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Slide 1

Situação da pandemia continua melhorando, com a média móvel de novos casos e mortes dando sequência a tendência de queda. Ontem, tivemos 173
mortes nas últimas 24 horas, o que levou a média móvel a 145 mortes, uma queda de 30% em relação a duas semanas atrás, indicando tendência de queda.
Com esse resultado chegamos a mais de 617 mil mortes na pandemia. Entretanto, ontem 4 estados não reportaram seus dados e as estatísticas devem ser
lidas com cuidado. Os sistemas do SUS estão instáveis já tem uma semana, desde aquele ataque hacker que apagou os certificados de vacinação no
ConectSUS.

Em relação ao número de casos, tivemos ontem 3805 novos casos, o que levou a média móvel a 3944 casos, queda de 55% em relação a duas semanas
atrás. Os dados de novos casos são os mais afetados por essa instabilidade do sistema, então com certeza tem algum ruído nesse valor, pois uma queda de
55% é muito expressiva e não há nada que justifique a não ser os problemas técnicos. No geral, continuamos a nossa tendência de melhoria com mais de
75% da população vacinada com uma dose e 66% da população totalmente imunizada, no atual ritmo, devemos encerrar o ano com pouco menos de 70%
da população imunizada com duas doses. Hoje a Influenza tem se tornado uma preocupação maior do que a Covid. Como era de se esperar, o surgimento da
Covid fez surgir um supervírus da gripe e muitas cidades estão vivendo um surto de infecções. Então, quem tiver a oportunidade de tomar a vacina da gripe
irá se fazer um grande favor. Ela está disponível gratuitamente para a população geral nos postos de saúde.
Slide 2 – Atividade Econômica - Outubro

Nessa semana tivemos a finalização da divulgação dos indicadores econômicos de outubro. O volume de serviços recuou pelo segundo mês consecutivo,
acelerando as perdas com uma queda de 1,2% em outubro. Apesar dessa queda, o volume de serviços tem alta de 11% no ano e de 8,2% no acumulado de
12 meses. O recuo foi disseminado, com 4 das 5 atividades recuando. A única taxa positiva foi dos serviços prestados às famílias, que subiram 2,7% e tem
sido o único segmento a apresentar crescimento sustentado, acumulando alta de 57,3% nos últimos 7 meses.

O IBC-Br, o indicador antecedente calculado pelo Banco Central, recuou pelo quarto mês consecutivo, registrando queda de 0,4% em outubro. Apesar dessa
queda, o índice acumula alta de 5% em 2021 e de 4,19% nos últimos 12 meses.

Mas o cenário preocupa. Todos os principais indicadores de atividade apresentam queda pelo 2º mês consecutivo. A produção industrial já cai por 5 meses
consecutivos enquanto as vendas no varejo por 3 meses consecutivos.
Slide 3 – IBC-Br média móvel

E essa tendência negativa fica evidente quando analisamos a média móvel trimestral da taxa de crescimento do IBC-Br.

Essa média móvel é um indicador com menos ruído do que a variação mensal e vemos que desde junho ela está consistentemente abaixo de zero, e na
margem aparenta estar intensificando essa queda.

Isso posto, devemos ter um 4º trimestre ruim, com boas chances de completarmos 3 trimestres consecutivos de retração.
Slide 4 – IPCA Novembro

IPCA registrou alta de 0,95% em novembro, a maior variação para um mês de novembro desde 2015. No ano, o IPCA acumula alta de 9,26% e nos últimos 12
meses, de 10,74%, acima dos 10,67% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. A variação acumulada em 12 meses é a maior desde novembro
de 2003, quando a inflação era de 11,02%.

Mais uma vez a inflação disseminada, com sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentando alta. Mais uma vez o grande culpado foi
o grupo de transporte que registrou alta de 3,35%. Apenas esse grupo correspondeu a cerca de 76% do índice de novembro.

E dentro do grupo de transportes mais uma vez o culpado foi a gasolina, que aumentou 7,38% e sozinha respondeu por 48% da inflação do mês. Com esse
resultado a gasolina já apresenta alta de mais de 50% no acumulado dos últimos 12 meses.
Slide 5 – IPCA

Entretanto, apesar da inflação ainda elevada, parece que o ápice foi atingindo em outubro. Além da desaceleração na comparação mensal, vemos que a
difusão do IPCA, isto é, a proporção de bens e serviços que tiveram alta de preços no mês, diminuiu e a média móvel indica desaceleração dessa métrica.
Ainda assim, a inflação de 2021 continua destoando dos valores históricos e muito provavelmente encerraremos o ano com uma inflação de dois dígitos.
Slide 6 – Focus

No Focus, depois de 35 semanas seguidas de revisões altistas, a expectativa para o IPCA de 2021 recuou de 10,18 para 10,05. Muito em parte devido ao
resultado abaixo do esperado para a inflação de novembro, indicando que o pico inflacionário foi atingido em outubro. Ainda assim, hoje a inflação está em
10,74%, portanto, para chegar nesse valor esperado, teremos de ter um resultado bem fraco para o IPCA de dezembro. Para 2022, a expectativa ficou
constante em 5,02.

A mediana para o PIB foi revista para baixo novamente, ficando em 4,65 em 2021 enquanto para 2022 recuou para 0,5%.

A mediana do câmbio alterou pela segunda semana consecutiva alcançando 5,59 em 2021, e ficando estável em 5,55 para 2022.

Por fim, a expectativa para a Selic em 2022 subiu para 11,50, uma consequência da última reunião do Copom, que em seu comunicado foi mais duro que o
esperado, antecipando nova alta de 1,5 p.p na próxima reunião, sugerindo que o ciclo de alta seja mais longo e tenha uma taxa terminal mais elevada.
Slide 7 – FED

No lado internacional, o principal evento foi a decisão de política monetária americana.

Sem muitas surpresas, o Fed manteve as taxas de juros inalteradas. Havia uma pressão sobre o Fed para uma ação mais contundente em relação a inflação
que está em 6,8% ao ano. Em resposta a isso, o Fed decidiu acelerar a retirada de estímulos monetários. Até então, o Fed estava reduzindo em 15 bilhões
por mês o volume de compra de ativos. A partir de janeiro irá reduzir em 30 bilhões por mês, devendo zerar as compras em abril.

Além disso, chama atenção no comunicado o abandono da tese da inflação transitória. Desde o início do atual processo inflacionário, é a primeira vez que o
Fed não usa esse termo. Isso indica que devemos ter um Fed um pouco mais combativo em 2022.
Slide 8 – Fed Dots

De fato, quando olhamos para os Fed Dots, tradicional gráfico com as expectativas dos membros do comitê para a taxa de juros nos próximos anos, vemos
uma considerável mudança de expectativas de setembro para cá.

Em setembro, a maioria dos membros do comitê previa apenas um aumento de 0,25 p.p na taxa de juros em 2022. Agora, em dezembro, a grande maioria
espera pelo menos 3 aumentos de 0,25 p.p já em 2022.

Apesar do presidente do Fed ter colocado panos quentes no tom mais duro do comunicado, dizendo que as projeções não representam necessariamente
um plano de voo, o fato é que já se começa a formar um consenso entre os membros do FOMC a respeito da elevação da taxa de juros em 2022 e a
depender da continuidade do processo inflacionário, esse consenso irá prevalecer.
Slide 9 – Internacional

Ainda nos Estados Unidos, a inflação continua acelerando. A inflação ao consumidor alcançou 6,8% na taxa anual, maior valor em 40 anos enquanto a
inflação ao produtor alcançou 9,6% em novembro. As vendas no varejo crescerem 0,3%, muito abaixo do observado em outubro que foi um crescimento de
1,8%. Alta inflação, antecipação das compras de fim de ano devido ao receio de escassez de bens e demanda favorecendo mais os serviços explica o
desempenho. A produção industrial americana avançou 0,5% em novembro, com o uso da capacidade instalada alcançando 77,3%, maior valor desde 2018.

Na Europa, o banco central europeu também decidiu manter a taxa de juros inalterada, mas admite que o contexto econômico permite uma redução nas
compras de ativos de maneira ainda gradual. O plano é reduzir o ritmo de compras ao longo do primeiro trimestre de 2022 e encerrá-lo totalmente ao fim
de março. Ainda na Europa, a produção industrial cresceu 1,1% em outubro.

Na China, as vendas no varejo cresceram 3,9% ao ano, abaixo das expectativas, fruto de quedas nas vendas de automóveis, o que já tem ocorrido há alguns
meses. Além disso, a venda de bens online desacelerou em novembro, crescendo 13,2% (a..a), quando em outubro cresceu 14.6% (a.a). Essa desaceleração
ocorreu apesar do grande evento de vendas no comércio online chinês, no chamado dia dos solteiros que ocorre todo ano no dia 11 de novembro,
indicando que o aumento nos preços tem reduzido a demanda. Por outro lado, a produção industrial chinesa cresceu 3,8% (a.a) em novembro, acima das
expectativas. Os dados econômicos chineses continuam fracos com a piora do consumo devido a política de tolerância zero em relação à covid,
desaceleração do setor imobiliário e política fiscal mais restrita.

Por fim, o Real desvalorizou 1,15% em relação à cotação de quinta-feira, fechando ontem cotado a 5,6786. Essa foi uma semana de fortalecimento global do
Dólar devido a reunião do Fed, onde muitos esperavam um endurecimento do Fed. Mas ontem, como falei agora há pouco, o Banco Central Europeu
também deu início a retirada de estímulos e o Banco da Inglaterra surpreendeu e se tornou o primeiro banco de uma economia desenvolvida a elevar a taxa
de juros. Era esperado que os bancos centrais europeus manteriam discurso frouxo na política monetária. Ao não fazerem isso, o dólar se enfraqueceu
ontem perante o Euro e a Libra, ajudando as moedas emergentes. Além disso, ontem o Banco Central brasileiro fez um leilão extraordinário de dólares no
mercado à vista, injetando 830 milhoes de dólares no mercado, a quarta intervenção desde a sexta-feira passada. Essas intervenções são naturais, dado que
fim de ano normalmente se vê um aumento na demanda por Dólar devido a remessas de lucros e pagamentos de dividendos, mas no contexto internacional
de ontem isso foi mais um empurrão para a valorização do Real no pregão de ontem.

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