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Título

Bom, hoje vou apresentar um dos papers da minha tese, em co-autoria com o Pedro Ferreira e com o Marcel Peruffo, sobre a adoção de políticas de renda
básica universal em países em desenvolvimento, chamando atenção para potenciais armadilhas de sua adoção e olhando para alternativas.
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Renda básica universal não é um tema novo, com propostas do tipo datando desde o século 18, pelo menos. No Brasil, por exemplo, existe a previsão legal
da instituição da renda mínima desde 2004. Nos últimos anos, renda básica tem ganhado novos defensores com o aumento da desigualdade de renda e da
automação no mercado de trabalho, especialmente em países desenvolvidos. Inclusive, chamou muita atenção uma proposta de renda básica do pré-
candidato do partido democrata Andrew Young de uma renda básica de 1000 dólares mensais para todos os adultos nos Estados Unidos.

Os defensores dessa política argumentam que ela tem um grande potencial em reduzir a pobreza e a desigualdade de renda ao garantir um valor mínimo de
subsistência, e a sua universalidade faz com que seja uma política muito simples, sem custos de monitoramento ou risco moral. Entretanto, essa mesma
universalidade faz com que seja uma política potencialmente cara, além de criar ineficiências. E muitos dos seus proponentes não parecem levar em
consideração todos seus efeitos diretos e indiretos ao contabilizar esse custo. Por outro lado, políticas de transferência de renda condicional têm sido
bastante populares nas últimas décadas com vários casos de sucesso, dentre eles o Bolsa-Família. E aqui por CCT nós temos em mente políticas similares ao
Bolsa-Família, que impõem algumas condicionalidades além da renda da família. Essas políticas têm um forte apelo especialmente em países em
desenvolvimento, uma vez que suas condicionalidades mitigam os potenciais desincentivos gerados pela transferência, enquanto seu foco faz com que seja
uma política bem mais barata.
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Então, nesse paper nós estudamos os impactos da adoção da renda básica universal numa economia em desenvolvimento. Em particular, nós estamos
interessados em avaliar a sua capacidade em reduzir pobreza, desigualdade, além do seu impacto sobre capital humano, em comparação com políticas de
transferência de renda condicionadas. Para tanto, nós construímos um modelo de gerações sobrepostas onde as dinastias estão sujeitas a risco
idiossincrático impossível de ser totalmente assegurado e fazem escolhas ótimas a respeito de consumo, poupança, educação e oferta de trabalho. Com
esse modelo nós simulamos uma economia sem transferências e então introduzimos uma política de renda básica e outros programas condicionados, e
comparamos suas performances relativas. Como resultado, encontramos que no curto prazo a política de renda básica é mais eficaz em reduzir pobreza e
desigualdade do que uma política estilo Bolsa-Família. Mas os efeitos indiretos da renda básica rapidamente eliminam essa vantagem e faz com que no
longo prazo o Bolsa-Família seja amplamente superior em todas as dimensões analisadas.
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Nosso paper dialoga com uma vasta literatura sobre avaliação de programas de redistribuição, desde análise empírica desses programas até de trabalhos de
equilíbrio geral, passando por aqueles que fazem uma análise de equilíbrio parcial. No intuito de poupar tempo, vou falar rapidamente de dois trabalhos
que são mais próximos do nosso, que é o de Luduvice e Daruich & Fernandez, que estudam a introdução de renda básica na economia americana. Nosso
trabalho se diferencia deles principalmente pela detalhada comparação entre renda básica e transferências condicionadas, o que revela importantes trade-
offs, e pelo nosso foco em uma economia em desenvolvimento, que tem implicações metodológicas para a escolha educacional. Por exemplo, os trabalhos
para a economia americana apenas consideram a escolha de college, mas países em desenvolvimento, em geral, tem acesso desigual à educação, o que nos
leva a modelar o sistema educacional por completo.
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Como dito, nosso modelo é de gerações sobrepostas em tempo discreto e sem crescimento populacional. Dada a necessidade de se analisar escolhas
educacionais, nós optamos por um período longo, então cada período do modelo corresponde a 17 anos, e os indivíduos desse modelo vivem por 4
períodos. Portanto, em qualquer período coexistem 4 gerações diferentes: crianças, jovens-adultos, pais adultos e pais velhos. Existem dois tipos de
dinastia. A dinastia jovem consiste em uma criança e um adulto. No início do período, a criança nasce e pode apenas estudar ou dedicar o tempo ao lazer.
Ao fim do período a criança se torna um jovem adulto e o pai adulto se torna um pai velho. Nessa dinastia o pai adulto escolhe a educação da criança,
quanto poupar e consumir, e oferta seu trabalho a um custo de utilidade. A dinastia velha consiste em um jovem adulto e um pai velho. No início do
período, essa dinastia recebe um choque na preferência por ensino superior. Se o jovem adulto tiver completado ensino secundário no período anterior, ele
pode ir para universidade a um custo e leva uma fração de período para formar. Ambos os adultos ofertam trabalho e escolhem consumo e poupança. Ao
fim do período, o pai velho morre e o jovem adulto se torna pai adulto.
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No modelo existem 4 níveis de capital humano: sem educação formal que é equivalente ao primário incompleto nos dados, primário, secundário e ensino
superior. Para se obter o nível de educação desejado, as dinastias incorrem num custo kappa. Além desse custo, ao cursar universidade o indivíduo também
incorre no custo de varpi unidades de tempo. No lado da produção temos uma função padrão com retornos constantes a escala. Uma hipótese que
adotamos é que os níveis de capital humano são substitutos perfeitos entre si.
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Neste modelo o governo tem a única função de redistribuir recursos entre os agentes. Para tanto, ele tributa a renda total a uma taxa endógena tau. Essa
taxa é determinada pelo tamanho e abrangência das transferências. Por fim, o governo mantém um orçamento equilibrado em cada período.
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Cada dinastia maximiza sua utilidade esperada descontada que é dada pela função de utilidade GHH, onde c é o consumo da dinastia, l as horas de trabalho
ofertadas.
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Vou apresentar o problema das dinastias na sua forma recursiva. No caso da dinastia jovem, ela escolhe consumo, educação do filho, horas de trabalho e
poupança. As variáveis de estado relevante para essa dinastia, dada pelo vetor xy, são os ativos correntes, o estoque de capital humano do pai adulto e um
choque aleatório de produtividade específico a cada dinastia z. Assumimos que z segue uma log-normal, o que é padrão na literatura.

O problema dessa dinastia está sujeito à restrição orçamentária que é dada pela riqueza “a”, pela renda total disponível, dada pela renda do trabalho, onde
W é o salário, z é o choque idiossincrático de produtividade, “csi” (ξ) é o perfil de salários por idade dado o capital humano, e riqueza financeira. Por fim, eta
é o valor da transferência recebido.
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Para facilitar a exposição, dividimos o problema da dinastia velha em dois, caso o filho tenha cursado ensino secundário ou não. Em caso negativo, o
problema é similar ao anterior, mas sem escolha educacional e agora ambos os adultos ofertam trabalho.

No caso das dinastias cujos filhos cursaram ensino secundário, elas recebem um choque de preferência no início do período e dado esse choque escolhem
se o filho vai à universidade.

O problema da dinastia cujo adulto vai à universidade é similar ao anterior, mas agora existe o custo direto de se ir à universidade e ambos os adultos
ofertam trabalho, mas o jovem adulto oferta apenas na fração de tempo em que ele não está na universidade.
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Nós calibramos o modelo para a economia brasileira em 1997. Esse período foi escolhido por se anteceder a introdução de diversos programas de
transferências condicionadas que depois resultaram no Bolsa-Familia. Dentre os parâmetros que precisamos identificar no modelo, temos dois conjuntos
distintos: aqueles que tem contrapartida direta na literatura e aqueles que identificamos internamente em nosso modelo. O primeiro conjunto é
identificado externamente, com valores encontrados na literatura e são parâmetros e estimativas bem estabelecidas na literatura, então vou apresentar
apenas os parâmetros identificados internamente, que são identificados via métodos dos momentos simulados.

Nós temos 7 parâmetros a serem identificados dessa forma e utilizamos 7 momentos dos dados. Primeiro, para identificar o custo de utilidade do trabalho
utilizamos a produção agregada do modelo que normalizamos em 1. Fazendo assim, obtemos um valor de 8,21. Para identificar o fator de desconto,
utilizamos a formação bruta de capital fixo média no período de 1992-2002. Para identificar cada custo educacional, utilizamos a proporção da população
que possui cada nível educacional de acordo com a PNAD de 1997. Para identificarmos o desvio-padrão do processo estocástico da renda utilizamos o Gini.
Por fim, para identificarmos o desvio-padrão do choque de preferência, utilizamos a probabilidade de persistência geracional do nível educacional, ou seja, a
probabilidade do filho cursar ensino superior dado que o pai tem ensino superior. Como podemos ver, o modelo faz um bom trabalho em identificar esses
momentos.

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NÃO LER:

depreciação do capital, proporção do capital na função de produção, fração de tempo para se formar no ensino superior, autocorrelação da renda,
coeficiente de aversão ao risco, elasticidade de Frisch e os parâmetros do perfil ganhos por idade
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Antes de entrar nos resultados vou explicar como modelamos a transferência. O nosso principal exercício compara um sistema de renda básica com um
programa de transferência de renda com condicionantes tanto na renda quanto na matrícula escolar. Essa transferência condicionada é modelada para
simular o Bolsa-Família. Como deve ser do conhecimento de muitos de vocês, o BF categoriza os recipientes entre famílias pobres e extremamente pobres.
As famílias extremamente pobres recebem um valor adicional que varia com sua renda per capita e com a quantidade já recebida pelo programa. Famílias
de ambas as categorias recebem um benefício variável condicionado na matrícula dos filhos. Então nós modelamos a transferência no caso do BF para levar
em consideração essas particularidades.

Essa função indicadora nos diz se a família está abaixo do threshold e c1 e c2 são funções que capturam as transferências extras devido à escolaridade das
crianças e pobreza extrema. Nós calibramos T e y barra para que o total transferido seja equivalente a 0,55% do PIB e a fração da população que recebe a
transferência seja de 20,7%, valores observados em 2013 no Brasil. Então, pegamos o valor calibrado para T no BF e distribuímos incondicionalmente para
todas as famílias no caso do UBI. Além desses dois exercícios, nós também simulamos um CCT com as mesmas condicionantes para renda do BF mas sem as
condicionantes escolares.
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Aqui os resultados de algumas variáveis selecionadas. Lembrando que aqui estamos apenas comparando os estados estacionários e os valores estão em
variação percentual em relação ao benchmark que é a economia sem transferências.

De um modo geral, vemos que renda básica é bastante danosa à economia no longo prazo. Produção agregada diminui em quase 12% e o grande
responsável por esse resultado é o custo fiscal da política, que implica em um aumento de quase 6 pontos percentuais da alíquota de imposto. Com essa
distorção, observamos queda no consumo e nas horas trabalhadas. A poupança sofre uma forte redução, não apenas pela deterioração econômica como
também pela diminuição do motivo precaucional, uma vez que a renda básica garante um fluxo garantido de renda para as famílias. Em consequência, os
investimentos em capital humano diminuem, o que leva à produtividade do trabalho cair quase 4%. Apesar dos resultados macroeconômicos ruins, UBI
reduz a taxa de pobreza em 4,5% e a desigualdade da renda do trabalho após as transferências cai 4,7%. Entretanto, o Gini da renda do trabalho aumenta
marginalmente, explicado pelo fato de que os resultados educacionais reduzem em todos os níveis, mas proporcionalmente menos no ensino superior,
concentrando a renda no topo da distribuição.

CCT, por outro lado, eleva o PIB em quase 19% no longo prazo, aumentando consumo, poupança e oferta de trabalho em mais de 15%. Os efeitos sobre
desigualdade e pobreza são enormes. A taxa de pobreza é reduzida em quase 80%, enquanto a desigualdade em ambas as medidas reduz por volta de um
terço. É interessante notar que a redução da desigualdade pelo UBI se dá pelo efeito direto da transferência, enquanto no CCT essa redução se dá
majoritariamente pelos efeitos indiretos de maior escolaridade na economia.

Em oposição ao UBI, vemos que as condicionantes de educação geram um ciclo virtuoso de crescimento, no qual uma força de trabalho melhor educada
incentiva investimentos em capital físico dada sua complementaridade com trabalho, que por sua vez aumenta os investimentos em capital humano e eleva
a oferta de trabalho dado aumento nos salários. E esse programa se mostra bastante barato, exigindo um aumento na alíquota de impostos de apenas 0,67
pontos percentuais, o que se deve tanto ao foco da política quanto aos resultados positivos que ela desencadeia, elevando a renda total da economia. Ao
considerarmos uma política de transferência condicionada apenas na renda, vemos que o grande responsável pelo resultado positivo do CCT é a
condicionalidade em educação, uma vez que nesse caso os resultados são parecidos com o UBI.
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Os resultados educacionais também vão na mesma direção, com a renda básica piorando todos os níveis educacionais. Bolsa-Família por outro lado
aumenta o estoque de capital humano significativamente e vemos que as condicionalidades de educação são importantes para explicar esse resultado.
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Os resultados de longo-prazo escondem aspectos importantes da dinâmica de curto prazo e de transição entre os estados estacionários. Portanto,
calculamos a transição entre os estados estacionários da economia benchmark e de cada política de transferência. Nós simulamos os caminhos de transição
de perfect foresight no qual o governo introduz a política de transferência de uma vez. Os agentes se tornam conscientes dessa mudança de política e
ajustam suas expectativas e decisões de acordo.
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Aqui plotamos a dinâmica de transição para algumas variáveis macroeconômicas. Vemos que para as gerações vivas no momento da introdução da política,
ambas políticas causam deterioração econômica. Entretanto, CCT rapidamente entra num ciclo virtuoso, enquanto sob UBI a deterioração é contínua. É
interessante notar que no curto prazo a redução na pobreza sob UBI é maior que sob CCT, reforçando que o impacto social positivo de UBI se dá pelo efeito
direto, mas que esse é rapidamente compensado pelo seu impacto negativo na economia como um todo. CCT é diferente. O impacto direto é relativamente
pequeno, mas o ciclo virtuoso que ele dá início gera resultados bastante positivos em todas as variáveis analisadas.
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Computada a transição, podemos calcular o impacto no bem-estar das famílias decorrente de cada política. Portanto, comparamos as funções valor de
estado estacionário inicial com as funções valor após o choque ser revelado e o caminho de perfect foresight é determinado. Com isso, calculamos variação
no bem-estar como medida de consumo equivalente, líquida do custo de utilidade do trabalho.

No agregado, UBI aumenta o bem-estar da economia em 1,08% enquanto CCT aumenta em 1,77%. Sob UBI, 37,8% das famílias estão em situação melhor do
que na economia benchmark, e para CCT esse número é 42,5%. Entretanto, essas medidas agregadas escondem muita heterogeneidade que temos no
modelo. Para ver melhor a distribuição de ganhos de bem-estar, calculamos a variação de bem-estar de acordo com riqueza e nível educacional.
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Relativo à riqueza, calculamos a variação de bem-estar do bottom 10%, 20%, 50% e top 1% da distribuição. Sob CCT todos eles ganham em bem-estar, com
destaque para o bottom 20% que é justamente o foco da política. Sob UBI, o top 1% é o grande perdedor e o bottom 20% o grande vencedor. O top 1%
perde bem-estar pois o custo de financiar a política recai desproporcionalmente sobre eles, uma vez que recebem transferências líquidas negativas. Por
outro lado, o bottom 20% está melhor sob UBI do que CCT porque em ambas as políticas eles recebem a transferência, mas sob UBI essa transferência não
implica em gasto educacional.
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Relativo aos grupos educacionais, vemos que sob CCT todos ganham com exceção daqueles com ensino superior. Isso ocorre porque o custo de financiar a
política recai desproporcionalmente sobre eles. Lembrando que como BF não incentiva ensino superior, as famílias que escolhem ensino superior nesse caso
já escolheriam na economia benchmark, mas como elas são em média as famílias mais ricas, elas perdem bem-estar uma vez que não recebem a
transferência e agora pagam imposto para financiar a política. Sob UBI, além daqueles com ensino superior, quem tem ensino secundário também perde
bem-estar, pois são, em média, os mais ricos dessa economia.
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Aqui temos as transferências líquidas por decil de renda, o que ajuda a racionalizar os resultados de bem-estar mostrados. Nós vemos que no Bolsa-Família
apenas os três primeiros decis são beneficiados, mas o custo da política é relativamente bem distribuído até o nono decil. O decil mais rico paga
desproporcionalmente mais justamente por serem os mais ricos. De toda forma, dado o baixo custo fiscal da política, o custo sobre os agentes é
relativamente baixo, reduzindo a distorção.

No caso do UBI é bastante diferente. Dada a generosidade da política, ela beneficia até o 7 decil de renda. Entretanto, o custo fiscal da política cai quase que
inteiramente sobre o decil mais rico, com eles pagando quase 5 vezes mais que o segundo decil mais rico. Como é uma política cara, que exige um aumento
de 6 pontos percentuais na alíquota de imposto, vemos que os mais ricos pagam um custo elevado, distorcendo suas alocações.
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Por fim, a variação de bem-estar ao longo da transição. Enquanto CCT é claramente melhor que UBI no longo prazo, no curto prazo elas são equivalentes em
termos de bem-estar. Por outro lado, BF sem condicionalidades na educação gera um bem-estar muito maior no curto-prazo. Portanto, o formulador de
política econômica enfrenta um trade-off entre o bem-estar das futuras gerações e das gerações vivas no momento da introdução da política quando decide
se exige ou não matrículas escolares como requisito para receber a transferência. Não é o objetivo do nosso paper, mas isso pode gerar um conflito de
economia política incentivando o formulador a adotar uma política de transferência danosa no longo prazo em troca do seus ganhos de curto prazo.
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Então, para concluir, nós avaliamos o desempenho de uma política de renda básica universal em uma economia em desenvolvimento e comparamos sua
efetividade em relação às alternativas que envolvem condicionantes para o recebimento da transferência, tanto em renda e educação, quanto apenas em
renda. Os nossos resultados mostram que no longo-prazo as políticas de CCT com requerimentos escolares são amplamente superiores a renda básica em
todas as dimensões analisadas. Por outro lado, no curto prazo renda básica é mais eficaz em reduzir a pobreza e entrega uma melhoria de bem-estar similar
ao BF. Uma política similar ao BF, mas sem condicionantes escolares gera um ganho maior de bem-estar no curto prazo, apesar de ser tão danosa à
economia quanto a renda básica no longo prazo. Portanto, o formulador de política enfrenta um trade-off entre o bem-estar das futuras gerações e das
gerações vivas no momento da introdução da política ao decidir se exige ou não condicionantes escolares. Isso sugere que um possível caminho para
políticas universais seria como uma política transitória para acomodar grandes choques de renda, tal qual o observado na atual pandemia. Entretanto
quando o objetivo é a redução de pobreza e desigualdade, requerimentos educacionais são essenciais.
Trash – Não LER

Por fim, nosso trabalho é bastante relacionado à literatura que estuda os impactos de curto e longo prazo de transferências utilizando modelos de agentes
heterogêneos. Céspedes 2014 e meus coautores estudam o impacto de longo prazo de programas condicionados, com o primeiro focando no impacto em
bem-estar e desigualdade, e o segundo focando em trabalho infantil e educação. Também dialogamos com a vasta literatura de redistribuição ótima aqui
representados pelos trabalhos de Pedroni & Dyrda e Boar & Midrigan, que estudam formas ótimas de tributação para políticas de redistribuição. Por fim,
nos relacionamos também aos trabalhos de Luduvice e Daruich & Fernandez que estudam a introdução de renda básica na economia americana. Nosso
trabalho se diferencia desses principalmente pela detalhada comparação entre renda básica e transferências condicionadas, o que revela importantes trade-
offs, e pelo nosso foco em uma economia em desenvolvimento, que tem implicações metodológicas para a escolha educacional. Por exemplo, os trabalhos
para a economia americana apenas consideram a escolha de college, mas países em desenvolvimento, em geral, tem acesso desigual à educação, o que nos
leva a modelar o sistema educacional por completo.

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