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Disciplina: Geologia Metalúrgica

Curso: Engenharia de Processamento Mineral

TEMA:
CONCEITOS BÁSICOS

Docente: Geól. MSc. Gilberto Rogaciano Goba Sabonete, Eng.

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2. CONCEITOS BÁSICOS
2.1 MINERAL
• Mineral é um termo que compreende elementos ou compostos
químicos, sólidos e homogéneos, com uma composição química
bem definida ou que varie dentro de certos limites, e um arranjo
atômico interno ordenado, formado naturalmente como resultado
de processos geológicos inorgânicos, na Terra ou em corpos
extraterrestres.

• Os minerais podem ser constituídos por um único elemento


químico, tais como o ouro (Au), o cobre (Cu), o enxofre (S).

• Entretanto devido à tendência que os elementos químicos mais


abundantes do Universo têm de se combinarem entre si, a maioria
dos minerais são compostos formados por dois ou mais
elementos, alguns com composições químicas mais simples,
como pirite (FeS2) e quartzo (SiO2) e outros com mais complexas,
tais como Vesuvianite [Ca10(Mg,Fe)2Al4Si9O34(OH)4] e
Vinogradovite: (Na,Ca,K)4Ti4AlSi6O23(OH).2H2O. 2
2.1 MINERAL (Cont.) - Exemplo de minerais:

Uraninite (UO2) Barite (BaSO4) Pirite (FeS2)


Fig.1 – Exemplos de minerais.
• Para a uma melhor clareza do significado da palavra mineral
vamos fazer uma análise sobre os seguintes termos:

a) O termo sólido excluiu, obviamente, líquidos e gases. Nos


sólidos, há uma posição fixa para os átomos. Assim, o gelo (H2O)
dos glaciares é um mineral, mas já não é a água líquida (H2O). Do
mesmo modo, o mercúrio que ocorre na forma de gotas líquidas
em jazigos de mercúrio, deve ser excluído da noção de mineral,
pela definição. Contudo, na classificação de substâncias naturais,
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são consideradas como mineralóides.
b) O termo homogéneo, significa que um mineral mantém a mesma
composição por todo seu volume independentemente do local
amostrado.

c) O termo ocorrência natural, indica que um mineral deve ter sido


formado por processos naturais. Essa especificação serve para
diferenciá-los daqueles minerais feitos em laboratório (Sintéticos).
Os laboratórios industriais e de pesquisa produzem equivalentes
de substâncias de ocorrência natural, incluindo gemas como a
esmeralda, o rubi e o diamante.

• Se os minerais sintetizados em laboratório em grandes


quantidades para fins comerciais, também têm similares de
ocorrência natural, eles são referidos pelos seus nomes
mineralógicos e qualificados pelo termo sintético. Por ex:
esmeralda sintética. Muitos dos estudos sobre minerais fazem-se
em minerais sintéticos. Ex: a substância química CaSO4 ocorre na
natureza sob a forma do mineral anidrite, mas se a mesma for
preparada em laboratório e não em quantidade industriais, 4
é
denominada apenas por sulfato de cálcio.
d) O termo composição química bem definida ou que varie dentro
de certos limites, isto significa que embora haja minerais, como
por ex: o quartzo (SiO2), pelo facto de não conter outros elementos
que não seja o silicio e o oxigênio na sua fórmula química, então
diz-se que possui uma composição química bem definida.

• A maior parte dos minerais, contudo, não possui essa


composição química bem definida, e a quantidade de elementos
químicos pode variar amplamente, mas dentro de certos limites,
por ex: o mineral dolomite CaMg(CO3)2 nem sempre contém
apenas Ca e Mg. Pode conter Fe e Mn em substituição parcial do
Mg, então diz-se que a composição da dolomite varia dentro de
certos limites. Assim, a fórmula da dolomite poderia escrever-se
como Ca (Mg, Fe, Mn)(CO3)2.

e) O termo arranjo atômico interno ordenado, indica uma estrutura


interna de átomos (ou iões) arranjados em um padrão geométrico
regular e repetitivo. Como esse critério é atribuído aos sólidos
cristalinos, os minerais são cristalinos. 5
e) O termo arranjo atômico interno ordenado (Cont.)

Fig.2 – Exemplo de estrutura cristalina do mineral halite (NaCl).

• Quando os sólidos são desprovidos de arranjo interno ordenado


dos átomos constituintes são designados por não cristalinos ou
amorfos tais como, por ex: obsidiana, opala, etc.
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e) O termo arranjo atômico interno ordenado (Cont.)

• Em alguns casos, a forma cristalina de um mineral pode ser


destruída por elementos radioativos nele contidos. O zircão
(ZrSiO4), um sólido bem ordenado, pode tornar-se amorfo depois
que elementos radioativos (por ex: U ou Th) hospedados dentro
de sua estrutura desintegram-se. A liberação de energia
radioativos pode danificar a estrutura cristalina e levar à perda da
sua ordem atômica interna.

f) O termo processos inorgânicos, não permite incluir no domínio


da Mineralogia, minerais biogénicos (formados por organismos),
tais como a aragonite da concha dos moluscos, e outros que
podem ser precipitados por organismos, como a opala
(SiO2.nH2O). Substâncias de natureza orgânica não podem ser
incluídas como minerais. Exemplo: o petróleo, o carvão e o
asfalto, referidos como combustíveis minerais.

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2.1.1 ORIGEM DOS MINERAIS

• Actualmente existem cerca de 4.714 espécies de minerais


catalogadas pela Associação International de Mineralogia. Destes,
talvez 150 possam ser chamados "comuns“, outros 50 são
"ocasionais," e os restantes são "raros" ou "extremamente raros“.

• A origem dos minerais está condicionada aos factores químicos


e às condições físicas (temperatura e pressão) reinantes no seu
ambiente de formação. Assim sendo, minerais originados no
interior da Terra são geralmente diferentes daqueles formados na
sua superfície.

• As informações sobre minerais presentes em corpos


extraterrestes são inferidas a partir de amostras desses corpos; e
no caso da Lua, colectadas directamente de sua superfície e no
caso de Marte e alguns asteróides maiores,a partir de amostras de
meteoritos caidos na Terra.
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2.1.2 FORMAÇÃO DE MINERAIS
• Um mineral pode se formar de diferentes maneiras, por exemplo
como produto de: cristalização, a partir de líquidos magmáticos
ou soluções termais, pela recristalização em estado sólido e
ainda, como produto de reacções químicas entre sólidos e
líquido.

Fig.3 - Câmara magmática (em vermelho) e os diferentes tipos de rochas ígneas formadas em função da
profundidade de cristalização. 9
2.1.3 ORIGEM DOS NOMES DE MINERAIS
• Tipicamente dá-se o nome de um mineral de acordo com: o
nome da pessoa que primeiro o descobriu e descreveu as suas
propriedades; a região ou localidade onde foi descoberto; a sua
composição química; e as suas propriedades.

a) De acordo com o nome da pessoa que primeiro o descobriu:


• Sillimanite, Al2SiO5, em alusão ao professor Benjamin Silliman
[1779-1864], da Universidade de Yale (EUA).
• Vinogradovite: (Na,Ca,K)4Ti4AlSi6O23(OH).2H2O em homenagem
ao Russo Aleksander Pavlovich Vinogradov [1895-1975].
• Goethite: α-Fe3+O(OH) - em homenagem ao Alemão Johann W.
Von Goethe [1749-1832];
b) De acordo com a região ou localidade onde foi descoberto:
• Vesuvianite: Ca10(Mg,Fe)2Al4Si9O34(OH)4 provém do Monte
Vesúvio na Itália.
• Topázio: Al2SiO4(F,OH)2 provém da Ilha de Topasos no Mar
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Vermelho.
b) De acordo com a região ou localidade onde foi descoberto Cont)
• Franklinite: ZnFe2O4 de acordo com a localidade de Franklin em
Nova Jersey (EUA).
• Aragonite: CaCO3 provém de Molina de Aragon na Espanha.

c) De acordo com a sua composição química


• Fluorite: (CaF2)
• Barite (BaSO4)
• Molibdnite (MoS2)
• Calcite (CaCO3)
• Cromite: FeCr2O4 devido à presença de crómio.
d) De acordo com as suas propriedades
• Azurite: Cu3(CO3)2(OH)2 – Em alusão à cor (azul).
• Magnetite: Fe3O4 – Em alusão as suas propriedades magnéticas.
• Estaurolite: (Fe,Mg)2Al9O6[SiO4]4(O,OH)2 do grego stauros
("cruz"), pois apresenta cristais tipicamente cruzados (maclas).
• Albite: NaAlSi3O8 do latim albus ("branco"), em alusão a sua cor
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branca.
2.2 MINERALÓIDES
• Substâncias sólidas, naturais, formadas por processos
inorgânicos, que não possuem arranjo atômico interno ordenado,
isto é, partículas sem distribuição regular no espaço. Possuem
todas as características dos minerais, porém não têm estrutura
interna ordenada (amorfo).

• Exemplos: temos a opala (SiO2·nH2O) sílica amorfa, vidro


vulcânico (obsidiana), minerais de U e Th, o zircão (ZrSiO4), onde a
cristalinidade original é destruída pela radiação de elementos
radioactivos presentes na estrutura original.

Vidro Vulcânico (Obsidiana) Sílica amorfa (Opala)


Fig.4 – Exemplo de Mineralóides. 12
2.3 ROCHA
• Rocha é um agregado sólido que ocorre naturalmente e é
constituído por um ou mais espécies minerais, resultante de
processos geológicos.

• As rochas formadas por apenas um tipo de mineral, denominam-


se monominerálicas (fig.5a), como o mármore, composto
unicamente por calcite. Já as formadas por espécies diferentes de
minerais, são denominadas por pluriminerálicas (fig.5b), como o
granito, constituído por vários minerais tais como o quartzo,
feldspatos, micas, entre outros.

Mármore (a) Granito (b) 13


Fig.5 – Exemplo de Rochas.
2.3 ROCHA Cont.)
• As rochas constituem parte essencial da crusta terrestre, por
isso, ocorrem em extensões consideráveis podendo, na maioria
das vezes, serem representadas em mapas geológicos e são
nitidamente individualizadas, porque nelas os minerais se
agregam obedecendo as leis físicas, químicas ou físico químicas,
dependendo das condições de formação. As rochas podem ser
identificadas pelo tipo de mineral que as integra:

• Minerais Essenciais (Principais): são aqueles minerais que


definem, classificam e caracterizam uma rocha. Exemplo o granito
que é constituído pelo quartzo, micas e feldspatos.

• Minerais Acessórios: são os minerais que definem


características tecnológicas e económicas de uma rocha. Revelam
condições especiais de cristalização e são grupos de minerais que
participam nas rochas como elementos menores ou traços.

• Minerais secundários: aparecem na rocha depois de 14sua


formação, ou seja, são formados da alteração de outros minerais.
2.4 MINÉRIO
• É um mineral ou agregado de minerais em uma rocha contendo
um ou mais minerais valiosos, que podem ser aproveitados
economicamente. O mineral ou conjunto de minerais não
aproveitados de um minério é denominado ganga.

Fig.6 – Diamante em kimberlito


2.5 CRISTAL
• É um sólido homogéneo na qual as partículas constituintes
estão agregadas regularmente, criando uma estrutura cristalina
que, sob condições favoráveis de formação, pode manifestar-se
externamente por superfícies limitantes planas e lisas (faces). As
faces do cristal representam expressão do arranjo interno regular
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dos iões ou átomos constituintes.
2.5 CRISTAL (Cont.)

Turmalina Quartzo Pirite Fluorite


Fig.7 – Exemplo de alguns Cristais.
• Sempre que a cristalização se der em condições geológicas
ideais, a estrutura atómica de um mineral se apresenta com uma
forma geométrica externa, com o aparecimento de faces, arestas e
vértices naturais. Nessa situação a amostra do mineral será
chamada também de cristal.

• O desenvolvimento pode ser tão bom e as faces serem perfeitas


(cristais euédricos) (fig. 8a). Na natureza os cristais com faces
perfeitas são raros. Ou esse desenvolvimento pode não ser tão
bom e as faces serem imperfeitas (cristais subédricos) (fig. 8b), ou
ainda aparecerem faces sem uma geometria nítida (cristais
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anédricos) (fig. 8c).
2.5 CRISTAL (Cont.)

a) Quartzo b) Corindo c) Ouro


Fig.8 - Substâncias cristalinas (a) euédrica, (b) subédrica e (c) anédrica.
• As substâncias cristalinas podem ocorrer em agregados de
grãos tão finos que a sua natureza cristalina só pode ser
observada ao microscópio [substâncias microcristalinas (Fig. 9a).
Ou pode acontecer que os agregados sejam tão finos onde os
grãos só podem ser identificados por raios-X, utiliza-se a
designação de substâncias criptocristalinas (Fig. 9b).

a) Actinolite b) Ágata 17
Fig.9 – Exemplo de substância microcristalinas (a) e criptocristalinas (b).
2.5.1 FACTORES QUE CONDICIONAM A CRISTALIZAÇÃO
• Os factores externos que condicionam a cristalização são:
1. Temperatura e Pressão.
2. Tempo geológico.
3. Ambiente de formação: (lento arrefecimento e meio calmo) e
espaço disponível, leva à formação de cristais grandes e perfeitos.

• Os factores internos que condicionam a cristalização são:


1. Organização espacial da suas partículas.
2. As proporções em que partículas se encontram na rede.
3. As forças de ligação que mantêm uma partícula em torno das
posições de equilíbrio.

2.5.2 FORÇAS DE LIGAÇÃO NOS CRISTAIS


• Os átomos que constituem os minerais se mantêm unidos na
estrutura cristalina por meio de ligações químicas, que são forças
de atração que mantém as partículas unidas em torno das suas
posições de equilíbrio dentro da mesma. Os tipos de ligação são:
Ligação iônica; Ligação covalente; Ligação metálica e Ligação18 de
Van Der Waals.
2.5.2 FORÇAS DE LIGAÇÃO NOS CRISTAIS (Cont.)
2.5.2.1 Ligação Iónica
• Uma ligação iónica pode ser definida como a atracção entre iões
de cargas opostas. Estas ligações são o resultado da troca de
electrões entre um átomo de um metal (formando um catião) e um
átomo de um não-metal (formando um anião).

• Os cristais com ligações iónicas têm dureza e peso específico


moderados, pontos de fusão relativamente elevados e são maus
condutores de electricidade e de calor.

• São maus condutores eléctricos devido à estabilidade dos 19iões


que não ganham nem perdem electrões com facilidade.
2.5.2.2 Ligação Covalente
• As ligações covalentes são ligações químicas que resultam da
partilha de electrões entre átomos. Resulta da ligação,
compartilhamento, de electrões entre núcleos positivos.

• As ligações covalentes constituem o tipo de ligação química


mais forte. Os minerais com ligações covalentes são
caracterizados por pontos de fusão elevados, grande estabilidade,
insolubilidade e não são condutores de electricidade, tanto no
estado sólido em solução.

2.5.2.3 Ligação Metálica


• Os electrões não estão ligados a qualquer núcleo atómico,
podendo transitar livremente. A ligação metálica é caracterizada
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pela mobilização de eletrões na massa de iões positivos.
Exemplo os metais nativos: Au, Ag, Pt e Cu.

• Os minerais com ligação metálica são de dureza, pontos de


fusão e ebulição relativamente baixos; Condutibilidades elétrica e
térmica elevadas; Apresentam propriedades como plasticidade,
tenacidade, ductibilidade. Conduz eletricidade isto significa que os
electrões podem mover-se livremente, com grande rapidez, através
da estrutura.

• Como a ligação metálica é não-direcional não há restrições


quanto ao número e posições dos vizinhos mais próximos. Então,
a estrutura cristalina dos metais têm geralmente um número
grande de vizinhos e alto empacotamento atômico. 21
2.5.2.3 Ligação Van Der Waals
• Ligação fraca que une moléculas e unidades planares de um
cristal devido a presença de pequenas cargas residuais. Exemplo:
grafite.

• Os minerais com ligação van der waals são de dureza baixa;


Desenvolvem planos de clivagem; Baixíssima resistência 22
mecânica entre os planos de ligação.

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