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“A noite estrelada”

Vincent Van Gogh nasceu a 30 de março de 1853 na Holanda, era rebelde,


solitário e anti-social. Desde jovem teve dificuldade em se adaptar a vários
trabalhos; descobriu então a sua verdadeira aptidão, a pintura. Começou
a pintar com a ajuda do irmão Theodore e com o dinheiro que este lhe
mandava estudou anatomia e perspectiva. Era um artista excepcional que
foi buscar na própria natureza, a sua inspiração, com um brilho exagerado
para ter mais expressão. Em 1876 vive as suas primeiras crises nervosas e
encontra na religião um refúgio e resolve ser pastor.

Em 1886 parte para Paris onde conheceu Monet, Renoir, Sisley, Pissaro
entre outros. Nesta época o Impressionismo estava presente em muitas
das galerias de arte em Paris e entra em contacto com a arte oriental. Em
Paris, Van Gogh abandona a sua temática sombria e obscura, criando
obras com tons mais claros. A influência dos artistas impressionistas levou
Van Gogh a desenvolver um estilo próprio: usava cores fortes e definidas e
valorizava a expressão do lado subjetivo e emocional.

Van Gogh suicida-se no dia 27 de julho de 1890 com um tiro no peito.

Análise da obra:

Vincent van Gogh pintou “A noite estrelada” quando estava no


manicómio de Saint-Rémy-de-Provence, em 1889. Van Gogh teve
uma vida emocional conturbada, sofrendo de depressão e surtos
psicóticos.

Durante o tempo em que esteve internado realizou vários estudos de


lugares no hospital, como o corredor e a entrada. Suas saídas eram
controladas, o que o deixou com limitações de temas para a pintura.

A Noite Estrelada é a vista do quarto em que dormia, pouco antes


do nascer do sol..
O uso das espirais

As espirais são a primeira coisa que chama a atenção neste quadro.


As pinceladas rápidas em sentido horário dão uma sensação
de profundidade e movimento ao céu. Estas espirais são
características das obras de Van Gogh desse período. Com
movimentos curtos do pincel o artista constrói um céu inquieto,
revelando suas próprias perturbações mentais e traçando um retrato
incomum do espaço.

A Vila

A pequena vila representada no quadro de Van Gogh não fazia parte


da paisagem vista pelo seu quarto. Alguns críticos acreditam que ela é
uma representação da vila na qual o pintor passou a infância. Outros
acreditam que seja a vila de Saint-Rémy.

Para todos os efeitos, a vila é uma inserção feita pelo artista, sendo
um componente imaginado que pode ter sido incluído como uma
nostálgica lembrança da sua infância e juventude na Holanda.

Os pontos de luz nas casas relacionam-se a às estrelas no céu,


criando uma ligação entre a humanidade e a grandeza da via
láctea.
O cipreste

Em primeiro plano, um cipreste (elemento comum nas obras de van


gogh) sobe na vertical como uma figura de destaque no meio da
paisagem. No nosso ponto de vista, pode ser visto como uma ponte
entre a vida, representada pela terra, e a morte, representada pelo
céu.

Esta árvore está associada à morte em diversas culturas europeias.


Elas eram usadas nos sarcófagos egípcios e nos caixões dos
romanos.

O cipreste passou a ser comum para ornamentar cemitérios e quase


sempre está relacionado ao fim da vida. Para Van Gogh, o interesse
nos ciprestes tem também um carácter formal, além de simbólico. O
pintor apreciava muito as formas pouco comuns que o cipreste
apresenta e a sua fluidez.
As estrelas

As estrelas são um dos elementos mais importantes do quadro. Além


da sua beleza plástica, elas são representativas pois demonstram uma
grande abstração. Num primeiro momento, Van Gogh não ficou
satisfeito com a tela. Para ele, as estrelas eram muito grandes. Ele diz
que se deixou levar pelas ideias abstracionistas ao compor estrelas
de grandes proporções.

Interpretação da obra

Essa obra de Vicent van Gogh é um marco na história da arte. A sua


beleza plástica é notável e os elementos que a compõem mostram o
trabalho de um artista experiente.

Muitos críticos consideram a tela um marco na carreira de Van Gogh,


mesmo não tendo apreço do pintor quando foi feita.

 No nosso ponto de vista, esta pintura é muito expressiva, a visão


do céu noturno turbulento com as espirais é marcante e
faz contraste com a tranquilidade da pequena vila pouco abaixo
das linhas dos montes.

A Noite Estrelada baseia-se nas observações diretas de Van Gogh,


bem como na sua imaginação, memórias e emoções da época. É uma
tentativa de expressar um estado de choque e de procurar a essência
da paisagem, o seu próprio ser, isto é, uma maneira de registar o seu
poder simbólico, a sua vitalidade e constância, tudo em um.

Analisando as linhas deste quadro podemos perceber que estão


carregadas de emoção e de sentido. Fazendo uma analogia com a
perceção que temos do mundo, as pinceladas de Van Gogh são
equivalentes a obstáculos físicos e psicológicos que dá todo esse tom
dramático e emocional à obra.

Quantos às cores, o azul é uma das mais predominantes. Esta cor


está por vezes relacionada com a calma e tranquilidade, porém
também pode representar tristeza e melancolia. Por outro lado, o
amarelo está relacionado com luz, esperança e desespero. A luz é
quando ele representa o sol que o consome pelo excesso de
luminosidade e o desespero e pela luta interior que era para ele
representar a sensação que o sol lhe proporcionava.

As duas cores têm significados quase opostos, enquanto uma se


refere a frieza e tristeza, a outra relaciona-se com felicidade e luz. Van
Gogh ao fazer a junção destes elementos num elemento noturno e
mostra o quão paradoxal é a sua obra, é a busca de luz na escuridão.

Música “Vincent”

https://youtu.be/vw9d3YlysS0nt”

“Vincent”, uma música de McLean, surge como uma bonita


homenagem a Van Gogh e à forma como, através da sua arte, o
pintor tentava libertar outros do peso que sentia. McLean entendia
os problemas e sofrimentos do artista, a desvalorização por parte de
uma sociedade que nunca o compreendia nem conseguiria compreender
pela estigmatização que existia em torno da saúde mental.

Em última análise, Don McLean sugere que, apesar de todo


reconhecimento e apreciação que atualmente Van Gogh tem, nós ainda
não compreendemos o que o pintor queria expressar através da sua
arte, nem tão pouco compreendemos a sua doença. E talvez esta seja
uma das maiores fatalidades da vida de Vincent: ser incompreendido.

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