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84 Testes de avaliação e sugestões de resposta

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 1

NCON11LP­©Porto Editora
Argumentação e lógica formal
Distinção validade – verdade

GRUPO I

1. Indique, para cada questão, a opção correta.


1.1. A verdade é um valor lógico:
A. das proposições;
B. dos termos;
C. dos argumentos;
D. das frases imperativas.
1.2. A definição de «proposição» é a seguinte:
A. frase imperativa;
B. conjunto de frases declarativas cuja relação entre si serve para sustentar uma delas;
C. representação mental relativa a um ser ou a um conjunto de seres;
D. pensamento ou conteúdo, verdadeiro ou falso, expresso por uma frase declarativa.
1.3. Os argumentos podem ser verdadeiros ou falsos. Esta afirmação é:
A. verdadeira, porque a verdade é o valor lógico dos argumentos;
B. falsa, porque uma das propriedades dos argumentos é a validade e não a verdade;
C. verdadeira, porque nenhum argumento pode ser simultaneamente verdadeiro e falso;
D. falsa, porque se houver argumentos falsos, de nada vale o estudo da lógica.
1.4. A seguinte opção expressa um indicador de premissa?
A. conclui-se que;
B. logo;
C. por conseguinte;
D. dado que.

GRUPO II

1. Refira qual a estrutura de um argumento.

2. Explique em que medida se pode afirmar que nem todas as frases expressam proposições.

3. Com base nos termos «João», «corredor» e «futebolista», apresente um exemplo de uma proposi-
ção:
a) Categórica.
b) Condicional.
c) Disjuntiva.

4. Relacione «termo» e «conceito».

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 85

5. Explique em que consiste o juízo.

6. Indique a proposição que expressa a conclusão do seguinte argumento:


Uma vez que os espaços verdes são saudáveis, o governo deve promover os espaços verdes. Afinal,
o governo deve promover tudo o que é saudável.

7. Analise os seguintes argumentos:


a) Todos os seres humanos são mortais.
Os ingleses são seres humanos.
Logo, os ingleses não são mortais.
b) Todas as galinhas que eu vi até hoje tinham penas. Logo, a próxima galinha que eu vir terá
penas.
7.1. Explique o que diferencia, em termos lógicos, os dois argumentos.
7.2. Pronuncie-se, justificando, acerca da validade de ambos os argumentos.

Testes
COTAÇÕES
GRUPO I 3.
1. a) .............................................................. 10 pontos
1.1. ........................................................... 5 pontos b) .............................................................. 10 pontos
1.2. ........................................................... 5 pontos c) .............................................................. 10 pontos
1.3. ........................................................... 5 pontos 4. .............................................................. 25 pontos
1.4. ........................................................... 5 pontos 5. .............................................................. 20 pontos
GRUPO II 6. .............................................................. 20 pontos
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1. .............................................................. 20 pontos 7.
2. .............................................................. 25 pontos 7.1. ........................................................... 20 pontos
7.2. ........................................................... 20 pontos
TOTAL ...................................................... 200 pontos

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86 Testes de avaliação e sugestões de resposta

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 1

NCON11LP­©Porto Editora
GRUPO I elemento básico do pensamento. Trata-se da represen-
1. tação intelectual de determinada realidade, podendo
dizer respeito a uma classe de objetos ou a uma reali-
1.1. A.
dade singular, embora alguns autores defendem que
1.2. D só as noções ou ideias gerais é que podem ser conside-
1.3. B radas conceitos.
1.4. D O mesmo conceito pode ser expresso por termos dife-
rentes sob o ponto de vista linguístico e o mesmo
GRUPO II
vocábulo pode exprimir diferentes conceitos. Além
1. Um argumento é constituído por proposições devida- disso, um termo pode ser constituído por mais do que
mente articuladas, ou seja, existe nexo lógico entre uma palavra, exprimindo um único conceito.
elas. Tais proposições são a(s) premissa(s) e a conclu-
5. O juízo é a operação mental que permite estabelecer
são, sendo que a(s) premissa(s) procura(m) defender,
uma relação entre conceitos e que está subjacente à for-
sustentar ou justificar a conclusão. A esta também se
mação de proposições.
chama tese, pois é aquilo que está a ser defendido.
6. O governo deve promover os espaços verdes.
2. As frases declarativas são as únicas que expressam pro-
posições. Trata-se de frases que afirmam, negam, atri- 7.
buem, declaram ou constatam alguma coisa, podendo 7.1. O primeiro é um argumento dedutivo, uma vez que a
portanto ser consideradas verdadeiras ou falsas. Frases sua validade depende apenas da forma lógica. O
associadas a atos de interrogar, ordenar, exclamar, segundo é um argumento não dedutivo, mais propria-
pedir, chamar, prometer são exemplos que não se mente um argumento indutivo, porque a sua validade
enquadram na categoria das frases que expressam pro- depende de aspetos que vão para lá da forma lógica, isto
posições, justamente porque não podem ser classifica- é, a verdade da premissa apenas sugere a plausibilidade
das como verdadeiras ou falsas. da conclusão. Como se vê pelo exemplo, a conclusão não
3. deriva necessariamente da premissa.
a) João é corredor. 7.2. O argumento dedutivo apresentado é inválido, por-
que as suas premissas são verdadeiras e a conclusão é
b) Se João é futebolista, então é corredor.
falsa. O argumento indutivo, por sua vez, é válido porque
c) João é futebolista ou corredor. é improvável que a premissa seja verdadeira e a conclu-
4. O termo é geralmente entendido como a expressão são seja falsa, ou seja, a verdade da premissa fornece uma
verbal do conceito. O conceito, por sua vez, constitui o forte razão para pensar que a conclusão é verdadeira.

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 87

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 2

Argumentação e lógica formal


Formas de inferência válida e principais falácias: lógica silogística.

GRUPO I

1. Indique, para cada questão, a opção correta.


1.1. Toda a sardinha é um animal marítimo. Todo o salmão é um animal marítimo. Logo, todo o animal
marítimo é sardinha. Estamos perante um:
A. silogismo válido;
B. silogismo inválido;
C. falso silogismo;
D. silogismo condicional.
1.2. O seguinte silogismo pertence à segunda figura:
A. Todos os criminosos são sancionados. Ora, os ladrões são criminosos. Logo, os ladrões são
sancionados.
B. Os irlandeses não são ingleses. Os ingleses são indivíduos naturais de Inglaterra. Assim,
alguns indivíduos naturais de Inglaterra não são irlandeses.
C. Alguns pintores são expressionistas. Todos pintores são artistas. Logo, alguns artistas são
expressionistas.
D. Os avaros não são generosos. Os beneficentes são generosos. Portanto, os beneficentes
não são avaros.
1.3. A seguinte alínea contém a definição correta da falácia das premissas exclusivas:
A. Ocorre quando o termo menor se encontra distribuído na conclusão e não na premissa
menor.

Testes
B. Acontece quando se extrai uma conclusão de duas premissas negativas.
C. Ocorre quando o termo maior se encontra distribuído na conclusão e não na premissa
maior.
D. Dá-se quando o silogismo não respeita a regra que determina que o silogismo tem três e só
três termos.
1.4. É o conjunto de seres, objetos, membros que são abrangidos por um conceito/termo. Esta defini-
ção refere-se:
A. à extensão;
B. à compreensão;
C. à intensão;
D. ao quantificador existencial.
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88 Testes de avaliação e sugestões de resposta

GRUPO II

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1. Coloque na forma canónica as seguintes proposições:
a) Nem todos os arquitetos são criadores.
b) Quem se deita cedo e cedo se levanta é saudável.
c) Há indivíduos cuja única ocupação é simplesmente roubar.
d) Ser voluntário é dedicar-se aos outros.

2. Refira quais os termos que se encontram distribuídos e quais os que não se encontram distribuídos
nas seguintes proposições:
a) Alguns doces não são açucarados.
b) Alguma energia é renovável.
c) Todos os bombeiros são benfeitores.
d) Nenhum eletrodoméstico é máquina industrial.

3. Em cada um dos seguintes silogismos, identifique os termos, a figura e o modo.


a) Os maus criadores não são imaginadores consequentes.
Os arquitetos são imaginadores consequentes.
Logo, os arquitetos não são maus criadores.
b) Todos os felinos são vertebrados.
Todos os gatos são felinos.
Logo, alguns vertebrados são gatos.

4. Considerando as regras do silogismo, tire a conclusão de cada um dos seguintes pares de premissas:
a) Os simples argumentadores não são grandes oradores.
Os homens dedicados à causa pública são grandes oradores.
b) Alguns cafés são descafeinados.
Todos os cafés são bebidas.

5. O seguinte silogismo é inválido. Justifique a sua invalidade.


A bateria é um instrumento musical de percussão.
Alguns instrumentos musicais são baterias.
Logo, os instrumentos musicais são de percussão.

6. Avalie os silogismos que se seguem. Se algum deles for inválido, justifique a sua invalidade.
a) Os catalães são espanhóis.
Alguns espanhóis são independentistas.
Logo, os catalães são independentistas.
b) As ruas não são quarteirões.
As estradas não são ruas.
Logo, as estradas não são quarteirões.

7. Partindo dos termos indicados, apresente um exemplo de silogismo categórico inválido em que
seja cometida a falácia da ilícita maior:
Termo maior: terráqueo.
Termo menor: inglês.
Termo médio: alemão.

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 89

8. Avalie cada um dos seguintes silogismos condicionais. Identifique-os.


a) Se a encomenda não chegar, eu próprio vou buscá-la.
A encomenda não chega.
Logo, eu próprio vou buscá-la.
b) Se o inverno é longo, os ursos hibernam.
O inverno não é longo.
Logo, os ursos não hibernam.

9. Construa, para a proposição a seguir expressa, os dois modos válidos do silogismo disjuntivo (dis-
junção exclusiva):
Ou ignoras os sintomas ou vais ao médico.

10. Analise o seguinte silogismo:


És arquiteto ou poeta.
És arquiteto.
Logo, não és poeta.
10.1. Pronuncie-se acerca da sua validade, justificando a sua resposta.
10.2. Se considerou válido o silogismo, construa a respetiva falácia; se o considerou inválido, cons-
trua o modo válido respetivo.

Testes

COTAÇÕES
GRUPO I 4. .............................................................. 20 pontos
1. 5. .............................................................. 15 pontos
1.1. ........................................................... 5 pontos 6. .............................................................. 20 pontos
1.2. ........................................................... 5 pontos 7. .............................................................. 15 pontos
1.3. ........................................................... 5 pontos 8. .............................................................. 20 pontos
1.4. ........................................................... 5 pontos 9. .............................................................. 20 pontos
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GRUPO II 10.
1. .............................................................. 20 pontos 10.1. ......................................................... 10 pontos
2. .............................................................. 20 pontos 10.2. ......................................................... 10 pontos
3 ............................................................... 10 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos

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90 Testes de avaliação e sugestões de resposta

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 2

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GRUPO I b) Algumas bebidas são descafeinadas.
1. 5. O termo menor, «instrumentos musicais», está distri-
1.1. C buído na conclusão mas não o está na respetiva premissa,
violando-se assim a regra que determina que qualquer
1.2. D
termo distribuído na conclusão tem de o estar também
1.3. B na premissa de que é parte integrante. Por esse motivo, a
1.4. A conclusão acaba também por não seguir a parte mais
GRUPO II fraca (a premissa menor).
1. 6.
a) Alguns arquitetos não são criadores. a) Inválido. O termo médio não está distribuído pelo
menos uma vez. Além disso, a conclusão teria de ser par-
b) Todos os que se deitam cedo e cedo se levantam são
ticular, seguindo a parte mais fraca.
saudáveis.
b) Inválido. Com duas premissas negativas, nada se
c) Alguns indivíduos são ladrões a tempo inteiro.
poderá concluir.
d) Todos os voluntários são dedicados aos outros.
7.
2.
Todos os alemães são terráqueos.
a) Encontra-se distribuído o termo «açucarados»; o termo Nenhum inglês é alemão.
«doces» não se encontra distribuído. Logo, nenhum inglês é terráqueo.
b) Nenhum dos termos – «energia» e «renovável» – se 8.
encontra distribuído.
a) Válido. Modus ponens.
c) Encontra-se distribuído o termo «bombeiros»; o termo
b) Inválido. Falácia da negação do antecedente.
«benfeitores» não se encontra distribuído.
9. Modus ponendo tollens: Ou ignoras os sintomas ou vais
d) Ambos os termos – «eletrodoméstico» e «máquina
ao médico. Ignoras os sintomas. Logo, não vais ao
industrial» – se encontram distribuídos.
médico.
3. Modus tollendo ponens: Ou ignoras os sintomas ou vais
a) Termo maior: «maus criadores»; termo menor: «arquite- ao médico. Não ignoras os sintomas. Logo, vais ao
tos»; termo médio: «imaginadores consequentes». médico.
Modo: EAE. 10.
Figura: 2.ª.
10.1. O silogismo é inválido porque, uma vez que esta-
b) Termo maior: «gatos»; termo menor: «vertebrados»; mos perante uma disjunção que não é completa (disjun-
termo médio: «felinos». ção inclusiva), a afirmação de uma das alternativas não
Modo: AAI. implica a negação da outra.
Figura: 4.ª.
10.2. És arquiteto ou poeta.
4. Não és arquiteto.
a) Os homens dedicados à causa pública não são simples Logo, és poeta.
argumentadores.

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 91

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 3

Argumentação e lógica formal


Formas de inferência válida e principais falácias: lógica proposicional.

GRUPO I

1. Indique, para cada questão, a opção correta.


1.1. A proposição expressa pela frase «O Sol brilha» é considerada uma proposição:
A. composta;
B. simples;
C. complexa;
D. imperativa.
1.2. O operador «ou» é um operador:
A. singular;
B. unário;
C. monádico;
D. binário.
1.3. A condicional é falsa se o antecedente:
A. for verdadeiro e o consequente também;
B. for falso e o consequente também;
C. for verdadeiro e o consequente for falso;
D. for falso e o consequente for verdadeiro.
1.4. À proposição (ou proposições) sobre a qual (ou sobre as quais) um operador incide chama-se:
A. âmbito de um operador;

Testes
B. operador principal;
C. função de um operador;
D. tautologia.

GRUPO II

1. Refira quais das proposições a seguir expressas são proposições simples e quais as complexas, justi-
ficando:
a) Se corro, então tornar-me-ei um grande atleta.
b) Os computadores não são realidades simples.
c) O conhecimento é uma crença verdadeira justificada.
d) Eu trabalho.
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e) Maria é cozinheira ou agricultora.


f) Chove e está frio.
g) Picasso não é um músico.

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92 Testes de avaliação e sugestões de resposta

2. Formalize as proposições a seguir indicadas, apresentando a sua expressão canónica e a respetiva

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interpretação:
a) Tanto as árvores como as grutas são protetoras.
b) Ou Deus existe ou o Universo é uma sombra errante.
c) Não ter talento artístico é condição suficiente para eu não ser pintor, se, e só se, os dicionários
fornecem definições corretas.

3. Verifique, usando as tabelas de verdade, se as seguintes fórmulas proposicionais são tautologias,


contradições ou contingências.
a) (ÿ P ⁄ ÿ Q) ´ ÿ (ÿ P ⁄ ÿ Q)
b) (ÿ P Ÿ ÿ Q) Æ ÿ P

4. Refira, usando uma tabela de verdade, se as seguintes proposições são ou não logicamente equiva-
lentes. Justifique.
– Se gosto de futebol, então tenho um clube.
– Não gosto de futebol ou tenho um clube.

5. Considere os seguintes argumentos:


a) Se vou à feira, então compro sapatos.
Vou à feira.
Logo, compro sapatos.
b) Acredito em ti ou sou inteligente.
Não acredito em ti.
Logo, sou inteligente.
c) Se a noite é tempestuosa, então fico confuso.
A noite não é tempestuosa.
Logo, não fico confuso.
5.1. Determine a sua validade recorrendo a inspetores de circunstâncias. Comece por apresentar a
interpretação (dicionário) e a formalização respetivas.
5.2. Identifique cada um dos argumentos anteriores.

6. Identifique o seguinte argumento e traduza-o com recurso às letras proposicionais e às variáveis de


fórmula:
Se eu viajo e tu lês, então sabemos o essencial. Se sabemos o essencial, então a nossa vida tem
sentido. Logo, se eu viajo e tu lês, então a nossa vida tem sentido.

COTAÇÕES
GRUPO I c) .............................................................. 10 pontos
1. 3.
1.1. ........................................................... 5 pontos a) .............................................................. 15 pontos
1.2. ........................................................... 5 pontos b) .............................................................. 15 pontos
1.3. ........................................................... 5 pontos 4. .............................................................. 20 pontos
1.4. ........................................................... 5 pontos 5.
GRUPO II 5.1. ........................................................... 30 pontos
1. .............................................................. 30 pontos 5.2. ........................................................... 15 pontos
2. 6. .............................................................. 25 pontos
a) .............................................................. 10 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos
b) .............................................................. 10 pontos

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 93

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 3


GRUPO I São proposições equivalentes, porque a fórmula em
1. causa é tautológica.
1.1. B; 1.2. D; 1.3. C; 1.4. A. 5.
GRUPO II 5.1.
1. São proposições simples as expressas nas seguintes alí- a)
neas: c) e d). São proposições complexas as expressas nas Interpretação Formalização
seguintes alíneas: a), b), e), f ) e g). Aquelas são simples
P: Vou à feira. PÆQ
porque não contêm qualquer operador. Estas são com-
plexas porque contêm operadores. Q: Compro sapatos. P
\Q
2.
a) P Q P Æ Q, P |= Q
V V V V V
Expressão canónica Interpretação Formalização
V F F V F
As árvores são pro- P: As árvores são F V V F V
tetoras e as grutas protetoras.
são protetoras. PŸQ F F V F F
Q: As grutas são
protetoras. O argumento é válido.
b)
b)
Interpretação Formalização
Expressão canónica Interpretação Formalização
P: Acredito em ti. P⁄Q
Ou Deus existe ou o P: Deus existe.
Q: Sou inteligente. ÿP
Universo é uma Q: O Universo é uma P ⁄ Q \Q
sombra errante. sombra errante.
P Q P ⁄ Q, ÿ P |= Q
c)
V V V F V
Expressão canónica Interpretação Formalização V F V F F
Se não tenho talento P: Tenho talento F V V V V
artístico, então não artístico. F F F V F
sou pintor, se, e só Q: Sou pintor.
se, os dicionários for- (ÿ P Æ ÿ Q) ´ R O argumento é válido.
necem definições R: Os dicionários c)
corretas. fornecem definições
corretas. Interpretação Formalização

3 P: A noite é tempestuosa. P Æ Q
Q: Fico confuso. ÿP
a)
\ÿQ
P Q (ÿ P ⁄ ÿ Q) ´ ÿ (ÿ P ⁄ ÿ Q)
P Æ Q, ÿ P |= ÿ Q)

Testes
P Q
V V F F F F V F F F
V V V F F
V F F V V F F F V V
V F F F V
F V V V F F F V V F
F V V V F
F F V V V V V V F V
F F V V V
Contingência.
O argumento é inválido.
b)
5.2.
P Q (ÿ P Ÿ ÿ Q) Æ ÿ P a) Modus ponens.
V V F F F V F b) Silogismo disjuntivo.
V F F F V V F c) Falácia da negação do antecedente.
F V V F F V V
F F V V V V V 6. Silogismo hipotético.
Tautologia. (P Ÿ Q) Æ R
4. RÆS
\ (P Ÿ Q) Æ S
P Q (P Æ Q) ´ (ÿ P ⁄ Q)
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V V V V F V AÆB
V F F V F F BÆC
F V V V V V \AÆC
F F V V V V

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94 Testes de avaliação e sugestões de resposta

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 4

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Argumentação e retórica
GRUPO I

1. Indique, para cada questão, a opção correta.


1.1. No âmbito da argumentação, é legítimo afirmar que:
A. a opinião do orador é sempre indubitável;
B. o auditório pode ser individual ou coletivo;
C. o orador apresenta uma tese a favor da qual o auditório irá argumentar;
D. o contexto de receção é irrelevante na adesão à tese e aos argumentos do orador.
1.2. O pathos:
A. diz respeito ao auditório, a quem o orador quer convencer a aderir à(s) sua(s) ideia(s);
B. reporta-se ao discurso, aos argumentos apresentados em defesa de uma determinada tese;
C. refere-se ao orador, à sua credibilidade, honestidade e integridade;
D. está relacionado com a linguagem utilizada, com o seu conteúdo e os aspetos formais que
a caracterizam.
1.3. A credibilidade do orador, o seu carácter e a sua integridade moral dizem respeito:
A. ao ethos;
B. ao logos;
C. à validade dos argumentos que apresenta para defender as suas ideias;
D. ao pathos.
1.4. A validade de um argumento por analogia depende:
A. da autoridade em que este se sustenta;
B. da indução que nele se efetua;
C. do facto de as semelhanças que existem entre as realidades comparadas serem mais rele-
vantes do que as diferenças que as separam;
D. da credibilidade do sujeito que o formula.
1.5. Todos os alunos do ensino profissional que até hoje tive são indisciplinados. Logo, todos os alunos
do ensino profissional são indisciplinados. Trata-se:
A. de um argumento de autoridade;
B. de um argumento por analogia;
C. de um argumento indutivo, por generalização;
D. de uma previsão indutiva.

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 95

1.6. David Attenborough e Jane Goodall são defensores do controlo populacional. Assim, os números
da população mundial deviam estar regulados. Trata-se:
A. de um argumento de autoridade;
B. de um argumento por analogia;
C. de um argumento indutivo, por generalização;
D. de uma previsão indutiva.
1.7. Argumento que reduz as opções possíveis a apenas duas, ignorando-se as restantes alternativas.
Esta definição corresponde à falácia:
A. ad hominem;
B. da derrapagem;
C. do falso dilema;
D. do “boneco de palha”.
1.8. Santo Anselmo era um homem religioso. Logo, o argumento ontológico – que concebeu, para pro-
var a existência de Deus – deve ser ignorado. Estamos perante a falácia:
A. da derrapagem;
B. do falso dilema;
C. do “boneco de palha”;
D. ad hominem.

GRUPO II

1. «A sociedade atual, caracterizada por uma importância crescente da comunicação, favorece um
regresso da argumentação, e a emergência de uma nova retórica. Estes modos de expressão encon-
tram lugar privilegiado na vida socioeconómica e política; considera-se doravante que a ciência não
explica tudo e regressa-se ao debate, à confrontação, ou seja, à “concorrência” entre ideias que tor-
nam necessário o recurso à argumentação.»
R. e J. Simonet (1990), L’Argumentation. Stratégie et Tactiques, Paris, Éd. D’Organisation, p. 14.
Justifique, com elementos do texto, a imprescindibilidade da argumentação no mundo contempo-
râneo.

Testes
2. «Numa demonstração tudo é dado. (...) Na argumentação, pelo contrário, as premissas são instáveis.
À medida que se vai argumentando, elas podem enriquecer-se; mas estas são sempre precárias, a
intensidade com que lhes aderimos modifica-se. A ordem dos argumentos é pois ditada, em grande
parte, pelo desejo de destacar novas premissas, de distinguir alguns elementos e de obter certos
compromissos da parte do interlocutor.»
Chaïm Perelman e L. Olbrechts-Tyteca (1983), Traité de l’Argumentation, 4.ª éd., Bruxelles,
Editions de l’Université de Bruxelles, p. 65.
Considerando o texto, distinga argumentação de demonstração.

3. Defina os seguintes conceitos: objetos de acordo e opinião pública.

4. «Aristóteles, pai fundador [da retórica] (...) compreende o que mais ninguém depois dele percebe: o
ethos, o pathos e o logos estão em pé de igualdade na relação retórica.»
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Michel Meyer et al. (1999), História da Retórica, Lisboa, Temas e Debates, p. 266.
Mostre, com base nesta afirmação, a importância do ethos, do pathos e do logos no âmbito da rela-
ção retórica.

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96 Testes de avaliação e sugestões de resposta

GRUPO III

NCON11LP­©Porto Editora
1. Esclareça o significado de cada um dos seguintes argumentos informais:
a) Argumento indutivo, por generalização.
b) Argumento indutivo, por previsão.
c) Argumento por analogia.
d) Argumento de autoridade.

2. Identifique as falácias que seguidamente se expõem. Justifique a sua resposta.


a) Se hoje ajudas este, amanhã terás que ajudar aquele. Se amanhã ajudares ambos, entretanto
ajudarás outros tantos. Aos indivíduos seguir-se-ão as associações, de tal modo que, quando
deres por ti, já para ti nada resta. Por conseguinte, o melhor é não ajudar ninguém.
b) O passado político do indivíduo X não lhe dá credibilidade alguma para propor qualquer solu-
ção para este país, por muito bem sustentada que ela possa estar. Logo, ignore-se, para a nação,
qualquer sugestão sua.
c) Ou o mundo surgiu por acaso ou resultou de um Criador inteligente. Como ele não surgiu por
acaso, então resultou de um Criador inteligente.
d) Os animais merecem ser respeitados. Logo, todos os animais são merecedores de respeito.

COTAÇÕES
GRUPO I GRUPO II
1. 1. .............................................................. 25 pontos
1.1. ........................................................... 5 pontos 2. .............................................................. 25 pontos
1.2. ........................................................... 5 pontos 3. .............................................................. 25 pontos
1.3. ........................................................... 5 pontos 4. .............................................................. 25 pontos
1.4. ........................................................... 5 pontos GRUPO III
1.5. ........................................................... 5 pontos 1. .............................................................. 20 pontos
1.6. ........................................................... 5 pontos 2. .............................................................. 40 pontos
1.7. ........................................................... 5 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos
1.8. ........................................................... 5 pontos

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 97

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 4


GRUPO I No que se refere ao pathos, para conseguir persuadir e
1. convencer o auditório, o orador deve criar uma empatia
com tal auditório, adaptar-se a ele, suscitando nele emo-
1.1. B
ções que o predisponham a aceitar a tese que lhe é pro-
1.2. A posta.
1.3. A No que se refere ao logos, este encontra-se associado à
1.4. C consistência e à solidez do discurso, aspetos fundamen-
tais do processo argumentativo. A maneira e a ordem
1.5. C
como os assuntos são abordados e a consistência com
1.6. A que os argumentos são apresentados fazem toda a dife-
1.7. C rença no processo de adesão do auditório a uma tese.
1.8. D GRUPO III
GRUPO II 1.
1. A argumentação é imprescindível no mundo contem- a) Argumento que parte de casos particulares e aplica as
porâneo por fatores como a falibilidade dos modelos verdades aí obtidas a algo mais geral; por outras palavras,
científicos (no texto afirma-se «a ciência não explica raciocínio cuja conclusão é mais geral do que a(s)
tudo»), a importância crescente do discurso publicitário e premissa(s).
dos media (no texto fala-se de uma nova «vida socioeco- b) Argumento que parte de casos passados para prever
nómica»), o desenvolvimento das democracias, com a casos não observados, presentes ou futuros.
liberdade de expressão que viabilizam (no texto alude-se
c) Argumento em que, partindo de certas semelhanças
à atual «vida política»). Naturalmente, para lá desses
ou relações entre duas realidades, se depreendem novas
aspetos, a necessidade da argumentação está constante-
semelhanças ou relações.
mente presente no quotidiano sempre que o ser humano
quer convencer alguém de que o seu ponto de vista é d) Argumento que se sustenta no parecer de um especia-
mais valioso do que outro. lista para assegurar a verdade do que se afirma.
2. Na demonstração, como se afirma no texto, «tudo é 2.
dado». De facto, ao contrário da argumentação, nela a) Falácia da derrapagem. Esta falácia ocorre sempre que
ignoram-se todos os elementos exteriores à estrutura for- alguém, para refutar uma tese, apresenta, pelo menos,
mal do discurso, tais como a matéria que está em discus- uma premissa falsa ou duvidosa e uma série de conse-
são, o contexto em que a mesma é levada a cabo – o tipo quências progressivamente inaceitáveis. O objetivo é
de auditório, por exemplo, com as emoções a que é sus- mostrar que um determinado resultado indesejável inevi-
cetível –, o carácter pessoal dos intervenientes (orador e tavelmente se seguirá. Neste caso, o que se perceciona é
interlocutores) ou a equivocidade da língua natural que, a intenção de alguém provar que não se deve ajudar nin-
sendo o veículo de transmissão da mensagem, pode ori- guém, tomando como premissa os riscos associados a
ginar múltiplas interpretações. uma pequena ajuda, e estendendo esse exemplo indefi-
Naquela estabelece-se, sob a forma do cálculo – o cálculo nidamente, de um modo “escorregadio”, a universos cada
lógico-formal –, uma relação constringente e incontorná- vez maiores.
vel entre as premissas e a conclusão, nesta há tão-só a

Testes
b) Falácia ad hominem. Nesta falácia, tal como em qual-
adesão do auditório, a tentativa de «obter certos compro- quer outra do mesmo tipo, é a pessoa que o pronuncia e
missos da parte do interlocutor», o que obriga a um não o argumento pronunciado que é alvo de objeção.
esforço de permanente adaptação do retor aos seus Neste caso, é o político que está em causa e não as pro-
ouvintes. postas – que são o que, na circunstância em questão, se
3. Os objetos de acordo são premissas admitidas pelo pretende avaliar.
auditório, podendo consistir em crenças, valores, verda- c) Falácia do falso dilema. Esta falácia consiste em reduzir
des, factos, presunções, etc. Fazendo parte da opinião do as opções possíveis a apenas duas, ignorando-se as res-
auditório, os objetos de acordo encontram-se pressupos- tantes alternativas. Trata-se, portanto, de extrair uma con-
tos durante o ato argumentativo. A opinião pública é o clusão a partir de uma disjunção falsa. É o que se passa
conjunto de pensamentos, conceitos e representações neste caso: «Ou o mundo surgiu por acaso ou resultou de
gerais dos cidadãos sobre as questões de interesse cole- um Criador inteligente» constitui uma disjunção falsa já
tivo. que há mais alternativas possíveis – o mundo existir
4. Para Michel Meyer – tal como para Aristóteles –, o desde sempre, ter sido criado por uma equipa de deuses,
ethos, o pathos e o logos são, na relação retórica, insepa- etc.
ráveis e constitutivos. Nela, todos estes elementos estão, d) Petição de princípio. Trata-se de um argumento circu-
como se afirma no texto, «em pé de igualdade». lar no qual se toma por já provado o que ainda carece de
Relativamente ao ethos, podemos dizer que um dos aspe-
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prova. Neste exemplo é isso que se verifica, pois a conclu-


tos que nos levam a confiar no discurso de alguém e que são – «Todos os animais são merecedores de respeito» – é
se traduz numa disponibilidade para ouvir e para aderir antecipadamente usada como premissa – «Os animais
aos argumentos que nos são propostos é o carácter do merecem ser respeitados».
orador, associado à sua credibilidade.

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98 Testes de avaliação e sugestões de resposta

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 5

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Argumentação e Filosofia
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. A retórica, ensinada pelos sofistas, visa:
A. dotar as mulheres de habilidades linguísticas;
B. formar os jovens cidadãos no sentido de estes participarem nas assembleias democráticas;
C. desenvolver competências argumentativas nos escravos;
D. treinar jovens atores para exibições de teatro.
1.2. Os sofistas mais destacados são:
A. Górgias, Platão e Sócrates;
B. Hípias, Górgias e Sócrates;
C. Platão, Górgias e Protágoras;
D. Protágoras, Górgias e Hípias.
1.3. Os sofistas eram professores itinerantes que:
A. ensinavam a arte de bem falar aos jovens cidadãos em troca de uma remuneração;
B. ensinavam aos jovens a arte elocutória a troco de posições políticas de destaque;
C. ofereciam uma vasta formação integral de modo desinteressado;
D. ofereciam uma formação integral sólida aos escravos por puro amor à sabedoria.
1.4. As críticas aos sofistas são dirigidas por:
A. Platão e Hípias;
B. Sócrates e Górgias;
C. Hípias e Górgias;
D. Sócrates e Platão.
1.5. Um dos aspetos que distingue o sofista do filósofo:
A. é a ênfase que o sofista coloca na forma do discurso, ao contrário do filósofo, que se centra
no conteúdo;
B. reside no facto de o sofista entender a verdade em si mesma, ao contrário do filósofo, que
entende a verdade à medida das diferentes circunstâncias;
C. baseia-se no facto de o sofista privilegiar a verdade e o filósofo a técnica;
D. é a retribuição: enquanto o sofista busca desinteressadamente a verdade, o filósofo faz-se
pagar pelos seus serviços.
1.6. A manipulação caracteriza-se pela:
A. prática do discurso que tem como finalidade a livre adesão do auditório à tese que o ora-
dor pretende que seja acolhida por aquele;
B. prática abusiva do discurso – abusiva na medida em que obriga o recetor a aderir a uma
dada mensagem (que um dado emissor deseja impor);
C. prática do discurso que tem como finalidade a adesão do auditório a uma tese oculta;
D. prática abusiva do discurso que visa retirar a liberdade ao orador de modo a que ele não
possa defender a tese em que realmente acredita.

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 99

1.7. A retórica que corresponde a um uso ilegítimo do discurso, porque visa enganar, iludir e mani-
pular o interlocutor, recebe a designação de:
A. retórica branca;
B. retórica manipuladora;
C. retórica negra;
D. retórica persuasiva.
1.8. A racionalidade argumentativa implica:
A. o reconhecimento do pluralismo que a racionalidade encerra, aliado ao reconhecimento
de que se pode dizer/conhecer o real de diferentes maneiras.
B. o reconhecimento de uma verdade e de uma realidade unívocas;
C. a afirmação de uma verdade única, aliada a uma atitude dogmática;
D. a afirmação de uma única realidade, aliada a uma atitude crítica.

GRUPO II
1. Refira a que se deve a visão depreciativa a que os sofistas começaram por estar associados.
2. «A retórica, ao que me parece, é uma prática estranha à arte, mas exige uma alma dotada de imagi-
nação, de ousadia e, naturalmente apta para o trato com as pessoas. (...) Não sei se entenderás bem
a minha resposta: na minha opinião, a retórica é como o simulacro de uma parte da política.»
Platão (1997), Górgias, Lisboa, Lisboa Editora, p. 69.
Critique a retórica dos sofistas à luz da perspetiva presente neste excerto.
3. Refira os principais aspetos que distinguem os sofistas dos filósofos.

GRUPO III
1. «Proteger a liberdade de expressão é indispensável, mas proteger a liberdade de receção é-o tam-
bém, e na mesma medida.»
Philippe Breton (2001), A Palavra Manipulada, Lisboa, Editorial Caminho, p. 209.
Explique esta afirmação, clarificando as duas formas de liberdade nela referidas.
2. «A filosofia, mais do que encontrar-se ligada à posse da verdade, associa-se à crença na verdade e à

Testes
aspiração de tornar a verdade, em que o filósofo crê, admitida por outras pessoas, e, eventualmente,
por todas as pessoas (...). Ora, esta admissão, esta tentativa de fazer admitir certas teses, só pode ser
realizada através de meios argumentativos.»
Rui Alexandre Grácio (1999), “Introdução à Tradução Portuguesa”, in C. Perelman,
O Império Retórico, Porto, Edições ASA, p. 10.
Caracterize, a partir do texto, a racionalidade argumentativa.

COTAÇÕES
GRUPO I 1.8. ........................................................... 5 pontos
1. GRUPO II
1.1. ........................................................... 5 pontos 1. .............................................................. 30 pontos
1.2. ........................................................... 5 pontos 2. .............................................................. 30 pontos
1.3. ........................................................... 5 pontos 3. .............................................................. 30 pontos
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1.4. ........................................................... 5 pontos GRUPO III


1.5. ........................................................... 5 pontos 1. .............................................................. 35 pontos
1.6. ........................................................... 5 pontos 2. .............................................................. 35 pontos
1.7. ........................................................... 5 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos

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100 Testes de avaliação e sugestões de resposta

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 5

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GRUPO I necessário garantir a liberdade de um dado recetor. Tal exi-
1. gência pode parecer, à primeira vista, despropositada por-
que partimos sempre do princípio de que o recetor tem
1.1. B.
liberdade de aceitar, ou não, a tese. Tal problema não se
1.2. D. colocaria se o orador, no decurso do processo argumenta-
1.3. A. tivo, apenas visasse a persuasão do auditório, ou seja, levar
1.4. D. o auditório a mudar de ideias, mas pressupondo a sua livre
adesão à tese que o orador pretende que seja acolhida por
1.5. A.
aquele. Todavia, nem sempre o orador permite essa liber-
1.6. B. dade do auditório, sobretudo quando impõe, com recurso
1.7. C. à manipulação, a sua tese. O discurso é manipulador
1.8. A. quando abusivamente obriga o recetor a aderir a uma
dada mensagem (que um dado emissor deseja impor).
GRUPO II Essa manipulação pode assumir a forma de manipulação
1. Os sofistas eram professores itinerantes que se dedica- dos afetos, centrada no apelo à emoção e aos sentimentos
vam ao ensino dos jovens cidadãos mediante uma remu- do recetor, e de manipulação cognitiva, que opera por fal-
neração. Dominavam a arte de persuadir pela palavra e sificação do conteúdo do discurso.
eram dotados de habilidade linguística e de estilo elo- 2. A argumentação é fundamental para a atividade filosó-
quente, surpreendendo pela sua vasta erudição e pelos fica, que procura uma visão integrada do real, uma com-
seus discursos expressivos. preensão da realidade no seu todo, do ser, dedicando-se à
Enquanto professores, os sofistas centravam o seu ensino busca da verdade. As teorias filosóficas estão, frequente-
mais na forma do que no conteúdo, ensinando, por isso, a mente, dependentes das suas perguntas e respostas. A filo-
técnica do discurso, a arte de fazer triunfar um discurso em sofia socrático-platónica, por exemplo, exigia encontrar a
função da conveniência de cada um. Sócrates, Platão e Verdade – única, absoluta e universal, capaz de dizer uma
seus discípulos não podiam aceitar este relativismo da ver- realidade absoluta, perfeita e imutável – e, por isso, criticava
dade, esta valorização da retórica como arte do discurso fortemente a retórica sofística, por esta dar espaço ao subje-
persuasivo em detrimento da sabedoria. Este aspeto, tivismo e ao relativismo.
aliado ao facto de os sofistas se fazerem pagar pelos seus Reconhece-se, contudo, que a diversidade dos discursos,
serviços, originou uma visão depreciativa dos sofistas. quer estejamos a falar de sistemas filosóficos, quer nos este-
2. Enquanto Górgias considera a retórica uma arte, Sócra- jamos a referir ao conhecimento científico, à religião ou à
tes caracteriza-a como uma atividade empírica, destinada política, reflete a riqueza de perspetivas e leituras que pode-
a produzir uma certa espécie de agrado no auditório. mos fazer da realidade. Nesse sentido, a razão não é mais
Com efeito, no diálogo «Górgias» de Platão, Sócrates, para entendida como a faculdade humana detentora de conheci-
além de tecer críticas aos sofistas, define a retórica como mentos definitivos e unívocos, mas como faculdade
uma atividade empírica, que visa apenas o agradável, o humana plural, portadora de conhecimentos plurívocos e o
prazer, uma prática que serve de simulacro à política, mais próximos possível da verdade. Portanto, emerge uma
confrontando o discurso como instrumento de poder, nova conceção da racionalidade – uma racionalidade argu-
próprio dos sofistas, com o discurso como instrumento mentativa.
de verdade, próprio dos filósofos. É neste diálogo que Muito embora a argumentação pressuponha a existência de
Sócrates alerta Polo para o contraste metodológico entre diferentes teses e, também, a possibilidade da contradição,
ele e os sofistas: enquanto os sofistas se refugiam na elo- não quer isto dizer, no entanto, que com o novo modelo de
quência de longos discursos, Sócrates prefere o diálogo, a racionalidade se caia num relativismo puro ou que se negue
metodologia de pergunta-resposta. o esforço de universalidade dos nossos conhecimentos
3. Enquanto os sofistas são professores itinerantes que se acerca do real. Pelo contrário, isso significa o reconheci-
fazem pagar pelos seus serviços, os filósofos, de acordo mento do pluralismo que a racionalidade encerra, isto é, o
com Sócrates e Platão, são amantes, desinteressados, do reconhecimento de que se pode dizer/conhecer o real de
saber. Por oposição a um discurso centrado na forma, na diferentes maneiras. Impõe-se, por isso, para o filósofo de
técnica e na eficácia, próprio dos sofistas, os filósofos pre- hoje, a afirmação de uma (ou várias) verdade(s) possível(eis),
ferem centrar o discurso no conteúdo, na sabedoria e na aliada(s) a uma atitude crítica, de abertura e questiona-
procura da verdade absoluta. Por último, ao contrário dos mento face ao real. Para a filosofia contemporânea, a busca
sofistas, que entendem a verdade à medida das circuns- da verdade não é mais incompatível com a retórica; pelo
tâncias individuais e baseiam o discurso em opiniões e contrário, há quem afirme poder encontrar nesta o método
aparências, os filósofos entendem a verdade como exis- da filosofia. Daí que a filosofia, «mais do que encontrar-se
tente em si, baseando o discurso na Verdade e no Bem. ligada à posse da verdade», se associe «à crença na verdade
GRUPO III e à aspiração de tornar a verdade, em que o filósofo crê,
admitida por outras pessoas, e, eventualmente, por todas as
1. Nas democracias atuais, a liberdade de expressão é con- pessoas». Tal admissão, como se refere no texto, «só pode
siderada um direito fundamental que não pode ser posto ser realizada através de meios argumentativos», isto é, os
em causa. Contudo, para além da liberdade de expressão meios argumentativos são o método da filosofia para fazer
de um dado orador, é igualmente necessário que o auditó- com que o auditório admita as suas teses.
rio a que ele se dirige seja também livre, ou seja, é também

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 101

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 6

Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva


Estrutura do ato de conhecer

GRUPO I

1. Indique, para cada questão, a opção correta.


1.1. O conhecimento é:
A. o resultado da relação que se estabelece entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido;
B. a realidade considerada independentemente da sua relação com qualquer sujeito;
C. uma crença, sem mais;
D. o que resulta de qualquer movimento efetuado por um sujeito.
1.2. O sujeito jamais interage com o objeto. Esta afirmação é:
A. verdadeira, porque a relação do ser humano com o mundo é sempre de natureza teórica e
cognitiva;
B. falsa, porque o sujeito coincide com o objeto;
C. verdadeira, porque o conhecimento é um ato efetuado por um sujeito no estado puro que
apreende um objeto no estado puro;
D. falsa, porque representar o objeto é também, de certo modo, construí-lo.
1.3. O conhecimento baseado em juízos refere-se ao:
A. saber-fazer;
B. conhecimento por contacto;
C. saber que;
D. senso comum.

Testes
1.4. O seguinte exemplo corresponde a um exemplo de saber-que:
A. conhecer, na primeira pessoa, uma dor de dentes;
B. entender que, na sucessão monárquica, ocorre o direito de primogenitura;
C. saber trabalhar, na ótica do utilizador, com um computador;
D. saber, na qualidade de um taxista experiente e há muito a trabalhar em Coimbra, os percur-
sos que vão da estação de comboio à Universidade.
1.5. A linguagem e o pensamento são:
A. esferas independentes entre si;
B. elementos indissociáveis;
C. duas manifestações de dois processos bem distintos;
D. independentes do campo cultural.
1.6. O conhecimento a priori é todo o conhecimento baseado em juízos:
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A. universais e necessários;
B. sintéticos a posteriori;

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102 Testes de avaliação e sugestões de resposta

C. contingentes e a priori;

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D. universais e contingentes.
1.7. A seguinte frase expressa um juízo analítico:
A. A Joana é bela.
B. Os cães ladram.
C. Estou triste.
D. Os solteiros não são casados.
1.8. «As vacas poluem a atmosfera.» Estamos perante um juízo:
A. a priori;
B. a posteriori;
C. sintético a priori;
D. analítico a posteriori.

GRUPO II

1. Relacione os seguintes conceitos: «experiência», «saber que», «saber-fazer» e «conhecimento por


contacto».

2. Mostre em que medida o conceito de «realidade» possui diversos significados.

3. «TEETETO – Sócrates, fiquei agora a pensar numa coisa que tinha esquecido e que ouvi alguém
dizer: que o saber é opinião verdadeira acompanhada de explicação e que a opinião carente de
explicação se encontra à margem do saber.»
Platão (2005), Teeteto ou Da Ciência, 2.ª ed., Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, p. 302.

Refira de que modo E. Gettier contestou a ideia de que o conhecimento equivale à «opinião verda-
deira acompanhada de explicação».

4. Mostre qual a diferença estabelecida por Kant entre juízos sintéticos e juízos analíticos, salientando
em que medida as verdades dos primeiros podem ser conhecidas a partir de duas fontes distintas.

COTAÇÕES
GRUPO I 1.7. ........................................................... 7,5 pontos
1. 1.8. ........................................................... 7,5 pontos
1.1. ........................................................... 7,5 pontos GRUPO II
1.2. ........................................................... 7,5 pontos 1. .............................................................. 35 pontos
1.3. ........................................................... 7,5 pontos 2. .............................................................. 35 pontos
1.4. ........................................................... 7,5 pontos 3. .............................................................. 35 pontos
1.5. ........................................................... 7,5 pontos 4. .............................................................. 35 pontos
1.6. ........................................................... 7,5 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 103

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 6


GRUPO I conhece; ao que nos é dado na experiência em geral e ao
1. que é (ou pode ser) esclarecido pelo conhecimento cien-
tífico.
1.1. A
3. Edmund Gettier contestou a definição tradicional de
1.2. D
conhecimento – a ideia de que o conhecimento equivale
1.3. C à «opinião verdadeira acompanhada de explicação» ou,
1.4. B por outras palavras, que é uma crença verdadeira justifi-
1.5. B cada – através de contraexemplos que nos mostram ser
possível termos uma crença verdadeira justificada sem
1.6. A
que tal crença equivalha a conhecimento. Isso acontece
1.7. D quando há crenças verdadeiras justificadas acidental-
1.8. B mente, o que significa que a relação da justificação com a
GRUPO II crença verdadeira não é adequada, sendo a verdade da
crença apenas o resultado da sorte, do acaso ou da mera
1. Enquanto «ser-no-mundo», o ser humano encontra-se coincidência. Em suma, é possível que alguém não pos-
exposto a uma pluralidade de experiências. A experiência sua conhecimento, ainda que sejam realizadas as três
pode ser definida como a apreensão, por parte de um condições (crença, verdade e justificação).
sujeito, de uma realidade, um modo de fazer, uma
maneira de viver, etc., constituindo, em muitos casos, um 4. Utilizando como critério a inclusão (implícita) ou não
modo de conhecer algo imediatamente antes de todo o do predicado no sujeito, Kant dividiu os juízos em analíti-
juízo que se formula sobre aquilo que se apreende. cos e sintéticos. Os juízos analíticos são aqueles cujo pre-
Ora, o conhecimento pode encontrar-se ligado de um dicado está implícito no conceito do sujeito, encon-
modo direto e imediato à experiência ou pode ser trando-se pela simples análise e explicação desse
baseado em juízos ou proposições. Ligados mais direta- conceito. Estes juízos têm, portanto, origem na razão (são
mente à experiência encontram-se o saber-fazer, isto é, o juízos a priori – a sua verdade é conhecida independente-
conhecimento prático ou conhecimento de atividades, mente de qualquer experiência) e não contribuem para
associado à capacidade, aptidão ou competência para aumentar o nosso conhecimento. São universais e neces-
fazer alguma coisa, e o conhecimento por contacto, que sários.
se verifica sempre que há uma apreensão direta de Por sua vez, os juízos sintéticos são aqueles cujo predi-
alguma realidade, seja de pessoas, lugares ou estados cado não está implícito no conceito do sujeito, pare-
mentais. Por sua vez, o saber que não se encontra tão cendo exigir sempre o recurso à observação ou à expe-
diretamente ligado à experiência, embora esteja obvia- riência, não sendo estritamente universais e sendo
mente relacionado com ela. Trata-se do conhecimento contingentes. Ao contrário dos anteriores, estes juízos são
baseado em juízos, o conhecimento que tem por objeto extensivos, isto é, ampliam o nosso conhecimento.
proposições ou pensamentos verdadeiros. No entanto, as verdades dos juízos sintéticos podem ser
conhecidas a partir de duas fontes distintas, o que signi-
2. Em princípio, o conceito de «realidade» refere-se àquilo fica que tais juízos tanto podem ser a posteriori (aqueles
que efetivamente existe ou é, equivalendo assim a «exis- que foram acima referidos) como a priori. Com efeito,
tente» ou «ser». Nesse sentido, «realidade» designa um segundo Kant, há juízos independentes da experiência,
ser particular ou os seres em geral. Mas esta leitura gené-

Testes
tendo uma origem racional – a priori –, mas cujo predi-
rica esconde uma multiplicidade de aceções. Sendo o cado não está implícito no conceito do sujeito – sintéti-
que é ou existe, a realidade é também o que se opõe ao cos. Como tal, esses juízos aumentam o nosso conheci-
nada, ao não ser. Mas o conceito aplica-se igualmente mento. São os juízos sintéticos a priori, caracterizados, tal
àquilo que se opõe ao aparente ou ilusório; ao que não é como os analíticos, pela necessidade e pela universali-
potencial ou apenas possível, mas sim atual; ao que dade.
existe independentemente do sujeito que o pensa ou
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104 Testes de avaliação e sugestões de resposta

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 7

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Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva
Análise comparativa de duas teorias explicativas do conhecimento

GRUPO I

1. Indique, para cada questão, a opção correta.


1.1. De acordo com os racionalistas, o modelo do conhecimento ou do saber é a:
A. experiência;
B. matemática;
C. indução;
D. dedução a posteriori.
1.2. O conceito de «dogmatismo» enquanto confiança de que a razão pode atingir a certeza e a
verdade opõe-se ao conceito de:
A. realismo;
B. ceticismo;
C. criticismo;
D. otimismo racionalista.
1.3. Uma das regras do método cartesiano é a regra da análise. Esta regra estabelece:
A. que nada deve ser aceite como sendo verdade sem que se apresente com clareza e distin-
ção;
B. a necessidade de se conduzir, com ordem, o pensamento, partindo sempre das ideias mais
simples para as mais complexas;
C. que se deve sempre rever cautelosamente o trabalho efetuado, de modo a nada omitir;
D. a obrigatoriedade de dividir as dificuldades por partes, para melhor as resolver.
1.4. Em relação às regras do método cartesiano, podemos dizer que elas:
A. permitem guiar a razão na procura da verdade;
B. apenas se aplicam aos conhecimentos matemáticos;
C. variam em função dos vários domínios do saber;
D. resultam da necessidade de confirmar os conhecimentos veiculados pela tradição.
1.5. A ideia de «carro» é, de acordo com a classificação de Descartes, uma ideia:
A. factícia;
B. inata;
C. imaginária;
D. adventícia.
1.6. O cogito de Descartes apresenta as seguintes características:
A. é uma certeza inabalável; obtém-se por dedução;
B. é um princípio evidente; obtém-se por intuição;

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 105

C. é uma crença fundacional; obtém-se a posteriori;


D. não é uma crença fundacional; obtém-se a priori.
1.7. Na filosofia de Hume, as relações de ideias são proposições analíticas e necessárias. Esta afirmação é:
A. falsa, porque todas as ideias derivam da experiência;
B. verdadeira, porque as relações de ideias se referem a factos concretos e necessários;
C. falsa, porque o conhecimento é constituído apenas por proposições contingentes;
D. verdadeira, porque as relações de ideias se descobrem pelo pensamento e se baseiam no
princípio da não contradição.
1.8. Segundo David Hume:
A. as várias perceções dividem-se em impressões simples e impressões complexas;
B. as ideias complexas, referindo-se muitas vezes a realidades que não existem, não resultam
de impressões;
C. as ideias são imagens enfraquecidas de impressões;
D. as impressões são imagens enfraquecidas de ideias.

GRUPO II

1. Refira em que medida se pode afirmar que o dogmatismo ingénuo não ocorre na filosofia.

2. Explique em que medida o dogmatismo se opõe ao ceticismo.

3. «Locke é o autor do texto “canónico” do empirismo. A alma, escreve ele, é uma tábua rasa, uma
página branca sem caracteres. (…) O empirismo clássico recusa, pois, as ideias inatas de que falava
Descartes.»
AAVV (1999), Dicionário Prático de Filosofia, 2.ª ed., Lisboa, Terramar, p. 113.

Diferencie, com base neste excerto, as perspetivas de Descartes e de Locke relativamente à origem
do conhecimento.

GRUPO III

Testes
1. «A faculdade de conhecer que ele [Deus] nos deu, a que chamamos luz natural, nunca apreende
nenhum objeto que não seja verdadeiro no que ela apreende, isto é, no que ela conhece clara e dis-
tintamente; pois teríamos razão para acreditar que Deus seria enganador, se no-la tivesse dado de
tal modo que tomássemos o falso pelo verdadeiro, quando a usássemos bem.»
Descartes (2005), Princípios da Filosofia, Porto, Areal Editores, p. 70.

Relacione as ideias do texto com o significado de Deus na edificação do sistema do saber.

2. «Atrever-me-ei a afirmar, como uma proposição geral que não admite exceção, que o conheci-
mento desta relação [a relação de causa e efeito] não é, em circunstância alguma, obtido por racio-
cínios a priori, mas deriva inteiramente da experiência, ao descobrirmos que alguns objetos particu-
lares se combinam constantemente uns com os outros.»
David Hume (1989), Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, p. 33.

Relacione a afirmação segundo a qual o conhecimento da ligação de causa e efeito não é obtido
por raciocínios a priori com a ideia de conexão necessária.
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3. «[O ceticismo de Descartes e outros] recomenda uma dúvida universal, não só de todas as nossas
opiniões e princípio anteriores, mas também das nossas próprias faculdades, de cuja veracidade,

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106 Testes de avaliação e sugestões de resposta

dizem eles, nos devemos assegurar mediante uma cadeia de raciocínio, deduzida de algum princí-

NCON11LP­©Porto Editora
pio original que, possivelmente, não pode ser falaz ou enganador. Mas, não existe um tal princípio
original, que tenha uma prerrogativa sobre os outros, que são autoevidentes e convincentes.»
David Hume (1989), Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, pp. 143-144.

Partindo do texto, compare as conclusões de Descartes e de Hume no que se refere à fundamenta-


ção do conhecimento.

COTAÇÕES
GRUPO I GRUPO II
1. 1. .............................................................. 25 pontos
1.1. ........................................................... 5 pontos 2. .............................................................. 25 pontos
1.2. ........................................................... 5 pontos 3. .............................................................. 25 pontos
1.3. ........................................................... 5 pontos GRUPO III
1.4. ........................................................... 5 pontos 1. .............................................................. 25 pontos
1.5. ........................................................... 5 pontos 2. .............................................................. 30 pontos
1.6. ........................................................... 5 pontos 3. .............................................................. 30 pontos
1.7. ........................................................... 5 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos
1.8. ........................................................... 5 pontos

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 107

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 7


GRUPO I sensíveis, seja a experiência interna (reflexão), pela qual
1. se captam as operações internas da mente – que se
encontram o fundamento e os limites do conhecimento.
1.1. B
Segundo este filósofo, o conhecimento é limitado pela
1.2. B experiência em termos da sua extensão e da sua certeza.
1.3. D GRUPO III
1.4. A 1. De acordo com o texto, a faculdade de conhecer (a
1.5. D razão ou luz natural), tendo-nos sido dada por Deus, que
1.6. B não é enganador, «nunca apreende nenhum objeto que
não seja verdadeiro (…) no que ela conhece clara e dis-
1.7. D
tintamente». Desde que bem usada, a razão pode alcan-
1.8. C çar conhecimentos evidentes. Deus, sendo o criador da
GRUPO II faculdade de conhecer, é também o princípio do ser e do
1. No âmbito do dogmatismo ingénuo, não se coloca o conhecimento em geral, garantindo a verdade objetiva
problema de saber se o sujeito apreende ou não o objeto, das ideias claras e distintas.
ou seja, não se coloca o problema do conhecimento, par- Criador das verdades eternas, origem do ser e funda-
tindo-se do pressuposto de que o sujeito apreende efeti- mento da certeza, Deus garante a adequação entre o
vamente o objeto. Ao não se aperceber do carácter rela- pensamento evidente e a realidade. Ao legitimar o valor
cional do conhecimento, o dogmático não coloca em da ciência, Deus confere solidez ao sistema do saber e
dúvida a sua possibilidade, acreditando que os objetos objetividade ao conhecimento.
nos são dados diretamente e de um modo absoluto, tal 2. Escreve Hume que o conhecimento da relação de
como são em si mesmos. Ora, isto não acontece na filoso- causa e efeito «não é, em circunstância alguma, obtido
fia, porque todo o filósofo procede a um exame crítico por raciocínios a priori, mas deriva inteiramente da expe-
daquilo que lhe é fornecido pelos sentidos, colocando a riência». É perante a constatação de que determinados
pergunta acerca do ser verdadeiro das coisas. objetos se combinam entre si, ou de que entre dois fenó-
2. Há diversas aceções para o termo «dogmatismo». O menos se verificou sempre uma conjunção constante
dogmatismo opõe-se ao ceticismo enquanto se refere à (um deles ocorreu sempre a seguir ao outro), que concluí-
perspetiva que, depositando confiança na razão, consi- mos ser um a causa e outro o efeito, tomando assim
dera que é possível chegar à certeza e à verdade, tradu- conhecimento da relação de causalidade.
zindo um otimismo racionalista. Trata-se, portanto, de Ora, essa conjunção constante entre fenómenos não nos
uma perspetiva que responde afirmativamente à questão pode levar a concluir que entre eles haja uma conexão
de saber se o conhecimento é possível. Já o ceticismo, na necessária (embora seja desse modo que a relação de
sua forma radical ou absoluta – o ceticismo pirrónico –, causa e efeito é geralmente entendida), tanto mais que
nega tal possibilidade. não dispomos de qualquer impressão relativa à ideia de
conexão necessária entre fenómenos.
3. Descartes foi um filósofo racionalista, o que significa
que considerava a razão a principal fonte do conheci- 3. Descartes e Hume são ambos fundacionalistas. Mas
mento – o conhecimento universal e necessário. Ele divergem no fundamento que adotam para o conheci-
mento. Hume encontra na experiência o fundamento do

Testes
defendia que a razão possui em si ideias inatas. Estas
ideias, sendo claras e distintas, foram postas por Deus no conhecimento. Como tal, na sua perspetiva, o conheci-
espírito humano. Intuindo-as e raciocinando dedutiva- mento apoia-se em crenças básicas inseparáveis das
mente a partir delas, é possível chegar ao conhecimento impressões dos sentidos, que são «autoevidentes e con-
de toda a realidade. vincentes»: as crenças básicas são as crenças de que se
Locke, por sua vez, foi um filósofo empirista. Para ele, a está a ter determinadas experiências. Para Descartes, ao
experiência é a fonte principal do conhecimento, não invés, o fundamento do conhecimento tem de ser procu-
havendo ideias, conhecimentos ou princípios inatos. O rado na razão. Descartes descobre-o no cogito, primeira
entendimento assemelha-se a «uma tábua rasa», a «uma verdade, o «princípio original» a que Hume se refere,
página branca sem caracteres», onde a experiência irá assim como noutras ideias claras e distintas da razão.
«escrever». É na experiência – seja a experiência externa Todavia, este fundamento do conhecimento depende
(sensação), pela qual se captam os objetos exteriores e daquele que é o princípio de toda a realidade: Deus.
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108 Testes de avaliação e sugestões de resposta

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 8

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O estatuto do conhecimento científico
Conhecimento vulgar e conhecimento científico
Ciência e construção – validade e verificabilidade das hipóteses

GRUPO I

1. Indique, para cada questão, a opção correta.


1.1. Qual das seguintes questões não constitui um problema da epistemologia (ou filosofia da
ciência)?
A. O que é a ciência?
B. Em que consiste a teoria científica da evolução por seleção natural?
C. Como progride a ciência?
D. Que significa o conceito de «objetividade científica»?
1.2. A atitude do cientista é essencialmente:
A. problematizadora, racional e dogmática;
B. problematizadora, racional e crítica;
C. problematizadora, racional e acrítica;
D. problematizadora, racional e superficial.
1.3. O conhecimento científico é:
A. subjetivo;
B. imetódico e assistemático;
C. explicativo;
D. superficial.
1.4. O conhecimento científico procura ser objetivo porque:
A. se encontra sujeito a correções e a alterações;
B. se mantém como aceitável até surgir outra teoria mais eficaz e mais próxima da verdade;
C. tem em atenção o facto, excluindo as apreciações subjetivas;
D. visa ordenar a diversidade empírica.
1.5. O problema da demarcação pode ser formulado na seguinte questão:
A. O que distingue a investigação nas ciências, como a biologia e a física, da investigação nou-
tras disciplinas, como a história e a sociologia?
B. Em que consiste a teoria científica do heliocentrismo?
C. A clonagem humana é eticamente legítima?
D. O que distingue as teorias científicas das que não são científicas?

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 109

1.6. Segundo o critério da falsificabilidade, o enunciado «A carne de ave não contribui para o
aumento do nível de “mau” colesterol» é científico porque:
A. pode ser confirmado por um conjunto finito de observações;
B. é passível de ser refutado;
C. pode confirmar-se a sua veracidade com uma única observação;
D. só pode ser confirmado, não é passível de ser refutado.
1.7. Considere as proposições abaixo expostas. Selecione, depois, a alternativa que corretamente
se lhes adequa.
1. Todos os metais oxidam.
2. Na sétima dimensão, alguns metais oxidam.
3. Este metal oxida.
4. Nenhum metal oxida.
A. só as proposições 1, 3 e 4 são falsificáveis;
B. só as proposições 2 e 4 são falsificáveis;
C. só as proposições 1 e 2 são falsificáveis;
D. só as proposições 3 e 4 são falsificáveis.
1.8. Na conceção indutivista do método científico:
A. as teorias científicas surgem, por indução, a partir de factos e de observações;
B. as teorias científicas surgem, por dedução, a partir de factos e de observações;
C. as teorias científicas são propostas, por indução, sem ser necessário recorrer aos factos e
observações simples;
D. as teorias científicas são propostas, por dedução, sem ser necessário recorrer aos factos e
observações simples.

GRUPO II
1. «O pensamento científico está no prolongamento do pensamento comum: é um aperfeiçoamento
e um crescimento deste.»
M. Gex (1964), Élements des Philosophie des Sciences, Neuchâtel, Éditions du Griffon, p. 18.

Testes
Qual dos autores estudados – Karl Popper e Gaston Bachelard – poderia subscrever esta afirma-
ção? Justifique a sua resposta.
2. «Por não ser explicativo, o senso comum é absolutamente desnecessário.» Concorda com esta afir-
mação? Justifique e elabore um comentário, tendo em conta as características do senso comum.
3. Esclareça as duas críticas de que foi objeto a conceção indutivista do método científico.
4. Descreva as etapas do método hipotético-dedutivo (ou conjetural).

COTAÇÕES
GRUPO I 1.7. ........................................................... 7,5 pontos
1. 1.8. ........................................................... 7,5 pontos
1.1. ........................................................... 7,5 pontos GRUPO II
1.2. ........................................................... 7,5 pontos 1. .............................................................. 35 pontos
NCON11LP­©Porto Editora

1.3. ........................................................... 7,5 pontos 2. .............................................................. 35 pontos


1.4. ........................................................... 7,5 pontos 3. .............................................................. 35 pontos
1.5. ........................................................... 7,5 pontos 4. .............................................................. 35 pontos
1.6. ........................................................... 7,5 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos

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110 Testes de avaliação e sugestões de resposta

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 8

NCON11LP­©Porto Editora
GRUPO I depreende a falta de necessidade do conhecimento vul-
1. gar.
1.1. B 3. Duas das críticas de que foi objeto a conceção induti-
vista do método são: a) a observação não é necessaria-
1.2. B
mente o primeiro momento do método científico e,
1.3. C mesmo que o cientista a ela recorra, ela não é inteira-
1.4. C mente neutra e isenta; b) o raciocínio indutivo não ofe-
1.5. D rece a consistência lógica que as teorias científicas recla-
mam.
1.6. B
Relativamente à primeira alínea, podemos dizer que a
1.7. A observação pura não existe. No mínimo, os conhecimen-
1.8. A tos anteriores do cientista, as teorias com que contactou,
GRUPO II determinam a observação que efetuará, pelo que, par-
tindo daí, já não é da observação que parte. A sua obser-
1. Seria Karl Popper, uma vez que este defende a tese vação é, portanto, mediada, isto é, não neutra nem isenta.
continuísta na passagem do conhecimento vulgar ao A segunda crítica é de índole lógica. De facto, o raciocínio
conhecimento científico – e no texto os termos são “aper- indutivo amplificante – não o enumerativo, de Aristóteles
feiçoamento” e “crescimento”. Na sua perspetiva, a ciência – constitui um salto lógico, que leva do particular ao
é “senso comum esclarecido” ou, por outras palavras, criti- geral. A sua validade está, portanto, comprometida.
cado, corrigido, contestado. Para Popper, a criação da David Hume afirmou, a este propósito, que a generaliza-
ciência e o seu desenvolvimento representam, funda- ção indutiva é uma mera crença ou expectativa, funda-
mentalmente, um processo de constante eliminação de mentada pelo hábito e suportada pela convicção, e não
erros. pela impressão, de que as mudanças na natureza são
Gaston Bachelard, pelo contrário, não poderia subscrever regulares. A veracidade das leis científicas, por definição
esta afirmação porque, no seu entendimento, o senso universais, está, enfim, comprometida pelo problema da
comum é um obstáculo epistemológico com o qual indução.
importa romper para que se possa criar conhecimento
científico. A sua tese – de rutura entre os tipos de conhe- 4. A primeira etapa do método hipotético-dedutivo (ou
cimento em causa – não admite a existência de um conjetural) consiste na formulação de uma hipótese ou
“conhecimento vulgar provisório”, porque o conheci- conjetura a partir de um facto-problema. Constatando-se
mento vulgar não se limita a ser provisório: o senso que existe um problema que não encontra explicação
comum, através daqueles que nele sustentam os seus satisfatória no contexto de uma dada teoria, formula-se
pontos de vista, opõe-se ativamente à construção do uma hipótese ou explicação provisória para o mesmo, a
conhecimento científico. qual carece ainda de comprovação empírica. Trata-se de
um momento criativo da atividade científica, baseado
2. Do facto de o senso comum não ser explicativo não se fundamentalmente na intuição e na imaginação.
infere que esteja, por definição, errado. Só neste último A segunda fase do método em análise é a da dedução
caso é que se poderia afirmar que ele seria desnecessário. das consequências. Formulada a hipótese, são deduzidas
A experiência quotidiana também dá a conhecer a rela- as suas principais consequências, isto é, depreende-se o
ção com o mundo, e é com base nela que se fazem múlti- que poderá acontecer se a hipótese ou conjetura for ver-
plas opções no dia a dia que não exigem, à partida, um dadeira.
conhecimento muito elaborado – ou científico. Tal não O terceiro momento corresponde à experimentação.
significa, de modo algum, que se possa dispensar este Testa-se a hipótese, confronta-se a conjetura com a expe-
último, porque só ele dá a conhecer, com prova, essas e riência para aferir a sua veracidade. Sendo validada pela
muitas outras opções, bem mais exigentes. Do facto de o experiência, a teoria é corroborada; não o sendo, a teoria
conhecimento científico ser explicativo infere-se a sua é refutada, isto é, terá de ser reformulada ou, no limite,
necessidade; mas do facto de não ser explicativo não se abandonada.

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 111

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 9

O estatuto do conhecimento científico


Ciência e construção – validade e verificabilidade das hipóteses
A racionalidade científica e a questão da objetividade

GRUPO I

1. Indique, para cada questão, a opção correta.


1.1. Para os indutivistas, uma teoria é científica se for:
A. empiricamente verificável;
B. falsificável pelos fenómenos;
C. verificada pela hipótese;
D. refutada pela aplicação de testes experimentais.
1.2. Levantado por Hume, o problema da indução traduz-se na:
A. possibilidade de justificar as inferências indutivas;
B. impossibilidade de justificar as inferências dedutivas;
C. impossibilidade de justificar as inferências indutivas;
D. possibilidade de justificar as inferências dedutivas.
1.3. Popper pensa ter ultrapassado o problema da indução ao defender que o desenvolvimento da
ciência é independente das inferências de tipo indutivo. Esta afirmação é:
A. verdadeira; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recor-
rendo ao raciocínio indutivo;
B. falsa; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recorrendo
ao raciocínio dedutivo e indutivo;

Testes
C. verdadeira; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recor-
rendo ao raciocínio dedutivo;
D. falsa; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recorrendo
ao raciocínio dedutivo e indutivo.
1.4. Considere os seguintes enunciados relativos à comparação entre as conceções indutivista e
popperiana do método das ciências (empíricas).
1. Para os indutivistas, a observação é o ponto de partida para a construção das teorias cien-
tíficas; para Popper, a observação não constitui um recurso relevante no processo de
investigação científica.
2. As duas perspetivas defendem que a observação é o ponto de partida para a construção
de teorias científicas.
3. Para os indutivistas, a confirmação e a verificação empíricas de uma teoria garantem o
rigor e a cientificidade dessa teoria; para Popper, a possibilidade de falsificação da teoria
NCON11LP­©Porto Editora

constitui o critério de cientificidade.


4. As duas perspetivas defendem que as teorias científicas devem ser avaliadas através da
realização de testes para as refutar.

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112 Testes de avaliação e sugestões de resposta

Deve afirmar-se que o(s) enunciado(s):

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A. 1, 2 e 3 são corretos; 4 é incorreto;
B. 1 e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos;
C. 1, 2 e 4 são incorretos; 3 é correto;
D. 3 é incorreto; 1, 2 e 4 são corretos.
1.5. Para Popper as teorias científicas são:
A. refutáveis e conjeturais;
B. refutáveis e confirmáveis;
C. confirmáveis e corroboráveis;
D. refutáveis e verificáveis.
1.6. Kuhn entende por ciência normal:
A. a fase de mudança e aceitação de um novo paradigma pela comunidade científica;
B. a fase de questionamento dos pressupostos e fundamentos do paradigma vigente, de
debate sobre a manutenção do paradigma (velho) ou a escolha de um novo paradigma;
C. a fase de tomada de consciência da insuficiência do paradigma vigente para explicar todos
os factos ou anomalias;
D. a fase da atividade científica que ocorre no âmbito de um dado paradigma aceite pela
comunidade científica, em que se procede à resolução de enigmas (quebra-cabeças) de
acordo com a aplicação dos princípios, regras e conceitos do paradigma vigente.
1.7. Para Kuhn, a ciência entra em crise quando:
A. surge uma anomalia;
B. ocorre uma revolução;
C. a ciência normal se desenvolve e cria novos problemas;
D. não se consegue resolver as anomalias persistentes.
1.8. Kuhn contribui para a definição de uma nova racionalidade científica ao afirmar que o desen-
volvimento da ciência:
A. depende de fatores históricos, sociológicos e psicológicos;
B. é independente de fatores históricos, sociológicos e psicológicos;
C. depende exclusivamente de fatores subjetivos;
D. depende exclusivamente de fatores objetivos.

GRUPO II

1. «Se dizemos que hoje em dia sabemos mais que Xenófanes ou Aristóteles, provavelmente isso está
errado, se acaso interpretarmos “saber” em sentido subjetivo. Provavelmente cada um de nós não
sabe mais, mas sabe antes outras coisas. Trocámos certas teorias, certas hipóteses, certas conjeturas
por outras, muitas vezes melhores: melhores no sentido de estarem mais próximas da verdade.»
Karl Popper (1987), Sociedade Aberta, Universo Aberto, Lisboa, Publicações Dom Quixote, p. 105.

Explique em que medida a epistemologia de Popper contribuiu para uma redefinição da racionali-
dade científica.

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 113

2. «[Kuhn constatou que] expressões comuns, como o termo “massa” utilizado por Newton e Einstein,
têm efetivamente significados muito diferentes.»
Michael Ruse (2002), O Mistério de Todos os Mistérios, V. N. Famalicão, Quasi, p. 37.

Esclareça, no contexto da teoria de Kuhn, as noções de paradigma e de incomensurabilidade dos


paradigmas.

3. Uma das críticas levantadas a Kuhn incide sobre a questão da incomensurabilidade dos paradigmas.
Explicite-a.

4. Leia os seguintes textos:


«A questão de como ocorre ao homem uma nova ideia – quer seja um tema musical, um conflito
dramático ou uma teoria científica – pode revestir-se de grande interesse para a psicologia empí-
rica; no entanto, é irrelevante para a análise lógica do conhecimento científico.»
Karl Popper (2002), in Michael Ruse, O Mistério de Todos os Mistérios, V. N. Famalicão, Quasi, p. 34.

«A escolha [entre paradigmas rivais] não é, nem pode ser, determinada meramente pelos procedi-
mentos de avaliação característicos da ciência normal, pois estes dependem, em parte, de um
paradigma específico, e esse paradigma está em causa. Quando os paradigmas são incluídos,
como devem, num debate de escolha entre paradigmas, o seu papel é necessariamente circular.
Cada grupo utiliza o seu próprio paradigma para argumentar em defesa do próprio.»
Thomas Kuhn (2002), in Michael Ruse, O Mistério de Todos os Mistérios, V. N. Famalicão, Quasi, p. 37.

Elabore um texto argumentativo no qual distinga sustentadamente as conclusões de Karl Popper e


de Thomas Kuhn no que se refere à filosofia da ciência (ou epistemologia).

Deverá, para o efeito, atender à reflexão que cada um elaborou a respeito dos seguintes aspetos:
• Os critérios utilizados na escolha de teorias (ou paradigmas) científicas.
• O progresso da ciência.
• A objetividade do conhecimento científico.

Testes

COTAÇÕES
GRUPO I 1.7. ........................................................... 7,5 pontos
1. 1.8. ........................................................... 7,5 pontos
1.1. ........................................................... 7,5 pontos GRUPO II
1.2. ........................................................... 7,5 pontos 1. .............................................................. 35 pontos
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1.3. ........................................................... 7,5 pontos 2. .............................................................. 35 pontos


1.4. ........................................................... 7,5 pontos 3. .............................................................. 30 pontos
1.5. ........................................................... 7,5 pontos 4. .............................................................. 40 pontos
1.6. ........................................................... 7,5 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos

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114 Testes de avaliação e sugestões de resposta

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 9

NCON11LP­©Porto Editora
GRUPO I não se pode aferir qual dos paradigmas em discussão
1. contém mais verdade, porque esta é, em parte, inerente
aos paradigmas em discussão. Kuhn foi criticado por ter
1.1. A
instaurado uma visão relativista da ciência e uma perce-
1.2. C ção que acaba por ser subjetivista da verdade.
1.3. C 4. Para Popper, o critério utilizado na escolha de teorias
1.4. C (ou, para usarmos a terminologia de Kuhn, de paradig-
1.5. A mas) científicas é o critério da falsificabilidade. São os
contraexemplos que, depois de sujeitos à experimenta-
1.6. D
ção e de atestada a sua verdade, determinam a escolha
1.7. D de teorias rivais. Para Kuhn, o critério em causa é, em
1.8. A parte, interior aos paradigmas. Além de critérios objetivos
GRUPO II como a exatidão, a consistência, o alcance, a simplicidade
e a fecundidade, há aspetos de ordem psicológica que
1. Tradicionalmente, a racionalidade científica encon- interferem na referida escolha.
trava-se associada às noções de «objetividade», «neutrali- Para Popper, a ciência claramente progride. As teorias
dade», «verdade certa, necessária e universal» e substitutas têm maior grau de correspondência à reali-
«demonstração». As correntes positivista e neopositivista dade, enquanto as teorias substituídas se encontram
contribuíram para essa visão da ciência como o modelo mais distantes dela. Para Kuhn, o progresso da ciência
único do conhecimento verdadeiro e objetivo. não pode ser entendido da mesma maneira. Sendo os
Atualmente, assistimos a uma redefinição da racionali- paradigmas incomensuráveis, não se pode afirmar que a
dade científica. Graças ao contributo de novas perspeti- ciência progride no sentido de uma maior aproximação à
vas epistemológicas, como o falsificacionismo de Popper, verdade. A mudança de paradigma não significa necessa-
as teorias científicas não são tidas como definitivas, mas riamente progresso cumulativo e contínuo em direção a
como modelos explicativos e provisórios da realidade um fim (a verdade). No entanto, também não podemos
(conjeturas). A crítica é o pilar central do trabalho cientí- dizer que a ciência não se desenvolve. Kuhn destaca dois
fico e a garantia do escape à posição dogmática. Ao pro- momentos fundamentais para explicar como ela evolui:
curar detetar o erro (ou ao tentar falsificar as suas teorias), na fase da produção científica normal (ciência normal) e
o cientista garante o aperfeiçoamento do conhecimento na das revoluções científicas (que permitem a mudança
científico, no sentido de uma tentativa de aproximação à de paradigmas).
verdade. Por último, no que se refere à objetividade do conheci-
A nova racionalidade científica não se baseia na ideia de mento científico, Popper é dela um absoluto partidário. A
uma verdade absolutamente certa, universal e necessária; ideia de “conhecimento sem conhecedor” advogada por
apenas admite a possibilidade de haver teorias mais ou Popper é exemplificativa de que, na sua perspetiva, o
menos verosímeis e mais ou menos plausíveis que procu- conhecimento científico não se confunde com o sujeito
ram explicar corretamente os factos. que o produz; é independente do sujeito e do contexto –
2. Para Kuhn, o desenvolvimento da ciência está depen- e daí a relevância, como o texto sugere, da «análise lógica
dente de um paradigma ou modelo científico, isto é, de do conhecimento científico». A validação das teorias obe-
um conjunto de teorias, factos, crenças e conhecimentos, dece ao critério da falsificabilidade, e este garante a sua
regras, técnicas e valores, compartilhados e aceites pela cientificidade. Alicerçada na lógica, a ciência pode aspirar
maioria dos cientistas. Dizer-se que os paradigmas são ao rigor e à objetividade. Para Kuhn, pelo contrário, o
incomensuráveis equivale a afirmar que são incompará- conhecimento depende, em parte, do sujeito – de um
veis e incompatíveis. Não se pode comparar objetiva- sujeito integrado numa comunidade científica. Além de
mente aquilo que cada paradigma defende, dado que fatores objetivos, há também aspetos subjetivos que
eles correspondem a formas totalmente diferentes de interferem na avaliação e na decorrente escolha de teo-
explicar e prever os fenómenos. Como o texto mostra, há rias rivais, o que compromete a objetividade da ciência.
termos que, quando integrados em diferentes paradig- Como Kuhn afirma, «cada grupo utiliza o seu próprio
mas, remetem para significados distintos. paradigma para argumentar em defesa do próprio».
Dado que cada paradigma corresponde a um modo qua- Dependente de critérios subjetivos, a ciência vê hipote-
litativamente diferente de olhar o real, a verdade que cada a sua objetividade.
cada um contém está circunscrita ao que nele se deter- Apesar do exposto, para nenhum dos autores a ciência é
mina. Cada paradigma é uma representação do real. um conhecimento certo e indubitável. Para Popper,
3. Uma vez que os paradigmas são incomensuráveis, cada sendo a tentativa de falsificação o procedimento-base,
paradigma representa um modo totalmente diferente de nenhuma teoria pode ser tomada como definitiva e abso-
encarar os problemas e propor as soluções. Dois paradig- lutamente certa. Para Kuhn, sendo a mudança na ciência
mas rivais são mundos diferentes em que as mesmas coi- pautada por critérios, em parte, subjetivos, a certeza, ou
sas são entendidas de modos distintos. Neste sentido, indubitabilidade, não a pode caracterizar.

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 115

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 10

A Filosofia e os outros saberes


GRUPO I

1. Indique, para cada questão, a opção correta.


1.1. A conceção de verdade como correspondência foi sobretudo defendida por:
A. Perelman;
B. Aristóteles;
C. William James;
D. Heidegger.
1.2. As bases da teoria da verdade como consenso encontram-se em:
A. Perelman, J. Habermas e K.-O. Apel.
B. Platão, J. Habermas e K.-O. Apel.
C. Perelman, Heidegger e K.-O. Apel.
D. William James, J. Habermas e Karl Popper.
1.3. Hegel encara a verdade como:
A. coerência;
B. processo;
C. consenso;
D. perspetiva.
1.4. A transferência dos métodos de uma disciplina para outra diz respeito à:
A. interdisciplinaridade;
B. disciplinaridade;

Testes
C. transdisciplinaridade;
D. pluridisciplinaridade.
1.5. A visão transdisciplinar propõe-nos que consideremos a realidade como:
A. multidimensional, estruturada num único nível;
B. unidimensional, estruturada em múltiplos níveis;
C. multidimensional, estruturada em múltiplos níveis;
D. unidimensional, estruturada num único nível.

GRUPO II

1. O conceito de «verdade» é, no domínio filosófico, um conceito unívoco? Justifique.

2. Refira a principal diferença entre a verdade como correspondência e a verdade como coerência.
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3. Critique as conceções tradicionais de «verdade» e de «realidade» à luz das conceções contemporâ-


neas.

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116 Testes de avaliação e sugestões de resposta

4. «Fala-se hoje muito da importância de uma “visão de conjunto” e de um “esforço de síntese”. Atitu-

NCON11LP­©Porto Editora
des consideradas necessárias para superar os grandes problemas do mundo moderno. Infeliz-
mente, não nos parece que a educação que recebemos nos tivesse preparado para tanto. Basta pas-
sar os olhos pela lista das disciplinas universitárias: fragmentam a natureza em outros tantos
compartimentos estanques.»
Joël de Rosnay (s/d), Macroscópio – para uma visão global, V. N. de Gaia, Estratégias Criativas, p. 13.

Justifique, a partir do texto, a necessidade de uma racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar.

GRUPO III

1. «Os avanços científico-técnicos verificados desde há uns decénios – muito especialmente no domí-
nio da genética e da fetologia – têm ampliado notavelmente o campo da bioética.»
R. Cabral (1997), “Bioética”, in AAVV, Logos – Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia,
vol. 1, Lisboa, Editorial Verbo, p. 686.

Desenvolva, com base na afirmação, e de forma argumentada, o seguinte tema: A bioética e a racio-
nalidade pluridisciplinar e transdisciplinar.
No desenvolvimento do tema, deve apresentar o seu ponto de vista pessoal sobre a possibilidade
de a racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar servir o propósito prático de resolução das
grandes questões do nosso tempo, nomeadamente das questões da bioética.

COTAÇÕES
GRUPO I 1. .............................................................. 30 pontos
1. 2. .............................................................. 30 pontos
1.1. ........................................................... 7 pontos 3. .............................................................. 30 pontos
1.2. ........................................................... 7 pontos 4. .............................................................. 30 pontos
1.3. ........................................................... 7 pontos GRUPO III
1.4. ........................................................... 7 pontos 1. .............................................................. 45 pontos
1.5. ........................................................... 7 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos
GRUPO II

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 117

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 10


GRUPO I GRUPO III
1. 1. No desenvolvimento deste tema, deverá o aluno:
1.1. B. – reconhecer que a bioética, ligada aos «avanços cien-
tífico-técnicos», se situa numa zona de interseção
1.2. A.
de saberes, nomeadamente das tecnociências
1.3. B. (sobretudo a biologia e a medicina), das humanida-
1.4. A. des (filosofia, ética, teologia, psicologia, antropolo-
1.5. C. gia), ciências sociais (economia, politologia, sociolo-
gia) e doutras disciplinas, como o direito;
GRUPO II
– salientar o papel da transdisciplinaridade na com-
1. Não, no domínio filosófico, o conceito de «verdade» preensão do mundo atual, para a qual um dos
tem sofrido vários enquadramentos e interpretações, imperativos é a unidade do conhecimento;
constituindo um problema filosófico por excelência. Ora – reconhecer o significado do conhecimento com-
se entende a verdade no seu sentido ontológico tradicio- plexo, aliado à ideia de realidade como um tecido
nal, ora como coerência, ora ainda em sentido pragmá- complexo;
tico. A verdade pode ainda ser considerada uma forma de – apresentar o seu ponto de vista pessoal, devida-
consenso ou apenas uma perspetiva de entre várias pos- mente argumentado, sobre a possibilidade de a
síveis. Existem, para além destas, outras conceções de racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar ser-
«verdade», o que nos leva a concluir que o conceito de vir o propósito prático de resolução das grandes
«verdade» é plurívoco em filosofia. questões do nosso tempo, servindo-se do exemplo
2. A verdade como correspondência diz respeito a uma de questões ligadas à bioética.
relação adequada entre a proposição (a crença) e a reali-
dade, ao passo que a verdade como coerência diz res-
peito à relação das crenças entre si e não à sua relação
com algo independente da mente ou do discurso.
3. Os conceitos tradicionais de «verdade» e de «realidade»
foram postos em causa, pois contemporaneamente
admite-se que a realidade é multidimensional, está em
permanente devir ou mudança. Sendo assim, a própria
noção de verdade, que está dependente da que se tem
de realidade, sofre igualmente alterações. Hoje admite-se
que existem várias verdades (carácter plurívoco da ver-
dade), isto é, que não existe uma verdade universal, mas
sim uma verdade para nós. Tal traduz-se no reconheci-
mento da relatividade e subjetividade da verdade. Além
disso, entende-se que a verdade está sujeita à influência
do tempo (aquilo que é verdadeiro hoje pode não o ser
amanhã), da cultura e da sociedade. Admitem-se, final-

Testes
mente, graus de verdade, aproximações gradativas e/ou
probabilísticas.
4. A realidade mostra-se diversa e é bastante limitado o
conhecimento que dela podemos retirar. Cada saber, ou
cada configuração do real, apreende apenas uma das
suas múltiplas dimensões, obtendo, portanto, uma visão
parcelar da totalidade. Assistimos, por um lado, a uma
excessiva especialização das ciências e, por outro, a uma
separação dos saberes científicos relativamente aos que
o não são. Tal panorama conduziu a uma visão fragmen-
tada e retalhada da realidade. De facto, se as diversas dis-
ciplinas se encontram isoladas e fechadas nas suas fron-
teiras cada vez mais delimitadas, os conhecimentos
adquiridos não são reunidos e integrados numa visão
global que lhes dê sentido e coerência. Daí a dificuldade
de encontrar uma “visão de conjunto”. É por isso que, con-
temporaneamente, se reconhece a necessidade e a exi-
NCON11LP­©Porto Editora

gência de uma racionalidade pluridisciplinar e transdisci-


plinar.

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118 Testes de avaliação e sugestões de resposta

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 11

NCON11LP­©Porto Editora
A Filosofia na cidade
GRUPO I

1. Indique, para cada questão, a opção correta.


1.1. No contexto da democracia ateniense antiga, os cidadãos eram:
A. os homens livres e os escravos;
B. todos os homens e mulheres, livres ou não;
C. todos aqueles que se dedicavam à filosofia;
D. os homens livres, participantes nas decisões públicas da cidade;
1.2. Para os gregos:
A. o espaço público sobrepõe-se ao espaço privado;
B. o espaço público não se distingue do espaço privado;
C. o espaço privado permite ao ser humano a realização plena da sua natureza;
D. o espaço privado é mais importante que o público, porque se encontra ligado ao sustento
individual.
1.3. A tarefa da reflexão política é a de tentar conciliar as exigências pessoais e individuais com as
exigências:
A. coletivas;
B. familiares;
C. da classe social a que se pertence;
D. do partido político a que se pertence.
1.4. A obra A República foi escrita por:
A. Aristóteles;
B. Hannah Arendt;
C. Platão;
D. John Locke.
1.5. Equivale à condição daquele que tem liberdades públicas, gozando de certos direitos, e que, por
outro lado, cumpre os deveres sociais definidos na lei. Estamos perante a definição de:
A. tolerância;
B. cidadania;
C. igualdade;
D. obediência.
1.6. Alguém que tem uma convicção é alguém que:
A. é necessariamente intolerante;
B. segue uma ideia sabendo por que razões o faz;
C. é necessariamente tolerante;
D. segue uma ideia sem saber por que razões o faz.

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 119

GRUPO II

1. Explicite a importância do espaço público para os gregos dos séculos V e IV a. C.

2. Refira qual o problema central que subjaz às diferentes conceções políticas desenvolvidas ao longo
da história.

3. Exponha os princípios fundamentais que se encontram na base do trabalho dos filósofos e politólo-
gos (ocidentais) atuais.

4. Estabeleça a diferença entre «tolerância» e «intolerância» ao nível da necessidade de resolver confli-


tos nas sociedades democráticas atuais.

GRUPO III

1. «Onde quer que o diálogo foi interrompido, eclodiram os conflitos – quer na esfera pública quer pri-
vada. Onde quer que as conversações falharam, instaurou-se a repressão e imperou a lei do mais
forte, das elites e dos mais inteligentes.»
Hans Küng (1996), Projeto para uma Ética Mundial, Lisboa, Instituto Piaget, p. 186.

Desenvolva, com base na afirmação e de forma argumentada, o seguinte tema: O diálogo como via
de construção da cidadania.
Deve, para o efeito, apresentar o seu ponto de vista pessoal e os argumentos que o suportam, e ter
em conta as perspetivas de Apel, Habermas e Rawls relativas a esta temática.

Testes

COTAÇÕES
GRUPO I GRUPO II
1. 1. .............................................................. 30 pontos
1.1. ........................................................... 5 pontos 2. .............................................................. 30 pontos
1.2. ........................................................... 5 pontos 3. .............................................................. 30 pontos
1.3. ........................................................... 5 pontos 4. .............................................................. 30 pontos
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1.4. ........................................................... 5 pontos GRUPO III


1.5. ........................................................... 5 pontos 1. .............................................................. 50 pontos
1.6. ........................................................... 5 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos

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120 Testes de avaliação e sugestões de resposta

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 11

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GRUPO I intolerância exprime-se numa atitude que manifesta
1. posições ou convicções dogmáticas e fechadas, que ten-
dem a não aceitar as diferenças e a recusar o diálogo e o
1.1. D
consenso.
1.2. A À negociação e à necessidade de estabelecer consensos
1.3. A (próprias da tolerância), de modo a garantir a igualdade
1.4. C de direitos civis e humanos, opõe-se, assim, a imposição
(própria da intolerância) de uma estratégia unilateral de
1.5. B
negociação, de forma a garantir a autoridade de uma
1.6. B posição.
GRUPO II GRUPO III
1. Para os antigos gregos, o cidadão é aquele que parti- 1. No desenvolvimento deste tema, deverá o aluno:
cipa nas questões de interesse comum, nas decisões – apresentar o seu ponto de vista pessoal, devida-
públicas da polis. Para além de cumprir as suas obriga- mente argumentado, acerca do papel do diálogo na
ções naturais, ligadas à sua subsistência e à da sua família construção da cidadania, integrando a afirmação
(espaço privado), o cidadão é o homem livre, capaz de se citada;
autogovernar e de se realizar politicamente. É no espaço – reconhecer que na «ética do discurso», de Apel e
público que o ser humano realiza plenamente a sua natu- Habermas, se parte da ideia de uma situação ideal
reza, enquanto ser livre, social e político. de comunicação cujos intervenientes partilham de
2. É o problema da natureza humana. Trata-se de saber se iguais condições de diálogo;
o ser humano é naturalmente bom e justo ou, pelo con- – relacionar a importância do diálogo com a possibili-
trário, se a sua natureza tende para o mal. O apareci- dade de estabelecer a validade de normas morais
mento de diferentes regimes – ditatoriais ou democráti- (comuns);
cos – ao longo da história esteve associado à resposta a – salientar a defesa, por parte de Apel e Habermas, da
tal questão. participação dos indivíduos no espaço público, sem
3. Tais princípios são os seguintes: a democracia como o descurar o papel do Estado;
regime preferível; a liberdade e a igualdade como direitos – reconhecer a importância da democracia como
fundamentais; o diálogo como a via razoável de resolu- regime preferível, para Rawls;
ção dos problemas comuns dos cidadãos. – compreender que, de acordo com Rawls, na base da
estabilidade de uma sociedade justa se encontram
4. Enquanto a tolerância se traduz numa atitude que doutrinas razoáveis, orientadas para um consenso
manifesta posições abertas e razoáveis, no quadro da duradouro.
aceitação das diferenças e da promoção do diálogo, a

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 121

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 12

A Filosofia e o sentido
GRUPO I

1. Indique, para cada questão, a opção correta.


1.1. São estes os principais pensadores das filosofias da existência:
A. Sartre, Descartes, Heidegger, Marx e Marcel;
B. Platão, Górgias, Mill, Camus e Marcel;
C. Sartre, Jaspers, Heidegger, Camus e Marcel;
D. Kierkegaard, Feuerbach, Camus, Locke e Sartre.
1.2. O sentido prático é o sentido:
A. funcional;
B. incondicionado;
C. absoluto;
D. divino.
1.3. A vida é-nos dada vazia. Esta afirmação significa que a vida:
A. não tem sentido, porque é vazia;
B. é vazia, porque não tem sentido;
C. é uma tarefa e um conjunto de problemas a que somos indiferentes;
D. é algo que recebemos e que temos de preencher.
1.4. A obra em que Albert Camus desenvolve a tese do absurdo da vida intitula-se:
A. A Grandeza de Sísifo;
B. O Mito de Sísifo;

Testes
C. A Angústia de Sísifo;
D. A Genealogia de Sísifo.
1.5. A memória que consiste na recordação de itens de conhecimento, independentemente da
ocasião particular em que os aprendemos, designa-se por:
A. memória episódica;
B. memória genérica;
C. memória pessoal;
D. memória íntima.
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122 Testes de avaliação e sugestões de resposta

1.6. O facto de as pessoas que procuram a felicidade pela felicidade quase nunca a conseguirem

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encontrar, enquanto outras a encontram numa busca de objetivos totalmente diferentes designa-
-se por:
A. paradoxo do individualismo;
B. falácia da felicidade;
C. paradoxo do hedonismo;
D. falácia do indivíduo insatisfeito.

GRUPO II

1. «O existencialismo pode considerar-se [uma] reação às construções filosóficas sistemáticas que dis-
solviam o homem numa série de abstrações.»
Alexandre Fradique Morujão (1999), “Existencialismo”, in AAVV,
Logos – Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia, vol. 2, Lisboa, Editorial Verbo, p. 396.

Explique o sentido desta afirmação.

2. Refira as dificuldades com que nos deparamos quando procuramos descrever intelectualmente o
tempo.

3. Exponha as principais características da morte.

4. «A memória é tempo e, portanto, observa o passado, mas também o presente e o futuro.»


Joan-Carles Mèlich (2002), Filosofía de la Finitud, Barcelona, Herder, p. 99.
Refira, com base na afirmação, a importância da memória no que se refere à nossa responsabili-
dade perante o presente e o futuro.

GRUPO III

1. Desenvolva, de forma argumentada, o seguinte tema: O sentido da vida.


Deve, para o efeito, apresentar o seu ponto de vista pessoal e os argumentos que o suportam relati-
vamente à existência ou não de sentido na vida, e confrontar também as perspetivas de Albert
Camus e de Susan Wolf acerca desta temática.

COTAÇÕES
GRUPO I GRUPO II
1. 1. .............................................................. 30 pontos
1.1. ........................................................... 5 pontos 2. .............................................................. 30 pontos
1.2. ........................................................... 5 pontos 3. .............................................................. 30 pontos
1.3. ........................................................... 5 pontos 4. .............................................................. 30 pontos
1.4. ........................................................... 5 pontos GRUPO III
1.5. ........................................................... 5 pontos 1. .............................................................. 50 pontos
1.6. ........................................................... 5 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos

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Testes de avaliação e sugestões de resposta 123

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 12


GRUPO I altura da vida; é incompreensível: ignoramos o que ela
1. seja em si mesma.
1.1. C 4. Cada pessoa é responsável perante si mesma, mas tam-
bém perante os outros, os que com ela coexistem e os
1.2. A
que farão parte das gerações futuras. Tal significa que a
1.3. D nossa responsabilidade envolve, afinal, toda a humani-
1.4. B dade e que o sentido da existência individual se inscreve
1.5. B num contexto que é, cada vez mais, um contexto global.
Daí a importância de conhecermos a história da humani-
1.6. C
dade, como forma de evitar, ou de ajudarmos a evitar,
GRUPO II repetir os erros do passado.
1. De acordo com o existencialismo – ou as filosofias da A afirmação apresentada põe a tónica na importância e
existência –, a reflexão filosófica deve dar atenção ao no papel da memória enquanto «observadora» do pas-
indivíduo concreto. Este é encarado como uma realidade sado, mas também do presente e do futuro. Só uma
irredutível, subjetiva, singular, única e original. O conceito memória atenta ao passado da humanidade pode ajudar
de «existência» é também agora aplicado ao «eu con- a assumir a responsabilidade no presente e a estabelecer
creto». compromissos perante o futuro. O trabalho da memória
Tal valorização do indivíduo constitui uma «reação às permite a crítica ao presente e a esperança de um futuro
construções filosóficas sistemáticas», as quais privilegia- melhor, de um futuro onde, pelo menos, não se repita o
vam «abstrações» e ideias gerais sem terem em conta a «mal radical» que ensombrou o percurso da humanidade.
existência – que é sempre, na ótica dos existencialistas, a GRUPO III
existência individual. Esta, segundo esses filósofos, não
No desenvolvimento deste tema, deverá o aluno:
pode ser captada pela razão e inserida num sistema.
Sendo subjetiva, singular, finita e encontrando-se em – apresentar o seu ponto de vista pessoal, devidamente
construção, ela não se pode demonstrar, explicar ou argumentado, acerca da existência ou não de sentido
encerrar em conceitos. na vida;
2. As dificuldades com que nos deparamos quando pro- – reconhecer que, para Albert Camus, a existência
curamos descrever intelectualmente o tempo prendem- humana é absurda, não tem sentido, e que o absurdo,
-se com os seguintes aspetos: o facto de o tempo ser ima- expressando a relação do eu com o mundo, é experien-
terial; de não poder ser circunscrito (já que surge como ciado como um divórcio entre o ser humano e a sua
infinito, universal e englobante); de ser muitas vezes tra- vida;
duzido em termos de espaço, escapando-nos assim a sua – apresentar razões que legitimam a afirmação do
verdadeira natureza; de as suas partes constitutivas esta- absurdo: inexistência de Deus, inutilidade do sofri-
rem em movimento, e de ser apreendido quer pela expe- mento, carácter hostil da natureza, crueldade humana,
riência vivida, quer pela inteligência, o que implica reali- inevitabilidade da morte;
dades diferentes e paradoxais. Por fim, é de salientar o – avaliar a solução proposta pelo filósofo: a opção pela
facto de aquele que reflete sobre a natureza do tempo vida e o confronto lúcido com o absurdo;
estar também mergulhado no tempo, o que condiciona
– reconhecer que, para Susan Wolf, a vida de cada ser

Testes
necessariamente aquela descrição e a reflexão que se
humano poderá sempre ser norteada por algo de signi-
possa fazer acerca do tempo.
ficativo, tendencialmente universal e objetivo, expli-
3. A morte pode ser caracterizada do seguinte modo: é cando em que medida o sentido se encontra para lá da
algo que, sendo certo, torna a vida única e irrepetível, felicidade, do prazer ou das meras preferências, sendo
humanizando-nos; é necessária, inevitável e irrevogável, antes o resultado «de se amar objetos merecedores de
não sendo possível estabelecer com ela qualquer pacto; é amor e da entrega a eles de uma maneira positiva»;
absolutamente pessoal, intransmissível e solitária: nin-
– referir que uma vida com sentido é, para esta autora,
guém pode morrer por outro; é individualizadora: ao
uma vida que se caracteriza pela entrega ativa a proje-
morrer, cada um é ele próprio e mais ninguém; é igualitá-
tos de valor – projetos esses que equivalem a algo obje-
ria: todos, independentemente da sua condição, estão
tivamente valioso e que, pelo menos parcialmente, têm
sujeitos a ela; é iminente: pode acontecer em qualquer
êxito.
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