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MÓDULO VI Reencarnação

Vigésima Quarta Aula: Retorno à vida corporal: união da alma ao corpo.

Objetivo específico: Justificar a passagem do Espírito pelo estado de infância.

Conteúdo básico:

■ Qual, para este [o Espírito], a utilidade de passar pelo estado de infância? Encarnando, com o
objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante este período, é mais acessível às impressões que
recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos
de educá-lo. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 383.

■ A partir do nascimento, suas ideias [do Espírito] tomam gradualmente impulso, à medida que
os órgãos se desenvolvem, pelo que se pode dizer que, no curso dos primeiros anos, o Espírito
é verdadeiramente criança, por se acharem ainda adormecidas as ideias que lhe formam o fundo
do caráter. Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. 8, item 4.

Subsídios:

Ao [...] se aproximar-lhe a encarnação, o Espírito entra em perturbação e perde, pouco a pouco


a consciência de si mesmo, ficando, por certo tempo, numa espécie de sono, durante o qual
todas as suas faculdades permanecem em estado latente. É necessário esse estado de transição
para que o Espírito tenha um novo ponto de partida e para que esqueça, em sua nova existência,
tudo aquilo que a possa entravar. Sobre ele, no entanto, reage o passado. Renasce para a vida
maior, mais forte, moral e intelectualmente, sustentado e secundado pela intuição que conserva
da experiência adquirida. A partir do nascimento, suas ideias tomam gradualmente impulso, à
medida que os órgãos se desenvolvem, pelo que se pode dizer que, no curso dos primeiros anos,
o Espírito é verdadeiramente criança, por se acharem ainda adormecidas as ideias que lhe
formam o fundo do caráter. Durante o tempo em que seus instintos se conservam amodorrados,
ele é mais maleável e, por isso mesmo, mais acessível às impressões capazes de lhe modificarem
a natureza e de fazê-lo progredir, o que torna mais fácil a tarefa que incumbe aos pais. A infância
começa com o nascimento. Compreende o período de desenvolvimento da personalidade,
iniciado no parto e completado com a chegada das primeiras manifestações da puberdade,
marco inicial da adolescência. Durante o período de infância a criança não só muda com a idade,
como revela características individuais, cujo ritmo varia de indivíduo para indivíduo. Para o
Espiritismo, infância é um estado que [...] corresponde a uma necessidade, está na ordem da
natureza e de acordo com as vistas da Providência. É um período de repouso do Espírito.
Encarnando, com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível
às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem
contribuir os incumbidos de educá-lo. As diferenças individuais observadas nas crianças
resultam da carga genética herdada dos pais, da educação recebida, das tendências instintivas
e das ideias inatas que o Espírito traz ao renascer. As transformações neurofisiológicas e
bioquímicas do corpo físico seguem as leis da genética, tendo em vista a moldagem da
personalidade infantil prevista no planejamento reencarnatório. A educação, ou fator cultural,
propicia condições ao desenvolvimento intelecto-moral e à explicitação de conquistas evolutivas
anteriormente adquiridas pelo Espírito. As tendências instintivas e as ideias inatas surgem sob a
forma de lembranças fragmentárias das conquistas e dos fracassos que o Espírito traz consigo à
luta reencarnatória. É importante destacar que a memória integral das experiências
reencarnatórias encontra-se bloqueada, a fim de que o Espírito possa melhor aproveitar os
benefícios objetivados pela reencarnação. Com efeito, a lembrança traria gravíssimos
inconvenientes. Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou, então, exaltar-nos o
orgulho e, assim, entravar o nosso livre-arbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria
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inevitável perturbação nas relações sociais. Frequentemente o Espírito renasce no mesmo meio
em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o
mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas as a quem odiara, quiçá o ódio se lhe despertaria
outra vez no íntimo. De todo modo, ele se sentiria humilhado em presença daquelas a quem
houvesse ofendido. Para nos melhorarmos, outorgou-nos Deus, precisamente, o de que
necessitamos e nos basta: a voz da consciência e as tendências instintivas. Priva-nos do que nos
seria prejudicial. Ao nascer, traz o homem consigo o que adquiriu, nasce qual se fez; em cada
existência, tem um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi antes: se se vê
punido, é que praticou o mal. Suas atuais tendências más indicam o que lhe resta a corrigir em
si próprio e é nisso que deve concentrar-se toda a sua atenção, porquanto, daquilo de que se
haja corrigido completamente, nenhum traço mais conservará. As boas resoluções que tomou
são a voz da consciência, advertindo-o do que é bem e do que é mal e dando-lhe forças para
resistir às tentações. As crianças são os seres que Deus manda a novas existências. Para que não
lhe possam imputar excessiva severidade, dá-lhes ele todos os aspectos da inocência. Ainda
quando se trata de uma criança de maus pendores, cobrem-lhe as más ações com a capa da
inconsciência. Essa inocência não constitui superioridade real com relação ao que eram antes,
não. É a imagem do que deveriam ser e, se não o são, o consequente castigo exclusivamente
sobre elas recai. Não foi, todavia, por elas somente que Deus lhes deu esse aspecto de inocência;
foi também e sobretudo por seus pais, de cujo amor necessita a fraqueza que as caracteriza.
Ora, esse amor se enfraqueceria grandemente à vista de um caráter áspero e intratável, ao passo
que, julgando seus filhos bons e dóceis, os pais lhes dedicam toda a afeição e os cercam dos
mais minuciosos cuidados. Desde que, porém, os filhos não mais precisam da proteção e
assistência que lhes foram dispensadas durante quinze ou vinte anos, surge-lhes o caráter real
e individual em toda a nudez. Conservam-se bons, se eram fundamentalmente bons; mas,
sempre irisados de matizes que a primeira infância manteve oculto. Aliás, não é racional
considerar-se a infância como um estado normal de inocência. Não se veem crianças dotadas
dos piores instintos, numa idade em que ainda nenhuma influência pode ter tido a educação?
Algumas não há que parecem trazer do berço a astúcia, a felonia, a perfídia, até pendor para o
roubo e para o assassínio, não obstante os bons exemplos que de todos os lados se lhes dão? A
lei civil as absolve de seus crimes, porque, diz ela, obraram sem discernimento. Tem razão a lei,
porque, de fato, elas obram mais por instinto do que intencionalmente. Donde, porém, provirão
instintos tão diversos em crianças da mesma idade, educadas em condições idênticas e sujeitas
às mesmas influências? Donde a precoce perversidade, senão da inferioridade do Espírito, uma
vez que a educação em nada contribuiu para isso? As que se revelam viciosas, é porque seus
Espíritos muito pouco hão progredido. Sofrem então, por efeito dessa falta de progresso, as
consequências, não dos atos que praticam na infância, mas dos de suas existências anteriores.
Assim é que a lei é uma só para todos e que todos são atingidos pela justiça de Deus. A infância
ainda tem outra utilidade. Os Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para
se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da
experiência e dos que devam fazê-los progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os
caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada
de que terão de dar conta. Assim, portanto, a infância é não só útil, necessária, indispensável,
mas também consequência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.
Nesse sentido, tanto a paternidade quanto a maternidade são consideradas uma verdadeira
missão. É ao mesmo tempo grandíssimo dever e que envolve [...], mais do que o pensa o homem,
a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que
estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização débil
e delicada, que o torna propício a todas as impressões. Muitos hão, no entanto, que mais cuidam
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de aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar bons frutos em abundância, do que de
formar o caráter de seu filho. Se este vier a sucumbir por culpa deles, suportarão os desgostos
resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho na vida futura, por não terem
feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada do bem. Por outro lado, os
pais que dispensaram todos os cuidados na educação do filho, não devem sentir-se responsáveis
pelo transviamento deste, [...] porém, quanto piores forem as propensões do filho, tanto mais
pesada é a tarefa e tanto maior o mérito dos pais, se conseguirem desviá-lo do mau caminho.
Durante a infância não há possibilidade da livre manifestação do Espírito, porque, desde [...] que
se trate de uma criança, é claro que, não estando ainda nela desenvolvidos, não podem os
órgãos da inteligência dar toda a intuição própria de um adulto ao Espírito que a anima. Este,
pois, tem, efetivamente, limitada a inteligência, enquanto a idade lhe não amadurece a razão.
A perturbação que o ato da encarnação produz no Espírito não cessa de súbito, por ocasião do
nascimento. Só gradualmente se dissipa, com o desenvolvimento dos órgãos. O estado de
infância parece ser uma lei de ocorrência universal nos diferentes mundos habitados, porque,
quando Allan Kardec perguntou aos Espíritos Superiores: Indo de um mundo para outro, o
Espírito passa por nova infância? Como resposta, recebeu o seguinte esclarecimento: Em toda
parte a infância é uma transição necessária, mas não é, em toda parte, tão obtusa como no
vosso mundo. Finalmente, é importante saber que justificativa o Espiritismo apresenta para a
elevada mortalidade infantil existente no nosso planeta, em especial nos países de condições
sócio econômicas precárias. Para os Espíritos Orientadores, a [...] curta duração da vida da
criança pode representar, para o Espírito que a animava, o complemento de existência
precedentemente interrompida antes do momento em que deveria terminar, e sua morte,
também não raro, constitui «provação ou expiação para os pais». Se uma única existência tivesse
o homem e se, extinguindo-se ela, sua sorte ficasse decidida para a eternidade, qual seria o
mérito de metade do gênero humano, da que morre na infância, para gozar, sem esforços, da
felicidade eterna e com que direito se acharia isenta das condições, às vezes tão duras, a que se
vê submetida a outra metade? Semelhante ordem de coisas não corresponderia à justiça de
Deus. Com a reencarnação, a igualdade é real para todos. O futuro a todos toca sem exceção e
sem favor para quem quer que seja. Os retardatários só de si mesmos se podem queixar. Forçoso
é que o homem tenha o merecimento de seus atos, como tem deles a responsabilidade.

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