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CADERNO DE PROGRAMAÇÃO E
RESUMOS:
IV ENCONTRO DE PESQUISA DA
GRADUAÇÃO EM LETRAS
Realização
CADERNO DE PROGRAMAÇÃO E RESUMOS:
Expediente
Revisão Geral
Maria das Dores Nogueira Mendes (UFC)
Revisão do texto
José Wesley Vieira Matos (UFC)
Maria Bianca da Silva Marques (UFC)
Realização
Coordenação Geral
Maria das Dores Nogueira Mendes (UFC)
Comissão Organizadora
Ana Joyce Mesquita Félix (BIA/PRAE)
Evilásio do Nascimento Silva (PPGL)
Gabriel Moreira Peixoto (BIA/ PRAE)
Igna Freitas de Oliveira (ESCRIBA/ PROGRAD)
José Wesley Vieira Matos (PID/ PROGRAD)
Loyana Jacinto Rodrigues (Voluntária)
Lucas Rodrigues Memória Ávila (PIBIC)
Maria Bianca da Silva Marques (BIA/PRAE)
Mateus da Silva Páscoa (PIBIC)
Reitor:
Prof. Dr. Henry de Holanda Campos
Vice-Reitor:
Prof. Dr. Custódio Luís Silva de Almeida
Pró-Reitor de Graduação:
Prof. Dr. Cláudio de Albuquerque Marques
CENTRO DE HUMANIDADES
Diretora do Centro:
Profa. Vládia Maria Cabral Borges
Vice-Diretor:
Prof.ª Danyelle Nilin Gonçalves
Chefe do Departamento:
Prof.ª Dannytza Serra Gomes
Subchefe:
Prof.ª Maria das Dores Nogueira Mendes
Coordenadora do Curso de Letras
Profa. Elisangela Nogueira Teixeira
1 APRESENTAÇÃO 5
2 PROGRAMAÇÃO 6
3 RESUMOS 12
3.1 LINGUÍSTICA 13
3.2 LITERATURA 33
LINGUÍSTICA I
(Sala 16 do Bloco Didático de Letras diurno- CH 1- UFC), das 13h30min às 15h.
Mediador: Prof. Dr. Nelson Barros da Costa (UFC).
LINGUÍSTICA III
(Sala 18 do Bloco Didático de Letras diurno- CH 1- UFC), das 15h30min às 17h.
Mediadora: Profa.Dra. Carolina Lindenberg Lemos (UFC).
LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
(Sala 18 do Bloco Didático de Letras diurno- CH 1- UFC), das 15h30min às 17h.
Mediadora: Profa. Dra. Andrea Turolo da Silva (UFC).
LITERATURA I
(Sala 16 do Bloco Didático de Letras diurno- CH 1- UFC), das 13h30min às 15h20min.
Mediadora: Profa. Dra. Suene Honorato de Jesus (UFC).
LITERATURA II
(Sala 18 do Bloco Didático de Letras diurno- CH 1- UFC), das 13h30min às 15h35min.
Mediador: Prof. Dr. Atílio Bergamini Júnior (UFC).
LINGUAGEM E ENSINO I
(Sala 16 do Bloco Didático de Letras diurno- CH 1- UFC), das 15h30min às 16h30min.
Mediadora: Profa. Dra. Dannytza Serra Gomes (UFC).
LINGUAGEM E ENSINO II
(Sala 16 do Bloco Didático de Letras diurno- CH 1- UFC), das 15h45min às 16h45min.
Mediadora: Profa. Dra. Aurea Suely Zavam (UFC).
O projeto Seminários Linguísticos (SELIN) consiste em uma das presenças mais antigas e
consolidadas do Departamento de Letras Vernáculas no Curso de Letras da Universidade
Federal do Ceará na modalidade extensão universitária. Agindo em prol da divulgação
científica na área de Linguística, da comunicação entre pesquisadores da UFC com outras
Instituições de Ensino Superior (IES) e da promoção da ciência entre a comunidade não-
acadêmica, em 2018, decidimos expandir nosso campo de atuação ao transformar o SELIN
também em objeto de estudo. Dessa maneira, a referida pesquisa, que está em andamento, tem
como objetivo principal, verificar como se dá os mecanismos de divulgação do projeto de
extensão por usuários dos sites de redes sociais Facebook e Instagram (RECUERO, 2015)
pertencentes (ou não) a comunidade acadêmica e as suas motivações para a propagação dos
anúncios entre seus contatos. Como metodologia, optamos por adotar uma abordagem
descritivo-exploratória com a obtenção de registros etnográficos e a elaboração de
questionários a serem distribuídos entre os usuários do Facebook que compartilharam os
11(onze) anúncios das palestras do Ciclo 2018.1 em seu mural pessoal e os usuários do
Instagram que curtiram os posts de divulgação. O Ciclo 2018.1 teve como tema “A Lupa da
Escrita” e contou com 10(dez) conferências, ministrada no Auditório José Albano do Centro
de Humanidades-UFC, entre os meses de abril de junho de 2018. Após a análise preliminar
dos dados, chegamos a um resultado parcial: os compartilhamentos e curtidas vieram de
usuários já cientes do projeto e que co participam direta ou indiretamente da comunidade
acadêmica e do próprio SELIN. No entanto, como a pesquisa ainda está em andamento,
precisamos analisar mais os dados para compreender as motivações que os seguidores têm
para divulgar o projeto, além de elaborar novas estratégias de comunicação entre SELIN nas
redes sociais.
A presente investigação científica pertence à área das teorias do texto e está diretamente
relacionada ao tema da diversidade genérica, considerando aspectos da variação de textos
escritos. Nesta, pretende-se identificar os marcadores genéricos responsáveis pelos processos
de intertextualização e hibridismo genéricos em anúncios publicitários escritos em língua
espanhola, a fim de compreender melhor os resultados das mesclas de gêneros para a
produção dos sentidos dos textos-em-situação. Levanta-se para o desenvolvimento deste
estudo a seguinte indagação: quais são os meios ou os mecanismos, sobretudo linguísticos,
que intervêm no processo de intertextualização e hibridação de anúncios publicitários escritos
em língua espanhola? De modo específico, faz-se necessário: a) analisar que gêneros podem
participar (e como) nos processos de intertextualização e hibridismo; b) caracterizar as
diversas formas de intertextualização e hibridismo tendo como ponto de partida os estudos
genettianos; e c) relacionar os tipos de marcadores genéricos, auto-referenciais ou
inferenciais, com os gêneros participantes dos processos de interação textual e/ou genérica na
composição de anúncios publicitários híbridos. Para a consecução dos nossos objetivos, nossa
pesquisa se sustenta no seguinte arcabouço teórico: concepção de gênero discursivo de
Bakhtin (1953); e intertextualização e hibridismo de gêneros textuais de Genette (2010) e
Miranda (2010). Relativamente aos aspectos metodológicos, vale a pena destacar que a
investigação se desenvolve na dupla vertente da abordagem teórico-empírica e é
eminentemente qualitativa. Os objetos materiais de análise são propagandas produzidas em
espanhol contemporâneo. A escolha dos textos se realiza considerando sua circulação pública
e maciça (na imprensa, na rua, na internet, etc.).
Este estudo contempla a avaliação linguística do uso do pronome pessoal “tu” e dos pronomes
de tratamento “você” e “o senhor”, à luz dos pressupostos teórico-metodológicos da
Sociolinguística Variacionista (LABOV, 1972). Dialogamos com os conceitos da
Sociolinguística Variacionista apresentados em Tarallo (1990) e Faraco (2017) sobre a
mudança de formas de tratamento. Faraco (2017) discorre que há rearranjos na conjugação
verbal, gerando arcaização das formas verbais de segunda pessoa do plural e acréscimo de
novos valores para as formas de terceira pessoa verbal na história do português brasileiro. A
variante não-padrão, por exemplo, “tu vai”, com a desinência verbal de terceira pessoa do
singular, encontra-se implementada no português brasileiro. O objetivo deste trabalho é
investigar como os estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC) avaliam o uso desses
pronomes em relações de poder e solidariedade (BROWN;GILMAN, 1960), bem como
analisar como esses falantes associam esses pronomes a diferentes graus de formalidade nas
relações interpessoais, mais especificamente entre alunos, professores e servidores. Foi
proposto aos estudantes um questionário (Google Forms) dividido em três seções que
apresentaram diferentes relações de poder e solidariedade, isto é, em relações simétricas e
assimétricas. Os resultados obtidos, indicam que em ambas relações assimétricas
(aluno-professor e aluno- servidor) 93% avaliaram “O senhor” como a forma mais adequada
de tratamento. A forma “tu” sem concordância, em relações simétricas (aluno-aluno) não
apresenta estigma, 39% dos informantes consideram essa a forma mais adequada de
tratamento nessa relação, o que mostra a implementação dessa forma inovadora prevista por
Faraco (2017). Em contrapartida, 66.7% consideram a forma “tu” com concordância
inadequada. Em linhas gerais, a forma “você” foi avaliada como a forma menos marcada,
apresentando níveis mais amplos de aceitação nas relações simétricas e assimétricas, sendo a
avaliação afetada principalmente pelas variáveis extralinguísticas de formalidade e idade.
Palavras-chave: Sociolinguística variacionista; Pronomes de poder e solidariedade;
Avaliação linguística.
Esta pesquisa busca analisar como a identidade brasileira é abordada nas canções
“Pindorama”, “Erê” e “Eu” do grupo palavra cantada (Canções Curiosas, 1998). A pesquisa
surgiu do projeto INVOCANÇÕES (UFC) ligado ao grupo DISCUTA (UFC), em que
analisamos o papel do investimento vocal como delineador de posicionamentos no discurso
Literomusical brasileiro, partindo dos pressupostos teóricos de Maingueneau
(1996a/b,1997,2000,2001,2004,2005,2006ª,2006b,2008,2010a/b) e das pesquisas de Costa
(2001), Gonzalez (2013) e Mendes (2013). As canções foram escolhidas na tentativa de
ilustrar como nos diferentes planos da canção (vocal e da letra) o posicionamento MPB para
crianças, constrói uma identidade nacional, corroborando as características traçadas por
Gonzalez (2013). A análise prévia nos indica que o grupo Palavra Cantada aborda a temática
em questão de forma múltipla, juntando traços culturais de múltiplos povos que culmina em
uma miscigenação caracterizando, assim, a identidade brasileira. A canção
“Pindorama”apresenta dois perfis éticos representantes do conflito antropológico sobre o
descobrimento do Brasil, o português de Portugal e o nativo brasileiro, o primeiro chama de
“Vera Cruz” e o segundo de “Pindorama”, a presença de personagens históricos no decorrer
da canção como Cabral, rei Dom Manuel, Pero Vaz e os índios também exemplificam isso.
No âmbito da voz é possível identificar uma articulação fonética que caracteriza o sotaque dos
dois enunciadores. Já a canção “Erê” traz elementos da cultura africana, o próprio título já é
um exemplo, e no plano vocal, ela é constituída de elementos da sonoridade afro-brasileira
com a utilização de instrumentos de percussão. Na canção “Eu”, a letra é composta de
aspectos culturais de algumas regiões do Brasil. No âmbito da voz, a forma de cantar quase
falando nos remete ao repente característico do nordeste brasileiro. Ao analisar esse
posicionamento e seus investimentos nas canções selecionadas é perceptível a presença de
diversidades étnicas que formam a identidade nacional.
O presente trabalho elege como corpus a canção “Lição de Baião” (2004), do álbum “Adriana
Partimpim”, cujo título se trata de um heterônimo de Adriana Calcanhotto, quando concebe
álbuns direcionados ao público infantil. O referencial teórico é proveniente do projeto
INVOCANÇÕES, associado ao grupo de pesquisa DISCUTA (UFC), em que analisamos, a
partir de Maingueneau (1996a/b, 1997, 2000, 2001, 2004, 2005, 2006ª, 2006b, 2008,
2010a/b), Costa (2012), Mendes (2013) e Gonzalez (2013), a relação entre os investimentos
vocal e verbal na construção dos posicionamentos em canções para crianças. A canção
referida foi escolhida com o objetivo de mapear como a identidade nacional é vista no
posicionamento Pop para Crianças. Isto posto, procuramos evidenciar a relação do
plurilinguismo, da cenografia e do ethos com a construção de uma identidade nacional, que,
no posicionamento Pop para Crianças, parece apresentar-se como globalizada, em que a
referida canção é executada em língua francesa, colocando no mesmo eixo a tradição (o
Baião) e a modernidade. A canção mobiliza como cenografia uma lição, pressuposta já no
título, em que o professor prepara os alunos para aprender o ritmo brasileiro (Baião), além de
conter uma cenografia encaixada de diálogo, no qual se fala sobre o professor que está prestes
a chegar. O Ethos sugerido na canção é o de um “cidadão do mundo”, pela invocação ao
Plurilinguismo Externo, mas que também se liga indiretamente a um país pelo uso de um
regionalismo, o Baião. Quanto a formação camerística, percebemos a presença dos seguintes
instrumentos: violão, baixo, picapes, percussão, além de um triângulo ao final da canção.
Concluímos que, ao investir em um Plurilinguismo Externo, Adriana Partimpim combina
ritmos regionais com o Pop, característica que ela transpõe do Pop para Adultos.
Este trabalho surgiu a partir de discussões no projeto INVOCANÇÕES (UFC), que investiga
o papel da voz em canções para criança, e justifica a sua relevância por aplicar os processos
de recontextualização e de contextualização a canções do posicionamento gospel direcionadas
ao público infantil, o que ainda não foi alvo de pesquisa. Deste modo, o intuito da presente
pesquisa é, por meio de uma análise qualitativa e comparativa, observar de que forma os
elementos recontextualizadores se apresentam na canção “Vitória da Cruz” (Crianças Diante
do Trono, 2008) e se, de fato, ocorre o processo de retextualização. Para isso, baseamo-nos
em Mendes (2007) e lançamos mão dos conceitos de ethos e de cenografia, propostos por
Maingueneau (2001). A partir da análise comparativa entre a canção original, gravada em
2000 pelo grupo Diante do Trono, e a retextualizada, foi possível observar que os aspectos
recontextualizadores são voltados à produção e à circulação da canção na nova formação
discursiva, como o arranjo, os encartes do cd e a performance no clipe disponível na internet,
em que elementos da cultura infantil são apresentados. No tocante à retextualização, a
cenografia da canção não sofre alteração, de modo que é composta, em ambas as canções por
um diálogo e possui como cena encaixada a narração. Ademais, a cenografia, nas duas
versões da canção, apresenta referência à prática discursiva do “louvor”, em que o ethos
expressa a sua adoração a Deus por meio da música. Destarte, concluímos que a canção sofre,
apenas, o processo de recontextualização, mas não de retextualização, uma vez que a
cenografia e o sentido da canção original não são alterados.
Fruir uma obra de arte é apreender uma figura, parafraseando o jargão do escritor boliviano
José María Vargas Vila apud O’shea (1962), é ainda conhecer um ego. Porém, seria possível
que dois ou mais artistas, individualmente, utilizassem uma mesma composição para
manifestarem comunicados e personas dessemelhantes? Este trabalho pretende comparar as
interpretações de Feeling Good, canção de autoria dos músicos ingleses Anthony Newley e
Leslie Bricusse para o musical The Roar of the Greasepaint – The Smell of the Crowd,
executada pelo inglês Cy Grant para a montagem original e a versão entoada por Nina
Simone, cantora estadunidense de grande prestígio internacional e importante ativista do
Movimento dos Direitos Civis contra o racismo, este por ela experienciado. Além disso, visa
depreender se há relações hierárquicas existentes entre os elementos constituintes dos
discursos, como ethos, cenografia e paratopia, enunciados por cada artista e a forma sobre a
qual colaboram entre si para sucesso dos objetivos enunciativos presentes em cada
apresentação. Através da Análise do Discurso de linha francesa e sobre o aporte teórico de
Pêcheux (1975) e Maingueneau (2001), contrasta-se o desenvolvimento de ethé distintos a
partir de cenários e caracteres paratópicos também diferentes que utilizaram mesmo arranjo
musical. Pode-se observar que tais elementos discursivos influem consideravelmente sobre os
demais ao tecerem formações discursivas divergentes; contudo, não demonstram hierarquia
entre si, antes interagem em consonância para êxito do intuito comunicativo de cada
intérprete. Assim, estabelece-se mais de uma leitura possível para o mesmo texto, ora
evidenciando o sujeito sublimado na montagem original de onde advém a canção, ora
reforçando a propriedade paratópica da artista Eunice Kathleen Waymon, conhecida pela
alcunha de Nina Simone.
O presente estudo faz parte de uma pesquisa mais larga, na qual se pretende analisar um
pequeno conjunto de contos, visando levantar elementos para a caracterização do estilo
autoral de Virginia Woolf (DISCINI, 2005). Pensamos que a constância do estilo é
determinada pela repetição de temas presente no corpus e as alterações que ocorrem entre os
textos são pautadas na tendência experimental da escrita da autora. Utilizaremos o método da
semiótica discursiva (GREIMAS; COURTÉS, 2008; BARROS, 2001; BERTRAND, 2003;
FIORIN, 2008; FONTANILLE, 2012), que propõe a investigação dos textos através de um
percurso gerativo do sentido de três níveis: o fundamental, o narrativo e o discursivo. O
método organiza a geração do sentido do nível mais profundo e abstrato ao nível mais
superficial e concreto. A primeira parte da pesquisa, na qual consiste esse estudo, tem como
objetivo a investigação das problemáticas discursivas que compõem o conto “The Lady in the
Looking-Glass: A Reflection”. Visto que “o discurso é esse lugar frágil em que se inscrevem e
se leem a verdade e a falsidade, a mentira e o segredo”, (GREIMAS, 2012, p. 115),
pretendemos investigar como as estratégias manipulativas no texto tecem a imagem da
protagonista (a dama no espelho), uma vez que o conto gira em torno da construção dessa
figura. Percebemos que a percepção fragmentada e hipersensível, transmitida pelo observador
no conto, auxilia na inscrição das categorias semióticas do ser e do parecer em dois espaços
distintos dentro do texto, moldando assim uma verdade sobre o sujeito em questão.
Os sons são potencialmente expressivos de acordo com o manejo de suas qualidades. Diante
disso, cria-se também a possibilidade e a necessidade de análises sobre suas articulações e
influências dentro da língua e, consequentemente, dos discursos. Discutimos, neste trabalho, a
construção da expressividade dos sons nas canções Pena e Quando A Fé Ruge, lançadas
respectivamente nos álbuns Segundo Ato (2008) e Grão do Corpo (2014), do grupo de MPB
O Teatro Mágico. A partir da análise, observamos como a recorrência de fonemas vocálicos,
segundo Monteiro (1991), pode intensificar sensações visuais, auditivas e perceptuais, como
discutiremos neste trabalho. Ainda leva-se em consideração se a vogal é aberta ou fechada,
pois nestes dois casos, a expressividade pode ser diferenciada. Os fonemas consonantais,
ainda segundo o autor, intensificam relações auditivas, cinéticas, tácteis etc. As figuras de
linguagem e fônicas também podem construir valores expressivos, de modo a influenciar na
construção e/ou reforço dos sentidos dos textos. Baseamos nossa pesquisa principalmente em
Monteiro (1991) e Martins (2008) com suas contribuições para o campo da Fonoestilística,
analisando de maneira minuciosa as canções presentes nos álbuns e delimitando nossa
pesquisa às duas supracitadas. Observamos, ao fim do nosso estudo, que as canções oferecem
impressões acústicas evocadas pela organização de fonemas e figuras de linguagem em suas
letras, o que confirma o potencial expressivo que buscamos previamente investigar e a
importância dos trabalhos sobre os recursos Fonoestilísticos como comportamentos
linguísticos, já que esta é uma área promissora e que abre possibilidades para diversas
pesquisas pertinentes na área da Linguística e para além desta.
São vários os fatores e aspectos que constroem a estreita relação entre Literatura e Cinema.
Neste trabalho, discutimos a possibilidade da Retextualização como um desses fatores e para
isso analisamos e descrevemos este processo ocorrido na história de Carrie, a estranha, sendo
que a pesquisa está voltada à adaptação do livro de Stephen King para o filme lançado em
2013, dirigido por Kimberly Peirce. Sabemos que a Retextualização acontece durante toda a
história, entretanto, decidimos reduzir a pesquisa e falamos apenas de um dos Pontos de
Virada ocorrido na trama. O conceito de Ponto de Virada foi proposto por Syd Field, grande
teórico nos estudos da roteirização. Salientamos que não nos aprofundamos neste teórico e
utilizamos apenas suas formulações sobre o conceito citado anteriormente. Esta pesquisa foi
baseada, principalmente, em Marcuschi (2001) e Sant’Anna (1985) com suas contribuições
para os estudos sobre Retextualização e foi percebido, ao fim da pesquisa, que tal processo
constrói de fato uma ponte entre Literatura e Cinema e que não existe uma hierarquia entre
estes dois ramos artísticos. Cada um tem sua maneira de contar uma mesma história e o
processo de Retextualização tem o poder de aproximar dois textos, mesmo que estes sejam
constituídos por códigos diferentes.
Esta pesquisa tem como objetivo analisar o processo de retextualização de duas colagem
realizadas pelo artista norte-americano Barry Kite, que se utiliza de obras de artistas
renomados, como Vincent van Gogh, Leonardo Da Vinci e Edgar Degas, para a composição
da obra final. Nosso trabalho busca investigar a composição do texto visual e as mudanças
realizadas por meio do processo de retextualização enquanto movimento de transformação e
modificação entre textos. Assim, valemo-nos dos estudos realizados por Marcuschi (2010) e
Sant’anna (2003) para embasamento teórico acerca dessa temática. Por meio do estudo de
técnicas que compõem esse processo, como apropriação, paródia, paráfrase e estilização,
constatou-se, pois, desvios e deslocamentos nos resultados analisados que subentendem a
construção de uma obra parodística, muito embora se utilize de outros elementos, como a
paráfrase e a estilização. O corpus da pesquisa revela, portanto, uma crítica aos preceitos da
arte clássica, confrontando-os com elementos que compõem a contemporaneidade e
estruturando a construção de novos significados. Por meio da análise, tornou-se perceptível,
pois, a relação existente entre os movimentos textuais paráfrase, estilização, apropriação e
paródia, que possibilitaram a releitura de obras clássicas e a construção de novos significados
por meio de uma apropriação com desvios parodísticos nas colagens. Assim, a técnica da
colagem, ancorada em movimentos textuais, permite a constituição de novas significações
que, em muitos casos, tem a finalidade de realização de uma crítica em âmbitos diversos.
Desse modo, a colagem é um artifício bastante utilizado atualmente por inúmeros artistas. Em
nossa pesquisa, selecionamos colagens realizadas por Barry Kite e observamos que sua arte,
de cunho parodístico, mescla elementos contemporâneos e clássicos trazendo a perspectiva do
humor e da crítica sobre arte.
O debate acerca da organização retórica dos gêneros da esfera digital tem ganhado, cada vez
mais, espaço no ambiente acadêmico, sobretudo atualmente com os avanços das pesquisas
sobre o assunto na área da Linguística Textual. Diante disso, nosso trabalho objetiva
investigar processos de retextualização no gênero meme, pois acreditamos que esses
processos, aplicados nesse gênero, colaboram com a composição retórica e propósitos
comunicativos do gênero, amplamente divulgado nas redes sociais. Compreendemos o
processo de retextualização como uma operação que interfere tanto na forma linguística
quanto no sentido, o que nos levou a acreditar que esse processo pode alterar a composição
retórica dos memes investigados. A fim de embasar nosso posicionamento nos apoiamos em
Marcuschi (2010) para o tratamento do fenômeno da retextualização; no tocante à
composicionalidade retórica dos gêneros, seguimos o modelo de Swales (1990) e também
consideramos os apontamentos de Heimais e Biasi-Rodrigues (2005); já no que concerne ao
tratamento dos gêneros da esfera digital, objeto de nossa análise, seguimos as considerações
de Araújo (2016) e Lisboa (2015), esta tratando mais especificamente do gênero analisado
nesta pesquisa. Nossa análise avaliou 10 exemplares do gênero meme retirados da página do
Facebook denominada “escreve aí”. Os dados encontrados nos levaram a defender que a
composição retórica do gênero desenvolvido na comunidade pesquisada pode depender
essencialmente do desenvolvimento de um processo de retextualização.
Este trabalho pretende analisar como a utilização de metáboles contribui para a construção do
efeito de comicidade em textos verbo-visuais da página do Facebook, Site dos menes. Os
memes publicados nessa página sempre são construídos relacionando uma parte imagética,
podendo ou não conter informações verbais, e uma parte verbal exterior à imagem. É notável
que comumente esses textos utilizam construções metabólicas para se chegar ao efeito cômico
desejado. Tendo em vestida que este não é um fenômeno que se restringe apenas aos memes
dessa página, mas que é comum a diversos outros, pretendemos, com este trabalho, contribuir
para os estudos na área, para isso faremos uma análise qualitativa de um corpus composto por
memes que contenham metáboles. Para embasar nossa análise estilística, utilizaremos como
guia a descrição das metáboles feitas por Monteiro (2009) que as divide em quatro tipos;
metaplasmos, metataxes, metassememas e metalogismos. Para caracterizar o cômico atingido
pelos memes, a teoria da comicidade que adotaremos será a de Bergson (2007), a qual se
baseia numa rigidez mecânica, fixidez, no lugar de uma maleabilidade atenta, que é o que
caracteriza a vida e os seus aspectos, assim a comicidade denunciaria essa mecanicidade. Essa
proposta é bastante útil ao nosso trabalho, assim relacionaremos as metáboles, utilizadas no
título ou legendas dos menes, com essa mecanicidade. Com isso, as metáboles do plano da
expressão (metaplasmos e metataxes) serão associadas com a comicidade gerada por um
“desvio” intencional da linguagem, como erros de escrita com o fim de causar um trocadilho,
e as do plano do conteúdo (metassememas e metalogismos) com a comicidade ocasionada por
uma relação que a linguagem exprime, associando conhecimentos já “engessados” de
determinada sociedade.
Sob a ótica da Análise do Discurso francesa a partir de pensadores como Michel Foucault
(2013), Michel Pêcheux (2015), Eni P. Orlandi (2010), dentre outros autores, o presente
trabalho vem fazer uma análise do corpus da notícia centrada na “Fake News” sobre sua
constituição discursiva em contrapartida as construções discursivas do jornalismo e da
religiosidade como de seus representantes. Como corpus discursivo utilizaremos uma
reportagem publicada, no dia 02 de março de 2018 às 11h06, na página do jornal virtual
CARTA CAPITAL, na nova coluna do dito jornal “Diálogos da fé” uma reportagem nos
chama a atenção: Mentir é pecado: os cristãos e a propagação da Fake News. Pensando a
interdiscursividade, os silenciamentos, os deslizes de sentido dentro do corpus utilizaremos
conceitos da AD francesa e iremos analisar esse(a) acontecimento/estrutura (Pêcheux, 1983),
com contribuições também de autores como J. Davallon (2010). Pois dentro dessa rede dos
implícitos e não implícitos está contido e acontecendo um jogo de forças entre a mídia,
grupos sociais sejam religiosos ou não e o contexto político econômico atual, visto que o
sujeito se constitui nessa teia afetado pelo simbólico (Orlandi 2010). Ou seja, a “Fake News”,
inserida no contexto contemporâneo da chamada “Pós-verdade” tem efeito na memória do
social e do individual, partindo de lugares de falas por sujeitos atravessados de
saberes/poderes e é propagada por grupos sociais, pois são acontecimentos jornalísticos,
políticos - aparentemente transparentes (Pêcheux, 1983) -, que arrematam acontecimentos e
conteúdos sociais, que remonta e amarra novos nós dentro dessa rede discursiva.
Ao se deparar com o cenário marcado pela escassez de trabalhos que investiguem o suspense
– situação que se agrava em relação aos escritos literários –, o presente trabalho tem por
objetivo analisar como se dá a construção do suspense, tendo como objeto de estudo o conto
“Venha ver o pôr do sol”, de Lygia Fagundes Telles, publicado inicialmente na coletânea de
contos Antes do baile verde (1986), elencando os principais recursos utilizados pela autora no
seu processo narrativo. No que diz respeito à metodologia, esta é uma pesquisa descritiva, de
caráter bibliográfico e com abordagem qualitativa, cujo método analítico-descritivo tem como
base a proposta elaborada por Antonio Candido. Dentre os principais aspectos analisados,
encontravam-se: a ambientação do cenário narrativo; e as falas e atitudes das personagens.
Além do teórico já mencionado, foram utilizados os conceitos relacionados à teoria do conto,
especialmente os discutidos pela Nádia Battella Gotlib (2006); a formação do suspense,
detalhado por Raquel Silva (2011); e as propostas de cenografia, de topografia e de etos,
abordadas por Maingueneau (1997). Dessa forma, pode-se observar que a construção do
suspense no referido texto aconteceu principalmente devido à extensão do conto, bem como a
forma detalhada como Telles apresenta cada um dos elementos composicionais do ambiente.
Além disso, a fala das personagens, associadas às suas ações, corroboram para o
fortalecimento e manutenção da tensão até o final da leitura. Desta forma, pode-se concluir
que só ao adentrarmos as camadas narrativas é que poderemos realizar uma análise e
compreensão mais concreta de tais processos.
Segundo Antonio Candido (1988), o direto à literatura, tal como à arte, ao lazer, crença e à
opinião são bens incompressíveis. Entretanto, na educação pública brasileira, o conhecimento
sobre Literatura tem se limitado ao conhecimento histórico das escolas literárias. O presente
estudo trata da observação qualitativa com contornos etnográficos, sob a ótica da taxonomia
de Bloom, de aulas de Literatura na EEEP Mário Alencar, que tem buscado fazer o caminho
oposto. Tais observações foram feitas durante o Estágio em Ensino de Literatura Portuguesa I
da Universidade Federal do Ceará, sob a orientação do Prof. Dr. Márcio Fonseca Pereira no
segundo semestre de 2018. Para fazer as balizas desta observação, foram selecionadas a
classificação segundo à taxonomia de Bloom, de acordo com Ferraz e Belhot (2010) há dois
grandes benefícios em utilizar a taxonomia no contexto educacional, que são “oferecer a base
para o desenvolvimento de instrumentos de avaliação e utilização de estratégias diferenciadas
para facilitar, avaliar e estimular o desempenho dos alunos em diferentes níveis de aquisição
de conhecimento; e Estimular os educadores a auxiliarem seus discentes, de forma estruturada
e consciente, a adquirirem competências específicas a partir da percepção da necessidade de
dominar habilidades mais simples (fatos) para, posteriormente, dominar as mais complexas
(conceitos)”. O tema de Ensino de Literatura é bastante importante, estudo esse que se iniciou
na Antiguidade grega e se estende até os dias atuais. Assim, objetiva-se documentar a
observação, por meio de uma ficha, e traçar um pensamento crítico a respeito das atividades
observadas durante o estágio, segundo a taxonomia de Bloom. Espera-se que o estudo sobre o
ensino de Literatura seja ampliado.
Fazer análise de obras literárias é sempre um desafio, especialmente quando o autor se propõe
a mascarar dentro do seu texto (por pressões exteriores ou outras) discussões mais profundas.
Foi pensando nisso que selecionei o conto “Os homens que descobriram cadeiras proibidas”,
de Ignácio de Loyola Brandão, publicado em 1970. O objetivo desta análise foi perceber
dentro do conto questões relacionadas ao período histórico em que este foi escrito – Ditadura
Civil-Militar - bem como os indícios do prejuízo de referido sistema para a sociedade.
Metodologicamente falando, foi utilizado os critérios propostos por Antonio Candido para a
análise literária afim de adentrar as camadas mais profundas da obra e, a partir delas, extrair o
que se propunha. Dentre os principais resultados, pode-se observar o quão importante é a
utilização desse tipo de narrativa para a problematização dessas questões, especialmente
quando os mesmos são produzidos dentro do próprio sistema. Desde interpretações mais
superficiais, oriundas de uma leitura mais rápida, até o que se percebe a partir de releituras e
análises mais aprofundadas, uma coisa não podemos deixar de mencionar: os agentes que
controlam esses sistemas precisam ser conhecidos e questionados. Essa reflexão, a partir da
leitura do conceito de “aviso de incêndio” pensado por Walter Benjamin, na década de 1940
nos mostra que a literatura pode servir como baliza para as questões sociais atuais e que não
podemos ignorá-la. Assim sendo, pode-se chegar a ideia de que com tanta opressão só vem a
prejudicar tanto as relações interpessoais quanto individuais dos sujeitos.
Os primeiros anos pós Segunda Guerra Mundial configuraram um período de longo silêncio
acerca das truculências de um dos maiores genocídios da história da humanidade. O silêncio
que envolvia o tema fortalecia ainda mais o estigma do trauma de se ter vivido uma
experiência terrível e inigualável. Atualmente, diante de abundantes produções artísticas e
científicas sobre o extermínio dos milhares de vítimas do nazismo, questionamo-nos, ainda, se
pode existir alguma palavra que compreenda o horror de tal catástrofe. Neste viés, o presente
trabalho pretende refletir sobre a questão do relato de experiências traumáticas, acentuando,
sobretudo, a dificuldade (ou impossibilidade) que há, por parte dos seus experimentadores, de
se falar sobre elas, e, a partir disso, esboçar a imagem da testemunha, com base na análise dos
corpora. Nosso estudo se desenvolve levando em conta o testemunho de sobreviventes da
Segunda Guerra Mundial, a partir de duas fontes: os livros memoriais de Primo Levi (É isto
um homem? (1947), Os afogados e os sobreviventes (1986), A trégua (1963)) e o
documentário Shoah (1985), de Claude Lanzmann. Com uma análise em paralelo dessas duas
produções artísticas, chegamos que a dificuldade/impossibilidade de se falar do inenarrável já
se configura como relato, testemunho e voz da própria experiência. A arte é apresentada aqui
como caminho indispensável (para não dizer único) que, somente pelo qual, é possível “falar
sobre”. Para fundamentar nossa pesquisa, trabalhamos com as contribuições de Agamben
(2008), no que diz respeito à figura da testemunha; de Adorno (2009), a partir dos seus
questionamentos sobre a representatividade do horror nas artes, e, por fim, as contribuições de
Koch (1989) e Faingold (2009) acerca do documentário Shoah.
Não há, hoje, como pensar no ensino e no espaço da Literatura na sociedade brasileira sem
levar em consideração a pluralidade sociocultural existente nos espaços públicos,
principalmente nas escolas. Nesse contexto, este trabalho tem como principal objetivo refletir
sobre dados alarmantes acerca do ensino de Literatura, especificamente para o Ensino Médio,
fornecidos pelo estudo de Gabriela Luft (2016), que explicita os impactos do Exame Nacional
do Ensino Médio (ENEM) analisando as questões de Literatura no Exame. A autora aponta
que estamos traçando um caminho para o apagamento das aulas de Literatura nas grades
curriculares da Educação Básica, hipótese reforçada a partir de vivências nas disciplinas de
Estágio Supervisionado do curso de Letras na Universidade Federal do Ceará. Para contribuir
com o embasamento desta proposta de pesquisa, trazemos autoras como Bordini (2016),
Colomer (2007) e Zilberman (2008), que discutem concepções de leitura, leitura literária e o
papel da Literatura na escola, além dos documentos oficiais dos órgãos concernentes à
educação no Brasil, como a Matriz de Referência do ENEM (2012) e as Orientações
Curriculares para o Ensino Médio (2006), norteadores importantes para a teoria e para as
práticas executadas no país, mas que apresentam incoerências quando comparados. Desta
maneira, esta pesquisa constitui-se como bibliográfica e exploratória, pois parte da leitura de
textos teóricos e documentos públicos para a explicitação de um problema e para a elaboração
de hipóteses. Assim, concluímos que o ENEM, ainda que instrumento válido de
democratização do acesso ao Ensino Superior, deve ser analisado e questionado, uma vez que
apresenta práticas que colocam a Literatura apenas em segundo plano, sem autonomia, a
partir de questões que utilizam o texto literário como pretexto para a resolução de enunciados
objetivos. Espera-se ainda que este trabalho possa colaborar com as discussões acerca das
reformulações curriculares, tanto a níveis universitários quanto escolares.
Os Verdes Abutres da Colina (1974) é um dos livros mais significativos da obra do escritor
cearense José Alcides Pinto. Trata-se de um romance que coaduna diversas temáticas:
maldição, morte, pecado, demoníaco e etc; assuntos desenvolvidos ao longo de toda a
produção literária do autor. Mas o negativismo expresso nas temáticas não aparece de forma
isolada, os seus opostos também se fazem presentes na obra, formando pares: morte/vida,
maldição/bênção, pecado/graça, bem/mal. É interessante notar que os elementos negativos
dos textos se tornam expressivos, de tal maneira, que ganham destaque dentro do romance.
Essas temáticas, muitas vezes trabalhadas de forma independente umas das outras, podem ser
estudadas conjuntamente, como partes constituintes de um complexo maior. Nesse trabalho,
compreendemos que tal complexo de temáticas negativas, presentes no texto, constitui o
“Mal”, princípio de origem sobrenatural que se alastra de forma múltipla e nociva em todo o
espaço narrativo. O princípio maligno é retratado sob diversas formas e aspectos trazendo ao
texto alcidiano as características das narrativas fantásticas, instalando assim, na pequena
aldeia de Alto dos Angicos (espaço onde se passa o romance) uma atmosfera insólita,
desencadeadora de acontecimentos prodigiosos. Partindo disso, este trabalho tem por objetivo
apresentar uma análise das representações do mal na narrativa estudada e explicar como a sua
presença múltipla, se torna o eixo que dá movimento ao romance, ligando todos os fatos
narrados. A pesquisa desenvolvida neste trabalho tem como suporte, para tanto, os estudos de
Bataille (2000), Furtado (1980), Le Goff (1980), Muchembled (2001), Ricoeur (2013), Roas
(2014), Todorov (2012), dentre outros. A análise de Os Verdes Abutres da Colina, nos leva a
constatar que o dualismo bem/mal é o elemento desencadeador das tramas narradas, onde os
personagens são reféns do princípio maligno que se torna múltiplo para potencializar as
desgraças das personagens.
A morte ronda os mitos humanos desde períodos em que o conceito de infância ainda não era
concebido da maneira como o conhecemos na atualidade, de forma separada da vida adulta e
rodeada de proteção contra a verdade inegável de fatos da vida real. Por sua vez, há a crença
de que textos literários para crianças, em sua maioria, preferem temas dóceis e seguros, que
não suscitem questionamentos ou incertezas. Entretanto, a literatura infantil, geralmente
percebida como um campo homogêneo, revela mais do que o senso comum é capaz de
perceber. Temas recorrentes no imaginário de adultos também ganham espaço nos livros
infantis, envoltos por particularidades e características próprias para esse público. Dessa
forma, o presente trabalho objetiva analisar como a morte é representada nos textos literários
direcionados às crianças, desmistificando, assim, a expectativa de inocência cega impressa
sobre esses textos e sobre a própria noção de infância. O suporte teórico adotado baseia-se nas
contribuições de Peter Hunt, em seu Crítica, teoria e literatura infantil (2010), por este fazer
um apanhado geral dos estudos literários que se voltam à literatura infantil, além de refletir
criticamente sobre as particularidades teóricas desse tipo de produção literária. No que tange
ao entendimento da infância e do tema da morte nessa modalidade textual, os estudos de
Philippe Ariès, Fernanda Coutinho e Thaís de Carvalho também integram a metodologia.
Assim, este trabalho visa se posicionar para entender a morte como uma consequência do
mero viver e defender a ideia de que aproximar as crianças de temas equivocadamente
considerados tabus, como a finitude, se dá tal e qual numa relação de extrema honestidade ao
prepará-las para a vida fora do imaginário dos livros.
Emily Dickinson (1830-1886) foi uma das maiores poetas do século XIX e uma das vozes
poéticas de língua inglesa mais representativas de todos os tempos. Na escrita poética, as
mulheres poetas no século XIX não recebiam muito destaque, escritoras precisavam adotar
pseudônimos masculinos para ter uma maior aceitação com o público e a crítica especializada,
como aconteceu, por exemplo, com Mary Ann Evans, escritora que usou o pseudônimo
masculino de George Eliot para conseguir publicar suas obras. Emily Dickinson, foi também
uma autora pioneira, principalmente quando falamos sobre escrita poética, pois não havia
uma tradição de poetas mulheres, sendo a mais conhecida contemporânea de Dickinson a
poeta romântica Inglesa Elizabeth Browning. Nesse contexto histórico, ser escritora era um
ato subversivo, a criatividade feminina era vista com estranheza, principalmente quando
estava relacionada a poesia como é o caso de Dickinson, já que a escrita poética era
considerada pela crítica literária como um tipo de escrita artística ainda mais elevada do que a
escrita em prosa, dessa forma segundo a crítica dominada por pensamento masculino, não
seria considerada uma produção relevante se fosse escrita por uma mulher. Além disso, por
sua escrita ser diferente das produções vigentes no século XIX no que diz respeito à métrica,
ao ritmo e à rima, e por abordar temas como a morte, a vida, a criação e a eternidade,
considerados impróprios para os padrões de escrita feminina da época, não foi considerada de
qualidade pelos críticos do período. É objetivo desta pesquisa investigar como a mulher poeta
era vista pelos padrões literários do século XIX. É objetivo desta pesquisa investigar como a
mulher poeta era vista pelos padrões literários do século XIX. Como base teórica
recorreremos a Staiger (1997), Elliot (1989), Bloom (2004), Higginson e Todd (1891),
Pignatari (2005), Moisés(2012), Johnson & Ward (1958) e Britto (2008) que abordam
importantes aspectos da linguagem poética de Emily Dickinson, e Colasanti (1996) que
discorre sobre o papel da mulher na Literatura.
O presente trabalho aborda a maternidade e sua influência na vida das mulheres, por meio de
seu retrato literário. A investigação consiste na análise dos contos “Liberdade adiada” e
“Forçadamente mãe, forçosamente mulher”, da escritora cabo-verdiana Dina Salústio. Os dois
contos têm como personagens centrais de sua narrativa mulheres experienciando a
maternidade, com algumas particularidades entre si. O objetivo é observar analiticamente a
relação dessas mulheres com o papel social imposto pela maternidade e as marcas que o ser
mãe implicam nessas figuras femininas e na sua relação consigo mesmas e com o mundo para
além do eixo familiar. Para tal, se busca a partir de uma análise textual, estabelecer uma
correspondência entre os dois textos, explorando os pontos de paridade e disparidade que o
estado maternal exerce sobre o padrão de mulher figurativizado em cada conto, atentando
para as diferenças dos contextos sociais em que essas mulheres estão inseridas. E, a partir daí,
chegar a um ponto de interseção das implicações que essa condição exerce sobre elas. A
análise propõe-se tematicamente a uma abordagem com base no estudo de gênero tendo como
apoio teórico alguns artigos de Simone Caputo Gomes, o livro “Eros oprimido”, de Della
Cunha e o livro “Mulheres, democracia e desafios pós-coloniais”, de Eurídice Furtado
Monteiro. Dessa forma, foi possível chegar à leitura de um espaço ficcional em que as
mulheres, inseridas em um contexto social patriarcal, têm sua imagem construída em torno de
um modelo de mulher centrado no lar e na maternidade, na qual esta passa por um processo
de desromantização, sendo vista então como um estado cerceador da liberdade feminina.
Tema deveras tratado na arte, o próprio fazer poético e a relação com a arte é constantemente
trabalhado na literatura. Fugindo da perspectiva existencialista que a recepção tem se
debruçado ao conto, este ensaio pretende mostrar uma nova leitura a partir da construção
simbólica presente em O Ovo e a Galinha, de Clarice Lispector. Utilizando como referenciais
teóricos obras de Umberto Eco, como Obra Aberta, Interpretação e Superinterpretação sob a
perspectiva do formalismo russo em tratar a linguagem literária em contraponto da linguagem
usual, assim obtendo mais de uma recepção, o trabalho tende a tecer novas reflexões através
do conto. Além de retomar princípios básicos do conceito de literariedade apresentados em A
Linguagem Literária, de Domício Proença Filho, o trabalho pretende refletir sobre três ramos
do sistema literário: o autor, a obra e o leitor. Dessa forma, o percurso de reflexões feitas pelas
áreas do conhecimento humano para tratar do local do autor na obra de arte, voltado
principalmente para reflexões propostas por Roland Barthes em A Morte do Autor e por
Michel Foucault em O que é um Autor? serão tratadas com ligação ao conto de Clarice
Lispector. Assim como os estudos sobre tradição de T.S Eliot, além das contribuições de Hans
Robert Jauss em A História da Literatura como Provocação à Teoria Literária acerca da
história da literatura e o ideal do leitor. Assim, renovando a leitura do conto, a apresentação
teria como uma revalidação do conceito de plurissignificação do texto literário, além de trazer
novas reflexões acerca da arte de Clarice Lispector utilizando o ovo como metáfora da arte, a
galinha como o autor e a observadora como leitora.
João Gilberto Noll é um autor brasileiro, cuja obra está inserida no que se convencionou
chamar de ficção brasileira contemporânea. Sua estreia como escritor se deu em 1980 com O
Cego e a dançarina, livro de contos do qual faz parte "Encontro no quarto escuro", objeto
deste trabalho. Dentro da problemática que o termo "contemporâneo" suscita, propomos
inicialmente algumas questões sobre o significado desse termo na literatura, particularmente
no contexto da ficção brasileira. Prosseguimos, com o objetivo de identificar influências do
Surrealismo francês no conto em análise. Reconhecemos que Noll cria uma surrealidade
narrativa, ao retomar e renovar a linguagem da vanguarda surrealista, que teve Breton como
um de seus principais representantes. Aspectos relacionados ao onírico e ao ilógico, à figura
feminina e ao desejo aparecem como obsessões no estilo de Noll. Ao romper com a dimensão
do real, ele também caminha pelo rizoma delleuze-guattariano, pois seu texto é um tecido
costurado com linhas múltiplas, transformadoras, não numeráveis e desordenadas. Tão
insólita e vertiginosa, a narrativa, mesmo curta, é composta de cenas que parecem ocorrer
simultaneamente em espaços diferentes, por exemplo. Pretendemos escrever um ensaio crítico
inserido nesse debate, mostrando nosso posicionamento e lançado reflexões plausíveis sobre
os pontos acima elencados. Nossas interpretações e avaliações encontram suporte em teóricos
como Schøllhammer (2009), Delleuze e Guatarri (1995), e no Manifesto do Surrealismo de
André Breton (1924). Abandonando o método exclusivamente racional e a intenção de achar
respostas claras na escrita desterritorializada de Noll, apelamos mais ao sensível que à razão
para tentar construir sentido(s) nesse conto, cientes da possibilidade de permanecermos
desconfortáveis nesse processo.
O romance policial ocupa até hoje um grande espaço no cenário literário mundial e, ao longo
do tempo, vem sofrendo alterações, muitas vezes motivadas pelo contexto social de
determinadas épocas. O gênero começou a ser difundido em 1841 com a publicação, pela
revista Graham’s Magazine, do conto Assassinatos da Rua Morgue, do norte-americano Edgar
Allan Poe. Baseados na escrita de Poe, surgem novos cenários para o romance policial e,
mesmo apresentando enredos diferentes, a estrutura da narrativa é permeada por elementos
peculiares que são desenvolvidos por meio de uma investigação realizada normalmente por
um detetive que procura esclarecer um ou mais crimes após a análise e organização de uma
série de fatores que culminam com a revelação de um criminoso. Este processo representa um
desafio intelectual tanto para o detetive quanto para o leitor. Utilizando como corpus a obra
La Paura di Montalbano e sua tradução O Medo de Montalbano do autor siciliano Andrea
Camilleri, mais especificamente o conto O Quarto Segredo, este trabalho tem como objetivo
analisar o processo de tradução de textos gialli [policiais em italiano], com fundamentação
teórica em Venuti (1998) e Hall (2014), que buscam analisar o processo de domesticação e
estrangeirização e como o texto alvo pode influenciar ou não na construção de representações
de cultura estrangeira. Pretendemos com esta pesquisa realizar um diálogo com diferentes
características do gênero policial, como o enigma e o noir, retratados nas obras de Maurice
Leblanc (As Primeiras Aventuras de Arsène Lupin - O Ladrão de Casaca), e de Arthur Conan
Doyle (o conto O Enigma de Reigate, do livro Memórias de Sherlock Holmes).
Uma das principais dificuldades dos alunos que cursam as disciplinas de Latim I e II é a
identificação, separação e, sobretudo, tradução dos períodos compostos latinos. Dessa forma,
nessas disciplinas, os períodos compostos mais recorrentes são formados por orações
subordinadas adjetivas. Haviam dois objetivos, o primeiro seria obter uma tradução mais
fluida dos textos, e o segundo seria, mais a longo prazo, uma reflexão mais profunda a
respeito da sintaxe da língua portuguesa. Assim, o processo foi dividido em três etapas.Por
exemplo, na disciplina de latim I, os alunos têm contato com as orações adjetivas, que
apresentam o pronome relativo. Na oração Pater audit filiam quae plorat (O pai escuta a filha
que chora) há duas orações, a oração principal e a oração subordinada. O primeiro passo é a
identificação das duas orações através dos dois verbos, que no caso são audit (ouve) e plorat
(chora), após isso, assim como havia sido explorado na cadeira Língua Portuguesa: frase, os
discentes foram instruídos a fazer a grade regencial dos verbos. No verbo audit “alguém”
ouve “alguma coisa”, logo, haveria a necessidade de um sujeito e objeto direto, que seriam
pater e filiam. O segundo passo é a separação, Pater audit filiam seria a oração principal e
quae plorat seria a oração subordinada. O terceiro e último passo é a tradução das orações
separadamente, para que depois elas sejam unificadas novamente, dessa forma Pater audit
filiam seria traduzido por “O pai ouve a filha” e quae plorat por “que chora” (a filha que
chora). Vale a pena salientar que o gênero, número e função sintática determinam a forma ou
as terminações dos nomes e pronomes. Para concluir, os resultados obtidos foram
satisfatórios, pois só alunos passaram a traduzir com mais fluidez e o trabalho influenciou nas
outras disciplinas relacionadas a língua portuguesa, e os estudantes desenvolveram uma maior
reflexão gramatical.
O Projeto Cinema Italiano - do Livro à Tela é uma iniciativa do professor Rafael Ferreira da
Silva, (Departamento de Letras Estrangeiras) da UFC e do Programa de Pós-graduação em
Estudos da Tradução (POET). O projeto possibilita o contato dos estudantes do curso de
Letras com textos teóricos sobre Estudos da tradução, além de textos literários italianos e de
adaptações fílmicas. Além de ampliar os conhecimentos dos alunos sobre os Estudos da
Tradução, o projeto também contribui para a redução da evasão dos graduandos em
Letras/Língua Estrangeira da UFC. Outrossim, o projeto conta com 2 bolsistas BIA(PRAE), e
de uma bolsista PAIP(PROGRAD). As atividades desenvolvem-se de forma teórica e prática:
na parte teórica, são realizadas buscas sobre o Estado da Arte da pesquisa em Tradução
Intersemiótica que contemple Literatura italiana e na parte prática são realizadas atividades na
modalidade online com aproximadamente 20 graduandos, que, por meio da plataforma
EdModo, em 3 módulos de 3 semanas, fazem leituras teóricas, assistem aos filmes propostos
e participam dos debates no fórum da plataforma, o que possibilita o compartilhamento de
conhecimentos entre os participantes do projeto. Essas atividades são válidas porque
despertam a curiosidade dos graduandos dos semestres iniciais do curso de Letras sobre a área
de Estudos da Tradução. As atividades do projeto durante o ano de 2018 demonstram que o
projeto é enriquecedor tanto para os bolsistas como para os participantes, que se motivam e
adquirem conhecimentos além da sala de aula, o que de fato contribui para a redução da
evasão do curso de Letras.
A língua francesa é uma das línguas estrangeiras mais estudadas no mundo, porém, existe
uma elitização da mesma fazendo com que haja uma atmosfera proferindo que se trata de uma
língua superior às outras e/ou de mais difícil acesso à aprendizagem, isso se dá pelo fato dessa
língua ter forte associação com a burguesia, já que de fato o alcance a ela não se dá tão
facilmente como nas demais línguas estrangeiras (CUQ e GRUCA, 2005, p.17-21). Sendo
assim, não é comum encontrarmos o ensino dessa língua em escolas públicas, diferentemente
do inglês e do espanhol, ainda assim, existem escolas que oferecem a língua francesa como
matéria regular em sua grade, possibilitando o estudo das três línguas estrangeiras e
facilitando seu acesso. Contudo, esse projeto tem como objetivo apresentar e incentivar o
estudo do francês nas zonas periféricas de Fortaleza, levando o conhecimento não só
linguístico e cultural mas como informação para uma melhor educação, fazendo com que esse
aprendizado torne-se possível e que não haja diferenciação social em torno de uma língua.
Serão colhidos dados de três escolas públicas que já aderiram a esse ensino, a escola EEFM
Professor Caminha de Meneses localizada no bairro Bom Jardim, como também a escola
EEEP Juarez Távora e EEM Governador Adauto Bezerras, localizadas no Bairro de Fátima.
Assim, os estudantes que já passaram pelo ensino da língua francesa dentro da escola, em
entrevista à responsável pela pesquisa darão depoimentos sobre seu aprendizado e suas
opiniões sobre a língua francesa, antes, durante e depois do seu primeiro contato, podendo-se
analisar uma perspectiva mais prática do distanciamento/aproximação de uma nova língua
estrangeira pouco encontrada em escolas públicas de ensino médio no nosso Estado, a fim de
coletar dados que comprovariam e ideia pré-estabelecida de um idioma inalcançável no seio
de uma periferia.
A experiência com o texto literário pode favorecer um pensamento crítico que perpassa o
ensino em sala de aula. Entretanto, essas práticas literárias podem não obter, em grande parte,
sucesso no que se refere ao desenvolvimento de jovens leitores analíticos. Faz-se necessário,
então, adotar uma metodologia que desperte o interesse dos estudantes e os motive na
construção desse tipo de pensamento. Colocando-se como um mediador entre o aluno e o
texto literário, o professor torna-se, dessa forma, integrante essencial de um processo produtor
de sentidos e de conhecimento. No presente artigo, pretendemos comparar, no que diz
respeito à didática no ensino de literatura, a visão dos professores e dos alunos de uma escola
pública de Fortaleza. Como guia teórico, utilizamos como referências o livro de Zilberman
(1988),o de Rocco (1992) e o produzido pelos alunos de Pós-Graduação em Letras da
Universidade Federal do Ceará (2016) que teorizam direta ou indiretamente o ensino da
literatura na escola - o ponto de partida deste artigo. Os dados sobre os quais nos debruçamos
foi colhido em um questionário aplicado com dezessete alunos e três professores do ensino
médio, doravante EM, de uma escola pública da Regional VI, na cidade de Fortaleza
(CE).Selecionamos, dessa maneira, as respostas dos alunos e dos professores que pudessem
contribuir para a nossa pesquisa, retirando assim respostas monossilábicas e/ou repetidas.
Após a análise do corpus, constatamos que a literatura foi enfatizada tanto para professores
quanto para alunos dessa escola como fonte de conhecimento à formação de um pensamento
crítico.
Este trabalho se ancora nos princípios gerais da Análise do Discurso (AD) e, de maneira mais
específica, nas propostas metodológicas para o ensino de literatura de Martins (2006) e de
Voese (2002) para analisar os exercícios propostos no livro didático de língua portuguesa de
Marcos Renato Blaque Lima, buscando identificar se tais atividades ajudam na formação de
leitores mais críticos e reflexivos, tornando os alunos capacitados para o domínio do discurso
literário. Para atingir esses propósitos, essa pesquisa foi baseada nas categorias da
intertextualidade, da interdisciplinaridade, da intersemiose e da transversalidade (MARTINS,
2006), assim como nas noções de marcas linguísticas, marcas enunciativas e marcas da
formação discursiva e da ideologia (VOESE, 2002). O corpus deste trabalho é constituído,
mais especificamente, por 5 exercícios retirados da seção de Literatura do módulo 1 do livro
didático de língua portuguesa produzido por Lima (2018) e destinado aos alunos do nono ano
do ensino fundamental II. A partir de nosso estudo, pudemos concluir que os exercícios
propostos no livro didático, em linhas gerais, não levam em conta todas as categorias de
Martins (2006) e de Voese (2002), embora algumas delas se façam presentes em determinadas
atividades. Além disso, também foi possível concluir que os exercícios analisados não
estimulam a criticidade e a reflexividade dos estudantes, já que não exigem deles uma leitura
mais criteriosa e aprofundada dos textos literários em estudo, além de não contribuírem, de
maneira expressiva, para o domínio do discurso literário por parte dos alunos.
Palavras Chave: Discurso literário; Texto literário; Livro didático de língua portuguesa;
Ensino de literatura.
Percebemos que existe uma enorme distância entre os perfis de professores exigidos e os
perfis de professores formados. Essa situação evidencia a necessidade de maiores
investimentos na formação profissional para a docência. É preciso que essa formação
responda, de fato, às demandas da atuação profissional do professor, corporificadas nos
desafios da educação brasileira. Para Celani (2008), o professor de línguas estrangeiras é um
profissional em formação contínua; precisa estar sempre se atualizando, não só para
acompanhar as constantes mudanças, mas também para ser capaz de provocar mudanças.
Objetivamos apresentar o processo de formação do aluno-professor da licenciatura em Letras
com habilitação em Língua Portuguesa e Língua Francesa e suas Respectivas Literaturas, da
Universidade Federal do Ceará (UFC), em relação à aquisição de conhecimentos referentes à
sua prática docente e às suas percepções como professores de língua estrangeira, na condição
de aluno-professor. Utilizamos a expressão “aluno-professor” compreendendo que, por
tratar-se de um curso de formação de professores, o graduando ocupa dois papéis em seu
processo de aprendizagem, uma vez que, é a partir desse processo que desenvolverá
competências necessárias ao ensino. Realizamos uma pesquisa exploratória, para tanto,
utilizamos como ferramenta de coleta da dados, o questionário eletrônico, composto por 18
perguntas (objetivas e subjetivas), em busca da compreensão dos aspectos que contribuem
para uma formação insatisfatória do (a) futuro (a) professor (a) de língua francesa e em
consequência propor alternativas que minimizem essa condição. Após a análise das respostas,
concluímos que os alunos finalizam a graduação com: (i) percepção de não estarem aptos a
desempenhar com êxito a sua prática docente; e, (ii) os que apresentam domínio, não
atribuem sua evolução à universidade. Consideramos relevante esse estudo para repensarmos
mudanças em nossas práticas pedagógicas discentes, nos cursos de língua, em geral.
O presente projeto de pesquisa visa ampliar o senso crítico a partir de leituras que se
aproximem da realidade do aluno da escola pública. Objetivamos trabalhar com o gênero
musical rap, especificamente com canções dos artistas Criolo e Froid. O plano metodológico
consiste no uso didático das músicas, respeitando as interpretações e vivências dos estudantes,
porém os expondo a novas reflexões acerca dos objetivos comunicativos do material que será
estudado. De forma objetiva, planejamos levar raps para a sala de aula e desenvolvê-los como
instrumentos para a leitura, interpretação e criticidade. Utilizamos como embasamento teórico
nesta pesquisa: Fleuri (1994); Lajolo (1997); Marcondes, Menezes, Toshimitsu (2010) e Silva
(1991). Fundamentadas nessas obras, pretendemos desenvolver um projeto que instigue
primeiramente a percepção pelo aluno acerca de que os textos que ele acessa cotidianamente
(músicas) também são instrumentos de letramento formal e social. Baseadas em observações
prévias do cotidiano de estudantes da escola pública, que refletem não somente a carência
leitora, mas também a interpretativa, buscamos auxiliar o aluno no aprimoramento de suas
capacidades críticas enquanto cidadão ativo dentro da sua comunidade, para então, se tornar
um agente nas mudanças sociais. Por se tratar de uma pesquisa ainda em andamento, não
apresentamos resultados, mas hipóteses, entre as quais a de que a interação com textos de
circulação social tornaria mais fluída a aprendizagem pelo aluno, dessa forma, haveria o
aproveitamento de diversos tipos de conhecimento e não só os conhecimentos específicos
desenvolvidos na escola, pois a realidade do estudante nem sempre dialoga com os textos
prioritariamente abordados nos materiais didáticos.
Este resumo versa sobre o letramento familiar de jovens com deficiência intelectual (DI),
fundamentando-se na Teoria Social do Letramento, em sua perspectiva acerca dos usos da
leitura e da escrita como práticas sociais. Com efeito, escolhemos os estudos desenvolvidos
por Heath (1983), Street (1984), Goulart (2012) e Rolim-Moura (2017), pois coadunam-se à
proposta de letramento que compreendemos neste estudo. Esses autores mostram que as
atividades de leitura e escrita e as práticas sociais estão imbricadas. O processo de ler e
escrever é aqui entendido como histórico e espacialmente situado; assim, ideologias, crenças,
atitudes e valores de ordem cultural, econômicas e de espaço influenciam nessas relações.
Elegemos nesta pesquisa que ainda está em andamento, como objetivo principal, compreender
como os letramentos familiares de jovens com deficiência intelectual (DI), matriculados no
Ensino Médio em uma escola pública no município de Fortaleza influenciam na permanência
desses alunos no espaço escolar. A coleta e geração de dados se deu por meio de entrevistas
com três mães de estudantes com DI e observações registradas em diários de campo. Os
dados, ainda que parciais, mostram que esses estudantes além de não terem apreendido o
código alfabético ao longo das séries escolares, experienciam um processo de integração,
contrapondo-se à legislação vigente a respeito da inclusão escolar. Nota-se que essas mães se
fazem presentes no espaço da escola, unindo-se a seus filhos em variados momentos da rotina
da instituição. Como consequência, os eventos de letramento orquestrados por essas mulheres
materializam-se em gêneros orais, por vezes informais e espontâneos (ROLIM-MOURA,
2017), e pela tentativa de ensinar a seus filhos as modalidades de leitura e a escrita, ainda que
de maneira muito elementar. Reconhecemos haver uma relação de complementaridade os
letramentos e as relações promovidas por essas famílias e a escola.
O presente projeto de pesquisa tem como objetivo geral analisar o Vlog como recurso
pedagógico para a produção textual dissertativo-argumentativa, desenvolvendo na
comunidade pré-universitária o posicionamento crítico ao deparar-se com situações que lhes
exige um domínio da argumentação e defesa de ponto de vista. Tal objetivo se fundamenta
teoricamente nos trabalhos, principalmente, de Bakhtin (1979) acerca da natureza dos gêneros
discursivos, de Swales (1990;2004) sobre os conceitos de comunidade discursiva e propósito
comunicativo, Marcuschi (2004) que trata do blog como um gênero. Além disso, buscamos
apoio também em ZAVAM (2009) que desenvolveu um estudo com editorial jornalístico com
base na noção bakhtiniana de transmutação de gêneros, justificando, assim, nossa visão de
que o Vlog funcione como uma derivação do Blog. Por fim, abordamos o tratado de
ARISTÓTELES (Retórica II: 1377b - 1403a) sobre a argumentação eficaz. A proposta
metodológica adotada possui caráter quanti e qualitativo na medida em que buscaremos
depreender, por meio de gráficos, as mudanças no refinamento argumentativo através das
produções textuais feitas pelos estudantes após o contato com os Vlogs, como também
mensurar o nível de satisfação dos alunos com este método. Esperamos que os resultados
apontem para uma melhoria significativa no enriquecimento da argumentação utilizada para a
defesa do ponto de vista, propiciando uma experiência crítica aos alunos, que se estenda para
além dos exames onde é exigida a produção textual dissertativo-argumentativa. Dessa forma,
esperamos que a aplicação dessa experiência crítica surta efeitos em situações reais.
Realização