Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Desde a eclosão da guerra na Ucrânia no dia 24 de fevereiro até 31 de março, o Rublo russo
apreciou 1,73% perante o Dólar. Com as diversas sanções que foram impostas sobre a
economia russa, esperava-se que o Rublo despencasse perante o Dólar, causando uma elevada
perda de poder de compra dos consumidores russos. De fato, isso foi observado nos primeiros
dias após a aplicação das sanções. O Rublo atingiu o pico de desvalorização 11 dias após o
início da guerra, no dia 7 de março, quando estava cotado a 138,96, uma desvalorização de
incríveis 70% sobre a cotação do dia 23 de fevereiro. Desde então, o Rublo apreciou 41%, o
que é um tanto quanto inesperado.
Uma possível explicação para esse fato é que sanções impedem os russos de consumir a cesta
de consumo que eles desejam. Isso faz com que os bens importados das economias que não
impuseram sanções sejam menos atrativos aos russos, o que seria equivalente aos russos
sofrerem um choque negativo em seu desejo por bens estrangeiros e um choque positivo em
seu desejo por bens domésticos. Assumindo que no curto prazo preços e receita de exportação
não se alteram substancialmente, esse choque precisa ser absorvido necessariamente pelo
câmbio, o que leva a uma apreciação do Rublo. Ou seja, no mercado cambial, a demanda por
Rublos aumenta à medida que os russos estão menos interessados em adquirir bens
importados. Mas o fato de o Rublo estar apreciando não quer dizer que as sanções não
estejam funcionando, muito pelo contrário. Como explicado aqui, uma das forças que fazem o
Rublo apreciar é justamente a impossibilidade de os russos consumirem exatamente aquilo
que eles desejam.