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CAPÍTULO 3

O paradigma da psicologia comunitária e seu fundamento ético e relacional


Sobre modelos e paradigmas
A psicologia comunitária surgiu quase ao mesmo tempo que o chamado "novo paradigma",
pouco depois conhecido nas ciências (naturais e sociais) como o paradigma relativístico quântico.
Pode-se dizer que ela é uma manifestação daquele paradigma que vinha se formando desde o final do
século XIX e que passou a ocupar um lugar relevante a partir da década de 1980. Isso é evidenciado
pelo fato de a psicologia comunitária ter nascido marcada pelos signos da complexidade, do holismo e
da ambiguidade (confusão). Dentro dessa consideração geral sobre a forma de conhecer o mundo e os
seres humanos, esse novo campo da psicologia constrói, por sua vez, sua própria versão, baseada em
uma práxis, na qual atua a partir da crítica não apenas do status quo teórico e metodológico , mas
também a concepção do ser humano e seu papel na produção do conhecimento. Com a sua criação,
pretendia-se produzir uma forma de intervenção nos problemas psicossociais de forma a fazer uma
psicologia social efectivamente, produzindo também transformações nas pessoas e no seu meio,
definidas e dirigidas por essas mesmas pessoas e não a partir de programas que, ao prescindir de a
participação dos seus destinatários, viram a sua eficácia limitada à qualidade dos seus intérpretes e ao
fim da sua duração. O paradigma se expressa na psicologia comunitária a partir dos modos de fazer,
ao mesmo tempo em que seus atores, agentes externos e internos, são definidos, redefinindo seus
papéis e indicando o campo compartilhado de sua ação. Como já foi dito, conceitos explicativos e
descritivos logo começam a ser desenvolvidos, e com eles começa a construção teórica, baseada na
ação e na reflexão.
Qual é o modelo que sintetiza essa forma de construir o conhecimento? Um modelo é
entendido aqui como uma forma de fazer e entender a partir da qual novos conhecimentos são
gerados. Um modelo que não é vitalício, mas cumpre uma função estruturante e sistematizadora do
conhecimento gerado por um determinado tempo e que, na medida em que um campo de
conhecimento avança, pode dividir espaço e tempo com outros modelos alternativos.
Chamei esse modelo assim construído de paradigma de construção e transformação crítica,
embora seja comum ouvir que é mencionado com base em sua inserção científico-geográfica como
psicologia social comunitária latino-americana; mas tal título é muito genérico e, de fato, embora o
modelo tenha muitas de suas primeiras expressões na América Latina, também foi desenvolvido além
de nossas fronteiras (Austrália, alguns centros acadêmicos nos Estados Unidos e Reino Unido). Por
outro lado, embora tenha tido influência e estreita relação, em alguns casos, com o "construcionismo
crítico", creio que reduzi-lo a essa única tendência é vinculá-lo a uma corrente com a qual, embora
coincida em muitos pontos e manteve uma interação ativa, também tem aspectos não compartilhados.
O primeiro nome tem a vantagem de indicar os aspectos fundamentais que orientam o trabalho
comunitário em nossa América: essa construção, essa práxis que surgiu com tanta força e se assumiu
em nosso continente.

A noção de paradigma
Para definir a estrutura paradigmática da psicologia social comunitária, devemos primeiro
esclarecer do que estamos falando quando usamos a palavra paradigma, pois, como se sabe, o termo
tem nada menos que 21 conotações diferentes (Masterman, 1975). Um paradigma é entendido como
um modelo ou modo de conhecer, que inclui tanto uma concepção do indivíduo ou sujeito
cognoscente quanto uma concepção do mundo em que vive e das relações entre ambos. Isto supõe um
conjunto sistemático de ideias e práticas que regem as interpretações sobre a actividade humana, sobre
os seus produtores (Munné, em 1989, fala de um modelo de homem), a sua génese e os seus efeitos
nas pessoas e na sociedade, e que indicam modos preferenciais de fazer para conhecê-los (Montero,
1993, 1996b).
Segundo Munné (1989), para que haja paradigma é preciso [...] gerar uma comunidade
científica informal, mas bem diferenciada, caracterizada por ter canais de comunicação próprios, por
compartilhar a mesma abordagem epistemológica, por utilizar uma terminologia conceptual comum,
por utilizar um determinado método ou métodos, e mesmo por assumir uma escala de valores
semelhante (Munné, 1989: 32).
Acredito que tais demandas sejam atendidas no caso da psicologia comunitária, pois se
compararmos os desenvolvimentos realizados tanto na América Latina quanto nos Estados Unidos
(corrente ecológico-cultural, psicologia para o bem-estar e libertação de Nelson e Prillekensky, 2003
), no Canadá, na Austrália (Bishop, Sonn, Drew & Contos, 2002) e na Inglaterra (Orford, 1998),
podemos encontrar diferenças em teorias específicas; Mas também é possível perceber como, nos
aspectos fundamentais de natureza paradigmática, há uma coincidência: diálogo, libertação, apoio
social, consciência, inclusão social, ética são aspectos que mais cedo ou mais tarde encontramos nas
obras do psicólogos comunitários mais destacados do último quarto de século. Pode-se dizer, então,
que existe uma comunidade diferenciada, que possui canais de comunicação (a Comissão de
Psicologia Comunitária da Inter-American Psychological Society, Divisão 27 da American
Psychological Association, a Society for Community Research and Action e um bom número de
revistas especializadas internacionais e nacionais) e que partilha inúmeras técnicas e métodos, tanto
qualitativos como quantitativos. E essa comunidade sustenta com sua práxis o paradigma que aqui se
apresenta, construído por psicólogos que trabalham com comunidades e que há mais de três décadas
vêm esculpindo arduamente um modelo de produção de conhecimento cujos produtos apresento em
cinco dimensões.
Ontológico: diz respeito à natureza e definição do sujeito cognoscente, condição que na
psicologia comunitária não se limita a um único tipo de "conhecedor" proveniente de uma única
instituição social, quase sempre a ciência. Uma vez que a psicologia comunitária reconhece a natureza
produtora de conhecimento dos membros das comunidades, então a natureza da relação entre
pesquisadores externos (psicólogos e psicólogos) e as pessoas que compõem as comunidades (aqueles
que na pesquisa tradicional são chamados de "sujeitos") é um aspecto fundamental neste paradigma.
Epistemológico: refere-se à relação entre sujeitos conhecedores e objetos de conhecimento.
conhecimento, e neste paradigma é marcado pela complexidade e pelo caráter relacional, isto é, pelo
fato de que o conhecimento é sempre produzido nas e pelas relações e não como uma ocorrência
isolada de um indivíduo solitário.
Metodológico: trata das formas utilizadas para produzir conhecimento, que na psicologia
comunitária tendem a ser predominantemente participativas, embora não sejam excluídas outras
maneiras.
Ética: refere-se à definição do Outro e sua inclusão na relação de produção do conhecimento,
respeito a esse Outro e sua participação na autoria e propriedade do conhecimento produzido.
Política: refere-se à natureza e finalidade do conhecimento produzido, bem como seu alcance
de aplicação e seus efeitos sociais -ou seja, a natureza política da ação comunitária- e a possibilidade
que qualquer entidade tem de se expressar e fazer ouvir sua voz sem espaço público.

Sobre a estrutura paradigmática dos modelos científicos

Três dos cinco campos indicados acima -epistemológico (natureza do conhecimento),


ontológico (natureza do ser) e metodológico (natureza do modo de conhecer)- são geralmente
considerados (Lincoln e Guba, 1985; Guba, 1991) como a estrutura ou as instâncias básicas de um
paradigma científico.
O fato de haver cinco dimensões aqui apresentadas se deve ao caráter reflexivo e crítico que
caracteriza a psicologia comunitária desde o seu nascimento. Esse exame crítico contínuo nos levou a
perceber que aspectos éticos e políticos, embora muitas vezes presentes na ação, não estavam sendo
considerados como parte integrante de um modo de produção de conhecimento (aliás, o mesmo ocorre
em outros ramos, não apenas da psicologia , mas da ciência em geral) (Montero, 1993, 1996b, 1996c).
Portanto, é necessário dar o lugar que corresponde a essas duas dimensões, ao lado das outras três
tradicionalmente consideradas (ontologia, epistemologia e metodologia). Essa classificação tripartite
formalmente excludente de aspectos éticos e políticos pode ser um resquício da consideração
dominante dada nos últimos três séculos aos aspectos da produção de conhecimento que privilegiam o
individualismo e o lugar institucionalizado da ciência, o que não é. deu importância às outras duas
dimensões. O que ocorre é que, embora alguns autores (Smith, 1990; House, 1990; May, 1980)
considerem que poderiam ou deveriam ser considerados pelos pesquisadores como aspectos
independentes, eles não são vistos como parte intrínseca, tanto para o bem quanto para o mal, do
modelo de produção de conhecimento assumido.

O paradigma da construção e da transformação crítica

Vejamos a seguir como esse paradigma da psicologia comunitária se configura em cada uma
dessas cinco dimensões.

Dimensão ontológica

Para a psicologia, a natureza do ser cognoscente tem tradicionalmente se concentrado no


indivíduo e em sua subjetividade e, no caso da psicologia social, principalmente em sua interação com
grupos nos quais ocorre a comunicação face a face. Esse ser isolado, origem e destino da interação, é
o que se costuma chamar de "sujeito". Mas a psicologia comunitária não trabalha com "sujeitos", ela
trabalha com atores sociais. Mas isso ainda não é suficiente, pois no complexo cenário do social há
atores principais e secundários, protagonistas e figurantes; alguns fazem longos discursos e outros
apenas atravessam a cena para entregar uma carta, fazer um embrulho ou cair mortos. Assim, na
psicologia comunitária trata-se não apenas de um ser ativo e não meramente reativo, mas também de
alguém que constrói a realidade e que é protagonista da vida cotidiana. O cenário social não tem um
proscênio único, é múltiplo. Além disso, quando se fala em ator social, trata-se de alguém que possui
conhecimento e que o produz continuamente; portanto, é alguém que pensa, age e cria, cujo
conhecimento, denominado conhecimento popular, deve ser levado em consideração. Por isso, ao
fazer esse sujeito participar de trabalhos e pesquisas comunitárias, seus saberes se somam à sua ação
na construção de novos saberes, tanto científicos quanto populares. E o sujeito do conhecimento,
qualquer que seja sua origem, é também um sujeito que critica, age e reflete a partir da própria
realidade que constrói, da fala e das ações.
As consequências dessa posição ontológica para a psicologia comunitária são evidentes. Em
primeiro lugar, deve ser descartada toda consideração passiva da comunidade e, portanto, seus
membros têm o direito de tomar decisões sobre os assuntos que lhes digam respeito, bem como o
compromisso de realizá-los. Se se espera que a comunidade cumpra, mas não se permite decidir sobre
o destino ou as condições de sua ação, ou se a tarefa a ser realizada lhe é imposta de forma mais ou
menos sutil, a concepção passiva do Outro continuará a estar presente. Nesse sentido, Santiago,
Serrano-García e Perfecto (1983: 19-20) exemplificam os efeitos dessa postura na psicologia
comunitária ao estabelecerem os seguintes pressupostos como guia para o trabalho comunitário:
• A comunidade tem o direito de decidir qual questão vai ser intervencionada-investigada e como quer
que isso seja feito;
• A comunidade é a mais afetada por qualquer tipo de intervenção-pesquisa. Portanto, ninguém tem o
direito de intervir-investigar sem o seu consentimento.
• A comunidade dispõe de recursos para realizar suas próprias intervenções-investigações sem a
necessidade da vinda de estranhos para realizar tal tarefa.
• O papel do profissional neste trabalho deve ser de facilitador e não de especialista.

Dimensão epistemológica
Esta dimensão refere-se à natureza da produção do conhecimento. Tal relação é colocada com
um caráter monista, o que significa que não há distância entre sujeito e objeto. Eles não são tratados
como entidades separadas e independentes, para cuja relação e contato devem ser dadas aproximações
mediadas por procedimentos que podem ou não estar presentes em alguns sujeitos ou em alguns
objetos. É que ambos, sujeito e objeto, são considerados parte de uma mesma dimensão em uma
relação de influência mútua. O sujeito constrói uma realidade, que por sua vez a transforma, limita e
impulsiona. Ambos estão sendo construídos continuamente, em um processo dinâmico, num
movimento constante que não só é dialético, mas também pode ser analético (Dussel, 1998). Por
analética1 entende-se a extensão da dialética que permite incluir na totalidade formada pela tese, sua
antítese e a síntese de ambas, a diversidade e a estranheza do outro inimaginável, que ao entrar nessa
relação a enriquece e a amplia ao mesmo tempo. mesmo tempo. Em suma, trata-se de um monismo
dinâmico que supõe internamente um movimento contínuo de transformação mútua entre o sujeito
cognoscente e o objeto conhecido, que contém os termos dessa relação em uma única substância.
Mas, além disso, essa construção é social e, portanto, relativa, pois responde a um
determinado momento e espaço, pois é produzida historicamente. Com isso não negamos a existência
da realidade, apenas nos apropriamos daquilo que nos corresponde, pois é um mundo de
conhecimento que corresponde aos nossos esforços e histórias ao respondê-las. Assim, a realidade,
para esta concepção de conhecimento, é inerente aos sujeitos que a constroem ativa e simbolicamente
todos os dias, dando-lhe existência, e dela fazem parte. A realidade está no sujeito e ao seu redor; por
sua vez, o sujeito está na realidade, faz parte dela, não sendo possível separá-los.

A relação entre psicólogos comunitários e outros atores sociais

Os aspectos epistemológicos e ontológicos apresentados acima sugerem uma relação entre o


sujeito conhecedor e o objeto cognoscível, o que muda a abordagem do objeto de estudo proposta pela
psicologia tradicional. Não é mais possível falar em relação sujeito-objeto considerando os sujeitos
sociais integrantes das comunidades como o segundo termo do binômio, uma vez que são igualmente
sujeitos cognoscentes, participantes legais e de fato da intervenção-pesquisa comunitária. É
necessário, então, estabelecer uma relação sujeito-sujeito/objeto, pois há um duplo sujeito
cognoscente. É por isso que a psicologia fala de agentes externos e agentes internos no trabalho
comunitário, e propõe uma relação dialógica, horizontal, de união de saberes científicos e saberes
populares e de retorno sistemático do conhecimento científico produzido às comunidades, ao mesmo
tempo em que entrega do conhecimento popular construído a agentes externos, pois ambos
participaram de sua construção e contribuíram com sua experiência, seu saber cotidiano, seu bom
senso e sua disciplina. Por esta razão, o papel dos psicólogos comunitários não é o de especialistas
interventores, mas sim o de catalisadores da transformação social.

Dimensão metodológica

Se a construção do conhecimento e o sujeito conhecedor se definem como vimos, obviamente


os métodos tradicionais, baseados no que Fernández Christlieb (1994a eb) chama de epistemologia da
distância, devido à separação que ela impõe entre o sujeito e o objeto , têm espaço limitado neste
campo. Por isso, assume-se a investigação-ação na sua expressão participativa (IAP), retirada do
campo da sociologia e da educação popular (embora a sua origem seja a psicologia: Lewin,
1948/1973), enriquecendo-a com aspectos daqueles métodos. psicologia tradicional, de natureza
dinâmica e coletiva.
Mas talvez o aspecto mais interessante na dimensão metodológica da comunidade seja a
necessidade de gerar métodos que mudem na mesma proporção em que as comunidades mudam.

1
O prefixo grego ana significa "do além".
Métodos capazes de produzir perguntas e respostas às suas transformações e às abordagens que
provocam. Métodos cuja característica fundamental é a capacidade de mudar de acordo com as
mudanças no problema estudado, de modo que as construções sejam geradas em uma ação crítica e
reflexiva de caráter coletivo. Pretende-se então construir uma metodologia dialógica, dinâmica e
transformadora que incorpore a comunidade "no seu auto-estudo" (Santiago, Serrano-García e
Perfecto, 1992: 285); Por isso, como já foi dito, a dialéctica alarga-se tornando-a analética,
conseguindo assim uma forma de intervenção e estudo que responde aos interesses das pessoas a
quem se supõe que os seus benefícios se destinam.

Dimensão ética

A definição do Outro e sua inserção na relação de produção do conhecimento constituem o eixo dessa
dimensão. O seu principal objetivo é a relação com o Outro em termos de igualdade e respeito,
incluindo a responsabilidade que cada um tem para com o Outro, entendendo por responsabilidade
não responder ao, mas responder pelo Outro (Dussel, 1998). É uma consideração do Outro não como
um objeto criado por quem controla certos recursos na relação, nem como um produto da imaginação
dessa pessoa, o que na psicologia comunitária significa reconhecer a existência independente da
comunidade como uma forma de grupo e de seus membros em sua singularidade, em seu caráter de
donos de uma história por eles construída, antes e depois da intervenção comunitária.
A concepção ética passa pelo caráter inclusivo do trabalho comunitário, no qual se busca integrar,
respeitando as diferenças individuais, ao invés de excluir ou separar. A comunidade como grupo ou
grupo de grupos organizados tem voz própria, e seus membros ativos têm capacidade de tomar e
executar suas próprias decisões, têm capacidade e direito de participar. Como comunidade é um
substantivo coletivo, mesmo quando se trabalha com grupos organizados da comunidade
relativamente pequena, é necessário orientar este trabalho para a participação daquelas pessoas que,
embora não façam parte desses grupos, têm participação nos processos que afetam e compõem a
comunidade.

A ética do relacionamento

De acordo com o paradigma em que se situa esta subdisciplina, fala-se no campo comunitário de uma
ética da relação, que defini assim:
Uma ética baseada no relacionamento supõe uma forma de expressão da retidão que vai além do
direito de afirmar o próprio interesse, de considerar o interesse comum acima do bem-estar individual.
[...] A equidade da ética da relação supõe reconhecer não só o caráter humano e a dignidade do outro,
mas também que a alteridade não é uma lacuna, uma diferença, algo que distingue, que separa, mas
faz parte da EU. Que cada um é outro e que cada um é um eu (Montero, 2000a).
De tal concepção ética decorrem consequências que se manifestam em todas as dimensões
paradigmáticas. Para a psicologia comunitária, o respeito ao outro, sua inclusão em toda a sua
diversidade, sua igualdade, seus direitos e obrigações se expressam no campo ontológico, na definição
de seu objeto de estudo; nos aspectos epistemológicos, na relação de produção conjunta de
conhecimento entre agentes externos e internos, e nessa forma de defini-los como produtores de
conhecimento; na dimensão metodológica, na medida em que transforma as formas e modos de
conhecer, e na vertente política da disciplina, ao apontar os seus objetivos e o efeito que podem ter no
espaço público e na sociedade em geral. Essas consequências podem ser resumidas da seguinte forma:
• O Outro não é um objeto criado pelo Um2. Para além da construção que se faz desse Outro, existe
uma existência que por sua vez constrói a si mesma e aos que a rodeiam. Isso se traduz na psicologia
comunitária em sua definição da existência independente e histórica da comunidade como forma de
grupo, e de seus membros em sua singularidade. Como já foi dito, a comunidade como grupo ou
grupo de grupos organizados tem voz própria, e seus membros ativos têm capacidade de tomar e
executar suas próprias decisões, têm capacidade e direito de participar.
• A cultura e as suas modalidades refletem-se tanto na comunidade e nos seus agentes internos como
nos agentes externos. E os padrões de relacionamento para entender e errar, ao se desenvolverem
culturalmente, se transformam no relacionamento (Montero, 2000a).
• A relação é sempre dialógica e tem caráter discursivo. Isso significa que as relações humanas devem
estar abertas a uma multiplicidade de vozes. Impor silêncio a determinadas categorias sociais é
antiético e é uma forma de suprimir ou excluir o outro.
• Consequentemente, a psicologia comunitária está aberta à pluralidade de formas de produzir
conhecimento e transformação. Aceitar que o conhecimento pode ser dado em diferentes ambientes,
por diferentes meios, é uma noção que na psicologia comunitária está ligada ao princípio de que teoria
e prática não podem ser separadas (ver Capítulo 5).
• O aspecto crítico se expressa na reflexão permanente sobre o que está sendo feito e leva à
conscientização sobre o que se apresenta como uma forma natural de ver as coisas.

Ética, moral e deontologia: conceitos relacionados, mas não sinônimos

Parece inútil, se não redundante, definir ética. A vida cotidiana é repleta de menções e usos
relacionados à ética. Em qualquer rua ou mesa de qualquer cidade, todos os dias alguém diz a alguém
que Fulano "assumiu uma atitude ou posição ética" ou que Zutano "não tem ética". Da mesma forma,
todos os dias alguém é lembrado de "manter uma conduta ética", ou códigos de ética profissional são
citados ou invocados. E tudo isso é feito como algo natural e típico das tarefas diárias. Mas será que a
mesma coisa está sendo falada nos exemplos apresentados? Na conversa cotidiana, as palavras que
avaliam ou julgam o comportamento de alguma pessoa conhecida parecem referir-se a um cânone que
regula o comportamento e o humor das pessoas no convívio social. No caso dos chamados códigos de
ética profissional, trata-se de conjuntos de disposições que regem a forma como a profissão específica
a que se referem deve ser exercida na sua relação com as pessoas com quem vai lidar. Parece então
que existem diferentes níveis de significado referidos à ética. E de fato é. Os referidos códigos tratam
de normas deontológicas relativas aos diferentes exercícios profissionais. E a deontologia trata dos
deveres e do seu correcto cumprimento.Assim, cumprir o código deontológico da profissão de
psicólogo, por exemplo, é fazê-lo através de boas práticas, observando as normas que regulam o
exercício da profissão.
Por outro lado, quando alguém é acusado de falta de ética, violando a ética ou indo contra ela,
aludindo a condutas condenáveis, está-se entrando no campo da moralidade. Ou seja, o que trata do
bem em geral e do caráter mau ou bom das ações conforme a cultura em que se vive. X deve ter
observado um determinado comportamento, de outra forma esperado, de pessoas como as envolvidas
em uma situação específica. Mas X não agiu da maneira adequada e esperada, por isso é acusado de
ser antiético, de violar a ética. Parece então que a ética se refere ao substrato sobre o qual se baseiam
as práticas desejadas e desejáveis e consideradas boas em cada cultura (moral), e a partir do qual se
regulam os comportamentos julgados ótimos para cada profissão (deontologia).
Na psicologia, como em muitas outras áreas profissionais, é comum encontrar uma fusão
entre ética, moral e deontologia. É muito bom que existam normas que regulem as práticas
profissionais, mas é igualmente oportuno explicitar os princípios éticos que constituem o substrato
dessas normas. E, em geral, os três níveis de distinção entre bom e mau devem ser localizados em seu
grau de especificidade e generalidade.
Já vimos do que se trata a ética. A moralidade é o conjunto de prescrições e normas culturais através
das quais se expressa a ética, cujo cumprimento se insta a cumprir num momento e numa determinada
sociedade ou cultura. Como indica sua etimologia (vem do latim mores, ou seja, costumes), a moral
diz respeito aos modos de fazer e de se comportar.

2
As letras maiúsculas são usadas nas palavras Outro e Um para indicar o caráter genérico da alteridade (Outro) e da unidade
(Um), referindo-se ao sujeito de cuja perspectiva uma relação é colocada.
Ética e moral caminham juntas, a primeira influenciando a segunda, mas não são termos
intercambiáveis. No entanto, como foi dito, o que se costuma falar, e o que se encontra
frequentemente nos manuais e tratados científicos, é a deontologia, ou seja, o conjunto de regras a
seguir para observar um comportamento moralmente impecável, mas não necessário e totalmente
ético, uma vez que normas socialmente aceitáveis podem excluir certas categorias ou grupos, ou
podem permitir práticas que os prejudiquem. Ao mesmo tempo, tudo isso reflete uma posição ética
anterior a eles que determina seu sentido e orientação. Os códigos de ética profissional, então, são
conjuntos de regras de conduta pertencentes à ordem moral que se enquadram no campo, sempre
aplicado, da deontologia ou teoria dos deveres.

Coautoria e propriedade do conhecimento

O respeito a esse Outro e sua participação na autoria e propriedade do conhecimento


produzido mostra o caráter ético desse paradigma. Dos três aspectos acima descritos, fica claro que
por ter um duplo sujeito cognoscente, ou melhor, por reconhecer que aqueles que tradicionalmente
foram definidos como sujeitos de pesquisa também produzem conhecimento, há uma autoria
compartilhada para o conhecimento produzido no trabalho comunitário (ver capítulo 6).
Como há um duplo sujeito cognoscente -pois aqueles que tradicionalmente se definem como
sujeitos de pesquisa também produzem conhecimento- há uma autoria compartilhada do
conhecimento produzido no trabalho comunitário. Fals Borda (1985) descreve a prática que chama de
devolução sistemática do conhecimento produzido aos membros da comunidade; Gonçalves de Freitas
(1997) também aponta a necessidade de seu complemento lógico (e dialógico): a entrega sistemática
de saberes populares a agentes externos. Essa troca é necessária porque, embora ambos os tipos de
agentes tenham trabalhado juntos, como já vimos muitas vezes, os membros da comunidade podem
não estar cientes do que significa sua contribuição. E o mesmo pode acontecer com alguns agentes
externos em relação a essa contribuição da comunidade. Essa coautoria deve estar claramente
estabelecida nos relatórios produzidos, no sentido de que devem citar quem fez o quê. E se for um
artigo ou um trabalho acadêmico produzido a partir de um trabalho feito por um agente externo, deve
indicar nesse trabalho o que as pessoas da comunidade fizeram e você deve obter sua permissão para
publicar, embora o artigo ou livro seja produzido por o agente externo. E se a análise foi construída de
forma colaborativa, então a coautoria deve ser obrigatória.
Este é um aspecto ético, pois é preciso reconhecer que nem todos os produtos da pesquisa-
intervenção comunitária são provenientes do campo científico. O contexto da descoberta não é
exclusivo da ciência, e no caso do trabalho comunitário, como há reflexão e ação compartilhada
derivada do reconhecimento da natureza ativa dos participantes, o conhecimento produzido pertence
tanto a agentes externos quanto a agentes internos (comunidade membros) e é, portanto, propriedade
de ambos e deve servir a ambos. Essa consideração dos membros da comunidade como coprodutores
não é apenas um exercício de respeito que se deve ter pelo Outro, mas também o reconhecimento de
sua igualdade na diferença. Ou seja, é investido de direitos, assim como se distingue por seu caráter
único. E é tal consideração que permite o diálogo, bem como a reflexão crítica em ambas as direções:
do agente externo para o interno, e vice-versa.

Dimensão política

A natureza e a finalidade do conhecimento produzido, assim como seu campo de aplicação e


seus efeitos sociais, configuram o caráter político da ação comunitária. A política refere-se à esfera
pública, à esfera da cidadania e à forma como nos relacionamos com outras pessoas nela. Da mesma
forma, refere-se ao poder e suas linhas de ação, que constituem seu núcleo central. Isso supõe fazer e
dizer dentro da sociedade em que vivemos; portanto, trata-se de ter voz e fazer-se ouvir e de gerar
espaços para que aqueles que foram relegados ao silêncio possam falar e ser ouvidos e o diálogo se
estabelecer. Não se pode considerar que uma sociedade é livre quando o que se chama de diálogo só
pode ocorrer entre aqueles que dizem a mesma coisa ou falam com a mesma voz. Por isso, a relação
dialógica que se propõe na psicologia comunitária, ao gerar um espaço de ação transformadora, cria
ao mesmo tempo um espaço de ação cidadã que permite a expressão das comunidades e, portanto, é
um exercício de democracia.
A psicologia comunitária propõe uma participação cujo caráter político se mostra na função
desencorajadora, mobilizadora da consciência e socializadora que pode ter a práxis realizada.
Desencorajar e sensibilizar como processos que fazem parte da reflexão que procura contrariar os
efeitos ideológicos das estruturas de poder e dependência. E esta participação não visa apenas
remediar algum mal, realizar algum desejo, mas também gerar comportamentos que respondam a uma
projeção ativa do indivíduo em seu meio social, bem como a uma concepção equilibrada desse meio e
de seu lugar nele.
Da mesma forma, a geração de conhecimento e o respeito à diversidade têm consequências
políticas e podem ser produto de políticas públicas específicas. E se a ética reside no reconhecimento
e na aceitação do Outro na sua diferença, na sua aceitação como sujeito cognoscente com direitos
iguais, a relação que se dá nessas circunstâncias será libertadora porque a liberdade não reside no
isolamento e na separação entre Uns e Outros, mas na intersubjetividade que ao reconhecer a
humanidade do Outro permite que, por esse ato, o Um seja também humano. De tal forma que o
caráter ético está intimamente ligado ao político.

Uma episteme da relação

A ideia da relação como esfera fundamental do ser e do saber começou a ser sentida no
campo das ciências sociais latino-americanas no início da segunda metade do século XX. A obra
inicial de Paulo Freiré (1988) expressa-o com grande clareza. “Somos seres de relações em um mundo
de relações”, afirma, referindo-se à necessidade de entender que o conhecimento não é produzido em
pessoas isoladas, mas na intersubjetividade que é produto da relação. A filosofia da libertação, outro
produto latino-americano, continuou a elaborar a ideia (Dussel, 1973; 1998) e no campo da psicologia
foi trabalhada por Moreno (1993) e por Guareschi (1996).
Guareschi (1996: 82) define a relação como “o ordenamento ou direção intrínseca de uma
coisa na direção de outra”, e cita uma frase dita por uma jovem em uma comunidade: “uma relação é
algo que não pode ser ela mesma se não haveria outro" (1996: 82). Parece-me que tal concepção
responde ao que é a essência do social, indicando que não se está apenas na relação, mas que se está
na relação, pois ninguém pode ficar sem o outro, assim como esse outro é , igualmente , o correlato do
eu. Guareschi (1996: 83) fala de pessoas-relação, o que se explica porque a pessoa só pode existir em
relação. Para além da relação só existe o mundo das coisas, que é o mundo na medida em que a nossa
relação com ele o define. A não-relação é o vazio, o nada. Mas vou mais longe: nem a coisa, nem o
nome, nem eu nem você, existem senão na relação. A relação faz os seres que a constroem.
A psicologia comunitária é definida como uma psicologia de relacionamentos criada para um
mundo relacional. Seu objeto trata de formas específicas de relacionamento entre pessoas unidas por
laços identitários construídos em relações historicamente estabelecidas, que por sua vez constroem e
delimitam um campo: a comunidade. Portanto, não é possível realizar ações comunitárias a partir de
uma concepção fragmentária da comunidade, construída a partir da soma de indivíduos isolados. O
ser, como entidade individual, é uma noção incompleta que omite, por um exercício intelectual, uma
parte de si: o Outro, com o qual se relaciona e do qual é alter.

Uma perspectiva holística dos paradigmas

As cinco dimensões de um paradigma (ontologia, epistemologia, metodologia, ética e


política) devem ser vistas como uma soma integradora. Essas cinco dimensões são consideradas na
psicologia comunitária como aspectos inerentes ao processo de construção do conhecimento, que,
consciente ou inconscientemente, estão sempre presentes e marcam o modo de conhecer. E isso
acontece porque os limites entre as cinco dimensões não são impermeáveis. Não se trata de cinco
esferas separadas, mas de uma totalidade que inclui todas elas. Não andam em fila única nem têm
caráter ordinal, ou seja, não há uma primeira e outra depois, nenhuma dimensão precede a outra, pois
todas são interdependentes. Cada um deles toca todos os outros em um único relacionamento. É
preciso ser (ontologia) para saber (epistemologia) e esse conhecer se faz seguindo um procedimento
ou caminho que conduz à produção de conhecimento (metodologia). Mas tal coisa não acontece
isoladamente. Todo indivíduo conhecedor é membro de uma relação na qual o conhecimento é
produzido. Os seres humanos, separados da sociedade, são indivíduos, mas não humanos. A
humanidade é adquirida nas relações sociais3. O conhecimento é produzido em cada relação e o
conhecimento só surge nas relações, de forma que a presença do Outro está sempre presente, mesmo
quando trabalhamos sozinhos. E há ética, porque a solidão, embora possa ser privada da companhia
física ou afetiva dos outros, não elimina a história, as experiências ou os afetos decorrentes dos
contatos de convívio. E, além disso, todo conhecimento afeta o grupo, a sociedade, razão pela qual,
excluindo-os de seus benefícios ou aplicando-lhes seus aspectos negativos, exercemos poder sobre
eles. E ao respeitar e admitir a capacidade de construção de conhecimento de qualquer categoria
social, ao ouvir as vozes dos indivíduos que a compõem, estamos respeitando seu direito ao espaço
público. E isso é política.
Em outras palavras, toda epistemologia está diretamente relacionada a uma concepção
ontológica que define o ser e o objeto do conhecimento, a partir da qual se produz uma relação
cognitiva. Por sua vez, o método aplicado reflete igualmente esses dois aspectos. Isso é
particularmente importante, pois no que diz respeito ao método e às técnicas dele derivadas, ocorre o
que só posso descrever como um "efeito perverso", pois às vezes ele se torna independente de
concepções ontológicas e epistemológicas, éticas e políticas em conjunção com as quais surgem , e
passa a ser o motivo da investigação, ao invés de ser o caminho da investigação. Da mesma forma,
quando se fala em ontologia, epistemologia e metodologia, não se pode deixar de lado a ética e a
política. O ponto central da ética reside, como vimos, na concepção do Outro, na sua definição e no
âmbito da sua participação na relação com o sujeito cognoscente. Ou seja, na definição desse Outro
como objeto ou como sujeito, como entidade cognoscente ou como objeto de conhecimento. Por sua
vez, a admissão da existência de uma cobrança de valor na construção do conhecimento, bem como
de quem está incluído ou excluído da sua produção e utilização, supõe um campo ou dimensão
política.

Resumo

O que aqui se descreve configura um modelo de ação, delineia também uma práxis de
reflexão crítica e insere-se numa corrente, numa forma de fazer ciência e especificamente psicologia
que integra um paradigma, isto é, uma forma de produzir e organizar o conhecimento. forma de
compreender o mundo e o ser humano. Tal modelo surgiu em uma psicologia da ação para a
transformação, na qual pesquisadores e sujeitos estão do mesmo lado da relação de estudo, ambos
fazendo parte da mesma situação.
O paradigma assim construído é analisado em suas cinco dimensões: ontologia,
epistemologia, metodologia, ética e política; são indicadas as características que as configuram e é
apresentada a perspectiva holística e relacional em que se baseia. Aspectos éticos relativos não só à
prática da psicologia comunitária, mas também aos seus produtos e à questão da autoria e coautoria do
conhecimento são discutidos.
Destaca-se a episteme da relação com a sua concepção de uma ontologia e de uma
epistemologia em que a relação é o espaço fundamental da construção do ser, do conhecimento e da
ética como fundamento das formas de se relacionar e da práxis comunitária.

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Como é o caso das crianças selvagens
Tabela 4
Estrutura do paradigma da construção e transformação crítica

Âmbito Perguntas características


Ontologia • O sujeito (ativo) do conhecimento ou ser Como seus próprios membros
do conhecimento, que é tanto o agente definem a comunidade? Quais são,
externo quanto o interno. segundo eles, seus problemas,
• O ser do objeto que se conhece ou o que desejos, necessidades, expectativas e
são as coisas: a realidade que é construída recursos? O que as pessoas da
e transformada pelo ser humano. comunidade sabem sobre a sua
situação? O que os agentes externos
sabem sobre a comunidade e seus
membros? Quem ou o que é
conhecido?
Epistemologia Relação entre sujeitos conhecedores Qual é a natureza da relação entre os
(psicólogos e agentes comunitários) e a agentes de mudança e a comunidade,
comunidade, seus interesses e problemas. seus interesses e problemas? O que
A construção do conhecimento por foi aprendido, o que foi ensinado? A
agentes externos e internos. quem?
O estudo crítico da psicologia
comunitária, do trabalho comunitário
realizado em cada caso e do conhecimento
produzido. Troca de conhecimento.
Metodologia Os modos de produção do conhecimento. O que deve ser feito, e como, para
Ampliação das formas de produção do produzir conhecimento? Quem deve
conhecimento, introduzindo métodos fazê-lo? Como produzir formas de
participativos, biográficos e qualitativos intervenção e avaliação que
voltados para a busca de sentido, respondam às características de cada
resolução de problemas e transformação comunidade?
de circunstâncias específicas.
Ética Juízo de apreciação aplicado à distinção Quem são os participantes da
entre o bem e o mal. comunidade, quem são os agentes
A concepção do outro e seu lugar na externos? Quais são seus interesses
produção e ação do conhecimento. (em cada caso)? Qual é o lugar do
Reflexividade. agente interno na produção do
conhecimento?Qual é o lugar do
agente externo?Por que ele é
conhecido? Quem sabe? O que é
feito com o conhecimento produzido
pelos agentes internos? Que tipo de
relacionamento existe entre agentes
externos e internos?
Política Organização da comunidade de acordo Existem formas de exclusão na
com seus interesses, objetivos e comunidade? Para quem é o
processos. conhecimento, quais são os efeitos do
Apontar aspectos psicológicos e conhecimento? As pessoas
informações sobre eles por psicólogos. interessadas na comunidade estão
Respeito pelos direitos e cumprimento dos cientes de seus direitos e deveres
deveres e obrigações por ambos os tipos como cidadãos e para com a
de agentes. Tomada de decisão comunidade? Existe
ponderada. comprometimento dos agentes
Problematização, conscientização, externos e internos?
desideologização.

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