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Estevão Morais
Francisco Machai
Inácio Mesa
Jone Cavala
Universidade Rovuma
Nampula
2021
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Estevão Morais
Francisco Machai
Inácio Mesa
Jone Cavala
Universidade Rovuma
Nampula
2021
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Índice Pág.
1. Introdução........................................................................................................................ 4
2. Sistema Internacional de Educação……………………………………………………. 5
3. Comparação Internacional dos sistemas de educação Vocacional…………………….. 5
3.1.Portugal………………………………………………………………………………... 5
3.2.Austrália……………………………………………………………………………….. 6
3.3.Canadá…………………………………………………………………………………. 7
3.4.Coreia do Sul…………………………………………………………………………... 9
4. Possibilidades do Sistema Internacional de Educação………………………………… 12
4.1.O potencial da Educação Profissional e Tecnológica…………………………………. 12
4.2.Alinhar a oferta de cursos às demandas do sector produtivo…………………………. 13
4.3.Apoiar a implementação do itinerário da Formação Técnica e Profissional no Ensino
Médio…………………………………………………………………………………..
13
4.4.Alavancar o reconhecimento social e económico da formação técnica e profissional... 13
4.5.Integrar dados e estatísticas para subsidiar planeamento e gestão da Educação
Profissional e Tecnológica……………………………………………………………..
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5. Particularidades da Educação Vocacional na Região da SADC………………………. 14
5.1.Inclusão de pessoas com deficiência na educação…………………………………….. 14
6. Reflexão Sobre UNESCO-UNEVOC…………………………………………………. 15
7. Conclusão……………………………………………………………………………… 18
8. Referências bibliográficas............................................................................................... 19
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1. Introdução
Um sistema nacional de educação é um dos investimentos de longo prazo que mais influencia o
desenvolvimento de uma nação, pois é ele que garante a criação de uma massa crítica nacional,
reforçando os valores da cidadania consciente e, consequentemente, a capacidade de intervenção
responsável do indivíduo e da colectividade na busca do desenvolvimento sociocultural,
económico e da sustentabilidade ambiental. O sistema de educação determina também a relação
que surge entre o cidadão e o Governo, dando espaço a um debate à volta das questões políticas
numa busca comum pelas soluções dos problemas que o País enfrenta ou, pelo contrário,
conduzindo para uma situação em que o cidadão se mantém silencioso perante o seu Governo,
nutrindo frustração e revolta. Falar, por isso, de um sistema nacional de educação é falar também
de poder ou da ausência do mesmo, em particular quando o sistema educativo não responde à sua
função essencial que é a de aumentar a capacidade de intervenção dos seus cidadãos. Esta
capacidade só poderá ser potenciada se o sistema educativo aumentar o conhecimento na
sociedade, aumentar a capacidade de compreensão e reflexão dos cidadãos, o reforço de valores
de cidadania, e a criação de uma cultura que promove a competência, e a utilização do saber e da
sabedoria no seio da sociedade.
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3.2. Austrália
Na Austrália, a necessidade de um sistema nacional de qualificação e formação profissional
surge em função das mudanças ocorridas na economia na década de 80, exigindo trabalhadores
com capacidade de mobilidade e adaptação à nova realidade, tendo por base normas de
competência. Nesse sentido, a criação de um marco nacional de qualificações serviu como uma
referência a empresas e trabalhadores para uma educação ao longo da vida e uma adequação
entre demanda e oferta e escolha das carreiras (AUSTRÁLIA, 1995). O Sistema Nacional de
Competências foi adoptado em 1989, inspirado na experiência britânica, porém com
características próprias, pois, no caso da Austrália, mais do que uma determinação
governamental, houve uma participação e negociação entre os agentes envolvidos: governo,
empresários e sindicatos. Foram estabelecidos três tipos de normas: as intersectoriais, as
específicas de um sector e as normas por empresa. Sete competências-chave foram identificadas
e consideradas comuns à força de trabalho:
Existe dificuldade na compreensão, por parte de muitos gestores, das implicações das mudanças
para uma gestão por competências, o que não é automático. Ocorre dificuldade de alinhamento
de todos os sectores com os objectivos da reforma educacional para evitar contradições, na
medida em que se lida com diferentes sectores e necessidades, com diferentes níveis de absorção.
As regulamentações que asseguram a qualidade também podem dificultar a inovação. Trata-se de
uma tensão presente em qualquer processo em desenvolvimento. Nesse sentido, as normas
devem ser suficientemente flexíveis para permitir a absorção das inovações inerentes, inclusive,
ao próprio paradigma social para o qual as modificações vêm sendo feitas.
3.3. Canadá
No Canadá, a exemplo dos demais países analisados, a reforma educativa em geral e da educação
profissional e vocacional, em particular, parte do pressuposto de que a tendência da educação
profissional é favorecer o domínio do conhecimento, nessa transição da era industrial para a era
da informação. Entretanto, o Canadá tem uma característica diferenciada em relação aos demais
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países estudados e que marca profundamente a sua reforma: a educação é uma responsabilidade
provincial, e esse nível de descentralização tem acarretado um conjunto de problemas no que se
refere ao reconhecimento das diversas formas de aprendizagem e, por consequência, à
mobilidade dos trabalhadores, restringindo o seu potencial de desenvolvimento profissional e
económico. A solução para esse problema, qual seja o reconhecimento das diferentes formas de
aprendizagem, converteu-se, assim, no eixo central de grande parte das políticas e esforços
desenvolvidos nos últimos anos em matéria de desenvolvimento profissional dos trabalhadores,
com repercussões nos sistemas de educação e formação profissional, bem como no âmbito da
produtividade (CANADÁ, 2004). No Canadá, um dos problemas centrais na discussão sobre a
necessidade de reforma diz respeito às aprendizagens informais, ou seja, aquelas que não são
reconhecidas por um diploma ou certificado, e que estão relacionadas a um grupo de
trabalhadores que dedicam uma parte do seu tempo ao desenvolvimento de actividades de
aprendizagem, vinculadas com sua situação de trabalho (SOUSA, 2002).
No entanto, as empresas preferem reconhecer formações do tipo formal. Fazem parte desse
grupo trabalhadores autónomos, trabalhadores em sectores da pequena e média empresa, pessoas
mais velhas e com nível educacional mais baixo. Essa dificuldade tem sido enfrentada nas
reformas de diferentes países, com o crescente reconhecimento do saber tácito, ou do saber
adquirido e através de reformas curriculares, onde a formação no contexto de trabalho passa a se
constituir num componente da formação geral e profissional. Com relação à aprendizagem
formal, o problema reside, de um lado, na grande mobilidade do mercado de trabalho canadense
e, de outro, nos problemas colocados à “livre circulação”, dos trabalhadores, pela inexistência de
sistemas de reconhecimento eficientes e eficazes que estimulem o aprendizado permanente, mas
que evitem duplicidades entre os distintos sistemas de reconhecimento e de formação existentes
no território canadense. Como se pode perceber, o grande desafio colocado para a reforma
canadense é a superação das barreiras existentes no reconhecimento das qualificações e que
quebra o princípio da flexibilidade e da permeabilidade do sistema, que tem caracterizado as
reformas em âmbito mundial. Ou seja, os trabalhadores canadenses têm dificuldade para
transferir suas competências a outro território diferente daquele onde obtiveram sua certificação.
Nesse sentido, o conjunto de problemas motivadores da reforma está associado ao
reconhecimento de diversas formas de aprendizagens e das dificuldades que isto gera, seja
quanto à mobilidade do trabalhador, seja em relação ao desenvolvimento do seu potencial
profissional e económico. Claro que na base dessa questão está a inexistência de um sistema
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A Coreia do Sul teve sua reforma educacional bastante influenciada pela OCDE, a qual fez doze
recomendações que embasaram as acções futuras. As duas primeiras recomendações abordam,
principalmente, a questão das condições de trabalho na educação, sejam elas físicas ou
profissionais. A ênfase está em um planeamento do investimento a ser realizado, a partir de
planos quinquenais, iniciados em 1998. Outra recomendação trata da questão da avaliação, tanto
institucional, tendo por base a escola, quanto dos gestores locais. Define, também, os parâmetros
comuns, missão atribuída a um dos institutos criados, no caso o de desenvolvimento educacional.
Outra preocupação diz respeito à qualificação e recrutamento de professores, a partir de um
plano geral de desenvolvimento. Junto a isso, reforça a organização dos professores como agente
a influenciar a política educacional. Mais do que uma política definida por tecnocratas, a ênfase
está na participação dos professores na sua formulação e implementação. Do ponto de vista da
formação profissional, existe a recomendação da expansão das disciplinas académicas nos
colégios vocacionais, até se chegar a um sistema integrado para o ensino médio. O piloto com
escolas funcionando com currículo independente pode ser uma iniciativa interessante nesse
processo. Além disso, sugere-se uma orientação nacional que cuide do sistema de qualificação,
como já existente em outros países da OCDE. No âmbito do ensino superior, a inovação estaria
na criação de novas universidades ligadas ao sector industrial, com o mesmo status das
instituições educacionais regulares. Isso conferiria às universidades corporativas o poder de
certificação.
Diante de cenários produtivos cada vez mais dinâmicos e complexos, a formação de profissionais
qualificados para a inserção no mundo do trabalho exige conhecimentos actualizados para actuar
frente ao desenvolvimento constante de novas tecnologias, processos produtivos e relações
comerciais e sociais. Um contexto que demanda tanto competências técnicas específicas da
ocupação como também outras, tais como criatividade, capacidade de trabalho em equipe e
adaptação, construção de soluções e actuação com autonomia.
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Médio e seus familiares, de modo a subsidiá-los com mais informações para que façam suas
escolhas educacionais.
Destaca-se, entre as análises que apontam para essa necessidade, um estudo publicado em 2019
pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) sobre
oferta e demanda de Educação Profissional Técnica de Nível Médio. O estudo sugere a criação
de uma sistemática e uma rotina de cálculo do retorno económico da Educação Profissional e
Tecnológica, em especial dos cursos técnicos e seu impacto no mercado de trabalho.
inclusivas que visam responder as necessidades dos alunos com deficiência. Estes quadros
jurídicos e políticos inclusivos são apoiados e informados por instrumentos internacionais e
regionais dos direitos humanos que foram assinados e ratificados pelo Estados Membros da
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) cujo Moçambique é também
Membro. Apesar da claridade plasmada nos diversos instrumentos reguladores e conducentes à
educação inclusiva, há que salientar que os países da África Austral, em particular Moçambique
enfrentam maiores desafios para a sua materialização. Um dos aspectos que merecem nossa
análise é abordagem médica ou o modelo médico no tratamento das pessoas com deficiência.
Conforme analisado no país, dito de outro modo, os instrumentos acima referidos encaram as
limitações físicas, mentais ou sensoriais da pessoa como problema central a resolver através da
cura, adaptação ou reabilitação, prestação de serviços discriminatórios tais como cuidados
domiciliários, Escolas especiais e Centros do dia e não como problema social cuja solução passa
pela remoção das barreiras ambientais e de atitudes na sociedade para a plena inclusão das
pessoas com deficiência. Identificadas as fraquezas dos instrumentos jurídicos generalistas e
universalistas, tornava-se cada vez mais evidente e imperioso a adopção de instrumentos
jurídicos mais específicos para as pessoas com deficiência que incorporassem todas as
necessidades peculiares desta categoria de seres humanos com toda a sua diversidade. Esta
abordagem nos elucida à necessidade de se apostar na abordagem Social da deficiência de modo
a construir-se uma sociedade cada vez mais Inclusiva criando-se condições para que as barreiras
físicas sejam removidas e desse modo a inclusão se torne efectiva.
mais humanas e equitativas. Ao longo de sua história, já próxima dos 65 anos de vida, a
UNESCO tem procurado lutar por esses objectivos compartilhados entre as civilizações e as
culturas, reunindo incessantemente autoridades e especialistas das nações que a integram para
discutir e obter consensos em questões fundamentais para o desenvolvimento sustentável das
sociedades humanas. Assim, na centralidade de seu acervo, estão as ideias e os compromissos
éticos que convidam e induzem governos e sociedade civil a respeitar e defender os direitos
humanos, em sua concepção integrada e indivisível, devidamente contextualizados e
historizados. O seu poder, portanto, é ético e moral. Nisso reside a sua especificidade.
(UNESCO, 2006, 9-10).
Para realizar sua missão, ela colocou, desde o seu nascimento, a educação no cerne de suas
preocupações, com o objectivo de subsidiar os países na formulação de políticas educacionais,
desenvolver e difundir materiais pedagógicos, estabelecer padrões e normas, identificar novas
tendências no campo da educação, dirigir atenção especial aos países pobres e menos
desenvolvidos, combater a discriminação em todas as suas formas e manifestações, desenvolver
meios inovadores de proporcionar educação às pessoas portadoras de necessidades especiais,
inclusive em áreas de conflito e emergência. Como parte da estratégia para a consecução dessas
metas, a UNESCO promoveu, ao longo de sua história, a busca de entendimentos entre os países
por meio de estudos e reflexões colegiadas, conferências intergovernamentais e eventos
internacionais, gerando por esse procedimento declarações, convenções, recomendações,
relatórios mundiais e acordos que, aprovados pelos países-membros, passam a servir de
referência para nortear políticas e incentivar mudanças e avanços que se tornaram imperativos
para o desenvolvimento humano.
Não sendo um organismo financeiro, nem uma instituição de investigação, a UNESCO sempre
teve por missão desenvolver as potencialidades humanas, em colaboração com os Estados
membros e os múltiplos parceiros e interlocutores. A cooperação intelectual sobressai como
factor de aproximação entre os países e como estratégias de acção para mudanças. A
transferência e compartilhamento de saberes, a confrontação de ideias, acordos, constituição de
redes de inovação, difusão de informações e de experiências bem-sucedidas, trabalhos de
avaliação e investigação que apoiam suas áreas de mandato e competência, surgem como
actividades indispensáveis para a construção de um mundo mais solidário e pacífico. Uma das
características centrais da UNESCO reside no leque de suas competências – a educação, mas
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7. Conclusão
Diante do exposto, fica evidente que a construção de uma prática pedagógica numa perspectiva
inclusiva, apresenta-se como um desafio permanente, onde o desejo de aprender fazendo, exige
abertura às mudanças de paradigmas educacionais, pois, saibamos ou não, estamos sempre
agindo, pensando, propondo, refazendo, aprimorando, rectificando, excluindo, ampliando
segundo paradigmas. Reitera-se, mais uma vez, a ideia de que, a inclusão implica mudança de
atitude, de concepções, porque não atinge apenas os alunos com deficiência, mas todos aqueles
que fazem parte de um sistema educativo onde as diferenças precisam ser valorizadas. Nessa
linha de pensamento, compreende-se que, a escola inclusiva tão almejada perpassa por uma
reestruturação ou renovação de paradigmas educacionais, onde a ideia central está no
entendimento de que todas as pessoas podem aprender e fazer parte da vida escolar e
comunitária, onde a diversidade é valorizada, fortalecendo e criando oportunidades para a
aprendizagem.
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7. Referências Bibliográficas
[1] PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. 16. Ed. São Paulo: Cortez,
2010.
[2] DELORS, J. et al. Educação: um tesouro a descobrir. 2. ed. Lisboa: Edições Asa, 1996.
[6] SOUSA, Luzia Costa. Estudo Comparado da educação profissional: Alemanha, Argentina,
Canadá, França e Cuba. In: LEITE, Elenice Monteiro; SOUZA, Francisco Heitor de Magalhães
(Orgs.). Centros Públicos de Educação Profissional: teoria, propostas, debates e práticas.
Brasília: Edunb, 2002, p. 103-124.