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CONTRIBUIÇÃO DA FLORESTA REGIONAL

PARA A SAÍDA DA CRISE NACIONAL

A SITUAÇÃO DO MERCADO DO EUCALIPTO

(UMA HISTÓRIA EXEMPLAR)

João M. A. Soares

Castelo Branco, 18 de Maio de 2012

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SOBRE O TEMA, NAS REUNIÕES INTERNACIONAIS...

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ERA UMA VEZ …

(“plágio” actualizado da “estória” que contei


no forum florestal de Mortágua em 2010...)

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Uma espécie florestal – o eucalipto globulus - introduzida em Portugal

em meados do século XIX e que serviu de matéria prima ao fabrico –

pela primeira vez no Mundo – de pasta celulósica de eucalipto

(então ao sulfito) em 1907 e depois, já comercialmente, em 1925.

Nesse Portugal onde foi, pela primeira vez também, produzida no

Mundo a pasta de eucalipto pelo processo Kraft/sulfato (1957) que

hoje lidera o ranking das melhores pastas papeleiras mundiais.

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A partir dos anos 60 (do século XX) os investidores e as

autoridades nacionais promoveram a expansão da espécie e da

Indústria de pasta e de papel a partir do eucalipto.

Os produtores florestais privados de eucalipto responderam

entusiasticamente e procuraram satisfazer uma

procura interna crescente.

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Acontece que os mesmos governos nacionais que
estimularam o desenvolvimento do sector industrial,
decidiram, em contrapartida, a partir do início dos
anos 90 (do mesmo século XX), dificultar de forma
progressiva a plantação de eucaliptos.

A legislação e a forma como foi/é aplicada,


a Estratégia Nacional para as Florestas e,
especialmente, os PROF’s, são disso bons exemplos.

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Daí que, com naturalidade, a oferta interna de eucalipto se

venha a revelar, a partir de finais dos anos 90 (e agravada

pelos fogos de 2003 e 2005), até hoje, insuficiente para

alimentar a indústria nacional de pasta e papel.

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Como resultado desse desiquilibrio assistiu-se a um fluxo importante
de importação, como forma de evitar a sobreexploração “mineira” do
eucaliptal

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Sendo a madeira importada mais barata na origem, do que

a madeira nacional, ela não deixa de ser muito mais cara à

porta das fábricas (dados os custos de manuseamento e

transporte).

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Porque as pastas e papéis fabricados em Portugal

concorrem em todo o Mundo com as pastas e papéis de

outras origens, a indústria portuguesa tem que “acomodar”

o sobre-custo motivado pela madeira importada.

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Não obstante este estado de coisas, as autoridades definiram

em 2007 uma Estratégia Nacional para as Florestas que

recomenda que os actuais cerca de 780 mil hectares de

eucalipto devem ser reduzidos para 600 mil nos próximos

20 anos !

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Dos 21 PROF’s existentes 16 (nas zonas mais interessantes

para o eucalipto) preconizam a redução da área da espécie,

que deverá ficar reduzida a 576 mil ha em 2025 !

Com esta “doutrina” a AFN chumbou, até fevereiro de 2011,

sistematicamente, os pedidos de novas florestações e até

de reflorestações com eucalipto incluídas nos ditos PROF’s.

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Tudo indica pois – a não ser que as autoridades alterem

o seu comportamento – que o desequilíbrio oferta/procura se

vai agravar.

(Exactamente as mesmas autoridades que acarinharam

recentemente o aumento de capacidade industrial do segundo

maior grupo português fabricante de pasta de eucalipto)

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MORAL DA HISTÓRIA :

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Devido à “Perseguição Oficial” ao eucalipto em Portugal, os

produtores florestais de eucalipto vão continuar a ver os seus

rendimentos limitados porque a indústria tem de pagar madeira

importada a preços que, por si só, não são capazes de manter as

mesmas pastas e papéis competitivos no mercado internacional.

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Porque essa situação não interessa a nenhum dos elos da fileira

eucalipto/papel, a solução imediata que se vislumbra é o

estabelecimento de parcerias técnicas e financeiras

entre os produtores florestais e a indústria, no sentido de aumentar

a produção do eucaliptal existente.

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Justifica-se mais área, mas o que urge é rejuvenescer os eucaliptais

caducos e sub-produtivos:

Mais produtividade, com melhores melhores plantas, com melhores

técnicas e com menores custos por hectare.

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Apesar de tudo, há espaço, condições ambientais e

sociais, para gerar e distribuir riqueza no país com

a fileira silvo-industrial do eucalipto!

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Obrigado

joao.soares@portucelsoporcel.com

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