Você está na página 1de 83

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO

SUL – UNIJUÍ

MAX PAULO DE PELLEGRIN ZAMBRA

SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DE VENTILAÇÃO EXAUSTORA EM TÚNEL


AGRÍCOLA

Ijuí
2019
MAX PAULO DE PELLEGRIN ZAMBRA

SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DE VENTILAÇÃO EXAUSTORA


EM TÚNEL AGRÍCOLA

Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-


Graduação Lato Sensu em Engenharia de
Segurança do Trabalho apresentado como
requisito parcial para obtenção do título de
Especialista em Engenharia de Segurança do
Trabalho.

Orientador: Roger Schildt Hoffman

Ijuí/RS2019
MAX PAULO DE PELLEGRIN ZAMBRA

SIMULÇÃO COMPUTACIONAL DE VENTILAÇÃO EXAUSTORA EM TÚNEL


AGRÍCOLA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia de


Segurança do Trabalho, do Departamento de Ciências Exatas e Engenharias, da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial para
obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho.

Ijuí, 14 de Maio de 2019

Prof. Roger Schildt Hoffmann

Mestre pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - Orientador

Prof. Caroline Raduns

Coordenadora do Curso de Pós Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho/UNIJUÍ

BANCA EXAMINADORA

Prof. Edomir Marciano Schmidt

Mestre pela Universidade de Passo Fundo/UPF


Dedico esse trabalho à minha família, como gratidão por todo
apoio oferecido nesta conquista.
AGRADECIMENTOS

A Deus e aos meus pais Paulo e Nelite, pelo incentivo durante o período de estudo
para chegar a conclusão da tão sonhada Pós-Graduação e ao apoio e dedicação para que a
realização deste trabalho não fosse apenas mais um trabalho concluído, mas que através da
pesquisa e o conhecimento baseado em estudos, me tornasse um profissional melhor
preparado, mais seguro e mais qualificado para as decisões a serem tomadas após a conclusão
deste curso;
Ao meu irmão e colega de profissão Douglas, pela ajuda nas horas de dificuldade e
momentos de dúvida, sempre me incentivando através da troca de ideias e conhecimentos;
À minha namorada Ana, pelo carinho e paciência em momentos em que estive
ausente, mergulhado nos estudos e nos sábados com aulas presenciais, sempre esteve ao meu
lado com uma palavra de apoio e incentivo na hora certa;
Ao meu orientador, Prof. Eng. Roger Hoffmann, pelo apoio e incentivo na escolha do
assunto da pesquisa e pela disponibilidade de tempo dedicado, ajuda e orientação na
elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso;
À Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul, onde os conhecimentos
adquiridos, construídos e reconstruídos com os professores durante a graduação, os quais
formaram a base técnica para que este trabalho pudesse ser desenvolvido.
“A arte de “engenhar” consiste em transformar números,
cálculos, fórmulas e desenhos em realidade”

Júlio Ap.
RESUMO

ZAMBRA, Max Paulo de Pellegrin Zambra. Simulação Computacional de Ventilação


Exaustora em Túnel Agrícola. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso. Pós Graduação em
Engenharia de Segurança do Trabalho, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul – UNIJUÍ, Panambi, 2019.

O Brasil teve grande desenvolvimento agrícola a partir da década de oitenta devido ao grande
aumento da demanda de alimentos a nível mundial. Apesar do aumento de tecnologia nas
técnicas de cultivo e implementos, a capacidade de armazenamento estático também teve que
ser aumentada de forma rápida, sendo as edificações construídas sem o devido cuidado com
os meios de segurança durante a operação deste modelo de unidade. São diversos os riscos
diretos e indiretos em unidades de armazenagem, riscos provenientes de trabalho em altura,
espaço confinado, explosões e agentes químicos tóxicos. Há ainda uma carência no Brasil de
fiscalização neste tipo de ambiente, sendo hoje o órgão mais ativo na vistoria, tanto em fase
de projeto como após a execução, o Corpo de Bombeiros Militar. O sistema de exaustão de
túnel agrícola é dimensionado de acordo com uma taxa mínima de renovações de ar conforme
as normativas em vigor. Este trabalho visa validar este dimensionamento através de simulação
computacional verificando o sistema modelado.

Palavras chave: Ansys. CFX. Espaço confinado. Ventilação.


ABSTRACT

ZAMBRA, Max Paulo de Pellegrin. Computational Simulation of Exaust Ventilation in


Agricultural Tunnel. 2019. Course Completion Work. Post-Graduation in Occupational
Safety Engineering, Regional University of the Northwest of the State of Rio Grande do Sul -
UNIJUÍ, Panambi, 2019.

Brazil has had great agricultural development since the eighties because of the great increase
in the demand for food worldwide. Despite increased technology in cultivation techniques and
implements, static storage capacity also had to be increased rapidly, with buildings being
constructed without due care with the safety means during the operation of this unit model.
There are several direct and indirect hazards in storage units, risks arising from work at
height, confined space, explosions and toxic chemical agents. There is still a shortage in
Brazil of surveillance in this type of environment, being today the most active organ in the
survey, both in the design phase and after the execution, the Military Fire Brigade. The
agricultural tunnel exhaust system is dimensioned according to minimum rate of air renewal
according to the regulations in force. This work aims to validate this sizing through
computational simulation by verifying the modeling system.

Keywords: Ansys. CFX. Confined space. Ventilation.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Poço de Elevador de Grãos (Espaço confinado aberto) .......................................... 18


Figura 2 - Túnel de unidade agrícola (Espaço confinado fechado) .......................................... 19
Figura 3 - Túnel antigo Unidade agrícola (Espaço confinado fechado) ................................... 20
Figura 4: Exemplo de coifa de captação de pó instalada junto ao registro .............................. 24
Figura 5 Sinalização para identificação de espaço confinado .................................................. 25
Figura 6 – Equipamento de medição de gás portátil ................................................................ 25
Figura 7: Insuflação mecânica e exaustão natural .................................................................... 30
Figura 8: Insuflação natural e exaustão mecânica .................................................................... 30
Figura 9: Insuflação e exaustão mecânica ................................................................................ 31
Figura 10: Modalidades construtivas dos rotores dos ventiladores .......................................... 33
Figura 11: Componente a ser analisado .................................................................................... 40
Figura 12: Escolha do domínio ou volume de controle ............................................................ 40
Figura 13: Condições de contornos do domínio ....................................................................... 41
Figura 14: Resultados obtidos .................................................................................................. 41
Figura 15: Etapas de processamento no CFX........................................................................... 42
Figura 16: Discretização da estrutura cartesiana (a), estrutura generalizada (b) e não
estruturada (c) ........................................................................................................................... 43
Figura 17 - Modelo 3D Túnel – Dimensões gerais .................................................................. 44
Figura 18 - Modelo 3D Túnel ................................................................................................... 45
Figura 19 – Vista do Túnel ....................................................................................................... 46
Figura 20 – Modelo de volume de ar........................................................................................ 47
Figura 21 – Seção principal túnel ............................................................................................. 48
Figura 22 – Esquema do Projeto (Project Schematic) .............................................................. 50
Figura 23 – Geometria importada em formato .STEP para o editor DesignModeler ............... 51
Figura 24 – Faces com velocidade zero na superfície da parede.............................................. 52
Figura 25 – Malha .................................................................................................................... 52
Figura 26 – Malha face do exaustor ......................................................................................... 53
Figura 27 – Condições iniciais insuflação natural e exaustão mecânica .................................. 53
Figura 28 – Configurações de análise....................................................................................... 54
Figura 29 – Definição de execução .......................................................................................... 55
Figura 30 – Gráfico de convergência de simulação ................................................................. 56
Figura 31 – Gráfico de volume CO2 a 0s (condição inicial) - simulação de 60s ...................... 57
Figura 32 – Gráfico de volume CO2 a 1s - simulação de 60s ................................................... 58
Figura 33 – Linhas de corrente a 1s – simulação de 60s .......................................................... 58
Figura 34 – Linhas de corrente a 15s – simulação 60s ............................................................. 59
Figura 35 – Gráfico de volume CO2 a 15s - simulação de 60s ................................................. 59
Figura 36 – Gráfico de volume CO2 a 30s - simulação de 60s ................................................. 60
Figura 37 – Linhas de corrente a 30s – simulação de 60s ........................................................ 60
Figura 38 – Gráfico de volume CO2 a 45s - simulação de 60s ................................................. 61
Figura 39 – Linhas de corrente a 45s – simulação de 60s ........................................................ 61
Figura 40 – Gráfico de volume CO2 a 60s - simulação de 60s ................................................. 62
Figura 41 – Linhas de corrente a 60s – simulação de 60s ........................................................ 62
Figura 42 – Gráfico volume de CO2 x tempo (ponto a 2 m do fundo do poço de elevador) –
simulação de 60s ....................................................................................................................... 63
Figura 43 – Gráfico de volume CO2 a 0s (condição inicial) - simulação de 5min ................... 63
Figura 44 – Gráfico de volume CO2 a 4s - simulação de 5min ................................................ 64
Figura 45 – Linhas de corrente a 4s – simulação 5min ............................................................ 64
Figura 46 – Gráfico de volume CO2 a 60s - simulação de 5min ............................................. 65
Figura 47 – Linhas de corrente a 60s – simulação 5min .......................................................... 65
Figura 48 – Gráfico de volume CO2 a 120s - simulação de 5min ............................................ 66
Figura 49 – Linhas de corrente a 120s – simulação 5min ........................................................ 66
Figura 50 – Gráfico de volume CO2 a 180s - simulação de 5min ............................................ 67
Figura 51 – Linhas de corrente a 180s – simulação 5min ........................................................ 67
Figura 52 – Gráfico de volume CO2 a 240s – simulação de 5min ............................................ 68
Figura 53 – Linhas de corrente a 240s – simulação 5min ........................................................ 68
Figura 54 – Gráfico de volume CO2 a 300s - simulação de 5min ............................................ 69
Figura 55 – Linhas de corrente a 300s – simulação 5min ........................................................ 69
Figura 56 – Gráfico volume de CO2 x tempo (ponto a 2 m do fundo do poço de elevador) –
simulação de 5min .................................................................................................................... 70
Figura 57 – Detalhe de adição de ponto adicional para exaustor ............................................. 71
Figura 58 – Isométrico condições iniciais insuflação e exaustão mecânica ............................. 72
Figura 59 – Vista lateral condição inicial insuflação e exaustão mecânica.............................. 72
Figura 60 – Gráfico de volume CO2 a 0s (condição inicial) – 2ª simulação de 5min .............. 73
Figura 61 – Gráfico de volume CO2 a 4s – 2ª simulação de 5min............................................ 73
Figura 62 – Linhas de corrente a 4s – 2ª simulação 5min ....................................................... 74
Figura 63 – Gráfico de volume CO2 a 60s – 2ª simulação de 5min.......................................... 74
Figura 64 – Linhas de corrente a 60s – 2ª simulação 5min ...................................................... 75
Figura 65 – Gráfico de volume CO2 a 120s – 2ª simulação de 5min ....................................... 75
Figura 66 – Linhas de corrente a 120s – 2ª simulação 5min .................................................... 76
Figura 67 – Gráfico de volume CO2 a 180s – 2ª simulação de 5min ....................................... 76
Figura 68 – Linhas de corrente a 180s – 2ª simulação 5min .................................................... 77
Figura 69 – Gráfico de volume CO2 a 240s – 2ª simulação de 5min ....................................... 77
Figura 70 – Linhas de corrente a 240s – 2ª simulação 5min .................................................... 78
Figura 71 – Gráfico de volume CO2 a 300s – 2ª simulação de 5min ....................................... 78
Figura 72 – Linhas de corrente a 300s – 2ª simulação 5min .................................................... 79
Figura 73 – Gráfico volume de CO2 x tempo (ponto a 2 m do fundo do poço de elevador) – 2ª
simulação de ............................................................................................................................. 79
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Fragmento Tabela quantidade de acidentes do trabalho, por situação do registro e


motivo, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), no Brasil –
2015/2017 ................................................................................................................................. 20
Tabela 2 - Fragmento Tabela Quantidade de acidentes do trabalho liquidados, por
consequência, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), no
Brasil – 2015/2017 ................................................................................................................... 21
Tabela 3 - Resumo de Requisitos Técnicos e Obrigatórios ou Recomendados para
Certificação de Unidades Armazenadoras em Ambiente Natural ............................................ 27
Tabela 4 – Necessidade de ar externo para diluição de odores corporais ................................ 33
Tabela 5 – Taxa de renovações de ar para os diversos ambientes conforme ASHRAE –
American Society of Heating Refrigerating and Air Conditioning, Guide na Data Book ....... 34
Tabela 6 – Tabela de Referência de exaustores axiais Ventisilva - trifásicos .......................... 48
Tabela 7 – Tabela de Recursos Ansys Academic 19.2 ............................................................. 49
LISTA DE SIGLAS

CBM Corpo de Bombeiros Militar


3-D Três Dimensões
CBM-RS Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul
CFD Dinâmica dos Fluidos Computacional
CFX Fluxo de Fluido Computacional
CH4 Metano
CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas
CO Monóxido de Carbono
CO2 Dióxido de Carbono
CPU Unidade Central de Processamento
GB Gigabytes
H2S Sulfeto de Hidrogênio
IGES Arquivo de Especificação Inicial de Intercambio Gráfico
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
NO2 Dióxido de Nitrogênio
NR Norma Regulamentadora
O2 Oxigênio
OCP Organismo de Certificação de Produto
pe Pressão externa
pr Pressão no recinto
Qent Vazão de ar insuflado
Qsaída Vazão de ar exaurido
RAM Memória de acesso aleatório
RT Resolução Técnica
STEP Arquivo padrão para o intercâmbio de dados do produto
TLV Valor limite de tolerância
VDC Concentração máxima C
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 16
1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................... 17
1.1.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 17
1.1.2 Objetivo Específico ................................................................................................... 17
1.2 METODOLOGIA ...................................................................................................... 17
2 ASPECTOS DE SEGURANÇA DO TRABALHO ............................................... 18
2.1 ESPAÇO CONFINADO ............................................................................................ 18
2.1.1 Riscos em Espaços Confinados................................................................................ 19
2.1.2 Intoxicação por Gases Provenientes de Grãos ....................................................... 21
2.2 EXIGÊNCIAS NORMATIVAS PARA ESPAÇOS CONFINADOS ....................... 23
2.2.1 Resolução Técnica CBMRS N.º 22 .......................................................................... 23
2.2.2 NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados ................... 24
2.2.3 NR 31 Segurança e Saúde no Trabalho Agricultura, Pecuária Silvicultura,
Exploração Florestal e Aquicultura. ..................................................................................... 26
2.2.4 Instrução Normativa nº 29, de 8 de junho de 2011................................................ 27
3 SISTEMAS DE VENTILAÇÃO ............................................................................. 28
3.1 VENTILAÇÃO INDUSTRIAL ................................................................................. 28
3.1.1 Sistema de Ventilação Local Exaustora ................................................................. 28
3.1.2 Sistema de Ventilação Geral Diluidora .................................................................. 29
3.1.2.1 Insuflação Mecânica e Exaustão Natural .................................................................. 29
3.1.2.2 Insuflação Natural e Exaustão Mecânica .................................................................. 30
3.1.2.3 Insuflação Mecânica e Exaustão Mecânica ............................................................... 31
3.1.3 Ventiladores .............................................................................................................. 32
3.1.3.1 Tipos de Ventiladores ................................................................................................. 32
3.1.4 Condições que devem ser consideradas .................................................................. 33
3.1.5 Ventilação Industrial Diluidora .............................................................................. 35
3.1.5.1 Taxa de Ventilação ..................................................................................................... 37
4 DINÂMICA DOS fLUIDOS COMPUTACIONAL .............................................. 39
4.1 DINÂMICA DOS FLUIDOS COMPUTACIONAL ................................................. 39
4.2 MALHA DE VOLUMES FINITOS .......................................................................... 42
5 DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE EXAUSTÃO PARA TÚNEL 44
5.1 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA.................................................................... 44
5.2 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL......................................................................... 49
5.2.1 Software Utilizado na Simulação CFD ................................................................... 49
5.2.2 Definição do Sistema de Analise.............................................................................. 50
5.2.3 Geometria .................................................................................................................. 50
5.2.4 Malha ......................................................................................................................... 51
5.2.5 Configurações ........................................................................................................... 53
5.2.6 Solução....................................................................................................................... 55
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 57
6.1 MODELO COM SIMULAÇÃO DE 60S .................................................................. 57
6.2 MODELO DE SIMULAÇÃO DE 5MIN ................................................................... 63
6.3 ALTERAÇÃO DO SISTEMA DE EXAUSTÃO ...................................................... 70
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 81
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 82
16

1 INTRODUÇÃO

O Brasil está hoje entre os maiores produtores de cereais do mundo, suprindo seu
consumo no mercado interno e exportando boa parte de sua produção. O principal importador
de soja Brasileiro é a China, um grande produtor, porém, não atende à demanda de sua
numerosa população.
O apogeu da produção agrícola Brasileira se deu nos meados da década de setenta,
forçando a edificação de unidades armazenadoras para receber, pré-beneficiar, armazenar e
escoar grande capacidade de produção Nacional.
Este modelo de unidade agrícola atende à necessidade industrial das atividades de
grãos, porém, foram edificadas sem dar atenção necessária a riscos gerados na sua operação:
riscos de execução de trabalho em altura, espaço confinado, riscos elétricos e, todos
agravados pela geração de poeiras explosivas e agentes químicos tóxicos.
O Brasil possui trinta e sete Normas Regulamentadoras que regem as condições de
trabalho com obrigações, direitos e deveres que devem ser cumpridos por empregadores e
trabalhadores. Nestas, aplicando norma específica para execução de trabalho em altura,
espaço confinado como também para forma construtiva de equipamentos para agroindústria.
Não há capacidade de fiscalização necessária para atender a demanda de
agroindústrias, agravado ainda pelo fato de muitos dos acidentes em unidades armazenadoras
não serem registrados.
Atualmente, o grande contribuinte na fiscalização de unidades agrícolas tem sido os
CBM (Corpo de Bombeiros Militar). Devido ao volume de acidentes atendidos pelos
socorristas do CBM nos últimos anos, o qual vem desenvolvendo e melhorando normas
específicas para unidades agrícolas. O departamento técnico do CBM analisa o atendimento
de itens de segurança já em fase de projeto e posterior vistoria in loco, verificando se todas as
medidas de segurança estão atendidas na edificação.
Esta forma de fiscalização do CBM forçou os fornecedores de Agroindústrias a já
preverem medidas coletivas de proteção de seus equipamentos. Estas medidas devem procurar
atender às normativas mais restritivas dos CBM’s. Unidades antigas também devem ser
regularizadas e vistoriadas pelo CBM para renovação de alvará de funcionamento.
As normas em vigor regulamentam que os espaços confinados e semi confinados
sejam dotados de sistema de exaustão ou ventilação. Sistemas dimensionados através de taxas
mínimas de ventilação de acordo com o tipo de ambiente.
__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
17

Ferramentas de dinâmica dos fluidos computacionais (CFD) têm sido muito utilizadas
nos últimos anos. São ferramentas muito difundidas no meio cientifico, com resultados
bastante confiáveis.
Estas ferramentas aplicadas em faze de projeto auxiliam através de resultados bastante
precisos que falhas sejam reconhecidas e corrigidas nesta fase, evitando futuros retrabalho na
fase de execução.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Tem-se como objetivo geral o entendimento do risco de geração de gases tóxicos em


túnel agrícola e a neutralização destes riscos através de sistema de ventilação conforme
normativa do CBM-RS (Corpo de Bombeiro Militar do Rio Grande do Sul).

1.1.2 Objetivo Específico

Com base na revisão bibliográfica objetiva-se desenvolver o dimensionamento de


sistema de ventilação para túnel agrícola, prevendo a diminuição de risco de Gás asfixiante
CO2 (Dióxido de Carbono) para níveis normais para a respiração humana.
O dimensionamento do sistema de ventilação será baseado na Taxa de Ventilação
normatizada pela RT22/2019 (Resolução Técnica) do CBM-RS sendo a sua eficiência
validada por simulação computacional conforme os dados calculados.

1.2 METODOLOGIA

Para serem atingidos os objetivos descritos no item anterior, foi realizada pesquisa
bibliográfica em normas e literatura sobre o tema, sendo compilados os pontos relevantes
sobre o tema, formando uma revisão bibliográfica. Com os dados teóricos coletados na
revisão, será realizado o dimensionamento de sistema de ventilação conforme normativa do
CBM-RS; após, será confeccionado modelo de túnel padrão em CAD (Desenho assistido por
computador) para posterior validação do sistema de ventilação no Software Ansys.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
18

2 ASPECTOS DE SEGURANÇA DO TRABALHO

2.1 ESPAÇO CONFINADO

Sendo chamada a atenção pelo próprio nome “confinado”, o trabalho, quando


realizado neste tipo de local, deve-se dar a máxima atenção, porém por desconhecimento do
que seja realmente um espaço confinado, acabam ocorrendo diversos acidentes nestes
ambientes.
No que diz respeito a sua definição, hoje o CBM, órgão que fiscaliza com maior
rigidez a característica deste tipo de local traz a seguinte definição na RT 22:

Espaço confinado: qualquer área não projetada para ocupação humana contínua, a
qual tem meios limitados de entrada e saída e na qual a ventilação existente é
insuficiente para remover contaminantes perigosos e onde possa existir a deficiência
ou enriquecimento de oxigênio (RT22, item 4.1.10, 2017, p. 4).

Esta definição muito semelhante ao que é trazido na NR 33 (Norma Regulamentadora


número 33) que rege a forma de trabalho neste tipo de ambiente e, trazendo o seguinte texto:

Espaço Confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana
contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é
insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou
enriquecimento de oxigênio (NR33, item 33.1.2, 2012, p .1).

De forma mais ampla, os espaços confinados podem ainda ser classificados em dois
diferentes tipos: os abertos, onde a ventilação é dificultada devido a sua parte superior e
profundidade oferecendo riscos à pessoa na execução de serviço, são caracterizados por ter
profundidade a partir de 1,5 m. À Figura 1 mostra um poço de elevador de unidade agrícola, o
qual é um exemplo de espaço confinado aberto.
Figura 1 – Poço de Elevador de Grãos (Espaço confinado aberto)

Fonte: Autoria própria (2017).


__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
19

Também, há os espaços confinados fechados, estes, com pequena abertura para


entrada e saída e com restrição ainda maior de ventilação que os espaços confinados abertos.
A Figura 2 mostra um espaço confinado fechado, caraterizado devido ao seu grande
comprimento e restrição na entrada.
Figura 2 - Túnel de unidade agrícola (Espaço confinado fechado)

Fonte: Autoria própria (2017).

2.1.1 Riscos em Espaços Confinados

A preocupação dos riscos em unidades agrícolas iniciou com o aumento da capacidade


de armazenagem a granel brasileira, esta se iniciando na década de setenta, de forma bastante
rápida e sem acompanhamento efetivo de autoridades neste tipo de edificação.
Caracterizados principalmente por possuir entradas e saídas limitadas, ainda dispõe de
grande carência na sua fiscalização, tanto na fase de projeto como na fase de execução;
também em unidades mais antigas (Figura 3) a adequação para atender a legislação atual ou
mesmo equipamentos específicos tem um custo alto e, muitas vezes colocando a estrutura em
risco. Estas impossibilidades acabam prejudicando o uso de equipamentos e resgate, quando
ocorre um acidente em algum tipo de espaço confinado.
Quanto aos riscos, são diversos e, em grande parte das vezes, somados em um mesmo
ambiente caracterizado como confinado: riscos construtivos, térmicos, elétricos, falta de
ventilação, deficiência de oxigênio ou produção de agentes químicos tóxicos ou inflamáveis.
___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
20

Figura 3 - Túnel antigo Unidade agrícola (Espaço confinado fechado)

Fonte: Autoria própria (2017).

Tabela 1 - Fragmento Tabela quantidade de acidentes do trabalho, por situação do registro e motivo, segundo a
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), no Brasil – 2015/2017

Fonte: Anuário Estatístico da Previdência Social, 2017.

Tabela 1 retirada no site do ministério do trabalho indica a quantidade de acidentes de


trabalho vinculados ao CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) de
Atividade Agrícola, porém, muitos dos acidentes acabam não sendo registrados, o que
dificulta a obtenção de um dado concreto destes acidentes.
São divulgados pelo ministério do trabalho através do CNAE, como mostrado na
Tabela 2, dados referentes às assistências, afastamentos, incapacidade e óbitos, porém, o que
__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
21

dificulta o rastreamento é não saber a causa especifica do acidente, não havendo um controle
específico para o espaço confinado.
Tabela 2 - Fragmento Tabela Quantidade de acidentes do trabalho liquidados, por consequência, segundo a
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), no Brasil – 2015/2017

Fonte: Anuário Estatístico da Previdência Social, 2017.

2.1.2 Intoxicação por Gases Provenientes de Grãos

Em túneis e poços agrícolas, uma das maiores preocupações é a intoxicação por gases
formados na fermentação e decomposição de matéria orgânica. Também, na própria
respiração dos microrganismos, é consumido o oxigênio disponível no ambiente e produzido
gás carbônico como resíduo metabólico. Alguns deles tendo como característica ter densidade
maior do que o ar, sendo acumulados ao fundo dos poços e túneis e, muitas vezes quando
percebida sua presença, as consequências físicas impedem a pessoa sair do recinto
contaminado.
Os principais gases formados nestas reações são o CO2 (Gás Carbônico), CO
(Monóxido de carbono), NO2 (Dióxido de Nitrogênio), CH4 (Metano) e o H2S (Sulfeto de
Hidrogênio).
O CO2 é classificado como um asfixiante simples com densidade de 1,98 kg/m³,
incolor e sem cheiro, o que dificulta a sua identificação sem o uso de equipamento adequado.
É originado na respiração de sementes, grãos, microrganismos e insetos e, em um ambiente
normal apresenta uma concentração até 0,04%.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
22

Os primeiros sintomas podem ser notados a partir de 10% de concentração


caracterizada por dores de cabeça, vertigens, perturbação da visão, zumbidos no ouvido,
tremores, sonolência e perda dos sentidos. Quando a concentração é superior a 40% o óbito é
imediato, ficando a vítima com a pele azulada.
Com densidade maior que a do ar (1,14 kg/m³), o CO é originário da decomposição de
produtos orgânicos, e quando inspirado, causa reação formando ao invés de hemoglobina-
oxigênio na respiração de ar o complexo químico, hemoglobina monóxido de carbono,
levando a pessoa à morte quando mais de 67% das hemoglobinas são vinculadas ao monóxido
de carbono.
A intoxicação é caracterizada por indisposição e letargia e redução da pressão arterial.
A exposição ao ar com este contaminante pode deixar lesões no sistema nervoso, dores de
cabeça e até paralisação de membros.
Menos denso que o ar (1,91 E-6 kg/m³) o NO2 é originário de decomposição de
produtos orgânicos. É um gás que se forma em contato com umidade e ar, ácido que pode
causar corrosão em tecidos humanos, afetando, quando inalado, os tecidos dos pulmões. Em
baixas concentrações é incolor, porém, quando elevada a concentração, possui cor marrom-
amarelada.
Se a pessoa inalar este gás, pode sentir dispneia, tosse, taquicardia, hipotensão, cianose
e, se aumentado o grau de toxidade ou tempo de exposição, ocorrer coma e óbito. Também,
pode ter como sequelas bronquite e pneumonia.
Diferente dos gases citados acima o CH4 de densidade 0,656 kg/m³ é um gás que
possui características explosivas quando misturado ao oxigênio e atingida temperatura maior
que 67ºC, possui características semelhantes ao butano, tanto em explosões como na inalação.
É gerado na fermentação e putrefação de resíduos orgânicos. Apesar de não possuir
grande toxidade, sua presença afeta a disponibilidade de oxigênio, agindo como um narcótico
ao sistema nervoso e causando ação anestésica e vertigens quando atingidas altas
concentrações.
Conhecido como gás de esgoto por possuir odor semelhante a ovos podres, o H2S
também é originário do processo de putrefação de resíduos orgânicos. É um gás incolor,
inflamável e, assim como o CO2, mais denso que o ar (1,36 kg/m³). Age na pessoa, inibindo
que as hemoglobinas realizem a troca dos gases O2 (Oxigênio) e CO2 causando asfixia.

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
23

Quando atingidas altas concentrações, a sua inalação causa súbita perda de


consciência, convulsões e cianose. Se em baixa concentração, podem ser notadas irritações e
inflamações oculares, fotofobia, edema palpebral e visão de halo luminoso em torno de luzes.

2.2 EXIGÊNCIAS NORMATIVAS PARA ESPAÇOS CONFINADOS

Dentre a normativa nacional são referenciadas algumas medidas preventivas para a


saúde e segurança no trabalho para espaços com restrição da ventilação, em especial a locais
caracterizados como confinados.
No último ano, após acidentes mais graves principalmente em unidades agrícolas
antigas, estes requisitos vêm sendo cobrados de forma mais enérgica já em fase de projeto
pelos CBM’s em todo o Brasil

2.2.1 Resolução Técnica CBMRS N.º 22

A RT 22 do RS destaca série de itens de prevenção, ganhando destaque o texto do


item 5.2.3.16, normatizando exigências sobre o controle de poeira e gases, neste, é importante
frisar o trecho:

Todos os locais confinados deverão ser providos de exaustores ou ventiladores


especificados de acordo com a planta de classificação de áreas, com acionamento
manual ou automático, devidamente dimensionados para contribuir na retirada de
poeira e gases e garantir a renovação do ar (RT22, item 5.2.3.16.5, 2017, p. 4).

Destacado que quando este despoeiramento for realizado através de captação dotada
de filtro de manga, as coifas devem ser instaladas o mais próximo possível dos registros de
descarga dos silos, local que, como mostrado na Figura 4, é o ponto de maior formação de
poeira e vazamentos de grãos.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
24

Figura 4: Exemplo de coifa de captação de pó instalada junto ao registro

Fonte: Corpo de Bombeiros do Paraná, 2018.

Ainda são mencionados na penúltima alínea desta normativa, os valores de referência


para concentração de poeira em suspenção, bem como também a taxa de renovação mínima
de ar nos túneis, sendo detalhado no item:

O sistema de exaustão para controle de poeira deverá garantir circulação de ar


suficiente para que não haja concentração de poeira maior que 20 g/m³ de ar. O
sistema deverá prover, no mínimo, a taxa de 30 renovações do ar por hora (RT22,
item 5.2.3.16.7, 2017, p. 14).

O item é finalizado recomendando manutenções periódicas e destacando que não deve


ser realizada a movimentação de grãos sem que haja o acionamento prévio do sistema de
exaustão, devendo os mesmos, ser dependentes entre si.

2.2.2 NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados

O Ministério do Trabalho é quem regulamenta através da NR 33 os requisitos mínimos


para o trabalho em espaços confinados no Brasil, normatizando obrigações tanto ao
empregador como para o empregado. Esta NR define espaço confinado conforme citado no
item 2.1 deste trabalho.
De acordo com a norma, é de responsabilidade do empregador, indicar quais os
espaços confinados na edificação, através de placas de sinalização (Figura 5) e, nestes, indicar
quais são os riscos específicos de cada espaço confinado. Ainda é trazido no item 33.2.1:

d) implementar a gestão em segurança e saúde no trabalho em espaços confinados,


por medidas técnicas de prevenção, administrativas, pessoais e de emergência e
salvamento, de forma a garantir permanentemente ambientes com condições
adequadas de trabalho (NR33, item 33.1.2 d), p. 1).
__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
25

Figura 5 Sinalização para identificação de espaço confinado

Fonte: NR 33, 2012

Ao colaborador, cabe condizer com o cumprimento da norma, a utilização adequada


de equipamentos de fornecimento da empresa, como também os procedimentos e orientações
para a utilização de espaços confinados.
Dentre as recomendações da norma, são listadas uma série de medidas técnicas de
prevenção, sendo importante, em nível de projeto, prever medidas de eliminação ou controle
dos riscos atmosféricos.
Antes do acesso, deve ser previamente verificado se há condições para a entrada em
seu interior e serem mantidas condições aceitáveis quando da realização de trabalho, neste
período realizando a monitoração, ventilação, purgar, lavar ou inertizar.
A análise do ar deve ser feita antes da entrada e, mesmo que o ambiente confinado
esteja dotado de sistema de exaustão, deve ser realizada nova análise após iniciada a exaustão
e, durante o trabalho, para verificar a efetividade do sistema. Esta verificação pode ser
realizada através de equipamento portátil como o mostra a Figura 6.
Figura 6 – Equipamento de medição de gás portátil

Fonte :(Formis, 2019.)

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
26

É proibida a ventilação utilizando oxigênio puro. É importante que tanto equipamentos


fixos como portáteis sejam adequados ao risco característico do espaço confinado, sendo que
para áreas classificadas, devem obrigatoriamente todos os equipamentos ser certificados pelo
INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia); assim como todas as
medidas para eventuais riscos característicos da área devem ser adequados à zona classificada.

2.2.3 NR 31 Segurança e Saúde no Trabalho Agricultura, Pecuária Silvicultura,


Exploração Florestal e Aquicultura.

A NR 31 é a norma do ministério do trabalho que rege as condições mínimas a serem


atendidas em trabalhos rurais, englobando Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração
Florestal e Aquicultura.
Esta norma sofreu algumas alterações pela Postaria MTB nº 1.086, de 18 de dezembro
de 2018, ajustando ao trabalho na Agricultura, itens já constantes em suas demais normas.
No que diz respeito à operações de silos, vale ressaltar os seguintes itens constantes na
NR 31:

31.14.4 É obrigatória a prevenção dos riscos de explosões, incêndios, acidentes


mecânicos, asfixia e dos decorrentes da exposição a agentes químicos, físicos e
biológicos em todas as fases da operação do silo.
31.14.5 Não deve ser permitida a entrada de trabalhadores no silo durante a sua
operação, se não houver meios seguros de saída ou resgate.
31.14.6 Nos silos hermeticamente fechados, só será permitida a entrada de
trabalhadores após renovação do ar ou com proteção respiratória adequada.
31.14.7 Antes da entrada de trabalhadores na fase de abertura dos silos deve ser
medida a concentração de oxigênio e o limite de explosividade relacionado ao tipo
de material estocado.
31.14.9 Devem ser previstos e controlados os riscos de combustão espontânea e
explosões no projeto construtivo, na operação e manutenção.
26 31.14.12 Todas as instalações elétricas e de iluminação no interior dos silos
devem ser apropriados à área classificada (NR31, 2018, p. 1)

Deve ser frisado o item 31.14.4 onde, apesar do item normativo se referir, de forma
geral a silos, é descrito que estas medidas devem se estender a todas as fases de operação do
silo, interpretado de modo geral a carga, descarga e manutenções.
Porém, apesar das recomendações, a norma diz respeito mais ao que deve ser seguido
de forma administrativa, quais as responsabilidades, tanto do empregador, como do
empregado; não traz dados específicos sobre o ambiente em espaço confinado.

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
27

2.2.4 Instrução Normativa nº 29, de 8 de junho de 2011

Possuindo texto legal conhecido como “Lei do Sistema Nacional de Certificação de


Unidades Armazenadoras” esta norma rege a certificação de Unidades Armazenadoras. Nela
são dispostos todos os itens técnicos obrigatórios ou recomendados para que seja realizada a
certificação ou a regulamentação de Unidades Armazenadoras.
Esta norma, no que diz respeito a espaço confinado e semiconfinado traz em seu item
14 do Quadro de Resumo de Requisitos Técnicos e Obrigatórios ou Recomendados para
Certificação de Unidades Armazenadoras em Ambiente Natural (Tabela 3) a observação O¹.
Nesta observação, sendo: “Requisito obrigatório no momento da vistoria da unidade
armazenadora pelo Organismo de Certificação de Produto – OCP”.
Ainda é descrito junto ao item 14 da Norma Para Sistema de Ventilação para
ambientes confinados e semiconfinados que:

Todas as unidades armazenadoras para produtos a granel devem ser dotadas de


sistema de ventilação para remoção de gases tóxicos dos ambientes confinados e
semiconfinados, de acordo com a legislação vigente, sobretudo o contido na NR.º
33, do Ministério do Trabalho e do Emprego, ou outra que vier a substituí-la (IN n.º
29, 2011, p. 17).

Tabela 3 - Resumo de Requisitos Técnicos e Obrigatórios ou Recomendados para Certificação de Unidades


Armazenadoras em Ambiente Natural

Fonte: Instrução Normativa N.º 29, 2011.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
28

3 SISTEMAS DE VENTILAÇÃO

3.1 VENTILAÇÃO INDUSTRIAL

A ventilação industrial tem como sua finalidade macro a renovação de ar em um


ambiente. Neste conceito, fornece ar com características adequadas à utilização do ambiente
ou mesmo a retirada de ar impróprio.
Conforme (Macintyre, 1990) a renovação de ar tem como seu fim primordial atingir
em um ambiente fechado, um nível de ar com grau de pureza e escoamento que atendam às
necessidades fisiológicas necessárias à saúde e bem estar humanas. Esta renovação distribuída
de forma satisfatória na totalidade do ambiente.
Em âmbito geral a Ventilação Industrial é caracterizada por operação feita por meios
mecânicos visando controlar temperatura, distribuição do ar, umidade e em especial, agentes
contaminantes e poluidores. Por vezes, estes agentes são substâncias que integram a própria
composição do ar normal, estando acima ou abaixo dos níveis ideais gerando riscos a saúde
de quem está exposto a este ambiente.
Não basta apenas retirar o contaminante do ambiente e lançá-lo ao meio sem nenhum
tipo de filtragem ou tratamento. A ventilação industrial deve fazer a captação do
contaminante, filtrando-o e armazenando-o para que o ar retirado seja devolvido de forma
adequada ao meio.
Em (Macintyre, 1990) são descritas duas classificações sumárias dos sistemas de
ventilação. Um sistema classificado como Ventilação Local Exaustora e o outro como
Ventilação Geral Exaustora.

3.1.1 Sistema de Ventilação Local Exaustora

A ventilação local exaustora é realizada de forma pontual (Figura 4), possuindo o


captor na própria fonte de poluente nocivo à saúde. Age na remoção do ar do local e através
de um exaustor, eliminando este ar para a atmosfera ou para a realização de tratamento.
Assim, este gás deixa de ser um poluente ao ambiente.
Este tipo de ventilação é recomendado na RT 22 do CBMRS dando destaque que,
quando de um ponto de formação de poeiras e gases, a captação deve ser posicionada o mais
perto possível deste ponto, assim, tendo maior eficiência na retirada deste contaminante.
__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
29

Porém, nos novos conceitos de equipamentos, vem se eliminando o ponto de formação de


poeira através de equipamentos enclausurados.

3.1.2 Sistema de Ventilação Geral Diluidora

Sistema caracterizado por realizar a ventilação de um ambiente, e, de acordo com


(Macintyre, 1990), de um modo global e geral, podendo ser realizada de forma natural,
quando da existência de janelas, portas ou outros meios que permitam a passagem de ar.
Quando, da utilização de equipamentos mecânicos para a realização forçada de
ventilação, é denominada como Geral Diluidora, podendo ser realizada por insuflação,
exaustão ou os dois sistemas combinados.
De acordo com (Macintyre, 1990) são três as finalidades da Ventilação Geral. A
primeira delas que seja mantido o conforto ambiental alcançando através do restabelecimento
das condições ambientais, provocadas pela presença do homem, a refrigeração do ar para
situações de climas quentes, aquecimento do ar quando de climas frios e o controle da
humidade do ar.
A segunda é manter a saúde e a segurança do homem objetivando conseguir redução
da concentração de aerodispersóides e particulados nocivos a níveis compatíveis com o
prescrito na NR33, impedindo que a concentração de gases, vapores e poeiras inflamáveis e
explosivas ultrapassem os limites de inflamabilidade ou explosão.
E como ltima, a conservação e bom estado de materiais e equipamentos, tendo como
exemplos locais destinados à subestações, compressores, motores a diesel ou de geradores e
motores elétricos.

3.1.2.1 Insuflação Mecânica e Exaustão Natural

Este sistema de ventilação é caracterizado por um ou mais ventiladores forçando ar


para dentro de um determinado ambiente (Figura 7) proporcionando assim uma pr (Pressão no
Recinto) maior ou equivalente a pe (Pressão Externa) forçando o ar contaminado a sair pelas
aberturas ao exterior existentes e, assim, proporcionando diluição dos contaminantes, baixa de
temperatura e arejamento.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
30

Este tipo tem a vantagem de poder utilizar dutos para trazer ar puro da região externa.
Mas, deve-se cuidar em função da pr maior, que o ar contaminado não seja eliminado para
outros ambientes da edificação.
Figura 7: Insuflação mecânica e exaustão natural

Fonte:( Macintyre, 1990..73)

3.1.2.2 Insuflação Natural e Exaustão Mecânica

Neste sistema um ou mais ventiladores realizam a retirada do ar contaminado do


interior do ambiente para o exterior (Figura 8), mantendo a pressão pr menor que a pressão pe
e assim, forçando o ar externo descontaminado a entrar no ambiente.
Figura 8: Insuflação natural e exaustão mecânica

Fonte: Macintyre, 1990.

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
31

Nesta forma construtiva, o ar exaurido evita que o ar contaminado seja enviado a


ambientes vizinhos, porém não impede que ar contaminado entre de ambientes vizinhos.
É viável o uso de filtros adequados nas entradas de ar, ou avaliar se o ar que entra
livremente nas aberturas tem qualidade suficiente para fazer a diluição de contaminantes no
ambiente.
O uso de exaustores axiais diminui o custo de instalação, porém devem ser instalados
em pontos opostos às entradas de ar, do contrário, podem ser utilizados dutos de ar.
Também, as entradas de ar devem ser livres de entrada de chuva, corpos estanhos ou
animais.

3.1.2.3 Insuflação Mecânica e Exaustão Mecânica

Quando a Insuflação mecânica e exaustão natural ou mesmo a insuflação natural e


exaustão mecânica não atingem uma remoção satisfatória de contaminantes, pode-se utilizar
um sistema misto insuflando e exaurindo o ar de forma mecânica (Figura 9). Esta ação
proporciona maior controle da entrada de ar, podendo ajustar os níveis de pressão interna,
bem como utilizando dutos para a entrada de ar de local descontaminado, como também
retirar o ar contaminado do ambiente para onde não haja risco de contaminação dos ambientes
vizinhos.
Nesta utilização o (Macintyre, 1990) indica que Qent (vazão de ar insuflado) e Qsaída
(vazão de ar exaurido) e a pressão pr dependendo da relação entre Qent e Qsaída. Ainda é dado
que em muitos casos uma boa relação seja Qent = 1,15 Qsaída.
Figura 9: Insuflação e exaustão mecânica

Fonte: Macintyre, 1990.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
32

3.1.3 Ventiladores

Existem vários tipos e dimensões de ventiladores no mercado atual, mas o que são
ventiladores? (Macintyre, 1990), Define os ventiladores como “turbo máquinas geratrizes ou
operatrizes”, tendo a finalidade de produzir deslocamento de gases.
Este deslocamento de gases comparado ao que ocorre com turbo bombas; é o
deslocamento gerado através de pás dimensionadas e fixadas a um rotor, normalmente
acionado por um motor elétrico, convertendo a energia mecânica do rotor em energia
potencial de pressão e energia cinética no fluido fazendo deslocar-se através de dutos com
vazão a atender as finalidades desejadas.
Outro dado importante destacado por (Macintyre, 1990) é que ventiladores são
tratados como máquinas de fluido incompressível já que o grau de compressão verificado em
seu funcionamento é tão pequeno que não seria viável considerá-lo como um compressor. Já,
quando atingidas compressões superiores a 2,5 kgf.cm-², devem ser considerados como turbo
compressores, onde os fenômenos termodinâmicos gerados na compressão devem ser levados
em consideração.

3.1.3.1 Tipos de Ventiladores

Entre os modelos de ventiladores disponíveis no mercado existem vários critérios que


os caracterizam e diferenciam. Uma das primeiras grandezas que os caracteriza é o nível
energético de pressão atingida, classificada em baixa pressão caracterizada por uma pressão
efetiva de até 0,02 kgf.cm-² (200 mmH2O), média pressão com pressões de 0,02 kgf.cm-² o
0,08 kgf.cm-² (200 a 800 mmH2O) e de alta pressão para as pressões de 0,08 a 0,250 kgf.cm-²
(800 a 2.500 mmH2O).
Também, podem ser classificados em três formas construtivas principais que
impactam na forma do escoamento do fluido: os centrífugos (Figura 10 – a), formando uma
trajetória de uma partícula gasosa no rotor em uma superfície de um plano normal ao eixo
formando uma espiral, Hélico-centrifugos (Figura 10-b e c), onde a partícula quando passa no
interior do rotor descreve uma hélice sobre uma superfície de revolução cônica cuja a geratriz
é uma linha curva e Ventiladores axiais (Figura 10 – d), onde a trajetória realizada pela
partícula quando passa pelo rotor é uma hélice descrita em uma superfície de revolução
cilíndrica.
__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
33

Figura 10: Modalidades construtivas dos rotores dos ventiladores

Fonte: Macintyre, 1990.

Para situações especiais ou características, os ventiladores podem ser classificados


quanto à forma das pás, números de entradas de aspiração no rotor e números de rotores.

3.1.4 Condições que devem ser consideradas

Alguns ambientes carecem de considerações especiais quanto à ventilação, locais onde


odores, fumaças de cigarro e CO2 exalado dos pulmões pela respiração (aproximadamente
0,02m³/h por pessoa) são o principal contaminante.
Nestas condições, é importante destacar que um homem tem a necessidade de
consumo pela respiração de aproximadamente 0,025m³ de oxigênio por hora, este devendo ser
fornecido na circulação de ar no interior do recinto como mostrado na Tabela 4.
Tabela 4 – Necessidade de ar externo para diluição de odores corporais

Fonte: Macintyre, 1990.

Para o cálculo de Suprimento de ar de um ambiente pode-se obter pela equação (1):


. (1)
º .
º

Na qual:

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
34

Suprimento de ar [m³/min];
Volume do ambiente [m³];
Numero de pessoas [pessoa];
Suprimento de ar externo (Tabela 4) [m³/min/pessoa];
Para ambientes de poucas pessoas usam-se padrões pré-estabelecidos de quantia
mínima de trocas completas de ar/hora em um determinado recinto.
A ASHRAE possui padrões normatizados como mostrados na Tabela 5. A RT 22/2018
determina valores específicos para um determinado ambiente a exemplo o item 5.2.3.16.7.
Neste, é estabelecida taxa de 30 renovações do ar por hora para túneis de unidades
agrícolas, taxa suficiente para a eliminação de riscos e garantida à qualidade do ar.
Tabela 5 – Taxa de renovações de ar para os diversos ambientes conforme ASHRAE – American Society of
Heating Refrigerating and Air Conditioning, Guide na Data Book

Fonte: Página da Ventisilva

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
35

Neste modelo de ventilação é recomendado que a velocidade de ar não seja muito


baixa, de modo que não faça a retirada de contaminantes como também não seja muito alta,
de modo a causar desconforto. O recomendado pelo (Macintyre, 1990) é que a velocidade não
seja menor que 1,5 m/min e não seja superior a 10 m/min.
A velocidade média de escoamento no interior do recinto é dada pelo volume de ar
calculado para a sala em função da seção livre de passagem do recinto conforme a equação
(2):
(2)

Na qual:
V - Velocidade média de escoamento [m/h];
Q - Vazão de ar [m³/h];
S - Seção livre de passagem [m²];
A seção livre de passagem deve ser dada pela altura e largura efetivas do túnel. As
áreas de afunilamento ou equipamentos são desconsideradas obtendo uma velocidade média
de escoamento aproximada.

3.1.5 Ventilação Industrial Diluidora

Sistema caracterizado pela utilização em operações industriais onde a formação de


contaminantes se caracteriza por ser constante e uniforme, facilitando a sua diluição através
de uma corrente de ar passando pelo ambiente e eliminando na atmosfera exterior quando o
contaminante não for caracterizado como um poluente, ou tratando, quando de maior
toxidade.
É um processo que não interfere nas atividades industriais e leva vantagem quando as
fontes geradoras estão dispersas no ambiente.
Apesar da vantagem deste tipo de sistema para fontes geradoras dispersas, a remoção
dos contaminantes ocorre de forma mais lenta, podendo, o operador, quando próximo à fonte
geradora, aspirar pequenas quantidades do contaminante, prejudicando os órgãos
respiratórios, mucosas e olhos. Também, quando a geração de contaminantes for elevada, o
sistema acaba não tendo desempenho satisfatório na remoção, nem através de grande vazão de
ar para a remoção, sendo, neste caso, viável sistemas de remoção na fonte geradora.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
36

Mas, quando o grau de toxidade do produto não é grave, a ventilação geral é o sistema
mais viável financeiramente e bastante eficiente para a retirada de contaminantes formados
por operações físico – mecânicas ou químicas.
No ambiente, o poluente formado é caracterizado por uma vazão q (m³/h) com uma
entrada de ar Q em metros cúbicos por hora sendo o grau de concentração C do poluente dado
pela equação:
(3)

Na qual:
C – Grau de concentração do Poluente [m³/m³];
q – Vazão Poluente [m³/h];
Q – Vazão de ar [m³/h];
Os teores de concentração permitidos no ambiente podem ser verificados em tabela
TLV (valor limite de tolerância).
Normalmente é utilizado a concentração em ppm para líquidos e g/m³ ou mg/m³ para
poeiras e fumos.
Conforme trazido em (Macintyre, 1990) a ventilação diluidora tem capacidade de:

- Proteger a saúde do trabalhador pela redução da concentração dos poluentes abaixo


do nível de tolerância;
- salvaguardar o trabalhador contra riscos de explosões e inflamações de certos
poluentes, baixando o nível de concentração dos mesmos;
- Melhorar a eficiência e o conforto do trabalhador, pelo controle de temperatura e
da umidade (até certo ponto) no ambiente;
- proteger equipamentos e materiais contra efeitos corrosivos do ar carregado de
certos poluentes;

Devido à prática não alcançar uma diluição uniforme e perfeita do contaminante em


função da forma do ambiente e pontos de interferência, é adotado um fator de segurança (K)
no calculo da vazão Q de ar puro adicionado no ambiente, este K recomendado é de 3 a 10, de
acordo com a toxidez do contaminante.

(4)

Na qual:
Q – Vazão de ar [m³/h];
K – Fator de Segurança = [3 a 10];
C – Grau de concentração do Poluente [m³/m³];

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
37

q – Vazão Poluente [m³/h];


Para a aplicação da equação (4) a concentração C deve ser convertida para m³/m³
devido à vazão Q ser calculada em m³/h.

3.1.5.1 Taxa de Ventilação

A relação entre a vazão Q de ar que é introduzida ou retirada no ambiente através de


um sistema de ventilação geral diluidora e o volume do recinto é chamada de taxa de
ventilação, esta normalmente dada em m³/min ou pés³/min. O número de trocas por minutos é
dado por:
! " çã % & / min+ (5)
º
" % & +

Na qual:
Taxa de ventilação [m³/min];
Volume do recinto [m³];
Quando calculada a taxa de ventilação em pés cúbicos por minuto a equação (6),
permite calcular a taxa de ventilação buscando uma concentração desejada de kd através da
equação (7).
387 106 (6)
, ∙ ∙
123 7

Na qual:
Q – Taxa de ventilação [pés³/min];
G – Taxa de geração da substância que se quer diluir [lb/min];
387 – Volume de 1 lb mol de qualquer gás a 70ºF a 1 atm, e volume molecular [cf/lb];
Pmol – Peso molecular da substância que se quer diluir [lb];
Kd – Concentração permitida no ambiente, isto é, que não deve ser ultrapassado;
Kd é dado em ppm, volume sendo correspondente ao limite inferior de tolerância da
substância, este obrigatoriamente devendo ser inferior ao TLV (Limite de Tolerância)
podendo ser utilizada a tabela de valores VDC (Concentração máxima C) para Kd pois o VDC
corresponde ao TLV já dividido por um coeficiente de segurança.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
38

8 (7)
7 9

Na qual:
Kd – Concentração permitida no ambiente;
TLV – Limite de tolerância;
K – Fator de Segurança = [3 a 10];
Reescrever conforme a equação 8:
387 106 (8)
, ∙ ∙ ∙
123 8

Na qual:
Q – Taxa de ventilação [pés³/min];
G – Taxa de geração da substância que se quer diluir [lb/min];
Pmol – Peso molecular da substância que se quer diluir [lb];
K - Fator de Segurança = [3 a 10];
Desta forma obtendo diretamente o resultado em cfm (pés cúbicos por minuto).

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
39

4 DINÂMICA DOS FLUIDOS COMPUTACIONAL

4.1 DINÂMICA DOS FLUIDOS COMPUTACIONAL

Dinâmica dos Fluidos Computacional (CFD) trata-se de ferramenta baseada em


computador com capacidade de simular qual o comportamento de sistemas que envolvem
fluxo de fluidos e transferência de calor, como também outros processos físicos.
Seu funcionamento ocorre através da resolução de equações de fluxo de fluído sobre
uma região de interesse, de acordo com o que foi especificado nas condições de fronteira
desta região.
São conhecidas como equações de Navier-Stokes o conjunto de equações capazes de
descrever os processos de momento, calor e massa. Obtidas no século XIX, são equações
diferenciais parciais que não possuem solução analítica conhecida em geral, porém, pode-se
discretizar e resolvê-las numericamente. Este conjunto de equações está apresentado na
equação (9):
(9)

Há diferentes métodos de solução, mas o método mais usual é o método em que o


ANSYS CFX utiliza. Conhecido como técnica de volumes finitos.
Na utilização desta técnica é feita uma divisão da região de interesse em pequenas sub-
regiões as quais são chamadas de volumes de controle. Estas equações são discretizadas,
sendo resolvidas interativamente para cada volume de controle. É obtido como resultado uma
aproximação do valor para cada variável em pontos específicos ao longo do domínio.
Engenheiros e cientistas utilizam a CFD em uma vasta gama de aplicações, sendo as
mais usuais:

- Saúde e segurança: Investigar os efeitos do fogo e do fumo;


- Ambiente: A dispersão de poluentes no ar ou na água;
- Indústria de processo: vasos de mistura, reatores químicos;
- Serviços de construção: Ventilação de edifícios, tais como dutos;
- Indústria de motores: modelagem de combustão, a aerodinâmica do carro;
- Eletrônica: Transferência de calor no interior e em torno de placas de circuito;
- Potência e energia: Otimização dos processos de combustão;

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
40

- Medicina: O fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos. (Bavaresco, 2010, pg.
23).

Simulações em CFD podem ser usadas para determinação de desempenho de


componentes já em fase de projeto, como também em componentes já existentes analisar
quais as dificuldades corrigindo-as, chegando a um projeto de maior qualidade. Como
exemplo, a Figura 11 onde se pode analisar a queda de pressão em um componente
verificando se está excessiva.
Figura 11: Componente a ser analisado

Fonte: ANSYS Workbench interface, 2019.

Como início para esta simulação deve-se identificar a região de interesse e identificar
o volume de controle (Figura 12).
Figura 12: Escolha do domínio ou volume de controle

Fonte: ANSYS Workbench interface, 2019.

Definida a região de interesse, pode ser diretamente importada geometria já existente


no CAD. Após importada e verificada a geometria, pode ser criada a malha em sub-regiões.
Depois de gerada, a malha é importada para o pré-processador, demais elementos da

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
41

simulação, juntamente com as condições de contorno definidas (entradas, saídas, etc.) e


definidas as propriedades do fluido (Figura 13).
Figura 13: Condições de contornos do domínio

Fonte: ANSYS Workbench interface, 2019.

Depois de realizada a busca de uma solução do fluxo para a produção de um arquivo


de resultados contendo a variação da velocidade, pressão e demais variáveis contemplando
toda a região de interesse.
Os resultados gráficos gerados, como na Figura 14 fornecem ao engenheiro o
entendimento de como o fluido se comporta na região de interesse.
Figura 14: Resultados obtidos

Fonte: ANSYS Workbench interface, 2019.

Resumidamente, as etapas do processo de modelagem por CFX podem ser


representados conforme o fluxograma da Figura 15.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
42

Figura 15: Etapas de processamento no CFX

Fonte: Adaptada de ANSYS Workbench interface, 2019.

4.2 MALHA DE VOLUMES FINITOS

Como já mencionado no item anterior, método de volumes finitos é uma ferramenta


capaz de trazer solução aproximada das equações de balanço de quantidade de movimento,
também balanço de massa pela discretização do domínio de interesse do modelo em um
número finito de volumes de controle como na Figura 16.
Devido à sua grande utilização nos ramos de pesquisa acadêmica e industrial em
fenômenos de transporte, se tornou uma ferramenta bastante difundida no meio, atingindo
resultados bastante confiáveis.

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
43

Malhas estruturadas são de fácil ordenação, obtendo matrizes diagonais


proporcionando hipóteses de desenvolvimento mais fáceis, como também mais eficientes.
Porém, problemas reais com geometrias complexas não permitem sempre que sejam
empregadas malhas bem estruturadas, assim, entram em cena malhas não estruturadas, que
por sua vez são mais versáteis, tendo mais facilidade para se adaptar e muito mais aptas a
discretizar geometrias irregulares com cantos e saliências.
Um exemplo é a Figura 16(a) que sendo uma geometria com furo, não possui uma
discretização cartesiana adequada para uma geometria com um furo, o qual é preferível a
discretização ilustrada na Figura 16(b). Neste, é utilizado um sistema de coordenadas
generalizadas. Também, pode ser feita malha conforme Figura 16(c), a qual apresenta uma
discretização não estruturada (Bavaresco, 2010).
Figura 16: Discretização da estrutura cartesiana (a), estrutura generalizada (b) e não estruturada (c)

Fonte: (Bavaresco, 2010 p. 26)

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
44

5 DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE EXAUSTÃO PARA TÚNEL

Neste trabalho, optou-se por um modelo típico de espaço confinado aberto de Unidade
Agrícola detalhado na Figura 17. Este, constituído de um poço para elevadores de grãos com
profundidade de 7,7 m, túnel para Redler de descarga de silos de aproximadamente 20 m de
comprimento e acesso ao túnel ao final do mesmo, com ponto de acesso com abertura para
exaustor, o que entre túnel, saída e poço, totalizam 25,3 m de comprimento.
Figura 17 - Modelo 3D Túnel – Dimensões gerais

Fonte : Autoria própria (2019).

5.1 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA

Para o dimensionamento do sistema de renovação de ar do túnel de Unidade Agrícola,


conforme método normativo, primeiramente foi realizada uma maquete eletrônica, conforme
modelo de túnel típico de unidades armazenadoras. Este modelo foi criado em 3-D (três
dimensões) no software Solid Edge podendo ser visto na Figura 18.

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
45

Figura 18 - Modelo 3D Túnel

Fonte : Autoria própria (2019).

Este modelo de túnel tem como diferencial o fornecimento de sistema de exaustão


com exaustor axial na saída do túnel, local mostrado na Figura 19, sendo esta saída fechada
através de cobertura e uma porta de acesso. A porta foi desconsiderada no modelo,
permanecendo, normalmente fechada, para impedir o acesso à área.
A parte mais profunda (7,7m) é o ponto onde são instalados os elevadores de grãos.
Esta parte recebe um fechamento de gradil prevenindo quedas dos operadores; porém, permite
a livre passagem de ar, como também podem cair ao fundo, resíduos de cereais, corpos
estranhos, pequenos animais e água, sendo este, o ponto mais crítico para geração de gases
tóxicos tendo difícil circulação de ar.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
46

Figura 19 – Vista do Túnel

Fonte : Autoria própria (2019).

A partir do modelo do túnel, foi modelado o seu volume interno mostrado na Figura
20 e aplicado como material de composição: ar em propriedades perfeitas.
Na simulação do modelo obteve-se o volume de ≅ 223,21 m³ com uma massa de ar de
≅ 273,43 kg, obtidos na tabela de propriedades físicas no Solid Edge. Para possibilitar
posterior simulação, foram desconsideradas as tubulações e equipamentos de transporte
internos.

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
47

Figura 20 – Modelo de volume de ar

Fonte: Autoria própria (2019).

Foi ainda adicionado ao modelo de volume de ar facilitando na simulação posterior o


ponto de localização do ventilador e também o afunilamento, proporcionado na saída de ar.
A partir do volume encontrado no modelo em CAD foi dimensionado conforme a
Equação (5), atendendo um mínimo de 30 renovações de ar completas por hora, normatizada
pelo item cinco da Resolução Técnica 22 do CBMRS. Assim obteve-se a vazão mínima de
6696,3 m³/h.
Encontrada a vazão mínima de trabalho que deve possui o sistema de renovação de ar
para o túnel, tendo a condição apenas de renovar ar e diluir contaminantes provenientes dos
próprios cereais processados na unidade, foi optado inicialmente pela utilização de sistema de
ventilação industrial diluidora. Neste, devido à forma do túnel, utilizado insuflação natural e
exaustão mecânica.
Este modelo de sistema de exaustão pode ser atendido por um exaustor axial, pois é
característico de alta vazão e baixa pressão. O modelo optado como inicial para o sistema foi
Exaustor E50T4 - Trifásico do Fabricante Ventisilva, o qual possui características conforme a
Tabela 6. O exaustor possui vazão acima do dimensionado pela equação (5) e,
consequentemente, realizará mais trocas de ar no túnel.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
48

Tabela 6 – Tabela de Referência de exaustores axiais Ventisilva - trifásicos

Fonte : Ventisilva, 2019.

A partir da vazão do modelo de exaustor selecionado, foi novamente verificada a taxa


de renovação de ar pela equação (5), desta vez, utilizando como dado de entrada a vazão do
exaustor, obtendo-se taxa de renovação de 37,63 trocas/h.
A velocidade do ar foi calculada pela equação (2) para a seção principal do túnel,
mostrada na Figura 21. Esta velocidade conforme forma construtiva do túnel e taxa de
renovações de ar, interfere no intervalo de velocidade recomendado para conforto ambiental.
Figura 21 – Seção principal túnel

Fonte : Autoria própria (2019).

Através da Equação (2) utilizando a vazão do exaustor na unidade de m³/s e medida de


área das seções em m², obteve-se a velocidade de 34,8 m/min na seção principal do túnel.
Nota-se que esta velocidade ultrapassa os limites recomendados por (Macintyre, 1990)
no capitulo 3.1.4, de que a velocidade não seja menor que 1,5m/min e superior a 10m/min.
Porém, estas são recomendações de conforto para áreas de permanência de pessoas.
__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
49

5.2 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL

5.2.1 Software Utilizado na Simulação CFD

A primeira etapa da simulação foi a definição do Software a ser utilizado, o qual neste
trabalho, foi optado pela versão acadêmica do Software Ansys versão 19.2.
Esta versão disponibiliza como limites de tamanho do problema para Física Estrutural
de 32K nós / elementos e para Fluidos físicos de 512K células / nós. Para utilização do
Software deve-se utilizar sistema operacional Microsoft Windows 10, 64 bits, com os
seguintes requisitos mínimos de Hardware:
- Processador (es): Classe de estação de trabalho;
- 4 GB de RAM;
- 25 GB de espaço no disco rígido;
- O computador deve ter um drive C:/ “físico presente;
- Placa gráfica e driver: Classe de estação de trabalho profissional 3-D;
- OpenGL-capaz;
A versão do Ansys 19.2 inclui os recursos apresentados na Tabela 7:
Tabela 7 – Tabela de Recursos Ansys Academic 19.2
Aplicativos e recursos incluídos: Sistemas de Análise de Importação de Geometria:
Bancada / Física:
- Bancada de trabalho do ANSYS; - Avaliação de design; - Importação de formato neutro
IGES, STEP;
- ANSYS Multifísica; - Elétrico; - Parasolid (nativo no ANSYS
DesignModeler);
- ANSYS Mecânica; - Dinâmica Explícita;
- ANSYS Autodyn; - Fluxo de Fluido (CFX);
- ANSYS Forte; - Fluxo Fluido (Fluente);
- ANSYS Chemkin-Pro; - Resposta Harmônica;
- ANSYS CFD (ANSYS CFX e - Flambagem Linear;
ANSYS Fluente);
- Malhagem ANSYS e Malha - Magnetostático;
Estendida;
- ANSYS DesignModeler; - Modal;
- ANSYS DesignExplorer; - Vibração Aleatória;
- ANSYS SpaceClaim; - Espectro de Resposta;
- Dinâmica Rígida;
- Otimização de Forma;
- Estrutural Estático;
- Térmica Estável;
- Térmica-elétrica;
- Estrutural Transitório;
Fonte : Adaptada de Ansys Workbench Interface , 2019.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
50

5.2.2 Definição do Sistema de Análise

Com a versão do Software definido e utilizado hardware compatível aos requisitos


mínimos, foram iniciadas as configurações para análise, sendo utilizada para este sistema a
Bancada Física de Fluxo de Fluido (CFX). Esta que adicionada à pasta de trabalho do Ansys,
já traz as cinco fazes da análise como mostrado na Figura 22:
Figura 22 – Esquema do Projeto (Project Schematic)

Fonte : Adaptada de Ansys Workbench Interface , 2019.

A partir do Ansys CFX, iniciado o “Esquema do Projeto” e definida a Geometria serão


definidas as propriedades do domínio, tipo de simulação de acordo com o modelo, condições
de contorno, expressões matemáticas, variáveis de controle, critérios de convergência e ao
final, os resultados obtidos.

5.2.3 Geometria

O segundo item elencado na sequência de projeto do Ansys, é a Geometria, como vista


no item 5.1 deste trabalho, modelada no software Solid Edge. Esta, é de interesse para a
simulação apenas o volume interno do ambiente, sendo desconsideradas paredes, estruturas e
equipamentos.
Para a sua utilização, foi visto na Tabela 7 que o Ansys suporta a importação dos
formatos IGES, STEP, sendo exportada a partir do Solid Edge, a geometria em formato
.STEP. O modelo foi importado no Ansys e posteriormente feita a verificação no editor do
Ansys DesignModeler como mostrado na Figura 23.
__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
51

Figura 23 – Geometria importada em formato .STEP para o editor DesignModeler

Fonte : Autoria própria (2019).

A geometria foi constituída de apenas um bloco, apesar do modelo possuir geometria


complexa e necessitar ser desenhado no Solid Edge com mais de um recurso, foi utilizado o
módulo “síncronos” do Solid Edge, que já considera todos os recursos como uma única
geometria evitando divergências na importação pelo Ansys.

5.2.4 Malha

Configurada a geometria, passou-se para à geração da malha, nesta etapa para


facilidade posterior das entradas de projeto, foram selecionadas faces de paredes do modelo;
faces cuja condição de contorno é que a velocidade na superfície da parede é zero. As faces
sem seleção mostradas na Figura 24 receberão os dados de entrada e saídas do sistema.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
52

Figura 24 – Faces com velocidade zero na superfície da parede

Fonte : Autoria própria (2019).

Devido ao grande tamanho do modelo do túnel e a análise englobar um escoamento


em toda a geometria (Figura 25), foi definido um elemento máximo de 0,2 m. A malha pode
ser gerada com elementos menores com o intuído de aumentar a precisão, porém, não é
suportada no setup pelo computador disponível.
Ainda, com o intuito de melhorar a precisão e confiabilidade do modelo, foram criadas
duas condições especiais de tamanho de elemento. Nas extremidades das faces de entrada de
fluido foi definida condição de malha de 0,05m.
Figura 25 – Malha

Fonte : Autoria própria (2019).

Também, para a face que simula o ponto de instalação do exaustor em função de sua
geometria circular de 0,5m de diâmetro ficar muito próxima ao elemento máximo gerado para
__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
53

a malha em geral, foi criado um dimensionamento e gerada uma malha de elemento máximo
de 0,1m como mostrado na Figura 26.
Figura 26 – Malha face do exaustor

Fonte : Autoria própria (2019).

5.2.5 Configurações

Finalizada a malha, foram definidas as configurações. Primeira definição foi o regime


de escoamento Transiente; esta condição inicial com uma definição fracionária de volume,
60% de ar puro a 25ºC e 40% de CO2 no interior do túnel, mistura considerada devido a este
nível de CO2 já ser crítico e provocar óbito.
Figura 27 – Condições iniciais insuflação natural e exaustão mecânica

Fonte : Autoria própria (2019).


___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
54

Ainda foram colocadas com condição de contorno conforme mostrado na Figura 27:
- Saída (Exaustão) de ar com Q de 2,86 kg/s;
- Entrada de CO2 com Q de 0,1 kg/s está simulando a geração de gás proveniente de
resíduos de cereais e diversos, sendo localizada na parte mais profunda da geometria.
- Abertura (Insuflação Natural) de ar com pressão relativa igual a 0 Pa, está localizada
na parte superior da geometria, ponto caracterizado pela entrada do poço de elevadores, sendo
aberto e possibilitando tanto a entrada como saída de ar e gás.
A partir dos dados de configuração, foram realizadas duas simulações de cálculo
transientes. A primeira, com passo de tempo de 0.01 segundos e tempo total de 60 segundos
(Figura 28 - a) e a segunda, com passo de tempo de 2 segundos e tempo total de 5 minutos
(Figura 28 – b).
Figura 28 – Configurações de análise

Fonte : Cópia tela Ansys Academical 19.2.

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
55

Na configuração foi definida uma convergência residual máxima superior de 1.0 E-4.
Todas as simulações convergiram atendendo a este valor de erro residual como mostrado nas
Figura 30 a) e b).

5.2.6 Solução

Definida a modelagem e configuradas todas as condições de contornos e parâmetros


de controle desejados, pode-se iniciar a solução do modelo matemático no CFX. Nesta etapa
ainda é possível configurar, de acordo com o computador utilizado, a forma de processamento
e número de CPU’s (Unidade Central de Processamento) disponíveis para a resolução (Figura
29), otimizando o tempo de resolução conforme a capacidade computacional disponível.
Figura 29 – Definição de execução

Fonte : Cópia tela Ansys Academical 19.2.

Para as duas simulações foram utilizadas um nível residual máximo de 1.0 E-4, sendo
que ambas chegaram a uma convergência com valor de erro residual abaixo de 1.0 E-4, como
mostrado na Figura 30 - a. e Figura 30 – b, o que garante boa precisão a análise.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
56

Figura 30 – Gráfico de convergência de simulação

Fonte : Autoria própria (2019).

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
57

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme mencionado no capÍtulo anterior, foram geradas duas simulações iniciais:


uma com menor tempo e recursos mais refinados e outra com maior tempo para verificação
do sistema de exaustão.
Serão apresentadas neste item as interações em função dos tempos de 60s e 5min,
buscando uma renovação de ar no ambiente que mantenha as porcentagens de CO2 no interior
do túnel abaixo dos 10%, conforme taxa de renovação normatizada pelo CBMRS.

6.1 MODELO COM SIMULAÇÃO DE 60S

O modelo foi iniciado com volume de CO2 de 40% do total do ambiente, condição
mostrada na página 21 deste trabalho, sendo crítica para a respiração humana. No piso do
poço foi considerada uma geração de 0,1 kg/s de CO2, simulando resíduos em putrefação
acumulados ao fundo. Estas condições iniciais mostradas na Figura 31.
Figura 31 – Gráfico de volume CO2 a 0s (condição inicial) - simulação de 60s

Fonte : Autoria própria (2019).

No primeiro segundo mostrado na Figura 32, o CO2 inicialmente depositado no fundo


do poço devido a maior densidade, é movimentado com o início da exaustão. Este instante
possui um volume de CO2 de 38% e entrada de ar de 2,19 kg/s, visualizado na Figura 33.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
58

Figura 32 – Gráfico de volume CO2 a 1s - simulação de 60s

Fonte : Autoria própria (2019).

Figura 33 – Linhas de corrente a 1s – simulação de 60s

Fonte : Autoria própria (2019).

A partir dos 15s é possível visualizar formação de vórtices no escoamento do fluido,


estes vórtices estão localizados no poço e próximos ao piso do túnel como mostrado na Figura
34.
Neste instante o ar entra na parte superior do poço com uma vazão de 2,77 kg/s e
velocidade de escoamento no túnel de 3,09 m/s.
Os vórtices auxiliam a diluir o CO2 com o ar que entra no poço. Porém, após o sétimo
segundo de funcionamento da exaustão, há uma diminuição na remoção de CO2.

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
59

Figura 34 – Linhas de corrente a 15s – simulação 60s

Fonte : Autoria própria (2019).

O fenômeno pode ser verificado no gráfico de volume de CO2 (Figura 35) aos 15s,
onde o CO2, com maior densidade vai se acumulando na proporção de 38% novamente no
fundo do túnel, não sendo mais removido pela exaustão.
Figura 35 – Gráfico de volume CO2 a 15s - simulação de 60s

Fonte : Autoria própria (2019).

Com 30s de simulação o CO2 está totalmente depositado no fundo do poço e túnel,
como mostrado na Figura 36, permanecendo o mesmo volume de 38%. Na Figura 37 é
possível ver a formação de vórtices, porém, é formado um fluxo laminar na parte superior do
túnel.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
60

Figura 36 – Gráfico de volume CO2 a 30s - simulação de 60s

Fonte : Autoria própria (2019).

Figura 37 – Linhas de corrente a 30s – simulação de 60s

Fonte : Autoria própria (2019).

Aos 45s o volume de CO2 se mantem em 38%, porém, com este volume se
acumulando ao fundo do poço, e, quase atingindo a altura do piso do túnel como pode ser
visto na Figura 38.
Neste instante o acesso por pessoa já no inicio do poço causaria asfixia em poucos
segundos e, com danos físicos que impediriam o retorno a parte externa do túnel.

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
61

Figura 38 – Gráfico de volume CO2 a 45s - simulação de 60s

Fonte : Autoria própria (2019).

A Figura 39 mostra maior formação de vórtices no instante de 45s em relação ao


instante de 30s, porém, o acumulo e escoamento do CO2 para o poço permanece ocorrendo.
Figura 39 – Linhas de corrente a 45s – simulação de 60s

Fonte : Autoria própria (2019).

Ao final dos 60s de análise, o CO2 está depositado ao fundo do túnel, não sendo mais
exaurido pelo sistema como visto na Figura 40. A geração de CO2 dada na entrada do sistema
proporciona retomada de aumento de CO2, atingindo 39% do volume total ao final da
simulação.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
62

Figura 40 – Gráfico de volume CO2 a 60s - simulação de 60s

Fonte : Autoria própria (2019).

A velocidade do escoamento de ar tem uma pequena redução aos 60s (Figura 41). A
vazão de ar permanece constante, mantendo 2,80 kg/s. Há formação de vórtices no poço e
próximo ao piso do túnel, porém não é o suficiente para exaustão do CO2.
Figura 41 – Linhas de corrente a 60s – simulação de 60s

Fonte : Autoria própria (2019).

O local mais crítico para acesso é o poço de elevador, local onde ocorre maior
acumulo de CO2. Neste, foi criado um ponto localizado a 2 m do piso do poço para análise do
volume de CO2 no local.
Como mostrado no gráfico da Figura 42, o CO2 é reduzido a 24% no décimo segundo
de funcionamento do sistema. Este volume ainda está acima dos 10%, quantia que já
proporciona danos à saúde.
__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
63

Após os 10s, o sistema de exaustão não é capaz de retirar ou diluir o CO2, voltando a
aumentar e se depositar no fundo do poço. Após 44s o ponto no poço é constituído de 100%
de CO2.
Figura 42 – Gráfico volume de CO2 x tempo (ponto a 2 m do fundo do poço de elevador) – simulação de 60s

Fonte : Autoria própria (2019).

6.2 MODELO DE SIMULAÇÃO DE 5MIN

Para então avaliar um tempo maior de exaustão foi criado modelo com iguais
características de geometria, malha e dados de entrada como mostrado na Figura 43, porém
como mencionado no item 5.2.5 deste trabalho alterado o passo de tempo para 1s e tempo
total de 5 min melhorando o tempo de resultado.
Figura 43 – Gráfico de volume CO2 a 0s (condição inicial) - simulação de 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
64

Igual à primeira análise, aos 4s já é possível ver na Figura 44 início de deposição de


CO2 no fundo do posso e ao longo do túnel. Na parte superior é possível ver que já há a
formação de um fluxo apenas de ar, fenômeno também visto nas linhas de corrente na Figura
45.
Até o instante mostrado, foi removido apenas 1% de CO2 do interior do ambiente
restando um volume de 39%. A velocidade de circulação do ar é de 3,55 m/s como apresenta
a Figura 45. Neste instante, a formação de vórtices é apenas no poço e próximo à exaustão.
Figura 44 – Gráfico de volume CO2 a 4s - simulação de 5min

Fonte : Autoria própria (2019)..

Figura 45 – Linhas de corrente a 4s – simulação 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
65

Com 60s de simulação, é possível verificar na Figura 46 mesma ocorrência que na


primeira simulação. O CO2 está depositado no fundo do poço e piso do túnel com volume de
38% no ambiente. Mesma situação da primeira simulação é verificada na Figura 47, onde o ar
que entra no ambiente circula na parte superior do túnel, formando pequenos vórtices no poço
e piso do túnel.
Figura 46 – Gráfico de volume CO2 a 60s - simulação de 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

Figura 47 – Linhas de corrente a 60s – simulação 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

Aos 120s de simulação, todo o CO2 está depositado no fundo do poço e a exaustão não
é suficiente para realizar a retirada. Devido à entrada de CO2 aplicada como condição inicial o
volume, volta a aumentar chegando a 39%, como mostrado na Figura 48.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
66

Figura 48 – Gráfico de volume CO2 a 120s - simulação de 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

A entrada de ar permanece constante em 2,80 kg/s após os 120s (Figura 49). O ar


circula na parte superior do túnel, gera pequenos vórtices no poço, porém não diluindo o CO2.
Figura 49 – Linhas de corrente a 120s – simulação 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

Com 180s de simulação o CO2 passa a ultrapassar os 40% de volume no ambiente,


nível fatal para pessoas. Como pode ser visto na Figura 50, grande parte deste volume está
depositado no poço.

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
67

Figura 50 – Gráfico de volume CO2 a 180s - simulação de 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

Devido à circulação de ar estar ocorrendo como mostrado na Figura 51, o acesso ao


túnel não causará asfixia imediata. Esta condição pode levar a ocorrência de acidente por não
ser perceptível a contaminação do poço.
Figura 51 – Linhas de corrente a 180s – simulação 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

Aos 240s de simulação o volume de CO2 já é de 41,5% (Figura 52), quase 1% a mais
que no instante de 180s.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
68

Figura 52 – Gráfico de volume CO2 a 240s – simulação de 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

A vazão de ar no túnel permanece constante assim como fluxo de ar se mantém na


parte superior do túnel (Figura 53).
Figura 53 – Linhas de corrente a 240s – simulação 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

Como já esperado, o resultado foi o mesmo da primeira simulação, não ocorrendo a


exaustão do CO2. Ao final da simulação todo o CO2 permaneceu acumulado no poço e piso do
túnel.
Ainda, devido á condição de geração de CO2 (entrada), o volume final foi maior que o
inicial, totalizando 42,2% do volume do ambiente (Figura 54).

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
69

Figura 54 – Gráfico de volume CO2 a 300s - simulação de 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

A corrente de ar permaneceu constante a partir dos 120s, com entrada de ar de 2,80


kg/s e circulação principalmente na metade superior do túnel (Figura 55).
Figura 55 – Linhas de corrente a 300s – simulação 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

Assim como na primeira simulação, foi gerado gráfico para análise do volume de CO2
no ponto inserido a 2 m do piso do poço.
No gráfico mostrado na Figura 56, pode ser visto que há uma redução inicial no
volume de CO2, porém, esta redução não atinge volume inferior a 10%, condição ideal. A
partir de 10s o volume de CO2 volta a aumentar no ponto.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
70

A partir de 50s o volume de CO2 no local é de 100%. Com este volume, a respiração é
impossível e, caso ocorra o acesso por pessoa sem equipamento auxiliar de respiração,
ocorrerá o óbito por asfixia imediatamente.
Até o período simulado, a circulação de ar ocorre de forma constante na parte superior
do túnel com deposição de CO2 próximo ao piso apenas. Nesta condição, se houver acesso por
pessoa nesta parte poderá haver mal estar, porém não ocorrerá o óbito como no acesso ao piso
do poço.
Figura 56 – Gráfico volume de CO2 x tempo (ponto a 2 m do fundo do poço de elevador) – simulação de 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

6.3 ALTERAÇÃO DO SISTEMA DE EXAUSTÃO

Como pode ser avaliado, nas duas primeiras simulações, o sistema de exaustão
dimensionado para atender a taxa de renovação de ar de 30 trocas completas por hora no
ambiente não é efetivo.
O sistema não é capaz de fazer a retirada ou diluição do volume de CO2 dado como
condição de entrada no sistema. Este volume de CO2 já crítico para a respiração, deixando a
pessoa sem tempo de notar o volume e deixar o recinto, levando ao óbito em poucos
segundos.
__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
71

Dentro do que é recomendado na literatura por (Macintyre, 1990), pode ser alterado o
sistema de insuflação natural e exaustão mecânica para insuflação mecânica e exaustão
natural, porém, analisada a forma como o CO2 e o ar se comportaram no escoamento do
fluido, pode novamente ser ineficiente com o ar circulando apenas na parte superior do túnel,
não atingindo a parte mais profunda do poço, item mais crítico na geometria.
Assim, optou-se por simular um sistema de Insuflação e Exaustão mecânica, na
geometria, foi adicionado ponto de ventilação adicional (Figura 57), este seguindo as mesmas
dimensões já empregadas no outro ponto, porém mais próxima ao fundo do poço.
Figura 57 – Detalhe de adição de ponto adicional para exaustor

Fonte: Autoria própria (2019).

Já nas configurações de entrada, houve a alteração do ponto de saída para entrada


(Figura 58), este também configurado como fluxo de massa mantendo a mesma vazão de 2,86
kg/s para simular a insuflação mecânica.
Na geometria inserida, no final do poço foi adicionada saída para realizar a exaustão; o
valor de massa foi obtido conforme recomendação de (Macintyre, 1990), onde é determinado
que Qent=1,15 Qsaída. Assim, obteve-se o valor de exaustão de 2,43 kg/s.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
72

Figura 58 – Isométrico condições iniciais insuflação e exaustão mecânica

Fonte : Autoria própria (2019).

Figura 59 – Vista lateral condição inicial insuflação e exaustão mecânica

Fonte : Autoria própria (2019).

Para o fundo do poço, parte inferior da geometria, foi mantida a entrada de 0,1 kg/s de
CO2, como também na entrada do poço, parte superior da geometria, foi mantida a opção de
abertura, permitindo tanto a entrada como saída de fluido. A Figura 59 permite a visualização
dos dados de entrada e a Figura 60 o gráfico de condições iniciais da simulação.

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
73

Figura 60 – Gráfico de volume CO2 a 0s (condição inicial) – 2ª simulação de 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

A Figura 61 mostra que com 4s de simulação já houve redução de 1,33% de CO2.


Figura 61 – Gráfico de volume CO2 a 4s – 2ª simulação de 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

Na Figura 62, podem ser vistas duas diferenças em relação à primeira e segunda
simulação. A primeira é a velocidade de circulação de ar que aumentou para 7,76 m/s. A
segunda que fica na parte aberta do poço, parte superior, ao invés de entrar ar como nas
primeiras simulações, esta saindo.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
74

Figura 62 – Linhas de corrente a 4s – 2ª simulação 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

Aos 60s, o volume de CO2 foi reduzido para 10% (Figura 63), o que já proporciona
condição de acesso em todos os pontos do ambiente.
Figura 63 – Gráfico de volume CO2 a 60s – 2ª simulação de 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

No instante de 60s a velocidade de escoamento do ar reduziu para 4,75 m/s. Há


formação de vórtices no fundo do poço e acesso do túnel (Figura 64).

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
75

Figura 64 – Linhas de corrente a 60s – 2ª simulação 5min

Fonte : Autoria própria (2019).


Com 120s o volume de CO2 no ambiente é de 0,04% (Figura 65), volume considerado
como composição do ar em sua condição natural.
Figura 65 – Gráfico de volume CO2 a 120s – 2ª simulação de 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

A partir dos 120s a velocidade de escoamento do ar e vazão de entrada estabilizam em


4,67 m/s e 0,54 kg/s (Figura 66).

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
76

Figura 66 – Linhas de corrente a 120s – 2ª simulação 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

Após 180s o volume de CO2 é reduzido a 0,03% no ambiente (Figura 67). O exaustor
localizado no ponto mais baixo do poço elimina o CO2 proveniente da matéria orgânica já na
sua liberação.
Figura 67 – Gráfico de volume CO2 a 180s – 2ª simulação de 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

A velocidade de escoamento do ar e vazão de saída tem pequena variação como


mostrado na Figura 68, em relação aos 120s.

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
77

Figura 68 – Linhas de corrente a 180s – 2ª simulação 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

Aos 240s o volume de CO2, velocidade e vazão de ar permanecem praticamente


constantes como mostrado na Figura 69 e Figura 70.
Figura 69 – Gráfico de volume CO2 a 240s – 2ª simulação de 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
78

Figura 70 – Linhas de corrente a 240s – 2ª simulação 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

Ao final da simulação, o sistema manteve o volume de CO2 de 0,03 mostrado na


Figura 71 e já alcançado após os 120s. A vazão de ar, mostrada na Figura 72 permaneceu em
0,53 kg/s, vazão esta, negativa obtendo no interior do túnel uma pressão positiva.
Figura 71 – Gráfico de volume CO2 a 300s – 2ª simulação de 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
79

Figura 72 – Linhas de corrente a 300s – 2ª simulação 5min

Fonte : Autoria própria (2019).

A análise do ponto posicionado a 2 m do fundo do poço foi repetida nesta simulação

sendo gerado gráfico de volume de CO2 no intervalo de 300s mostrado na Figura 73.
Figura 73 – Gráfico volume de CO2 x tempo (ponto a 2 m do fundo do poço de elevador) – 2ª simulação de
5min

Fonte : Autoria própria (2019).

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
80

Nos primeiros 10s ocorre uma redução do volume de CO2 no ponto, porém, volta a
aumentar até próximo de 40s devido à sucção estar posicionada próxima ao piso do poço e o
ventilador da saída do túnel estar insuflando ar para o túnel.
Após os 40s a exaustão começa a reduzir o CO2 depositado no poço rapidamente até
próximo a 55s. A partir deste instante o CO2 atinge níveis normais de concentração no
ambiente eliminando totalmente o risco em todos os pontos do ambiente.
Neste novo modelo com a utilização Insuflação e Exaustão mecânicas possibilitou
uma condição de acesso ao interior do túnel já a partir de 1min de funcionamento do sistema,
momento este com volume de CO2 em 10% (Figura 60), condição que ainda pode causar mal
estar à permanência humana, porém, logo eliminada, evitando o risco de danos permanentes
ou mesmo óbito.

__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
81

CONCLUSÃO

A evolução dos sistemas de computação tem auxiliado muito no desenvolvimento de


novos projetos, com o principal ganho de tornar muito mais precisas as condições e os
resultados primários, inicialmente é aumentado o tempo de projeto, porém este, possui custo
mínimo quando comparado à possibilidade de evitar retrabalhos futuros em projetos já
executados.
O caso analisado é grande exemplo, foi seguido o que é solicitado pela RT 22 do
CBM-RS, assim como também recomendações que contam na literatura; foi atendida a
solicitação de 30 renovações a cada hora, o que no ajuste do modelo de exaustor teve esta taxa
aumentada para 37 renovações.
Porém, mesmo atendendo à normativa, os dois primeiros modelos não obtiveram o
resultado buscado, ficando todo o CO2 de densidade superior na parte inferior do ambiente,
condição esta já prevista se a renovação de ar fosse apenas natural, porém, que deveria ser
eliminada com a utilização de exaustão mecânica e insuflação natural posicionada na
extremidade contrária.
Assim, haveriam vários recursos para serem simulados para realizar a exaustão com
apenas um exaustor, porém, alterações na forma construtiva de um túnel em conjunto com
poço acabam acarretando em custos mais altos, principalmente porque sistemas de ventilação
são grande parte das vezes solicitados já com a edificação pronta ou em faze final.
Desta forma, optou-se por uma simulação utilizando Insuflação e Exaustão forçada,
modelo este que teve resultado bastante satisfatório atendendo ao que é recomendado nas
normas para espaços confinados e as condições do ambiente de que devem ser atendidas para
a circulação humana.
Enfim, é conclusivo que as recomendações de valores de renovação a serem atendidas
não são suficientes para dimensionamento de um sistema de renovação de ar para eliminação
de gás, devendo ser a forma construtiva do ambiente confinado avaliada e também a
eficiência do sistema de ventilação em fase de projeto.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola
82

REFERÊNCIAS

ANSYS. Ansys Help: Workebench User’s Guide. Disponível em:


<https://ansyshelp.ansys.com/account/secured?returnurl=/Views/Secured/corp/v192/wb2_hel
p/wb2h_getstarted.html>. Acesso em: 10 Fev. 2019.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: Informação e
documentação – Trabalhos acadêmicos - Apresentação. Rio de Janeiro, 2011. 11 p.
______. NBR 14787: Espaço confinado – Prevenção de acidentes, procedimentos e medidas
de proteção. Rio de Janeiro, 2001. 10 p.
BAIRROS. Talita Delgrossi. Biogás. Brasilia: Agência Embrapa de Informação Tecnológica.
Disponível em:
<https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/agroenergia/arvore/CONT000fbl23
vn102wx5eo0sawqe3qf9d0sy.html>. Acesso em: 20 Mar. 2019.
BAVARESCO. Adriano Luiz. Estudo de um Túnel de Vento Através de Fluidodinâmica
Computacional. 2010. 55 f. Trabalho de conclusão de curso (Bacharel em Engenharia
Mecância) – Departamento de Tecnologia. Universidade Regional do Noroeste do Estado do
Rio Grande do Sul, Panambi, 2010.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa
29/2011: Lei do Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras. Brasília:
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2011. Disponível em:
<http://www.agricultura.gov.br/assuntos/politica-agricola/infraestrutura-e-
logistica/documentos-infraestrutura/29.pdf>. Acesso em: 20 Mar. 2019.
______. Ministério da Fazenda. AEPS 2017: Anuário Estatístico da Previdência Social.
Brasília: Ministério Fazenda, 2017. Disponível em:
<http://sa.previdencia.gov.br/site/2019/04/AEPS-2017-abril.pdf>. Acesso em: 20 Mar. 2019.
______. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora NR 31: Segurança e Saúde no
Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura. Brasília:
Ministério do Trabalho, 2018. Disponível em:
<https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-31.pdf>. Acesso em:
04 Mar. 2019.
______.NR 33: Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados. Brasília:
Ministério do Trabalho, 2012. Disponível em:
<https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-33.pdf>. Acesso em:
10 Mar. 2019.
BUSCHINELLI. José Tarcísio, Mina Kato. Manual para interpretação de informações
sobre substâncias químicas. São Paulo: Fundacentro. 2011. 62 p.
CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DO PARANÁ. Norma de Procedimento Técnico
N.º 27: NPT 027 - Unidades de armazenagem e/ou beneficiamento de produtos agrícolas e
insumos. Paraná, 2018. 12 p. Disponível em:
<http://www.bombeiros.pr.gov.br/Pagina/Legislacao-de-Seguranca-Contra-Incendio>. Acesso
em: 04 Mar. 2019.
__________________________________________________________________________________________
Max Paulo de Pellegrin Zambra (maxzambra@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2019
83

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.


Resolução Técnica CBMRS N.º 22: Silos e Armazéns. Rio Grande do Sul, 2017. 29 p.
Disponível em: <https://www.bombeiros.rs.gov.br/resolucoes-tecnicas>. Acesso em: 04 Mar.
2019.
MACINTYRE. Archibald Joseph. Ventilação Industrial e Controle da Poluição. 2ª ed. Rio
de Janeiro: Editora LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. 1990. 403 p.
POSSEBON. José. Acidentes e Riscos Químicos em Espaços Confinados: Curso de
Segurança Química. Araraquara. 2011
SILVA. Luís César da. Gases Tóxicos em Inidades Armazenadoras: Boletim Técnico: AG:
03/05. Departamento de Engenharia Rural - Universidade Federal do Espirito Santo. 2005. 05
p.
SOBRAL. Emily. Poeira Agrícola em silos pode ser mortal. Blog Emily Sobral, 2018.
Disponível em: <https://segurancaocupacionales.com.br/poeira-agricola-em-silos-pode-ser-
mortal/>. Acesso em: 04 Mar. 2019.
VENTISILVA. Exaustores Industriais: Saiba mais sobre exaustores industriais. 2012.
Disponível em: <http://www.exaustoresventisilva.com.br/?p=440.>. Acesso em: 10 Fev.
2019.

___________________________________________________________________________
Simulação Computacional de Ventilação Exaustora em Túnel Agrícola

Você também pode gostar