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Grupo Geotecnia - FURG

Escola de Engenharia
Universidade Federal do Rio Grande - FURG

Aterros Sobre Solos Moles


– ATERROS SOBRE SOLOS MOLES
¾ Aterros (em geral compactados) construídos sobre solos de baixa resistência ao
cisalhamento e muito compressíveis.
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Aterros Sobre Solos Moles


z Resumo das etapas de projeto e construção:

1. Caracterização geotécnica → emprego de ensaios de campo (palheta, piezocone,


dilatômetro) e amostragem com ensaios de laboratório (triaxiais, palheta,
adensamento), para definição dos parâmetros de resistência ao cisalhamento e
deformabilidade do solo de fundação.

2. Estudo de estabilidade → definição da geometria adequada do aterro, para a


segurança quanto à ruptura do solo de fundação. Em geral, a situação mais crítica é a
curto prazo – situação não drenada.

3. Estudo de deformações → previsão do recalque total do solo mole devido à


construção do aterro, bem como da evolução dos recalques no tempo. Escolha do
método construtivo mais adequado para manter os recalques dentro de limites
aceitáveis.

4. Monitoramento do desempenho durante e após a construção → instalação de


instrumentos para medição de certos parâmetros, visando o acompanhamento do
desempenho do aterro e a verificação das premissas de projeto.
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z Métodos construtivos de aterros sobre solos moles:

a. Remoção do solo mole → remoção (ou expulsão) do solo compressível e


substituição por solo granular, com melhores características de resistência e
deformabilidade. A remoção só é viável técnica e economicamente para depósitos
argilosos pouco extensos e para espessuras inferiores a 4-5 m.

b. Construção por etapas → execução da altura total de aterro em duas ou três etapas.
A camada executada em cada etapa é mantida por um determinado período de
tempo, suficiente para a dissipação de uma parte do excesso de poropressão gerado
e para o ganho de resistência do solo mole. Permite a execução de aterros com altura
final superior à altura crítica inicial da fundação. Esta solução pode implicar em longos
períodos de execução para a obra.
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c. Bermas de equilíbrio → bancadas laterais de menor altura, empregadas para
equilíbrio e estabilização do aterro principal. Permite o aumento dos fatores de
segurança à ruptura do aterro, pelo aumento do peso na região ativa da cunha de
ruptura, e alongamento das superfícies mais críticas.

d. Sobrecarga temporária → construção do aterro com uma altura de 25% a 30%


superior à altura de projeto (mas ainda inferior à altura crítica da fundação). A
sobrecarga é mantida por um determinado período de tempo e então removida. O
objetivo é a aceleração dos recalques, ou seja, o emprego da sobrecarga conduz ao
recalque total (da situação sem sobrecarga) em um tempo mais curto. Alternativa
eficiente em solos silto-arenosos; em solos argilosos de grande espessura, esta
alternativa deve ser adotada em combinação com o uso de drenos verticais.
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e. Drenos verticais → perfurações verticais na camada argilosos e preenchimento com
material granular, ou cravação de elementos drenantes sintéticos (alternativa mais
utilizada atualmente). Os drenos verticais são dispostos (em planta) em malha
quadrada ou triangular (espaçamento entre 1 e 4 metros). Promovem a aceleração
dos recalques da camada de solo mole, permitindo o desenvolvimento de um fluxo
radial de drenagem que se soma ao fluxo vertical natural (redução das distâncias de
drenagem).
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Fonte: Catálogo FUNDESP


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f. Reforço do solo com colunas de brita (vibrosubstituição) → execução de colunas
de brita, obtendo-se no final um meio menos deformável e mais resistente.
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g. Reforço do solo com colunas de jet-grouting → injeção sob pressão de nata
(calda) de cimento, formando colunas com o solo desagregado pela rotação da
ferramenta.

Sequência executiva de uma coluna


injetada:

1. Perfuração rotativa ,com injeção


d’água sob pressão.
2. Vedação da saída d’água seguida do
início do processo de injeção.
3.Subida ascencional da haste , a
velocidade constante , com injeção de
calda a alta pressão e alta velocidade.
4. Prosseguimento do tratamento,
alternadamente.

Fonte: Catálogo FUNDESP


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h. Aterros estaqueados → consiste na transmissão total dos esforços do aterro para
camadas inferiores mais resistentes, evitando assim os recalques da camada mole. A
transmissão é realizada por meio de estacas de fundação, dispostas em malha
quadrada. No topo de cada estaca é construído um capitel em concreto armado, para
distribuição das tensões do aterro para as estacas. Pode-se ainda incluir camada de
geossintético sobre os capitéis.
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i. Aterros reforçados com geossintéticos → reforço da base dos aterros com a
introdução de elementos geossintéticos, com boa resistência à tração. Permite o
aumento de capacidade de carga do solo mole de fundação. Porém, o esforço de
tração no reforço deve ser mantido dentro de certos limites, para evitar o trincamento
do aterro. Além disso, o enrijecimento do aterro pela presença do geossintético pode
provocar a expulsão do solo mole. Podem funcionar também como filtros e drenos.
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j. Aterros leves → uso de material de construção com baixo peso específico, ou tubos
metálicos (Armco ou similar) ou de concreto armado, para execução do núcleo do
aterro. A cobertura do aterro deve ser executada com solo compactado normal de boa
resistência. A redução no peso do aterro acarreta redução de recalques a aumento
dos fatores de segurança à ruptura da fundação.

Material do aterro Peso específico (kN/m3)


Poliestireno expandido (EPS) – isopor
1 a 1,5
ou similar
Argila expandida 5 a 10
Serragem 8 a 10
Cinza volante 10 a 14
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z Algumas considerações sobre os parâmetros de projeto:

¾ Resistência ao cisalhamento: correção dos resultados do ensaio de palheta proposta por


Bjerrum (1973):
1.2

1.1
⎛ IP ⎞
1.0 μ = 1 − 0,5 ⋅ log⎜ ⎟
⎝ 20 ⎠
su (projeto) = su (palheta) ⋅ μ
μ

0.9

0.8

0.7

0.6

0 20 40 60 80 100 120
Índice de Plasticidade, IP (%)

¾ Velocidade de adensamento: Cv (campo) > Cv (laboratório). Possíveis causas: fluxo e


deformações horizontais, lentes drenantes, efeito de pré-adensamento. Valores mais
realísticos de Cv podem ser obtidos a partir da observação dos recalques do aterro ao longo
do tempo → Método de Asaoka.
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z Estabilidade de aterros sobre solos moles: Análise em termos de tensões totais.

¾ Solo homogêneo: altura crítica em situação não-drenada: qu = Hcrit ⋅ γ aterro = su ⋅ Nc ≅ 5,5 ⋅ su

¾ Solo heterogêneo - Solução de Fellenius: camada superior puramente coesiva, coesão


constante com a profundidade, superfície circular de ruptura:

b
b D≤
D> 0,758
0,758

Qu = 2 ⋅ b ⋅ su ⋅ φ(α, b D)
Qu = 5,5 ⋅ 2 ⋅ b ⋅ su φ(α, b D ) =
α

(1 − cos α ) ⋅ ⎡⎢senα − b ⋅ (1 − cos α )⎤⎥


⎣ D ⎦

2α = 133,5o b α ⋅ (cos α − cos 2α ) − senα ⋅ (1 − cos α )


α mais crítico → =
2α ⋅ senα ⋅ (1 − cos α ) − (1 − cos α )
2
D
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¾ Bermas de equilíbrio: altura necessária de aterro é superior à altura crítica:

Hcrit 5,5 ⋅ su
- Altura das bermas: H1 − H2 = =
FS γ aterro ⋅ FS

- Largura das bermas: devem cobrir a área sujeita a levantamento de ruptura. Uso de ábacos
(Jakobson, 1948) ou cálculo de estabilidade por meio de programas de computador
(métodos de estabilidade de taludes).
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¾ Resistência ao cisalhamento linearmente crescente com a profundidade::

- Ábacos de Souza Pinto (resistência no aterro desprezada): qu = Nc 0 ⋅ su0

- Cálculo de estabilidade por meio de programas de computador (métodos de estabilidade de


taludes). Deve-se desprezar a resistência no aterro para materiais com baixa coesão
(abertura de trincas).
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z Deformações em aterros sobre solos moles:

1− ν2
¾ Recalques instantâneos: Teoria da Elasticidade → wi = q ⋅ B ⋅ ⋅ Iw
Es

¾ Recalques ao longo do tempo: Teoria do Adensamento Unidimensional:

∂ u
∂u 2
cv ⋅ 2 =
∂z ∂t
kv
cv – coeficiente de adensamento vertical =
mv ⋅ γ w
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¾ Solução da equação diferencial do adensamento unidimensional:

∞ ⎛ Mi ⋅ z ⎞ −Mi2 ⋅Tv
Δσ
u = 2⋅∑ ⋅ sen⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ e
i = 0 Mi ⎝ Hd ⎠
Hd – altura de drenagem = máximo caminho de percolação da água em direção
a uma camada drenante
Δσ
cv ⋅ t NT ≡ NA

Tv – fator tempo =
H2d camada drenante

t=∞ t=0+

Mi = ⋅ π ⋅ (2 ⋅ i + 1)
1 z
Hd
2 Δu Δσ’ camada
compressível
Hd

camada drenante
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¾ Porcentagem de adensamento:

Δσ − u u
Uv = = 1−
Δσ Δσ

∞ ⎛ Mi ⋅ z ⎞ −Mi2 ⋅Tv
1
Uv = 1 − 2 ⋅ ∑ ⋅ sen⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ e
i = 0 Mi ⎝ Hd ⎠
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¾ Porcentagem média de adensamento:

z/Hd

Uz
área hachurada
U = 1−
área total

∞ −Mi2 ⋅Tv
e
Uv = 1 − 2 ⋅ ∑
i=0 Mi2

ΔH( t ) = Uv ⋅ ΔH
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¾ Determinação de cv em laboratório:

- Método de Casagrande (log t): - Método de Taylor ( t ):

0,197 ⋅ (H50 2)2 0,848 ⋅ (H50 2)2


cv = cv =
t 50 t 90
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¾ Adensamento tridimensional:

⎛ ∂ 2u ∂ 2u ⎞ ∂ 2
u ∂u
ch ⋅ ⎜ 2 + 2 ⎟ + c v ⋅ 2 =
⎜ ∂x ∂ ⎟ ∂z ∂t
⎝ y ⎠
z Componentes → adensamento vertical + adensamento radial:

∂ 2u∂u ⎛ ∂ 2u 1 ∂u ⎞ ∂u
cv ⋅ 2 = ch ⋅ ⎜ 2 + ⋅ ⎟ =
∂z ∂t ⎜ ∂r r ∂r ⎟ ∂t
⎝ ⎠
z Porcentagem média de adensamento 3D:

(1 − U) = (1 − Uv )⋅ (1 − Ur )
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¾ Adensamento radial:
2⋅Tr ch ⋅ t
− Tr =
F(re ) 2
Ur = 1 − e re
malha triangular

de rw – raio
F(re ) = F0 (re ) + Fs + Fr
do dreno

de = 1,05 . d

malha quadrada

de
rw – raio
do dreno

de = 1,13 . d
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¾ Adensamento radial:
Espaçamento “smear” resistência do dreno

F(re ) = F0 (re ) + Fs + Fr
⎛ re ⎞ 3
F0 (re ) = ln⎜⎜ ⎟⎟ − = ln(n) −
3
⎝ rw ⎠ 4 4

⎛k ⎞ ⎛r ⎞ ⎛ kh ⎞ ⎧rs – raio da zona amolgada (“smear zone”)


Fs = ⎜⎜ h − 1⎟⎟ ⋅ ln⎜⎜ s ⎟⎟ = ⎜⎜ − 1⎟⎟ ⋅ ln(ξ ) ⎨k’ – coef. de permeabilidade horizontal na zona amolgada
⎝ k 'h ⎠ ⎝ rw ⎠ ⎝ k 'h ⎠ ⎩h

2 ⋅ π ⋅ H2d k h ⎧q – capacidade de descarga vertical dos drenos


Fr = ⋅
w


3 qw ⎩
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¾ Carregamento variável no tempo:

(i) consideração do período construtivo real; (ii) adoção de sobrecarga temporária.

(i) (ii)
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¾ Adensamento Unidimensional X Adensamento Tridimensional:
• Adensamento unidimensional – largura do carregamento é grande quando comparada à espessura da
camada argilosa. Adensamento tridimensional – largura do carregamento é pequena quando comparada à
espessura da camada argilosa.
B B

H H

• SKEMPTON & BJERRUM (1957):

w 3D = μ ⋅ w 1D
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z Instrumentação de aterros sobre solos moles:

– Objetivos:

a. Acompanhar os recalques e verificar o tempo de permanência de uma


sobrecarga temporária.

b. Monitorar poropressões geradas durante a construção e a sua velocidade de


dissipação.

c. Acompanhar os efeitos dos deslocamentos horizontais provocados por um


aterro.

d. Monitorar a estabilidade da obra em casos críticos.

e. Verificar a adequação de um método construtivo.


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z Pinos de recalque, marcos superficiais, placas de recalque, referência de
nível profunda.

z Extensômetro magnético vertical.


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z Perfilômetro.

z Extensômetro magnético horizontal.


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z Inclinômetro.
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z Piezômetros (Casagrande e elétrico de corda vibrante).

Tubo
Areia
Reaterro

Selagem com
Argila bentonita

Material filtrante

Areia Ponta porosa


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