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Slide 1

Começando pela atualização da pandemia, a situação continua se agravando. Ontem foram registrados 229 mil novos casos de covid, o que fez com que a
média móvel chegasse a 170 mil casos, a maior marca registrada até aqui na pandemia. É o décimo dia seguido em que o recorde da média móvel de casos é
batido. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de 150%.

Ainda assim, esse novo surto não tem se traduzido em mortes na mesma magnitude dos casos, apesar de que as mortes têm aumentado de forma
preocupante. Ontem morreram 662 pessoas pela Covid, totalizando mais de 625 mil mortes na pandemia. Com isso, a média móvel dos últimos sete dias é
de 417 mortes diárias, a maior média desde o dia 11 de outubro do ano passado. Em comparação à média de 14 dias atrás a variação foi de 201%. Tudo
indica que devemos voltar a ter mil mortes diárias nas próximas semanas.

Todos os estudos com dados confiáveis têm mostrado que as mortes e internações graves ocorrem desproporcionalmente entre os não vacinados ou com
esquema vacinal incompleto. Hoje no Brasil temos 77% da população vacinada com 1 dose, 70% com duas doses e 21% com 3 doses. A terceira dose tem se
mostrado bastante eficaz em evitar internações graves e mortes pela omicron, portanto, devemos ver um controle da pandemia lá para março e abril,
quando grande parte da população brasileira estará apta a receber a dose de reforço.

Além disso, o atraso na vacinação das crianças tem cobrado seu preço. As UTIs pediátricas estão começando a ficar sobrecarregadas com internações de
covid e hoje a covid é a principal causa de morte entre crianças e adolescentes no Brasil. Embora apenas 0,6% das crianças e adolescentes evoluem para
formas mais graves da Covid, esse grupo representa por 20% da população brasileira. Então estamos falando de algo em torno de 250 mil crianças e
adolescentes correndo riscos de serem internadas ou morrerem devido à forma grave da doença. Portanto, não podemos descartar que parte desse novo
descontrole da pandemia se deva ao atraso da vacinação entre as crianças.
Slide 2 – IPCA-15 Janeiro

No lado doméstico, a principal divulgação dessa semana foi o IPCA-15, a prévia da inflação, que registrou alta de 0,58%.

Com esse resultado, nos últimos 12 meses o índice acumula alta de 10,2%, recuando dos 10,42% observados em dezembro.

Mais uma vez a inflação se mostra generalizada, com oito dos nove grupos de bens e serviços apresentado alta em janeiro. O único grupo a não registrar
alta foi o de transportes, que teve recuo de 0,41% devido a queda nos preços da gasolina e das passagens aéreas, que recuou mais de 18%.

O maior impacto sobre o índice veio do grupo de Alimentos e Bebidas, cuja inflação de 0,97% respondeu por 0,2 ponto percentual dos 0,58 observados. Já a
maior variação veio mais uma vez do grupo de Vestuário.

E apesar do resultado mostrar desaceleração na margem, ele veio pior que o esperado. E chama atenção o alto valor para o índice de difusão, que alcançou
74,4% dos bens e serviços.

Portanto, esse resultado sugere que a probabilidade de um ciclo de alta de juros mais prolongado é alta, o que teremos uma melhor noção semana que
vem, quando o copom se reúne.
Slide 3 – Arrecadação federal

Governo arrecadou quase 194 bilhões de reais em dezembro, o que representou uma alta real de 10,76% em relação a dezembro de 2020.

E o valor é recorde para um mês de dezembro. Em 2021, a arrecadação federal bateu recorde em quase todos os meses.

Como consequência, a arrecadação de 2021 foi a maior em 27 anos, com o governo coletando 1,878 trilhão de reais, alta real de 17,36% em relação a 2020.

Infelizmente, esse bom resultado fiscal é circunstancial. Em 2020 diversos tributos foram diferidos e recolhidos de maneira extraordinária em 2021. Além
disso, a forte retração econômica em 2020 e a consequente recuperação em 2021 enviesam os dados de arrecadação. Nenhum desses fatores terá
importância em 2022, então devemos voltar à normalidade nos resultados fiscais.
Slide 4 – Focus

No Focus, a mediana para o IPCA aumentou de 5,09 para 5,15, ficando estável para os outros anos.

A mediana para o PIB ficou estável em 0,29, enquanto a expectativa recuou para 2023, para 1,69.

A expectativa para o câmbio em 2022 ficou estável em 5,60, assim como a Selic para 2022, em 11,75%.
Slide 5 – Internacional

No lado internacional, o PMI americano sofreu um forte tombo em janeiro, recuando de 57 para 50,8 pontos, ainda em terreno expansionista, mas bem na
margem. É o menor valor desde julho de 2020. O grande responsável pela queda é o setor de serviços que tem sofrido com o avanço da omicron.

Por outro lado, o PIB americano cresceu 6,9% no último trimestre de 2021 em comparação ao último trimestre de 2020, resultado forte e bem acima das
expectativas. Com isso, o PIB americano registrou alta de 5,7% em 2021, crescimento mais forte desde 1984. Portanto, a economia americana confirmou o
forte crescimento que era esperado, ressaltando que o efeito base enviesa o resultado. Mas o resultado trimestral foi bem forte, indicando uma tendência
de crescimento para 2022.

No evento mais relevante da semana, o Fed decidiu manter a política monetária inalterada, mas pela primeira vez reconhece a inflação como a principal
ameaça para a economia americana e indica que irá aumentar a taxa de juros já na próxima reunião, em março. Inclusive, o presidente do Fed não
descartou aumento na taxa de juros em todas as reuniões desse ano, portanto 7 aumentos contra 4 esperados atualmente. A última vez que o Fed
aumentou os juros foi em 2015, e a economia americana está muito mais aquecida hoje do que em 2015, e isso com certeza vai afetar a condução da
política monetária, influenciando potencialmente no ritmo de ajuste. Já se vão mais de 20 anos desde a última vez que o Fed aumentou a taxa de juros em
mais de 0,25% em uma reunião.

Na Europa, tivemos apenas a divulgação do PMI da zona do Euro que recuou quase um ponto em janeiro, de 53,3 pontos para 52,4 pontos. Apesar de
melhorias nas condições de oferta, o setor de serviços influenciou negativamente o resultado devido à nova onda de infecções da omicron, com diversas
medidas de distanciamento voltando a ser adotadas, impactando negativamente a demanda por serviços.

Para finalizar, o Real valorizou 0,57% essa semana, cotado ontem a 5,42. Essa semana teve alto fluxo estrangeiro em relação ao Real, mas o movimento foi
de certa forma limitado pela postura mais dura do Fed em relação à inflação e a indicação de aumento de taxa de juros já em março.

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