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Slide 1

Começando pela atualização da pandemia, a situação continua se agravando. Ontem foram registrados 286 mil novos casos de covid, novo recorde da
pandemia, o que fez com que a média móvel chegasse a 188 mil casos, a maior marca registrada até aqui na pandemia. É o décimo dia seguido em que o
recorde da média móvel de casos é batido. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de 58%.

As mortes têm aumentado consideravelmente também, mas ainda em menor magnitude. Ontem tivemos 917 mortes em 24 horas, totalizando 630 mil
mortes na pandemia. Com isso, a média móvel dos últimos sete dias é de 689 mortes diárias, a maior média desde o dia 26 de agosto do ano passado. Em
comparação à média de 14 dias atrás a variação foi de 168%. Portanto, mil mortes diárias nas próximas semanas já é algo certo.

Todos os estudos com dados confiáveis têm mostrado que as mortes e internações graves ocorrem desproporcionalmente entre os não vacinados ou com
esquema vacinal incompleto. Hoje no Brasil temos 78% da população vacinada com 1 dose, 71% com duas doses e 21% com 3 doses. A terceira dose tem se
mostrado bastante eficaz em evitar internações graves e mortes pela omicron, portanto, devemos ver um controle da pandemia lá para março e abril,
quando grande parte da população brasileira estará apta a receber a dose de reforço.

Slide 2

Como eu disse, as mortes têm sido desproporcionalmente maiores entre os não vacinados. Aqui nesse gráfico temos a incidência relativa de mortes por
status de vacinação, portanto, é o número de mortes para cada 1 milhão de pessoas. A área em vermelho são as pessoas não vacinadas, em laranja com
apenas uma dose e em verde com duas ou mais doses. E tá claro que quem não se vacinou forma a maioria das mortes. De fato, uma pessoa não vacinada
tem 8 vezes mais chances de morrer do que quem tomou as duas doses. Isso mostra que a existência dos anti-vacinas é paradoxal: quanto mais anti-vacinas,
menos anti-vacinas existem.
Slide 3 – Produção Industrial

Em relação aos dados econômicos, a produção industrial teve a primeira expansão após 6 meses de queda, com a produção aumentando 2,9% em
dezembro na comparação com novembro. Nesses 6 meses de queda, a produção contraiu 3,3% e na comparação com dezembro de 2020 a produção recuou
5%, quinta taxa negativa nesse tipo de comparação.

Ainda assim, a produção industrial encerrou 2021 com expansão acumulada de 3,9%, interrompendo dois anos consecutivos de queda.

Como já se indicava no resultado de novembro, a produção industrial parece ter atingido o vale e tem tudo pra iniciar uma nova recuperação. Em dezembro,
20 dos 26 ramos pesquisados mostraram crescimento na produção, o que indica melhora generalizada das condições de produção, o que tem sido
observado ao redor do mundo com a melhora das condições de oferta, mesmo que na margem. Mas ainda é cedo para avaliar se há uma mudança na
trajetória, pois esse resultado de dezembro foi bem fora do padrão observado em 2021, como podemos ver pelo gráfico.

No ano, as grandes influências positivas foram a produção de veículos, que aumentou 20,3%, as máquinas e equipamentos, que aumentou 24% e
metalurgia, que aumentou 15%.
Slide 4 – Confiança

No lado econômico, começando pelos indicadores de confiança, todos os setores apresentaram recuo. E o grande fator por trás desse movimento não podia
ser outro que não o novo surto de infecções da covid, o que enfraqueceu as expectativas futuras em todos os setores.

Naturalmente, o setor mais afetado foi o de serviços, cujo indicador de confiança recuou 4,3 pontos, a queda mais intensa desde março de 2021. Portanto, a
piora da pandemia vem num momento em que o setor já desacelerava, o que combinado com o cenário macroeconômico ainda difícil liga o sinal de alerta
para os próximos meses.

Na sequência, a confiança da indústria caiu 1,7 ponto, sexto recuo consecutivo, atingindo o menor nível desde julho de 2020. Entretanto, a redução gradual
dos gargalos que vêm pressionando a indústria, como a escassez de insumos, podem colaborar para a recuperação do setor no decorrer de 2022.

A confiança dos consumidores recuou 1,4 ponto em janeiro, influenciada pelo aumento do pessimismo em relação aos próximos meses. A confiança dos
consumidores só deve melhorar com a recuperação do mercado de trabalho e controle da inflação.

Por fim, a confiança do comércio recuou 0,4 ponto, atingindo o menor nível desde abril de 2021, desacelerando as perdas, mas o setor é muito dependente
da confiança do consumidor, que se deteriorou consideravelmente.
Slide 5 – Mercado de trabalho

Tivemos as divulgações dos dados de mercado de trabalho e pela PNAD o desemprego ficou em 11,6% no trimestre móvel de setembro a novembro de
2021, registrando queda expressiva de 1,6 ponto percentual em relação ao trimestre móvel imediatamente anterior.

Entretanto, a leitura dos dados da PNAD permanece a mesma. Observamos uma queda do desemprego, mas com aumento do emprego de baixa qualidade.
A população desocupada recuou 10,6%, enquanto a ocupada aumentou 3,5%. Tivemos aumento de 4% nos empregos formais e de 7,4% nos empregos sem
carteira. Mas a taxa de informalidade ficou estável em 40,6%.

Porém, o rendimento real habitual médio caiu 4,5%, alcançando R$ 2.444, o menor valor da série histórica iniciada em 2012.

Por outro lado, o Caged registrou a destruição líquida de 265,8 mil postos de trabalho em dezembro, mês em que tradicionalmente mais fecha vagas do que
abre, devido às contratações temporárias para o Natal e Ano Novo.

Com esse resultado, a economia brasileira criou 2,7 milhões de empregos em 2021.
Slide 6 – IGP-M

Em janeiro, o IGP-M subiu 1,82%, acumulando alta de 16,91% nos últimos 12 meses.

O avanço foi fruto de uma inflação ao produtor disseminada. Apenas o IPA subiu 2,3%, quando em dezembro havia subido 0,95%.

Os preços dos bens de investimento subiram 2,07%, ante 0,78%, em dezembro de 2021. Já os preços de materiais e componentes para manufatura
avançaram para 1,33%, depois de subirem 0,40% no mês passado. Por fim, o minério, embalado pela escalada do preço internacional, fechou janeiro com
alta de 18,26% e respondeu por 52% do resultado do IPA. Aliás, os preços ao produtor industrial calculado pelo IBGE fechou 2021 com alta de 28,39%,
mostrando que a grande questão inflacionária é de oferta.

De resto, o IPC variou 0,42% e o INCC 0,64%.


Slide 7 – Estatísticas Fiscais

Em dezembro, o governo registrou superavit de R$ 123 milhões ante déficit de 52 bilhões em dezembro de 2020.

Com esse resultado, o governo teve superavit de 64,7 bilhões em 2021, equivalente a 0,75% do PIB e o primeiro superavit desde 2013.

Em relação à dívida líquida, o indicador encerrou 2021 a 57,3% do PIB e a dívida bruta a 80,3% do PIB, uma forte redução em comparação a 2020, quando
atingiu 89% do PIB.

Mas nem tudo são flores. A estimativa do PIB nominal do Banco Central apresentou crescimento de 16,2% em 2021, lembrando que a inflação contribui
para um crescimento expressivo do PIB nominal. Então, ao aumentar o denominador, a fração diminui, logo, esses indicadores fiscais são frutos mais da
conjuntura do que de um esforço fiscal.
Slide 8 - Copom

Essa semana tivemos a reunião do Copom e zero surpresas. A Selic subiu 1,5 ponto percentual, a 10,75%, movimento que já havia sido antecipado na última
reunião.

Chama a atenção que o cenário econômico para a inflação traçado pelo Copom não se alterou substancialmente. O Cômite segue enxergando um cenário
externo pouco favorável com a maior persistência da inflação americana elevando a probabilidade de um aperto monetário mais célere nos EUA. Em
relação à atividade econômica brasileira, indicadores relativos ao quarto trimestre tiveram evolução ligeiramente melhor que a esperada, em particular os
relativos ao mercado de trabalho, o que poderia pressionar a inflação pelo lado da demanda.

Com isso, o Copom continua vendo como apropriado que a taxa de juros avance em terreno contracionista.

Mas o que surpreendeu foi o Copom anunciar a desaceleração do ritmo de alta. Isso nos faz pensar que devemos ter pelo menos mais duas altas na taxa de
juros, imagino que uma de 1 ponto percentual e outra de 0,5 ponto percentual, o que faria com que a Selic encerrasse o ciclo de alta em 12,25%.

Isso mostra que o Banco Central começa a ficar preocupado com os efeitos contracionistas da política monetária sobre a atividade econômica, o que traz
riscos para um eventual choque inflacionário, o que poderia fazer com que as expectativas desancorassem ainda mais.
Slide 9 – Focus

No Focus, a mediana para o IPCA aumentou de 5,15 para 5,38, refletindo o resultado do IPCA-15 pior que o esperado. Além disso, para 2023, a mediana
avançou de 3,4 para 3,5.

A mediana para o PIB aumentou ligeiramente para 0,3, enquanto a expectativa recuou novamente para 2023, para 1,55.

A expectativa para o câmbio em 2022 ficou estável em 5,60, assim como a Selic para 2022, em 11,75%.
Slide 10 – Internacional

A inflação americana medida pelos gastos pessoais, avançou 5,8% em 2021. Em dezembro, o avanço foi de 0,4% na comparação mensal, enquanto o núcleo
fechou 2021 com alta de 4,8%.

O PIB da zona do Euro cresceu 0,3% no quarto trimestre de 2021 em comparação ao terceiro trimestre. Em relação ao quarto trimestre de 2020, o
crescimento foi de 4,6%. Com esse resultado, o PIB europeu cresceu 5,2% em 2021.

Ainda na Europa, a taxa de desemprego foi de 7% em dezembro de 2021, uma redução de 1,2 ponto percentual em relação a dezembro de 2020, mostrando
que a recuperação europeia foi consistente ao longo de 2020. Ainda assim, há mais de 13 milhões de desempregados na zona do Euro, mostrando que ainda
há margem de melhora no mercado de trabalho europeu.

A inflação na zona do Euro em janeiro foi de 5,1% na comparação com janeiro de 2021. Energia mais uma vez teve o maior impacto, com alta de 28,6% na
taxa anual, contra 25,9% em dezembro. O banco central europeu ainda mantém o discurso de não elevar as taxas de juros em 2022, mas é um argumento
que perde força. Entretanto, o impacto nas expectativas não parece ser tão significativo quanto nos Estados Unidos.

E apesar da inflação europeia continuar acelerando, o banco central europeu decidiu manter as taxas de juros em 0% e apenas reduzir o ritmo de compra de
ativos através do programa emergencial criado para mitigar os efeitos financeiros da pandemia. O banco central europeu ainda se mostra bastante
confortável com a inflação elevada, mas devemos observar alguma movimentação de normalização a partir do segundo semestre.

Para finalizar, o Real valorizou 1,75% com o fluxo estrangeiro bastante favorável às moedas emergentes.

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