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Artigo convidado / Invited article

SALA FC; COSTA CP. 2012. Retrospectiva e tendência da alfacicultura brasileira. Horticultura Brasileira 30: 187-194.

Retrospectiva e tendência da alfacicultura brasileira


Fernando Cesar Sala; Cyro Paulino da Costa
UFSCar, Depto. Biotecnol. e Prod. Vegetal e Animal, C. Postal 153, 13600-970 Araras-SP; fcsala@cca.ufscar.br; cpcosta@terra.com.br

RESUMO ABSTRACT
A alface é considerada a principal hortaliça folhosa no Brasil. Nas Retrospective and trends of Brazilian lettuce crop
ultimas décadas, houve muitas mudanças quanto aos tipos varietais Lettuce is considered the main leafy vegetable crop in Brazil. In
predominantes no país bem como para a preferência do uso de semen- recent decades, many changes occurred towards the varietal types
te peletizada. O domínio do cultivo da alface lisa foi até a década de as well as in the preference for pelleted seeds. Until mid 90 decade,
90 com as cultivares do tipo ’manteiga‘ e ’Regina‘. Posteriormente, the dominant varieties of looseleaf lettuce were the type ’White
houve uma mudança para o tipo crespa e que, atualmente, corresponde Boston’ and ’Regina’. Later, there was a change toward the Grand
ao principal segmento cultivado no Brasil. A ausência de formação de Rapids type which represents the main varietal segment grown in
cabeça aliada à presença de folhas flabeladas conferiram a esse tipo Brazil. The non-head Grand Rapids type with its earliness performed
de alface uma melhor adaptação no cultivo de verão com altas tempe- better adaptation for hot and high rainfall summer season. Brazilian
raturas e índices de pluviosidade. A preferência brasileira pela alface preference for the Grand Rapids type is a unique event in the world
crespa é um fato único na alfacicultura mundial. A alface americana market of lettuce. Crisp head lettuce had increased its preference, but
vem apresentando maiores índices de crescimento e aceitação pelo there are many limitations to grow this type outdoors in our rainy hot
mercado consumidor. Apesar de apresentar formação de cabeça e que summer. Thicker leaves of iceberg have a better flavor, crispness and
tem limitado seu cultivo no verão, na ausência de cultivo protegido, long shelf live under refrigeration for its post-harvest management.
suas folhas mais espessas têm conferido melhor sabor, crocância e Crispness is an important and mandatory quality for the fresh cut
durabilidade pós-colheita na alface americana. Alface com folha es- market which is a growing tendency. Considerations on breeding
pessa é mandatória para o mercado de processamento que apresenta focus to get tropical-adapted varieties with crispness and resistance to
alta tendência de crescimento. Considerações sobre o melhoramento specific Brazilian diseases which are limiting to lettuce are discussed.
genético para contribuir, pelo menos em parte, com essa situação são
discutidas com o surgimento de novos tipos varietais tropicalizados,
com a tendência de segmentação de mercado e da necessidade de
uma cadeia pós-colheita mais eficiente.

Palavras-chave: Lactuca sativa, alface, tipos varietais, mercado Keywords: Lactuca sativa, lettuce, varietal types, seed market.
sementeiro.

(Recebido para publicação em 12 de junho de 2011; aceito em 29 de maio de 2012)


(Received on June 12, 2011; accepted on May 29, 2012)

Aspectos históricos e evolução ce, possivelmente, foi introduzida na dados da Ceagesp.


dos segmentos varietais de alface no América em 1494 (Ryder, 2002) e no Já naquela época o grande desafio da
Brasil Brasil, sua introdução foi feita pelos produção da alface num clima subtropi-

O riginária da região do mediterrâ-


neo, a alface (Lactuca sativa) é a
hortaliça folhosa mais importante no
portugueses em 1650.
Até a década de 80 o Brasil tinha
um padrão de consumo de alface
cal da região sudeste era o período de ve-
rão. Temperaturas elevadas associadas à
alta pluviosidade levavam o alfacicultor
mundo sendo consumida, principalmen- ’manteiga’, também conhecida como a perdas de até 60% em decorrência de
te, in natura na forma de saladas. Exis- alface lisa. O padrão da alface lisa do maior umidade relativa e que favorecia
tem evidências de que sua domesticação tipo repolhuda foi sempre a cultivar o ataque de fungos e bactérias. O pen-
se deu a partir da espécie selvagem L. ’White Boston’ bem como a cultivar doamento precoce induzido pelas altas
serriola (Jagguer et al., 1941; Vries, ’San Rivale’, ambas centenárias. Essas temperaturas agravava o problema de
1997). Com a sua introdução na Europa cultivares dominaram o sistema de perdas no verão, refletindo diretamen-
Ocidental no início do século XV, alguns cultivo da alface no Brasil sendo que te no preço e na oferta do produto no
tipos de alface tais como lisa, batávia e no início da década de 90 a alface lisa mercado, devido à maior demanda de
romana já tinham sido descritas. ainda correspondia a mais de 51% do consumo nesse período.
Com as expedições de Cristóvão volume de alface comercializado na Essas cultivares tipo repolhuda e
Colombo para o Novo Mundo, a alfa- grande São Paulo (Figura 1), segundo importadas da Europa e EUA perma-
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FC Sala & CP Costa

neceram como a base da alfacicultura caseiras e cultivo em estufas de vidros O melhoramento genético da alface
brasileira até o surgimento da cultivar no inverno americano quando não exis- crespa nunca foi prioridade em países
Regina, desenvolvida pelo Dr. Cyro tiam plásticos para estufas na região do de clima temperado e nem de suas em-
Paulino da Costa na USP-ESALQ. meio oeste americano. ’Grand Rapids’ é presas de sementes, pois o segmento
’Regina’ mudou o padrão de alface lisa o padrão varietal e referencial de alface de alface ’Grand Rapids’ não tem ex-
repolhuda para o tipo sem cabeça. O tipo crespa com presença de folhas flabela- pressão em seus mercados domésticos.
Regina permitiu ampliar o período de das, bordos foliares ondulados, folhas A preferência e prioridade da pesquisa
cultivo da alface no verão onde as con- tenras, flexíveis, de coloração verde e desenvolvimento das empresas inter-
dições climáticas limitavam seu cultivo. claro, boa produção de massa foliar e nacionais têm sido direcionadas para o
Sua arquitetura de planta aberta e sem crescimento rápido. Considerada uma segmento de alface americana, romana,
formação de cabeça possibilitou a am- cultivar de ciclo precoce, pode atingir mini e do tipo baby leaf. Existem na Eu-
pliação de seu cultivo em muitas regiões seu ponto de colheita com até 30 dias ropa, preferencialmente nos mercados
por não permitir acúmulo de água nas após o transplante, dependendo da época da Holanda, Itália e França, algumas
folhas e consequentemente, reduzindo e região de cultivo. crespas do segmento de alface batávia.
suas perdas. ’Regina’ foi uma impor- A mudança do padrão de alface lisa O tipo batávia apresenta folhas grossas,
tante contribuição da pesquisa pública para o segmento crespa foi quando essa coloração verde escura e apresenta ten-
no desenvolvimento de novas cultivares cultivar, por não apresentar formação de dência de formação de cabeça, o que não
para a alfacicultura brasileira sendo uma cabeça, mostrou ser adequada ao cultivo tem sido muito aceito no segmento de
das ultimas cultivares de alface liberadas no verão, garantindo e minimizando as alface crespa no Brasil.
pela pesquisa pública no país. elevadas perdas que havia com a alface A demanda de novas cultivares de
As pesquisas de melhoramento pra- lisa repolhuda, tipo White Boston no alface crespa com pendoamento lento,
ticadas pelas empresas privadas do setor verão. Outra vantagem da alface crespa porte grande de planta e associados a
de sementes, possibilitaram a liberação tem sido sua adequação ao sistema de resistência do vírus do mosaico da al-
de importantes cultivares do tipo Regi- comercialização em caixas de madeira face (LMV) e míldio (Bremia lactucae)
na, tais como Elisa, Karla, Lídia, entre com mínimo de injúrias e quebras de possibilitou o lançamento de outras
outras (Costa & Sala, 2005). Esse tipo folhas. Suas folhas flabeladas suportam várias dezenas de cultivares ao longo
de alface reduziu gradativamente sua o encaixamento em caixas de madeira dessa década pelas empresas nacionais e
importância no mercado nacional. Em de até 24 a 60 unidades. A adoção desse internacionais que atuam no Brasil, tais
10 anos (1995 a 2005) passou de 51% tipo varietal pelo alfacicultor foi pela como ’Solaris’, ’Amanda’, ’Piraverde’,
para 12% do volume comercializado coloração verde claro de suas folhas, ’Ceres’, ’Bruna’, ’Brenda’, ’Vanda’
na Ceagesp na cidade de São Paulo. tradicionalmente aceita pelo consumidor entre outras. Atualmente existem várias
Atualmente, a alface lisa corresponde brasileiro que preferem esse tipo de dezenas de cultivares do tipo crespa no
a 11% do mercado dessa folhosa, com coloração, semelhante à coloração do mercado brasileiro sendo que a cultivar
tendência a reduzir sua importância em tipo lisa. Atualmente, o padrão varietal preferida pelos alfacicultores nas prin-
detrimento ao crescimento de outros de alface crespa na maioria dos países cipais regiões produtoras, é a Vanda da
tipos varietais. é de coloração verde escuro e que não empresa Sakata. Sua principal vantagem
Uma das grandes mudanças na alfa- tem preferência no mercado nacional. tem sido o ciclo rápido, resistência a
cicultura brasileira nas últimas décadas O uso da alface tipo crespa como pre- LMV e porte grande da planta o que
foi a adoção da alface crespa tipo ’Grand ferência no Brasil é um fato único em tem possibilitado boa aceitação pelo
Rapids’ em detrimento da tradicional relação à alfacicultura mundial (Costa mercado do produtor, principalmente
tipo lisa. A mudança da alface lisa do & Sala, 2005). nas regiões onde o problema de LMV é
tipo Regina para o tipo crespa ocorreu O segmento de alface crespa no endêmico como na região de Campinas-
tanto pelo mercado do alfacicultor como Brasil vem liderando nos últimos 10 -SP.
pelo consumidor. No final da década anos, graças às grandes contribuições Outra mudança importante que tem
de 90 a porcentagem de alface crespa do melhoramento genético visando ocorrido no Brasil quanto ao segmento
comercializada pela Ceagesp em São pendoamento lento, característica fun- varietal de alface tem sido a crescente
Paulo ultrapassou o tipo lisa. Atualmen- damental para o cultivo de verão ou em aceitação pelo mercado consumidor da
te, o segmento de alface crespa domina áreas com temperaturas elevadas. Assim alface americana. Até início da década
o mercado na cidade de São Paulo com a partir da ’Grand Rapids’ houve uma de 80 esse tipo de alface era praticamen-
aproximadamente 53% (Figura 1). seqüência de mudanças varietais para te desconhecido da maioria do público
O cultivo da alface crespa no Brasil outras cultivares como Brisa, Verônica consumidor, sendo que sua produção era
começou com uma cultivar centenária e, posteriormente Vera. Essas duas ul- concentrada numa determinada época
conhecida como Grand Rapids. ’Grand timas cultivares foram desenvolvidas e do ano em algumas áreas do cinturão
Rapids’ originou-se no século XIX na lançadas nos anos 90 (Della Vecchia et verde de São Paulo. No Brasil, os pri-
região de Michigan, nos EUA. Origi- al., 1999). ’Verônica’ e ’Vera’ foram as meiros relatos de seu cultivo são entre
nalmente essa cultivar foi desenvolvida cultivares líderes de mercado por mais o final da década de 60 e início de 70
e destinada para produção em hortas de uma década no Brasil. com os ensaios varietais desenvolvidos

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no Instituto Agronômico de Campinas tores têm optado por novas técnicas de cada e não picada, como é exigida pelos
(Bernardi, 1969; Bernardi & Igui, 1973). cultivo, associados ao uso de cultivares americanos. Essas cultivares atendem
A partir do início dos anos 90, a mais adaptadas. Especificamente para essa demanda que não implica na neces-
demanda e o mercado de alface ame- o segmento de fast food, a tecnologia sidade de formação de cabeça compacta,
ricana no país começaram a aumentar. de produção e pós-colheita, tem sido o que é incompatível com o período
A análise da série histórica de comer- uma das mais avançadas no cultivo chuvoso nas principais regiões produ-
cialização no Entreposto Terminal de dessa folhosa com uso de cobertura de toras do país. Inclusive no verão, essas
São Paulo, para o período 1995-2010, plástico (túnel baixo), fertirrigação por cultivares são colhidas pelo produtor
mostra isso com clareza. O consumo de gotejamento, refrigeração do produto com apenas 40 dias após o transplante,
alface do tipo americana passou de 9% pós-colheita até a fase de processamen- sem a formação de cabeça.
em 1995, para mais de 34%, em 2010. to, uso do mulching e de cultivares com Os demais segmentos de alface
Ressalte-se que até o final da década cabeça compacta para permitir que suas tais como mimosa, romana e vermelha
de 80 o consumo deste segmento não folhas sejam picadas. tem tido uma expressão de cultivo e
representava nem 1% do total de alfaces A culinária americana tem o hábito consumo pequeno no país ao longo das
comercializadas naquele mercado. Esse de consumir alface americana picada o últimas décadas, quando comparado
crescimento deveu-se a dois fatores que explica a exigência de cabeça com- com os demais tipos. Não existem dados
principais: a) aumento das redes de pacta que permite seu corte com mais sobre o volume comercializado dessas
lanchonetes fast foods que demandavam facilidade. Muitas cultivares de alface alfaces na Ceagesp da cidade de São
por uma matéria prima desse tipo de americana foram desenvolvidas e utili- Paulo, com exceção do tipo romana
alface e b) pela maior demanda e prefe- zadas ao longo dessas ultimas décadas que variou de 0,72% em 1995 a 7,8%
rência do consumidor da classe média de plantio da alface americana no Brasil. em 2005, chegando a 1,15% em 2010
alta que já conhecia esse produto através Destaque para as cultivares Great Lakes, (Figura 1).
de viagens ao exterior. O crescimento Lorca, Raider, Raider Plus e Laurel que Existe no Brasil um mercado cres-
do consumo da alface americana se dá são caracterizadas por apresentarem ca- cente e promissor para os segmentos
pelo deslocamento das vendas tanto das beça compacta e ideais para o segmento ainda pouco explorados bem como para
alfaces do tipo crespa, quanto das do fast food. ’Laurel’ tem sido a cultivar novos tipos de alface e com grande po-
grupo das lisas. mais plantada no país nas principais tencialidade de crescimento tais como
Inicialmente, importou-se a matéria regiões produtoras, principalmente no mini alface, baby leaf, frizze e crocante.
prima utilizada pelas redes de lancho- período de temperaturas amenas. O tipo crocante foi recentemente lança-
netes porque o cultivo local não atendia Apesar dos problemas climáticos do comercialmente no país.
à demanda do mercado durante todas que limitam o plantio da alface ameri- O segmento de mini alface, frizze
as épocas do ano. Já naquela época, cana no período chuvoso, desde 1993 o e baby leaf, são nichos de mercado
o grande desafio foi encontrar uma cultivo da alface americana foi viabili- que tem despertado interesse de alguns
cultivar mais adaptada aos meses de zado graças ao notável comportamento produtores e principalmente, dos con-
temperaturas e pluviosidades elevadas. da cultivar Lucy Brown no verão (Costa sumidores de maior poder aquisitivo.
A alface americana é uma criação & Sala, 2005). Destacou-se pela sua Em alguns restaurantes, os chefes de
do agronegócio da alfacicultura norte extraordinária adaptabilidade durante 17 cozinha têm usado esses tipos de alfaces
americana. Sua tecnologia de produ- sucessivos cultivos no verão, tendo sido para proporcionar um toque de requinte
ção, melhoramento e desenvolvimento uma das mais viáveis entre dezenas de e originalidade em saladas exclusivas
varietal foram adaptados para o cultivo outras alfaces americanas, oriundas de ou gourmets (Purquerio & Melo, 2011).
em regiões de temperatura amena, au- programas de melhoramento genético As cultivares de mini alface apre-
sência de pluviosidade e sem pressão de internacional. Outra cultivar com exce- sentam um tamanho reduzido em
doenças foliares do clima mediterrâneo lente comportamento no cultivo de ele- comparação às cultivares de versões
e semi-árido da Califórnia e Arizona, vada pluviosidade tem sido a ’Gloriosa’, similares de tamanho normal. Quase
nos EUA (Sala & Costa, 2008). desenvolvida no Brasil e considerada a todos os segmentos de alface possuem
No Brasil, as principais cultivares primeira alface americana tropicalizada o tipo mini, porém, no Brasil, tem sido
de alface americana disponíveis no (Sala & Costa, 2008). verificado o cultivo apenas do segmento
mercado apresentam limitações de cul- ’Lucy Brown’ e ‘Gloriosa’ apresen- lisa, mimosa e romana. Convém desta-
tivo em determinadas regiões e épocas tam como principais características, que car que o preço da semente peletizada é
de plantio. O pendoamento precoce, as diferenciam das demais cultivares significativamente maior que das alfa-
devido a temperaturas elevadas, afeta a americanas, a precocidade, a boa co- ces de tamanho padrão. No Brasil, são
formação de cabeça e a alta pluviosidade bertura foliar que protege a cabeça do poucos os produtores que produzem esse
tem limitado seu cultivo no período de excesso de sol e garante seu transporte e segmento de alface, pois seu cultivo tem
verão devido a perdas ocasionadas por manuseio durante sua comercialização e sido restrito a parcerias de trabalho com
doenças fúngicas e bacterianas. a formação de cabeça não compacta. O contrato de exclusividade. Além disso,
Para atender a demanda crescente consumidor brasileiro tem preferência a comercialização do produto feito pelo
da alface americana no país, os produ- pelas folhas de alface americana desta- produtor, vem atrelada à própria marca

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FC Sala & CP Costa

folhas mais alongadas, limbo foliar mais


60 estreito, folhas mais espessas e nervura
central mais grossa. Entretanto, não
50
tem sido verificado entre os produtores
40 Crespa do país, o uso de cultivares específicas
Americana dessa folhosa para baby leaf.
30
Lisa O segmento de alface crocante tem
20 Romana sido uma inovação para a alfacicultura
brasileira e foi lançado comercialmente
10 no mercado no final de 2010 por duas
empresas do setor sementeiro que atuam
0
no Brasil (Seminis-Monsanto e Tecnoseed).
1995 2000 2005 2010
Desenvolvida pelo melhorista Dr. Cyro
Paulino da Costa, trata-se de um tipo
Figura 1. Porcentagem do volume de diferentes tipos de alface comercializados pela
CEAGESP, na cidade de São Paulo, na média de cada 5 anos de 1990 a 2010 (percentage inovador como um novo conceito e que
of the volume of different types of lettuce commercialized by CEAGESP, in São Paulo, in mescla características de alface crespa
average of each 5 years from 1990 to 2010). São Paulo, CEAGESP, 1990 a 2010. com as qualidades da alface americana.
Destaca-se por apresentar folhas
com textura e crocância equivalente a
20 da americana e flabeladas como a do
tipo crespa. Suas folhas são de coloração
verde claro típica das crespas conven-
cionais e com ondulações nos bordos
15
Crespa foliares. Com isso, há possibilidade
Americana
de aproveitamento superior a 80% das
folhas. Já na americana, descarta-se
10 Lisa
cerca de 60% das folhas por ser de
Vermelha coloração verde escura e indesejável
Outras para processamento. ’Crocante’ não
5 forma cabeça no verão, como a alface
americana e é uma de suas vantagens
no cultivo de verão quando as perdas
0 pelos alfacicultores são elevadas. Con-
2000 2001 2002 2006 2007 2009 siderada uma cultivar tropicalizada e
de pendoamento lento, é recomendada
Figura 2. Volume (t) de semente nua de diferentes tipos de alface comercializada pelas em- para cultivo no verão em pleno campo
presas de sementes no Brasil em seis anos, do ano 2000 a 2009 (volume (t) of naked seeds no sistema convencional de canteiros,
of different types of lettuce commercialized by the seed companies in Brazil in six years, cultivo protegido e hidropônico, des-
from 2000 to 2009). Brasil, ABCSEM, 2000 a 2009. tacando com superioridade em relação
às crespas convencionais. Seu maior
período vegetativo sem pendoamento
da empresa em que se adquire a semente. chicória, beterraba, repolho) com folhas permite o cultivo em cinturões verdes de
A alface frizze também pode ser de diferentes formatos, cores, textura e muitas áreas urbanas tropicais do Brasil
classificada como uma mini alface sabores. A vantagem do baby leaf é sua e que não dispõem de clima de altitude
devido seu tamanho reduzido em com- praticidade, já que o produto é embalado acima de 800 m.
paração à alface de tamanho normal. devidamente sanitizado, pronto para ser No Brasil, existe uma tendência
Apresentam folhas com limbo foliar consumido e requer cuidados especiais da alfacicultura para o crescimento do
bastante repicado sendo bem distinto na fase de desenvolvimento do cultivo consumo de folhosas já processadas e
da alface crespa. No Brasil, apenas e na pós-colheita. Entretanto, a alface embaladas, comum em países da Europa
uma empresa comercializa esse tipo de baby tem sido comercializada no varejo e EUA. Atualmente, essa demanda é
alface cujo valor da semente é de alto por um preço muito elevado e restrito a atendida com o uso da alface americana,
valor agregado. consumidores de alto poder aquisitivo apresentando folhas de textura grossa e
No mercado de baby leaf, as folhas (Purquerio & Melo, 2011). O conceito ideal para esse mercado. Entretanto, esse
jovens da alface podem ser comercia- de baby leaf para alface não se baseia tipo varietal apresenta muitas limitações
lizadas de forma individualizada ou apenas na colheita antecipada das folhas. no cultivo de verão, conforme já descrito
encontrada na forma de uma mescla com Existem cultivares específicas para essa anteriormente.
diversas espécies de hortaliças (rúcula, finalidade de cultivo e que apresentam A alface Crocante é uma contribuição

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da genética brasileira e visa preencher


1.800.000 a demanda de cultivares tropicalizadas
1.600.000 e adaptadas para nossa alfacicultura.
1.400.000 Contribuirá para o crescente mercado
Crespa e demanda de folhosas higienizadas e
1.200.000
Americana com embalagens apropriadas nos gran-
1.000.000
Lisa des centros consumidores. ’Crocante’
800.000
Vermelha é considerada a primeira alface Longa
600.000
Outras Vida do Brasil. Convém ressaltar que o
400.000 conceito de uma alface de folha espessa
200.000 e sem formação de cabeça já tinha sido
0 proposto pelo Prof. Dr. Marcílio de
2000 2001 2002 2007 2009 Souza Dias com o lançamento da alface
Gorga em 1966 pela ESALQ (dados
Figura 3. Volume em milheiros (MX) de semente peletizada de diferentes tipos de alface não publicados). ‘Gorga’ é considerada
comercializada pelas empresas de sementes no Brasil, em cinco anos, do ano 2000 a 2009 a primeira alface de origem brasileira
(volume in milheiros (MX) of pelleted seeds of different lettuce types commercialized by e que atendeu essas características de
the companies of seeds in Brazil, during five years, from 2000 to 2009). Brasil, ABCSEM,
folhas espessa associada à crocância.
2000 a 2009.
Entretanto, apresentava formação de
cabeça (não compacta), como a do tipo
batávia e coloração verde escura o que
2.000.000 não permitiu expansão de cultivo no
país.
Desde o século passado, muitas
1.500.000
Crespa mudanças e quebra de paradigmas vêm
Americana ocorrendo no setor produtivo dessa
1.000.000 Lisa folhosa quanto aos segmentos varietais
Vermelha predominantes no país. A experiência
Outras bem sucedida do cultivo da alface
500.000
Regina, sem a formação de cabeça, foi
o primeiro exemplo de sucesso e que
0 permitiu o cultivo da alface no período
2000 2001 2002 2007 2009 de verão, sob elevada pluviosidade.
Posteriormente, a liderança do cultivo
Figura 4. Valor (U$) do mercado de semente nua de diferentes tipos de alface para cinco da alface crespa, desde início do pre-
anos, de 2000 a 2009 no Brasil (value (U$) of the market of naked seeds of different lettuce sente século, vem demonstrando que
types during five years, from 2000 to 2009 in Brazil). Brasil, ABCSEM, 2000 a 2009. uma planta sem formação de cabeça
associada com folhas flabeladas, tem
sido um dos mais importantes fatores
6.000.000
que contribuiu em manter o agronegócio
5.000.000 da alfacicultura no cultivo de verão em
campo aberto. O agronegócio da alface
Crespa
4.000.000 americana com formação de cabeça
Americana
compacta e cultivada na região sudeste
3.000.000 Lisa
no período de verão é impraticável,
Vermelha
2.000.000 devido a elevadas perdas. Com isso, o
Outras
surgimento de novas cultivares como
1.000.000 as características do tipo crocante que
0 associam a praticidade da alface cres-
2000 2001 2002 2006 2007 2009 pa com a crocância e sabor da alface
americana pode contribuir com essa de-
Figura 5. Valor (U$) do mercado de sementes peletizadas de diferentes tipos de alface no manda por novos produtos e cultivares
Brasil para seis anos, de 2000 a 2009 (value (U$) of the market of pelleted seeds of different tropicalizados para dar sustentabilidade
lettuce types in Brazil in six years, from 2000 to 2009). Brasil, ABCSEM, 2000 a 2009. à alfacicultura brasileira.

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FC Sala & CP Costa

Mercado sementeiro de alface nos ção da tecnologia do uso da semente Apesar do volume total de sementes
últimos 10 anos no Brasil peletizada e que facilitou a produção de nuas comercializadas da alface crespa
Até meados da década de 80, a pro- mudas em bandejas. Entre as mudanças ter diminuído bastante a partir de 2002
dução de alface foi baseada na utilização implantadas no cultivo da alface, a (Figura 2), houve aumento no valor do
de mudas de raízes nuas produzidas tecnologia de produção de mudas com mercado dessa semente ao longo desses
através da semeadura em canteiros e uso de semente peletizada, bandejas e anos (Figura 4). No ano 2000, o valor
posterior transplante para o local defi- substrato é uma das mais importantes de venda da semente de alface crespa
nitivo. Esse sistema requeria um cultivo (Costa & Sala, 2005). foi de U$ 385.073,00 para um volume
intensivo e o insumo semente utilizado O uso da semente peletizada de de 13 t de semente, enquanto que em
era do tipo nua. Recomendava-se na alface apresenta como vantagens à se- 2009 houve um valor de venda de U$
época até 0,5 kg de semente para im- mente nua: a) germinação antecipada, 1.971.307,00, mais de cinco vezes supe-
plantação de um hectare de alface. b) favorecimento da semeadura devido rior, para um volume menor de semente
Segundo dados da Associação Brasi- ao maior tamanho da semente, c) elimi- com 11 t.
leira do Comércio de Sementes e Mudas nação da prática do desbaste e d) supe- Convém destacar que o uso de
(ABCSEM, 2011), para alguns anos ração da dormência no cultivo de verão sementes peletizadas agregou valor
da presente década, a quantidade de com o uso do priming. Essas vantagens ao mercado sementeiro de alface para
semente nua comercializada pelo setor conferidas pela semente peletizada pos- as empresas do setor. Tem sido uma
sementeiro foi variável em função do sibilitaram um aumento na demanda do tendência de essas empresas optarem
segmento varietal. Houve um aumento volume de pelets comercializado pelas por trabalhar com sementes de elevado
significativo no volume de semente nua empresas do setor, principalmente para valor agregado associado a técnicas
comercializada durante os anos de 2000, os segmentos de alface crespa e ameri- de peletização e priming de sementes,
2001 e 2002 para o segmento crespo (13, cana (Figura 3). como no caso da alface. Comparando
14 e 20 t), lisa (7, 11 e 12 t) e americana No ano 2000, comercializaram-se os valores do mercado de semente
(2, 3 e 4 t), respectivamente. A partir 879.844 e 245.106 milheiros de pelets peletizada de alface crespa, passou de
do ano de 2002, esses tipos varietais para as alfaces crespa e americana, U$ 847.760,00 no ano 2000 para U$
apresentaram uma redução no volume respectivamente. Observou-se aumento 5.140.344,00 milhões em 2009. Com-
de semente comercializada (Figura 2). constante no número de pelets comer- portamento semelhante ocorreu com a
Para semente nua de alface crespa, o cializados até o ano de 2009 para essas alface americana cujo aumento do valor
volume passou de 20 t em 2002 para 10 alfaces. Alface crespa teve aumento de comercializado foi superior a dez vezes,
t em 2007. Redução semelhante ocorreu aproximadamente 100% no volume de U$ 351.887,00 (ano 2000) para U$
com a alface lisa, em que das 12 t co- comercializado (1.747.717 milheiros). 3.886.489,00 milhões (Figuras 4 e 5).
mercializadas em 2002 houve redução Destaque para alface americana cujo Em 2009, o mercado sementeiro des-
para 7 t após cinco anos (2007). A alface aumento em nove anos foi superior a sa folhosa foi de U$ 4.193.281,00 para
americana também reduziu o volume de 300%, chegando a 825.879 milheiros. semente nua e de U$ 10.864.123,00 para
semente comercializado de 4 t (2002 e Não houve muita variação do volume semente peletizada. Em 2009 a semente
2006) para 2 t em 2007 (Figura 2). comercializado para alface lisa (Figura peletizada correspondeu a mais de 72%
A grande demanda por semente nua 3). do mercado de semente.
de alface no país tem sido para o merca- O volume total de pelets de todos os O valor do milheiro da semente
do consumidor que tem preferência de segmentos de alface e comercializado peletizada praticado no mercado pelas
semente comercializada em pacotinhos pelas empresas sementeiras do setor no empresas do setor foi bastante variável
para uso em hortas caseiras além de ano de 2009 foi de 3.179.485 milheiros. nessa década. Em 2000, o milheiro de
latas para o mercado profissional. A Considerando que para implantação de alface crespa custava apenas U$ 0,96
maior demanda desse tipo de semente 1 hectare de alface, utiliza-se cerca de enquanto da alface americana U$ 1,43.
tem sido na Região Sul do país devido à 85 milheiros de pelets (tipo crespo, lisa, Após nove anos, houve um aumento
tradição cultural da produção doméstica vermelha e outras) e 75 milheiros para superior a três vezes ao do início da dé-
de hortaliças. o tipo americana, estima-se que a área cada. A semente de alface peletizada do
A partir de 1982, com aumento a par- cultivada de alface no Brasil, usando se- tipo crespa custou ao produtor U$ 2,90,
tir de 1985, foi introduzido o sistema de mente peletizada, no ano de 2009 foi de enquanto a do tipo americana cerca de
bandeja de poliestireno expandido com 39.112 hectares. Convém destacar que U$ 4,70. O segmento de alface vermelha
a produção de mudas em ambiente pro- para essa área de cultivo, considerou-se também apresenta uma semente peleti-
tegido com o surgimento dos viveiristas, apenas o volume de pelets comerciali- zada de valor agregado, semelhante à
fato inédito no Brasil (Minami, 2010). zado no país em 2009. Não se levaram alface americana.
Com essa pratica de individualização e em consideração a porcentagem de Tendências para o agronegócio da
recipientização das mudas, a quantidade germinação da semente, demais perdas alface no Brasil
de semente nua utilizada para produção ao longo do processo produtivo dessa Importantes mudanças poderão
de mudas, diminuiu consideravelmente. folhosa bem como o volume de semente ocorrer no agronegócio da alfacicultura
Concomitantemente, houve a introdu- nua utilizada para seu plantio. no Brasil e são destacadas a seguir:

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Retrospectiva e tendência da alfacicultura brasileira

Surgimento de novas tipologias de crescimento e expansão desse setor. ções climáticas de verão com elevada
alface e aumento da importância de Grande parte da alface oferecida no país pluviosidade e resistência às principais
tipos pouco explorados - existem cerca vem sendo comercializada em caixas de doenças, vem permitindo o cultivo
de seis tipos varietais (crespa, lisa, ame- madeira (com 12 unidades para ameri- dessas cultivares pelos produtores e
ricana, mimosa, romana e vermelha) de cana até 24 a 60 unidades para crespa e contribuindo para dar sustentabilidade
alface predominantes no cultivo dessa demais tipos). Praticamente não existe à alfacicultura. Além disso, a proteção
folhosa no país e que atendem a grande sistema de refrigeração para manter a das cultivares (PVP) junto ao Serviço
demanda do mercado consumidor. qualidade dessa alface, desde a colheita Nacional de Proteção de Cultivares
A tendência será uma maior seg- até o consumidor final. A comercializa- (SNPC) do Ministério da Agricultura
mentação deste mercado através do ção da alface higienizada e com emba- tem estimulado as empresas e insti-
surgimento de novos tipos varietais lagens apropriadas e aliadas à cadeia de tuições investirem nesses programas.
inexplorados no mercado consumidor e frio ao longo do processo pós-colheita Atualmente, destacamos os programas
produtor, bem como o aumento da im- deve ser uma das principais revoluções de melhoramento dessa folhosa realiza-
portância de tipos que, atualmente, são nesse setor em longo prazo e atender a do pela Sakata, Tecnoseed e Hortec pela
de menor importância. A alface romana, grande demanda dos grandes centros iniciativa privada e as instituições públi-
apesar de seu baixo índice de plantio no consumidores. Para isso, se faz neces- cas como Universidade Federal de São
país, tem sido o segmento varietal mais sário o uso de cultivares que apresentem Carlos (UFSCar) e Unesp de Botucatu.
consumido nos EUA, com crescimento como principal característica maior Crescimento do cultivo protegido
da importância a partir da década de 90 espessura de folha, permitindo assim e hidropônico - a grande maioria da
(Ryder, 2002). Apresenta excelente tex- o melhor desempenho no processo de alface cultivada pelo produtor tem sido
tura foliar e sabor mais adocicado e tem pós-colheita e armazenamento. A alface em campo aberto, apesar das inúmeras
conquistado o paladar do consumidor crocante, por não apresentar formação perdas e limitações de cultivo no verão,
americano. Essas características nunca de cabeça e folhas espessas, atende esse conforme especificado anteriormente.
foram exploradas pelo mercado produ- perfil de demanda desse setor. Testes de Tendo em vista uma maior moderni-
tor e consumidor brasileiro. Além disso, pós-colheita indicaram uma importante zação do setor produtivo (surgimento
não há cultivares com boa adaptação de qualidade de longevidade, conservando de novos segmentos varietais, novas
cultivo durante o ano todo em nossas suas qualidades organolépticas quando cultivares e novas técnicas de cultivo)
condições de cultivo podendo ser uma mantidas por 17 dias em sacos plásticos e de distribuição, é exigido do produtor,
ótima opção para nosso mercado com e refrigerados (dados não publicados). qualidade, quantidade e principalmente
o desenvolvimento de novas cultivares Atualmente, a alface hidropônica tem regularidade de sua produção. Nesse
tropicalizadas. Outro segmento já culti- apresentado a melhor forma de comer- contexto, o cultivo de alface em ambien-
vado no país e com pouca demanda tem cialização do produto no mercado nacio- te protegido vem apresentando crescente
sido tipo frizze. Por apresentar folhas nal com a individualização do produto, adoção pelos alfacicultores em função,
de espessura mais grossa seria uma boa uso de marcas próprias e rastreabilidade. principalmente, da redução dos riscos,
opção para o mercado que demanda Melhoramento genético para tro- previsibilidade e constância da produção
plantas sem a formação de cabeça. picalização da alface - a pesquisa com no cultivo de verão. Convém destacar
Entretanto, as cultivares no mercado o melhoramento dessa folhosa tem sido uma crescente área de cultivo de alface
são de coloração verde escuro e tem globalizada e concentrada nas estações em sistema hidropônico e sob ambiente
limitado sua aceitação pelo consumidor. experimentais das multinacionais e não protegido no Brasil nos últimos anos.
O lançamento de novas cultivares desse mais no Brasil. A pesquisa de melhora- Até meados da década de 90 esse sis-
tipo com coloração verde claro e tropi- mento não tem sido mais feito nas con- tema de cultivo estava em declínio.
calizadas poderá ser uma ótima opção dições brasileiras, sistemas de cultivos Com os grandes avanços tecnológicos
para esse mercado. e para as raças peculiares de patógenos que ocorreram no setor de hidroponia
O segmento crocante, cujos primei- que ocorrem no Brasil. Essas empresas nos últimos anos, tem-se verificado
ros cultivos comerciais em maior escala adotam a estratégia de globalização da uma franca expansão. São inúmeros
tiveram início no final de 2010 tem pesquisa e não tem tido sucesso com o os produtores de campo, nas principais
demonstrado ser uma grande revolução desenvolvimento de cultivares adapta- regiões produtoras que têm aderido
para o setor, pois visa dar sustentabili- das às nossas condições de cultivo. a esse sistema de cultivo. Estima-se
dade ao cultivo de alface no período de Exemplos de sucesso têm sido obti- que na região de Piedade e Ibiúna-SP,
verão. Nos ensaios comparativos com dos com os programas de melhoramento um importante pólo produtivo dessa
a alface americana e crespa (dados não folhosa, exista cerca de 300 hectares de
de alface desenvolvidos no Brasil por
publicados) tem demonstrado excelente cultivo hidropônico com alface.
algumas empresas nacionais e algumas
comportamento. instituições de pesquisa, visando a
Diferentes formas de comercializa- obtenção e liberação de cultivares adap- AGRADECIMENTOS
ção, embalagens e armazenamento - a tadas às nossas condições de cultivo. O
comercialização de folhosa no Brasil lançamento de cultivares com tolerância À Adriana Pereira Lopes da Seção
tem sido um dos grandes gargalos ao ao pendoamento, adaptação às condi- de Economia e Desenvolvimento da

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FC Sala & CP Costa

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