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INÍCIO » A HISTÓRIA FASCINANTE POR TRÁS DA OBRA “NOITE

ESTRELADA” DE VAN GOGH

ART ATTACK

A história fascinante por trás da


obra “Noite estrelada” de Van
Gogh
BY CAROL T. # ! $ % & ' ( )
MORÉ
14/08/2020 *

D
urante sua carreira, o pós-
impressionista Vincent Van Gogh pintou
vários temas. Quem conhece um pouco
de seu trabalho sabe que ele frequentemente tinha
como objeto de estudo representações da
natureza-morta, flores, autorretratos e pinturas
noturnas reluzentes, incluindo Noite Estrelada
sobre o Ródano, uma obra concluída em 1888, que
traz uma paisagem vista à noite à beira do
Ródano, um importante rio europeu.

Como muitas de suas pinturas mais famosas,


Noite Estrelada sobre o Ródano foi pintado após a
sua mudança para Arles, no sul da França.
Embora esta peça não seja tão conhecida como a
turbulenta Noite Estrelada que o artista
completaria mais tarde, ela continua sendo uma
parte importante de seu portfólio; além de ilustrar
sua abordagem nunca antes vista para pintar
“efeitos noturnos”, o quadro captura um raro
momento de calma nos caóticos anos finais de sua
vida.

O quadro de Van Gogh foi pintado nas margens do


Rio Ródano, o que lhe permitiu captar os reflexos da
iluminação a gás na cidade de Arles e as águas
azuis cintilantes. O céu é iluminado
pela constelação da Ursa Maior e em primeiro plano,
dois amantes passeiam nas margens do rio, sobre a
areia.

A VIDA DE VAN GOGH

Em 1853, Van Gogh nascia na Holanda. Embora


tenha expressado interesse em arte quando
criança, ele seguiu várias carreiras diferentes
antes de considerar seriamente a arte como seu
trabalho em tempo integral aos 27 anos. Depois de
não ver nenhum sucesso artístico na Holanda,
decidiu se juntar ao seu irmão negociante de arte
Theo, em Paris em 1886.

Infelizmente, o tempo de Van Gogh na capital


francesa foi sem muito sucesso. “Parece-me
quase impossível poder trabalhar em Paris, a
menos que você tenha um refúgio onde se
recuperar e recuperar sua paz de espírito e
autocontrole”, escreveu em uma carta a Theo em
1888. “Sem isso, você ficaria totalmente
entorpecido.” Em busca dessa “paz de espírito”,
Van Gogh foi para o sul, pousando na pequena
comuna de Arles.

Van Gogh chegou a Arles cansado da intensa vida


parisiense, onde as naturezas-mortas florais
eram muito apreciadas, e começou a pintá-las
com a intenção de vendê-las. Aqui, ele criava uma
de suas grandes obras, o Girassol. Ali, ele
desenvolveria cada vez mais seu estilo próprio,
caracterizado por uma paleta de cores vivas e
pinceladas expressivas. Essa abordagem é cada
vez mais evidente em todo o seu trabalho concluído
em 1888, incluindo também Quarto em
Arles e Terraço do Café à Noite.

NOITE ESTRELADA SOBRE O RÓDANO

Assim, pintou Noite Estrelada sobre o Ródano a


partir da margem do rio, que atravessa a Europa.
Este local provou ser ideal para o artista, pois ele
estava cada vez mais interessado nos efeitos da
luz – particularmente, na iluminação artificial das
lâmpadas a gás – à noite. Para mostrar então o
movimento dos reflexos cintilantes delas e das
estrelas, ele então usou suas pinceladas enérgicas
que refletem na água do rio.

Ao pintar esta obra, no entanto, não eram as


pinceladas que preocupavam o artista; eram as
cores. Van Gogh explica sua atenção aos tons em
uma carta a Theo. “O céu é azul verde, a água é azul
real e o chão é malva. A cidade é azul e violeta e a luz
do lampião é amarela com reflexos dourados,
descendo até o bronze esverdeado. Sobre o campo
azul esverdeado do céu a ursa maior tem uma
cintilação verde rosa, cuja palidez discreta
contrasta com o dourado do brutal lampião.”

Van Gogh, Arles, setembro de 1888. Uma das


grandes obsessões de Van Gogh era retratar a noite
e a natureza que encontrava. O quadro atualmente
está no Museu de Orsay em Paris

Cheio de energia vibrante, a cena é calma; as


únicas pessoas presentes na composição são duas
figuras de namorados em primeiro plano e, apesar
de estrelas cintilantes, o céu provoca uma
sensação de tranquilidade. É justamente essa
atmosfera que diferencia esta primeira tela de
Noite Estrelada sobre o Ródano de sua versão mais
famosa, a Noite Estrelada.

Em Arles ele foi em busca de luz e cor para suas


obras. Mas foi justamente durante este período que
se tornava cada vez pior devido sua doença mental.
Suas telas, no entanto, ainda não revelavam sua
turbulência interna, como ele mostra na serena
Noite estrelada sobre o Ródano. O artista chegou a
dizer que estava “terrivelmente fascinado pelo
problema de pintar cenas ou efeitos noturnos no
local, ou melhor, à noite.”

O artista chegou a escrever ao seu irmão dizendo


que se seus quadros tivessem todos esta calma,
haveria público para as suas obras. Após um
colapso nervoso e um confronto emocional com o
colega artista Paul Gauguin, Van Gogh cortou parte
de sua própria orelha. Na manhã seguinte, foi
internado em um hospital, recebendo alta alguns
dias depois. Ao perceber a gravidade de seus
problemas mentais, optou por deixar Arles e se
internar em um estabelecimento de saúde
mental nas proximidades de Saint-Rémy-de-
Provence.

NOITE ESTRELADA: TEMPO DE ASILO, TEMPOS DE


TURBULÊNCIA

Durante sua estada no asilo, Van Gogh adotou uma


sala extra como estúdio e concluiu 150 pinturas,
incluindo a famosa A Noite Estrelada, uma obra
pintada de forma totalmente diferente e através
da “janela com barras de ferro” de seu quarto.

Com apenas alguns meses de diferença, os dois


quadros são surpreendentemente semelhantes
em estilo e assunto. No entanto, há uma
divergência em suas cores, já que, na pintura
posterior, “a violência de sua psique perturbada é
totalmente expressa”, como mostra o Musée
d’Orsay, em Paris, França, local onde a primeira obra
(Noite estrelada sobre o Ródano) está exposta
atualmente. A segunda (Noite Estrelada) fica no
MoMa em Nova York.

Van Gogh, Saint-Rémy-de-Provence, Junho de 1889.


O quadro está no MoMA, 5º andar, 501.

O FINAL

Em 27 de julho de 1890, pouco mais de um ano


depois de concluir A Noite Estrelada, Van Gogh
faleceu. Embora menos famosa do que a versão
posterior, Noite Estrelada sobre o Ródano ainda é
considerada uma das maiores obras-primas do
artista. O que torna este trabalho ainda mais
especial é o significado que ele teve para o artista.

Observando que as noites em Arles eram “ainda


mais ricamente coloridas do que o dia”, ele ficou
obcecado com a ideia de reproduzir o céu estrelado
do sul da França. Era um artista que não desprezava
os modelos nem a realidade dos fenômenos, e
assim conseguiu transparecer todas as suas
emoções através da arte.

“Uma vez fui dar um passeio pela praia deserta, à


noite. Não foi alegre, nem triste – foi belo.” – Van
Gogh

CAROL T. MORÉ

Carol T. Moré é editora do FTC. Internet, café, todo tipo de


arte, viagens e pequenos detalhes da vida a fazem feliz.
Acredita que boas histórias e inspirações transformadas
em pixels conectam pessoas.

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