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Carta de câmbio mensal

O mês de fevereiro deu continuidade ao movimento de apreciação do Real, dessa vez


ganhando 2,81% perante o Dólar, após apreciar 4,83% em janeiro. Em 2022, o Real já acumula
ganhos de 8,92%, mais que compensando a desvalorização observada em 2021, que foi de
7,4%, um recuo de 50 centavos na taxa de câmbio, chegando bem próximo a romper a barreira
dos R$5,00. Com um ambiente doméstico ainda calmo, sem ruídos políticos com o recesso do
Congresso, o mês de fevereiro foi pautado mais uma vez pelo cenário externo. Desde o início
do ano temos observado um grande fluxo de entrada de capitais estrangeiros na economia
brasileira. Apenas em janeiro de 2022 foi observada a entrada de US$5,7 bilhões em
investimentos em carteira no mercado doméstico. E vemos que o grande chamariz tem sido o
alto diferencial entre a taxa de juros brasileira e internacional, que hoje é acima de dois
dígitos, pois dos US$5,7 bilhões, US$3,5 bilhões foram alocados em títulos de dívida, enquanto
o restante foi alocado em ações e fundos de investimentos, que também estão bastante
atrativos quando precificados em Dólar. Entretanto, no dia 24 de fevereiro a Rússia deu início a
uma invasão militar na Ucrânia que elevou a incerteza global a níveis não vistos desde a
eclosão da pandemia. Em um primeiro momento o aumento da aversão ao risco foi prejudicial
para as moedas emergentes e o Real chegou a desvalorizar 3,05% em apenas dois dias. Porém,
a folga do carnaval fez bem ao Real, dando tempo para os investidores assimilarem melhor o
impacto da guerra, e, aparentemente, a conclusão é de que o contexto ainda é favorável para
o Real com o elevado diferencial de juros e a valorização das commodities nos beneficiando e
compensando o aumento no prêmio de risco decorrente da guerra.

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