Você está na página 1de 15

Anemias hemolíticas

Fisiologia da hemácia:
• Hemácias não tem núcleo e seu metabolismo deteriora-se à medida que as enzimas são degradadas
• Sobrevida média das hemácias em indivíduos normais: 120 dias
• Haptoglobinas: são proteínas do plasma capazes de se ligar à hemoglobina. O complexo Hb-Haptoglobina é
removido do plasma pelo SRE (sistema retículo endotelial)

Hemólise intravascular:
• Desempenha pequeno papel (ou nenhum) na destruição fisiológica das hemácias
• Se a quantidade de Hb liberada em circulação excede a capacidade de ligação da haptoglobina essa Hb fica
livre e vai parar nos rins:
• A maior parte da Hb é filtrada nos glomérulos e é reabsorvida nos túbulos
• Se a capacidade de reabsorção dos túbulos é excedida, aparece hemoglobina na urina. Ou seja, quando tem
uma hemólise intravascular muito intensa, que supera a capacidade fisiológica de remoção da Hb, esse
paciente vai ter hemoglobinúria

Hemólise extravascular: é a mais habitual de se retirar as hemácias da circulação.

• Células são removidas pelo SRE


o Médula ossea ( principal local fisiológico )
o Fígado ( mais eficiente, porque o fluxo sanguíneo é maior )
o Baço ( anatomia vascular peculiar — extremamente sensível para detectar defeitos eritrocitários
mínimos )
• Catabolismo do Heme libera:
o Ferro para recirculação (ferro vai ser transportado pela transferrina plasmática e por fim vai levar o
ferro para o → eritroblasto, fechando o ciclo de reaproveitamento do Fe)
o Protoporfirina → bilirrubina (a protoporfirina vai se transformar em bilirrubina)
o Globina → aminoácidos (globinas quando é quebrada libera aminoácidos)
Fisiologia da Bilirubina
• Porfirina → desdobramento → biliverdina → bilirrubina lipossolúvel (indireta — BI )
o Enzima biliverdina redutase ( 4mg/ Kg/ dia)
• BI + albumina ( na circulação ) → hepatócitos → bilirrubina hidrossolúvel ( conjugada ou direta - BD )
o BI é elevada e se liga ao ácido glucorônico pela enzima UDP Glucoronil Transferase
• BD é lançada no intestino delgado pela bile, onde sofre oxidação pela microbiota intestinal formando:
estercobilinogênio → estercobilina → fezes → urobilinogênio que vai ser:
o Eliminado nas fezes
o Ou recirculado pela Circulação enterohepática: reabsorvido → fígado e rins → urobilina (eliminado
na urina )

Resumindo:

A porfirina que foi liberada pelo catabolismo do heme vai se desdobrar em biliverdina, que vai ser convertida
em bilirrubina lipossolúvel pela enzima biliverdina redutase. A bilirrubina lipossolúvel é chamada de indireta.
A BI se liga na albumina e vai circular, chegando nos hepatócitos, onde ela é liberada e vai ser conjugada,
então a partir disso ela passa a se chamar bilirrubina direta ( conjugada ) . A BD é clivada e se liga ao ácido
glucorônico pela enzima UDP Glucoronil Transferase. A BD então é lançada no intestino delgado pela bile,
onde sofre oxidação pela microbiota intestinal, formando estercobilinogênio, estercobilina e a seguir é
liberado nas fezes na forma de urobilinogênio. Isso pode ser eliminado ou pode ser recirculado, que seria a
circulação entrerohepática, onde você reabosrve o urobilinogênio, ele é transportado pro fígado e rins e vai
liberar urobilina na urina.

Definições:
• Hemólise: aumento no ritmo normal de destruição das hemácias
o MO responde se expandindo, e é capaz de aumentar o ritmo de produção em 6-8x. Isso significa
que:
▪ Hemólise pode não ser detectada até que sobrevida eritrocitária seja menor que 30 dias
▪ Esse processo é acom panhado por reticulocitose ( que é proporcional ao grau de anemia )
• Anemias hemofílicas compreendem um grupo de doenças onde a sobrevida das hemácias em circulação
está acentuadamente reduzida e a medula óssea não é capaz de compensar, mesmo aumentando sua
produção
• Facilmente identificadas, porque os pacientes apresentam:
o Anemia
o Sinais clínicos e laboratoriais de:
- aumento do catabolismo de Hb ( heme )
- aumento da produção de hemácias

Fisiopatologia — Quadro clínico


• Aumento do catabolismo do heme:
o Bilirrubina aumenta: frequentemente ( mas não invariavelmente) acompanha de:
▪ Aumento da BI no plasma, que se manisfestante clinicamente como:
- icterícia
- BI não é excretada na urina, não há endurecimento da urina ( por isso uma icterícia
acolúrica )
o Grande quantidade de urobilinogênio excretada diariamente —> aumento da formação de cálculos
biliares, podendo se ter casos de icterícia obstrutiva, com aumento da BD
▪ Anemias hemolíticas hereditárias: 30 a 60% terão cálculos biliares, mas apenas 10 a 15%
apresentarão sintomas. Por isso, faz parte do paciente com anemia hemolítica, checar e
fazer USG do abdome para checar se está fazendo cálculos biliares e remove-los se for
necessário.
o Crises intermitentes de icterícia obstrutiva, com aumento da BD e exceção de pigmentos biliares na
urina ( icterícia colúrica )
o Excessiva destruição de eritrócitos no sistema fagocitário quase invariavelmente conduz a
hiperplasia celular e a esplenomegalia e, também, ocasionalmente, à hepatomegalia
▪ Esferocitose hereditária: Hm são destruidas no baço, o fígado não é capaz de detectar o
defeito ( esplenectomia é terapêutica eficaz )
▪ Anemia falciforme: Hm são suficientemente deformadas para serem detectadas pelo fígado
• Compensação da medula óssea:
o Sobrevida das hemácias pode cair de 120 dias para 20 dias ( 1/6 do normal ) com MO respondendo
— nessas situações denomina-se hemólise compensada
o Quando a MO não consegue mais compensar aparece a anemia
o Medula óssea
▪ Série eritroide:
- Ebl chegam a + 60% ( VR < 20% das células da MO )
- relação G:E passa de (4 - 5: 1) para (1:1), podendo mesmo inverter-se
- produção na anemia hemolítica pode atingir 6-7x o normal ( aumento no reticulócito )
▪ Expande seu volume ( hiperplasia intensa), ocupando áreas que normalmente conteriam MO
inativa ( MO gordurosa )
- Anemias hemolíticas de evolução crônica: alterações do esqueleto pode manifestar
alterações importantes, particularmente evidentes na talassemia b-homozigótica, visíveis
nas radiografias dos ossos.

Investigação Diagnóstica
• Sinais de aumento da destruição eritroide:
o Aumento de bilirrubina indireta
o Aumento do urobilinogênio urinário
o Haptoglobina reduzidas ( ou ausentes ) — ficam saturadas de Hb e são retiradas da circulação
o DHL aumentado
• Sinais de aumento da produção eritroide:
o Reticulocitose
o Hiperplasia eritoide (MO), relação G:E diminuiu ou inverte
• Sinais de danos nos eritrócitos
o Morfologia (microesferócitos, eliptócitos, fragmentos )
• Investigação etimológica específica

Etiologia
Hereditárias
Adquiridas

Em geral, os mecanismo que levam à hemólise podem ser sintetizados em ( embora a causa exata seja obscura ou
incompletamente estabelecida em muitas anemias hemofílicas):

• Anormalidades das hemácias


o De membrana
o Da hemoglobina
o Das enzimas eritrocitárias
• Fatores extrínsecos às hemácias:
o Imunes: auto; alo
o Não imunes:
▪ mecânicos ( micro e macroangiopáticos )
▪ infecção ( malária )
▪ agentes fisico-químicos ( oxidantes — dapsona, não oxidantes — chumbo, efeito osmótico
— queimaduras )
▪ hiperesplenismo

ANEMIAS HEMOLITICAS HEREDIÁTIRAS

• Deficiências enzimáticas
o Deficiência de G6PD
o Deficiência de piruvato quinase
• Componentes da membrana celular
o Esferocitose hereditária
o Eliptocitose hereditária
o Estomatocitose hereditária
• Hemoglobinopatias
o Doença falciforme
o Alfa talassemia
o Beta talassemia

DOENÇA FALCIFORME

Histórico:

• Decorrente de uma mutação dos genes há milhares de anos, pp, no continente africano
o Três mutações independentes: grupo linguístico Bantu e os grupos étnicos Benin e Senegal.
• Hipótese: resposta à agressão sobre os glóbulos vermelhos pelo Plasmodium falciparum ( malária )
o Milenarmente, a prevalência da malária é alta nessas regiões
o Portadores do traço falciforme — certa resistência a essa doença
▪ As pessoas com anemia falciforme não são resistentes a malária
• Antropologia genética: estimam 70.000 a 150.000 anos passados, ou seja, 3.000 a 6.000 gerações
• Nas regiões da África, onde se deram as mutações, o gene HbS tem prevalência que varia de 30 a 40%
• Também ocorreu mutação do gene HbS: na península árabe, centro da índia e norte da Grécia.

Epidemiologia:
Segundo o programa nacional de Triagem Neonatal (PNTN), do MS:
• Nascem no Brasil 3 - 500 crianças por ano com DF e 200.000 com traço falciforme
• Estima-se que 7.200.00 pessoas sejam portadoras do traço falcêmico (HbAS) e entre 25.000 a 30.000 com
DF.

No Brasil:
• Cerca de 0,1% a 0,3% da população negra é afetada pela doença
• 78,6% dos óbitos devidos à DF ocorreram até os 29 anos de idade e 37,5% concentraram-se nos menores de
9 anos
• A elevada letalidade, que abrande especialmente, reflete a gravidade da doença

Fisiologia da Hemácia:

• Hemácia contém Hemoglobina, e


a Hb é comporta por tetrâmero de
duas alfa globinas e duas beta
globinas formando a Hb A1
• Hemoglobina fetal: capaz de captar o O2
na placenta (em baixas concentrações)

Hemoglobina S: é resultado da mutação no gene beta globina de GAG para GTG onde uma adenina é trocada por
uma timina e com isso ocorre a substituição do ácido glutâmico por valina na sexta posição da cadeia beta da
globina. (está presenta nas células falciformes)

• Nas células falciformes ocorre a formação de um tetrâmero que é pobremente solúvel quando oxigenado.
o Em presença de baixa tensão de O2, ocorre a polimerização da HbS em que se tem a transformação
da clássica forma do eritrócito de bicôncavo para a de uma foice
o Sobrevida muito curta de 16 a 20 dias (normal são 120 dias)
• Nas células falciformes com a polimerização da HbS, tem se mudanças na estrutura e função da membrana
do eritrócito, que vai então ter formato de foice, aumentar sua densidade, reduzir sua deformabilidade, ter
o aumento da aderência ao endotélio vascular, desregular a vasoatividade e gerar inflamação
• A hemoglobina S está diretamente associada a fenômenos vasoclusivos que são representados clinicamente
por dor aguda e crônica, e isquemia ou infarto tecidual.
• As células falciformes após serem repetidamente submetidas a afoiçamento na microcirculação, a célula
pode perder a capacidade de retornas a sua forma discoide bicôncava normal.

Quadro clínico:

• Anemia, associada a crises intensas de dor nas costas, pernas e nos braços
• Se não tratada adequadamente, pode evoluir com disfunção de vários órgãos

Diagnóstico:

• Anemia hemolítica:
o Hemograma: Hb baixa e drepanócitos
o Reticulócito aumentado
o DHL aumentado
o Bilirrubina indireta aumentada
o Hepatoglobina baixa
• Se deficiência de ácido fólico: macrocitose
• Diagnóstico pré-natal: testes de DNA ( vilo coriônico )
• Diagnóstico após nascimento:
o Teste do pezinho ( triagem )
o Eletroforese de hemoglobina

❖ Doença falciforme é definida como um Grupo de doenças hereditárias caracterizado pela presença de HbS
• Homozigose para HbS ( HbSS ) – Doença falciforme clássica
• Dupla heterozigose ( associações entre HbS comodoros genes ):
o HbS + HbC = HbSC
o talassemia alfa ( HbS/alfa-tal)
o talassemia beta (HbS/beta-tal, HbS/ Beta+-tal )
o Traço falciforme (HbAS ) — carreador da mutação da Hb falcêmica sem a doença
Complicações:

• É nas complicações que estão as principais


manifestações clinicas da anemia falciforme.
• O eritrócito contendo hemoglobina S,
principalmente quando submetido a situações de
isquemia e estresse, ele vai se falcisar nas regiões
onde ele está sendo submetido a uma menor
tensão de oxigênio. Com isso pode haver a
formação de microtrombos com hipóxia, infarto,
necrose de órgãos vitais e isso pode levar a dor
aguda, hipoesplenismo, autoesplemectomia,
osteonecrose, nefropatia, síndrome torácica
aguda.
• Essa hemácia vai levando também a uma
vasculopatia, a uma lesão endolelial, que estão
associados à uma hipercoagubilidade e aos fenômenos inflamatórios. E além de tudo, essa hemácia tem uma meia
vida reduzida, o que aumenta a BD, aumenta a possibilidade de fazer cálculos biliares e icterícia obstrutiva. E além
disso pode haver liberação de Hb livre no plasma, que pode levar a aumento de alguns elementos como oxido
nítrico, relacionado a patogênese das alterações pulmonares crônicas, das úlceras e da doença cérebro-vascular
• As complicações podem ser classificadas em agudas e crônicas

Complicações Agudas:

• Infecções
• Anemia grave
• Fenômenos vasoclusivos

Infecções
Causas:
• Infarto esplênico → (principal causa fisiopatológica) acontece progressivamente → hipoesplenismo ou
asplenia funcional precoce → aumenta o risco de infecção por encapsulados
o Hipoesplenismo desenvolve-se nos primeiros meses ou anos de vida (muito raro que um paciente
com mais de 5 anos com anemia falciforme tenha um baço palpável ou funcionando normalmente)
• Reduzida perfusão tecidual
• Presença de cateter permanente (transfusão crônica)
• Hipoventilação

Sítios comuns e agentes etnológicos:


• Bacteremia
o Encapsulados, principalmente S. pneumoniae, H.influenzae
o Outros (E.coli, S.aureus, Salmonella )
• Meningite
o Encapsulados: S.pneumoniae, H.influenzae
• Infecções pulmonares ( pneumonia, STA )
o Mycoplasma pneumonia’s, Chlamydia pneumoniae, Legionella, vírus respiratórios.

Quadro clínico:
• Febre e leucocitose
• Meningite: cefaleia, meningismo, convulsões
• STA: dor torácica, tosse, chiado, hipoxemia, dispneia, taquipneia
• Pancitopenia ( supressão da MO )
Tratamento: ATB conforme etiologia

Prevenção:
• Penicilina profilática de rotina durante infância precoce
• Vacinação contra penumocooco e H.influenzae

Anemia Aguda — crise aplástica

• Queda aguda na Hb devido a impedimento transitório da eritropoese:


o Redução abrupta dos precursores eritroides na MO
o Número bastante reduzido de reticulócitos no sangue periférico ( < 1%)
• Causada por infecção, principalmente parvovírus B19 —> invade especificadamente progenitores eritroides
o Outros: S pneumoniae, Salmonella, Epstein- Barr vírus.

Tratamento:

• Pacientes tem a eritropoese restaurada em 2-14 dias


• Transfusão de concentrado de hemácias

Anemia aguda — crise de sequestro esplênico

• Caracterizada por
o Queda aguda na Hb
o Vasoclusão esplênica e agrupamento esplênico de hemácias
o Grande % volume sanguíneo sequestrado pelo baço
o Choque hipovolêmico e morte (compromete a capacidade do corpo de manter a pressão)
• Ocorre em indivíduos cujos baços ainda não sofreram autoesplenectomia natural da anemia falciforme

Quadro clinico:

• Rápido aumento do baço


• Redução acentuada da Hb ( > 2g/dL )
• Mantém reticulocitose
• Trombocitopenia

Tratamento:

• Hidratação venosa (reduzir a vasooclusao)


• Transfusão de CH
• Esplenectomia após 1 evento = prevenir
recorrência

Quadro de uma criança com anemia falciforme com


baço palpável e queda da Hb de forma aguda. A
gente vê a tomografia mostrando o aumento do
baço

Anemia aguda — crise hiperhemolítica:

• Súbita exacerbação da hemólise


o Piora da anemia ( apesar da produção de reticulócitos )
• Causa/mecanismos desconhecidos, mas sugere-se:
o Crise de sequestro esplênico oculto OU crise de anemia aplástica detectada durante o período de
recuperação OU em pacientes politransfundidos tem reação transfucional hemolítica tardia ( células
transfundidas e do paciente são hemolisadas )
• Os pacientes comumente apresentam uma anemia que ocorre dentro de um período de 5 a 7 dias depois de
um episódio transfusionais com piora nos valores de Hb ao invés de haver uma melhora esperada pela
quantidade de concentrado de hemácia feito.

Tratamento: transfusão com sangue compatível, Ig+ corticosteroide IV

Fenômenos vasoclusivos — dor vasoclusiva

• Episódios dolorosos agudos: frequentes e intensos em 1/3 dos pacientes


• Frequentemente estão presentes:
o STA ( síndrome torácica aguda )
o Falência aguda de múltiplos órgãos
o Morte súbita
o Abdome agudo cirúrgico ( p.ex.colecistite )
o Necrose papilar aguda
o Crise de sequestro esplênico agudo

Fenômenos vasoclusivos — AVC

• AVE, AIT e infartos cerebrais silenciosos


o Déficit neurocognitivo
o AVE hemorrágico: mais comum em adultos
o AVE isquêmico: mais comum em crianças e adolescentes
• Prevenção primária
o Estratificação de risco com Doppler transcraniano
o Sob risco: transfusão profilática crônica
• Prevenção secundária
o Transfusão crônica — prevenir AVE recorrente - preferível transfusão de troca

Fenômenos vasoclusivos — Síndrome torácica aguda:

• Ocorre em metade dos pacientes com anemia falciforme


• Uma das principais causas de hospitalização
• Maior causa de mortalidade
• Etiologia multifatorial: infecção, vasoclusão, hipovetilação, atelectasia, trombose ou tromboembolismo,
embolia gordurosa ( infarto da MO )
• Associada com doença reativa das vias aéreas ( asma ) e pode levar a hipertensão pulmonar

Quadro clinico-radiológico:
• Febre
• Dor torácica
• Hipoxemia
• Chiado
• Tosse
• Dispneia
• Infiltração pulmonar
Para definir que é uma síndrome torácica aguda, segundo a OMS é necessário que a dor torácica esteja
associada a um dos seguintes sintomas:
• Infiltrado pulmonar novo
• Febre ≥ 37,5 °C
• Taquipneia
• Sibilos pulmonares
• Tosse

Tratamento:

• Analgesia
• O2
• Espirometria
• Broncodilatadores
• ATB
• Transfusão

Prevenção/ redução do risco:

• ATB profilático
• Imunizações
• Hidroxiureia
• Transfusão se STA de repetição apesar de terapia com hidroxiureia
• Considerar transplante de células hematopoiéticas

Fenômenos vasoclusivos — complicações renais

• 1/5 dos pacientes desenvolvem insuficiência renal


• Incluem:
o Infarto renal, necrose papilar e colica renal
o Hematúria indolor devido a infarto renal
o Defeito na concentração urinária/ hipostenúria = superestima TFG
o HAS
o Toxicidade medicamentosa
• Manejo:
o Evitar medicamentos neurotóxicos ( AINES ) e diuréticos
o Mantem adequada hidratação

Fenômenos vasoclusivos — complicaçoes ósseas

Dactilite:

• Dor vasoclusiva nos pequenos ossos das mãos e pés


• Dor pode ser intensa
• Rx tipicamente não mostra alterações
• Importante distinguir dactilite e dor vasoclusiva de osteomielite
• Manejo: hidratação, analgésicos, compressa quente, iniciar hidroxiureia

Osteoporose:

- Acontece porque a anemia hemolítica crônica:

• Leva aumento compensatorio da atividade eritropoética


o Extensão da MO hematopoético
o Mudanças ósseas:
▪ Alargamento do espaço medular
▪ Afinamento trabecular e cortical
▪ Crânio em torre
▪ Deformidades vertebrais
• Manejo:
o Avaliação com densitometria óssea
o Reposição da vit.D e calcio

Osteomielite:

• Em geral são afetados ossos longos


• Infecção do osso infartado pp por Salmonella
• Necrose óssea avascular:
o = Osteonecrose, necrose isquemia ou necrose asséptica
o Resulta de infarto do osso trabecular
o Cabeça femoral e umeral. (Achatamento que acaba resultando em uma área de necrose)
• Lembrar que na doença falciforme os pacientes que apresentam neurose asséptica de cabeça de fêmur
devem ser testado se tem a HbS associado com outra condição, como SC que é a mais comum

Fenômenos vasoclusivos — complicações cardíacas

• Cardiomiopatia e ICC ( disfunção diastólica de VE )


• Fatores contribuintes:
o Hipertensão pulmonar
o Anemia crônica com aumento do débito cardíaco
o Dilatação do VE
o HAS
o Sobrecarga transfusional de ferro
• IAM
o Apesar da ausência de lesões ateroscleróticas ou obstrutivas
o Reflete aumento da demanda de O2 ( excedendo a capacidade de carreamento do O2 ) e
microvasculatura miocárdica anormal
• Arritmia:
o Anormalidades de condução: prolongamento do QT; arritmia ventricular; BAV de 1° grau
• Morte súbita:
o Combinação de: disfunção cardiopulmonar, embolia gordurosa pulmonar, hipertensão pulmonar
súbita, crise de sequestro aguda e hemorragia intracraniana

Fenômenos vasoclusivos — priapismo:

• Ereção involuntária com duraçao maior que 2-4 horas


• Fisiopatologia: persistente obstrução do retorno venoso, que leva a isquemia
o Estase = hipóxia = acidose do sangue venoso = falcização de Hm
o Episódios prolongados podem levar a necrose tecidual, fibrose e disfunção erétil
• Considerada urgência medica e requer atenção imediata

Tratamento: hidratação venosa, analgesia parenteral e avaliação urológica ( aspiração e irrigação do corpo
carvenoso )
Fenômenos vasoclusivos — tromboembolismo venoso

• Doença falciforme é considerada um estado de hipercoagubilidade, com aumento do risco de TEV


• Profilaxia: heparinização profilática em pacientes internados

Complicações crônicas:

• Dor ( decorrente de lesão óssea ou articular, ulcera crônica de perna, hiperalgesia e sensibilização central )
• Anemia ( hemólise crônica, deficiencia de folato )
• Cálculos biliares pigmentados ( anemia hemolítica crônica - podem evoluir como icterícia obstrutiva )
• Úlcera crônica de perna: vasoclusão na pele após trauma (sítios típicos: maléolos medial e lateral ).
Manifestações: dor importante, incapacidade física
• Retinopatia: oclusão e isquemia da artéria retiniana
• Outras: aloimunização

MENJO DO PACIENTE
Transfusão
• Pesar riscos e benefícios
o Reações transfusionais
o Infecções virais
o Sobrecarga de Fe ( cirrose relacionada a hemossiderose),
o Aloimunizações

Tipos de transfusão:

• Transfusão simples:
o Sem remoção do sangue do paciente
o Risco de sd. De hiperviscosidade se Hb:
▪ Hb > 10 g/dL
▪ HbS > 50% do total de Hb
• Transfusão de troca:
o Associação com remoção do sangue do paciente ( manualmente ou via aférese )
o Pode reduzir significativamente os níveis de HbS para < 30% do total de Hb
• Transfusão terapêutica: em complicações que ameaçam à vida
o Anemia sintomática aguda ( insuficiência cardíaca, dispneia, hipotensão, fadiga importante )
o AVE agudo
o Síndrome torácica aguda
o Falência aguda de múltiplos órgãos
o Crise aplástica
o Sequestro esplênico ou hepático
• Transfusão profilática:
o Reduz incidência de complicações especificas

-INDICAÇÕES:
o Risco de AVE
▪ Profilaxia primária: screening com doppler transcraniano = se velocidade de fluxo anormal =
transfusão profilática regularmente
▪ Profilaxia secundária: depois do episódio de AVE – transfusão de troca crônica (objetivo:
redução da HbS a < 30% do total de Hb e manter Hb total > 9g/dL )
▪ Episódios de STA de Repetição apesar da terapia com hidroxiureia
• Objetivo: reduzir HbS para menos de 30%
▪ Priapismo recorrente
▪ Preparação para cirurgia:
• Objetivo: hB 10g/ dL = reduz incidência de eventos vasoclusivos no pós-operatório

Manejo da dor ( AINE, opioides )

Profilaxia de trombose

Prevenção de complicações

• Hidroxiureia: quimioterápico
o Indicação: prevenir episodios venoclusivos ( dor, STA, hospitalizações )
o Mecanismo de ação
▪ Atua na inibição da enzima ribonucleotídeo redutase
▪ Aumento da produção de HbF
▪ Aumenta hidratação do globulo vermelho
▪ Aumenta Hb
▪ Diminuição da hemólise
▪ Maior produção de óxido nítrico
▪ Diminuição da expressão de moléculas de adesão
o Também:
▪ Melhora leucometria e reticulocitose
▪ Melhora DHL
▪ Melhora qualidade de vida
o Risco de toxicidade hematológica
o Critérios de uso MS, 2018:
▪ Eletroforese Hb compatível: Hb SS, SC, SD ou SBetaTal*.
▪ Idade ≥ 2 anos (ou ≥ 9 meses**);
▪ Possibilidade de comparecer às reavaliações
periódicas;
▪ Beta-HCG negativo (mulheres em idade
reprodutiva); e
▪ Pelo menos 1 das complicações abaixo nos últimos
12 meses:
• ≥ 3x crises vasoclusivas #;
• 2x STA
• 1 episodio de: priapismo grave ou
priapismo recorrente; necrose isquêmica óssea; insuficiência renal; poteinúria de
24h ≥ 1g; anemia grave e persistente (Hb<6 g/dL em 3x em 3 meses)
• DHL ≥ 2x limite crianças/ adolescentes ou ≥ 3x limite no adulto
• Eco-Doppler TC > de 160 e até 200 cm/s
• Retinopatia proliferativa
• Quaisquer situações de comprovação de lesão crônica de órgão(s)
o Deve ser feita pelo método HPLC feito na de triagem neonatal, confirmar por IEF e reportar os dois
resultados
Prognóstico e perspectivas:

• Acesso a cuidados abrangentes melhorou dramaticamente o prognóstico (principal causa de morte


mudando de infecções para danos progressivos aos órgãos alvo).
• Cuidados abrangentes inclui:
o Triagem neonatal
o Imunização
o Antibióticos
o Hidroxiureia
o Prevenção e tratamento mais rápidos de complicações da doença

Perspectivas

Você também pode gostar