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Compreender Kant
“necessidade das minhas ações por puro respeito à lei prática é o que constitui o dever, perante
o qual tem de ceder qualquer outro motivo, porque ele é a condição de uma vontade boa em si,
cujo valor é superior a tudo.” FMC pág. 35
Kant afirma que a razão vulgar conhece esse princípio da moralidade, mas não sabe reconhecê-
lo abstratamente.
In his Critique of Pure Reason, Kant arrives at his list of categories by first enumerating the
forms of possible judgment (A70/B95-A93/B109).
Categorias do entendimento: Quantidade (unidade, pluralidade, totalidade), qualidade
(realidade, negação, limitação), relação (inerência e subsistência, causalidade e dependência,
comunidade [reciprocidade]), modalidade (possibilidade, existência e necessidade)
As antinomias da razão pura se encontram no capítulo II da dialética transcendental.
Os imperativos hipotéticos repousam sobre o princípio analítico: “quem quer os fins quer os
meios”. Daí sua possibilidade.
O imperativo categórico não pode repousar sobre este mesmo princípio, pois ele não está
subordinado a nenhum fim. O imperativo categórico é uma proposição prática sintética a priori.
O imperativo categórico é um juízo sintético a priori na medida em que liga a vontade (Wille) à
lei, sem contudo necessitar nada de empírico, pois a vontade, entendida como razão prática,
como faculdade de agir segundo certas regras, não implica nada de empírico, visto que as regras
sejam a priori, e a lei, se for uma lei da razão pura, também não implica nada de empírico.
Assim, o imperativo categórico se constitui como juízo sintético a priori.
“O princípio subjetivo do desejo é o móvel, o princípio objetivo do querer é o motivo.”
“agir sobre a influência da sensibilidade, ainda que conforme ao dever, é patológico. Prático, ou
moral, é o que depende direta e exclusivamente da razão”
O valor moral reside na razão pela qual desejo obter tal resultado, e não no próprio resultado. A
única razão ilimitadamente boa é a ação por dever.
O dever é a necessidade de cumprir uma ação por respeito à lei, i.e., é a obrigação de agir
conforme àquilo que, em estrito senso, não aceita exceções, e, portanto, devido à sua
universalidade, retira toda a força que substancia a obrigação, o dever. Em outras palavras, pelo
fato da lei moral ser universal, resulta daí que ela não abriga nenhuma contingência, nenhuma
possibilidade de não ser, do que se deriva a força desta lei, pois, visto que se ela não pode não
ser, resulta daí que ela é algo, que por seu ser, comanda um deve-ser (ein Sollen). A lei moral é,
i.e., ela existe, o que se comprova pelo factum da razão, pela consciência da lei moral; agora,
posto que ela é, e somado a isso, posto aquilo que ela é (ela é um imperativo categórico, a forma
da lei moral), segue-se daí que ela deve ser respeitada, pois ela implica uma obrigação,
obrigação que fundamenta o caráter moral dos seres humanos.
Teorema = proposição que pode ser demonstrada por meio de um processo lógico
Os fins de outrem, se moralmente admissíveis, estabelecem limites aos fins que nós mesmo
possuímos.
Third formula:
FA The Formula of Autonomy: “. . . the idea of the will of every rational
being as a will giving universal law” (G 4:431; cf. 4:432) or “Choose only
in such a way that the maxims of your choice are also included as universal
law in the same volition” (G 4:439; cf. 4:432, 434, 438);
with its variant,
FRE The Formula of the Realm of Ends: “Act in accordance with the maxims
of a universally legislative member of a merely possible realm of ends” (G
4:439; cf. 4:432, 437, 438).
FUL (and FLN) consider the principle of morality merely from the standpoint
of its form, FH considers it from the standpoint of the value which rationally
motivates our obedience to it, and FA (and FRE) consider it from the standpoint
of the ground of its authority.
FRE afirma que devemos sempre pensar em nós mesmo como membros de uma sociedade de
seres cujos fins admissíveis devem ser respeitados e testar nossas máximas perguntando se
haveria uma sociedade desse tipo, na suposição de que as máximas fossem leis naturais.
§2 Vontade livre = vontade autônoma = vontade sujeita à lei moral. Uma ação é livre quando
não depende das determinações do mundo sensível, mas das determinações da própria razão
pura. A razão prática determina-se enquanto liberdade, mas essa é uma liberdade transcendental,
e enquanto tal, é uma determinação puramente negativa, i.e., é uma determinação feita a partir
da negação da necessidade presente na causalidade do mundo fenomênico, sendo assim, algo
como a antítese à necessidade da natureza. Liberdade, negativamente, é independência das
determinações da causalidade sensível; positivamente, liberdade é autolegislação,
autodeterminação.
§3 Nossa vontade se manifesta ainda que produza efeitos puramente em nosso mundo mental,
não afetando de modo algum o mundo físico.
A vontade, segundo a FMC, é um tipo de causalidade que pertence aos seres vivos racionais.
Ela é o poder de determinar a si em seu agir de acordo com nossa concepção de certas leis.
§4 Vontade livre significa: um poder de produzir efeitos sem ser determinado ou causado por
nada diferente de si mesma. A necessidade da natureza é causal, i.e., toda causa é também um
efeito de uma causa precedente. Os animais também possuem arbítrio, mas um arbitrium
brutum, enquanto humanos possuem um arbitrium liberum. Isso porque os animais diferem da
matéria inorgânica por serem movidos por ideias (sensação, imaginação) além de serem
movidos por forças físicas, enquanto o ser humano além de ser movido por essas, é movido
também pela razão. Kant prova na CRP que o conceito de liberdade - ali uma ideia da razão
derivada da reflexão sobre a necessidade, sendo assim, portanto, um conceito negativo – é um
conceito não-contraditório.
O conceito de causalidade, seja livre ou não, sempre implica a noção de leis (Gesetze). Uma
forma positiva de argumentar a favor da necessidade de leis que governem uma vontade livre
pode ser a de que uma vontade livre que não estivesse submetida a nenhuma lei seria uma
vontade caótica, e enquanto tal, não poderia ser dita livre de modo algum; assim, uma vontade,
para ser de fato livre, deve ser governada por leis, mas estas leis não podem ser como as leis
causais que regulam os fenômenos, pois do contrário não se poderia dizer que ela é livre, não
mais livre do que uma bola de bilhar que inicia uma trajetória a partir do choque com outra bola
é livre.
§5
§4 Uma ação que se faz por dever não pode derivar de uma máxima material, pois esta não
detém a universalidade que confere a força do dever. Uma máxima subjetiva diria: “eu vou
fazer X, se assim me apetecer”, enquanto uma máxima do dever seria: “Eu vou cumprir com
meu dever, não importa qual seja meu dever”
Reverence.
§1 “dever é a necessidade de uma ação por reverência à lei.” FMC
§2 Psicologia moral. Aspecto emocional da reverência.
The law.
§1 A característica essencial da lei é a universalidade. Uma lei, em sentido estrito, é lei em
virtude do fato de aceitar exceções. A lei moral, portanto, deve ser universal. Nós não apenas
agimos segundo leis, nós, seres racionais, agimos também segundo a representação de uma lei.
* o teste do imperativo categórico consiste me indagar se tal máxima pode ser universal sem
que com isso destrua a si mesma.
imperativo categórico, que revela positivamente aquilo que a razão especulativa pode
formular apenas como antinomia das ideias transcendentais da razão, i.e., a liberdade
transcendental humana.
Kant recusa a tentativa de fundamentação do ético segundo algum princípio empírico,
como fizeram Hutcheson, Shaftesbury, Rousseau, Hobbes, Mandeville, dentre outros.
Kant também recusa uma fundamentação cosmológica-ética, segundo a qual o mundo é
um todo ordenado e os fundamentos práticos devem ser harmonicamente derivados da
natureza, assim como o voluntarismo teológico, que afirma que as normas éticas
provêm da vontade de Deus, que por sua vez é inescrutável e fonte absoluta de
autoridade. Desse modo, ele se aproxima do intelectualismo teológico de Leibniz,
segundo o qual há uma razão suficiente no fundamento moral.
Contexto conceitual
Rousseau: Instances of direct influence include Kant’s idea of the categorical imperative, the
third formulation of which in the Groundwork of the Metaphysic of Morals (the so-called
formula of the kingdom of ends) recalls Rousseau’s discussion of the general will in The Social
Contract.
In some of his writings, such as the Second Discourse, pitié is an original drive that sits
alongside amour de soi, whereas in others, such as Emile and the Essay on the Origin of
Languages, it is a development of amour de soi considered as the origin of all passions.
Teorema = proposição que pode ser demonstrada por meio de um processo lógico
Rousseau’s term for this new type of self-interested drive, concerned with comparative success
or failure as a social being, is amour propre (love of self, often rendered as pride or vanity in
English translations). Amour propre makes a central interest of each human being the need to be
recognized by others as having value and to be treated with respect. The presentation of amour
propre in the Second Discourse—and especially in his note XV to that work—often suggests
that Rousseau sees it as a wholly negative passion and the source of all evil. Interpretations of
amour propre centered on the Second Discourse (which, historically, are the most common ones
(for example Charvet 1974)), often focus on the fact that the need for recognition always has a
comparative aspect, so that individuals are not content merely that others acknowledge their
value, but also seek to be esteemed as superior to them. This aspect of our nature then creates
conflict as people try to exact this recognition from others or react with anger and resentment
when it is denied to them.
Pufendorf: Jusnaturalista e voluntarismo teológico, influência sobre Wolff.
Pág. 99-. Desde a primeira página da FMC, Kant já expõe sua concepção de que a única coisa
que pode ser considerada boa sem restrição é a boa vontade. A boa vontade é uma vontade
desinteressada, na medida em que não almeja um fim material, mas universal.
Kant rompe com uma noção de virtude antiga, como a de Aristóteles, segundo a qual a virtude
consiste na excelência em seu gênero. A virtude, assim, não se opõe à natureza, mas é antes
como que uma maior atualização do potencial natural. Já em Kant, a virtude se determina em
oposição à natureza, sendo virtuosa justamente a boa vontade, aquela materialmente
desinteressada vontade autônoma.
A noção de ser perfectível em Rousseau influencia a noção de liberdade em Kant, é essa noção
de liberdade que implica no fato de que o ser humano é um ser moral.
Höffe
“Assim com no campo teórico, também no campo prático a objetividade somente é possível
através do próprio sujeito”
Os animais, diferentemente da matéria inorgânica, são capazes de agir segundo impulsos, mas
estes impulsos não configurar uma vontade, pois estes nada mais são que uma coerção interna,
são a própria lei da natureza fazendo-se vontade neles. Apenas os seres racionais são capazes de
agir segundo a representação de leis, e por isso, somente eles possuem uma vontade (Wille).
Essa vontade designa a capacidade de suspender os impulsos como fundamento determinante
último.
Teorema = proposição que pode ser demonstrada por meio de um processo lógico
Kant determina que o ilimitadamente bom tem de ser simples ou absolutamente bom e,
portanto, o ilimitadamente bom não pode ter referência empírica ou material, pois então seria
condicionado por pressupostos favoráveis ou circunstâncias, assim perdendo sua universalidade.
A FMC e a CRPr tratam do lado pessoal da Sittlichkeit. O dever é a Sittlichkeit na forma do
mandamento, do imperativo. O homem, em seu agir, é condicionado por fundamentos
determinantes sensíveis, mas é também condicionado pelo factum da razão pura.
Há três perspectivas a serem observadas acerca do dever: 1) sua negação, seu não cumprimento;
2) seus modos, i.e., seu cumprimento a) por interesse próprio, b) por inclinação imediata; 3) sua
efetivação, seu cumprimento por si mesmo, i.e., a ação conforme ao dever por dever. No
primeiro ponto, nega-se o dever; no segundo ponto, cumpre-se o dever, mas não por reverência
(Achtung) ao dever, e por isso Kant classifica essas ações no quadro da legalidade; no terceiro
ponto, dada a reverência pela lei, já se trata de ações propriamente morais.
As objeções levantadas a essa ética da intenção foram várias, mas podemos dizer que a tônica
predominante é a crítica ao formalismo, na medida em que tal ética favorece uma interioridade
inativa, indiferente a toda realização efetiva, na medida em que a boa vontade, ainda que não
produza resultados objetivos, externos, já é um bem incondicional. Todavia, em contraposição a
essa objeção, tem de ser admitido que uma ética pautada no êxito também pode se equivocar ao
localizar assim o valor moral de uma ação, pois o resultado de uma ação humana é sempre o
resultado dessa ação em um contexto de inúmeras outras ações, e assim, pelo fato de um
resultado não ser unicamente determinado pela ação humana que algum fim visava, parece
haver certa injustiça em avaliar a moralidade de uma ação segundo resultados que são
condicionados, além da conduta do agente racional, por uma série de outras causas.
Além do mais, a moralidade, com sua ênfase na intenção, não exclui a legalidade, cuja ênfase
recai sobre a ação, mas antes, poder-se-ia dizer, é como que seu esplendor, sua afirmação
apenas ainda mais perfeita. Contudo, a moralidade da intenção de fato garante o valor moral à
intenção, resguardando ações bem-intencionadas como morais ainda que não producentes de
resultados efetivos.
Existem três graus de imperativos. O primeiro grau, denominado técnico ou de habilidade,
ordena os meios necessários para um objetivo qualquer. O segundo, denominado pragmático ou
da prudência, prescreve ações que promovem o objetivo efetivo de entes racionais necessitados,
como a dieta, que serve à saúde. O terceiro grau, à diferença dos dois primeiros que se referem à
aspiração natural da felicidade, não objetiva nem um bem como fim de sua ação, e assim eleva-
se acima de toda a funcionalização ao agir propriamente moral. OS dois primeiros graus se
referem aos imperativos hipotéticos, enquanto o segundo se refere ao imperativo categórico.
A partir da variegada diversidade de princípios subjetivos (máximas), as máximas morais são
separadas das máximas não-morais, e o agente é exortado a seguir somente as máximas morais.
Recriminou-se Kant de rigorismo moral, na medida em que seu imperativo categórico contém
a forma estrita da universalização. Na famosa disputa com Benjamin Constant, Kant afirmou
que não se tem o direito de mentir mesmo àqueles que perseguem injustamente alguém.
Foi objetado também, nos famosos versos de Schiller, que o princípio de autonomia não
permite nenhuma inclinação natural ações morais, mas esta é uma posição mal fundamentada,
uma vez que Kant afirma na CRPr que uma inclinação pelo dever pode facilitar muito a eficácia
das máximas morais. Não há problema algum em servir aos amigos havendo inclinação para
tanto, o problema está em ajudar unicamente por inclinação, pois deste modo age-se
heteronomamente ajudando assim aos amigos e não aos demais, como requereria a
universalidade de um imperativo moral. O imperativo categórico nomeia o conceito e a lei sob
Teorema = proposição que pode ser demonstrada por meio de um processo lógico