 2021.

FACHNER, J. C. Time Is the Key: Music and Altered States of Consciousness. In: Altering
Consciousness: A multidisciplinary perspective. Santa Barbara, Denver e Oxford, v.1, cap. 16. p.
355-376, jan. 2011.

BECKER, J. Music and trance. Leonardo Music Journal, v.4, p. 41–51, 1994

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