Você está na página 1de 6

Débora Cristina Ildêncio

PORTFÓLIO

Trabalho apresentado ao
Instituto Alpha - FACEC para a
disciplina de Avaliação
Final) F

Prof. Ms. Marcos Martins Araújo

TURMA DE REGÊNCIA 2021/2


Música: Sinfonia Nº 40 in G minor, K.550

Compositor: Wolfgang Amadeus Mozart.

INTRODUÇÃO

É fundamental que o bom regente seja capaz de interpretar os detalhes de uma


partitura e caso necessário utilizar ferramentas para um melhor aproveitamento e
compreensão desta obra. Segundo MORAES1 (2021) “O trabalho do regente começa
na escrivaninha”, por isso, é basilar que o seu preparo alcance o domínio pleno para
que haja um aprofundamento e compreensão desses aspectos do repertório a ser
executado.

Esta compreensão vai muito além da sua execução, da singularidade ou até


mesmo de sua complexidade. É necessário entender e analisar todo este discurso
musical, por isso, uma avaliação mais intimista, saindo da superficialidade de ouvinte
e é sem dúvida um bom início para abrir novas perspectivas. Segundo Carvalho,
citado por FARIAS (2021, p.7) “o bom regente é aquele que é capaz de ouvir com os
olhos e ler com os ouvidos”. O ato vai além de ler uma partitura, é também necessário
ouvir como soa, enxergando assim, além do que está escrito, além da matemática e
de sua primeira “aparência”.

Num segundo momento o treino é fundamental para uma execução precisa das
técnicas e em terceiro lugar a sua aplicação. Ao executar a obra uma história e todas
suas intenções precisam ser contadas, todos fazem parte dessa fala e para isso é
importante facilitar o ensaio e a compreensão do que é esperado, por isso, segundo
ARAÚJO 2 (2022) as sugestões de andamento, interpretação, dinâmica, curvas
fraseológicas são cruciais serem indicadas assim

1
Fala do Maestro Thiago Morais na Disciplina de Prática de Regência (1) Regência Coral
2
Fala do Maestro Marcos Martins Araújo na Disciplina Prática de Regência IV Preparação de repertório de
Avaliação.
que a obra é entregue para que os chefes de naipe possam fazer um trabalho
facilitador e o resultado esperado possa acontecer.

ANÁLISE DA OBRA A SER EXECUTADA

1º Movimento: Allegro Molto

Com apelo narrativo dramático, transformações, elementos de ligação entre os


temas, conflitos e conclusões a obra de Mozart traduz em sua plenitude as
características primordiais de uma Sonata. O tema principal em Gm apresenta logo
no início características bem modernas para época, é possível observar que já de
início é revelado a referência harmônica e o acompanhamento rítmico que é
executado pelos violoncelos, violas e contrabaixos antes mesmo da melodia ser
executada pelos violinos.

Um detalhe importante é que logo após a estabilização deste tema principal em


sua segunda execução os oboés sustentam as notas criando a apresentação de um
segundo tema, com uma função modulante de Gm para o seu tom relativo (Bb)
adequando-o para esta segunda cena.

O compasso inteiro em seguida apresentado por pausas cria no ouvinte uma


grande expectativa do que está por vir e convida um novo personagem a entrar em
cena. Este novo momento apresentado é iniciado pelas cordas continuando o
discurso musical apresentado pelos sopros e voltando de uma forma “brincalhona”
para as cordas, promovendo assim, uma interação entre esses instrumentos, algo
bem comum para o período em que esta obra foi composta (1788).

Outra característica deste trecho é a utilização frequente de frases


propositalmente indecisas causadas diretamente pelos cromatismos apresentados e
que chamam mesmo que indiretamente o tema inicial da obra. Em seguida uma escala
descendente é feita pelas flautas e fagotes, onde instantaneamente é iniciado de fato
a memória do primeiro tema, que de uma certa forma já rondava este segundo
personagem, chegando nesse ponto a anunciação da finalização da primeira seção,
o que podemos chamar de exposição dos temas.
Após este momento, outros elementos composicionais são apresentados,
como contraponto, ritmo e harmonia, trazendo para essa nova seção mais ousadia.
Esse momento é importante notar a utilização de fragmentos novamente do tema
principal, e é justamente quando aparece pela primeira vez desta maneira o solo de
fagote mostrando que não se trata de uma repetição ipsis litteris, mostrando que de
fato seu objetivo é a reexposição do tema, onde aparecem neste momento sutilmente
modificados.

O segundo tema aparece então mais grave e alterado para o modo menor,
dando agora uma certa “uniformidade” para a trama, algo que parece que ela está no
caminho para seu trajeto final que inclusive é aparentemente previsível. Mas é
precisamos lembrar que Mozart não é um compositor previsível, então toda essa parte
inicial é executada novamente com essas características mantidas, outro detalhe
importante é que os temas aparecem independentes, com suas características de
padrões e figuras sonoras como total apelo narrativo dramático, trazendo em sua obra
uma história completa, mas que só entendemos de fato e sendo revelado a nós após
os quatro movimentos.

PARTE PRÁTICA - ENSAIOS

Imaginando que teremos apenas quatro ensaios para a execução da obra e


que se trata de uma orquestra um pouco mais experiente, os encontros acontecerão
da seguinte maneira:

Primeiro Ensaio

A obra já analisada foi devidamente enviada para os músicos da orquestra,


para um contato prévio. O primeiro ensaio, acontecerá com a divisão de naipes:
Sopros e Cordas.

Para um melhor alinhamento e aproveitamento, os naipes serão


desmembrados em grupos menores onde respectivamente cada instrumento irá atuar.
Por exemplo: I Violinos estarão juntos tocando a peça, e em outra sala os II Violinos,
e assim respectivamente com todos os grupos. Enquanto isso, os
spallas, ajustarão pequenas particularidades dentro de cada naipe como: direção de
arco, arcadas, digitação, posição dos dedilhados e afins e passarão as informações
para os demais do grupo. Para que os resultados sonoros e interpretativos, além de
nuances e timbres sejam devidamente ajustados.

Enquanto isso, eu como regente, acompanharei de perto cada naipe


auxiliando, analisando e fazendo pontuações caso seja necessário para que
possamos juntos chegar ao resultado esperado.

Segundo Ensaio

Juntaremos todo o naipe de cordas em uma sala para ensaiarmos o repertório,


enquanto outra sala acontece o ensaio dos instrumentos de sopro. Novamente com
auxílio dos spallas é hora de trabalharmos os ajustes finos para uma sincronização
maior para que nos próximos ensaios possamos executar todo o movimento
pretendido com clareza e confiança.

Terceiro Ensaio: Tutti

O Terceiro Ensaio é o primeiro de dois ensaios com todos os músicos que


acontecerão para a execução da obra proposta. É hora de entendermos todo o
discurso musical e seu desenvolvimento de uma forma mais ampla. Como as técnicas
de execução de cada naipe já definidos nos ensaios anteriores, este é o primeiro
ensaio geral. Vale ressaltar, que até este momento a obra será executada ainda com
o andamento um pouco mais lento para que as correções e ajustes necessários sejam
feitos. Por exemplo: se em um determinado momento os II violinos apresentem
problemas a orquestra deverá ser parada para que possamos fazer a correção destes
violinos e especificamente o trecho onde será necessário realizar as correções para
que possamos lapidar os possíveis problemas. Vale ressaltar que as expressões e
intensidades desejadas ainda não foram abordadas neste ensaio.
Quarto Ensaio: Final

O quarto e último ensaio é de fato para dar os acabamentos, trazendo principalmente


as expressões e intensões desejadas, trabalhando principalmente a dinâmica e as
interpretações para a execução da obra. Neste momento o andamento executado e
todas as informações de dinâmica e demais questões interpretativas devem seguir a
descrição proposta na partitura. Assim, ficando pronto para apresentação!

REFERÊNCIA

FARIAS, Roberto. A Arte da Regência. Instituto ALPHA- FACEC. Pós-Graduação em Regência. 2021.

ARAÚJO, Marcos Martins. Preparação de Repertório. Instituto Alpha – FACEC. Pós-Graduação em


Regência. 2022.

Você também pode gostar