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Atividades

Especializadas II

Operações com Produtos Perigosos


&
Salvamento e Operações em Ambientes Confinados
Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

2 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


_______________________Operações com Produtos Perigosos / Salvamento e Operações em Ambientes Confinados

Curso de Formação de Oficiais 3


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

Este material foi organizado por


iniciativa do Cap BM Serafim, para
orientar os cadetes na disciplina de
Atividade Especializada II durante do
Curso de Formação de Oficiais

Rio de Janeiro
Janeiro 2020

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SUMÁRIO

1 DEFINIÇÕES 9
1.1 Espaço Confinado 9
1.2 Produtos Perigosos 11
2 SEQUÊNCIA OPERACIONAL 12
2.1 Identificação 12
2.2 Isolamento 13
2.3 Contenção/Salvamento 13
2.4 Descontaminação 13
3 RISCOS 14
3.1 Conceitos 14
3.2 Riscos Mecânicos 14
3.3 Riscos Ambientais 16
3.4 Riscos Psicológicos 18
3.5 Outros Riscos 19
4 EQUIPES DE ATUAÇÃO 20
4.1 Equipes em Operações com PP 20
4.2 Equipe de Intervenção de Salvamento em EC 24
5 IDENTIFICAÇÃO DE PRODUTOS PERIGOSOS 25
5.1 Rótulo de Riscos 25
5.2 Painel de Segurança 31
5.3 Outros Símbolos 34
5.4 Colocação dos Indicativos de Risco nas Unidades de Transporte 34
5.5 Diamante Hommel 42
5.6 Coloração de Cilindros 42
5.7 Coloração de Tubulações 45
5.8 Identificação e reconhecimento por números 46
5.9 ABIQUIM 47
5.10 Ficha de Informação de Segurança para Produtos Químicos (FISPQ) 48
6 DETECÇÃO DE GASES 49
6.1 Estudo dos Gases 49
6.2 Limites de Tolerância 49
6.3 Detectores de Gases 53
7 ISOLAMENTO, ÁREAS E ZONAS 62

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7.1 Isolamento 62
7.2 Áreas 62
7.3 Fontes de Risco 64
7.4 Zonas de uma Área Classificada 65
8 EQUIPAMENTOS OPERACIONAIS 68
8.1 Equipamentos de Materiais Têxteis 68
8.2 Equipamentos de Materiais Plásticos 70
8.3 Equipamentos de Materiais Metálicos 70
8.4 Equipamentos de Proteção Respiratória 71
8.5 Sistema de Respiração Autônoma – Circuito Aberto 74
8.6 Tripéde Salvamento 77
8.7 Roupas de Proteção Química 77
8.8 Botas de Proteção Química 80
8.9 Luvas de Proteção Química 80
8.10 Classificação de Equipamentos 83
8.11 Marcação em Equipamentos 89
9 VENTILAÇÃO 91
9.1 Objetivos da Ventilação 91
9.2 Tipos de Ventilação 91
9.3 Equipamentos de Ventilação 91
9.4 Métodos de Ventilação 92
9.5 Aplicações da Ventilação 94
9.6 Técnicas com Ventiladores sem Dutos 96
9.7 Tabela Consolidada 97
9.8 Problemas com Ventilação 98
9.9 Aspectos de Segurança 99
9.10 Dimensionamento e Escolha de Ventiladores 99
9.11 Conceito de Trocas de Ar 100
9.12 Procedimentos Operacional com Ventiladores 101
10 ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR 102
10.1 Tipos de Contaminações 102
10.2 Vias de Exposição e Contramedidas 103
10.3 Suporte Básico de Vida 103
10.4 Medidas adotadas em cada Zona de Controle 104
10.5 Triagem de Vitimas (Método START) 105
10.6 Descontaminação 105

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10.7 Distúrbios Relacionados ao Calor 106


10.8 Estação de Reabilitação 107
11 RADIOATIVIDADE 108
11.1 Histórico 108
11.2 Energia Nuclear 109
11.3 Isótopos 110
11.4 Fissão Nuclear 110
11.5 Tipos de Radiação 111
11.6 Decaimento Nuclear 113
11.7 Série Radioativa 114
11.8 Medidas de Radioatividade 114
11.9 Contador Geiser 117
11.10 Interação da Radiação com a Matéria 117
11.11 Fontes Naturais e Artificiais de Exposição 117
11.12 Noções Básicas de Radioproteção 118
12 DESCONTAMINAÇÃO 119
12.1 Tipos de Contaminações 119
12.2 Materiais Utilizados 120
12.3 Procedimentos para Descontaminação 123

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1. DEFINIÇÕES

1.1 ESPAÇO CONFINADO

“Espaço Confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para


ocupação humana continua, que possua meios limitados de entrada e saída,
cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde
possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio.”
NR-33

“Espaço Confinado é qualquer área não projetada para ocupação humana


contínua, a qual tem meios limitados de entrada e saída ou uma configuração
interna que possa causar aprisionamento ou asfixia em um trabalhador, e na qual
a ventilação é inexistente ou insuficiente para remover contaminantes perigosos
e/ou deficiência/enriquecimento de oxigênio que possam existir, ou se
desenvolver ou conter um material com potencial para engolfar/afogar um
trabalhador que entrar no espaço.”
NBR-16577

Essa norma estipula três quesitos para se definir um local como espaço
confinado:
1. Qualquer área ou ambiente não projetada para ocupação
humana contínua;
2. Possui meios limitados de entrada e saída;
3. A ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes
ou, ainda, onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de
oxigênio.

Observado os pontos acima podemos então, com o intuito de facilitar a


visualização, confeccionar a tabela a seguir:

Possui meios restritos,


O local é destinado à limitados, parcialmente
Pode ocorrer uma atmosfera
ocupação humana obstruídos ou promovidos É um espaço confinado?
perigosa?
contínua? de obstáculos na entrada
e/ou na saída?

SIM SIM SIM NÃO

SIM SIM NÃO NÃO

SIM NÃO SIM NÃO

SIM NÃO NÃO NÃO

NÃO SIM SIM SIM

NÃO SIM NÃO NÃO

NÃO NÃO SIM NÃO

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NÃO NÃO NÃO NÃO

Entendido os critérios para se definir um local como espaço confinado,


podemos ver abaixo diversos exemplos de onde podemos encontra-los:

Atividade Espaços Confinados Típicos

Biodigestores, silos, moegas, tremonhas, tanques, transportadores enclausurados, elevadores de


Agricultura
caneca, poços, cisternas, esgotos, valas, trincheiras.

Poços, valas, trincheiras, esgotos, escavações, caixas, caixões, shafts (passa dutos), forros,
Construção Civil
espaços reduzidos (onde a movimentação é realizada por rastejo)

Retortas, tubos, bacias, panelões, fornos, depósitos, silos, tanques, misturadores, secadores,
Alimentos
lavadores de ar, tonéis.

Têxtil Caixas, recipientes de tingimento, caldeiras, tanques, prensas.

Papel e Polpa Depósitos, torres, colunas, digestores, batedores, misturadores, tanques, fornos, silos.

Editoras e Impressões
Tanques
Gráfica

Industria do Petróleo e Reatores, colunas de destilação, tanques, torre de resfriamento, áreas de diques, tanques de água,
Industrias Químicas filtros coletores, precipitadores, lavadores de ar, secadores.

Borracha Tanques, fornos, misturadores.

Couro Tonéis, tanques, poços.

Tabaco Secadores, tonéis.

Concreto, argila, pedras,


Fornos, depósitos, silos, tremonhas, moinhos, secadores.
cerâmica, e vidro

Metalurgia Depósitos, dutos, tubulações, silos, poços, tanques, desengraxadores, coletores, cabines.

Eletrônica Desengraxadores, cabines e tanques.

Transporte Tanques nas asas dos aviões, caminhões-tanques, vagões ferroviários, tanques, navios tanques.

Poço de válvulas, cabos, caixas, caixões, enclausuramento, poços, poços químicos, incineradores,
Serviço sanitários, de
estações de bombas, reguladores, poços, de lama, poços de água, digestores, caixas de gordura,
águas e esgoto
estações elevatórias, esgotos, drenos.

Serviço de gás, eletricidade


Poço de válvulas, cabos, caixas, caixões, enclausuramento, poços, poços químicos.
e telefonia

Equipamentos e Máquinas Caldeiras, transportadores, coletores, túneis.

Operações Marítimas Porões, contêineres, caldeiras, tanques de combustível e de água, compartimentos.

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1.2 PRODUTO PERIGOSO

“É todo o agente biológico, radiológico ou químico, que tem a propriedade


de provocar algum tipo de dano às pessoas, aos bens e ao meio ambiente”.

Como estão supracitados, os agentes são:

⮚ Agentes Químicos

Elementos ou compostos que de acordo com suas características


(classes de risco) provocam lesões, enfermidades ou morte nos seres a
eles expostos e danos a bens ou ao meio ambiente. Ex.: Soda Cáustica
(tóxica)

⮚ Agentes Biológicos

São seres vivos que provocam lesões, enfermidades ou morte nos seres
a eles expostos. Ex: Vírus, bactérias, fungos, parasitas, animais
peçonhentos.

⮚ Agentes Radiológicos

Corpos que emitem radiações ionizantes que provocam lesões,


enfermidades ou morte nos seres a eles expostos. Ex.: Césio 137

Os acidentes envolvendo produtos perigosos podem assumir diversas


formas. Um acidente com produto perigoso exige cuidados especiais e
equipamentos que devem ser providenciados a partir do acionamento do
socorro.

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2. SEQUÊNCIA OPERACIONAL

Pelo estabelecido nas normas de Procedimento Operacional Padrão as


Fases de Socorro são dividas em:

1. Aviso de socorro;
1.1 Recepção
1.2 Confirmação
1.3 Alarme
2. Partida ou deslocamento de socorro;
3. Chegada do socorro ao local;
4. Reconhecimento do local;
5. Estabelecimento;
6. Ataque;
7. Inspeção e rescaldo;
8. Recolhimento do material;
9. Saída do local;
10. Regresso.

Para tanto por ser tratar de um evento especifico, o trabalho com produtos
perigosos (PP) e espaços confinados (EC) nos leva a atentar para algumas
etapas que devem ser percorridas para que seja atingido o sucesso da missão.
Dessa maneira podemos organizar essas etapas no que chamamos de
sequência operacional.

✔ Identificação
✔ Isolamento
✔ Contenção*
✔ Salvamento*
✔ Descontaminação

* Essas etapas podem alternar conforme a dinâmica do evento se apresentar

2.1 IDENTIFICAÇÃO

Análise e verificação dos riscos, observando assim perigo potencial


apresentado pelo produto, quantidade do produto envolvido, treinamento e
conhecimento dos operários envolvidos, relação de perigo imediato para
pessoas, meio ambiente e bens materiais.

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2.2 ISOLAMENTO

Análise da direção e velocidade dos ventos, topografia do local, lençol


freático e recursos hídricos da região, população local, características do
material, previsões e condições meteorológicas e tempo previsto de trabalho;

2.3 CONTENÇÃO/SALVAMENTO

Será necessário que o Comandante de Operações, munido das


informações obtidas durante a identificação, tome a decisão de quais ações
serão tomadas, e caso seja necessário que as duas ocorram o mesmo analisará
qual deverá ser tomada primeira. Adequando os equipamentos, EPIs, técnicas e
táticas a serem utilizadas.

2.4 DESCONTAMINAÇÃO

Uma vez realizado a operação, se tratando de um evento de PP, deverá


ser realizado a descontaminação dos materiais, militares e vítimas, uma vez que
todos podem ter sidos atingidos por contaminantes. Caso não exista
contaminação essa etapa pode ser desconsiderada.

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3. RISCOS

3.1 CONCEITOS

Como é possível perceber, EC é um ambiente de risco pela própria


definição. É possível encontrar inúmeras possibilidades de riscos. Para melhor
compreensão, é necessário entendermos previamente alguns conceitos:

RISCO é, por definição, combinação da probabilidade da ocorrência ou


exposição a um acontecimento perigoso e da severidade das lesões, ferimentos
ou danos à saúde, que pode ser causada pelo acontecimento ou pelas
exposições
(OHSAS 18001, 2007).

PERIGO é, por definição, fonte, situação ou ato com um potencial para o


dano em termos de lesões, ferimentos ou danos à saúde, ou uma combinação
destes
(OHSAS 18001, 2007).

DANOS À SAÚDE é, por definição, condição física ou mental adversa


identificável oriunda de ou agravada por realização de trabalho ou situação
relacionada com o trabalho
(OHSAS 18001, 2007).

3.2 RISCOS MECÂNICOS

Riscos mecânicos são aqueles que podem comprometer a segurança dos


trabalhadores no seu ambiente de trabalho, ACIDENTES.
Má organização de máquinas, equipamentos e ferramentas mal
conservadas e sem manutenção, instalações elétricas em mau estado, dentre
outros fatores que, imperceptivelmente aos olhos do trabalhador, podem
acarretar em sérios acidentes, como, por exemplo, queda de objetos.
Em E.C., acrescentam-se também os riscos pela falta de segurança
estrutural do ambiente de trabalho e engolfamento.

 Engolfamento

Durante o período de armazenagem caso não sejam observadas às


recomendações técnicas, umidade, fungos, bactérias e insetos podem deteriorar
o produto. Em estados avançados de deterioração surgem pequenos
aglomerados que podem formar placas horizontais ou verticais. Essas placas
são estruturas instáveis que podem entrar em colapso a qualquer momento.

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Ocorrendo isso, surge uma avalanche de grãos que pode arrastar ou encobrir
pessoas.

“É a efetiva captura de uma pessoa por uma substância sólida finamente


dividida que pode ser aspirada pelo ser humano, causando a morte por
enchimento ou entupimento do sistema respiratório ou ainda que pode
exercer força suficiente contra o corpo, causando a morte por
estrangulamento, constricção ou esmagamento.”
OSHA

Podemos listar 3 tipos de engolfamento.

1- Parede de grãos: Uso de ferramentas para ruptura das placas.


2- Falsa ponte de grãos: Peso de uma pessoa que se apoia sobre
a superfície do produto armazenado
3- Arreia movediça: Vibrações mecânicas ou sonoras dentro do
silo. Também ocorrem quando da carga ou descarga de silos.

▪ Asfixia Mecânica

A asfixia mecânica pode ocorrer devido o bloqueio das vias


respiratórias superior, a pressão sobre a região do pescoço e a
paralisação dos movimentos da parede muscular do diafragma,
que é a peça central dos movimentos da respiração. Esses
músculos estão localizados abaixo da caixa torácica.
Asfixia é principal causa de morte em aprisionamento em grãos. A
causa principal de aprisionamento é a entrada da pessoa para
liberar uma crosta de grãos, enquanto o equipamento está
funcionando. Mais de metade dos aprisionamentos são fatais.
Cerca de 70% deles ocorrem em fazendas e o restante em
estabelecimentos comerciais;

 Poeiras Explosivas

Poeiras explosivas são aquelas em que podem ser mantidas queimando.


Nesse caso, quando você coloca fogo explodirá sob as circunstâncias
certas. Duas coisas são necessárias para esta explosão: a poeira deve
ser fina o suficiente e deve ser misturada a quantidade certa de ar.
Existem estudos sobre poeiras explosivas que falam sobre a possibilidade
de explosão pelo acumulo de carga estática, que pode gerar centelha e
criar uma explosão.
Podemos considerar que um ambiente com nuvem de poeira é explosivo
quando não se enxerga a mais de 1,5 metros à frente.

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 Risco de colapso da estrutura

Pode acontecer por uma fabricação/construção incorreta daquele E.C. ou


por abalos sísmicos.

3.3 RISCOS AMBIENTAIS

Consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos,


atmosféricos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função
de sua natureza, concentração, intensidade e tempo de exposição, são capazes
de causar danos à saúde do trabalhador.

 Físicos

São as diversas formas de energia, tais como ruído e vibrações (podem


causar desorientação, fadiga mental e stress), pressões anormais,
alteração da temperatura (podem causar hipotermia, hipertermia e
choques-térmicos), radiações ionizantes e radiações não ionizantes
(trabalho com soldas envolve radiação), umidade, luz (trabalho dificultado
pelo uso de lanternas).

 Biológicos

Ocorrerem por meio de microrganismos que, em contato com o homem,


podem provocar inúmeras doenças. Riscos biológicos surgem através da
fermentação, águas fecais, cogumelos, animais, a decomposição de
matéria orgânica, presença de vírus, bactérias e parasitas (as mais
comuns são a criptosporidíase: ingestão de água contaminada e a
giardíase: contato com fezes de pessoas contaminadas e água
contaminada.).

ATENÇÃO: É importante atentar que os riscos biológicos muitas das


vezes são invisíveis a olho nu, não existindo no CBMERJ equipamento de
detecção prevista. Por esse motivo sempre utilizar EPR em local de
socorro.

 Químicos

O risco químico é a probabilidade de sofrer agravo a que determinado


indivíduo está exposto ao manipular produtos químicos que podem
causar-lhe danos físicos ou prejudicar lhe a saúde.

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Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou


produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador
principalmente pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, gases,
neblinas, nevoas ou vapores, ou pela natureza da atividade, de exposição,
possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou
por ingestão.
Os acidentes com riscos químicos representam em média 80% do total de
acidentes em espaços confinados, conforme estudo realizado pela NIOSH
durante uma década.
Para tanto a avaliação da atmosfera é fundamental para a realização de
um resgate. Saber escolher qual EPI utilizar e fazer um plano de ação
para o resgate determinará o sucesso da operação.

 Atmosféricos

Qualquer alteração na atmosfera do ambiente confinado capaz de causar


danos à saúde do trabalhador ou resgatista, como:

❖ Deficiência de Oxigênio: Causada por alguns fatores como


consumo de O2, pela combustão ou oxidação, inertização e
adsorção.

❖ Atmosfera Tóxica: Quando a atmosfera envolvente é caracterizada


pela presença de uma substância tóxica no ar, podendo ocasionar
danos graves ou mesmo a morte, por inalação ou por via cutânea.

❖ Atmosfera Classificada: Quando existem gases ou vapores


inflamáveis ou combustíveis misturados com o ar em proporções
dentro dos respectivos limites de inflamabilidade que em contato
com uma fonte de ignição causariam uma explosão.

❖ Enriquecimento de Oxigênio: Quando o espaço confinado, por


algum motivo específico, possui uma fonte de oxigênio capaz de
aumentar sua concentração no ambiente, afetando diretamente os
limites de inflamabilidade dos combustíveis presentes, facilitando a
ignição dos mesmos e, também, criando a possibilidade de
hiperóxia.

Alguns fatores podem contribuir para que a concentração de oxigênio seja


alterada no ambiente, são:

✔ Consumo de O2 – Ocorre através da combustão, oxidação e


decomposição da matéria orgânica.

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✔ Absorção – Através das paredes da própria estrutura do espaço


confinado, através das superfícies porosas ou mesmo dos
materiais que são armazenados ali dentro, como por exemplo, o
carvão ativado úmido.
✔ Deslocamento – Através de processos de purga intencionais com
gases inertes (nitrogênio, dióxido de carbono, hélio) para remover
resíduos químicos, gases e vapores. Pode ocorrer um processo
não intencional de purga através de gases não compatíveis com a
vida, como o escapamento de motores. (5% de um gás ocasiona
queda de 1% de oxigênio)
✔ Enriquecimento – Uma atmosfera rica em oxigênio não causa
riscos de asfixia. Por outro lado, ocorre um sério risco de
incêndio/explosão. Uma causa comum de atmosfera enriquecida é
o vazamento de oxigênio puro de cilindros. Excesso de O2 também
causa efeito narcótico. Apesar de pouco debatido, um risco comum
é a hiperóxia, ou seja, o excesso de oxigênio no sangue. Os sinais
mais comuns vistos pelo socorrista é a vasodilatação cerebral
(risco de edema), broncodisplasia (inflamação e espessamento) e
aumento dos radicais livres de oxigênio no sangue (podendo
causar lesão no sistema nervoso central).

3.4 RISCOS PSICOLÓGICOS

Os riscos psicológicos estão associados ao desconforto mental, que


acarreta alterações corporais, esses podem se traduzir de varias maneiras. Cabe
ao trabalhador/socorrista trabalhar sua mente para mitigar esse desconforto. É
importante frisar que segundo a NBR 16577 o trabalhador não é obrigado a
realizar a atividade em E.C. se informar alguns dos sintomas abaixo.

 Claustrofobia

A claustrofobia é um medo irracional de permanecer em ambientes


fechados e apertados, que pode gerar uma crise de pânico em pessoas
que sofrem desse problema.

 Fadiga

A fadiga mental e física se torna um fator de risco na tomada de decisão


dentro de um cenário de socorro. São exemplos de causadores dessa
fadiga os itens abaixo:

✔ Peso do equipamento

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✔ Pouca ventilação corporal


✔ Respiração através do EPRA
✔ A escuridão
✔ A altura
✔ Manobras através de buracos estreitos e sujos
✔ A incerteza do que vamos encontrar

3.5 OUTROS RISCOS

 Mudança Climática

 Animais

Basicamente os mais encontrados são:

✔ Gambás
✔ Serpentes
✔ Aranhas
✔ Escorpiões
✔ Lacraias

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4. EQUIPES DE ATUAÇÃO
Em qualquer operação envolvendo as características abordadas deve-se
trabalhar com uma equipe especializada neste tipo de atendimento que exige de
seus integrantes um treinamento voltado a essa atividade. Para tanto é
importante entender as diferentes valências das Operações com Produtos
Perigosos e Salvamentos em Espaços Confinados, sendo possível adaptar as
características das funções estabelecidas abaixo.

4.1 EQUIPES EM OPERAÇÕES COM PP

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Coordenador

Agente de
Segurança

Equipe de Equipe de Equipe de


Intervenção Descontaminação Suporte

Chefe de Chefe de Chefe de


Intervenção Descontaminação Suporte

Auxiliares de Auxiliares de Aux. de


Intervenção Descontaminação Comunicação

Ajudantes de Aux. de Proteção


Descontaminação Respiratória

Aux. de
Operações de

Aux. de Análise
Laboratoriais

Aux. de
Emergências

Aux. de
Meteorologia

Aux. de Logística

⮚ Coordenador

Responsável pelas ordens e decisões no local da ocorrência,


coordenando as ações das equipes de emergência
(intervenção / descontaminação / suporte). As decisões
deverão ser apoiadas nas informações geradas pelo AGENTE
DE SEGURANÇA, pois este detém toda a cronologia e
informação de suporte no local. O Coordenador deverá ser
sempre que possível, qualificado ou especializado na área de
produtos perigosos ou gerência de desastres, podendo, porém,
se ter nesta função, a autoridade local em defesa civil, já que

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esta é, legalmente, a autoridade competente para a atuação a


nível municipal. Será o responsável pelas informações
transmitidas para os órgãos de imprensa.

⮚ Agente de Segurança

Deverá ser, impreterivelmente, um profissional treinado e


especializado de maior grau hierárquico no local de
emergência, a fim de gerenciar todas as informações,
procedimentos e necessidades das equipes envolvidas.
Deverá deter todas as informações transmitidas pelos chefes
de equipes, a fim de gerar subsídios para o Plano de
Segurança de Área (PSA). Terá livre acesso entre as Zonas
Quente, Morna e Fria, devendo para isso estar devidamente
equipado.

⮚ Chefe de Intervenção

Profissional treinado e especializado, que irá chefiar a


intervenção, ou seja, os procedimentos na Zona Quente.

⮚ Auxiliar de Intervenção

Profissional treinado e especializado, que ira auxiliar ao chefe


da intervenção em seus procedimentos.

⮚ Chefe de Descontaminação

Profissional treinado e especializado, que irá determinar:


PROCESSO / MATERIAL E CONCENTRAÇÃO DOS
MATERIAIS NEUTRALIZANTES / TÉCNICA EMPREGADA.
Este profissional irá também determinar o local a ser
estabelecido como CORREDOR DE REDUÇÃO DE
CONTAMINAÇÃO, além de possíveis mudanças por agentes
externos, como o vento ou variações de risco. Deverá
acompanhar todo o processo de descontaminação primária e
secundária, ou seja, aquela realizada no próprio local da
ocorrência, assim como a incumbência de levar todo o material
contaminado para empresa ou local a ser descontaminado e
posteriormente devolvido a sua respectiva origem, ou destinar
os materiais contaminados a um descarte adequado. Será
responsável pela devolução dos materiais totalmente

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descontaminados a seus respectivos proprietários ou


detentores da carga.

⮚ Auxiliar de Descontaminação

Profissional treinado que executará os procedimentos


determinados pelo Chefe de Descontaminação.

⮚ Ajudante de Descontaminação

Profissional encarregado de exercer a ligação das equipes


descontaminadas e a Zona Fria. Serão responsáveis pelo
auxílio na retiradas de botas, luvas, equipamentos de proteção
respiratória e roupas de proteção. Serão responsáveis ainda,
pela LAVAGEM DE CAMPO, nos casos necessários e
determinados pelo Chefe da Descontaminação.

⮚ Chefe de Suporte

Profissional treinado e especializado, que irá colher e gerenciar


as informações, de forma generalizada, a fim de subsidiar ao
AGENTE DE SEGURANÇA.

⮚ Auxiliar de Meteorologia

Responsável pelas informações meteorológicas como: direção


e velocidade do vento, umidade do ar, possibilidade de chuvas,
mapa de nuvens (fotos de satélites) e etc. Deverá passar
informações de 20 em 20 min para o Chefe de Suporte.

⮚ Auxiliar de Comunicações

Responsável pelas comunicações (via rádio ou telefonia móvel


/ celular) no local de emergência, transmissão e receptação de
ordens, informações e necessidades com os órgãos e
autoridades envolvidas.

⮚ Auxiliar de Proteção Respiratória

Responsável pelo controle dos equipamentos de proteção


respiratória, como cilindros, máscaras, filtros e etc. Deverá
atentar para o tempo de duração dos cilindros utilizados,
realizar todos os testes de segurança antes da utilização pelas

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equipes, providenciar a substituição e/ou recarga dos cilindros,


além de todas as ações pertinentes ao uso de proteção
respiratória.

⮚ Auxiliar de Operações de Defesa Civil

Responsável pelas operações de defesa civil no local de


emergência, ou seja, contatos com empresas e órgãos em sua
área, a fim de, obtenção de recursos necessários a operação.
Deverá ser esta função desempenhada, se possível, pelo chefe
da subseção de defesa civil da OBM da área.

⮚ Auxiliar de Análises Laboratoriais

Responsável pelo acolhimento da amostra do material e


posterior análise em laboratórios de órgãos ou empresas
especializadas, a fim de possibilitar a identificação do material
ou produto, através de ensaios laboratoriais.

⮚ Auxiliar de Emergências Médicas e Toxicológicas

Profissional da área médica responsável pelo atendimento no


local de emergência. Será responsável pela aplicação dos “Kits
Hazmat” específicos para os produtos envolvidos na
ocorrência. Sua presença será obrigatória em casos de
hemotóxicos, organofosforados e outros de risco iminente.

⮚ Auxiliar de Logística

Responsável pelo controle de todo o pessoal envolvido e suas


respectivas funções, além de todo o material empregado nas
operações, com exceção dos equipamentos de proteção
respiratória. Deverá preencher relatório padrão e remeter ao
Chefe de Suporte ao final das operações, ou quando lhe
solicitado. Deverá também providenciar e controlar o
fornecimento das etapas de alimentação e líquidos para a
manutenção das atividades no local de trabalho.

4.2 EQUIPE DE INTERVENÇÃO EM SALVAMENTO EM EC

⮚ Comandante de Socorro

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É o responsável pelo controle da cena e elaboração do plano


de ação, deve estar atento com o posicionamento, segurança
da equipe e da cena e o isolamento da área sinistrada.

⮚ Equipe de entrada

Equipe que realiza a primeira entrada, pode ser formada por 1


ou 2 resgatistas, devidamente equipados e possuir meio de
comunicação com o resto da equipe.
Não é indicado trabalhar com apenas 1 resgatista, apenas nos
casos: Locais com espaço físico reduzido e quando a extração
dá vítima pode se dar simplesmente conectando a linha de
resgate ao cinto de segurança de uma vítima. Sempre que
viável, deverá ser mantida uma segunda equipe para outra
intervenção de emergência ou revezamento com a primeira.
Se um resgatista perde o contato visual com o vigia, um
segundo resgatista deve entrar até uma distância que fique em
contato visual com todos os envolvidos.
O segundo resgatista, caso possível, deve apoiar o vigia na
montagem do sistema de forças, caso aplicável.

⮚ Vigia

Será responsável por velar a segurança e manter contato com


a equipe de entrada, além da movimentação do sistema de
forças, caso aplicável. Deve dominar o manuseio dos
equipamentos, montagem do sistema e ancoragem da vítima e
socorrista.
Quando a equipe de entrada está em atividade, não pode em
hipótese alguma acumular qualquer outra função.
Deve também estar usando EPRA, devido a migração de
gases.

Curso de Formação de Oficiais 27


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

5. IDENTIFICAÇÃO DE PRODUTOS PERIGOSOS

5.1 RÓTULO DE RISCOS – NBR 7500

Tem a forma de um quadrado, colocado e um ângulo de 45º, divididos em


duas metades. Na metade superior deve ser exibido o símbolo de identificação
do risco e na metade inferior, o número da classe ou subclasse, conforme
apropriado, e, quando aplicável, o texto indicativo da natureza do risco.

Deve ser composto de material impermeável, refletivo, resistente a


intempéries, permanecendo intactos durante o trajeto, sendo proibida a
sobreposição.

NOTA: Os rótulos de riscos podem ser intercambiáveis, desde que seja


em material metálico e possua dispositivo de encaixe com quatro travas de
segurança.

Não é permitida a utilização do verso do rótulo de risco removível para


identificar outra classe ou subclasse de risco do produto que não esteja sendo
transportado. Para produtos comercializados e distribuídos no país, as
embalagens/volumes e/ou contêineres também podem circular com os rótulos
de riscos contendo a natureza de risco escrita em outro idioma ou no idioma
oficial do Brasil, ou até mesmo sem a natureza do risco, exceto para a classe 7,
que deve ter a natureza do risco e as informações, quando aplicáveis, no idioma
oficial do Brasil.

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Sistema de cores, imagens, numérico e escrito   Quanto a natureza


geral, a cor de fundo é a mais visível fonte de identificação da classe dos
produtos perigosos, porém o número, a figura e a escrita caracteriza as
especificidades de cada material. As classes são divididas da seguinte maneira:

⮚ Classe 1 (Explosivos)

Substâncias submetidas a transformações químicas extremamente


rápidas e que produzem grandes quantidades de gases e calor. Algumas
delas são sensíveis ao calor, ao choque e à fricção. Outras substâncias
precisam de um intensificador para explodir.

❖ Subclasse 1.1: Substâncias e artefatos com risco de explosão em


massa.
❖ Subclasse 1.2: Substâncias e artefatos com risco de projeção, sem
risco de explosão em massa
❖ Subclasse 1.3: Substâncias e artefatos com risco predominante de
fogo, pequeno risco de explosão e projeção

❖ Subclasse 1.4: Substâncias e artefatos que não apresentam risco


significativo.

❖ Subclasse 1.5: Substâncias muito insensíveis, com risco de


explosão em massa.

Curso de Formação de Oficiais 29


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

❖ Subclasse 1.6: Substâncias extremamente insensíveis, sem risco


de explosão em massa.

⮚ Classe 2 (Gases)

Esta classe compreende, gases comprimidos, gases liquefeitos, gases


dissolvidos sob pressão e gases criogênicos. Entre os seus riscos
destacamos: Sua capacidade de ocupar todo o ambiente mesmo com
diferença de densidade com o ar atmosférico, pelo seu estado físico e
riscos adicionais como inflamabilidade, toxidade, poder de oxidação e
corrosividade.

❖ Subclasse 2.1: Gases Inflamáveis.

❖ Subclasse 2.2: Gases não inflamáveis, não tóxicos.

❖ Subclasse 2.3: Gases tóxicos

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⮚ Classe 3 (Líquidos inflamáveis)

As substâncias desta classe são orgânicas e apresentam-se em estado


líquido. A principal preocupação nos eventos: Presença de fontes de calor
e ter em mãos as informações sobre os pontos de fulgor e limites de
inflamabilidade dos produtos.

⮚ Classe 4 (Sólidos inflamáveis)

Abrange todas as substâncias sólidas que inflamam na presença de


agente de ignição, em contato com o ar e/ou contato com a água.

❖ Subclasse 4.1: Sólidos Inflamáveis.

❖ Subclasse 4.2: Substâncias Sujeitas à Combustão Espontânea.

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❖ Subclasse 4.3: Substâncias que com água, emite Gás Inflamável.

⮚ Classe 5 (Substâncias oxidantes e Peróxidos orgânicos)

As substâncias oxidantes liberam oxigênio causando a combustão de


materiais associados. Já os peróxidos tem alto poder oxidante e possuem
o agravante de produzirem irritação nos olhos, pele, mucosas e garganta.

❖ Subclasse 5.1: Substâncias Oxidantes.

❖ Subclasse 5.2: Peróxidos Orgânicos.

⮚ Classe 6 (Substâncias Tóxicas e Substâncias Infectantes)

As substâncias tóxicas são capazes de provocar morte ou danos a saúde


humana mesmo em pequenas quantidades, se ingeridas, inaladas ou em
contato com a pele. Seus efeitos após o contato variam de acordo com o
grau de toxidade da substância, tempo de exposição e dose absorvida.
Já as infectantes são aquelas que contêm microorganismos, incluindo
bactérias, vírus, parasitas, fungos que possam provocar doenças em
seres humanos e animais.

❖ Subclasse 6.1: Substâncias Tóxicas (venenosas)

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❖ Subclasse 6.2: Substâncias Infectantes.

⮚ Classe 7 (Radioativos)   São aqueles que sofrem o processo de


desintegração espontânea de um núcleo instável, acompanhado de emissão de
radiação nuclear. A proteção individual relativa a este tipo de material baseia-se
em tempo, distância e blindagem.

⮚ Classe 8 (Corrosivos)   Agem através de ação química causando


danos no contato com tecidos vivos. Existem dois principais grupos de materiais
que apresentam estas propriedades: Ácidos e Bases.

⮚ Classe 9 (Perigosos diversos)   Substâncias que apresentam


risco não coberto por qualquer das outras classes.

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5.2 PAINEL DE SEGURANÇA – NBR 7500

Tem a forma de um retângulo de cor de fundo alaranjada que apresenta


os números de identificação de risco (número de risco) e do produto (número
ONU) na cor preta.

Devem ser de material impermeável, ser refletivo, resistente a


intempéries, e devem permanecer intactos durante o trajeto.

Referente aos tipos a empregar, podem ser:

✔ Pintados
✔ Adesivados
✔ Em alto relevo
✔ Intercambiáveis

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Como já observado, na parte inferior do painel de segurança, deve ser


colocado o número de identificação do produto (Número ONU), formado por
quatro algarismos.
Já a parte superior é destinada ao número de identificação do risco, o qual
é constituído por dois ou três algarismos. Cada algarismo no número de risco
descreverá um risco e ainda poderá conter a letra “X”, quando o produto reagir
perigosamente com água.
Quando o risco associado a uma substância puder ser adequadamente
indicado por um único algarismo, este deve ser seguido do algarismo “zero”. A
repetição de um número indica em geral aumento de intensidade daquele risco
especifico. Por exemplo:

✔ 30 – Liquido Inflamável
✔ 33 – Liquido Altamente Inflamável

Para produtos da classe “1” (Explosivos), os painéis de segurança não


apresentarão número de risco, devendo ter apenas os números de identificação
do produto (Número ONU).

⮚ Significado do primeiro algarismo:

✔ 2   Emissão de gás devido a pressão ou reação química


✔ 3   Inflamabilidade de líquidos (vapores) e gases ou líquido sujeito a
auto-aquecimento
✔ 4   Inflamabilidade de sólidos inflamáveis ou sólidos sujeitos a auto-
aquecimento
✔ 5   Efeito oxidante (favorece incêndio)
✔ 6   Toxicidade ou risco de infecção

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✔ 7   Radioatividade
✔ 8   Corrosividade
✔ 9   Risco de violenta reação espontânea (também utilizado para riscos
ao meio ambiente e outros riscos)

⮚ Significado do segundo e terceiro algarismo:

✔ 0   Ausência de risco secundário


✔ 1  Explosivo
✔ 2   Emana gás
✔ 3   Inflamável
✔ 4   Fundido
✔ 5   Oxidante
✔ 6   Tóxico
✔ 7   Radioativo
✔ 8   Corrosivo
✔ 9   Perigoso quando molhado.

NOTA: Casos especiais:

✔ 22   Gás liquefeito refrigerado, asfixiante.


✔ 323   Líquido inflamável, que reage com água, desprendendo gases
inflamáveis.
✔ X323   Líquido inflamável, que reage perigosamente com água,
desprendendo gases inflamáveis.
✔ 333   Líquido pirofórico.
✔ X333   Líquido pirofórico, que reage perigosamente com água.
✔ 362   Líquido inflamável, tóxico, que reage com água, desprendendo
gases inflamáveis. (X362   ...reage perigosamente...)
✔ 382   Líquido inflamável, corrosivo, que reage com água,
desprendendo gases inflamáveis. (X382   ...reage perigosamente...)
✔ 423   Sólido que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.
(X423   Reage perigosamente)
✔ 44   Sólido inflamável, em estado fundido numa temperatura elevada.
(446   ...tóxico...)
✔ 462   Sólido tóxico, que reage com água, desprendendo gases
inflamáveis.
✔ X462   Sólido que reage perigosamente com água desprendo gases
tóxicos.

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✔ 482   Sólido corrosivo, que reage com água, desprendendo gases


inflamáveis.
✔ 539   Peróxido Orgânico, Inflamável.
✔ 606   Substância Infectante
✔ 72   Gás radioativo.
✔ 90   Substâncias que apresentam risco para o meio ambiente
✔ 99   Substâncias perigosas diversas

Os rótulos de risco, painéis de segurança e os símbolos não utilizados


para a identificação do veículo devem estar agrupados e fixados de maneira a
não estarem visíveis durante o transporte e não se espalharem em caso de
acidente, a fim de não confundirem quem estiver atendendo à emergência.
As unidades de transporte a granel, quando trafegarem vazias sem ter
sido descontaminadas, estão sujeitas às mesmas prescrições que a unidade de
transporte carregada. Elas devem, portanto, estar identificadas com rótulo de
risco, os painéis de segurança e os símbolos, caso existam, assim como
continuar portando a ficha de emergência dentro de envelopes para o transporte.
Quando as unidades estiverem descontaminadas, devem ser retirados os
rótulos de riscos, painéis de seguranças, inclusive os intercambiáveis, e os
símbolos, bem como não podem continuar portando a ficha de emergência e o
envelope de para transporte, devendo portar documento que comprove esta
condição, como certificado de descontaminação, documento fiscal ou qualquer
documento que comprove o serviço de limpeza e descontaminação do
equipamento.
Os veículos/equipamentos que não estiverem transportando produto
classificado como perigoso, ou estiverem vazios e descontaminados, não podem
portar qualquer identificação de risco, símbolos e placas com inscrições como:
“produto não classificado”, “vazio” etc
Além da sinalização das unidades de transporte, as embalagens/volumes
devem conter rótulos, painéis e demais símbolos, se aplicável.

5.3 OUTROS SÍMBOLOS – NBR 7500

A unidade de transporte carregada com uma substância em estado líquido


que seja transportada ou oferecida para transporte a uma temperatura igual ou
superior a 100ºC ou uma substância em estado sólido a uma temperatura igual
ou superior a 240ºC, independentemente da quantidade, deve portar nas laterais
(do centro para a traseira), na frente e na traseira, além das identificações
obrigatórias pertinentes, a sinalização de temperatura elevada.

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A unidade de transporte carregada com uma substância que apresenta


risco para o meio ambiente (Número ONU 3077 e/ou 3082) deve portar nas
laterais (do centro para a traseira), na frente e na traseira, além das
identificações obrigatórias pertinentes, o símbolo para o transporte de substância
perigosa ao meio ambiente.

5.4 COLOCAÇÃO DOS INDICATIVOS DE RISCO NAS UNIDADES DE


TRANSPORTES – NBR 7500

Primeiramente precisamos definir os tipos de veículos que poderão estar


transportando um produto perigoso:

❖ Transporte a granel: o recipiente (tanque de carga) que contém a carga


é a própria estrutura da carroceria. O mesmo é um recipiente fechado, isolado
termicamente ou não, e com estrutura, proteção e acessórios, construído e
destinado a acondicionar e transportar produtos a granel. Podem transportar
apenas um produto ou vários caso o tanque de carga seja compartimentado:

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❖ Transporte fracionado (embalado): quando a carga está separada em


compartimentos estanques ou por embalagens exclusivas.

É regulamentada pela NBR 7500 e 8286 da ABNT, existindo três


maneiras de transportes produtos perigosos: a granel, embalados e combinado.
A identificação do tipo de carga é feita, através dos elementos Indicativos de
Risco (painel de segurança e rótulo de risco), da seguinte forma:

⮚ Carga a granel:

❖ Transportando um único produto:

❖ Transportando mais de um produto com o mesmo risco principal:

❖ Transportando mais de um produto com o risco principal diferente:

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❖ Veículo combinado a granel com um único produto de mesmo risco:

⮚ Carga Embalada:

❖ Transportando um único produto:

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❖ Transportando mais de um produto com o mesmo risco principal:

❖ Transporte com mais de um produto e riscos diferentes:

⮚ Carga Combinada

❖ Transportando carga a granel e fracionada no mesmo veículo:

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❖ Transportando carga fracionada de um risco e carga a granel de


diferentes riscos:

❖ Transportando carga a granel com um produto de um risco no primeiro


tanque e com riscos diferentes no segundo tanque:

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❖ Transportando carga a granel com diferentes riscos no primeiro e


segundo tanques:

❖ Transportando carga fracionada e a granel com diferentes riscos:

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❖ Transportando carga fracionada com vários produtos de mesmo risco:

❖ Transportando carga fracionada com diferentes produtos de mesmo


risco e carga a granel de riscos diferentes:

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❖ Transportando carga de produtos de diferentes riscos no mesmo


veículo e carga fracionada no outro reboque ou semi-reboque:

❖ Transportando carga com produtos de diferentes riscos no mesmo


veículo e carga a granel no outro reboque ou semi-reboque:

NOTA: O veículo de transporte do produto perigoso, mesmo vazio,


oferece riscos relativos à sua utilização e, por isso, há casos de permanência da
identificação. Vejamos:

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CARGA A GRANEL – Rótulos de risco e Painel de Segurança: Antes de


lavar e descontaminar o veículo, continuar usando. Totalmente lavado e
descontaminado, não usar.

CARGA EMBALADA – Rótulos de risco e Painel de Segurança: Não pode


ser utilizado se o veículo estiver vazio.

5.5 DIAMANTE DE HOMMEL

Sistema de identificação de produtos perigosos para instalações fixas


desenvolvida pela National Fire Protection Association (NFPA 704 M). Não é
obrigatório no Brasil, mas tem sido observado com notável frequência em
empresas.

5.6 COLORAÇÃO DE CILINDROS – NBR 12.176

Essa norma da ABNT tem como finalidade fixar diversos requisitos


exigíveis para que seja possível identificar gases em cilindros, se aplicando a
identificação de gases que tenham uso industrial, medicinal, para mergulhos,
combate a incêndios e outras finalidades similares. Contudo, a norma não se
aplicará a cilindros com gases de liquefeitos de petróleo ou com capacidade
hidráulica acima de 150 litros, que estejam montados em unidades de transporte.
Segundo a NBR 12.176, a identificação de um determinado gás, ou de
uma mistura de gases, precisa, obrigatoriamente, ser realizada através da cor
de pintura localizada na calota do cilindro que contém esse gás. Pode se tratar
de uma ou de mais cores, num só cilindro, mas essa identificação por cores
precisa ser respeitada.

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Vale lembrar que as cores dos cilindros podem variar, sobretudo nos
diferentes países. Por conta disso é importante uma atenção especial aos
cilindros importados, a identificação dos cilindros importados cheios de gás deve
atender aos requisitos desta norma. Além disso estes cilindros devem ter sempre
etiquetas em português, nas quais devem constar:

✔ Identificação do gás ou mistura;


✔ Fórmula química ou composição;
✔ Denominação do fabricante;
✔ Denominação do distribuidor nacional.

Seguiremos agora com algumas definições desta norma para facilitar o


seu entendimento.

a) Base – Parte de baixo do cilindro, que permite que ele fique estável em
posição vertical.
b) Calota – Parte do cilindro que fica entra o gargalo e o corpo.
c) Capacete – Peça destinada a proteger a válvula do cilindro.
d) Cilindro – Recipiente para acondicionamento dos gases sob pressão.
Soma de base, fundo, corpo, calota e gargalo.
e) Colarinho – Peça cravada ao gargalo para atarraxamento ou outra
modalidade de fixação do capacete.
f) Corpo – Parte do cilindro limitada externamente pela calota.
g) Fundo – Parte que veda completamente o cilindro e é oposta à calota.
h) Gargalo – Parte do cilindro na qual existe um furo roscado para

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NOTAÇÃO
GÁS COLORAÇÃO
MUNSELL
Acetileno Vermelho Bordô
Amônia Azul Claro (Turquesa)
Arcal Azul
Ar Comprimido Industrial Cinza 2,5 PB 4/10
Ar Comprimido Medicinal Cinza/Verde
Ar Comprimido para Mergulho Cinza/Amarelo
Argônio Marrom 2,5 YR 2/4
Cloro Cinza/Laranja N 3,5
Dióxido de Carbono Industrial Alumínio -
Etileno Roxo
Etil 5 Roxo/Cinza
Gases Raros Branco
Hélio Laranja 2,5 YR 6/14
Hidrogênio ou GNV Amarelo-segurança 5 Y 8/12
Metano Rosa
Mistura H35 (Arg + Hid) Marrom/Amarelo

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Mistura Especiais Star Gold Dourado


Óxido Nitroso Medicinal Azul-marinho 5 PB 2/4
Oxigênio Industrial Preto
Oxigênio Medicinal Verde

5.7 COLORAÇÃO DE TUBULAÇÕES

⮚ NBR 6.493

Esta Norma fixa as condições exigíveis para o emprego de cores


na identificação de tubulações para a canalização de fluidos e
material fragmentado ou condutores elétricos, com a finalidade de
facilitar a identificação e evitar acidentes.

NOTAÇÃO DE
PRODUTO COLORAÇÃO
MUNSELL
Amarelo-
Gases Não Liquefeitos
segurança

Ar Comprimido Azul-segurança 2,5 PB 4/10

Combustíveis Inflamáveis de Baixa


Alumínio
Viscosidade ou Gases Liquefeitos

Vapor Branco N 9.5

Eletrodos Cinza escuro N 3.5

Ácidos Laranja

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Fluidos Não Identificados Marrom

Vácuo Platina N 6.5

Combustíveis Inflamáveis Com Alta


Preto
Viscosidade
Vermelho-
Água e Materiais para Incêndio 5 R 4/14
segurança

Água Verde-emblema 2.5 G 3/4

Água Potável Verde Nilo

⮚ NBR 12.188

Trata de uma maneira geral as condições de segurança para gases


medicinais e acaba divergindo um pouco da tabela de cores para
tubulações vista anteriormente.

NOTAÇÃO DE
PRODUTO COLORAÇÃO
MUNSELL
Amarelo-
Ar Medicinal
segurança

Óxido Nitroso Azul-marinho

Oxigênio Medicinal Verde Emblema 2.5 G 3/4

Vácuo Cinza Claro

5.8 IDENTIFICAÇÃO E RECONHECIMENTO POR NÚMEROS

Várias agências no mundo atribuem numeração de


referência/identificação às substâncias químicas classificando-as como
perigosas ou não. Isso facilita as operações e pode sanar as dúvidas quando se
lida com produtos que possuem nomes comerciais diferentes. Dentre eles
podemos citar:

✔ Número CAS – CAS Number (Chemical Abstracts Service), da


Sociedade Americana de Química.

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✔ Número ONU – UN Number, da Organização das Nações Unidas


(ONU).
✔ EU Einecs /Elincs, número da União Europeia.
✔ RTECS: Registro de efeitos tóxicos das substâncias químicas da
NIOSH (National Institute of Occupational Safety and Health) dos EUA.

⮚ Número CAS

Sendo o mais antigo dos sistemas, trata-se de registro norte-americano


organizado pela Chemical American Society que engloba mais de 126
milhões de substâncias orgânicas e inorgânicas (disponíveis em
http://www.cas.org), com um banco de dados que cresce a cada dia.
Um Número CAS é facialmente identificado por sua estrutura e pode
englobar Produtos Perigosos ou não. O número é composto por três
partes separadas por traços:

SUBSTÂNCIA/PRODUTO Nº CAS

Água CAS 7732-18-5

Gasolina CAS 8006-61-9

Segundo a NBR 14.725-4, que regula a elaboração da Ficha de


Informações de Segurança de Produto Químico (FISPQ), a ser tratada
à frente, o nº CAS é informação que deve estar presente.
Abaixo, extrato da FISPQ da Amônia:

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5.9 MANUAL PARA ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIAS COM


PRODUTOS PERIGOSOS DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA
INDÚSTRIA QUÍMICA (ABIQUIM)

Lançado em 1989 pela Associação Brasileira da Indústria Química, serve


de guia para as primeiras ações em acidentes com Produtos Perigosos, porém
não há responsabilização da ABIQUIM por consequências indesejáveis.
A divisão de páginas desse manual se dá pela diferenciação das cores de
cada uma delas, são elas:

PÁGINAS CONTEÚDO
Orientações gerais sobre o próprio manual e identificação de
Brancas
produtos perigosos.
Azuis Produtos perigosos em ordem alfabética

Amarelas Produtos perigosos em ordem numérica do número ONU


Distâncias iniciais de isolamento, distância durante o dia e a noite
Verde
e reatividade de produtos perigosos com a água
Guias com as principais características dos produtos e
Laranjas
procedimentos em casos de emergências.
5.10 FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA PARA PRODUTOS
QUÍMICOS (FISPQ)

É um documento criado para normalizar dados sobre a propriedade de


compostos químicos e misturas. Este registro foi elaborado pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da Norma Brasileira de número
14725-4.
A FISPQ é responsável por normatizar informações que obrigatoriamente
devem aparecer nas embalagens de qualquer produto que contenha química, de
modo que o consumidor tenha conhecimento a respeito de todos os riscos
envolvidos em sua utilização. As embalagens também devem informar os
procedimentos de segurança e manuseio adequados, indicando a melhor forma
de manuseio, transporte e descarte. O objetivo é evitar acidentes de trabalho,
doméstico ou qualquer tipo de dano à saúde das pessoas.

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6. DETECÇÃO DE GASES

Durante o procedimento de avaliação de uma cena em um evento que


iremos atuar, é de extrema importância para estabelecermos as diretrizes da
operação, a detecção/medição da atmosfera.
Porém para o sucesso da missão precisamos nos certificar que estamos
trabalhando com os equipamentos certificados, adequados, e principalmente
calibrados

6.1 ESTUDO DOS GASES

Partículas se movimentando randomicamente e caoticamente, colidindo


uma contra as outras e contra as paredes de um recipiente ou lugar. Se dispersa
e se mistura rapidamente em um ambiente. Esses gases terão suas
características químicas, e essas trarão a exata natureza do risco, depende do
tipo de gás que está presente, mas em geral, são divididas em três classes,
Inflamáveis, Toxicas e Asfixiantes:

⮚ Inflamáveis (metano, GLP, hidrogênio, vapor de gasolina)

Os gases e vapores inflamáveis são substâncias que misturadas


ao ar e recebendo calor adequado entram em combustão. Para que
a combustão/explosão ocorra precisamos lembrar que precisamos
de uma proporção adequada de comburente, combustível e fonte
de ignição.

⮚ Tóxicos: (cloro, amônia, CO, H2S)

Os gases tóxicos podem causar vários efeitos prejudiciais à saúde


humana. Os efeitos dos gases tóxicos no organismo humano
dependem diretamente da concentração (risco imediato) e do
tempo de exposição – TWA (efeito cumulativo).

❖ Monóxido de Carbono (CO): Gás inodoro e incolor, que é


resultado de queima incompleta de combustíveis. Podem

Curso de Formação de Oficiais 53


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

ser encontrado em fornos, caldeiras, soldas, motores a


combustão entre outros. Possui propriedade química que
proporciona asfixia química no organismo humano, se
prendendo a hemoglobina e impossibilitando o transporte
do oxigênio às células. É absorvido pelo pulmão até 100
vezes mais rápido que o oxigênio.

Sintomas: Dor de cabeça, desconforto, tontura, confusão,


tendência a cambalear, náuseas, vômitos, palpitação e
inconsciência.

10.000 ppm(1) é Fatal

Tratamento: Câmara hiperbárica e transfusão de sangue

ATENÇÃO: Muitas vezes ocorre o erro de se medir o


mesmo através do oxímetro.

NOTA: PPM: Indica quantas partes de soluto (em massa


ou em volume) existem em um milhão (1000000 ou 106) de
partes da solução ( em massa ou em volume)

❖ Gás Sulfídrico (H2S): Gás oriundo muitas vezes da


decomposição de matéria orgânica, podendo assim ser
encontrado em águas subterrâneas e esgotos. Tem cheiro
forte (ovo podre) e inibe o olfato após exposição.
Considerado um dos piores agentes ambientais agressivos
ao homem.

Sintomas: Irritação dos olhos, garganta e pulmões, tosse,


perda da consciência e paralisia respiratória.

1.000 ppm é Fatal

❖ Amônia (NH3): Gás utilizado no processo de resfriamento,


sendo encontrado em locais como frigoríficos e fábricas de
gelo. Possui cheiro forte e irritante. Normalmente ataca
regiões com mucosa no corpo, causando queimaduras.

Sintomas: Dificuldade respiratória, queimaduras, náuseas


cegueira temporária e fibrose muscular.

2.500 ppm é Fatal

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⮚ Asfixiantes: (nitrogênio, argônio, CO2)

Os gases asfixiantes não proporcionam diretamente nenhum


maleficio ao nosso organismo, porém em grandes quantidades
levam à deficiência de oxigênio no local. É sabido que na nossa
atmosfera temos:

78% de Nitrogênio
20,9% Oxigênio
1% Argônio
0,1% de Outros gases

Os alarmes de concentração de oxigênio devem ser ajustados para


serem acionados com valores abaixo de 19,5% e acima de 23%
em volume. Teores abaixo de 19,5% podem causar:

✔ 12 a 16% - Alteração da respiração e estado


emocional, fadiga anormal em qualquer atividade.
✔ 10 a 11% - Aumento da respiração e pulsação,
coordenação motora prejudicada, euforia e possível dor
de cabeça.
✔ 6 a 10% - Náusea e vômitos, incapacidade de
realizar movimentos, possível inconsciência, possível
colapso enquanto consciente.
✔ < 6% - Respiração ofegante; paradas respiratórias
seguidas de parada cardíaca; morte em minutos.

ATENÇÃO: É importante lembrar que mesmo que a concentração


de O2 esteja entre 19,5% e 23%, caso seja desconhecido o motivo
dessa variação, já é caracterizada uma condição IPVS, assim como
concentrações abaixo de 12,5%, mesmo com o conhecimento do
porque da variação.

Essa variação de oxigênio pode ocorrer pela combustão de


produtos inflamáveis, Reações químicas, Ação de bactérias,
Consumo humano e Gases Asfixiantes.

Devemos atentar para outros fatores em relação aos gases são eles:

Curso de Formação de Oficiais 55


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

Densidade: É uma propriedade específica de cada material que


serve para identificar uma substância. Essa grandeza pode ser
enunciada da seguinte forma:

“A densidade (ou massa específica) é a relação entre a


massa (m) e o volume (v) de determinado material (sólido,
líquido ou gasoso).”

Ponto de Fulgor: É a menor temperatura na qual um líquido libera


vapor / gás em quantidade suficiente para formar uma mistura
inflamável. Nesta temperatura a quantidade de vapor não é
suficiente para assegurar uma combustão contínua. Forma-se uma
chama rápida.

Temperatura de Auto ignição: É a temperatura na qual uma


concentração de gás inflamável explode sem a presença de uma
fonte de ignição.

6.2 LIMITES DE TOLERÂNCIA

Conforme o conceito da Norma Regulamentadora - NR 15:

“Limite de Tolerância, para fins dessa Norma, é a concentração ou


intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de
exposição ao agente, que não causará dano a saúde do trabalhador, durante
sua vida laboral.”

⮚ TLV – (Threshold Limit Values) – Valor limite de tolerância


(VLT)

É a concentração máxima de um contaminante, relacionada com a


natureza e o tempo de exposição ao agente, que NÃO causará
dano ao trabalhador durante a sua vida laboral.

⮚ TLV – TWA (Time Weightdet Average) - Média ponderada de


tempo

É a concentração máxima a que um trabalhador pode ficar exposto


em uma jornada de 48h semanais, sendo no máximo 8h de trabalho
por dia.

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⮚ TLV – STEL (Short Term Exposure Limit) - Limite de exposição


para curtos períodos

É a concentração máxima a que um trabalhador pode ficar exposto,


durante 15 minutos, no máximo 4 vezes por dia, com intervalo
mínimo de 1 hora entre cada período de exposição.

⮚ TLV - C (Ceiling) - Limite teto

São valores que não devem ser excedidos em nenhum momento

⮚ IPVS – Imediatamente perigoso à vida ou à saúde

São concentrações que representam uma ameaça de morte ou


dano irreversível à saúde em caso de exposição. Um local é
considerado IPVS quando ocorre uma das seguintes situações:

✔ A concentração do contaminante é maior que a


concentração IPVS;
✔ A Concentração de Oxigênio é inferior a 21% por razões
desconhecidas e não controladas;
✔ O teor de Oxigênio é inferior a 12,5% ao nível do mar;
✔ A pressão atmosférica do local é inferior a 450 mmHg;
✔ A pressão parcial de Oxigênio é inferior a 95 mmHg;
✔ A atmosfera está dentro da faixa de explosividade;

6.3 DETECTORES DE GASES

É importante atentar que apesar do CBMERJ possuir os detectores das


marcas MSA modelo ALTAIR® 4XR e Scott modelo Protégé, existem uma

Curso de Formação de Oficiais 57


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

infinidade de detectores no mercado. Normalmente as empresas adquirem


detectores já indicados para as substâncias com as quais trabalham.

⮚ Principio de medição

❖ Sensores Eletroquímicos (Gases Tóxicos): Seu


funcionamento se dá pela reação do Eletrólito com o gás
detectado iniciando assim um processo de migração de
íons entre eletrodos e provocando uma diferença de
potencial (ddp).
São os mais confiáveis para a medição de gases tóxicos,
por apresentarem alta seletividade, baixo efeito as
variações de umidade e temperatura.

Limitações: Vida útil de 2 anos, necessidade de calibrações


periódicas, contaminação por outros gases, sensibilidade
cruzada e saturação a grandes concentrações.

❖ Sensores Catalíticos (Gases Inflamáveis): Utiliza o


princípio de combustão através de uma ponte de
Wheatstone.

Utilizado nos detectores para a medição de gases


inflamáveis e hidrocarbonetos, hidrogênio, gasolina,
GLP, Gás natural.

Limitações: Vida útil de 2 a 3 anos, necessidade de


calibrações periódicas, envenenamento por altas
concentrações de compostos sulfurosos e chumbo,
é inibido por um produto clorado, fluorado e produtos

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que contenham silicone. satura em grandes


concentrações.

❖ Infravermelho (Gases inflamáveis – Hidrocarbonetos): É


baseado na absorção de hidrocarbonetos através da luz
infravermelha em um comprimento de onda específico.

⮚ Testes de resposta dos detectores

1. Ajuste de Zero (referência na atmosfera)


2. Confinar sensores e aplicar gás (0,5 l/min)
3. Aguardar estabilizar a leitura.
4. Parar gás – Aguardar retorno ao valor da atmosfera.
5. Ver Tela de pico.

⮚ Técnicas de Medição

A medição deverá ocorrer antes, durante e depois da operação, em


três camadas do espaço onde se faz a leitura. Lembrando que nem
sempre teremos aparelhos adequados/calibrados para a operação,
dessa maneira, podemos conseguir informações dos
contaminantes através de funcionários que venham a trabalhar no
local, fichas de emergências e outras fontes. Informações como
concentração do contaminante, densidade, natureza serão
fundamentais para o sucesso da missão.

Curso de Formação de Oficiais 59


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

⮚ Monitoramento de Oxigênio

Em qualquer espaço confinado, o monitoramento da concentração


de oxigênio é prioridade. Na realidade, nos equipamentos multi-
gases modernos, esse monitoramento acontece automaticamente.
A maioria dos sensores de oxigênio são calibrados para indicar
concentrações entre 0% e 25%. Essa é uma faixa bastante eficaz
para conduzir decisões como quais EPIs serão utilizados dentro do
Espaço Confinado quanto quais agentes combustíveis são
passíveis de ignição dentro desse limite.

A detecção de oxigênio ocorre em uma célula eletroquímica que


consiste em 2 eletrodos em um eletrólito alcalino, coberto por uma
membrana. O oxigênio entra através da membrana, reage com o
eletrólito e envia uma voltagem para os terminais detectores. Essa
voltagem é interpretada como a porcentagem de oxigênio contida
no ar monitorado.

❖ Vantagens:

- Tempo de resposta rápido;


- Portátil;
- Algumas versões possuem somente um display ou podem
apresentar displays combinados.

❖ Desvantagens:

- Deve ser calibrado conforme exposto a temperaturas,


umidade e muitas utilizações;

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- O medidores de oxigênio são afetados por certos gases e


vapores. Em particular, o dióxido de carbono pode afetar
permanentemente a leitura de oxigênio presente numa
atmosfera. De maneira geral, medidores de oxigênio
devem ser utilizados em atmosferas com mais de 0.5%
somente com reposição da célula de detecção de oxigênio.

⮚ Monitoramento de Atmosferas Inflamáveis ou Explosivas

A segunda prioridade no monitoramento são as atmosferas


inflamáveis ou explosivas. É essencial reconhecer as condições de
inflamabilidade ou explosividade e é igualmente importante
antecipar os potenciais destrutivos dessas atmosferas. Isso é
possível de ser alcançado através de um instrumento capaz de
realizar a medição nessas atmosferas. Existem diferentes escalas
que mostram o nível dos vapores/gases combustíveis na
atmosfera. São elas:

- ppm;
-% de gás;
- % do Limite inferior de explosividade (“Lower explosive limit’ -
LEL)

A escala mais comum é a escala de porcentagem do Limite Inferior


de Explosividade (%LEL). A faixa de explosividade de qualquer gás
está entre o Limite Inferior e Superior de Explosividade. Quando a
concentração estiver abaixo do Limite Inferior de Explosividade,
não temos quantidade suficiente de gás ou vapor para garantir uma
explosão, sendo considerada a mistura gás ou vapor com o ar
atmosférico uma mistura pobre. Já acima do Limite Superior de
Explosividade, a quantidade de gás ou vapor é muito superior à
mistura ideal com o ar atmosférico, sendo assim neste caso,
também não ocorre a explosão.

Curso de Formação de Oficiais 61


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

A escala de porcentagem do Limite Inferior de Explosividade varia


de 0% a 100% do Limite Inferior de Explosividade, e não 0% a
100% da quantidade de gás em uma dada atmosfera. Por exemplo,
se a leitura for de 50% do Limite Inferior de Explosividade, isso
indica que 50% do vapor combustível necessário para gerar uma
combustão está presente naquela atmosferra. Se o Limite Inferior
de Explosividade for de 2%, então o instrumento está indicando que
temos a metade dos 2% de gás presente. Se a concentração
aumentar, ela chegará mais próxima do Limite Inferior de
Explosividade.

Alguns instrumentos indicam quando a concentração de gás ou


vapor combustível excede o Limite Superior de Explosividade,
porém nem todos dão essa indicação. Quando utilizar algum
instrumento que não gera a leitura acima do Limite Superior de
Explosividade, observe o display enquanto a amostra é admitida
pelo sensor. A porcentagem do Limite Inferior de Explosividade irá
subir até exceder o Limite Superior de Explosividade e depois
abaixar para 0%. Isso indica que a atmosfera é muito rica de gás
ou vapor combustível, e que possivelmente uma ventilação irá levar
para dentro da faixa de explosividade essa mistura.

Medidores de explosividade são capazes de detectar gases ou


vapores tanto através da admissão do gás diretamente para o
sensor, através de uma sonda ou mangueira semi-flexível ou

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através de uma bomba capaz de drenar mais rapidamente a


amostra para dentro do instrumento.

⮚ Fator K

Para a obtenção de uma leitura mais precisa quando o instrumento


de detecção estiver calibrado com um gás e um outro gás for
detectado na atmosfera, utilizamos uma tabela de conversão,
chamada de tabela de fator K.

Quando um gás, que não o gás de calibração, for detectado, divida


a leitura pelo fator correspondente para calcular a concentração
real do gás. Por exemplo, pode ser detectado propano por um
instrumento calibrado com Metano. Se a leitura for 32% LEL: 32%
LEL de metano indicado/0,65 = 49% LEL de propano calculado.
Normalmente, se houver a possibilidade de existir Metano no
ambiente de operação, o instrumento deve ser calibrado com
Metano. Se houver também a possibilidade de existirem outros
gases no ambiente de operação, o nível de alarme LEL deve ser
ajustado de acordo com o fator K mais baixo dos gases possíveis.
Por exemplo, se for possível existir Metano ou Propano, e o alarme
pretendido for 25% LEL, calibre o instrumento com Metano e defina
o nível de alarme para (25% x 0,65 = 16% LEL). Para uma melhor
precisão, calibre o instrumento de detecção com um gás
semelhante ao gás a ser detectado.

Gás atmosférico Fator K de correção


n-Butano 0,60
Metanol 1,04
Etano 0,80
Hidrogênio 1,10
Metano 1,00
Propano 0,65
n-Pentano 0,50
n-Hexano 0,45
n-Octano 0,40
Etanol 0,80

Curso de Formação de Oficiais 63


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Isopropanol 0,69
Acetona 0,70
Amoníano 1,30
Tolueno 0,35
Gasolina 0,60
Isobutanol 0,53
Xileno 0,49
Estireno 0,46
Fonte: Manual de instruções do Monitor de gás portátil da Protégé

⮚ Estratégias de Monitoramento

É imperativo que instrumentos de leitura direta devem ser operados


por indivíduos qualificados, na qual devem estar familiarizados com
os princípios de operação, limitações, instruções de operação e
informações sobre calibração do equipamento. Em uma cena de
resgate em espaço confinado, as leituras das informações geradas
pelo instrumento devem ser interpretadas de maneira
conservadora. As orientações abaixo servem para facilitar a
interpretação da leitura:

- Calibre seu instrumento de acordo com as instruções técnicas do


fabricante. Tempo, humidade, temperatura e altitude podem afetar
a precisão das leituras. É recomendado, sempre que possível, que
o instrumento seja recalibrado antes da utilização pelas equipes de
resgate;
- A leitura do "zero" deve ser entendida como "sem resposta do
instrumento" ao invés de "limpo/clear", em virtude de algumas
características químicas podem estar presentes e não forem
detectáveis pelos instrumentos;
- Quando monitorar uma atmosfera desconhecida, a varredura do
ar deve ser repetida diversas vezes e por diferentes tipos de
sistema de detecção, se possível, para maximizar o número de
leituras encontrados nessa atmosfera.

As prioridades de monitoramento de ar em um espaço confinado


devem ser baseadas nas informações obtidas durante a inspeção
inicial do local do incidente. Essas informações servem como base

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para selecionar os equipamentos de monitoramento apropriados,


os EPIs a serem utilizados na operação. Depende das condições
do espaço confinado e das estratégias de resgate, quatro
categorias de monitoramento podem ser requeridas:

1. Monitoramento geral do local do incidente;


2. Monitoramento do perímetro;
3. Monitoramento do espaço confinado;
4. Monitoramento pessoal.

É recomendando pelos órgãos de regulação que o monitoramento


seja feito na seguinte ordem:

- Oxigênio;
- Limite Inferior de Explosividade;
- Toxicidade.

É necessário saber a concentração de oxigênio em uma atmosfera


visando validar a leitura de porcentagem do Limite Inferior de
Explosividade. Uma baixa concentração de oxigênio pode indicar a
presença de contaminantes tóxicos que talvez o operador não
possua a capacidade de detectar. Os resultados do monitoramento
ao redor e dentro do Espaço Confinado devem ser registrados.
Tenha anotado o local, as leituras obtidas e a pessoa que executou
o monitoramento atmosférico. Outros fatores importantes, no ato
da detecção, são as propriedades dos gases citadas acima. Elas
irão definir qual o comportamento de determinada substância
dentro do ambiente, ou seja, um gás com densidade maior do que
a densidade do ar, tende a posicionar-se nas regiões inferiores
deste espaço. Desta forma, o monitoramento e a detecção serão
realizadas de forma eficiente.

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7. ISOLAMENTO, ÁREAS E ZONAS


7.1 ISOLAMENTO

O isolamento deverá ser inicialmente de 50 a 100 metros de raio em todas


as direções, e posteriormente ser reavaliado para fins de segurança das equipes
e população. Os fatores que irão influenciar no aumento ou diminuição do raio
de isolamento inicial são:

✔ Direção e velocidade dos ventos.


✔ Topografia do local.
✔ Lençol freático e recursos hídricos da região.
✔ População local.
✔ Características do Material.
✔ Previsões e condições meteorológicas.
✔ Tempo previsto de trabalho.

Baseado nos aspectos supracitados o isolamento será realizado conforme


o esquema a seguir:

Logo deverá ser adotado como referência, o Manual de Emergências da


ABIQUIM (tabela de isolamento guia verde), Ficha de informação de segurança
para produtos químicos (FISPQ), ou outros parâmetros semelhantes, a fim de se
determinar o isolamento ideal, o qual deverá ser adotado, sempre que possível.

7.2 ÁREAS

Após a avaliação dos itens supracitados, o socorrista irá definir suas Áreas
de Trabalho da seguinte forma:

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⮚ Ponto Zero

Trata-se do ponto exato no terreno onde ocorreu, ou está


ocorrendo, o vazamento/derramamento. Portanto, é aquele
ponto, ou região restrita, onde determinado produto está
escapando para o meio ambiente e com ele interagindo. O
Ponto Zero pode ser considerado como a origem das
distâncias, ou seja, ele servirá, por exemplo, como referência
“00 metros” para um raio de isolamento de 50 metros.

⮚ Área Quente ou Área de Exclusão

Local onde está localizada a origem do acidente. Neste local o


risco é iminente, devendo ser isolado, tendo somente o acesso
as Equipes de Intervenção.

⮚ Área Morna ou Área de Redução de Contaminação

Local que servirá de ligação entre as Zonas Quente e Fria.


Neste local será montado o Corredor de Descontaminação,
tendo o acesso somente as Equipes de Descontaminação.

⮚ Área Fria ou Área de Suporte

Local externo ao acidente, onde o risco será mínimo ou


inexistente. Nele deverão estar localizados todas as Equipes
de Suporte, além dos Órgãos de Imprensa e de Apoio, como
Defesa Civil Municipal e outros. Nesta será também montado o
Posto de Comando, devendo ser presente o Coordenador.

⮚ Área de Exclusão

“É a área além da faixa periférica da zona fria. É o


local onde permanecem as pessoas e instituições que
não possuem envolvimento direto com a ocorrência,
tais como órgãos de imprensa e a comunidade, entre
outros. A autorização para entrada na zona de
exclusão para a zona fria se dá mediante aprovação
do supervisor de segurança do perímetro de
isolamento ou pelo comando de operações”.
ABNT, NBR 14064 2015

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Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

7.3 FONTES DE RISCO

Ponto ou local no qual um gás, vapor ou líquido inflamável pode ser


liberado para a atmosfera.

⮚ Grau Contínuo

Fonte de risco com liberação contínua ou que se espera que


ocorra frequentemente ou por longos períodos, ex.:

❖ Superfície de um líquido inflamável em um tanque de teto


fixo, com respiro permanente para a atmosfera;
❖ Superfície de um líquido inflamável que esteja aberto para a
atmosfera, continuamente ou por longos períodos, como por
exemplo, separadores de água/ óleo.

⮚ Grau Primário

Fonte de risco com liberação que se espera que ocorra


periodicamente ou ocasionalmente durante a operação normal,
ex.:

❖ Selos de bombas, compressores ou válvulas, se a liberação


do material inflamável for esperada de ocorrer durante a
operação normal;

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_______________________Operações com Produtos Perigosos / Salvamento e Operações em Ambientes Confinados

❖ Válvulas de alívio, respiros e outras aberturas em que são


previstos a liberação de material inflamável para a atmosfera
durante a operação normal;
❖ Pontos de drenagem de água em vasos que contêm líquidos
inflamáveis, que podem ser liberados para a atmosfera
durante a drenagem da água em operação normal.

⮚ Grau Secundário

Fonte de risco com liberação que não se espera que ocorra em


operação normal, e se ocorrer, é frequente e por curtos
períodos, ex.:

❖ Flanges, conexões e acessórios de tubulação, onde a


liberação do material inflamável para a atmosfera não é
prevista de acontecer em condições normais de operação;
❖ Selos de bombas, compressores ou válvulas onde a
liberação do material inflamável para a atmosfera não é
prevista de ocorrer durante a operação normal;
❖ Válvulas de alívio, respiros e outras aberturas onde a
liberação de material inflamável para a atmosfera não é
prevista de ocorrer em condições normais de operação.

7.4 ZONAS DE UMA ÁREA CLASSIFICADA

Definição de Área Classificada

“Área na qual uma atmosfera explosiva ocasionada pela ocorrência da


mistura de ar com substâncias inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa,
poeira ou fibras, ou na qual é provável esta ocorrência a ponto de exigir
precauções especiais para construção, instalação, manutenção e
utilização de instalações e equipamentos elétricos”
NBR 16577
⮚ ZONA 0

Local onde uma atmosfera explosiva consiste em uma


mistura com o ar e substâncias inflamáveis em forma de gás,
vapor ou névoa continuamente presente ou por longos
períodos frequente (Risco de Grau Contínuo);

Representação gráfica

Curso de Formação de Oficiais 69


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

Obs.: Quando se tratar de poeiras combustíveis ou fibras


inflamáveis essa zona será denominada ZONA 20.

⮚ ZONA 1

Local onde uma atmosfera explosiva consiste em uma


mistura com o ar e substâncias inflamáveis em forma de gás,
vapor ou névoa, que pode ocorrer ocasionalmente em
condições normais de operação (Risco de Grau Primário);

Representação gráfica

Obs.: Quando se tratar de poeiras combustíveis ou fibras


inflamáveis essa zona será denominada ZONA 21.

⮚ ZONA 2

Local onde uma atmosfera explosiva consiste em uma


mistura com o ar e substâncias inflamáveis em forma de gás,
vapor ou névoa, que não é prevista ocorrer em condições
normais de operação, mas, se ocorrer, irá persistir somente
por um curto período (Risco de Grau Secundário).

Representação gráfica

70 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


_______________________Operações com Produtos Perigosos / Salvamento e Operações em Ambientes Confinados

Obs.: Quando se tratar de poeiras combustíveis ou fibras


inflamáveis essa zona será denominada ZONA 22.

⮚ Tabela Sintética de ZONAS - Normas Internacionais

Presença Presença em Presença em


Normas Misturas Inflamáveis
Contínua condição Normal condição Anormal

IEC / EM 60079-10-1 Gases / Vapores Zona 0 Zona 1 Zona 2


IEC /
CENELEC
Poeiras combustíveis
IEC / EM 60079-10-1 Zona 20 Zona 21 Zona 22
ou Fibras inflamáveis

Gases / Vapores Zona 0 Zona 1 Zona 2


ATEX Directive 99/92/EC
Poeiras combustíveis
Zona 20 Zona 21 Zona 22
ou Fibras inflamáveis
ANSI/NFPA 70
Classe I,
NEC 501 National Electrical Gases / Vapores Classe I, Divisão 1 Classe I, Divisão 2
Divisão 1
Code Article 501
ANSI/NFPA 70
Classe I,
NEC 505 National Electrical Gases / Vapores Classe I, Zona 1 Classe I, Zona 2
Zona 0
Code Article 505
ANSI/NFPA 70
Poeiras combustíveis Classe II, Classe II,
NEC 502 National Electrical Classe II, Divisão 2
ou Fibras inflamáveis Divisão 1 Divisão 1
Code Article 502
ANSI/NFPA 70
Poeiras combustíveis
NEC 506 National Electrical Zona 20 Zona 21 Zona 22
ou Fibras inflamáveis
Code Article 506
CSA C22.1 Canadian
Classe I,
Electrical Code Gases / Vapores Classe I, Zona 1 Classe I, Zona 2
Zona 0
CEC Sec. Section 18
18 CSA C22.1 Canadian
Poeiras combustíveis Classe II, Classe II,
Electrical Code Classe II, Divisão 2
ou Fibras inflamáveis Divisão 1 Divisão 1
Section 18

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Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

8. EQUIPAMENTOS OPERACIONAIS

Durante a atividade de contenção/salvamento se fará necessário a


utilização de diversos equipamentos, sejam operacionais, de proteção, ou
contenção. Para tanto precisamos conhecer sua especificações.

8.1 EQUIPAMENTOS DE MATERIAIS TÊXTEIS

São exemplos:

✔ Cordas – Dinâmicas (maior elasticidade, entre 3 a 12%) ou


semi-estáticas (menor elasticidade, entre 0 e 3%);
✔ Cintos de segurança;
✔ Fitas planas e tubulares;
✔ Talabartes;
✔ Partes internas de capacetes;
✔ Equipamento de posicionamento.

Os maiores inimigos dos equipamentos confeccionados com materiais


têxteis são: a abrasão e a radiação UV (Sol, luz fluorescente e soldas elétricas).
Normalmente esses produtos são confeccionados de poliamidas
(NYLON) ou poliéster, mas existem alguns materiais especiais como;

✔ High Performance Polyethylene (Dyneema) que são


extremamente resistentes, mas com baixo ponto de fusão(
<80ºC).
✔ Aramida – apresenta uma boa resistência a altas
temperaturas, mas baixa resistência a abrasão, repetidas
dobras e reage muito mal a radiação UV (Ex.: Kevlar).

Todo material têxtil deve passar por um exame táctil e visual, onde cortes,
desgastes, queimaduras, marcas, contaminação química e condições das
costuras devem ser checadas.
Caso sejam submetidos a exames técnicos, para comprovar carga de
ruptura, ou fator de queda igual a 2 (dois), deverão ser descartadas, por não ser
possível observar danos no material.
Com o objetivo de manter o equipamento limpo, deve-se lavar com água
natural, temperatura máxima de 30ºC, com sabão neutro ou detergente fraco,
com pH na faixa de 5.5 a 8.5.
O uso de máquinas de lavar é permitido, devendo o mesmo estar dentro
de uma bolsa. Posteriormente, o processo de secagem deve ser em local
bastante arejado e fora de qualquer fonte direta de calor ou radiação UV.

72 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


_______________________Operações com Produtos Perigosos / Salvamento e Operações em Ambientes Confinados

Para questões de uso, a maior parte dos fabricantes limita a utilização dos
equipamentos, para as temperaturas menores que -40ºC ou maiores de 80ºC.
Antes e depois do uso, deve-se verificar as condições das fitas, cordas e
costuras, inclusive nas áreas menos acessíveis. Não hesite em descartar e
inutilizar qualquer material têxtil que aparentar sinais de desgaste que possam
afetar sua resistência ou limitar sua função.
É proibida qualquer modificação ou reparo de equipamentos têxteis que
não seja por pessoa autorizada pelo fabricante. As características originais do
equipamento, se alteradas, como cor original e dimensões, pode ser um sinal de
avaria.
A especificação da corda a ser utilizada pode ser obtida através do manual
que acompanha o produto. Por esse motivo, recomendamos guardar o mesmo
junto às Fichas de Inspeção do material.
Se a corda tem mais de dez (10) anos da data de fabricação, o inspetor
deve descartar a mesma, devido a degradação natural da Poliamida ou do
Poliester.
Caso a corda não tenha uma Ficha de histórico, é possível descobrir o
ano de fabricação e modelo da mesma através da fita no interior da mesma
(somente nas cordas semi-estáticas).
As cordas dinâmicas são marcadas com fios coloridos de controle
colocados dentro da corda em todo o seu comprimento.
A cor do fio indica o ano de fabricação da corda.
A informação sobre a cor do fio, válida para determinado ano podem ser
encontrados nas instruções de utilização, que acompanha o equipamento.

Cinto Paraquedista Fita Plana Corda – Dividida em capa,


de 5 pontos (ventral, alma e fetilho
abdominal, dorsal e
2 laterais)

Curso de Formação de Oficiais 73


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

8.2 EQUIPAMENTOS DE MATERIAIS PLÁSTICOS

São exemplos:

✔ Capacetes;
✔ Macas.

O fabricante é a responsável por fornecer todas as informações


necessárias para manutenção, limpeza e incompatibilidades do produto.
As fitas encontradas nos equipamentos plásticos deverão ser analisadas
como material têxtil.
As fivelas e meios de fixação dos capacetes e cintos devem ser
observados para que se preservem as características originais do produto.
Os capacetes de policarbonatos não devem conter adesivos, sob o risco
de ocorrer incompatibilidade química entre eles, a menos que certificados pelo
produtor.

Capacete Maca - Sked (Envelope) Maca - HSTR

8.3 EQUIPAMENTOS DE MATERIAIS METÁLICOS

Entre os materiais metálicos destacamos os conectores (mosquetões),


freios, polias e bloqueadores.
Suas composições são basicamente aço e duralumínio. É importante
manter a compatibilidade dos mesmos. Devemos usar aço com aço e
duralumínio com duralumínio.

São exemplos:

Maillon Rapid Mosquetão Mosquetão Mosquetão


Simétrico Assimétrico (Pera) Assimétrico (Pera)

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_______________________Operações com Produtos Perigosos / Salvamento e Operações em Ambientes Confinados

com trava sem trava com trava

Freio Freio Freio Freio


ID Indy Grigri

Protection Polia dupla Polia Dupla Polia de corda


paralela c/ linear de grande bitola
placa móvel

Trava quedas Ascensor de Ascensor de Ascensor de


punho peito pé

8.4 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

Apesar de todo o esforço realizado, nem sempre será possível conseguir


que certos locais de trabalho estejam livres de contaminantes que de vez em
quando ou continuamente excedem os limites de tolerância previstos. Nestes
casos será inevitável um controle contínuo dos contaminantes.
Por esse motivo recorremos aos EPRs para mitigar os riscos. A variedade
de tarefas que são realizadas com proteção respiratória é demasiadamente
grande para um único tipo universal de equipamento. Desenvolveu-se, portanto,

Curso de Formação de Oficiais 75


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para atender às inúmeras tarefas distintas, várias espécies diferentes de


proteção respiratória.
Para realizar a escolha do mais adequado devemos:

✔ Identificar o risco: É por deficiência de oxigênio? É de


intoxicação por inalação? Existe a presença de
contaminantes no ar? Que tipo de contaminante? Qual a
concentração?
✔ Avaliar os efeitos do contaminante no trabalhador;
✔ Selecionar o respirador adequado.

Pelo efeito de sua proteção os equipamentos de proteção respiratória são


divididos em 2 grupos principais, assim temos:

1. Dependentes – Que dependem do efeito do ar atmosférico

PFF – Peça Facial Filtrante (FPA 10) Máscaras de Filtro FPA 100

⮚ Fator de Proteção:

✔ FPA (Fator de Proteção Atribuído) – Nível de


proteção que se espera alcançar no ambiente
de trabalho, quando um trabalho treinado usa
um respirador (ou classe de respirador) em
bom estado e ajustado de modo correto. Ex:
10, 50, 100, 1.000 e 10.000.
✔ FPR (Fator de Proteção Requerido) – É a
proteção mínima requerida para um EPR ser
utilizado diante de um contaminante.

 Filtros:

Parte do equipamento de proteção respiratória


destinada a purificar o ar inalado. (NBR 12543/1999 da
ABNT). São classificados como:

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❖ Mecânicos: Filtros para particulas ou


aerodispersóides. Não funciona somente
como uma “peneira”, são formados por
camadas de fibras dispostas ao acaso. A
distância entre as fibras é calculada
considerando o tamanho da partícula.
❖ Químicos: Destinado a reter gases e vapores
específicos no ar, se faz necessário conhecer
o tipo, classe, máxima concentração, os
mecanismos de retenção. Podem ser de
adsorção física, química e absorção. São
separados em Classe 1 (1000ppm), Classe 2
(5000ppm) e Classe 3 (10000ppm).
❖ Combinados: Mecânico + Químico

2. Independentes – Aqueles que independem do efeito do ar


atmosférico ambiental

Linha de Ar Sistema de respiração Sistema de respiração


autônoma autônoma
circuito aberto circuito fechado

 Características Linha de Ar

✔ Suprimento de ar por compressores ou


baterias de cilindros.
✔ Possui válvula de exalação.
✔ Fácil desacoplagem.
✔ A mangueira não pode ultrapassar os 90
metros de comprimento.
✔ É obrigatório uso de cilindro de fuga – Pequeno
cilindro de ar comprimido com capacidade
para no mínimo cinco minutos de
suprimento. Pode ser associado à peça facial

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Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

completa, ou a tipos mais rudimentares de


máscaras.
✔ Vazão controlada por sistema de
demanda/pressão positiva ou por válvula de
orifício.
✔ Autonomia ilimitada.

 Características Sistema de respiração autônoma


– circuito fechado

❖ Suprimento de ar a partir de cilindro de


oxigênio e reaproveitamento dos gases
exalados.
❖ Vazão controlada por sistema de
demanda/pressão positiva.
❖ Os gases da exalação não vão para o meio
externo.
❖ Maior autonomia e maior peso, comparado ao
sistema aberto.

 Características Sistema de respiração autônoma


– circuito aberto

❖ Mais conhecida como “Máscara Autônoma” ou


EPRA.
❖ Suprimento de ar pelo cilindro.
❖ Possui válvula de exalação.
❖ Vazão controlada por sistema de
demanda/pressão positiva.
❖ Autonomia depende do operador e do tipo de
trabalho realizado. Em média 40 minutos.

8.5 SISTEMA DE RESPIRAÇÃO AUTÔNOMA – CIRCUITO ABERTO

 Partes

1. Cilindro

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▪Tubo de alumínio com revestimento de fibra de


carbono (Composite)
▪ Pressão de 300 BAR.
▪ Volumes hidrostáticos de 6,0, 6,8 e 9,0 Litros.
▪ Manômetro Fluorescente
▪ Batente do Cilindro
2. Suporte Dorsal ou Backplate

✔ Suporte anatômico e ergonômico.


✔ Produzido em Nylon e fibra de vidro.
✔ Resistente à chama
✔ Conjunto redutor de pressão ou válvula de 1º
estágio
✔ Acoplamento para o carona.
✔ Manômetro peitoral luminescente com rotação
de 360°.
✔ Tirante Abdominal
✔ Retentor do Regulador de Respiração ou
Válvula de Demanda
✔ Tirante de Ombro
✔ Mangueiras ou dutos do sistema pneumático
✔ Conexão CGA – Rosca Macho
✔ Anel de Vedação ou “o-ring”
✔ Correia retentora do Cilindro

3. Peça Facial

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Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

✔ Borracha Seladora – EPDM


✔ Tirantes de cabeça com 5 pontos para ajuste
✔ Mascarilha
✔ Válvula de inalação independente da válvula
de exalação
✔ Visor Panorâmico
✔ Fiel (Alça para descanso)
✔ Orifício de conexão com o regulador de
respiração

4. Regulador de Respiração ou Válvula de Demanda –


Regulador de 2º Estágio

✔ Feito em plástico rígido.


✔ Engate rápido para encaixe na peça facial.
✔ Rotação de 360º.
✔ Botão de Purga.

 Duração do Ar Respirável do Cilindro

Liga de Aço Composite


Superleve Fibra de Carbono

Pressão de
300 Bar 300 Bar 300 Bar
Carga

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Volume
6,0 litros 6,8 litros 9,0 litros
Hidrostático

Capacidade de
1.800 litros 2.040 litros 2.700 litros
Ar

Autonomia 60 min 68 min 90 min

 Consumo do Ar em relação ao Esforço

✔ Descanso 05 a 10 litros/minuto
✔ Movimentos leves 10 a 20 litros/minuto
✔ Trabalho leve 20 a 30 litros/minuto
✔ Trabalho médio 30 a 40 litros/minuto
✔ Trabalho pesado 35 a 50 litros/minuto
✔ Esforço máximo 50 a 90 litros/minuto

 Cálculo do Tempo de Uso:

Quanto tenho no cilindro?

P (pressão em Bar) x V (Volume em Litros) = Litros

Dividido pelo Consumo = Litros/Minuto

P x V / C = Tempo de Trabalho

Ex.:

300 Bar x 6,0 Litros = 1800 Litros (Cilindro)

1800/30 litros/min (Consumo) = 60 minutos

8.6 TRIPÉ DE SALVAMENTO

É um dispositivo de ancoragem provisório móvel, projetado para ser


utilizado na proteção contra quedas ou para ancoragem de sistemas de
salvamento.
Esses dispositivos podem ser associados a sistemas de força pré-
fabricados ou montados.

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Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

8.7 ROUPAS DE PROTEÇÃO QUÍMICA

Equipamentos que não reduzem o risco ou perigo, apenas adequam o


bombeiro ao meio e ao grau de exposição ao risco.
A finalidade desses equipamentos é preservar a saúde dos bombeiros em
ambientes hostis, proporcionando proteção cutânea e respiratória, sendo
utilizada em conjunto com o equipamento de proteção respiratória.
É de extrema importância que ao selecionar uma roupa a mesma seja
confeccionada em material que apresente a maior resistência possível ao
produto químico.

⮚ Proteção Nível A

Para quando ocorrer o grau máximo possível de exposição do


trabalhador a materiais tóxicos. É necessária a proteção total para a
pele, para as vias respiratórias e para os olhos.

Quando utilizar:

❖ Alta concentração atmosférica de vapores, gases ou partículas;


❖ Em locais de trabalho ou trabalhos envolvendo um alto risco
potencial para derramamentos, imersão ou exposição a
vapores, gases ou partículas de materiais que sejam
extremamente danosos à pele ou que possam ser absorvidas
por ela.

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_______________________Operações com Produtos Perigosos / Salvamento e Operações em Ambientes Confinados

⮚ Proteção Nível B

Requer o mesmo nível de proteção respiratória que o nível A, porém


um nível menor para proteção da pele. Não exige uma roupa de
proteção totalmente encapsulada para proteção contra gases/vapores.
É uma proteção contra derramamento e contato com agentes químicos
na forma líquida. As roupas de proteção para esse nível podem ser
apresentadas de duas formas: encapsulada ou não-encapsulada.

Quando utilizar:

❖ Na presença imediata de concentrações químicas de certas


substâncias que possam colocar em risco a vida de pessoas,
através de inalação, mas que não representem o mesmo risco
quanto ao contato com a pele.

⮚ Proteção Nível C

Menor proteção respiratória e menor proteção da pele. Pode ser


feito de material impermeável ou não.

Quando Utilizar:

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Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

❖ Os contaminantes presentes na atmosfera, derramamento de


líquidos ou outro tipo de contato direto com a pele não tem
poder para lesar a pele ou serem absorvidos por ela;
❖ Os tipos de contaminantes foram identificados, as
concentrações foram medidas, a ventilação e purificação do ar
são suficientes para remover os contaminantes e todos os
critérios de purificação de ar estão em ordem.

⮚ Proteção Nível D

Menor nível de proteção respiratória e de proteção para a pele. É a


menor proteção possível quando há manipulação de qualquer
agente químico.

Quando utilizar:

● A atmosfera não contém produtos químicos;


● Trabalho não implica em nenhum contato com derramamentos,
imersões ou inalações inesperadas com qualquer produto
químico.

8.8 BOTAS DE PROTEÇÃO QUÍMICA

⮚ Botas de PVC

Os melhores modelos apresentam boa resistência a solventes,


ácidos e óleos. São muito utilizadas no dia a dia da emergência em
cenários envolvendo produtos com baixa periculosidade e
corrosividade, para trabalhos em terrenos abandonados, rodovias,
ou mesmo áreas com vegetação.
Não devem ser utilizadas em cenários de vazamentos de produtos
líquidos sem que se tenha a certeza da compatibilidade do material.

⮚ Bota de Resistência Química – tipo HAZ MAT

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Bota confeccionada com liga especial de PVC e Poliuretano de alto


peso molecular que cria um composto com grande resistência a
muitos produtos químicos perigosos. A bota é projetada em
processo de dois estágios que forma uma peça única de grande
resistência mecânica. Possui palmilha e biqueira de aço, sendo
assim recomendada para atendimento a emergências com
produtos químicos perigosos. O solado apresenta um desenho que
evita escorregões em pisos molhados.

8.9 LUVAS DE PROTEÇÃO QUÍMICA

Atualmente existe uma grande variedade de luvas, para os mais


diferentes usos. O mesmo cuidado na escolha das roupas de proteção deve ser
adotado na escolha das luvas, uma vez que as mãos estão entre as partes do
corpo mais vulneráveis em acidentes químicos. Podem ser confeccionadas com
materiais como PVA, borracha natural, borracha nitrílica, PVC, neoprene,
polietileno, poliuretano ou VITON®, entre outros.

⮚ Luvas de borracha butílica

É indicada para a proteção de um número considerável de produtos


químicos conhecidos, sendo considerada adequada para
atendimentos a emergências envolvendo produtos químicos
perigosos. É empregada com sucesso como luva de proteção em
situações onde o produto envolvido ainda não foi identificado.

⮚ Luvas de borracha nitrílica

É uma luva de boa resistência química e mecânica, confeccionada


com elastômero (borracha sintética) de acrilonitrila e butadieno.
Este produto confere proteção contra líquidos e agentes químicos.

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Pode ser utilizada com solventes, soluções ácidas ou alcalinas e


hidrocarbonetos em geral. É uma das luvas mais utilizadas pelas
equipes de emergência devido a sua versatilidade e eficiência
química/mecânica, em eventos de menor gravidade. Quando
contaminadas com produto químico perigoso, devem ser limpas
atendendo-se aos procedimentos adequados de descontaminação.

⮚ Luvas de Neoprene

É indicada como luva ideal de proteção para um número muito


grande de produtos químicos conhecidos, sendo considerada
adequada para atendimentos a emergências envolvendo produtos
químicos perigosos. Confeccionada em material leve e flexível, que
garante bom tato. Oferece excelente resistência química contra
vários tipos de compostos inorgânicos, tais como: ácidos e álcalis
em geral, além de vários produtos orgânicos. Oferece boa relação
custo x benefício e longa vida útil.

⮚ Luvas de PVC

A Luva de Proteção Química em PVC (policloreto de vinila) é


indicada como luva ideal de baixo custo, para proteção para um
número muito grande de produtos químicos, principalmente para
produtos inorgânicos em geral. Oferece excelente resistência
química contra vários tipos de compostos inorgânicos, tais como:
ácidos e álcalis em geral.

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_______________________Operações com Produtos Perigosos / Salvamento e Operações em Ambientes Confinados

⮚ Luvas de Viton

A Luva de Proteção Química em VITON® é indicada para


praticamente todos os produtos químicos conhecidos, sendo
considerada ideal para atendimentos a emergências envolvendo
produtos químicos perigosos. É empregada com sucesso como
luva de proteção em situações onde o produto envolvido ainda não
foi identificado.

8.10 CLASSIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS

⮚ Grupo de Equipamentos

Segundo a classificação brasileira, os equipamentos para


atmosferas explosivas estão divididos em três grupos:

❖ GRUPO I

Equipamentos elétricos para minas suscetíveis à presença de


grisu. O Grisu é um gás altamente inflamável facilmente
encontrado nas minas de carvão, formado pelo metano
produzido pela natureza a partir da decomposição de material
orgânico de origem animal ou vegetal, em ambientes com
ausência de Oxigênio.

M1 - Presença (Metano, poeiras).


M2 - Risco de presença (Metano, poeiras).

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Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

❖ GRUPO II

Equipamentos elétricos para locais com atmosferas explosivas


(instalações industriais) e outras que não sejam as minas
suscetíveis à presença de grisu.

IIA - Acetona, álcool, amônia, benzeno, benzol, butano,


gasolina, hexano, metano, nafta, gás natural, propano,
acetaldeído, monóxido de carbono, vapores de vernizes,
gases ou vapores de risco equivalentes.
IIB - Ciclopropano, éter etílico, etileno, sulfeto de
hidrogênio, acroleína, óxido de eteno, butadieno, gases
manufaturados contendo mais de 30% em volume de
hidrogênio e óxido de propileno ou gases e vapores de
risco equivalente.
IIC - Atmosfera contendo hidrogênio, acetileno e
dissulfeto de carbono.

❖ GRUPO III

Equipamentos elétricos destinados a locais com poeira ou


fibras combustíveis.

IIIA - Fibras Combustíveis


IIIB - Poeiras Não Condutivas
IIIC - Poeiras Condutivas

⮚ Classe de Temperatura

É a maior temperatura alcançada em serviço, sob as condições


mais adversas (mas dentro das tolerâncias especificadas), por
qualquer parte ou superfície de um equipamento elétrico, a qual
seria capaz de produzir uma ignição da atmosfera explosiva
circundante.

Classe de Temperatura máxima da Temperatura de ignição


Temperatura superfície dos gases ou vapores

T1 450ºC >450ºC

T2 300ºC >300ºC

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T3 200ºC >200ºC

T4 135ºC >135ºC

T5 100ºC >100ºC

T6 85ºC >85ºC

⮚ Código IP

É o índice de proteção do equipamento contra uma série de


exposições.

✔ Proteção dos usuários contra o contato ou aproximação a


partes vivas ou contato com partes móveis dentro do
equipamento;
✔ Proteção do equipamento elétrico contra o ingresso de
objetos sólidos estranhos;
✔ Onde indicado pela classificação, proteção do equipamento
elétrico contra a penetração prejudicial de água.

Primeiro dígito Segundo dígito


IP
Proteção contra corpos Proteção contra corpos
sólidos líquidos

Nenhuma proteção 0 0 Nenhuma proteção

Objetos Maiores que 50mm 1 1 Água Jogada Verticalmente

Água Jogada Em Um Ângulo


Objetos Maiores Que 12mm 2 2
De 15º
Protegido Contra Água
Objetos Maiores Que 2,5mm 3 3
Aspergida

Objetos Maiores Que 1mm 4 4 Água Pulverizada

Proteção contra poeira 5 5 Jatos de água

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Poeira fina 6 6 Jatos intensos de água

----------------------------- - 7 Imersão Em Água

----------------------------- - 8 Imersão Indefinida

⮚ Tipos de Equipamento

Proteção Abreviação Símbolo Utilização

Detectores, luminárias e
À prova de explosão Ex d
insufladores.
Sala de controle, gabinetes de
Pressurizado Ex p
equipamentos.
Transformadores (raramente
Imerso em óleo Ex o
usados)
Transformadores, capacitores
Imerso em areia Ex q
e blocos terminais.
Encapsulado / Imerso
Ex m Sensores e Displays
em Resina
Terminais e Caixas de
Segurança Aumentada Ex e
conexão

Não Acendível Ex n Lanternas

Segurança Intrínseca Ex i Detectores, Rádios

❖ Equipamentos a Prova de Explosão – Ex d

São projetados de tal modo que seu invólucro proteja as


partes do equipamento que podem ignitar e ser capaz de
suportar a pressão desenvolvida em seu interior durante
uma explosão interna de uma mistura explosiva e evitar a
transmissão da explosão para a atmosfera explosiva
existente ao redor do invólucro.

Nota: Os sistemas de iluminação são a prova de explosão.

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❖ Equipamentos Intrinsecamente Seguros - Ex i

São projetados de tal maneira que no caso de alguma falha,


a maior energia (faíscas ou calor) produzida internamente
dos equipamentos não será suficiente para produzir uma
ignição para as mais sensíveis concentrações inflamáveis
de gases específicos, vapores ou pó.

Nota:

Equipamento Ex ia: São incapazes de provocar ignição em


operação normal, quer na condição de um único defeito ou
de qualquer combinação de dois defeitos.

Equipamentos Ex ib: São incapazes de provocar uma


ignição em operação normal ou na condição de um único
defeito qualquer.

❖ Equipamentos de Involucro Pressurizado – Ex p

Equipamentos com invólucro dotado de sistema de


sobrepressão interna superior à pressão atmosférica,
utilizando as técnicas de pressurização ou diluição contínua.
Nota: A técnica de pressurização consiste em evitar a
penetração no interior de um invólucro, da atmosfera externa
que pode ser explosiva. Isso ocorre porque é mantido no
interior do invólucro um gás de proteção a uma pressão
superior à da atmosfera externa.

Curso de Formação de Oficiais 91


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

❖ Equipamentos Imersos – Ex o / Ex q

Equipamentos que possuem seus dispositivos internos


imersos total ou parcialmente em um meio isolante de se
produzir centelha ou alta temperatura.
A atmosfera explosiva existente acima da superfície do meio
isolante não é inflamada pelo funcionamento do
equipamento. Esse meio isolante pode ser: óleo (Ex o), areia
(Ex q).

❖ Equipamentos Encapsulados – Ex m

Equipamentos que possuem seus dispositivos internos


encapsulados e imersos em resina total ou parcialmente em
um meio isolante de se produzir centelha ou alta
temperatura.

❖ Equipamentos de Segurança Aumentada – Ex e

Quando um equipamento é construído sob orientações de


medidas de construção adicionais aplicadas de modo a
aumentar a segurança do próprio equipamento e de seus
dispositivos em regime normal de funcionamento ou
anormal conforme especificação contra a possibilidade de
produzir arcos, centelhas ou altas temperaturas.

❖ Equipamentos Não Acendíveis – Ex n

Equipamentos em que seus circuitos, dispositivos ou


sistemas não é acendível quando o mesmo não libera

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energia suficiente para inflamar uma atmosfera


potencialmente explosiva, sob condições normais de
operação.
Os requisitos aplicados para esses equipamentos devem
assegurar que uma falha capaz de causar uma ignição não
seja provável de acontecer.

⮚ Níveis de Proteção do Material (EPL)

Nas circunstâncias normais, o efeito destes níveis de proteção será


manter a relação normal de proteção entre zona/material. Se, no
entanto, o risco é considerado como particularmente grave, então
o nível EPL exigido pela zona pode ser aumentado. Da mesma
forma, se o risco é considerado como pequeno ou insignificante, o
nível de proteção pode ser reduzido. O quadro seguinte mostra a
relação tradicional entre nível de proteção e zonas/categorias:

Grupo de Zona Normal de Nível de proteção


Categoria (94/9/CE)
Equipamentos Aplicação de Material (EPL)

II 1G 0 (e 1 e 2) Ga

II 2G 1 (e 2) Gb

II 3G 2 Gc

III 1D 20 (e 21 e 22) Da

III 2D 21 (e 22) Db

III 3D 22 Dc

I M1 / M2 Minas Ma / Mb

G = Gás; D = Poeiras; M = Minas

8.11 MARCAÇÃO EM EQUIPAMENTO

⮚ Marcação Brasileira

Segue o padrão IEC, porém acrescenta o “BR” ao início.

Curso de Formação de Oficiais 93


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

BR Ex de II C T5 Gb

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⮚ Marcação ATEX (Europeia)

Representa a Diretiva 94/9/EC da União Europeia que


especifica os novos requisitos que os fabricantes de
equipamentos para atmosfera explosivas devem cumprir.
Esses requisitos são amplos e vão além do escopo desta
unidade, entretanto o que é mais importante é a influência
que a diretiva tem sobre a marcação de equipamentos
certificados na União Europeia.

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94 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


_______________________Operações com Produtos Perigosos / Salvamento e Operações em Ambientes Confinados

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Curso de Formação de Oficiais 95


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

9. VENTILAÇÃO

9.1 OBJETIVOS DA VENTILAÇÃO

⮚ Introduzir ar limpo do exterior e renovar aquele dentro do espaço


confinado;
⮚ Diminuir a chance de explosão mantendo a atmosfera abaixo do
LEL;
⮚ Aumentar a visibilidade em caso de existir poeira em suspensão,
vapores ou fumos;
⮚ Reduzir a temperatura ao introduzir ar fresco em seu interior;
⮚ Aumentar a chance de sobrevivência de alguém que esteja preso
no espaço confinado

9.2 TIPOS DE VENTILAÇÃO

⮚ Ventilação Natural

Ocorre através do movimento natural das correntes de ar.


Dependendo da configuração do espaço confinado esse tipo de
ventilação pode ser suficiente para controlar ou mitigar os riscos
atmosféricos. Porém é um processo lento e pouco interessante
para situações de resgate.

ATENÇÃO: Como em uma operação cada segundo a menos pode


ser muito danoso à vitima. A ventilação natural só é recomendada
com um óbito confirmado, preservando assim a vida do socorrista.

⮚ Ventilação artificial/mecânica

Busca meios mecânicos para mover para dentro ou para fora o ar


nos espaços confinados. O objetivo é mover um grande volume de
ar para tornar o espaço temporariamente seguro para entrar.

9.3 EQUIPAMENTOS DE VENTILAÇÃO

⮚ Ventiladores centrífugos

O ar sofre uma mudança de direção de 90 graus, saindo de forma


perpendicular à sua origem.

96 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


_______________________Operações com Produtos Perigosos / Salvamento e Operações em Ambientes Confinados

⮚ Ventiladores axiais

O ar entra e sai de forma paralela. São geralmente mais leves e


menores que os ventiladores centrífugos.

9.4 MÉTODOS DE VENTILAÇÃO

⮚ Ventilação por pressão positiva (VPP) ou Insuflação

Insere ar sob pressão para dentro do Espaço Confinado. Este tipo


de ventilação é bastante eficaz quando existe deficiência de
oxigênio, porém vale lembrar que esta deficiência pode ter sido
provocada por gases tóxicos.

Curso de Formação de Oficiais 97


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

⮚ Exaustão/Aspiração geral

Conhecida também como ventilação por pressão negativa. O ar


fresco é colocado dentro do espaço confinado por qualquer
abertura existente no processo de substituição do ar expelido.

⮚ Exaustão/Aspiração localizada

Este método é usado quando os contaminantes estão localizados


ou são gerados em um ou mais pontos específicos. Um bom
sistema de exaustão captura todos os contaminantes gerados
antes que eles sejam difundidos pelo espaço confinado. Indicado
para trabalhos a quente, limpeza com solventes e cortes a disco.

⮚ Ventilação por pressão positiva localizada:

Este método pode ser utilizado em situações onde a vítima esteja


facilmente visível pela boca de visita. Neste caso é possível
posicionar a traqueia diretamente até seu rosto enquanto são feitas
as preparações para entrada da equipe. Apesar de pouco testada
e provada, proporciona ar o mais rápido possível para a vítima.

98 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


_______________________Operações com Produtos Perigosos / Salvamento e Operações em Ambientes Confinados

9.5 APLICAÇÕES DA VENTILAÇÃO

⮚ Deficiência de oxigênio

O método mais eficiente para esse caso é a utilização da ventilação


por pressão positiva ou insuflação, porém devemos atentar para as
seguintes observações:

❖ Com 2 aberturas: Não se faz necessário se preocupar com


recirculação

❖ Com apenas 1 abertura: Proteger contra recirculação e


circuito pequeno

Curso de Formação de Oficiais 99


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

❖ Espaço Confinado muito profundo: Atentar para a densidade


do contaminante que causou a deficiência de O2

⮚ Inflamáveis e Tóxicos

O método mais eficiente para esse caso é a utilização da Exaustão


Geral, uma vez que a insuflação pode ocasionar turbilhonamento:

❖ Com apenas 1 abertura: Proteger contra recirculação e


circuito pequeno

❖ Contaminante mais pesado que o ar:

100 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


_______________________Operações com Produtos Perigosos / Salvamento e Operações em Ambientes Confinados

❖ Contaminante mais leve que o ar:

❖ Exaustão localizada – ponto único de origem: Os


exaustores/insufladores também podem ser utilizados para
exaustão localizada, ou seja, captando poluentes próximo
ao ponto de geração. Neste caso normalmente é utilizado
algum tipo de bocal que possa ser posicionado o mais
próximo possível, em geral de 300 a 400 mm, do ponto de
geração da substância tóxica/perigosa.

9.6 TÉCNICAS COM VENTILADORES SEM DUTOS

Curso de Formação de Oficiais 101


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

⮚ Com 2 aberturas

1. Colocar o ventilador de modo que forneça um cone de ventilação


suficiente para cobrir toda a entrada.
2. Escolher a maior abertura para ventilar.
3. Múltiplos ventiladores podem ser colocados em série, para
aumentar a velocidade do ar.

⮚ Com 1 abertura:

1. Coloque um ventilador próximo o bastante para cobrir apenas


uma parte da abertura. Isso vai permitir que o contaminante saia
pela parte não ventilada.
2. Coloque um segundo ventilador a 90º da abertura e distante o
suficiente para não turbilhonar o contaminante e sim expulsá-lo.

9.7 TABELA CONSOLIDADA

Condição Atmosférica Ventilação

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Deficiência de Oxigênio Disperso na atmosfera Ventilação Positiva

Atmosferas inflamáveis Disperso na atmosfera Exaustão

Atmosferas inflamáveis Local (ponto único de origem) Exaustão localizada

Atmosferas tóxicas Disperso na atmosfera Exaustão

Atmosferas tóxicas Local (ponto único de origem) Exaustão localizada

Trabalhos a quente Local (ponto único de origem) Exaustão localizada

9.8 PROBLEMAS COM VENTILAÇÃO

⮚ Recirculação

Ocorre quando o ar exaurido sai muito próximo da admissão do


ventilador, para solucionar o problema mantenha no mínimo a
admissão do ventilador a 1,5m de distância do ar exaurido.

⮚ Circuito Curto

Ocorre quando o ventilador não foi bem dimensionado, aplicado de


maneira incorreta ou não foi atentado para as características do
contaminante, para solucionar o problema é necessário instalar
dutos suficientemente extensos para ventilar o EC por completo.
Uma boa dica é usar as próprias paredes para auxiliar na difusão
do ar.

Curso de Formação de Oficiais 103


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

⮚ Efeito Chaminé

Ocorre quando o duto é pendurado em linha reta abaixo, porém o


ventilador não possui força suficiente para insuflar o ar em todas as
áreas do espaço confinado. Na medida em que o ar perde força ao
sair do duto, não consegue empurrar o contaminante para fora.
Para solucionar basta posicionar o duto junto a parede para criar
turbulência e efeito “ricochete”.

9.9 ASPECTOS DE SEGURANÇA COM VENTILAÇÃO

✔ Sempre ter certeza que o ar limpo a ser insuflado pelo ventilador


não se contamine com o ar exaurido ou com qualquer outra fonte
de emissão (veículos, geradores);
✔ Tratando de atmosferas com contaminantes, os socorristas que
estão próximos a boca de visita também devem estar com a
proteção necessária;
✔ Caso possível, monitore a atmosfera enquanto ventila para evitar
condições explosivas;
✔ Para saber se a ventilação está eficiente, use uma fita de
sinalização para observar o movimento do ar;
✔ Tenha cuidado para não deixar que detritos entrem no ventilador.

104 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


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✔ Uma dobra de 90° em dutos pode reduzir em até 50% a vazão do


ar insuflado

9.10 DIMENSIONAMENTO E ESCOLHA DE VENTILADORES

⮚ Fatores a serem considerados

1. Tipo da atmosfera.
2. Volume do ar a ser movido.
3. Duração da ventilação.

⮚ Conversão de CFM para M³/h

1 metro = 3,28 pés


1 pé = 0,30 m
1m³= 35 ft³
1 ft³= 0,028 m³
1 m³/h = 0,59 cfm
1 cfm = 1,7 m³/h

⮚ Fórmula de cálculo de vazão

Q = (CL x V) / (LT x T)

Onde:
Q = Vazão requerida do equipamento (m3/h)
CL = Concentração da substância tóxica e/ou perigosa na atmosfera do local confinado*
V = Volume do local confinado (m3)
LT = Limite de tolerância da substancia tóxica ou perigosa*
T = Tempo necessário para a obtenção a diluição desejada (h)

Exemplo: Qual a vazão necessária de um ventilador que será


utilizado para insuflar um espaço confinado de 160 m³ e que dentro
dele possua uma concentração aproximada de 500 ppm de amônia
e seu limite de tolerância é 50 ppm ? O tempo máximo para esta
operação deve ser de 40 minutos.

Resposta:

Q=?
V = 150m³
CL = 500 ppm
LT = 50 ppm
T= 40 min

Q = (500.160) / (50.40) = 40m³/min = 2400m³/h

Curso de Formação de Oficiais 105


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

9.11 CONCEITO DE TROCAS DE AR

O “número de trocas” é definido pela razão entre a vazão de trabalho do


exaustor e o volume do local confinado. Há tabelas de número de trocas
recomendadas para diferentes tipos de ambientes, mas obviamente não é
possível se estabelecer à priori o número de trocas para um local confinado.
Apenas como referência, este número deve se situar no mínimo em 7 vezes,
podendo variar bastante em condições mais ou menos críticas.

Q=nxV

Onde:
Q = vazão do ventilador
n = números de renovações de ar por hora
V = volume do espaço confinado

9.12 PROCEDIMENTO OPERACIONAL COM VENTILADORES

1. Posicione o ventilador em torno de 5 pés para o ponto de entrada


e sempre a favor do vento. Preferência de no mínimo 2,5m de
distância de qualquer contaminante ou detrito do duto de admissão.

2. Para espaços verticais posicionar o duto aproximadamente a 75%


da distância do fundo e não mais 4,5m da área de trabalho. Caso
possível amarre uma corda junto ao duto para estabilizar o mesmo.
Para espaços horizontais deixe o duto paralelo ao chão com o término
dele a uma distância de 3 metros da parede mais distante.

3. Ligue o ventilador antes de colocar o duto dentro do espaço


confinado e deixe ele funcionar pelo menos por duas trocas completas
de ar antes de fazer qualquer medição de gás. Quando realizar a
medição esteja seguro de que o detector esteja longe do fluxo de ar
do ventilador.

4. Assegure-se que não esteja ocorrendo o circuito curto.

106 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


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10. ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR


Os incidentes envolvendo esses tipos de evento tem uma dinâmica
diferentes das operações rotineiras do CBMERJ, por esse motivo para que a
missão alcance o sucesso algumas medidas e cuidados deverão ser observadas
e aplicadas.
Vítimas de incidentes desses eventos tem uma chance de recuperação
sem complicações quando tratadas de forma adequada e eficiente no local e
transportadas para o rápido tratamento definitivo.
Algumas perguntas devem ser feitas, de maneira que todos os fatores
presentes sejam analisados.

✔ Quem?
✔ O que?
✔ Onde?
✔ Quando?
✔ Por que?
✔ Como?

Como já visto em outras matérias, os questionamentos acima devem ser


feitos de forma cautelosa, com vento pelas costas, mantendo uma distância
segura, respeitando a zona de exclusão, sendo inspecionada a cena de uma
área próxima, e de preferencia elevada. Os sentidos (olfato, paladar, audição,
visão, tato e até mesmo a suspeita – SixTH SenSeS) devem ser utilizados.
Todos os eventos desses tipos irão envolver uma ou mais substâncias
especificas e para tanto a identificação do material quanto às suas
características (solubilidade, persistência, tamanho das partículas, reatividade
química, ponto de ebulição, poder ácido-básico, estabilidade), quanto à
característica do ambiente são de extrema importância para a operação.
Para iniciar qualquer tipo de atendimento ou tratamento a ficha de
emergência é uma importante aliada uma vez que além de informar sobre os
principais procedimentos a serem adotados, também irá fornecer as primeiras
recomendações médicas para minimizar os danos causados às vítimas.

10.1 TIPOS DE CONTAMINAÇÕES

⮚ Contaminação primária

Contato direto da vítima com a fonte do contaminante.

⮚ Contaminação secundária

Curso de Formação de Oficiais 107


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

Refere-se à contaminação por contato com pessoas ou


materiais/equipamentos contaminados. O potencial dessa
contaminação tem implicações para a descontaminação e triagem
das vítimas, além da proteção da equipe de salvamento e de
saúde.

A descontaminação bem feita tem papel fundamental para evitar a


contaminação secundaria das equipes envolvidas, sendo importante atentar
para substâncias líquidas e os sólidos altamente tóxicos ou sólidos
finamente divididos, a exemplo dos organofosforados.
Substâncias em estado gasoso, vapores, e substâncias sem toxidade ou
absorção pela pele oferecem pouco ou nenhum risco.

10.2 VIAS DE EXPOSIÇÃO E CONTRAMEDIDAS

⮚ Respiratória (Inalação) – Mais comum

❖ Remover a vítima do ambiente tóxico


❖ Oferecer O2
❖ Utilizar EPR

⮚ Parenteral (Injeção) – Menos comum

❖ Antídotos

⮚ Pele e Mucosa

❖ Retirar roupas e adereços contaminados


❖ Descontaminação adequada
❖ Utilizar roupas de proteção adequada

⮚ Gastrointestinal (Ingestão)

❖ Descontaminação gastrointestinal
❖ Evitar alimentação em ambientes contaminados

10.3 SUPORTE BÁSICO DE VIDA

É importante atentar que cada minuto que a vítima esteja em contato com
o contaminante maior será o agravamento das lesões, das enfermidades e das

108 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


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sequelas, por esse motivo a extração da vítima para a periferia da zona quente
é a prioridade. EXTRAIR É PRIORIDADE.
Como já falamos, retirar a roupa contaminada diminui a quantidade de
contaminante em contato com a pele da vítima, o que diminui os efeitos da
substância, bem como as sequelas.
Feito isso o especialista deve atentar para a sigla americana MARCH

M   Conter hemorragia maciça


A   Vias aéreas
R   Proteção respiratória
C   Circulação
H   AVDI e Pupilas (Pupilas pequenas com agente neural)

10.4 MEDIDAS ADOTADAS E CADA ZONA DE CONTROLE

⮚ Zona Quente ou de Exclusão

As equipes de resgate muitas vezes podem executar manobras


simples, como garantir a segurança da via aérea através da
posição lateral de segurança, aplicando um colar cervical, retirando
contaminantes de fácil extração e aplicando pressão direta para
parar sangramentos arteriais. Apenas cuidados médicos limitados
podem ser fornecidos nessa área, sendo o cuidado médico
avançado fornecido na zona de descontaminação e/ou zona de
suporte. Vítimas que deambulam podem ir andando para a zona
de descontaminação, já as vítimas que são incapazes de andar
devem ser removidas em prancha ou macas, principalmente em
caso de trauma, se estes equipamentos não estiverem disponível,
devem ser cuidadosamente transportadas ou arrastadas para local
seguro.

⮚ Zona Morna ou de Redução da Contaminação

Vítimas expostas apenas para gases e vapores que não tem


irritação na pele ou nos olhos, geralmente, não precisam de
descontaminação. Em caso de suspeita de trauma, as vítimas
ainda não pranchadas deverão ser pranchadas. Administração de
oxigênio, ventilação com dispositivo de válvula-máscara-bolsa
reservatório e contenção de hemorragias devem ser realizados se
necessário. Em caso de ingestão, não provoque vômito.

⮚ Zona Fria ou de Suporte

Curso de Formação de Oficiais 109


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

Realização de cuidados médicos avançados, atividade realizada


por equipe médica comum.

10.5 TRIAGEM DAS VITIMAS (MÉTODO START REVERSO)

É um sistema de avaliação organizada das vítimas para estabelecer


prioridades de transporte e tratamento, bem como distribuição racional entre as
instalações de tratamento disponível.
Por toda a dificuldade em uma operação com as características
estudadas o socorrista deve realizar uma breve avaliação da vítima, não
excedendo mais de trinta segundos por vítimas, atentando para a respiração,
perfusão e estado mental. Essa triagem “inicial” será reavaliada na zona morna
ou fria, podendo a vítima trocar de categoria nessa avaliação secundária.
As vítimas verdes têm prioridade na triagem “inicial”, diferente do método
start comum, seguidas das amarelas, vermelhas e pretas. Essa hierarquia será
utilizada para ordenar a descontaminação. Frente ao insucesso de estabilização
ou evacuação demorada, a vítima vermelha passa a ser preta. Dentro de cada
categoria, crianças e grávidas têm prioridade.

NOTA: É importante atentar para se coletar informações na área de


tratamento, repassando às unidades de situação e documentação.

✔ Informação de identificação disponíveis


✔ Lesões
✔ Tratamento
✔ Local de transferência

10.6 DESCONTAMINAÇÃO

Todo esforço deve ser feito para descontaminar vítimas antes de serem
transportadas para uma instalação de cuidados médicos. Para isso devemos
realizar:

✔ Remoção rápida das roupas;


✔ Retirada de sólidos;
✔ Absorção de líquidos aparentes;
✔ Descontaminação de gases somente em caso de corrosivos ou
irritantes;

110 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


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✔ Água para substâncias miscíveis


✔ Água e sabão neutro para substâncias imiscíveis
✔ Tempo de descontaminação   15 minutos – 1 pessoa / 3 minutos
– Por pessoa, em caso de AMV
✔ Atentar para dobras
✔ Proteger vias aéreas

NOTA1: Deve ser atentado para não causar hipotermia na vítima quando
da utilização de água abundante.
NOTA2: Os pertences retirados das vítimas devem ser devidamente
identificados, descontaminados (em caso de serem não porosos) e
embalados para serem devolvidos em momento oportuno.

Na descontaminação os olhos sintomáticos expostos devem ser irrigados


continuamente com solução salina durante o contato com a vítima, incluindo o
transporte, é importante checar se há lentes de contatos e retira-las.
Torniquetes suspeitos devem ser retirados e o local descontaminado,
sendo aplicado um novo no local. No caso de bandagem suspeita de
contaminação a mesma deve ser retirado, o ferimento lavado com salina
isotônica e será devolvido a bandagem apenas em caso do sangramento
ressurgir. Talas também serão descontaminadas e devolvidas, mantendo o
alinhamento da fratura durante o processo.

10.7 DISTÚRBIOS RELACIONADOS AO CALOR

O contato com chamas e substâncias superaquecidas, a exposição


excessiva ao sol e mesmo à temperatura ambiente muito elevada provocam
reações no organismo humano que podem se limitar à pele ou afetar funções
dos socorristas presentes nas guarnições.

Forma Causa Sinais / Sintomas Tratamento

Temp. ± normal Náusea, cabeça


Colapso ● Remover calor;
Redução abrupta do pesada, síncope,
● Decúbito dorsal;
associado a retorno venoso ao final do hipotensão ortostática,
● Considerar
exercício exercício; taquipnéia e pulso
reidratação
Dificil excluir desidratação rápido, sudorese

T < 40ºC Cefaleia, tonteira, ● ABC


Desidratação; euforia, fadiga, ● Remover calor;
Exaustão Vasodilatação; hipotensão ortostática, ● Se não puder
por calor Diagnóstico de exclusão taquipnéia e pulso excluir choque por
(sem alterações rápido, sudorese, calor refriar
neurológicas) oligúria ● Reidratação

Curso de Formação de Oficiais 111


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

● ABC
Alteração do estado ● Resfriamento
Choque por mental e convulsão, imediato, parar em
calor (Heat T > 40ºC Disfunção de múltiplos 39ºC
stroke) órgãos, Sudore ● Reidratação IV
profusa ou anidrose (máx. 1 a 2l na 1ª
hora)

Para tanto os socorristas devem, para reduzir o estresse térmico, atentar


para a prevenção ocupacional, observando os seguintes fatores:

1. Ambiente (física do ambiente e EPI em uso)


2. Hidratação
3. Condicionamento aeróbico
4. Aclimatação
5. Ciclos de trabalho

NOTA: Hidratação Adequada

✔ Antes: 500 a 700 ml 2-3h antes + 150-300 ml 1/2h antes;


✔ Durante: 150-300 ml a cada 10 a 20 minutos;
✔ Se não foi capaz de beber o suficiente durante atividade, beba
bastante na próxima refeição;
✔ Acompanhe volume e cor da urina.

10.8 ESTAÇÃO DE REABILITAÇÃO

No caso de jornadas de trabalhos acima de 40 minutos de intenso trabalho


sem um equipamento autônomo, com esgotamento de dois cilindros de 30
minutos ou um de 45 ou 60 minutos ou sempre que houver uso de roupa
encapsuladas devemos estabelecer a estação de reabilitação.
A função dessa é a avaliação e tratamento médico, reposição de
alimentos e líquidos (repositor eletrolítico e água), alívio das condições
climáticas, descanso, recuperação e prestação de contas dos membros da
intervenção.
Os seguintes parâmetros irão ser observados:

✔ Frequência de pulso (Ideal menor que 110 bpm)


✔ Temperatura Corporal (Ideal menor que 38 ºC)
✔ Pressão arterial
✔ Saturação de O2 (Ideal 90

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11. RADIOATIVIDADE

11.1 HISTÓRICO

Ernest Rutherford, o descobridor do núcleo atômico, já sabia que estes


poderiam ser modificados através de bombardeamento com partículas rápidas.
Com a descoberta do nêutron ficou claro que deveriam existir muitas
possibilidades dessas modificações.
No ano de 1895, Antoine Becquerel descobriu acidentalmente uma nova
propriedade da matéria que, posteriormente, denominou de radiatividade. Ao
colocar sais de urânio sobre uma placa fotográfica em local escuro, verificou que
a placa enegrecia. Os sais de urânio emitiam uma radiação capaz de atravessar
papéis negros e outras substâncias opacas a luz. Estes raios foram
denominados, a princípio, de Raios B em sua homenagem.
Esta importante descoberta valeu-lhe a atribuição do Nobel de Física em
1903, juntamente com o casal Pierre Curie e Marie Curie. Esse casal descobriu
um novo elemento 400 vezes mais radioativo que o urânio, denominado polônio.
Alguns anos mais tarde, outro elemento, mais radioativo que o polônio, foi
descoberto pelo casal, este foi denominado radio.
A fissão nuclear foi descoberta por Otto Hahn e Fritz Strabmann em
Berlim-1938 e explicada por Lise Meitner e Otto Frisch (ambos em exílio na
Suécia) logo depois, com a observação de uma fissão nuclear depois da
irradiação de urânio com nêutrons.
Enrico Fermi suspeitava que o núcleo ficaria cada vez maior
acrescentando nêutrons. Ida Noddack foi a primeira a suspeitar que "durante o
bombardeamento de núcleos pesados com nêutrons, esses poderiam quebrar
em pedaços grandes, que são isótopos de elementos conhecidos, mas não
vizinhos dos originais na tabela periódica".

Carga Elétrica Real Massa Real


Partícula
(COULOMB) (Grama)

Próton 1,6 x 10-19 (+) 1,7 x 10-24

Nêutron Zero 1,7 x 10-24

Elétron 1,6 x 10-19 (-) 9,1 x 10-28

Curso de Formação de Oficiais 113


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

11.2 ENERGIA NUCLEAR

Energia nuclear é a energia liberada numa reação nuclear, ou seja, em


processos de transformação de núcleos atómicos. Alguns isótopos de certos
elementos apresentam a capacidade de se transformar em outros isótopos ou
elementos através de reações nucleares, emitindo energia durante esse
processo. Baseia-se no princípio da equivalência de energia e massa (observado
por Albert Einstein), segundo a qual durante reações nucleares ocorre
transformação de massa em energia.
A tecnologia nuclear tem a finalidade de aproveitar a energia nuclear,
convertendo o calor emitido na reação em energia elétrica. Isso pode acontecer
controladamente em reator nuclear ou descontroladamente em bomba atómica.
Em outras aplicações aproveita-se da radiação ionizante emitida.
A reação nuclear é a modificação da composição do núcleo atómico de
um elemento, podendo transformar-se em outro ou outros elementos. Esse
processo ocorre espontaneamente em alguns elementos. O caso mais
interessante é a possibilidade de provocar a reação mediante técnicas de
bombardeamento de nêutrons ou outras partículas. Existem duas formas de
reações nucleares: a fissão nuclear, onde o núcleo atômico subdivide-se em
duas ou mais partículas; e a fusão nuclear, na qual ao menos dois núcleos
atômicos se unem para formar um novo núcleo.

Importante: As mudanças de energia em reações nucleares são muito


maiores que em reações químicas.

114 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


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NOTA:

❖ Radiação ionizante

É aquela cuja energia é superior à energia de ligação dos


elétrons de um átomo com o seu núcleo, radiação cuja
energia é suficiente para arrancar elétrons do seu orbital.

❖ Radiação não-ionizante

É aquela que não possui energia necessária para arrancar


elétrons de seus orbitais (microondas, laser, etc.).

11.3 ISÓTOPOS

São elementos que possuem o mesmo número de prótons (Z), porém


possuem o número de nêutrons diferente (N), logo possuem diferentes números
de massa (A).
O urânio, que possui 92 prótons no núcleo, existe na natureza na forma
de três isótopos:

✔ U-234, com 142 nêutrons (em quantidade desprezível);


✔ U-235, com 143 nêutrons, usado em reatores PWR, após
enriquecido (0,7%);
✔ U-238, com 146 nêutrons no núcleo (99,3%).

11.4 FISSÃO NUCLEAR

É a quebra do núcleo de um átomo instável em dois menores e mais


leves, como por exemplo, após a colisão da partícula nêutron no mesmo. Esse
processo pode ser rotineiramente observado em usinas nucleares e/ou em
bombas atômicas.

Curso de Formação de Oficiais 115


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

A energia é liberada pela divisão do núcleo normalmente em dois


pedaços menores e de massas comparáveis – para núcleos pesados, existe a
fissão em mais de dois pedaços, mas meiaé muito rara, uma em 1 milhão para
urânio. Pela lei de conservação de energia, a soma das energias dos novos
núcleos mais a energia liberada para o ambiente em forma de energia cinética
dos produtos de fissão e dos nêutrons liberados deve ser igual à energia total do
núcleo original.
A fissão do núcleo raramente ocorre de forma espontânea na natureza,
mas pode ser induzido se bombardearmos núcleos pesados com um nêutron,
que, ao ser absorvido, torna o núcleo instável.
Como observado, cada reação de fissão nuclear resulta, além dos
núcleos menores, de dois a três nêutrons. Torna-se possível então que esses
nêutrons atinjam outros núcleos desses átomos “pesados” sucessivamente,
liberando muito calor, esse processo é denominado Reação de Fissão Nuclear
em Cadeia ou, simplesmente, Reação em Cadeia.

11.5 TIPOS DE RADIAÇÃO

⮚ Radiação Alfa

Núcleos atômicos instáveis, geralmente, de elevada massa


atômica, emitem radiação alfa, que é constituída por dois
prótons e dois nêutrons (partículas positivas). Esta é a forma
“mais rápida” de procurar a estabilidade, pois cada partícula
alfa tem número de massa igual a 4. Sendo assim, a cada
partícula alfa emitida por um núcleo instável, a sua massa
diminui de 4 unidades.
Estas partículas liberadas possuem alta energia cinética, ou
seja, alta “energia de movimento”, pois o núcleo, além de
liberar os prótons e nêutrons, também libera energia, na forma
de energia cinética das partículas. No entanto, essas partículas

116 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


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possuem baixo poder de penetração, 2 a 8 cm no ar, pode ser


bloqueada por uma folha de papel

NOTA: Esta partícula é igual ao núcleo do gás hélio, logo


quando emitida obtém dois elétrons se igualando a esse
elemento.

⮚ Radiação Beta

Uma outra forma de um núcleo atômico se estabilizar é quando


existe um número bem maior de nêutrons do que de prótons.
Nesse caso poderá ocorrer a transformação de um nêutron em
um próton. Para esta transformação ocorrer, e a quantidade de
prótons aumentar em relação à de nêutrons, é necessário que
ocorra a liberação de um elétron pelo núcleo atômico. Ou seja,
o núcleo atômico irá emitir, liberar, um “elétron”, ou melhor,
uma sub-partícula carregada negativamente, também
conhecida como partícula beta, ou beta menos, b-.

Por outro lado, quando o número de nêutrons for insuficiente


para estabilizar a quantidade de prótons presentes no núcleo
atômico, poderá ocorrer a transformação de um próton em um
nêutron. Para esta transformação ocorrer, será necessária a
liberação de uma sub-partícula positiva do núcleo atômico.
Será emitida uma partícula beta positiva, b+, também,
conhecida, como pósitron.
As partículas beta possuem alta energia cinética e poder de
penetração superior ao das partículas alfa. O seu poder de
penetração superior é devido ao fato da partícula possuir
massa muito inferior à da partícula alfa. Mesmo que a partícula
beta possua carga (carga negativa, ou positiva), ela irá ter

Curso de Formação de Oficiais 117


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

maior penetração, pois é mais leve e terá menor perda de


energia. Entretanto, a sua penetração não será, ainda, muito
alta, 1 cm no alumínio ou 1 mm no chumbo. O seu poder de
ionização também será considerável, no entanto, menor que o
das partículas alfa, visto que a quantidade de cargas das
partículas beta é inferior ao das partículas alfa.

É importante que a atenção seja voltada para o fato do “elétron”


(partícula b-) ser emitido pelo núcleo atômico, ou seja, não tem
nada a ver com os elétrons da eletrosfera.

⮚ Radiação Gama

É uma onda eletromagnética. As substâncias radiativas emitem


continuamente calor e têm a capacidade de ionizar o ar e torná-
lo condutor de corrente elétrica. São penetrantes e ao
atravessarem uma substância chocam-se com suas moléculas.
A radiação gama tem seu poder de penetração muito grande,
vários centímetros no chumbo, tem nocividade externa e
interna. Sua emissão é obtida pela maioria, não totalidade, dos
nuclídeos radioativos habitualmente empregados. Quando a
fonte de material radioativo for beta ou gama é necessária
colocação de uma barreira entre o operador e fonte.

NOTA: Leis da Desintegração Radioativa

Deslocamento de α < deslocamento de β

11.6 DECAIMENTO NUCLEAR

118 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


_______________________Operações com Produtos Perigosos / Salvamento e Operações em Ambientes Confinados

O decaimento radioativo ocorre segundo as leis da probabilidade. O


processo é complexo e explicá-lo aqui fugiria ao escopo deste artigo. Assim,
basta saber que nele o núcleo se transforma no de um outro elemento ao ter sua
carga elétrica mudada pela emissão de radiação, mudando o número de prótons
e/ou nêutrons.
O decaimento pode ocorrer sucessivamente, causando uma cadeia de
desintegrações, até que resulte um elemento estável. O tempo que um certo
número de núcleos de um radioisótopo leva para que metade de sua população
decaia para outro elemento por desintegração é denominado meia-vida do
radioisótopo.
A radiação emitida no decaimento é composta de partículas e/ou radiação
gama e é característica do decaimento. Assim, os radioisótopos podem ser
caracterizados pelas emissões produzidas no decaimento, que servem como
uma ‘assinatura’ para cada um deles.
A desintegração pelo decaimento pode ocorrer espontaneamente ou ser
provocada pela instabilidade criada em núcleos estáveis, pelo bombardeio com
partículas ou com radiação eletromagnética. Na natureza, os elementos
apresentam-se geralmente como uma mistura de diferentes isótopos, estáveis
ou radioativos.
Cada isótopo instável tem sua meia-vida característica. A meia-vida do
238U é de 4,47 x 109 anos, o que significa que são necessários 4,47 bilhões de
anos para reduzir à metade sua quantidade inicial.
A transmutação de um núcleo pode ser verificada pelo balanceamento
dos números atômicos e números de massas na equação nuclear para o
processo.

✔ Quando um núcleo ejeta uma partícula alfa, o número atômico


do átomo decresce de 2 e o número de massa decresce de 4.
✔ Quando o núcleo ejeta uma partícula beta, o número atômico
do átomo aumenta de 1 e o número de massa permanece
intacto.

NOTA: Meia-Vida

Física   É o tempo necessário para desintegrar a metade dos átomos


radioativos;
Biológica   É o tempo necessário para eliminar a metade dos átomos
radioativos incorporados.

11.7 SÉRIE RADIOATIVA

Conjunto de elementos químicos originados por decaimento, a partir de


um elemento inicial, dito radioativo ou pai, até um elemento dito radiogênico final.

Curso de Formação de Oficiais 119


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

11.8 MEDIDAS DE RADIOATIVIDADE

Os núcleos dos átomos são constituídos por prótons e nêutrons. Quanto


maior a diferença entre o número de nêutrons e prótons, mais instável, em
termos de energia, encontra-se o núcleo. Essa instabilidade manifesta-se
através do decaimento radioativo, que vem a ser a desintegração (espontânea
ou não) do núcleo através da emissão de energia em forma de radiação
eletromagnética (raios gama) ou de partículas: alfa (núcleos de Hélio) e beta
(elétrons acelerados).

⮚ Atividade

É o número de desintegrações nucleares que correm por


unidade de tempo em uma quantidade de substância
radioativa. Curie (Ci) é a unidade que expressa 3,7 x 1010
desintegrações por segundo. Atualmente essa unidade é
pouco utilizada, em detrimento da adotada pelo Sistema
Internacional de Unidades, o bequerel (Bq), que corresponde a
uma desintegração/segundo (1Bq = 2,7 x 10-11 Ci). A EPA –
Environmental Protection Agency, dos EUA, recomenda como
atividade limite para o radônio, em ambientes internos, o valor
de 4 picocuries (4 x 10-12 Ci) por litro de ar, equivalentes a 0,15
Bq, ou seja, 0,15 desintegrações por segundo (uma
desintegração completa a cada 6,7 segundos,
aproximadamente).

⮚ Exposição

Refere-se à capacidade de um feixe de radiação


eletromagnética (raios-X, raio gama, ultravioleta, etc.) causar
ionização (retirada de elétrons do átomo) do material
atravessado por ele. A unidade de medida internacionalmente
aceita é C/kg (carga elétrica dos íons, em coulombs, por 1 kg
de ar seco e puro). Antigamente se usava como unidade o
roentgen (R), correspondente a 2,58 x 10-4 C/kg. Ao se

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mencionar uma determinada quantidade de roentgen em um


feixe de raios-X, por exemplo, isto não significa que toda essa
energia atingirá o corpo alvo; trata-se apenas da energia
transportada pela radiação.

⮚ Dose absorvida

É medida em rad (do inglês radiation absorbed dose) e significa


a energia (dose) realmente absorvida por um corpo específico.
1 rad equivale a 0,01 joules por kg. Atualmente usa-se o gray
(Gy) para expressar dose absorvida no sistema internacional
(SI), que corresponde a 100 rad (1 joule de energia para 1 kg
de massa).

⮚ Dose equivalente

Corresponde à energia, transportada por radiação, absorvida


por tecido biológico. Leva em consideração o efeito biológico
causado por cada tipo de radiação. Efeitos biológicos por
unidade de radiação causados por nêutrons, prótons e
partículas alfa são mais danosos daqueles originados da ação
de elétrons, partículas beta e raios gama, em função de
diferentes densidades de ionização. Dose equivalente é
determinada multiplicando-se a dose absorvida por um fator de
qualidade (Quality Factor), que expressa o efeito biológico
prejudicial (eficácia na produção de danos ao tecido biológico).
Esses fatores são determinados pela IRCP (International
Commission on Radiological Protection), que recentemente
adotou a série denominada Radiation Weighting Factors,
conforme a tabela abaixo. A unidade característica da dose
equivalente é o rem (Roentgen Equivalent Man), resultado do
produto entre a dose em rads e o fator de qualidade. Em
unidades do SI (Sistema Internacional) usa-se o sievert (Sv)
que é igual a 100 rem, resultante do produto entre a dose
absorvida em grays e o fator de qualidade. O esquema
seguinte (Halliday, Resnick e Walker) ajuda a esclarecer a
diferença entre diversas unidades utilizadas em radioatividade.

WEIGHTING
RADIAÇÃO
FACTORS
Raio X e Gama 1

Curso de Formação de Oficiais 121


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Elétrons 1
Nêutrons 5 – 20
Prótons 5
Partículas Alfa 20

⮚ Taxa de Dose

É definida como sendo a Dose Recebida por Unidade de


Tempo.

Dose = Taxa de Dose x Tempo

11.9 CONTADOR GEISER

Aparelho que detecta a presença de radiação usando a capacidade que


as partículas radioativas têm de ionizar certas moléculas (isto é, retirar alguns de
seus elétrons). O aparelho consiste em um cilindro cheio de gás (normalmente
argônio), submetido a uma tensão elétrica que mantém a parede do tubo
negativa em relação ao fio positivo que corre ao longo do seu eixo. Quando as
partículas radioativas entram em contato com os átomos de argônio, convertem
alguns deles em íons positivos mais elétrons. Sob a ação do campo elétrico, os
íons migram para a parede do cilindro e os elétrons para o fio. Essa dupla
migração causa um pulso de corrente que é transmitida a um amplificador.
Quanto mais partículas radioativas houver, maior será a corrente elétrica.

11.10 INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA

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A transferência de energia de uma partícula ou de um fóton para os


átomos do material absorvente ocorre, sobretudo, através de três mecanismos:
a Excitação atômica ou molecular, a Ionização e a Ativação do núcleo.

11.11 FONTES NATURAIS E ARTIFICIAIS DE EXPOSIÇÃO

Todos nós estamos expostos diariamente às radiações ionizantes que


provêm de duas origens:

❖ Radiação Natural ou de Fundo

É constituída pelas radiações ionizantes existentes em nosso


meio ambiente provenientes: do espaço cósmico, dos materiais
radioativos naturais e do nosso próprio organismo. Representa
aproximadamente 67,6% da dose total que recebemos
anualmente;

❖ Radiação Artificial

É constituída pelas radiações ionizantes emitidas de fontes de


radiação criadas pelo próprio homem. Representa
aproximadamente 32,4% da dose total que recebemos
anualmente.

11.12 NOÇÕES BÁSICAS DE RADIOPROTEÇÃO

Os objetivo da Radioproteção são:

a) Eliminar os riscos biológicos dos trabalhadores através do


estabelecimento de doses limites;
b) Limitar a probabilidade dos efeitos de longo prazo (câncer,
efeitos genéticos etc.) a níveis considerados aceitáveis.

Dessa maneira serão avaliados 3 fatores:

Curso de Formação de Oficiais 123


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12. DESCONTAMINAÇÃO
É um processo que consiste na retirada física das substâncias
impregnadas nos equipamentos de proteção individual, equipes de intervenção
e vítimas, ou ainda da troca de sua natureza química perigosa (através de
reações químicas) por outra de propriedades inócuas.
O corredor de redução de contaminação (CRC) estará estabelecido na
área morna, ligando a área quente à área fria, sendo dessa maneira o único
ponto de acesso e saída da área quente.
Os técnicos envolvidos no atendimento a acidentes com produtos
químicos podem se contaminar de diversas maneiras:

✔ Através de contato com vapores, gases, névoas ou material


particulado;
✔ Por respingos do produto;
✔ Através de contato direto com poças de produto;
✔ Através de contato com solo contaminado e;
✔ Quando da manipulação de instrumentos ou equipamentos
contaminados.

12.1 TIPOS DE DESCONTAMINAÇÃO

❖ Física

Realizada através da retirada das partículas físicas em forma


de sólidos ou poeiras, com o uso de uma escova ou vassoura
de cerdas macias, a fim de reduzir a quantidade do material
envolvido.

❖ Química

Realizada através de reações químicas com o uso de soluções


pré-estabelecidas, denominadas A / B / C / D e E, realizando
com isso a neutralização ou ainda a troca das propriedades
perigosas por outras inócuas. Esse tipo de descontaminação
não deve ser realizada diretamente sobre a vítima.

Curso de Formação de Oficiais 125


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A descontaminação ainda pode ocorrer em viaturas que adentrem na área


quente, ficando assim expostas ao contaminante.

Todos os resíduos gerados no processo de descontaminação, sólidos ou


líquidos, devem ser acondicionados em recipientes adequados, identificados e
encaminhados para disposição final.

12.2 MATERIAIS UTILIZADOS

⮚ Bombas Costais

Borrifador acionado manualmente, com reservatório e bomba


manual utilizado para descontaminação de roupas e EPIs
quando utilizados em emergências com produtos químicos. A
descontaminação é feita de acordo com técnicas específicas,
dentro das piscinas de descontaminação. É utilizado na

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descontaminação de campo, especialmente para produtos de


baixa toxicidade, utilizando-se além de água produtos como
sabão e detergentes líquidos, ou soluções de
descontaminação (as quais devem ser preparadas de acordo
com o contaminante em questão).

⮚ Piscinas de Plástico

Tanques portáteis, infláveis ou não, com capacidade variável.


Podem ser confeccionados com plásticos e lonas resistentes
para uso com produtos pouco perigosos. Existem modelos de
poliéster revestido de PVC, que conferem certa resistência
química ao tanque. Precisam ser relativamente leves e de fácil
montagem, bem como resistentes mecanicamente.
Devem ser utilizados sempre que membros da equipe de
atendimento a emergência estiverem contaminados com
produtos químicos perigosos. Neste caso, a descontaminação
dos mesmos é feita no interior destes tanques a fim de impedir
que o resíduo da lavagem se espalhe pelo ambiente ou coloque
em risco pessoas não envolvidas diretamente com o acidente.
As piscinas devem ser posicionadas na zona morna, local
ainda isolado para as pessoas não envolvidas no atendimento.
A água contaminada contida no tanque deve ser recolhida e
destinada adequadamente; o tanque deve ser lavado com água
em abundância e/ou com a mesma solução utilizada na
descontaminação dos técnicos.

Curso de Formação de Oficiais 127


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⮚ Soluções desinfetantes e de limpeza

Em diversas atividades emergenciais a equipe se submete a


contaminação química e biológica. Portanto, além das técnicas
de descontaminação de EPIs, utiliza-se sabão neutro,
detergente, soluções de álcool iodado, carbonato de sódio e
hipoclorito de sódio para a limpeza dos equipamentos de
monitoramento e outros materiais, bem como na higienização
das partes do corpo eventualmente expostas.

⮚ Escovas

Escovões plásticos com cabos longos utilizados na


descontaminação de roupas, equipamentos e do próprio
tanque ou piscina. Paliativamente, na falta destes utilizam-se
vassouras, como na foto abaixo. Eventualmente as escovas,
vassouras e vassourões são descartados após o uso.

128 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


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12.3 PROCEDIMENTOS PARA DESCONTAMINAÇÃO

Existem 3 tipos de “Lay-Out” para montagem dos Corredores de


Redução de Contaminação.

❖ Modelo nº01 – BÁSICA (RISCO LEVE)

ESTAÇÃO MATERIAIS PROCEDIMENTO

1 Tambores e sacos plásticos Dispensa de equipamentos.

Piscina plástica, soluções, Lavagem e rinsagem das botas,


2 escovas de pelo e bomba costal luvas e roupas capsuladas

Remoção das botas e luvas


3 Sacos plásticos e banqueta
externas

Curso de Formação de Oficiais 129


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A partir da Estação nº. 03, o socorrista irá para a Estação nº. 04 (caso retorne para a Zona
Quente) ou passar diretamente para a base nº. 05 (caso seja substituído por outra equipe)

Cilindro reserva, fita adesiva, Troca de cilindro de ar e retorno


4 luvas e botas de reserva para a Zona Quente

Remoção das botas e luvas


5 Sacos plásticos e banqueta
internas e roupa encapsulada

6 Sacos plásticos e banqueta. Retirada do EPR

Água, sabão neutro, mesa,


7 toalhas e roupão
Lavagem de campo

❖ Modelo nº02 – PADRÃO (RISCO MODERADO)

ESTAÇÃO MATERIAIS PROCEDIMENTO

1 Tambores e sacos plásticos Dispensa de equipamentos.

Piscina plástica, soluções, Lavagem das botas de segurança


2 escovas de pelo e bomba costal e roupas capsuladas

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Piscina plástica, soluções, Rinsagem das botas, luvas e


3 escovas de pelo e bomba costal roupa

A partir da Estação nº. 03, o socorrista irá para a Estação nº. 04 (caso retorne para a Zona
Quente) ou passar diretamente para a base nº. 05 (caso seja substituído por outra equipe)

Cilindro reserva, fita adesiva, Troca de cilindro de ar e retorno


4 luvas e botas de reserva para a Zona Quente

5 Sacos plásticos e banqueta Remoção da bota de segurança

Banqueta, cabides e lonas Remoção da Roupa encapsulada


6 plásticas e capacete.

7 Mesa Retirada do EPR.

8 Sacos plásticos. Remoção da máscara facial.

9 Sacos plásticos. Remoção da vestimenta interna.

Água, sabão neutro, mesa,


10 toalhas e roupão.
Lavagem de campo

11 Uniforme reserva e mesa Troca de uniforme

❖ Modelo nº03 – AVANÇADA (RISCO EXTREMO)

Curso de Formação de Oficiais 131


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

ESTAÇÃO MATERIAIS PROCEDIMENTO

1 Tambores e sacos plásticos Dispensa de equipamentos.

Piscina plástica, soluções, Lavagem da cobertura das botas


2 escovas de pelo e bomba costal e luvas externas.

Piscina plástica, soluções, Rinsagem da cobertura das botas


3 escovas de pelo e bomba costal e luvas externas.

4 Sacos plásticos. Remoção das fitas adesivas.

5 Sacos plásticos e banqueta. Remoção da cobertura das botas.

6 Sacos plásticos. Remoção das luvas externas.

Piscina plástica, soluções, Lavagem das botas de segurança


7 escovas de pelo e bomba costal. e roupa.

Piscina plástica, soluções,


8 escovas de pêlo e bomba costal.
Rinsagem das botas e roupa.

A partir da Estação nº. 08, o socorrista irá para a Estação nº. 09 (caso retorne para a Zona
Quente) ou passar diretamente para a base nº. 10 (caso seja substituído por outra equipe)

Cilindro reserva, fita adesiva, Troca de cilindro de ar e retorno


9 luvas e botas de reserva. para a Zona Quente.

10 Sacos plásticos e banqueta. Remoção da bota de segurança.

Banqueta, cabides e lonas Remoção da Roupa encapsulada


11 plásticas. e capacete.

12 Mesa. Retirada do EPR.

Bacia plástica, solução química,


13 reserva de água e sacos Retirada das luvas internas.
plásticos.

14 Sacos plásticos. Remoção da máscara facial.

15 Sacos plásticos. Remoção da vestimenta interna.

Água, sabão neutro, mesa,


16 toalhas e roupão.
Lavagem de campo

17 Uniforme reserva e mesa Troca de uniforme

132 Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 Manual de Operações com Produtos Perigosos: 2019 / CBMERJ. Rio de
Janeiro: CBMERJ, 2019
2 Manual de Salvamento em Espaços Confinados: 2019 / CBMERJ. Rio de
Janeiro: CBMERJ, 2019

Curso de Formação de Oficiais 133


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

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HISTÓRICO DE TURMAS

Curso de Formação de Oficiais 135


Atividades Especializadas II_________________________________________________________________________

“É dito que conhecimento é luz e força. Onde há luz é possível discernir entre certo ou errado,
escuro ou luminoso, inútil ou poderoso. Aqueles que entendem o que está errado, não se deixam
influenciar por ações e pensamentos negativos. Aqueles que possuem conhecimento são
sensíveis em relação aos atos e sentimentos dos outros. Pessoas assim têm o poder de
transformar o errado em certo.”

Albert Einstein

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