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1.A CARACTERÍSTICA PECULIAR DA SALVAÇÃO DA IGREJA
MESSIÂNICA(9)

A missão da nossa Igreja é salvar as pessoas que estão sofrendo


no Inferno, conduzindo-as ao Paraíso e, por meio disso, fazer surgir
uma sociedade paradisíaca. Para salvar o próximo, o ser humano
precisa primeiramente elevar-se ao Paraíso e tornar-se seu habitante.
Assim, ele poderá conduzir o próximo ao Paraíso e salvá-lo. Ou seja,
colocar uma escada do Paraíso até o Inferno, estender as mãos para
ajudá-lo a subir, degrau por degrau. É nesse ponto que nossa religião
difere de todas as religiões até hoje, sendo, inclusive, o seu oposto.
Como todos sabem, desde a antiguidade, os religiosos vêm-se
contentando com o mínimo necessário à sua subsistência e
entregando-se a práticas ascéticas. Uma vez que se colocam numa
posição infernal para salvar o próximo, usam a escada em sentido
contrário, isto é, empurram os necessitados de baixo para cima, ao
invés de puxá-los do alto; é fácil calcular o duplo esforço exigido.
Entretanto, não havia alternativa, visto que o Paraíso ainda não estava
pronto. Isto ocorria devido à prematuridade do tempo, ou seja, o
Mundo Espiritual ainda se encontrava na Era da Noite.
Contudo, a partir de 1931, o Mundo Espiritual vem-se
transformando, gradualmente, em dia, tornando a construção do
Paraíso mais fácil. Todavia, não é o ser humano que o constrói: é Deus.
Por conseguinte, a obra progride à mercê do tempo, bastando ao ser
humano agir de acordo com a Vontade Divina. Em outras palavras, Deus
traça o plano, coordena e utiliza livremente um grande número de
pessoas. A ideia exata que se pode ter da minha função, é a de mestre-
de-obras. Nossos fiéis sabem perfeitamente que estou construindo o
modelo do Paraíso, como uma das atribuições dessa função.
Dessa forma, em momentos e locais inesperados, aparecem-me
pessoas querendo vender suas terras. Assim que percebo a Vontade
Divina de adquirir determinado terreno, surge a quantia necessária,
sem que eu empregue o mínimo esforço. Logo a seguir, exatamente do
modo como imaginei, consigo os melhores projetistas, engenheiros e
construtores, bem como o material de que necessito, na quantidade
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Oportunamente, alguém traz uma árvore, e já existe um lugar
apropriado para ela. Às vezes, ao receber dezenas de árvores, de uma
só vez, fico sem saber como agir. Interpretando que isso foi feito por
Deus, planto-as e constato que elas se encaixam maravilhosamente no
jardim, sem sobrar nem faltar. Sempre que isso ocorre, não posso
deixar de sentir, claramente, que tudo é realizado por Deus. Se desejo
colocar uma pedra ou uma planta em determinado lugar, elas me são
entregues dentro de um ou dois dias, no máximo. O que vêm a ser
todas essas ocorrências senão milagres? Caso eu começasse a
enumerá-las, não acabaria mais. E o que expus agora, não passa de
uma pequena parte. Com o tempo, pretendo escrever mais a respeito.
Este artigo tem como objetivo ajudar os leitores a compreender que
não é o ser humano que realiza, que ele é levado a fazer tudo de acordo
com o Plano de Deus. Pelos fatos relatados, fica bem claro que a
Vontade de Deus é construir um modelo como passo inicial da
construção do Paraíso Terrestre. Contudo, isso não é o bastante. É
preciso que cada indivíduo se torne um habitante do Paraíso, e agora é
chegado o momento em que isso é possível. Naturalmente, o lar
também se tornará Paraíso, e todos virão a ter uma vida paradisíaca.
Somente assim poderemos puxar as pessoas do Inferno e trazê-las à
salvação.
Eis a razão por que aconselho os fiéis a criar, o máximo possível, um
ambiente ao seu redor sem sofrimentos, pois isto está de acordo com a
Vontade de Deus. Enquanto não se conseguir eliminar os três
infortúnios – doença, pobreza e conflito –, não se poderá salvar outras
pessoas verdadeiramente. É preciso saber que isso não era possível
durante a Era da Noite, mas hoje já o é. Terminou a época dos
sofrimentos à que Buda Sakyamuni se referiu. Se as pessoas
compreenderem esta verdade, sentir-se-ão tomadas por uma alegria
infinita, jamais vivenciada pela humanidade.

5 de outubro de 1949
Por Meishu-Sama – Alicerce do Paraíso, vol. 1

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Ensinamentos
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Estudo
2.O SABOR DA FÉ
Há um sabor em tudo o que existe no mundo. As múltiplas formas de
vida e também todos os objetos têm e comunicam um sabor peculiar.
Se esse sabor faltasse em nossas vidas, o mundo seria insípido, vazio, e
perderíamos o desejo de viver. Nosso apego à vida é, em grande parte,
devido ao prazer que sentimos através das nossas percepções
sensoriais. Há um glorioso sabor na verdadeira fé. No entanto, as
pessoas diferem em suas crenças. Por mais estranho que possa
parecer, existem religiões que geram o temor. Seus seguidores têm
medo de Deus e vivem presos aos mandamentos. Não existe felicidade
nem liberdade para pessoas que vivem sob uma nuvem de medo como
esta.
A verdadeira fé traz paz de espírito e faz a vida feliz. Quando atingimos
tal estado, vemos o Amor de Deus no Sol e na Lua, nas estrelas, na
beleza da natureza, no canto dos pássaros e na perfeição das flores.
Sabemos da Sua generosidade pela abundância com que atende a cada
uma de nossas necessidades. Sentimo-nos integrados com toda a vida,
não somente com as criaturas, mas com a natureza inteira, com a vida
das plantas e dos animais à nossa volta. É o êxtase religioso. Nesse
sereno e feliz estado de espírito, além de fazermos o melhor em
qualquer situação, sentimos perfeita fé em Deus. Ao enfrentar um difícil
problema, cuja solução parece um desafio, volto-me para Deus, com
plena confiança no Seu auxílio e orientação. Entrego os problemas à
Sua sabedoria e espero Sua resposta. Posso afirmar que os projetos,
inicialmente obscuros, apresentavam resultados muitíssimo melhores
do que o esperado. Tenho, também, grandes ideais e peço a Deus Seu
auxílio, para realizá-los. Ele me abençoa, concretizando-os além da
minha expectativa. É, de fato, uma maravilha.
De vez em quando, eu me deparo com algo cuja perspectiva é tão
desencorajadora, que me oprime. Então, eu digo a mim mesmo: “Isto
deve ser o prelúdio de algo muito bom, de uma bênção que se
aproxima.” E espero, serenamente, que Deus esclareça a dificuldade.
Mais tarde, ela se transforma realmente em maravilhosa bênção. O que
poderia parecer condição adversa vejo como purificação necessária,
que possibilita a bênção. Sinto profunda gratidão e me admiro por ter-
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me preocupado ainda que por um instante.
Porque sempre me entreguei a Deus, minha vida foi abençoada com
Seus milagres. É o que considero o glorioso sabor da fé.

Por Meishu-Sama, Os Novos Tempos

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3.DAIJO, SHOJO, IZUNOME DAIJO, SHOJO, IZUNOME

Daijo ilustra o aspecto horizontal da vida; shojo, o vertical. A atividade


de daijo é semelhante à da água, que se estende perpetuamente em
nível horizontal. Shojo é a atividade do fogo. Restrito, queima em
profundidade e dirige suas chamas para o alto; une o ser humano a
Deus. Daijo nos une uns aos outros.
O princípio de shojo é estrito e intransigente. A vida das pessoas com
temperamento shojo é regida por padrões frequentemente rígidos e
restritos. O indivíduo shojo também tende a ser mais crítico do que os
outros e a classificar as coisas como “boas” ou “más”.
O princípio de daijo é inclusivo. As pessoas de temperamento daijo são
geralmente liberais e estão sempre dispostas a mudar. Por outro lado,
podem tender a sê-lo em excesso, faltando-lhes orientação espiritual e
profundidade.
Izunome simboliza a cruz equilibrada, indicando a perfeita harmonia
entre os princípios horizontal e vertical.
Até agora, o Oriente se manteve no nível vertical e o Ocidente, no nível
horizontal. Durante a Era da Noite, a Providência Divina estabeleceu o
plano espiritual desta maneira. Esta é a razão pela qual algumas
culturas orientais valorizam a ideia de reverenciar os ancestrais, a
virtude da lealdade e a piedade filial. Por esse motivo, mantêm um
estrito sistema hierárquico.
No Ocidente, a afeição entre marido e mulher é a tônica, expandindo o
amor ao próximo e à humanidade.
O cristianismo é daijo e, assim, difundiu-se pelo mundo inteiro. Nele se
acentua a importância do amor fraterno, atividade em nível horizontal.
O budismo é shojo e se mantém principalmente em grupos específicos.
Ele enfatiza a importância da meditação, com o fim de alcançar a
sabedoria e a autorrealização. Essa atividade é vertical – profunda e
dirigida para o alto – e induz seus discípulos a viver retirados do mundo.
Com o Oriente representando o nível vertical e o Ocidente, o horizontal,
há pouco entendimento entre ambos, o que frequentemente tem dado
margem a conflitos.
É chegado, contudo, o momento de os princípios vertical e horizontal se
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unirem e formar a cruz equilibrada – izunome.. O resultado será uma
feliz união das civilizações oriental e ocidental. Só então a humanidade
poderá viver o Paraíso na Terra. Nossa Igreja nos conscientiza de que
esse Paraíso pode tornar-se uma realidade através da Luz de Deus.
Devemos ser flexíveis e agir de acordo com as exigências de uma dada
situação, ora aderindo ao princípio de shojo, ora aplicando o método
daijo, mas sempre voltando ao ponto central, izunome. Daijo, no
sentido mais amplo e verdadeiro, é abrangente, incluindo também
shojo. Falando de uma maneira geral, ao mesmo tempo que temos o
shojo como um princípio norteador, é bom agir de modo daijo.
Não obstante, daijo sozinho pode ser perigoso. Os jovens,
especialmente, podem tender a uma demasiada autoindulgência. Shojo
estabelece o princípio vertical, no qual tudo deve ser baseado, antes de
adotar o princípio daijo, de expansão horizontal. Assim, é possível
atingir o perfeito equilíbrio entre ambos, ou seja, a cruz equilibrada,
izunome.

Por Meishu-Sama, Os Novos Tempos

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4.SEJA UM BOM OUVINTE

“Não subestime as pessoas, quando lhe falam”, afirmou um antigo


filósofo chinês. Ele queria dizer que devemos ouvir com a mente aberta
e não subestimar as ideias de uma pessoa antes de sabermos o que ela
tem a dizer; que não devemos julgar pelas aparências. Às vezes,
podemos aprender algo valioso com um operário sem instrução ou com
um humilde camponês.
Frequentemente, ouvimos uma criancinha proferir uma verdade
maravilhosa ou exprimir uma ideia original. Bergson, em seu livro
“Intuição”, diz que as crianças são altamente intuitivas e que, muitas
vezes, vão diretamente ao âmago da questão. Nas discussões entre
mãe e filho, a verdade frequentemente está do lado da criança.
Constitui para mim um dever ouvir as pessoas que trabalham sob
minha direção e permitir, tanto quanto possível, que sigam os seus
impulsos.
Mesmo quando insistem em um projeto absurdo, procuro aceitá-lo até
certo ponto. Somente quando sinto que atitudes errôneas estão
prejudicando a situação é que me mostro inflexível. Há administradores
que receiam perder a dignidade ou prestígio ouvindo seus
subordinados. Isso é um erro. Mesmo quando alguém diz algo que
pensamos ser inverídico, não convém rejeitá-lo imediatamente e insistir
no nosso ponto de vista ou censurá-lo. Embora sabendo que a pessoa
está mentindo, aparente não se perturbar. Isso é permitido, desde que
sejamos sinceros e verdadeiros em nosso coração.
Às vezes, surge um vendedor de objetos de arte com uma imitação,
esperando induzir-me a comprá-la. Ouvindo-o, ocasionalmente
encontro algo de útil e relevante em meio a suas prolixas mentiras.

Por Meishu-Sama, Os Novos Tempos

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5.19 ENSINAMENTOS DA SALVAÇÃO

A religião que propicia graças nesta vida possui a verdadeira força de


salvação do mundo. Modéstia à parte, em nossa religião, as graças
recebidas nesta vida são maravilhosas.

Desde a antiguidade, surgiram extraordinárias religiões, como o


cristianismo, o islamismo, o budismo e tantas outras importantes
religiões, que mantêm sua influência até hoje. Como se sabe, a
maioria delas, desde o seu início, se ocupou exclusivamente da
salvação espiritual.
Nossa religião tem pouco tempo de existência e, comparada com as
demais, seu alcance ainda é limitado. Apesar disso, a rapidez de sua
expansão pode ser considerada inédita e está sendo alvo das
atenções, o que nos tem trazido muitos inconvenientes. Contudo,
trata-se de inevitáveis fenômenos próprios de um período de
transição. É apenas uma questão de tempo; naturalmente, virá o dia
em que seu verdadeiro valor será reconhecido pela sociedade de
forma imparcial.
Nós também temos ideais e doutrina e nos empenhamos como
todas as religiões. Gostaria, porém, de escrever que há uma
diferença fundamental entre nós e as religiões tradicionais. Se as
pessoas não a reconhecerem, não conseguirão compreender nossa
essência.
A grande diferença é que, na nossa religião, as pessoas recebem
muitas graças ainda nesta vida. Para os intelectuais, religiões que
enfatizam esse tipo de graça são de baixo nível e, por esse motivo,
eles se mantêm indiferentes a elas. Se pensarmos bem, veremos
que existe uma razão para tal atitude.

Atualmente, observando a situação das inúmeras religiões do Japão,


constatamos que existem dois tipos: as que possuem traços
populares e as que não os possuem. No primeiro caso, o objeto da

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fé são diversas divindades. Seus devotos, sem exceção, têm como
objetivo receber graças nesta vida e praticamente são pessoas sem
formação intelectual, que não entendem de aspectos teóricos ou
filosóficos.
Por outro lado, esses intelectuais valorizam as religiões que, não se
importando com graças nesta vida, teorizam habilmente suas
doutrinas para fins de estudo. Se tais religiões possuírem uma longa
história e, nesse período, tiverem surgido grandes líderes ou
sacerdotes virtuosos, eles as prestigiarão ainda mais, considerando-
as de alto nível. Em síntese, para os intelectuais, o nome e a tradição
da religião significam muito.
A propósito disso, desejo expor minha crítica sincera. Dos dois tipos
de fé mencionados, o primeiro pode ser vulgar, mas a verdade é que
ele influencia a massa popular mais do que podemos supor. Dado
que a massa tem um baixo nível intelectual, nem princípios nem
teorias lhe interessam. Essas pessoas visitam santuários de vez em
quando, fazem pedidos de graça e oferta monetária e se satisfazem
com isso. Trata-se de uma fé muito simples, mas que,
indiscutivelmente, influencia positivamente o sentimento. Mesmo
esse tipo de crença, como ele parte de uma visão espiritualista que
acredita no invisível, certamente contribui para o bem social mais do
que aquela que se baseia no materialismo. Afinal, uma pessoa que
possui o sentimento de orar a divindades, dificilmente cometerá
crimes brutais a sangue frio.
O segundo tipo de fé, diferentemente do primeiro, é seguido por
pessoas que, partindo do princípio que não se deve acreditar
naquilo que não se vê, rejeitam a crença no invisível, considerando-a
como superstição. Parece que, atualmente, a maioria dessas
pessoas pertence à classe intelectual. Naturalmente, uma vez que
são materialistas, elas até lidam com as religiões, mas como uma
forma de estudo. Consequentemente, quando discutem o assunto,
não o aceitarão se não o colocarem em termos teóricos e filosóficos.
A nosso ver, seus argumentos são extremamente superficiais, e as

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De acordo com o exposto, consideramos grosseiro e leviano criticar
nossa religião julgando apenas pela aparência e tachá-la de crença
popular só porque prioriza o recebimento de graças nesta vida.
Enquanto as críticas persistirem nesse foco, elas não terão nenhum
sentido. Se fizerem uma profunda análise da nossa religião,
compreenderão que ela não só é de caráter popular, mas também
teórica. Podemos dizer mesmo que é uma ultrarreligião jamais antes
experimentada pela humanidade. E não é só isso. O que defendemos
não se limita à religião. Estamos lançando as mais altas diretrizes
referentes ao campo da medicina, da agricultura, da arte, da educação,
da economia, da política; enfim, a todas as atividades desenvolvidas
pelo ser humano. Em suma: queremos demonstrar concretamente a
teoria de que fé e vida cotidiana são indissociáveis.

8 de novembro de 1950
Por Meishu-Sama – O Pão Nosso de Cada Dia, vol. 1

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6.73 AMOR AO PRÓXIMO

Nobre é o ser humano que, desejando o bem do próximo,


coloca-se em segundo plano.

Há algum tempo, quando ingressei na Igreja Oomoto, minha esposa me


disse: “Tenho a impressão de que, ao morrer, irei para o Inferno, mas
quero ir para o Paraíso.”
Respondi-lhe: “Não me importa cair no Inferno. Desde que, antes, eu
consiga levar todas as pessoas do mundo ao Paraíso. Se, mesmo assim,
eu for para o Inferno, não tem importância. Eu penso o contrário de
você, não é?”
Aí, ela respondeu: “Você diz isso porque é homem; com as mulheres, é
diferente...”
Há uma diferença radical entre não querer ir para o Inferno, mas para o
Paraíso, e querer que as pessoas subam ao Paraíso, ainda que se desça
ao Inferno. Na verdade, quem pensa em conduzir as pessoas ao
Paraíso, também irá para lá. Acredito que quem deseja ir para o Paraíso,
não irá para o Inferno, mas ficará no nível inferior do Mundo Superior
ou no Tyu’ukai(89).

27 de junho de 1953
Por Meishu-Sama – O Pão Nosso de Cada Dia, vol. 1

(89) Ver nota de rodapé no 65

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7.A RESPEITO DO ATEÍSMO

Quando se escreve sobre o ateísmo, parece ser regra geral desenvolver


a argumentação partindo do ponto de vista religioso. Contudo, eu
pretendo discorrer sobre esse tema sem tocar em religião, colocando-
me na posição de ateu.
Logo que um bebê nasce, surge do corpo da mãe o leite, uma
substância completa e necessária à sua formação. Por meio disso, a
criança cresce normalmente, e quando nascem os primeiros dentes, os
pais oferecem-lhe alimentação adequada à mastigação. Assim, ela vai
vencendo várias fases de seu desenvolvimento, até atingir a idade
adulta. Em relação aos alimentos, que representam um papel muito
importante nesse processo, cada um tem seu sabor, e o ser humano,
que possui o sentido do paladar, se alimenta deles com prazer,
absorvendo as calorias necessárias. Creio ser este o maior de todos
Escrevi, em linhas gerais, sobre o curso da vida humana, desde o nascimento até a vida adulta. Consideremos,
os
prazeres humanos. agora, a Grande Natureza.
Tudo o que existe no Universo é criado e desenvolvido pela força da Grande Natureza: os fenômenos naturais,
À medida que
visíveis ou não, o corpo
a atividade físico
dos astros, cresce,
a alternância a inteligência
das estações é climáticas,
do ano e as variações desenvolvida
bem como os por
animais, os vegetais e os minerais, que possuem relação direta com a vida do ser humano. Esta é a própria
meio da do
imagem educação escolar
mundo. Observando entre
a Natureza outros
de forma serena ee, assim,
objetiva, e semo serpreconcebidas,
ideias humanoqualquer se torna
capazpessoa
de –exercer as funções normais de um adulto. Surgem-lhe, então,
a menos que seja desprovida de sensibilidade –, fica sem palavras, embevecida com seu encanto.

diversos desejos, despertando nele a sede de conhecimento, orgulho,


competitividade e inventividade. Também vêm à tona os desejos físicos,
como os prazeres mundanos, o namoro e outros.
Dessa maneira, por meio da alternância dos sofrimentos e alegrias, e da
interação da razão e do sentimento, o ser humano reúne as condições
de um ser superior e torna-se apto para participar da vida social.
Escrevi, em linhas gerais, sobre o curso da vida humana, desde o
nascimento até a vida adulta. Consideremos, agora, a Grande Natureza.
Tudo o que existe no Universo é criado e desenvolvido pela força da
Grande Natureza: os fenômenos naturais, visíveis ou não, a atividade
dos astros, a alternância das estações do ano e as variações climáticas,
bem como os animais, os vegetais e os minerais, que possuem relação
direta com a vida do ser humano. Esta é a própria imagem do mundo.
Observando a Natureza de forma serena e objetiva, e sem ideias
preconcebidas, qualquer pessoa – a menos que seja desprovida de
sensibilidade –, fica sem palavras, embevecida com seu encanto.
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A Natureza é dotada de mistério profundo e insondável. Ninguém pode
deixar de pensar nas questões como: Quem criou este mundo tão
magnífico e com que propósito? Infinito é o Céu que contemplamos e
desconhecida é sua extensão. Como se apresenta o centro da Terra?
Qual a temperatura do Sol e da Lua? Qual o número certo de estrelas, o
peso exato do globo terrestre, o volume da água dos oceanos?
Questões dessa ordem são inumeráveis.
Quanto mais pensamos, mais ficamos abismados com o movimento
ordenado dos astros, a formação da noite e do dia, o fenômeno das
estações do ano, a divisão do ano em 365 dias, a evolução de todas as
coisas, o progresso ilimitado da civilização etc. Quando surgiu este
mundo? Até quando ele existirá? Ele é eterno ou não? Qual o limite da
população mundial? E o futuro da Terra? Tudo permanece envolto em
mistério.
Todas as coisas e seres estão em eterno movimento, sem a mínima
falha ou atraso, obedecendo a uma ordem estabelecida.
Ainda nos deparamos com questões como: Por que viemos a este
mundo e que papel devemos desempenhar? Até quando poderemos
viver? Voltaremos ao Nada, após a morte, ou existe o desconhecido
Mundo Espiritual, onde iremos habitar em paz? As reflexões sobre o
assunto nos deixam ainda mais confusos, permanecendo na
obscuridade. Dizem os budistas: “A realidade é um vazio, e o vazio é
uma realidade.” Não há outro qualificativo senão dizer que o mundo é
uma existência vasta, ilimitada e infinita.
Com a pretensão de desvendar este mundo misterioso, há milhares de
anos, o ser humano vem empregando todos os meios, principalmente
os estudos. Entretanto, só uma pequena parcela é conhecida,
permanecendo o restante em mistério. Isso demonstra a insignificância
da inteligência humana em relação à Grande Natureza. A expressão
“vazio e silêncio”, também citada pelos budistas, mostra isso.
A vaidade humana, em sua tola presunção, excede-se a ponto de querer
subjugar essa mesma Natureza. Sábio é aquele que, antes de mais
nada, procura conhecer a si mesmo, submete-se a ela e participa de
suas bênçãos.
A propósito, analisando este mundo cheio de mistérios, existe uma
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questão que mais nos chama a atenção: “Quem construiu este mundo
maravilhoso e o governa à sua vontade?” Procuremos imaginar quem é
esse ser. Um lar é governado pelo chefe da família; um país, pelo rei ou
presidente. Logicamente, neste mundo também deve haver um
protagonista. E quem poderia ser senão aquele que é chamado pelo
nome de Deus? Não encontro outra conclusão. Por conseguinte, negar a
Deus significa negar o próprio mundo e a própria existência dos ateus.
Tal lógica não permite dúvidas. Se alguém não a compreende, coloca-se
em um plano semelhante ao dos animais, que são destituídos de sonen
e inteligência. Tal pessoa poderia, então, ser considerada um animal
com forma humana. A maior prova disso é que o ateísmo gera
criminosos cujos pensamentos e atos, em sua maioria, são animalescos.
Minha missão é extirpar das pessoas essa característica, fazendo-as
evoluir ao nível de verdadeiros seres humanos. Em outras palavras,
tudo isso significa empreender a reforma do ser humano. E a condição
básica para tal é a derrota do ateísmo.
6 de janeiro de 1954
Por Meishu-Sama, Alicerce do Paraíso, vol. 1

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8.CONCRETIZAÇÃO DA PROFECIA DO REINO DOS CÉUS – O
PARAÍSO TERRESTRE
Para o momento atual, creio que os pontos mais importantes da Bíblia
são: “Juízo Final”, “Chegada do Reino dos Céus” e “Segunda Vinda de
Cristo”. Um estudo sobre tais fatos leva-nos a crer que o Juízo Final é
obra de Deus, que a Segunda Vinda de Cristo ocorrerá no seu devido
tempo, o que dispensa qualquer explicação, e que somente o Paraíso
Terrestre será construído pela força humana. Nesse caso, é
indispensável que, em certo momento, alguém se torne o arquiteto e
execute a construção. Segundo nossa interpretação, o tempo é o
presente; quanto ao construtor, a nossa religião. E a concretização da
profecia do Reino dos Céus já começou! Vejam! Estamos construindo
esse modelo conforme veiculado diversas vezes em nossas publicações.
É por meio da construção do Paraíso Terrestre efetuada pela nossa
religião que a profecia de Jesus Cristo se concretizará. Não desejo que
advenha orgulho desse fato, pois tanto a profecia bíblica quanto sua
concretização por nós são frutos do amor de Deus pela humanidade,
que utiliza, livremente, Seus escolhidos para a construção do mundo
ideal conforme a época. Visto que a obra que estamos desenvolvendo
foi profetizada por Jesus Cristo há dois mil anos, considero que cada um
de nós foi incumbido da missão de concretizar tal profecia.

20 de março de 1950
Por Meishu-Sama, Alicerce do Paraíso, vol. 1

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9.CONSIDERAÇÕES ESPIRITUAIS SOBRE OS INCÊNDIOS

Obviamente, todos sabem como ocorrem os incêndios. A maioria deles,


como temos visto frequentemente nos jornais, é causada por fósforo,
cigarro, braseiro, aquecedor elétrico etc. e geralmente tem como motivo
o descuido do ser humano. Evidentemente, isso não está errado.
Todavia, creio que, na posição de religioso, não seria demais esclarecer
a causa dos incêndios do ponto de vista espiritual.
A doença, como sempre explicamos, é a ação purificadora do corpo
humano. Quando as toxinas que nele se acumulam atingem certo
limite, passam a causar distúrbios à saúde e, por isso, surge uma ação
para eliminá-las. Esta é uma ação de limpeza sem a qual não é possível
manter a saúde. Trata-se, pois, de uma lei universal e uma grande
dádiva de Deus. Como a ciência ainda não conseguiu identificar essa lei,
interpreta tudo de forma completamente errada. Portanto, por mais
que ela alcance o progresso, é fato que permanece preocupada, sem
saber o que fazer, frente ao número de doentes que continua
aumentando.
Talvez achem estranho eu falar de doença para explicar as causas do
incêndio, mas, na verdade, a causa de ambos é a mesma, visto que o
incêndio também é uma ação purificadora.
A causa das tempestades também é o acúmulo de impurezas no Mundo
Espiritual, ou seja, nuvens espirituais. E estas são originadas pelo mau
sonen, más palavras e más atitudes do ser humano, e as tempestades
sobrevêm como ação de purificação e de limpeza dessas nuvens. Ou
seja, elas são dispersadas pelo vento, lavadas e carregadas pela água e
secadas pelos raios solares. Assim se processa a purificação.
Conforme pudemos ver, a doença é a ação de purificação e de limpeza
do corpo humano, da mesma forma que a tempestade é do ambiente
terrestre. O mesmo se dá com as edificações. Quando as impurezas
nelas acumuladas atingem certo grau, ocorre o incêndio, que é uma
ação purificadora. Essas impurezas se devem ao fato de ter sido
empregado dinheiro “sujo” nessas construções e ao acúmulo de más
ações por aqueles que as utilizam.
Em relação a isso, tempos atrás, ouvi um caso interessante, relatado por
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uma pessoa que tinha o dom da clarividência. Alguns anos antes do
Grande Terremoto que atingiu a Região Leste do Japão, andando pelas
ruas de Tóquio, ela teve uma visão espiritual e, em lugar de casas e
prédios magníficos, ela viu barracos enfileirados e achou estranho.
Somente quando ocorreu o terremoto, entendeu o significado da visão
que tivera. Sempre afirmamos que tudo ocorre primeiramente no
Mundo Espiritual, o que é verdade. Em outras palavras, pela Lei Espírito
Precede a Matéria, a purificação tem lugar antes no Mundo Espiritual e,
depois, se projeta no Mundo Material.
Por ocasião do recente incêndio da cidade de Atami, o edifício onde
funcionava a nossa sede provisória, apesar de ter sido cercado pelas
chamas, não foi tomado pelo fogo. É natural isso acontecer, pois nele
não havia impurezas como as que citamos anteriormente. Conforme
vemos por meio desse fato, se materialmente as edificações forem
construídas com materiais não inflamáveis, e espiritualmente o
acúmulo de impurezas for evitado, aí sim, nascerá uma cidade
permanentemente segura.
A esse respeito, alguém pode retrucar: “No caso das cidades ocidentais,
que são construídas com materiais não inflamáveis, mesmo que
tenham impurezas, elas não têm por quê se incendiar.” Contudo, não é
bem assim. O fato de cidades inteiras terem sido destruídas por
bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial mostra o princípio
acima exposto. É importante estar ciente que, realmente, a lei do
universo é absolutamente inviolável.

20 de maio de 1950
Por Meishu-Sama, Alicerce do Paraíso, vol. 2

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10.FÉ SHOJO
Atualmente, quando se critica a religião, ouve-se muito que os líderes
espirituais e sacerdotes deveriam ter uma alimentação frugal,
vestimentas e moradias modestas, andar a pé ou usar transporte
público como trem, ônibus etc., vivendo da forma mais simples possível.
É fato que, antigamente, para divulgarem os ensinamentos, os
precursores e fundadores saíam pregando pelas ruas sozinhos,
calçando sandálias de palha. Por vezes, dormiam ao relento, retiravam-
se nas montanhas, faziam jejuns, meditavam debaixo de cascatas,
experimentavam todos os tipos de sofrimentos e sacrifícios. Outras
vezes, eram atirados na prisão ou exilados em ilhas longínquas.
Observando isso hoje, é impossível não nos comover ao pensar nos
sofrimentos e nas dificuldades que eles viveram. Entretanto, só
conseguiram estender suas doutrinas a uma localidade ou a uma região
restrita. A maioria delas, após a morte desses precursores e
fundadores, se expandiu somente depois de várias gerações. Dessa
forma, comparando-se aos dias atuais, essas constantes adversidades
enfrentadas estão além de nossa imaginação.
Por outro lado, tais fatos permanecem gravados na mente das pessoas;
por isso, é natural que elas tenham uma visão equivocada sobre as
novas religiões. Logicamente, as religiões caracterizadas por tais
práticas são de fé shojo. Elas têm origem no bramanismo, que surgiu na
Índia, antes do nascimento de Buda Sakyamuni, e cujos ensinamentos
tinham por objetivo a Iluminação por meio de práticas ascéticas.
Segundo dizem, naquele país, ainda existe um pequeno número de
bramanistas que conseguem realizar milagres manifestando um
considerável poder espiritual. Creio que o jejum praticado pelo famoso
Mahatma Gandhi (1869–1948) talvez fosse uma decorrência de ele ter
professado o bramanismo quando jovem.
Há uma história interessante sobre o motivo que levou Buda Sakyamuni
a pregar os oitenta e quatro mil sutras. Ao analisar a situação da Índia
naquele tempo, ele percebeu que, devido ao fato de o bramanismo ser
predominante, considerava-se que a Iluminação só podia ser alcançada
por meio da ascese e que este era o verdadeiro caminho da fé. As
pinturas e as estátuas rakan, que encontramos hoje em diversos lugares
13
do Japão, retratam as práticas ascéticas dos bramanistas. Por meio
dessas obras, podemos imaginar como elas eram. Não suportando ver
semelhante situação, Buda Sakyamuni, com sua grande misericórdia,
revelou uma forma para as pessoas obterem a Iluminação sem precisar
recorrer a tais práticas: os sutras budistas. Segundo ele, a simples
recitação dos sutras seria o bastante. Obviamente, o povo se alegrou
com isso e passou a admirá-lo e a reverenciá-lo como o mais respeitável
de todos os homens santos. Foi assim que o budismo dominou a Índia.
Podemos dizer que essa foi a realização mais relevante de Buda
Sakyamuni entre suas atividades de salvação.
Religiões shojo são anacrônicas
Diante do exposto, compreende-se o quanto a fé shojo, que se baseia
em práticas ascéticas, contraria a vontade e a grande misericórdia de
Buda Sakyamuni. Esse tipo de fé tende ao bramanismo, que foi objeto
da salvação realizada por ele. Creio que, do paraíso búdico, ele está
lamentando essa situação. Assim, é importante saber o quanto a fé
shojo é equivocada e anacrônica.
Por outro lado, no que se refere à difusão religiosa, observamos que
aquilo que antigamente se levava dez anos para conseguir, hoje pode
ser feito em apenas um dia, graças ao avanço tecnológico da imprensa
e dos meios de transporte. O correto, por conseguinte, é adequar-nos à
época em que vivemos, utilizando-nos de todos os recursos que a
civilização moderna nos oferece. Se apenas a religião continuar
persistindo nos métodos antigos, obviamente não conseguirá atingir
seus verdadeiros objetivos. Isso se evidencia pelo fato de que as
religiões tradicionais estão cada vez mais anacrônicas.
Quando as pessoas de visão shojo veem nossas atividades religiosas,
limitam-se a ficar surpresas e sequer tentam compreender aquilo que
verdadeiramente objetivamos. Se elas se restringissem a isso, não
haveria problema; porém, há aquelas que espalham boatos contra nós,
dizendo que levamos uma vida de luxo, moramos em palacetes. Posto
que desenvolvemos nossas atividades exclusivamente com as doações
de fiéis, é desnecessário depender de outros recursos. Além disso, se
concordássemos com as críticas de pessoas de fé shojo, teríamos que
deixar estragar ou até jogar fora os alimentos especialmente ofertados
13
pelos fiéis. E, também, não tem cabimento devolver ou vender no
mercado paralelo os objetos que recebemos. Da mesma forma, não
poderíamos deixar de utilizar grandes imóveis que nos são oferecidos
com tanto amor pelos fiéis. Muito pelo contrário, é por intermédio
dessas doações que podemos desenvolver o grande trabalho de
salvação da humanidade e, quando pensamos nisso, compreendemos
quão equivocada é a visão das pessoas de fé shojo.
Nossa religião cria uma vida de alegria
Uma vez que o ideal de nossa religião é construir um mundo sem
doença, pobreza e conflito, as pessoas que nela ingressam passam a
viver com saúde e prosperidade, plenas de harmonia e alegria. Todavia,
do ponto de vista daqueles que padecem numa sociedade infernal,
como a de hoje, isso é algo inimaginável. Eles refutam a possibilidade da
concretização desse ideal e pensam que tudo não passa de artimanhas
para atrair o povo. Pode ser também que, para essas pessoas, os
modelos do Paraíso Terrestre que estamos construindo sejam meras
construções suntuosas, totalmente desnecessárias. Nosso objetivo, no
entanto, é promover o cultivo de nobres sentimentos possibilitando, de
vez em quando, que as pessoas se distanciem desta sociedade infernal
e se deleitem em lugares paradisíacos envoltas por uma atmosfera
celestial de Verdade, Bem e Belo, imersas em um estado de suprema
alegria. Assim, fica claro que a construção desses modelos é uma
necessidade para o homem contemporâneo.
Atualmente, o ambiente social produz pessoas desprezíveis e degrada
os jovens, não havendo, portanto, um lugar sequer que não seja origem
do mal social. Por esse motivo, podemos afirmar que o nosso Paraíso
Terrestre é o único oásis no mundo atual. Se as pessoas
compreendessem realmente o quanto nosso projeto é nobre e
arrojado, ao invés de nos censurarem, deveriam manifestar seu inteiro
apoio.
Existe, ainda, uma importante questão. Nem é preciso dizer o quanto os
japoneses, devido às guerras e invasões que perpetraram tempos atrás,
foram recriminados pelo mundo e perderam sua confiança. Portanto,
recuperar essa confiança, o mais breve possível, é uma questão
seriíssima que nos é imposta. Neste sentido, o modelo do Paraíso
13
Terrestre é um local de extrema importância para mostrar tanto as
belezas naturais do Japão, como também o talento artístico
característico dos japoneses. Desde já, minha expectativa é que esse
modelo, ao ser concluído, se torne alvo de admiração mundial, pois,
além de contribuir para a satisfação dos visitantes estrangeiros, fará
reconhecer o elevado nível da cultura japonesa.
De acordo com o que foi dito acima, fica explicado o que é fé shojo e fé
daijo.

11 de março de 1950
Por Meishu-Sama, Alicerce do Paraíso, vol. 2

13
11.A purificação que promove o equilíbrio(120)

Existem um ponto ao qual gostaria que os praticantes do Johrei


prestassem bastante atenção. Refiro-me à ocorrência da purificação
para promover o equilíbrio.
Suponhamos que a pessoa esteja sentindo dor no braço direito.
Quando a dor nesse braço melhora, o braço esquerdo começa doer.
Parece, então, que a dor se deslocou, mas isso é o que se chama
purificação que promove o equilíbrio. Uma vez que as toxinas do braço
direito foram purificadas e eliminadas, e havendo toxina no esquerdo,
ocorre aí, a purificação natural. Evidentemente, tal fato não se limita ao
braço. Seja no abdômen ou nas costas, não existe deslocamento da dor.
Trata-se tão somente de purificação que promove o equilíbrio.
Também pode acontecer o seguinte. Por exemplo, quando uma
pessoa tem tosse, quanto mais Johrei lhe ministramos, mais a tosse se
intensifica. Isso ocorre por estarmos ministrando no local errado. A
razão disso está na existência de toxinas solidificadas em vários locais
do corpo. Neste caso, quanto mais Johrei ministramos em um só local,
maior será a purificação proporcional das toxinas solidificadas nos
demais pontos e, por esse motivo, ocorre a intensificação da tosse.
Portanto, devemos perceber rapidamente que estamos ministrando
Johrei em local errado e procurar ministrá-lo em outros pontos afetados
pela doença. Com isso, conseguiremos encontrar o ponto vital e, ao
ministramos Johrei aí, a tosse diminui imediatamente.
Existe uma situação à qual se deve estar atento, pois há uma só
exceção: a que se refere às dores abdominais. A causa é o encosto de
espírito de serpente. Nesse caso, a pessoa sente dores intensas em
determinada parte da barriga. Ao ministrarmos Johrei, a serpente
começa a fugir. Então, devemos continuar ministrando pacientemente,
“indo atrás dela”. A dor vai cedendo gradativamente até desaparecer.
Todavia, esse tipo de dor costuma voltar depois de um ou dois dias.
Ministrando Johrei na forma descrita, a dor vai diminuindo e, por fim,
sobrevém a cura completa.
Essa purificação que promove o equilíbrio é uma característica
peculiar do Johrei. Isso porque, os demais métodos não possuem poder
13
para curar doenças. E neles não há como ocorrer este tipo de
purificação.

22 de abril de 1950
Por Meishu-Sama, Alicerce do Paraíso, vol. 3

(120)Título anterior: “Sobre a purificação proporcional”

13
12.PRAGMATISMO

Na mocidade, apreciei muito a filosofia. Entre as várias teorias


filosóficas, a que mais me atraiu foi o pragmatismo, do renomado
norte-americano William James(1). Pragmatismo poderia ser traduzido
como “filosofia em ação”. Segundo James, a mera explicação de teorias
filosóficas não passa de uma espécie de diversão. Para ele, a filosofia só
tem valor quando manifestada por meio da ação. Acho essa teoria
interessante por levar em conta a realidade, o que mostra uma
característica dos filósofos norte-americanos. Naquela época,
simpatizei-me, portanto, com seu pensamento e me esforcei para
incorporar a filosofia ao meu trabalho e até mesmo à vida cotidiana.
Dessa forma, o benefício que o pragmatismo me proporcionou não foi
pequeno.
Mais tarde, ao professar a fé, comecei a considerar a necessidade de
estender o pragmatismo à Religião, ou seja, aplicar a religião ao dia a
dia. Podemos imaginar quão grandes benefícios nos proporcionaria a
introdução do espírito religioso em todas as atividades. Por exemplo, o
político, livre dos próprios interesses, não cometeria desonestidades e,
uma vez que visaria à felicidade do povo, obteria a confiança de todos, e
a política fluiria bem. O empresário realizaria suas atividades
honestamente, o que lhe proporcionaria ampla credibilidade, e seus
negócios progrediriam com solidez, porque ele trataria seus
funcionários com amor, e estes trabalhariam com dedicação. Por
realizar seu trabalho com sólida fé, o educador seria respeitado pelos
alunos, exercendo sobre eles notável influência. Por agirem com base
na fé, os funcionários públicos e os de empresas privadas realizariam
bons trabalhos e seriam promovidos. Por meio de suas obras, o artista
expressaria refinamento e emitiria elevada vibração espiritual,
exercendo boa influência sobre o público. O ator, por estar centralizado
na fé, manifestaria uma arte refinada; com isso, os espectadores seriam
influenciados positivamente e cultivariam uma sensibilidade e
consciência elevadas. Entretanto, tudo isso deve ocorrer sem rigidez
didática, de forma bastante divertida e interessante, sempre com bom
humor.
13
Ademais, é fácil imaginar que, pelo fato de manifestar a fé por meio de
ações, a pessoa, sem distinção de profissão ou situação social,
melhoraria seu destino e prestaria relevantes serviços à sociedade.
Gostaria de chamar a atenção para um fato: ao se aplicar a religião ao
cotidiano, não se deve ostentar a fé, pois isso causa repúdio.
Principalmente, os fiéis fervorosos em demasia devem ter esse cuidado.
Existem indivíduos que fazem questão de exibir sua fé, mas isso é
desagradável para as pessoas ao redor. O ideal é não aparentar ser
religioso e portar-se como uma pessoa comum. Devem apenas ser mais
gentis com as pessoas, causar-lhes impressão agradável e manifestar
mais nobreza em suas palavras e atos. Em suma, que a fé não seja nem
agressiva nem grosseira.
Na sociedade, vemos certos adeptos que se mostram exageradamente
fervorosos e chegamos a suspeitar que sejam psicopatas. São
extremamente subjetivos, tornam seu lar sombrio, de maneira alguma
se incomodam em causar transtornos ao próximo e,
consequentemente, acabam suscitando dúvidas sobre o nível da
religião que seguem. A responsabilidade, no entanto, é de quem os
orienta e isso exige muita atenção.

5 de setembro de 1948
Por Meishu-Sama, Alicerce do Paraíso, vol. 4

(1) William James (1842–1910): foi um psicólogo e filósofo


estadunidense, com formação em medicina. Escreveu livros sobre a
ciência da psicologia, incluindo temas como a educação e a psicologia
da experiência religiosa. James foi um dos formuladores e defensores
da filosofia do pragmatismo."

13
13.PECULIARIDADES DA CULTURA JAPONESA(36)

Quero muito falar aos japoneses sobre certo assunto. Trata-se das
peculiaridades da nação japonesa e de seu povo. Se, por acaso, eles
tivessem profunda compreensão a esse respeito, jamais teriam vivido a
amarga derrota na guerra nem visto seu país em ruínas. Existe uma
expressão: “Conhece-te a ti mesmo.” Ampliando o conceito, afirmo: “É
preciso conhecer o próprio país.” Se ainda estivéssemos na época de
isolamento do Japão(37), ainda seria admissível. Todavia, quando tudo
se tornou abrangente em nível mundial, internacional, é importante
conhecer o próprio país e estar suficientemente ciente da missão que
ele deve cumprir.
É evidente que, se não compreendermos o motivo da existência do
Japão, não haverá como consolidar uma grandiosa política nacional.
Para melhor entendimento, basta observar a situação do país até o fim
da Segunda Guerra Mundial. Em termos nacionais, existia uma classe
privilegiada, a dos militares, detentora de poderes absolutos e, baseada
na vontade de um pequeno número de pessoas, governava o país como
bem entendia. Por essa razão, na relação entre os detentores do poder
e o povo, este não tinha o direito de falar, submetendo-se à condição de
“escravos”. Esta situação ainda se encontra nitidamente gravada em
nossa lembrança. A partir do Período Meiji [1868-1912], a Constituição
Japonesa foi promulgada e instituído o Sistema Político de
Representação. Embora se tivesse a impressão de que a vontade do
povo era respeitada, na verdade, a política encontrava-se nas mãos de
uma minoria, que acabou provocando aquela guerra despropositada,
que se assemelhou à venda de gato por lebre.
Vamos refletir aqui sobre a história do Japão. Desde a época de Jinmu,
primeiro imperador do Japão, nosso país não teve um período sequer
de paz, sendo contínuas as guerras internas. A política sempre esteve
dominada pelo poder armado. Disfarçados sob o belo nome “Código de
Conduta da Classe Guerreira (Bushido(38))”, os que cometiam
assassinatos habilmente, recebiam condecorações e obtinham o poder.
Quem vencia, assumia a supremacia da época.
Até o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão veio sendo conduzido
13
por esse regime de brutalidade, que desmoronou com a derrota da
guerra, que foi um grande choque. Se todos os japoneses não
reconhecerem profundamente o significado de tudo isso, será
impossível surgir uma verdadeira política nacional, digna de uma nação
pacífica. Para tanto, o fundamental é uma nova conscientização do país.
Em verdade, o Japão, por natureza, deve ser pacífico e artístico, o
oposto de um país militarista e feudal a que costumamos nos referir.
Esta é a missão concedida pelos Céus ao nosso país.
Fala-se muito sobre a reconstrução do Japão, mas isso, por si só, não
possui um grande significado. Se analisarmos essa reconstrução
literalmente, veremos que o país não passará de uma nação nos moldes
de uma democracia, destituído de poderio bélico o que, evidentemente,
não deixa de ser motivo de alegria. Entretanto, na realidade, o Japão
precisa conscientizar-se da sua missão ímpar em relação ao mundo e
contribuir para o bem-estar da humanidade: eis o verdadeiro papel do
novo Japão. Vou enumerar algumas das razões que me levam a fazer tal
afirmativa.
Em primeiro lugar, o Japão possui terras ricas em beleza natural. No
mundo, talvez não haja outras que se lhe comparem. Assim sendo,
ouvimos elogios frequentes por parte dos estrangeiros que nos visitam.
No que se refere ao clima, há um profundo significado no fato de as
estações do ano serem bem definidas. Trata-se da contínua mudança
da beleza natural, tais como: as montanhas, os rios, as plantas, as
árvores. Isso está bem claro nas palavras do poeta Kyoshi Takahama,
que, após viajar pelo mundo, disse o seguinte: “Não existe país onde as
estações sejam tão bem definidas como no Japão. O haicai(39) canta as
estações do ano, de modo que, em outros países, não é possível
compor um haicai autêntico.” Além disso, dizem que nossa rica
variedade de plantas, árvores, flores, frutos, peixes e mariscos é
realmente incomparável.
Outra característica marcante do povo japonês é a habilidade manual, o
que justifica seu pendor para as artes e o artesanato. A prova disso é o
elevado número de magníficas obras de arte que foram produzidas, não
obstante seu passado de constantes guerras internas. Ainda hoje, suas
técnicas e dom admiráveis nos surpreendem.
13
Pelo exposto, creio que puderam entender, de forma clara e em linhas
gerais, a missão do Japão e do seu povo. Em suma, trata-se de
transformar o território japonês em Jardim do Mundo, por meio do
incansável e contínuo esforço em relação à arte, até que esta atinja seu
nível mais elevado. Ou melhor, empregar todo o empenho na sua
concretização, estabelecendo uma política nacional baseada no turismo,
na arte e no artesanato. Como resultado, é natural que isso contribuirá
para a melhoria do pensamento da humanidade, proporcionando,
também, recreação e entretenimento renovados. Em síntese, é tornar o
Japão um país de aperfeiçoado nível artístico e cultural.
Podemos afirmar que nunca houve uma época em que a humanidade
temeu tão seriamente a guerra e desejou tão ardentemente a paz como
a atual. A causa da guerra, como sempre dizemos, é por ainda subsistir
nos seres humanos um forte instinto belicoso. Logicamente, esse
instinto tem origem no pensamento primitivo, o que significa dizer que,
embora os homens se considerem civilizados, na realidade ainda lhes
falta muito para se despojarem da selvageria. O meio para solucionar o
problema é fazer com que a humanidade mude o foco. O objetivo dessa
mudança deve ser a arte, isto é, a transformação do mundo infernal de
lutas em um mundo paradisíaco, artístico. Em suma, a paz obtida pela
ameaça armada é apenas temporária. De qualquer maneira, é
fundamental que haja a renovação do pensamento, e eu afirmo que
esta só se efetivará por meio da Religião e da Arte.
Portanto, nesse sentido, ao invés de “reconstrução do Japão”, gostaria
de dizer “construção de um novo Japão”. E não haveria outro plano de
âmbito nacional senão transformá-lo em uma nação artística.

Jornal Hikari no 43, 1º de janeiro de 1950


Por Meishu-Sama, Alicerce do Paraíso, vol. 5

(36) Título anterior: “Características particulares da civilização japonesa”.


(37) Período também conhecido como Sakoku, que significa,
literalmente, “país acorrentado”. É uma palavra-chave que explica a
política internacional do xogunato Tokugawa de 1639 a 1854, sob o qual
as relações e o comércio entre o Japão e outros países eram
13
severamente limitados. Os japoneses não tinham permissão para viajar
para o exterior, retornar do exterior ou construir embarcações
oceânicas. Os únicos europeus permitidos em solo japonês foram os
holandeses, que receberam um único posto comercial na ilha de
Dejima. China e Coreia foram os únicos outros países autorizados a
negociar com o Japão.

(38) Bushido: literalmente, “caminho do guerreiro”. É um código de


conduta e modo de vida para os samurais (a classe guerreira do Japão
feudal), vagamente semelhante ao conceito de cavalheirismo, que
define os parâmetros para os samurais viverem e morrerem com honra.

(39) Haicai: forma de expressão poética, com três linhas, de cinco, sete e
cinco sílabas, respectivamente. É usado, principalmente, para exprimir o
sentimento dos japoneses em relação à beleza das estações do ano.

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