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Língua Portuguesa
Interpretação de Texto....................................................................................................................................................................................... 01
Significação das palavras: sinônimos, antônimos, sentido próprio e figurado das palavras..............................................07
Ortografia Oficial.......................................................................................................................................................................... 70
Pontuação............................................................................................................................................................................................................... 14
Acentuação............................................................................................................................................................................................................. 74
Emprego das classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção
(classificação e sentido que imprime às relações entre as orações)......................................................................................17
Concordância verbal e nominal....................................................................................................................................................................... 55
Regência verbal e nominal................................................................................................................................................................................ 60
Crase......................................................................................................................................................................................................................... 68
Bibliografia Sugerida:
BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva.
Brasília, MEC/SEESP, 2008................................................................................................................................................................................. 71
BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL –1988. (Artigos 5º, 6º; 205 a 214)..................................71
BRASIL. LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança do Adolescente-ECA..................92
BRASIL. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
LDB.......................................................................................................................................................................................................................... 147
BRASIL. RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 1, DE 17 DE JUNHO DE 2004....................................................................................................... 164
Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e
Cul- tura Afro-Brasileira e Africana (anexo o Parecer CNE/CP nº 3/2004)....................................................................................164
BRASIL. RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010. Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
Educação Básica (anexo o Parecer CNE/CEB nº 7/2010)...................................................................................................................... 166
BRASIL. RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 1, DE 30 DE MAIO DE 2012. Estabelece Diretrizes Nacionais para a Educação em
Direi- tos Humanos (anexo o Parecer CNE/CP nº 8/2012).................................................................................................................. 176
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS..................................................................................................................................177
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e Protocolo Facultativo. Disponível em: \<http://cape.edu-
net.sp.gov.br/cape_arquivos/flash/5Convencao.ONU_2006.pdf\>. Acesso em: 18 jul. 2013.6.949, DE 25 DE AGOSTO DE
2009 Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo,
assinados em Nova York, em 30 de março de 2007............................................................................................................................. 178
PERRENOUD, Philippe. “10 novas competências para ensinar”. Porto Alegre. Artmed............................................................193
SUMÁRIO
PERRENOUD, Philippe. Formando Professores Profissionais, Porto Alegre. Artmed-Artes Médicas Sul, 2001 - Edição
revisada.................................................................................................................................................................................................................. 193
MOREIRA, Antonio Flávio B. (Org.) – Currículo – Questões atuais – Papirus Editora........................................................193
HOFFMANN, Jussara – Avaliação Mediadora – Editora Mediação – 2000....................................................................................198
CARVALHO, Rosita Edler. Educação Inclusiva com os Pingos nos Is. 2. ed. Porto Alegre: Mediação, 2005......................201
CORTELLA, Mário Sérgio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. Ed. São Paulo, Cortez,
2011........................................................................................................................................................................................................................ 206
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43. ed., São Paulo: Paz e Terra,
2011........................................................................................................................................................................................................................ 216
LA TAILLE, Yves. DANTAS, Heloisa e OLIVEIRA, Marta Kohl de, Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em dis-
cussão. 24. ed., São Paulo: Summus, 1992................................................................................................................................................ 221
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. UNESCO/Cortez Editora, cap. III e IV, p. 47-78, e cp.
VI, 93 -104, 2000................................................................................................................................................................................................. 226
RIOS, Terezinha Azerêdo. Ética e competência. 20. ed., São Paulo: Cortez, 2011..............................................................226
SACRISTÀN, J. Gimeno; PÉREZ GOMES, A. I. Compreender e transformar o ensino. 4. ed. Porto Alegre: ARTMED,
2000........................................................................................................................................................................................................................ 229
SAVIANI, Dermeval. Histórias das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas; Autores Associados, 2010............................229
TEIXEIRA, Anísio. A escola pública universal e gratuita. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Rio de Janeiro, v.26,
n.64, out./dez. 1956. p. 3-27........................................................................................................................................................................... 231
GROPPA, Julio – Indisciplina na escola (alternativas, teóricas e práticas) Summus Editorial............................................236
Conhecimentos Específicos
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil- 3a ed. São Paulo: Moderna 2006......01
BOURDIEU, Pierre. A Escola Conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In NOGUEIRA, M. A.; CATANI, A.
Escritos
de Educação. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1999.................................................................................................................................................... 01
FERREIRA, Naura Syria Carapeto (org). Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios. 8ª ed. São Paulo:
Cortez, 2013............................................................................................................................................................................................................. 02
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 57a ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014....................................................................................03
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, José Ferreira de Toschi; SEABRA, Mirza. Educação escolar: política, estrutura e
organização. 10a ed. São Paulo: Cortez, 2012.............................................................................................................................................. 10
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1983........................................................................................................................... 12
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar. 17a ed. São Paulo: Cortez, 2005..................................................21
PARO, Vitor. A educação, a política e a administração: reflexões sobre a prática do diretor de escola In: Educação e Pesquisa,
São Paulo, v. 36, n.3, p. 763-778, set./dez, 2010........................................................................................................................................... 25
PARO, Vitor. Diretor Escolar: educador ou gerente?. São Paulo: Cortez, 2015..................................................................................... 25
PARO, Vitor. Gestão Democrática da Escola Pública. 4a ed. São Paulo: Cortez, 2016..............................................................26
VYGOTSKY, L. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001..............................................................................26
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Inovações e Projeto Político-Pedagógico: uma relação regulatória ou emancipatória? In:
Cader- no Cedes, Campinas, v. 23, n. 61, p. 267-281.................................................................................................................................. 27
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto Político Pedagógico da escola: uma construção possível. São Paulo: Papirus, 1998.....28
MARSIGLIA, Ana Carolina Galvão. A prática pedagógica histórico-crítica na educação infantil e no ensino fundamental.
Cam- pinas, SP: Autores Associados, 2011..................................................................................................................................................... 32
MARTINS, Lígia Márcia. O desenvolvimento do psiquismo e a educação escolar: contribuições a luz da Psicologia Histórico-
-Cultural e da Pedagogia Histórico-Crítica. Campinas, SP: Autores Associados, 2013......................................................................32
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. São Paulo: Cortez; Campinas, SP: Autores Associados, 1983....................................32
SAVIANI, Dermeval. O papel do diretor de escola numa sociedade em crise. IN: Educação: do Senso Comum à
Consciência Filosófica. Coleção Educação Contemporânea. 11a edição. São Paulo: Editora Autores Associados,1996, p.206
a 209............................................................................................................................................................................................... 34
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. Campinas, SP: Autores Associados, 2011...........35
LÍNGUA PORTUGUESA
Como distinguir, na prática, a linguagem literária da 1-) Leia o trecho do poema abaixo.
não literária?
- A linguagem literária é conotativa, utiliza figuras O Poeta da Roça
(palavras de sentido figurado), em que as palavras adqui- Sou fio das mata, cantô da mão grosa
rem sentidos mais amplos do que geralmente possuem. Trabaio na roça, de inverno e de estio
- Na linguagem literária há uma preocupação com a A minha chupana é tapada de barro
escolha e a disposição das palavras, que acabam dando Só fumo cigarro de paia de mio.
vida e beleza a um texto. Patativa do Assaré
- Na linguagem literária é muito importante a manei-
ra original de apresentar o tema escolhido.
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1-) D
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Propensão à ira de trânsito 3-) Tomando por base as informações contidas no tex-
to, é correto afirmar que
Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente (A) os comportamentos de disputa ao volante aconte-
perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais cem à medida que os motoristas se envolvem em decisões
se- guro do mundo, existem muitas variáveis de risco no conscientes.
trân- sito, como clima, acidentes de trânsito e obras nas (B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são cau-
ruas. E com relação a todas as outras pessoas nas ruas? sadas pela constante preocupação dos motoristas com o
Algumas aspecto comunitário do ato de dirigir.
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LÍNGUA PORTUGUESA
(TRF 3ª região/2014) Para responder às questões de (TRF 3ª região/2014) Atenção: Para responder às
números 6 e 7 considere o texto abaixo. ques- tões de números 8 a 10 considere o texto abaixo.
Toda ficção científica, de Metrópolis ao Senhor dos Texto I
anéis, baseia-se, essencialmente, no que está acontecen- O canto das sereias é uma imagem que remonta às
do no mundo no momento em que o filme foi feito. Não mais luminosas fontes da mitologia e da literatura gregas.
no futuro ou numa galáxia distante, muitos e muitos anos As versões da fábula variam, mas o sentido geral da trama
atrás, mas agora mesmo, no presente, simbolizado em é comum.
pro- jeções que nos confortam e tranquilizam ao nos As sereias eram criaturas sobre-humanas. Ninfas de
oferecer uma adequada distância de tempo e espaço. extraordinária beleza, viviam sozinhas numa ilha do Medi-
Na ficção científica, a sociedade se permite sonhar terrâneo, mas tinham o dom de chamar a si os
seus piores problemas: desumanização, superpopulação, navegantes, graças ao irresistível poder de sedução do seu
totali- tarismo, loucura, fome, epidemias. Não se imita a canto. Atraí- dos por aquela melodia divina, os navios
realida- de, mas imagina-se, sonha-se, cria-se outra batiam nos recifes submersos da beira-mar e
realidade onde possamos colocar e resolver no plano da naufragavam. As sereias então devoravam
imaginação tudo o que nos incomoda no cotidiano. O impiedosamente os tripulantes.
elemento essencial para guiar a lógica interna do gênero,
Doce o caminho, amargo o fim. Como escapar com
cuja quebra implica o fim da magia, é a ciência. Por isso,
vida do canto das sereias? A literatura grega registra duas
tecnologia é essen- cial ao gênero. Parte do poder desse
soluções vitoriosas. Uma delas foi a saída encontrada por
tipo de magia cine- matográfica está em concretizar,
Orfeu, o incomparável gênio da música e da poesia.
diante dos nossos olhos, objetos possíveis, mas
Quando a embarcação na qual ele navegava entrou
inexistentes: carros voadores, robôs inteligentes. Como
inadvertidamente no raio de ação das sereias, ele conse-
parte dessas coisas imaginadas acaba se tornando
guiu impedir a tripulação de perder a cabeça tocando
realidade, o gênero reforça a sensação de que estamos
vendo na tela projeções das nossas possibilidades uma música ainda mais sublime do que aquela que vinha
coletivas futuras. da ilha. O navio atravessou incólume a zona de perigo.
(Adaptado de: BAHIANA, Ana Maria. Como ver um fil- A outra solução foi a de Ulisses. Sua principal arma
me. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012. formato ebook.) para vencer as sereias foi o reconhecimento franco e cora-
joso da sua fraqueza e da sua falibilidade − a aceitação
dos seus inescapáveis limites humanos.
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Polissemia
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica,
ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma in-
Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
terpretação. Para fazer a interpretação correta é muito im-
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
portante saber qual o contexto em que a frase é proferida.
um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção
mas que abarca um grande número de significados
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo,
dentro de seu próprio campo semântico.
comicidade. Repare na figura abaixo:
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se
em consideração as situações de aplicabilidade. Há uma
infinidade de exemplos em que podemos verificar a ocor-
rência da polissemia:
O rapaz é um tremendo
gato. O gato do vizinho é
peralta.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
sobrevivência
O passarinho foi atingido no bico.
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* Observação da Zê!
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já
que, na ordem direta, teríamos:
“As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado re-
tumbante de um povo heroico”.
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A) metonímia
B) prosopopeia
C) hipérbole
D) eufemismo
E) onomatopeia
2-) “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar algu-
ma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da tirinha, é utilizada a expressão “deram suas vidas por nós” no
lugar de “que morreram por nós”.
RESPOSTA: “D”.
O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de lingua-
gem. O autor do texto refere-se a qual figura de linguagem?
A) Eufemismo.
B) Hipérbole.
C) Paradoxo.
D) Metonímia.
E) Hipérbato.
3-) A expressão é um exagero! Ela serve apenas para representar o calor excessivo que está fazendo. A figura que é
utilizada “mil vezes” (!) para atingir tal objetivo é a hipérbole.
RESPOSTA: “B”.
PONTUAÇÃO.
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem para compor a coesão e a coerência textual, além de
ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Um texto escrito adquire diferentes significados quando pontuado
de formas diversificadas. O uso da pontuação depende, em certos momentos, da intenção do autor do discurso. Assim,
os sinais de pontuação estão diretamente relacionados ao contexto e ao interlocutor.
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- Para isolar:
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasi-
leira, possui um trânsito caótico.
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
Observações:
- Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres-
são latina et cetera, que significa “e outras coisas”, seria
dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o
acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empre-
guemos etc. precedido de vírgula: Falamos de política, fu- (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014) Se-
tebol, lazer, etc. gundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pontua-
ção está correta em:
- As perguntas que denotam surpresa podem ter A) Hagar disse, que não iria.
combinados o ponto de interrogação e o de exclamação: B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir,
Você falou isso para ela?! bifes e lagostas, aos vizinhos.
C) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas:
- Temos, ainda, sinais distintivos: para Hagar e Helga
1-) a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa- D) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse,
ração de siglas (IOF/UPC); Hagar à Helga.
2-) os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas E) Helga chegou com o recado: fomos convidados,
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção pelos Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
aos parênteses, principalmente na matemática;
3-) o asterisco ( * ) = usado para remeter o leitor a 1-) Correções realizadas:
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um A) Hagar disse que não iria. = não há vírgula entre
nome que não se quer mencionar.
verbo e seu complemento (objeto)
B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir bi-
Fontes de pesquisa:
fes e lagostas aos vizinhos. = não há vírgula entre verbo e
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
seu complemento (objeto)
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-vir-
C) Chegou o convite dos Stevensens: bife e lagostas
gula.htm
para Hagar e Helga.
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São D) “Eles são chatos e nunca param de falar”, disse Ha-
Paulo: Saraiva, 2010. gar à Helga.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa E) Helga chegou com o recado: fomos convidados,
Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. pelos Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
RESPOSTA: “E”.
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* Observação: nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado. Por exem-
plo: Vi as alunas da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando como
adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos subs-
tantivos, classificam-se em:
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Biformes - têm duas formas, sendo uma para o mas- mentos flexionados: crianças surdas-mudas.
culino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no
fe- minino somente o último elemento: o moço norte-
america- no, a moça norte-americana.
simples
Adjetivo Composto
* Observação:
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, ves-
tidos cor-de-rosa.
- O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele-
Grau do Adjetivo Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe-
in- tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do rior, grande/maior, baixo/inferior.
adje- tivo: o comparativo e o superlativo. Observe que:
a) As formas menor e pior são comparativos de su-
Comparativo perioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau,
respectivamente.
Nesse grau, comparam-se a mesma característica b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
atri- buída a dois ou mais seres ou duas ou mais (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações
característi- cas atribuídas ao mesmo ser. O feitas entre duas qualidades de um mesmo elemento, de-
comparativo pode ser de igualdade, de superioridade ve-se usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais
ou de inferioridade. grande e mais pequeno. Por exemplo:
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois
Sou tão alto como você. = Comparativo de elementos.
Igualdade No comparativo de igualdade, o segundo Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
termo da comparação é introduzido pelas palavras duas qualidades de um mesmo elemento.
como, quanto ou
quão. Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-
ferioridade
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Sou menos passivo (do) que tolerante.
Supe- rioridade Analítico
No comparativo de superioridade analítico, entre Superlativo
os dois substantivos comparados, um tem qualidade
supe- rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a O superlativo expressa qualidades num grau muito
“mais... do que” ou “mais...que”. elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou relati-
vo e apresenta as seguintes modalidades:
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade
Su- perioridade Sintético de um ser é intensificada, sem relação com outros seres.
Apresenta-se nas formas:
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Numeral
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
Numeral é a palavra variável que indica quantidade
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
triplas do medicamento.
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter-
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
minada sequência.
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
duas terças partes.
* Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
que os números indicam em relação aos seres. Assim, dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
quando a expressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
etc.) não se trata de numerais, mas sim de algarismos. nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a de sentido. É o que ocorre em frases como:
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala- “Me empresta duzentinho...”
vras consideradas numerais porque denotam quantidade, É artigo de primeiríssima qualidade!
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década, O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
dúzia, par, ambos(as), novena. segunda divisão de futebol)
Classificação dos Numerais Emprego e Leitura dos Numerais
- Cardinais: indicam quantidade exata ou determina- - Os numerais são escritos em conjunto de três alga-
da de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais têm rismos, contados da direita para a esquerda, em forma de
sentido coletivo, como por exemplo: século, par, dúzia, dé- centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma
cada, bimestre. separação através de ponto ou espaço correspondente a
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456.
- Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém - Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
ou alguma coisa ocupa numa determinada sequência: pri- exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
meiro, segundo, centésimo, etc. conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
- No português contemporâneo, não se usa a conjun-
* Observação importante: ção “e” após “mil”, seguido de centena:
As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo, Nasci em mil novecentos e noventa e dois.
final e penúltimo também indicam posição dos seres, mas Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.
são classificadas como adjetivos, não ordinais.
* Mas, se a centena começa por “zero” ou termina
- Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou por dois zeros, usa-se o “e”:
seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc. Seu salário será de mil e quinhentos reais. (R$1.500,00)
- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi au- - Para designar papas, reis, imperadores, séculos e
mentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais
até décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o nume-
Flexão dos numerais ral venha depois do substantivo;
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- Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e
outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua utilização
exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é dispensado
caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.
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LÍNGUA PORTUGUESA
fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Preposição
Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, nor-
malmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na
estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão
do texto.
Tipos de Preposição
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja, for-
madas por uma derivação imprópria: como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
(preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente
a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gênero
ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela.
* Essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir dos processos de:
1. Combinação: união da preposição “a” com o artigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocábulos
não sofrem alteração.
2. Contração: união de uma preposição com outra palavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + o =
do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
3. Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do pronome
“aquilo”).
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* Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas lo- Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
cuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução pre- demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
positiva por trás de.
Pronomes Pessoais
Fontes de pesquisa:
http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/ São aqueles que substituem os substantivos, indi-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa cando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala
Sac- ou escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer
Cere- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala.
São Paulo: Saraiva, 2010. Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
Português: novas palavras: literatura, gramática, ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
redação ou do caso oblíquo.
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Pronome
Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
forma.
O homem julga que é superior à natureza, por isso o
homem destrói a natureza...
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* Observações:
* Note que: A forma do possessivo depende da pes-
* Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
soa gramatical a que se refere; o gênero e o número con-
tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados em
cordam com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua
relação à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª,
contribuição naquele momento difícil.
Se- nhor Ministro, compareça a este encontro.
* Observações:
** Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar
Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado,
pro- priedade. seu José.
- Os pronomes de tratamento representam uma - Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos-
forma indireta de nos dirigirmos aos nossos se. Podem ter outros empregos, como:
interlocutores. Ao tratarmos um deputado por Vossa a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à
excelência que esse deputado supostamente tem para b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
poder ocupar o cargo que ocupa. anos.
- 3.ª pessoa: embora os pronomes de tratamento diri- c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
jam-se à 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes
possessi- vos e os pronomes oblíquos empregados em - Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o
relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa. pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Excelência
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro- trouxe sua mensagem?
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao anotações.
longo do texto, a pessoa do tratamento escolhida
inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a chamar - Em algumas construções, os pronomes pessoais
alguém de “você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou se-
uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa. guir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos - O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
teus cabelos. (errado) prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, para
que não ocorra redundância: Coloque tudo nos respectivos
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei lugares.
nos seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
ou Pronomes Demonstrativos
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei
São utilizados para explicitar a posição de certa pala-
nos teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
vra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode
Pronomes Possessivos ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo *Em relação ao espaço:
(coisa possuída). - Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do pessoa que fala:
singular) Este material é meu.
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* Também aparecem como pronomes demonstrativos: Cada povo tem seus costumes.
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e Certas pessoas exercem várias profissões.
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.) * Note que: Ora são pronomes indefinidos substanti-
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te vos, ora pronomes indefinidos adjetivos:
indiquei.) algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui-
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne-
- mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam em nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal,
gênero quando têm caráter reforçativo:
tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vá-
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
rios, várias.
Eu mesma refiz os exercícios.
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Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- São aqueles que representam nomes já mencionados
riáveis e invariáveis. Observe: anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
as orações subordinadas adjetivas.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, um grupo racial sobre outros.
pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer*, (afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
alguns, ne- nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, tros = oração subordinada adjetiva).
outros, quantos, algumas, nenhumas, todas, muitas,
poucas, várias, tantas, outras, quantas. O pronome relativo “que” refere-se à palavra “siste-
ma” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a pa-
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, lavra “sistema” é antecedente do pronome relativo que.
algo, cada. O antecedente do pronome relativo pode ser o pro-
nome demonstrativo o, a, os, as.
*
Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que- Não sei o que você está querendo dizer.
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
plu- ral é feito em seu interior). expresso.
Quem casa, quer casa.
- Todo e toda no singular e junto de artigo significa
in- teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as: Observe:
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
inteira) Toda cidade está enfeitada. (= todas as quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
cidades) Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro) quantas.
Trabalho todo dia. (= todos os dias) Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, Note que:
cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer - O pronome “que” é o relativo de mais largo empre-
(que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal go, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
outra, etc. seu antecedente for um substantivo.
Cada um escolheu o vinho desejado. O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (=
Indefinidos Sistemáticos
a qual)
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
quais)
percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm as quais)
sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade - O qual, os quais, a qual e as quais são
negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e exclusivamente pronomes relativos, por isso são
algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza, utilizados didaticamen- te para verificar se palavras como
e qualquer, que generaliza. “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias
Essas oposições de sentido são muito importantes na classificações) são pronomes rela- tivos. Todos eles são
construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen- clareza ou depois de determinadas preposições:
tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o
pronomes indefinidos destacados imprimem às qual me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso,
afirmações de que fazem parte: geraria ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo,
Nada do que tem sido feito produziu qualquer visitei o sítio de minha tia, que me deixou encantado (quem
resultado prático. me deixou encantado: o sítio ou minha tia?).
Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
pessoas quaisquer. dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utili-
za-se o qual / a qual)
*Nenhum é contração de nem um, forma mais
enfática, que se refere à unidade. Repare: - O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que,
Nenhum candidato foi aprovado. e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas
Nem um candidato foi aprovado. (um, nesse caso, é deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural.
numeral)
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Substantivo Simples: é aquele formado por um úni- - Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
co elemento. se faz mediante a utilização das palavras “macho” e “fê-
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. mea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o
Veja agora: O substantivo guarda-chuva é formado por jacaré fêmea.
- Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a
dois elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha, a
composto. vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
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Formação do Feminino dos Substantivos Bifor- A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
mes masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso,
nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identi-
- Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno ficar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
- aluna. A criança chorona chamava-se João.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a A criança chorona chamava-se Maria.
ao masculino: freguês - freguesa
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino Outros substantivos sobrecomuns:
de três formas: a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma
1- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa boa criatura.
2- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
3- troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona Marcela faleceu
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* Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. - Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu-
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz -
raízes.
Gênero dos Nomes de Cidades: Com raras exceções,
nomes de cidades são femininos.
* Atenção: O plural de caráter é caracteres.
A histórica Ouro Preto.
A dinâmica São Paulo. - Os substantivos terminados em al, el, ol, ul
A acolhedora Porto Alegre. flexionam- se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal -
Uma Londres imensa e triste. quintais; cara- col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. e males, cônsul e cônsules.
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- Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além
das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:
* Importante:
- estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escre-
ver/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.
- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui)
e ir (fui, ia, vades).
- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa
das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
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Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
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Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam
- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita
no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade
já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
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Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de
adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.
(Ziraldo)
Tempos Verbais
Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.
Observação: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou
desejo. Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele
vier à loja, levará as encomendas.
Observação: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se
ele vier à loja, levará as encomendas.
** Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)
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Modo Indicativo
Presente do Indicativo
Pretérito mais-que-perfeito
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M
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Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).
1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M
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Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M
Futuro do Subjuntivo
Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número
e pessoa correspondente.
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM
Modo Imperativo
Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:
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Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.
Infinitivo Pessoal
* Observações:
- o verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) A assertiva correta quanto à conjugação verbal é:
A) Houveram eleições em outros países este ano.
B) Se eu vir você por aí, acabou.
C) Tinha chego atrasado vinte minutos.
D) Fazem três anos que não tiro férias.
E) Esse homem possue muitos bens.
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Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular: Segunda Pessoa do Plural (Vós)
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
Nem uma das que me escreveram mora aqui. Pais e filhos precisam respeitar-se.
*Quando “um dos que” vem entremeada de substan- Terceira Pessoa do Plural (Eles)
tivo, o verbo pode:
a) ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atra- Observação: quando o sujeito é composto, formado
vessa o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio que por um elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira
faça o mesmo). (ele), é possível empregar o verbo na terceira pessoa do
plural (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no
b) ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão
lugar de “tomaríeis”.
poluídos (noção de que existem outros rios na mesma
condição).
3) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
passa a existir uma nova possibilidade de concordância:
8) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
em vez de concordar no plural com a totalidade do sujei-
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
to, o verbo pode estabelecer concordância com o núcleo
Vossa Excelência está cansado? do sujeito mais próximo.
Vossas Excelências renunciarão?
Faltaram coragem e competência.
Faltou coragem e competência.
9) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se Compareceram todos os candidatos e o banca.
de acordo com o numeral. Compareceu o banca e todos os candidatos.
Deu uma hora no relógio da sala.
Deram cinco horas no relógio da sala. 4) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor-
Soam dezenove horas no relógio da praça. dância é feita no plural. Observe:
Baterão doze horas daqui a pouco. Abraçaram-se vencedor e vencido.
Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
Observação: caso o sujeito da oração seja a palavra
relógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse su- Casos Particulares
jeito.
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas. 1) Quando o sujeito composto é formado por núcleos
Soa quinze horas o relógio da matriz. sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento.
A coragem e o destemor fez dele um herói.
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2) O Verbo “Ser”
3) O Verbo “Parecer”
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo
a) Ocorre variação do verbo PARECER e não se fle-
do sujeito. xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.
Quando o sujeito ou o predicativo for: b) A variação do verbo parecer não ocorre e o infini-
tivo sofre flexão:
a)Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER As crianças parece gostarem do desenho.
concorda com a pessoa gramatical: (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho as
Ele é forte, mas não é dois. crianças)
Fernando Pessoa era vários poetas.
A esperança dos pais são eles, os filhos. Atenção: Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
CER fica no singular. Por Exemplo: As paredes parece que
b)nome de coisa e um estiver no singular e o outro no têm ouvidos. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração
plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, com o subordinada substantiva subjetiva).
que estiver no plural:
Os livros são minha paixão! Concordância Nominal
Minha paixão são os livros!
A concordância nominal se baseia na relação entre
Quando o verbo SER indicar nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles
se ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
a) horas e distâncias, concordará com a expressão adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
numérica: normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
É uma hora. termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
São quatro horas. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô- seguintes regras gerais:
metros. 1) O adjetivo concorda em gênero e número quando
se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas de-
b) datas, concordará com a palavra dia(s), que pode nunciavam o que sentia.
estar expressa ou subentendida:
Hoje é dia 26 de agosto. 2) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
Hoje são 26 de agosto. concordância pode variar. Podemos sistematizar essa fle-
xão nos seguintes casos:
c) Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade
a) Adjetivo anteposto aos substantivos:
e for seguido de palavras ou expressões como pouco, mui-
- O adjetivo concorda em gênero e número com o
to, menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no singular:
substantivo mais próximo.
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Duas semanas de férias é muito para mim.
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
d) Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo) - Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
for pronome pessoal do caso reto, com este concordará parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
o verbo. As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
No meu setor, eu sou a única mulher. Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
Aqui os adultos somos nós.
b) Adjetivo posposto aos substantivos:
Observação: sendo ambos os termos (sujeito e pre- - O adjetivo concorda com o substantivo mais pró-
dicativo) representados por pronomes pessoais, o verbo ximo ou com todos eles (assumindo a forma masculina
concorda com o pronome sujeito. plural se houver substantivo feminino e masculino).
Eu não sou ela. A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
Ela não é eu. A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
e) Quando o sujeito for uma expressão de sentido A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o
verbo SER concordará com o predicativo. Observação: os dois últimos exemplos apresentam
A grande maioria no protesto eram jovens. maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente
O resto foram atitudes imaturas. se refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo
foi flexionado no plural masculino, que é o gênero predo-
minante quando há substantivos de gêneros diferentes.
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6) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso -
função adjetiva e concorda normalmente com o nome a Quite
que se refere:
Cristina saiu só. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
Cristina e Débora saíram sós. mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
Seguem anexas as documentações requeridas.
Observação: quando a palavra “só” equivale a “so- A menina agradeceu: - Muito obrigada.
mente” ou “apenas”, tem função adverbial, ficando, por- Muito obrigadas, disseram as senhoras.
tanto, invariável: Eles só desejam ganhar presentes. Seguem inclusos os papéis solicitados.
** Dica: Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Estamos quites com nossos credores.
Se a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se de ad-
vérbio, portanto, invariável; se houver coerência com o Bastante - Caro - Barato - Longe
segundo, função de adjetivo, então varia:
Estas palavras são invariáveis quando funcionam
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
como advérbios. Concordam com o nome a que se refe-
Ele está só descansando. (apenas descansando) - ad-
rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje-
vérbio
tivos, ou numerais.
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
** Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho.
de “só”, haverá, novamente, um adjetivo: (pronome adjetivo)
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e descan- Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
sando) As casas estão caras. (adjetivo)
7) Quando um único substantivo é modificado por Achei barato este casaco. (advérbio)
dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
construções:
a) O substantivo permanece no singular e coloca-se Meio - Meia
o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura espa-
nhola e a portuguesa. a) A palavra “meio”, quando empregada como adjeti-
vo, concorda normalmente com o nome a que se refere:
b) O substantivo vai para o plural e omite-se o ar- Pedi meia porção de polentas.
tigo antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
portuguesa. b) Quando empregada como advérbio permanece in-
variável: A candidata está meio nervosa.
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LÍNGUA PORTUGUESA
1-) Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femi- Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
nino (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome
masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. (regência nominal) e seus complementos.
O pronome de tratamento é apenas a maneira de como
tratar a autoridade, não concordando com o gênero (o Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
pronome de tratamento, apenas).
RESPOSTA: “ERRADO”. A regência verbal estuda a relação que se estabelece
entre os verbos e os termos que os complementam (obje-
2-) (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos
RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR - IA- adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma regên-
DES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos destacados cia, o que corresponde à diversidade de significados que
no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no elevador”, estes verbos podem adquirir dependendo do contexto
fossem empregados, respectivamente, Esquecer e gostar, em que forem empregados.
a nova redação, de acordo com as regras sobre regência A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
ver- bal e concordância nominal prescritas pela norma- contentar.
padrão, deveria ser A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
(A) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador. agrado ou prazer”, satisfazer.
(B) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador. Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
(C) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no “agradar a alguém”.
elevador.
(D) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no
elevador.
(E) Esqueço os filmes dos quais não gosto no eleva-
dor.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Saiba que:
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
O conhecimento do uso adequado das preposições é como o verbo amar:
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência
Amo aquele rapaz. / Amo-o.
ver- bal (e também nominal). As preposições são capazes
Amo aquela moça. / Amo-a.
de modificar completamente o sentido daquilo que está
Amam aquele rapaz. / Amam-no.
sendo dito.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao
metrô. Cheguei
Observação: os pronomes lhe, lhes só acompanham
no metrô.
esses verbos para indicar posse (caso em que atuam como
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se-
adjuntos adnominais):
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
A voluntária distribuía leite às crianças. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
A voluntária distribuía leite com as crianças. reira)
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto mor)
(obje- to indireto: às crianças); na segunda, como
transitivo direto (objeto direto: crianças; com as crianças: 3-) Verbos Transitivos Indiretos
adjunto adverbial).
Os verbos transitivos indiretos são complementados
Para estudar a regência verbal, agruparemos os por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
verbos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não gem uma preposição para o estabelecimento da relação
é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de
diferentes formas em frases distintas. terceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos
1-) Verbos Intransitivos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se uti-
lizam os pronomes o, os, a, as como complementos de
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos não representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos prono-
- Chegar, Ir mes átonos lhe, lhes.
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
indicar destino ou direção são: a, para. - Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
Fui ao teatro. posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direi-
Adjunto Adverbial de Lugar tos iguais para todos.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Pedir ASPIRAR
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver,
na forma de oração subordinada substantiva) e indireto inspi- rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-
de pessoa. o)
62
LÍNGUA PORTUGUESA
ASSISTIR
IMPLICAR
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois senti-
tar assistência a, auxiliar.
dos:
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
implicavam um firme propósito.
b) ter como consequência, trazer como consequência,
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, pre-
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
senciar, estar presente, caber, pertencer.
Assistimos ao documentário.
- Como transitivo direto e indireto, significa compro-
Não assisti às últimas sessões. meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
Essa lei assiste ao inquilino. econômicas.
*No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in- * No sentido de antipatizar, ter implicância, é transiti-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de vo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa quem não trabalhasse arduamente.
conturbada cidade.
NAMORAR
CHAMAR - Sempre transitivo direto: Luísa namora Carlos há
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, dois anos.
solicitar a atenção ou a presença de.
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha- OBEDECER - DESOBEDECER
má-la. - Sempre transitivo indireto:
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. Todos obedeceram às regras.
Ninguém desobedece às leis.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere pre- *Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem
dicativo preposicionado ou não. “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.
A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário. PROCEDER
A torcida chamou o jogador de mercenário. - Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
A torcida chamou ao jogador de mercenário. cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto
- Chamar com o sentido de ter por nome é pronomi- adverbial de modo.
nal: Como você se chama? Eu me chamo Zenaide. As afirmações da testemunha procediam, não havia
como refutá-las.
CUSTAR Você procede muito mal.
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver- - Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito. sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzi-
do pela preposição “a”) é transitivo indireto.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransiti- O avião procede de Maceió.
vo ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração Procedeu-se aos exames.
reduzida de infinitivo. O delegado procederá ao inquérito.
63
LÍNGUA PORTUGUESA
- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.
ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alte-
ração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos
tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)
SIMPATIZAR - ANTIPATIZAR
Importante: A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a
preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
Regência Nominal
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que
vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo
significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes corres-
pondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).
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LÍNGUA PORTUGUESA
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de
Advérbios
Longe de Perto de
Observação: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados:
paralela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a.
Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Questões
1-) (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUNCAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue a norma culta
da língua quanto à regência verbal.
A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir.
B) Eu esqueci do seu nome.
C) Você assistiu à cena toda?
D) Ele chegou na oficina pela manhã.
E) Sempre obedeço as leis de trânsito.
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LÍNGUA PORTUGUESA
1-)
d) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se es-
A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir. = prefiro
forçou.
viajar de ônibus a dirigir
e) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu-
B) Eu esqueci do seu nome. = Eu me esqueci do seu
nidade.
nome
C) Você assistiu à cena toda? = correta
f) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
D) Ele chegou na oficina pela manhã. = Ele chegou à
2) Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
oficina pela manhã
lhe disse isso?
E) Sempre obedeço as leis de trânsito. = Sempre obe-
deço às leis de trânsito
3) Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quan-
RESPOSTA: “C”.
to se ofendem!
2-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP –
4) Orações que exprimem desejo (orações optativas):
MÉDICO LEGISTA – VUNESP/2014 - adaptada) Leia o se-
Que Deus o ajude.
guinte trecho para responder à questão.
A pesquisa encontrou um dado curioso: homens com 5) A próclise é obrigatória quando se utiliza o prono-
baixos níveis de testosterona tiveram uma resposta imu- me reto ou sujeito expresso:
nológica melhor a essa medida, similar . Eu lhe entregarei o material amanhã.
A alternativa que completa, corretamente, o texto é: Tu sabes cantar?
(A) das mulheres
(B) às mulheres Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
(C) com das mulheres verbo. A mesóclise é usada:
(D) à das mulheres
(E) ao das mulheres Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
2-) Similar significa igual; sua regência equivale à da precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
palavra “igual”: igual a quê? Similar a quem? Similar à (su- Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento
bentendido: resposta imunológica) das mulheres. em prol da paz no mundo.
RESPOSTA: “D”. Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
lizará”:
realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma pa-
lavra que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL. Veja: Não se realizará...
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
(com presença de palavra que justifique o uso de pró-
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa-
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
nharia nessa viagem).
pronomes oblíquos átonos na frase.
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
* Dica: Pronome Oblíquo é aquele que exerce a fun- A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
ção de complemento verbal (objeto). Por isso, memorize: forem possíveis:
OBlíquo = OBjeto!
1) Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
Embora na linguagem falada a colocação dos pro- Quando eu avisar, silenciem-se todos.
nomes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
devem ser observadas na linguagem escrita. 2) Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal:
Não era minha intenção machucá-la.
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
A próclise é usada: 3) Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não
se inicia período com pronome oblíquo).
1) Quando o verbo estiver precedido de palavras que Vou-me embora agora mesmo.
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: Levanto-me às 6h.
a) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
jamais, etc.: Não se desespere! 4) Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
b) Advérbios: Agora se negam a depor. no concurso, mudo-me hoje mesmo!
c) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
quem tudo! 5-) Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a
proposta fazendo-se de desentendida.
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
CRASE. ** Dica: Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a Campinas. =
Volto de Campinas. (crase pra quê?)
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)
ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especifi-
A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais cado, ocorrerá crase. Veja:
idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo Irei à Salvador de Jorge Amado.
e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as
quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se demar- * A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
cada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
qual, às quais. regente exigir complemento regido da preposição “a”.
O uso do acento indicativo de crase está condiciona- Entregamos a encomenda àquela menina.
do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal (preposição + pronome demonstrativo)
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - Iremos àquela reunião.
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o (preposição + pronome demonstrativo)
termo regido é aquele que completa o sentido do termo
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela
criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
contratada recentemente.
(preposição + pronome demonstrativo)
Após a junção da preposição com o artigo (destaca-
* A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
dos entre parênteses), temos:
verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento gra-
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata-
ve:
da recentemente.
- locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
pressas, à vontade...
O verbo referir, de acordo com sua transitividade,
classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos re- - locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura
ferimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição de...
a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o - locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.
pronome demonstrativo aquela (àquela).
* Cuidado: quando as expressões acima não exerce-
Observação importante: Alguns recursos servem de rem a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
ajuda para que possamos confirmar a ocorrência ou não Eu adoro a noite!
da crase. Eis alguns: Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
a) Substitui-se a palavra feminina por uma masculina objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a crase preposição.
está confirmada.
Os dados foram solicitados à diretora. Casos passíveis de nota:
Os dados foram solicitados ao diretor.
*a crase é facultativa diante de nomes próprios femi-
b) No caso de nomes próprios geográficos, substitui- ninos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na ex-
pressão “voltar da”, há a confirmação da crase. *também é facultativa diante de pronomes possessi-
Faremos uma visita à Bahia. vos femininos: O diretor fez referência a (à) sua empresa.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirma-
da) *facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja fica-
rá aberta até as (às) dezoito horas.
Não me esqueço da viagem a Roma.
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja- * Constata-se o uso da crase se as locuções preposi-
mais vividos. tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas,
mesmo diante de nomes masculinos: Tenho compulsão
Atenção: Nas situações em que o nome geográfico se por comprar sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV)
apresentar modificado por um adjunto adnominal, a crase
está confirmada. * Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, observamos
praias. a queima de fogos a distância.
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C ou Ç e não S e SS
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LÍNGUA PORTUGUESA
O fonema z
O fonema ch
S e não Z
X e não CH
sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi,
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês,
xucro.
freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese,
lagar- tixa.
metamor- fose.
depois de ditongo: frouxo, feixe.
formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,
depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
qui- seste.
nomes derivados de verbos com radicais terminados
Exceção: quando a palavra de origem não derive de
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
empresa / difundir – difusão.
CH e não X
diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
Lui- sinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi,
após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
verbos derivados de nomes cujo radical termina com
“s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pesquisar.
As letras “e” e “i”
Z e não S Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com
“i”, só o ditongo interno cãibra.
sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de
verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
adjetivo:
escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escrevemos com
macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza. “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói,
sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- possui, contribui.
gem não termine com s): final - finalizar / concreto – con-
cretizar. * Atenção para as palavras que mudam de sentido
consoante de ligação se o radical não terminar com quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área
“s”:
(super- fície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal (expandir)
/ emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estân-
Exceção: lápis + inho – lapisinho. cia, que anda a pé), pião (brinquedo).
O fonema j * Dica:
- Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto-
G e não J grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar o
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP),
palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
ela- borado pela Academia Brasileira de Letras. É uma
ges- obra de referência até mesmo para a criação de
so. dicionários, pois traz a grafia atualizada das palavras (sem
estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. o significado). Na Internet, o endereço é
terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pou- www.academia.org.br.
cas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge.
Informações importantes
Exceção: pajem. - Formas variantes são formas duplas ou múltiplas,
equivalentes: aluguel/aluguer, relampejar/relampear/re-
terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, lampar/relampadar.
litígio, relógio, refúgio. - Os símbolos das unidades de medida são escritos
verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
mugir. plu- ral, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur- 20km, 120km/h.
gir.
depois da letra “a”, desde que não seja radical Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
termina- do com j: ágil, agente. - Na indicação de horas, minutos e segundos, não
deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
J e não G 22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três
minutos e trinta e quatro segundos).
palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. - O símbolo do real antecede o número sem espaço:
palavras de origem árabe, africana ou exótica: R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
jiboia, manjerona. vertical ($).
palavras terminadas com aje: ultraje.
71
LÍNGUA PORTUGUESA
Fontes de pesquisa:
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or- 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se,
tografia abra- ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sac- coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático,
Cere- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – geo--história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar,
São Paulo: Saraiva, 2010. super-homem.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo
termina com a mesma vogal do segundo elemento:
Hífen micro-
-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
para ligar os elementos de palavras compostas (como ex- ** O hífen é suprimido quando para formar outros ter-
presi- dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para
fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de uma Lembrete da Zê!
linha, se- parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; Ao separar palavras na translineação (mudança de li-
compa-/nheiro). nha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por
hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei
Uso do hífen que continua depois da Reforma Or- anti-
tográfica: -inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na próxima
linha escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as linhas).
1. Em palavras compostas por justaposição que
formam uma unidade semântica, ou seja, nos termos que Não se emprega o hífen:
se unem para formarem um novo significado: tio-avô,
porto-ale- grense, luso-brasileiro, tenente-coronel, 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
segunda- -fei- ra, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
primeiro-ministro, azul-escuro. “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes:
antir- religioso, contrarregra, infrassom, microssistema,
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e minissaia, microrradiografia, etc.
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora-
-menina, erva-doce, feijão-verde. 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re- vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação,
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, autoes- trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual,
recém- autoes- cola, infraestrutura, etc.
-casado.
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu- “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” inicial: de-
mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo sumano, inábil, desabilitar, etc.
uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-
de- 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
-meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará. o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
coobriga- ção, coordenar, coocupante, coautor, coedição,
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- coexistir, etc.
-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram
etc. noção de composição: pontapé, girassol, paraquedas,
paraquedis- ta, etc.
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
per- quando associados com outro termo que é iniciado 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”:
por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc. benfei- to, benquerer, benquerido, etc.
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex- - Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas corres-
diretor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. pondentes átonas, aglutinam-se com o elemento
seguinte, não havendo hífen: pospor, predeterminar,
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: predeterminado, pressuposto, propor.
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. - Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
-humano, super-realista, alto-mar.
72
LÍNGUA PORTUGUESA
Fontes de pesquisa:
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sac- coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Questões
73
LÍNGUA PORTUGUESA
Palavras oxítonas:
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”,
“e”, “o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s)
Quanto à acentuação, observamos que algumas pala- – ci- pó(s) – Belém.
vras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora se
dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. Por Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
isso, vamos às regras! - Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
Regras básicas – Acentuação tônica
- Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
A acentuação tônica está relacionada à intensidade seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
com que são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela
que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se como Paroxítonas:
sí- laba tônica. As demais, como são pronunciadas com Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
menos intensidade, são denominadas de átonas. - i, is: táxi – lápis – júri
De acordo com a tonicidade, as palavras são - us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
classifica- das como: - l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre fórceps
a última sílaba. Ex.: café – coração – Belém – atum – caju – - ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
papel - ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica
recai na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – ** Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Re-
sapato pare que esta palavra apresenta as terminações das paro-
– passível xítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =
Proparoxítonas - São aquelas cuja sílaba tônica está fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a
na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – memorização!
tímpano
– médico – ônibus Regras especiais:
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
Há vocábulos que possuem mais de uma sílaba, mas
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
em nossa língua existem aqueles com uma sílaba
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
somente: são os chamados monossílabos.
palavras paroxítonas.
Os acentos ** Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos
esti- verem em uma palavra oxítona (herói) ou
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e “i”, monossílaba (céu) ainda são acentuados: dói, escarcéu.
“u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras represen-
tam as vogais tônicas de palavras como pá, caí, público. Antes Agora
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
assembléia assembleia
aberto: herói – médico – céu (ditongos abertos).
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, idéia ideia
“e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: geléia geleia
tâma- ra – Atlântico – pêsames – supôs . jibóia jiboia
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles apóia (verbo apoiar) apoia
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi paranóico paranoico
totalmen- te abolido das palavras. Há uma exceção: é
utilizado em palavras derivadas de nomes próprios Acento Diferencial
estrangeiros: mülle- riano (de Müller)
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo- Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
gais nasais: oração – melão – órgão – ímã acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
diferenciar classes gramaticais entre determinadas
palavras e/ou tempos verbais. Por exemplo:
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito perfeito
de Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do Indica-
tivo do mesmo verbo).
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LÍNGUA PORTUGUESA
Antes Agora
crêem creem
lêem leem
vôo voo
enjôo enjoo
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LÍNGUA PORTUGUESA
Questões
ANOTAÇÕE
S
1-) (PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP – AUDITOR
FISCAL TRIBUTÁRIO MUNICIPAL – CETRO/2014 -
adaptada) Assi-
nale a alternativa que contém duas palavras acentuadas
conforme a mesma regra.
(A) “Hambúrgueres” e “repórter”.
(B) “Inacreditáveis” e “repórter”.
(C) “Índice” e
(D) “Inacreditáveis” e “atribuídos”.
“dólares”.
(E) “Atribuídos” e “índice”.
76
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Bibliografia Sugerida:
BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva.
Brasília, MEC/SEESP, 2008........................................................................................................................................................... 71
BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL –1988. (Artigos 5º, 6º; 205 a 214)..............................71
BRASIL. LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança do Adolescente-ECA..................92
BRASIL. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
LDB............................................................................................................................................................................................... 147
BRASIL. RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 1, DE 17 DE JUNHO DE 2004...........................................................................................164
Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e
Cul- tura Afro-Brasileira e Africana (anexo o Parecer CNE/CP nº 3/2004)..........................................................................164
BRASIL. RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010. Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
Educação Básica (anexo o Parecer CNE/CEB nº 7/2010).......................................................................................................166
BRASIL. RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 1, DE 30 DE MAIO DE 2012. Estabelece Diretrizes Nacionais para a Educação em
Direi- tos Humanos (anexo o Parecer CNE/CP nº 8/2012)...................................................................................................176
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS.................................................................................................................................. 177
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e Protocolo Facultativo. Disponível em: \<http://cape.edunet.
sp.gov.br/cape_arquivos/flash/5Convencao.ONU_2006.pdf\>. Acesso em: 18 jul. 2013.6.949, DE 25 DE AGOSTO DE 2009
Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo,
assina- dos em Nova York, em 30 de março de 2007...........................................................................................................178
PERRENOUD, Philippe. “10 novas competências para ensinar”. Porto Alegre. Artmed....................................................193
PERRENOUD, Philippe. Formando Professores Profissionais, Porto Alegre. Artmed-Artes Médicas Sul, 2001 - Edição
revisada.................................................................................................................................................................................................................. 193
MOREIRA, Antonio Flávio B. (Org.) – Currículo – Questões atuais – Papirus Editora........................................................193
HOFFMANN, Jussara – Avaliação Mediadora – Editora Mediação – 2000..........................................................................198
CARVALHO, Rosita Edler. Educação Inclusiva com os Pingos nos Is. 2. ed. Porto Alegre: Mediação, 2005...................201
CORTELLA, Mário Sérgio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. Ed. São Paulo, Cortez,
2011............................................................................................................................................................................................. 206
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43. ed., São Paulo: Paz e Terra,
2011............................................................................................................................................................................................. 216
LA TAILLE, Yves. DANTAS, Heloisa e OLIVEIRA, Marta Kohl de, Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em dis-
cussão. 24. ed., São Paulo: Summus, 1992..............................................................................................................................221
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. UNESCO/Cortez Editora, cap. III e IV, p. 47-78, e cp.
VI, 93 -104, 2000......................................................................................................................................................................... 226
RIOS, Terezinha Azerêdo. Ética e competência. 20. ed., São Paulo: Cortez, 2011..............................................................226
SACRISTÀN, J. Gimeno; PÉREZ GOMES, A. I. Compreender e transformar o ensino. 4. ed. Porto Alegre: ARTMED,
2000............................................................................................................................................................................................. 229
SAVIANI, Dermeval. Histórias das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas; Autores Associados, 2010.........................229
TEIXEIRA, Anísio. A escola pública universal e gratuita. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Rio de Janeiro, v.26,
n.64, out./dez. 1956. p. 3-27..................................................................................................................................................... 231
GROPPA, Julio – Indisciplina na escola (alternativas, teóricas e práticas) Summus Editorial............................................236
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
A FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO
Conforme Cardoso (2003) os médicos passaram a de-
dicar-se ao estudo dos deficientes, nomenclatura adotada.
A função da Educação é possibilitar condições para a
Com esta institucionalização especializada dá se início o
atualização e uso pleno das potencialidades pessoais em
período de segregação, onde a política era separar, isolar
direção ao autoconhecimento e auto-realização pessoal.
e proteger a sociedade do convívio social, do contato com
A Educação não deve destruir o homem concreto e sim
estas pessoas anormais, inválidas, incapazes de exercer
apoiar-se neste ser concreto. Não deve ir contra o homem
qualquer atividade.
para formar o homem. A Educação deve realizar-se a
Espera-se que a escola tenha um papel complementar
partir da própria vida e experiência do educando, apoiar-
ao desempenhado pela família no processo de socializa-
se nas necessidades e interesses naturais, expectativas do
ção das crianças com necessidades educacionais especiais.
edu- cando, e contribuir para seu desenvolvimento
É uma tarefa difícil e delicada, que envolve boas doses de
pessoal. Os três princípios básicos da Educação liberalista:
atitudes pessoais e coletivas, caracterizadas principalmen-
liberdade, subjetividade, atividade.
te pelo diálogo, pela compreensão, pelo respeito às di-
ferenças e necessidades individuais, pelo compromisso e
Principais características das escolas inclusivas pela ação.
As escolas inclusivas, portanto, propõem a constitui-
Nesse texto, atenção especial é dada à teoria de Vy-
ção de um sistema educacional que considera as neces-
gotsky e suas implicações para o debate sobre inclusão
sidades de todos os alunos e que é estruturado em razão
nos campos da educação na escola e na sociedade. O
dessas necessidades. A inclusão gera uma mudança de
artigo fo- caliza também as relações que definem a
perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar so-
política inclusiva e a complexidade que caracteriza este
mente os alunos que apresentam dificuldades na escola;
processo.
mas apoia a todos: professores, alunos e pessoal adminis-
Segundo a educadora Mantoan (2005) afirma que na
trativo para que obtenham sucesso na escola
escola inclusiva professores e alunos aprendem uma lição
convencional (MANTOAN, 1997).
que a vida dificilmente ensina: respeitar as diferenças.
Na inclusão, as escolas devem reconhecer e respon-
Res- salta ainda, que a inclusão é a nossa capacidade de
der às diversas necessidades de seus alunos, considerando
reco- nhecer o outro e ter o privilégio de conviver com
tanto os estilos como ritmos diferentes de aprendizagem
pessoas diferentes. Diferentemente do que muitos
e assegurando uma educação de qualidade a todos, por
possam pensar, inclusão é mais do que rampas e
meio de currículo apropriado, de modificações organiza-
banheiros adaptados.
cionais, de estratégias de ensino, de uso de recursos e de
Na perspectiva de Mantoan, um professor sem capa-
parcerias com a comunidade.
citação pode ensinar alunos com deficiência. O papel do
Os dois modelos de escola regular e especial podem
professor é ser regente de classe e não especialista em
ter características inclusivas e ser o melhor para determi-
de- ficiência, essa responsabilidade é da equipe de
nado aluno, o processo de avaliação é que vai identificar a
atendimen- to especializado, uma criança surda, por
melhor intervenção, o mais importante salientar que mui-
exemplo, aprende com especialista em libras e leitura
tos alunos têm passagens rápidas e eficientes pela escola
labial.
especial, o que acaba garantindo uma entrada tranquila
Questionam-se os valores e padrões pré-
e bem assessorada no ensino fundamental convencional,
estabelecidos, os critérios de avaliação e discriminação
evitando uma série de transtornos para o aluno, para os
que prejudicam o desenvolvimento e a aprendizagem das
pais e para a escola.
habilidades e a independência destas crianças.
Segundo Coll (1995) a igualdade educacional não
Neste sentido, observamos que Vygotsky, psicólogo
pode ser obtida quando se oferece o mesmo cardápio a
russo e estudioso do tema desenvolvimento e aprendiza-
todos os alunos; a integração escolar das crianças com
gem, ao falar sobre deficiências educacionalmente consi-
deficiências torna-se possível quando se oferece a cada
deradas como uma das necessidades educacionais espe-
aluno aquilo de que ele necessita.
ciais mostra a interação existente entre as características
biológicas e as relações sociais para o desenvolvimento da
Deficiência
pessoa. Segundo Vygotsky o conceito de Zona de Desen-
volvimento proximal, conhecida como ZDP, que é a
As crianças no século XV portadores de deficiência
distân- cia entre o desenvolvimento real e o potencial.
eram deformadas e atiradas nos esgotos de Roma na Ida-
Abordando mais especificamente as questões da edu-
de Média. Porém os portadores de deficiências eram abri-
cação inclusiva temos um histórico amplo de várias
gados nas igrejas e passaram a ganhar a função de bobo
signifi- cações no decorrer da história, que assinala
da corte. Segundo Martinho Lutero, as pessoas com defi-
registros de re- sistência à aceitação social dos portadores
ciências eram seres diabólicos que mereciam castigos para
de necessidades educativas especiais. Práticas executadas
serem purificados.
como abandono, afogamentos, sacrifícios eram comuns
até meados do sé- culo XVIII, quando o atendimento
passa das famílias e da igreja, para a ciência, passando das
instituições residenciais às classes especiais no século XX.
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ceram na forma de avaliar, embora já tenham ocorrido al- sivista foi um marco para a história da educação, e o
gumas mudanças significativas, mas ainda há muito, o que começo de uma nova forma de ver e sentir a escola, pena
fazer para melhorar o sistema de avaliação escolar. que nem todos os profissionais da educação (gestores e
Toda
com essa pressão que o professor causa no aluno professores) adotam essa mudança.
relação à avaliação acaba influenciando o aluno, pois a
a Tendência liberal renovada não diretiva essa é até agora
mesma não vê a prova como avaliação do conhecimento mais radical de todas, fruto da inspiração do psicólogo
e sim como promoção, toda a atenção dele está voltada Carl Rogers, sua proposta é que a escola valorize o lado
para promoção. psicológi- co do aluno, que ela estabeleça um clima
Discutir as tendências pedagógicas tem uma impor- favorável para uma mudança dentro do individuo, ou seja,
tância na pratica de ensino, da maior relevância, pois aju- para a formação de atitudes, ao invés de ficar valorizando
da o professor a situar-se teoricamente sobre suas opções os livros e as aulas, ela da ênfase no “ser” humano (o
articulando-se e auto definindo se (Libâneo 1985). E clas- aluno).
sificar as tendências e prescreve-las funciona como um Os conteúdos de ensino nesta tendência se dão, nos
ins- trumento de análise para o professor avaliar a sua pro- cessos de desenvolvimento das relações e da
comunicação, a transmissão de conteúdo como era nas
prática na sua aula.
tendências anteriores se tornam secundários. Os alunos
Os nomes dessas tendências são: Liberal, que de
aqui é quem escolhem o que querem aprender.
liberal não tem nada, esses termos não tem o sentido de
A relação professor- aluno na pedagogia não diretiva
avan- çado, democrático, ou aberto como costuma ser não condiz com a verdade, aqui todos os professores
usado. Segundo Libâneo, essa doutrina apareceu para deverão ser psicólogos, pois a proposta de Carl Rogers é
justificar o sistema capitalista, de classes. que o professor seja um especialista em relações humanas
A tendência pedagógica “liberal” tradicional ainda “ausentar-se” e a melhor forma de respeito e aceitação
con- tinua nas escolas atualmente, sobre a permanência plena do aluno, essa tendência considera que toda
dessas pedagogias tradicionais nas nossas escolas intervenção é ameaçadora da aprendizagem (Libâneo
Libâneo diz: “Manifestações na pratica escolar a pedagogia 1985) radical não?
liberal tra- dicional é viva e atual em nossas escolas” Depois de passar pela proposta da tendência não
(Libâneo, 1985, pág. 67). diretiva, surge a tendência “liberal” tecnicista que é uma
E como tendências são mudanças que ocorrem de volta ao mo- delo tradicional, só que desta vez, não para
acordo com as exigências da sociedade, logo veio mais formar indivíduos modelos moralmente iguais mais sim
um modelo de educação. para formar indivíduos mecanicamente iguais, essa
A tendência “liberal” renovada progressista. Essa ten- tendência surge para formar mão de obra qualificada,
dência veio complementar a tendência tradicional, pois a papel que a escola teve que assumir na segunda metade
tradicional não assumia os problemas sociais, já a tendên- dos anos 50 e 60 durante o regime militar.
cia “liberal” renovada progressista tem como finalidade Nessa época não tinha preocupação com a moral,
através da escola adequar as necessidades individuais dos como era na Tradicional e nem com o psicológico, como na
não di- retiva, aqui o objetivo era adequar o sistema
alunos ao meio social.
educacional a orientação política do regime militar, para o
Ela propõe que a escola comece a ver o aluno como
sistema capitalista que surgia. Então os conteúdos de
“ser” que precisa interagir com meio para aprender, então
ensino eram sistematiza- dos, sobre os conteúdos de
para conseguir tal feitio, os conteúdos de ensino é esta- ensino Libâneo diz:
belecido, em função de experiências que o sujeito viven- (...) “Conteúdos de ensino – são as informações e
cia frente a desafios, cognitivos e situações problemáticas. princípios científicos, leis, etc., estabelecidos e ordenados
Há supervalorização dos processos mentais e habilidades numa sequência lógica e psicológica por um especialista. E
cognitivas, e deixa um pouco de lado, os conteúdos orga- a matéria de ensi- no era apenas o que é redutível ao
nizados. conhecimento observável e mensurável; os conteúdos
decorrem, assim, da ciência objeti- va, eliminando-se
qualquer sinal de subjetividade. O material instrucional
encontra-se sistematizado nos manuais nos livros didáticos,
nos módulos de ensino, nos dispositivos audiovisuais etc.”. ( Libâneo, 1985, pág. 61)
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Gestão e Organização do Trabalho Pedagógico O professor não é vítima nem culpado pela situação
vivenciada. Também não é o único profissional afetado
É necessário avançar e explicar o que entendemos por
por esse sistema, apesar de fazer parte da maioria na
gestão democrática no espaço da escola pública, como
escola. O pedagogo dividido entre o administrativo e o
prática cotidiana na organização do trabalho pedagógico.
pedagógi- co, exercendo funções burocráticas, entre
Para efeito deste ensaio, gestão, administração e coorde-
outras atividades “corriqueiras”, próprias do pedagogo
nação serão utilizadas como sinônimos visando ampliar a
tarefeiro, desvia-se da sua real função. Aliada a essa
perspectiva do entendimento sobre o tema porquanto a
situação, a complexidade da escola e a falta de pessoal,
organização e a gestão constituem o conjunto das condi-
impede o desenvolvimen- to de um trabalho voltado para
ções e dos meios utilizados para assegurar a qualidade da
as questões pedagógicas específicas e o próprio
instituição escolar, buscando alcançar os objetivos
acompanhamento do PPP. Outra necessidade é o
propos- tos a partir das discussões de toda a comunidade
pedagogo posicionar-se, de fato, como articulador do
escolar.
trabalho pedagógico, exigindo pessoal para cumprir as
Conforme Paro, a administração de uma escola não
atividades tarefeiras e emergenciais na escola, como
pode estar reduzida a métodos, técnicas e aparato buro-
inspetor de alunos, porteiro. É necessário observar se:
crático, como já foi dito anteriormente. A escola é A ênfase no “administrativo” apresenta-se assim, ao
portado- ra de uma especificidade na sua organização, o mesmo tempo, como opção preferencial face às peculia-
que a torna diferente da administração de uma empresa. ridades da disciplina e também como “proteção” face ao
Portanto, a administração escolar, ou gestão escolar, complexo universo teórico-metodológico em que a
diferencia-se da administração de organizações particula- discus- são sobre a educação se desenvolve.
res, pois não visa o lucro, mas sim o interesse público, É impossível fazer o Conselho de Classe de vinte tur-
asse- gurando o caráter democrático da escola pública. mas em um único sábado, exceto se destinarmos todos os
Compreendendo que não apenas a gestão democráti- sábados de um mês para concretizar esse objetivo. Logo,
ca se configura como princípio na LDB 9394/96, mas tam- o calendário é burlado para dar conta de atender a
bém que o PPP é elemento aglutinador, ou seja, ambos demanda posta pelo número de alunos e turmas que
re- presentam a legalidade a ser implementada nas exige tempo para discussões e busca de
unidades escolares, não é intuito nosso fazer apologia do encaminhamentos para cada caso.
PPP como salvador da escola, mas apenas utilizá-lo de
fato como ele- mento legal para colaborar com a escola. Considerações Finais:
A comunidade escolar, ou seja, professores, alunos,
pais, direção e equipe pedagógica são considerados como A complexidade dos temas permitiu novos questio-
sujeitos ativos de todo o processo, de forma que a partici- namentos que respostas, a busca por uma análise crítica
pação de cada um implica em clareza e conhecimento do revelou os aspectos que devem ser observados na prática
seu papel, em relação ao papel dos demais, como corres- e na necessidade de um aprofundamento teórico. Com a
ponsáveis. Além da participação, a autonomia constitui-se esperança de uma escola melhor, ousamos apontar alguns
um princípio básico da gestão democrática. Para que os encaminhamentos possíveis para a construção de um PPP
membros da comunidade escolar possam ser coletivo ou, pelo menos, para a discussão desses temas.
considerados sujeitos ativos do processo é necessário - Analisar o Projeto Político Pedagógico implica em
refletirmos sobre a forma de organização do trabalho considerar a gestão democrática para a sua construção;
escolar e as relações de poder neste espaço. - Discutir o Projeto Político Pedagógico significa
Para Dourado, a gestão democrática constitui-se discu- tir, concomitantemente, a organização do trabalho
como um processo de aprendizado e de luta política, escolar;
possibili- tando a criação e efetivação de canais de - O pedagogo como articulador das questões peda-
participação, de aprendizado do “jogo democrático”, e gógicas necessita do coletivo para encaminhar o trabalho
tendo como resulta- do a reflexão das estruturas na escola;
autoritárias, com vistas à sua transformação. - Não é possível propor intervenção na escola, sem,
Apesar de partirmos do pressuposto de que há uma primeiramente, analisar de forma crítica a participação da
construção coletiva, de fato essa construção não passa comunidade escolar;
de um agrupamento de ideias que busca um consenso. - O Colegiado Escolar pode representar um caminho
As discussões para a elaboração do PPP não conta com a para a discussão da gestão democrática, como uma forma
presença de todos os professores. Neste item, poderíamos de participação coletiva;
citar muitos motivos, mas indicaremos o que julgamos ser - Há necessidade da revisão dos “papéis” de cada um
o principal, que é a divisão da carga horária do professor e o compromisso com metas comuns;
em diversas e diferentes escolas e sua rotatividade. Essa - É necessário, ainda, compreender a “lógica” das
situação gera a sensação de que ele não pertence àquela políti- cas educacionais e suas perspectivas para a escola
comunidade, e a escola se torna apenas mais um local de pública.
trabalho. Essa situação tende a descomprometer o profes-
sor com os rumos da instituição e com a própria constru- Fonte
ção do PPP. OLIVEIRA, S. B. Disponível em http://www.pucpr.br/
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Então, como somos sujeitos constituídos no social e d) a marca do produto que expressa status social e o
produtores desse social, a natureza humana desenvolve a seu reconhecimento pelos consumidores.
capacidade de atribuir valores, significados, e emitir juízos
a objetos, artefatos, coisas e símbolos. Socialmente, so- Nesse cenário comercial, poderíamos alongar muito
mos seres dotados da capacidade de estabelecer relações mais a lista. No entanto, o objetivo é demonstrar que, no
com os outros, de nos comunicarmos e de fazer opções. campo econômico, o conceito de qualidade dispõe de pa-
Ao fazer as escolhas, avaliamos, acionamos valores, visões râmetros de utilidade, praticidade e comparabilidade, uti-
de mundo, de sociedade e de educação, além de critérios lizando medidas e níveis mensuráveis, padrões, rankings,
que maximizam ou minimizam os benefícios individuais e testes comparativos, hierarquização e estandardização
coletivos. pró- prias do âmbito mercantil. De acordo com essa
perspecti- va, a qualidade de um produto, objeto, artefato
Todavia, a vida na sociedade capitalista, ao tornar-se ou coisa pode ser aferida com o uso de tabelas, gráficos,
mais complexa, gerou outras necessidades que impulsio- opiniões, medidas e regras previamente estabelecidas.
naram as práticas comerciais, evoluindo das feiras locais Portanto, apreender a qualidade significa aferir padrões
ou mode- los exigidos, conforto individual e coletivo,
para compras realizadas pela internet, ao mesmo tempo
praticidade e utilidade que apontem melhoria de vida
em que cresce consideravelmente o número de consumi-
do consumidor. O conceito de qualidade construído na
dores e compradores. No mercado real ou virtual,
relação entre ne- gociantes e consumidores modifica-se
fabrican- tes e comerciantes constroem desejos e criam de acordo com as circunstâncias econômicas e sociais. Na
expectativas, com o propósito de atrair consumidores, seja relação mercantil, o produto, o objeto, o artefato, o
por neces- sidade, eficiência, utilidade ou praticidade do símbolo, a coisa une os interesses de ambos e, ao mesmo
objeto, seja pela inculcação construída por meio de tempo, os distingue de outros produtos pelas suas
técnicas midiáticas e artifícios de propaganda do objeto características. A qualidade é negociada, dinâmica,
ou da coisa a ser ad- quirida. transitória e contém as marcas histó- ricas da opinião
pública, o que estimula o ato comparativo.
Do ponto de vista econômico, desde a infância somos
inseridos nas práticas comerciais e fazemos opções. Não Nas políticas sociais do país, ocorre uma transposição
se trata de analisar como fazemos escolhas. No entanto, direta do conceito de qualidade própria dos negócios co-
um dos elementos que acionamos é a qualidade da coisa merciais para o campo dos direitos sociais e, nestes, a
a ser adquirida. É neste momento, então, que elegemos os edu- cação pública. A participação ativa e constante de
elementos que expressam qualidade, segundo valores e técnicos dos organismos financeiros internacionais e
vi- sões de mundo. Assim, relacionar-se no mundo- nacionais na definição de políticas sociais, especialmente a
mercado exige compreender e decodificar os códigos dos educação, objeto deste estudo, demonstra a adoção do
atos de comprar, vender, permutar e revender objetos. conceito de qualidade, do âmbito da produção
Trata-se de fazer escolhas, competir! econômica, em ques- tões da educação e da escola, em
um processo de desca- racterização da educação pública
como um direito social (Souza & Oliveira, 2003).
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(...) una vez determinados los objetivos de Nas propostas educacionais de católicos e liberais e,
aprendizaje, entra en juego la tecnología del aprendizaje y em seguida, nos embates entre privatistas e publicistas,
requiere cin- co tipos de insumos: la capacidad y es- tava subjacente o binômio quantidade-qualidade, que
motivación del alumno para aprender, la materia que se ha tem sido pendular na formulação das políticas para a
de aprender, un maestro que conoce la asignatura y es educação básica. Em meio às disputas políticas e
capaz de enseñarla, tiempo para el aprendizaje y las
interesses econô- micos, evidenciava-se a necessidade de
herramientas necesarias para la en- señanza y el
educação escolar para a formação social de homens e
aprendizaje. (Idem, p. 81).
mulheres e para os trabalhadores expropriados dos bens
A concepção de qualidade educacional que emana do
Banco fundamenta-se na adoção de “insumos”, que deve- materiais e culturais (Potyara, 2008).
rão conduzir a resultados a serem avaliados por meio de
ín- dices de desempenho e de rendimento escolar dos Passamos, agora, a mostrar como alguns fatores - in-
alunos e das escolas. Seus técnicos preconizam um ternos e externos à escola - se refletem na qualidade da
raciocínio linear, segundo o qual a mera adoção de educação escolar. Nosso objetivo é apresentar alguns ele-
equipamentos gera re- sultados satisfatórios. A concepção mentos indicadores de qualidade social na educação.
de qualidade assentada na racionalidade técnica e nos
critérios econômicos serviu e serve de referência para a Dentre os determinantes externos que contribuem
formulação de políticas para a educação pública no país. para a referência da qualidade da educação escolar,
Assim, a atualização da teoria do capital humano pelos citamos:
técnicos e arautos do Banco Mundial tornou-se, para
alguns governos e gestores, o norte que orienta as a) Fatores socioeconômicos, como condições de mo-
políticas para a educação básica e superior as- sentadas radia; situação de trabalho ou de desemprego dos
no conceito de qualidade advindo das bases de teorias respon- sáveis pelo estudante; renda familiar; trabalho de
econômicas. crianças e de adolescentes; distância dos locais de
moradia e de estudo.
Aproximações e dimensões sinalizadoras da qualidade
social da educação
b) Fatores socioculturais, como escolaridade da
família; tempo dedicado pela família à formação cultural
Ao priorizar os critérios econômicos para atribuir qua-
lidade à educação, os governos e gestores desconsideram dos filhos; hábitos de leitura em casa; viagens, recursos
os limites e as imperfeições geradas pelo mercado e sua tecnológicos em casa; espaços sociais frequentados pela
in- capacidade para corrigir questões sociais, que família; formas de lazer e de aproveitamento do tempo
costumam se agravar quando deixadas à mercê dos livre; expectati- vas dos familiares em relação aos estudos
interesses do capital financeiro e de empresários. A e ao futuro das crianças e dos jovens.
qualidade social na educa- ção não se restringe a
fórmulas matemáticas, tampouco a resultados c) Financiamento público adequado, com recursos
estabelecidos a priori e a medidas lineares des- previstos e executados; decisões coletivas referentes aos
contextualizadas. recursos da escola; conduta ética no uso dos recursos e
transparência financeira e administrativa.
Um olhar crítico direcionado para a trajetória da
socie- dade brasileira revela a distância entre as classes d) Compromisso dos gestores centrais com a boa
sociais, em decorrência de concepções políticas e medidas formação dos docentes e funcionários da educação, pro-
econômicas de privilégio para poucos e um processo de piciando o seu ingresso por concurso público, a sua for-
alargamento constante de exclusão social para a maioria. mação continuada e a valorização da carreira; ambiente e
Foram séculos de omissão e de ocultamento das condições propícias ao bom trabalho pedagógico; conhe-
demandas da sociedade, sendo suas manifestações muitas
cimento e domínio de processos de avaliação que reorien-
vezes tratadas como caso de polícia e de desordem
tem as ações.
pública. No Brasil, ainda que estas manifestações
ocorressem desde o tempo das províncias, o desejo dos
trabalhadores por uma educação de qualidade foi
atendido por meio de escolas precárias e insuficientes
para a magnitude e a expectativa da demanda.
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Avaliação e mediação
condições prévias referem-se a história escolar e de vida
De acordo com a autora, os melhores guias são os de cada aluno, que devem ser conhecidas em favor do
próprios peregrinos, que percorrem o caminho conosco,
alunos e não para fortalecer pré-conceitos sobre ele. A
enfrentando as mesmas dificuldades e provocando-nos a
finalidade da avaliação no que se refere à mobilização é
andar mais depressa. Avaliação mediadora é um proces-
de adequar as propostas e as situações às necessidades e
so interativo, de troca de mensagens e de significados,
possibilida- des dos alunos, para poder fornecer-lhes a
de confronto. A mediação, conforme Vygotsky e Piaget é
aprendizagem significativa.
essencial na construção do conhecimento. Para Vygotsky
Conhecer as concepções prévias do aluno favorece o
a reconstrução é importante porque, no processo de in-
planejamento em termos de pontos de partida, e os possí-
ternalização o aluno atribui sentido à informação criando
veis rumos a seguir, mas estes necessitam ser redimensio-
e recriando significados com o uso e a audição/leitura da
nados continuamente ao longo do processo. Conhecer as
língua falada e escrita.
condições prévias permite planejar tempos de
Para Vygotsky e Piaget, a linguagem é a mediação do descobertas, de diálogos, de encontros, de interação de
pensamento. Note-se ainda que a interação social é
trocas, de ex- pressão, ao longo do período letivo. Os
funda- mental, pois nela se dará a aprendizagem. A
processos de edu- cação e de avaliação exigem do
avaliação é um processo dinâmico e espiralado que
professor a postura inves- tigativa durante todo o
acompanha o proces- so de construção do conhecimento,
percurso educativo. Como mediar o desejo e a
sendo uma interpre- tação que assume diferentes
necessidade de aprender?
significados e dimensões ao longo do processo
O trabalho do professor consiste em:
educacional, tanto por parte do profes- sor como do
• mediar o desejo e a necessidade de aprender;
aluno. A dinâmica do processo avaliativo. A dinâmica da
• mediar as experiências educativas;
avaliação é complexa, uma vez que o processo de
• mediar as estratégias de aprendizagem no meio de
aprendizagem, entendido como construção do conhe-
atividades diversificadas e diferenciadas;
cimento, é ao mesmo tempo individual e coletivo, pois re-
• mediar a expressão do conhecimento ao longo de
sulta da ação do aprendiz sobre o objeto de
tarefas gradativas e articuladas.
conhecimento e da interação social, que o leva a uma
interpretação que necessita, e pode ser reformulada,
Mediar a mobilização significa suscitar o envolvimento
ampliada progressiva- mente, tornando-o capaz de
do aluno no processo de aprendizagem, criando pergun-
pensar sobre seus próprios pensamentos elaborando seus
tas mobilizadoras, experiências interativas e
conceitos e reelaborando outros. Através mobilização,
oportunidades de expressão do pensamento individual,
chegamos à expressão do conhecimento, realizamos a
mesmo que as respostas não sejam ainda corretas.
experiência educativa, o que nos possibilita mobilizar
Mediando a experiên- cia educativa. Mediar as
novas competências adquiridas no processo.
experiências educativas significa acompanhar o aluno em
ação-reflexão-ação, nos proces- sos simultâneos de busca
Mediando a mobilização.
informações, refletir sobre seus procedimentos de
A expressão/construção da “aprendizagem significati-
aprendizagem, interagir com os outros, refletir sobre si
va” pode se realizar de múltiplas formas e em diferentes
próprio enquanto aprendiz. Duas pergun- tas se tornam
níveis de compreensão. A avaliação mediadora destina-se
essenciais na mediação: Qual a dimensão do
a mobilizar, favorecer a experiência educativa e a
envolvimento do aluno com a atividade de aprender?
expressão do conhecimento e a abertura a novas
Como ele interage com os outros? As estratégias de
possibilidades por parte do aprendiz. Não há sentido em
apren- dizagem.
avaliar tarefas cole- tivas atribuindo valores individuais ou
Mediar as estratégias de aprendizagem significa inter-
somar pontos por participação e outras atividades, uma
vir no processo de aprendizagem provocando no
vez que essas ativida- des são oportunidades de interação
aprendiz, e no próprio professor, diferentes graus de
em meio ao processo e não pontos de chegada. Para
compreensão, levando a refletirem sobre seus
Charlot, o conceito de mo- bilização implica a ideia do
entendimentos no diálogo educativo. Significa oferecer
movimento. Qual o papel do educador/ avaliador? É o
aos aprendizes: experiências necessárias e
papel de mediador, exigindo-lhe manter-se flexível,
complementares (diversificadas no tempo), com diversos
atento, crítico sobre seu planejamento. É preciso que ele
graus de dificuldades, de forma individual, em parcerias,
seja propositivo, sem delimitar, consiga questionar e
em pequenos grupos, em grandes grupos para promover
provocar, sem antecipar respostas prontas; articular novas
confronto de ideias entre aprendizes e entre estes e o
perguntas a um processo contínuo de cons- trução do
professor, por meio de diversos recursos didáticos e de
conhecimento. O papel do educador ao desen- cadear
diversas formas de expressão do conhecimento, por meio
processos de aprendizagem é o de mediador da
de diferentes linguagens. Os desafios propostos du- rante
mobilização para aprendê-lo.
a atividade educativa são observados por Hoffmann:
• Nem sempre o que o professor diz ao estudante é
A investigação de concepções prévias.
entendido como ele gostaria;
A análise das concepções prévias dos alunos não
• A estratégia utilizada pelo aluno, ao fazer algo, só
pode ser confundida com as condições prévias do aluno.
pode ser intuída pelo professor e ajudá-lo ou confundi-lo;
O que o aluno já sabe é baseado em elaborações
• O professor sabe onde o aluno poderá chegar, mas
intuitivas so- bre dados da realidade, que necessita ser
não deverá dizê-lo assim suas orientações serão sempre
aperfeiçoado. As
incompletas.
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TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR. de classes, pois, embora difunda a ideia de igualdade de
PLANEJAMENTO, METODOLOGIA E AVALIAÇÃO DO oportunidades, não leva em conta a desigualdade de con-
PROCESSO ENSINO/ APRENDIZAGEM. dições. Historicamente, a educação liberal iniciou-se com
a pedagogia tradicional e, por razões de recomposição da
hegemonia da burguesia, evoluiu para a pedagogia reno-
vada (também denominada escola nova ou ativa), o que
não significou a substituição de uma pela outra, pois am-
bas conviveram e convivem na prática escolar.
As tendências pedagógicas brasileiras foram muito in- Na tendência tradicional, a pedagogia liberal se carac-
fluenciadas pelo momento cultural e político da teriza por acentuar o ensino humanístico, de cultura ge-
sociedade, pois foram levadas à luz graças aos ral, no qual o aluno é educado para atingir, pelo próprio
movimentos sociais e filosóficos. Essas formaram a prática esforço, sua plena realização como pessoa. Os conteúdos,
pedagógica do país. os procedimentos didáticos, a relação professor-aluno não
Os professores Saviani (1997) e Libâneo (1990) pro- têm nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito
põem a reflexão sobre as tendências pedagógicas. Mos- menos com as realidades sociais. É a predominância da
trando que as principais tendências pedagógicas usadas pa- lavra do professor, das regras impostas, do cultivo
na educação brasileira se dividem em duas grandes linhas exclusi- vamente intelectual.
de pensamento pedagógico. Elas são: Tendências Liberais A tendência liberal renovada acentua, igualmente, o
e Tendências Progressistas. sentido da cultura como desenvolvimento das aptidões
Os professores devem estudar e se apropriar dessas individuais. Mas a educação é um processo interno, não
tendências, que servem de apoio para a sua prática peda- externo; ela parte das necessidades e interesses
gógica. Não se deve usar uma delas de forma isolada em individuais necessários para a adaptação ao meio. A
toda a sua docência. Mas, deve-se procurar analisar cada educação é a vida presente, é a parte da própria
uma e ver a que melhor convém ao seu desempenho aca- experiência humana. A escola renovada propõe um ensino
dêmico, com maior eficiência e qualidade de atuação. De que valorize a autoeducação (o aluno como sujeito do
acordo com cada nova situação que surge, usa-se a ten- conhecimento), a experiência direta sobre o meio pela
dência mais adequada. E observa-se que hoje, na prática atividade; um ensino centrado no aluno e no grupo. A
docente, há uma mistura dessas tendências. tendência liberal renovada apre- senta-se, entre nós, em
Deste modo, seguem as explicações das duas versões distintas: a renovada progressivista, ou
características de cada uma dessas formas de ensino. pragmatista, principalmente na forma di- fundida pelos
Porém, ao analisá- pioneiros da educação nova, entre os quais se destaca
-las, deve-se ter em mente que uma tendência não substi- Anísio Teixeira (deve-se destacar, também a in- fluência
tui totalmente a anterior, mas ambas conviveram e convi- de Montessori, Decroly e, de certa forma, Piaget); a
vem com a prática escolar. renovada não-diretiva orientada para os objetivos de auto
realização (desenvolvimento pessoal) e para as relações
Pedagogia liberal in- terpessoais, na formulação do psicólogo norte-
americano Carl Rogers.
O termo liberal não tem o sentido de “avançado”, “de- A tendência liberal tecnicista subordina a educação à
mocrático”, “aberto”, como costuma ser usado. A doutrina sociedade, tendo como função a preparação de “recursos
liberal apareceu como justificação do sistema capitalista humanos” (mão-de-obra para a indústria). A sociedade in-
que, ao defender a predominância da liberdade e dos in- dustrial e tecnológica estabelece (cientificamente) as
teresses individuais da sociedade, estabeleceu uma forma metas econômicas, sociais e políticas, a educação treina
de organização social baseada na propriedade privada (também cientificamente) nos alunos os comportamentos
dos meios de produção, também denominada sociedade de ajus- tamento a essas metas. No tecnicismo acredita-se
de classes. A pedagogia liberal, portanto, é uma que a realidade contém em si suas próprias leis, bastando
manifestação própria desse tipo de sociedade. aos homens descobri-las e aplicá-las. Dessa forma, o
A educação brasileira, pelo menos nos últimos cin- essencial não é o conteúdo da realidade, mas as técnicas
quenta anos, tem sido marcada pelas tendências liberais, (forma) de descoberta e aplicação. A tecnologia
nas suas formas ora conservadora, ora renovada. Eviden- (aproveitamento or- denado de recursos, com base no
temente tais tendências se manifestam, concretamente, conhecimento científico) é o meio eficaz de obter a
nas práticas escolares e no ideário pedagógico de muitos maximização da produção e ga- rantir um ótimo
professores, ainda que estes não se deem conta dessa in- funcionamento da sociedade; a educação é um recurso
fluência. tecnológico por excelência. Ela “é encarada como um
A pedagogia liberal sustenta a ideia de que a escola instrumento capaz de promover, sem contradi- ção, o
tem por função preparar os indivíduos para o desenvolvimento econômico pela qualificação da mão-de-
desempenho de papéis sociais, de acordo com as obra, pela redistribuição da renda, pela maximiza- ção da
aptidões individuais, por isso os indivíduos precisam produção e, ao mesmo tempo, pelo desenvolvimen- to da
aprender a se adaptar aos valores e às normas vigentes ‘consciência política’ indispensável à manutenção do
na sociedade de classes através do desenvolvimento da Estado autoritário”. Utiliza-se basicamente do enfoque sis-
cultura individual. A ênfa- se no aspecto cultural esconde têmico, da tecnologia educacional e da análise experimen-
a realidade das diferenças tal do comportamento.
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1) Brasileiros e estrangeiros
- Direito à igualdade
O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção
con- ferida pelo dispositivo a algumas pessoas, Abrangência
notadamente, “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o
no País”. No entanto, tal restrição é apenas aparente e tem
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da
sido interpretada no sen- tido de que os direitos estarão
igualdade:
protegidos com relação a todas as pessoas nos limites da
soberania do país.
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei,
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
ingres- sar com habeas corpus ou mandado de segurança,
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
ou então in- tentar ação reivindicatória com relação a imóvel
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
seu localizado no Brasil (ainda que não resida no país).
segurança e à propriedade, nos termos seguintes [...].
Somente alguns direitos não são estendidos a todas
as pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro
exige a condição de cidadão, que só é possuída por
in- ciso:
nacionais titulares de direitos políticos.
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em
2) Relação direitos-deveres
direitos e obrigações, nos termos desta Constituição.
O capítulo em estudo é denominado “direitos e
garantias deveres e coletivos”, remetendo à necessária
Este inciso é especificamente voltado à necessidade
relação direitos-
de igualdade de gênero, afirmando que não deve haver
-deveres entre os titulares dos direitos fundamentais. Acima nenhu- ma distinção sexo feminino e o masculino, de
de tudo, o que se deve ter em vista é a premissa modo que o homem e a mulher possuem os mesmos
reconhecida nos direitos fundamentais de que não há direito direitos e obriga- ções.
que seja absoluto, correspondendo-se para cada direito um
Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito
dever. Logo, o exer- cício de direitos fundamentais é
mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma
limitado pelo igual direito de mesmo exercício por parte de
perspectiva mais ampla.
outrem, não sendo nunca abso- lutos, mas sempre relativos.
O direito à igualdade é um dos direitos norteadores
Explica Canotilho7 quanto aos direitos fundamentais: “a de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro
ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser
enfo- que que foi dado a este direito foi o de direito civil,
entendida como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais.
enqua- drando-o na primeira dimensão, no sentido de que
Como ao titular de um direito fundamental corresponde um
a todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos
dever por parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o
direitos e deve- res. Trata-se de um aspecto relacionado à
particular está vincu- lado aos direitos fundamentais como
igualdade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio
destinatário de um dever fundamental. Neste sentido, um
dos demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria
direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia um
se falando na igualdade perante a lei.
dever correspondente”. Com efeito, a um direito
No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu
fundamental conferido à pessoa corresponde o dever de
que não bastava igualar todos os homens em direitos e
respeito ao arcabouço de direitos conferidos às outras
deveres para torná-los iguais, pois nem todos possuem as
pessoas.
mesmas condições de exercer estes direitos e deveres.
Logo, não é su- ficiente garantir um direito à igualdade
3) Direitos e garantias em espécie
formal, mas é preciso buscar progressivamente a
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu igualdade material. No sentido de igualdade material que
caput: aparece o direito à igualdade num segundo momento,
pretendendo-se do Estado, tanto no mo- mento de legislar
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem quanto no de aplicar e executar a lei, uma postura de
dis- tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros promoção de políticas governamentais voltadas a grupos
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do vulneráveis.
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos
propriedade, nos ter- mos seguintes [...]. notá- veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à
aplicação uniforme da lei a todas as pessoas que vivem
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um em sociedade; e o de igualdade material, correspondendo
dos principais (senão o principal) artigos da Constituição à necessidade de discriminações positivas com relação a
Federal, consagra o princípio da igualdade e delimita as grupos vulneráveis da sociedade, em contraponto à
cinco esferas de direitos individuais e coletivos que igualdade formal.
merecem proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade,
segurança e propriedade. Os in- cisos deste artigos Ações afirmativas
delimitam vários direitos e garantias que se enquadram em Neste sentido, desponta a temática das ações
alguma destas esferas de proteção, podendo se falar em afirmati- vas,que são políticas públicas ou programas
duas esferas específicas que ganham também des- taque no privados criados temporariamente e desenvolvidos com a
texto constitucional, quais sejam, direitos de acesso à justiça finalidade de reduzir as desigualdades decorrentes de
e direitos constitucionais-penais. discriminações ou de uma hipossuficiência econômica ou
7 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito cons- física, por meio da concessão de algum tipo de vantagem
titucional e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedi- compensatória de tais condições.
na, 1998, p. 479.
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Liberdade e legalidade
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF:
Prevê o artigo 5º, II, CF:
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade
Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou dei-
inte- lectual, artística, científica e de comunicação,
xar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
indepen- dentemente de censura ou licença.
O princípio da legalidade se encontra delimitado nes-
te inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a Consolida-se outra perspectiva da liberdade de
fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei expres- são, referente de forma específica a atividades
assim determine. Assim, salvo situações previstas em lei, intelectuais, artísticas, científicas e de comunicação.
a pessoa tem liberdade para agir como considerar conve- Dispensa-se, com relação a estas, a exigência de licença
niente. para a manifestação do pensamento, bem como veda-se a
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela- censura prévia.
ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe-
à pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expres- dir a divulgação e o acesso a informações como modo de
samente estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer controle do poder. A censura somente é cabível quando
tudo o que quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer necessária ao interesse público numa ordem democrática,
maneira que a lei não proíba. por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de
exploração sexual infanto-juvenil é adequado.
Liberdade de pensamento e de expressão O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à in-
O artigo 5º, IV, CF prevê: denização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapar-
tida para aquele que teve algum direito seu violado (no-
Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do tadamente inerentes à privacidade ou à personalidade)
pensamen- to, sendo vedado o anonimato. em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de
expressão.
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de
pensamento e da liberdade de expressão. Liberdade de crença/religiosa
Em primeiro plano tem-se a liberdade de Dispõe o artigo 5º, VI, CF:
pensamento. Afinal, “o ser humano, através dos processos
internos de reflexão, formula juízos de valor. Estes Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên-
exteriorizam nada mais do que a opinião de seu emitente. cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
Assim, a regra constitucional, ao consagrar a livre cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
manifestação do pensa- mento, imprime a existência aos locais de culto e a suas liturgias.
jurídica ao chamado direito de opinião”10. Em outras
palavras, primeiro existe o direito de ter uma opinião, Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé
depois o de expressá-la. como bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma
crença ou religião que seja proibida, garantindo-se que a
No mais, surge como corolário do direito à liberdade
de pensamento e de expressão o direito à escusa por con- profissão desta fé possa se realizar em locais próprios.
Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos
vicção filosófica ou política:
distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberda-
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos des: a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a
por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica liberda- de de organização religiosa.
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de Consoante o magistério de José Afonso da Silva11,
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir entra na liberdade de crença a liberdade de escolha da
prestação al- ternativa, fixada em lei. religião, a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a
liberdade (ou o direito) de mudar de religião, além da
Trata-se de instrumento para a consecução do direito liberdade de não aderir a religião alguma, assim como a
assegurado na Constituição Federal – não basta permitir liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu e de
que se pense diferente, é preciso respeitar tal posiciona- exprimir o agnos- ticismo, apenas excluída a liberdade de
mento. embaraçar o livre exercício de qualquer religião, de
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é qualquer crença. A liber- dade de culto consiste na
limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste liberdade de orar e de praticar os atos próprios das
na garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria manifestações exteriores em casa ou em público, bem
cer- ta e determinada, permitindo eventuais como a de recebimento de contribuições para tanto. Por
responsabilizações por manifestações que contrariem a fim, a liberdade de organização religiosa refere-se à
lei. possibilidade de estabelecimento e organização de igrejas
e suas relações com o Estado.
10 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vi-
dal Serrano. Curso de direito constitucional. 10. ed. São 11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito
Paulo: Saraiva, 2006. constitu- cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros,
2006.
74
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos
pres- tação de assistência religiosa nas entidades civis órgãos públicos informações de seu interesse particular,
e mili- tares de internação coletiva. ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
pra- zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
prisionais civis e militares, mas também a hospitais. sociedade e do Estado.
Ainda, surge como corolário do direito à liberdade
reli- giosa o direito à escusa por convicção religiosa: A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de
2011 regula o acesso a informações previsto no inciso
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos XXXIII do art. 5º, CF, também conhecida como Lei do
por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica Acesso à Infor- mação.
ou po- lítica, salvo se as invocar para eximir-se de Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF:
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alterna- tiva, fixada em lei. Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados,
indepen- dentemente do pagamento de taxas:
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alis- defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
tamento militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
fundado motivo em crença religiosa ou convicção filosó- para defesa de direitos e esclarecimento de situações de in-
fica/política, caso em que será obrigado a cumprir uma teresse pessoal.
prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não
contrarie tais preceitos. Quanto ao direito de petição, de maneira prática,
cum- pre observar que o direito de petição deve resultar
Liberdade de informação em uma manifestação do Estado, normalmente dirimindo
O direito de acesso à informação também se liga a (resol- vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro
uma dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, exercí- cio contínuo de delimitação dos direitos e
prevê o ar- tigo 5º, XIV, CF: obrigações que regulam a vida social e, desta maneira,
quando “dificulta a apreciação de um pedido que um
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à in- cidadão quer apresen- tar” (muitas vezes, embaraçando-
formação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces- lhe o acesso à Justiça); “demora para responder aos
sário ao exercício profissional. pedidos formulados” (admi- nistrativa e, principalmente,
judicialmente) ou “impõe res- trições e/ou condições para
Trata-se da liberdade de informação, consistente na a formulação de petição”, traz a chamada insegurança
liberdade de procurar e receber informações e ideias por jurídica, que traz desesperança e faz proliferar as
quaisquer meios, independente de fronteiras, sem interfe- desigualdades e as injustiças.
rência. Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
passo que a liberdade de expressão tem uma caracterís- cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
tica ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
e passivo da exteriorização da liberdade de pensamento: na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes
não basta poder manifestar o seu próprio pensamento, é Públi- cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do
preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade inciso, o que gera confusões conceituais no sentido do
de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para direito de obter certidões ser dissociado do direito de
a sociedade.
petição.
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX,
de todos obterem informações claras, precisas e
CF:
verdadeiras a respeito de fatos que sejam de seu
interesse, notadamente pelos meios de comunicação
Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a
imparciais e não monopoli- zados (artigo 220, CF). No
publicida- de dos atos processuais quando a defesa da
entanto, nem sempre é possível que a imprensa divulgue
intimidade ou o interesse social o exigirem.
com quem obteve a informação divulgada, sem o que a
segurança desta poderia ficar pre- judicada e a
informação inevitavelmente não chegaria ao público. Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas
Especificadamente quanto à liberdade de informação o será quando a intimidade merecer preservação (ex: pro-
no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas cesso criminal de estupro ou causas de família em geral)
previsões. ou quando o interesse social exigir (ex: investigações que
pos- sam ser comprometidas pela publicidade). A
publicidade é instrumento para a efetivação da liberdade
de informação.
75
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Liberdade de locomoção
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com de-
Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no ar- mais na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever
tigo 5º, XV, CF:
de informar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões
de segurança coletiva. Imagine uma grande reunião de
Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território pes- soas por uma causa, a exemplo da Parada Gay, que
nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos chega a aglomerar milhões de pessoas em algumas
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com capitais: seria absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o
seus bens. prévio aviso do poder público para que ele organize o
policiamento e a as- sistência médica, evitando algazarras
A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di- e socorrendo pessoas que tenham algum mal-estar no
reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o local. Outro limite é o uso de armas, totalmente vedado,
território do país em tempos de paz (em tempos de assim como de substâncias ilícitas (Ex: embora a Marcha
guerra é possível limitar tal liberdade em prol da da Maconha tenha sido autori- zada pelo Supremo
segurança). A liberdade de sair do país não significa que Tribunal Federal, vedou-se que nela tal substância ilícita
existe um direito de ingressar em qualquer outro país, fosse utilizada).
pois caberá à ele, no exercício de sua soberania, controlar
tal entrada. Liberdade de associação
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º,
liber- dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá XVII, CF:
ser pre- sa nos casos autorizados pela própria
Constituição Federal. A despeito da normativa específica Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação
de natureza penal, re- força-se a impossibilidade de se para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
restringir a liberdade de locomoção pela prisão civil por
dívida. A liberdade de associação difere-se da de reunião por
Prevê o artigo 5º, LXVII, CF: sua perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é
exercida de forma sazonal, eventual, a liberdade de
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi- associa- ção implica na formação de um grupo
da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário organizado que se mantém por um período de tempo
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário considerável, dotado de estrutura e organização próprias.
infiel. Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são
associa- ções ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo armas e o ideal de realizar sua própria justiça
Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário paralelamente à estatal.
infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por O texto constitucional se estende na regulamentação
isso, a única exceção à regra da prisão por dívida do da liberdade de associação.
ordenamento é a que se refere à obrigação alimentícia. O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza:
Liberdade de trabalho
O direito à liberdade também é mencionado no artigo Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na
forma da lei, a de cooperativas independem de
autorização, sendo v estatal em seu funcionamento.
edada a interferência
5º, XIII, CF:
Neste sentido, associações são organizações resultantes
Artigo
balho, 5º, XIII,
ofício ou CF. É livre oatendidas
profissão, exercício de
as qualquer tra-
qualificações da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem
Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi- Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do
nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza. consentimento do mo- rador, salvo em caso de flagrante
A liberdade de associação envolve não somente o di- delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
reito de criar associações e de fazer parte delas, mas tam- dia, por determinação judicial.
bém o de não associar-se e o de deixar a associação, con-
forme artigo 5º, XX, CF: O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém
pode nele entrar sem o consentimento do morador, a não
Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a ser EM QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito
as- sociar-se ou a permanecer associado. (o morador foi flagrado na prática de crime e fugiu para
seu domicílio) ou desastre (incêndio, enchente,
- Direitos à privacidade e à terremoto...) ou para prestar socorro (morador teve
ataque do coração, está sufocado, desmaiado...), e
personalidade Abrangência SOMENTE DURANTE O DIA por determinação judicial.
Prevê o artigo 5º, X, CF: Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica-
ções, prevê o artigo 5º, XII, CF:
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da
direito a indenização pelo dano material ou moral correspondência e das comunicações telegráficas, de dados
decorren- te de sua violação. e das comunica- ções telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
O legislador opta por trazer correlacionados no estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
mesmo dispositivo legal os direitos à privacidade e à processual penal.
personalida- de.
Reforçando a conexão entre a privacidade e a O sigilo de correspondência e das comunicações está
intimida- de, ao abordar a proteção da vida privada – que, melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996.
em resu- mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito
do domicílio e de círculos de amigos –, Silva 12 entende que Personalidade jurídica e gratuidade de registro
“o segredo da vida privada é condição de expansão da Quando se fala em reconhecimento como pessoa pe-
personalidade”, mas não caracteriza os direitos de rante a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos
personalidade em si. direitos de personalidade, consistente na personalidade
A união da intimidade e da vida privada forma a pri- ju- rídica. Basicamente, consiste no direito de ser
vacidade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais reconhecido como pessoa perante a lei.
estrita. É possível ilustrar a vida social como se fosse um Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se
grande círculo no qual há um menor, o da vida privada, e necessário o registro. Por ser instrumento que serve como
dentro deste um ainda mais restrito e impenetrável, o da pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse-
intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição
“Teoria dos Círculos Concêntricos”), importada do direito de com ele arcar.
alemão, quanto mais próxima do indivíduo, maior a Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
proteção a ser conferida à esfera (as esferas são
representadas pela intimi- dade, pela vida privada, e pela Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconheci-
publicidade). damente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois an- nas- cimento; b) a certidão de óbito.
teriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa
tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fa- O reconhecimento do marco inicial e do marco final
zem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabi- da personalidade jurídica pelo registro é direito individual,
lidade no meio social. O direito à imagem também pos- não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria
sui duas conotações, podendo ser entendido em sentido absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora-
objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, por ção de documentos para que ela seja reconhecida como
meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos
subjetivo, significando o conjunto de qualidades menos favorecidos.
cultivadas pela pessoa e reconhecidas como suas pelo
grupo social”13.
12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito reito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
constitu- cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros,
2006.
13 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de di-
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
78
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento
função social quando atende às exigências fundamentais para desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
de ordenação da cidade expressas no plano diretor18. ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constitui-
Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a ção.
pro- priedade rural atende, simultaneamente, segundo
critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
seguintes requi- sitos:
I - aproveitamento racional e adequado; Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis
II - utilização adequada dos recursos naturais urba- nos serão feitas com prévia e justa indenização em
disponíveis e preservação do meio ambiente; dinheiro.
III - observância das disposições que regulam as
relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos 19 Nota-se que antes de se promover a desapropria-
proprietá- rios e dos trabalhadores. ção de imóvel urbano por desatendimento à função social é
necessário tomar duas providências, sucessivas: primeiro, o
Desapropriação parcelamento ou edificação compulsórios; depois, o estabe-
No caso de desrespeito à função social da lecimento de imposto sobre a propriedade predial e territorial
propriedade cabe até mesmo desapropriação do bem, de urbana progressivo no tempo. Se ambas medidas restarem
modo que po- de-se depreender do texto constitucional ineficazes, parte-se para a desapropriação por
duas possibilida- des de desapropriação: por desrespeito à desatendimen- to à função social.
função social e por necessidade ou utilidade pública. 20 A desapropriação em decorrência do desatendimen-
17 SILVA, José Afonso da. Curso de direito to da função social é indenizada, mas não da mesma
constitu- cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, maneira que a desapropriação por necessidade ou utilidade
2006. pública, já que na primeira há violação do ordenamento
18 Instrumento básico de um processo de constitucional pelo proprietário, mas na segunda não. Por
planejamen- to municipal para a implantação da política de isso, indeniza-se em títulos da dívida agrária, que na prática
desenvolvimen- to urbano, norteando a ação dos agentes não são tão valori- zados quanto o dinheiro.
públicos e privados (Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da cidade).
79
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Um grande problema que faz com que processos que Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo
tenham a desapropriação por objeto se estendam é a in- 187:
devida valorização do imóvel pelo Poder Público, que ge-
ralmente pretende pagar valor muito abaixo do devido, Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e exe-
ne- cessitando o Judiciário intervir em prol da correta cutada na forma da lei, com a participação efetiva do setor
avaliação. de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais,
bem como dos setores de comercialização, de armazena-
mento e de transportes, levando em conta, especialmente:
80
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
81
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Uso temporário
Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento
No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao di- e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código
reito de propriedade que não possui o caráter definitivo
de defesa do consumidor.
da desapropriação, mas é temporária, conforme artigo 5º,
XXV, CF:
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi um
grande passo para a proteção da pessoa nas relações de
Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo públi- consu- mo que estabeleça, respeitando-se a condição de
co, a autoridade competente poderá usar de propriedade
hipossuficiente técnico daquele que adquire um bem ou faz
particular, assegurada ao proprietário indenização
uso de determinado serviço, enquanto consumidor.
ulterior, se houver dano.
Propriedade intelectual
Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação
Além da propriedade material, o constituinte protege tam-
de perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex:
bém a propriedade intelectual, notadamente no artigo 5º, XXVII,
montar uma base para capturar um fugitivo), pois o
XXVIII e XXIX, CF:
interesse da coletividade é maior que o do indivíduo
proprietário.
Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito
exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
Direito sucessório
obras, transmis- sível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
O direito sucessório aparece como uma faceta do
direi- to à propriedade, encontrando disciplina Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei:
constitucional no artigo 5º, XXX e XXXI, CF:
a) a proteção às participações individuais em obras
cole- tivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança; inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento
Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de econômico das obras que criarem ou de que participarem aos
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações
estrangei- sindicais e associativas;
ros situados no País será regulada pela lei brasileira em
be- nefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de inventos
não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como
proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos
O direito à herança envolve o direito de receber – seja no- mes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em
devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens vista o in- teresse social e o desenvolvimento tecnológico e
de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa econômico do País.
para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou
a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina
Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual
específica para bens de estrangeiros situados no Brasil, as- que deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto
segurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos sob o pa- trimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, a
brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os
do país estrangeiro). direitos autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes são
conexos”.
Direito do consumidor
O artigo 7° do referido diploma considera como obras
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: inte- lectuais que merecem a proteção do direito do autor os
textos de obras de natureza literária, artística ou científica; as
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da conferências, sermões e obras semelhantes; as obras
lei, a defesa do consumidor. cinematográficas e tele- visivas; as composições musicais;
fotografias; ilustrações; progra- mas de computador;
O direito do consumidor liga-se ao direito à coletâneas e enciclopédias; entre outras.
proprieda- de a partir do momento em que garante à Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, inalie-
pessoa que irá adquirir bens e serviços que estes sejam náveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito de rei-
entregues e pres- tados da forma adequada, impedindo vindicar a autoria da obra, ter seu nome divulgado na utilização
que o fornecedor se enriqueça ilicitamente, se aproveite desta, assegurar a integridade desta ou modificá-la e retirá-la
de maneira indevida da posição menos favorável e de de circulação se esta passar a afrontar sua honra ou imagem.
vulnerabilidade técnica do consumidor. Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos artigos
O Direito do Consumidor pode ser considerado um 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos contados
ramo recente do Direito. No Brasil, a legislação que o re- do primeiro ano seguinte à sua morte ou do falecimento do
gulamentou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei último coautor, ou contados do primeiro ano seguinte à
nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conforme divulgação da obra se esta for de natureza audiovisual ou
determinado pela Constituição Federal de 1988, que fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem, basicamente, o
também estabele- ceu no artigo 48 do Ato das direito de dispor sobre a reprodução, edição, adaptação,
Disposições Constitucionais Transitórias: tradução, utilização, inclusão em bases de dados ou qualquer
outra modalidade de utilização; sendo que estas modalidades
de utilização podem se dar a título oneroso ou gratuito.
82
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
- Direitos de acesso à justiça Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
A formação de um conceito sistemático de acesso à
justiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o
apon- taram três ondas de acesso, isto é, três
princí- pio de Direito Processual Público subjetivo,
posicionamentos básicos para a realização efetiva de tal
também cunha- do como Princípio da Ação, em que a
acesso. Tais ondas foram percebidas paulatinamente com
Constituição garante a necessária tutela estatal aos
a evolução do Di- reito moderno conforme
conflitos ocorrentes na vida em sociedade. Sempre que
implementadas as bases da onda anterior, quer dizer,
uma controvérsia for levada ao Poder Judiciário,
ficou evidente aos autores a emergên- cia de uma nova
preenchidos os requisitos de admissibili- dade, ela será
onda quando superada a afirmação das premissas da
resolvida, independentemente de haver ou não previsão
onda anterior, restando parcialmente imple- mentada específica a respeito na legislação.
(visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao pleno
Também se liga à primeira onda de acesso à justiça,
atendimento em todas as ondas).
no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos
Primeiro, Cappelletti e Garth22 entendem que surgiu favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
uma onda de concessão de assistência judiciária aos po-
bres, partindo-se da prestação sem interesse de
Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência
remunera- ção por parte dos advogados e, ao final, jurí- dica integral e gratuita aos que comprovarem
levando à criação de um aparato estrutural para a insuficiên- cia de recursos.
prestação da assistência pelo Estado.
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e O constituinte, ciente de que não basta garantir o
Garth23, veio a onda de superação do problema na aces- so ao Poder Judiciário, sendo também necessária a
representação dos interesses difusos, saindo da efeti- vidade processual, incluiu pela Emenda
concepção tradicional de processo como algo restrito a Constitucional nº 45/2004 o inciso LXXVIII ao artigo 5º da
apenas duas partes indivi- dualizadas e ocasionando o Constituição:
surgimento de novas institui- ções, como o Ministério
Público. Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e ad-
Finalmente, Cappelletti e Garth24 apontam uma ministrativo, são assegurados a razoável duração do pro-
terceira onda consistente no surgimento de uma cesso e os meios que garantam a celeridade de sua trami-
concepção mais ampla de acesso à justiça, considerando o tação.
conjunto de ins- tituições, mecanismos, pessoas e
procedimentos utilizados: “[...] esse enfoque encoraja a Com o tempo se percebeu que não bastava garantir
exploração de uma ampla variedade de reformas, o acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não
incluindo alterações nas formas de procedimento, significa que se deve acelerar o processo em detrimento
mudanças na estrutura dos tribunais ou a criação de de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que é
novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou pa- preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e
raprofissionais, tanto como juízes quanto como nem menos que o necessário para a efetiva realização da
defensores, modificações no direito substantivo justiça no caso concreto.
destinadas a evitar li- tígios ou facilitar sua solução e a
utilização de mecanismos privados ou informais de - Direitos constitucionais-penais
solução dos litígios. Esse enfoque, em suma, não receia
inovações radicais e compreensivas, que vão muito além Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de ex-
da esfera de representação judicial”. ceção
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:
21 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fun-
damentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sen-
Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e ju- tenciado senão pela autoridade competente”, consolida o
risprudência. São Paulo: Atlas, 1997. princípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o
22 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à direito de conhecer previamente daquele que a julgará no
Justiça. Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sér- processo em que seja parte, revestindo tal juízo em
gio Antônio Fabris Editor, 1998, p. 31-32. jurisdição com- petente para a matéria específica do caso
23 Ibid., p. 49-52 antes mesmo do fato ocorrer.
24 Ibid., p. 67-73
83
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
85
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado
submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
previstas em lei.
Consolida-se o princípio da presunção de inocência,
Se uma pessoa possui identificação civil, não há por- pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em
que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos, definitivo, o Judiciário assim decida, respeitados todos os
etc. Pensa-se que seria uma situação constrangedora des- princípios e garantias constitucionais.
necessária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade
moral. Ação penal privada subsidiária da pública
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
25 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito
penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.
86
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos
os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
entrar em contato com sua família e com um advogado, regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
conforme artigo 5º, LXIII, CF: internacio- nais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.
Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus di-
Daí se depreende que os direitos ou garantias podem
reitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sen-
assegurada a assistência da família e de advogado. do assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é ape-
nas exemplificativo, não taxativo.
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:
5) Tratados internacionais incorporados ao
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à ordena- mento interno
identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e
interrogatório policial. garan- tias podem decorrer, dentre outras fontes, dos
“tratados internacionais em que a República Federativa
do Brasil seja parte”.
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Direitos sociais
Há se ressaltar também que o Estado não possui ape-
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no nas um papel direto na promoção dos direitos
capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria
econômicos, sociais e culturais, mas também um indireto,
normas programáticas e que necessitam de uma postura
quando por meio de sua gestão permite que os indivíduos
interventiva estatal em prol da implementação.
adquiram condições para sustentarem suas necessidades
Os direitos assegurados nesta categoria encontram pertencen- tes a esta categoria de direitos.
menção genérica no artigo 6º, CF:
2) Reserva do possível e mínimo existencial
Artigo 6º, CF. Art. 6º São direitos sociais a educação, a
Os direitos sociais serão concretizados gradualmente,
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
notadamente porque estão previstos em normas progra-
transpor- te, o lazer, a segurança, a previdência social,
máticas e porque a implementação deles gera um ônus
a proteção à maternidade e à infância, a assistência
para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais,
aos desampa- rados, na forma desta Constituição.
que dependem de uma postura de abstenção estatal, os
direi- tos sociais precisam que o Estado assuma um papel
Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado ativo em prol da efetivação destes.
Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de
huma- nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos
uma Constituição, a despeito de um instante bem-
como direi- tos econômicos, sociais e culturais. Em
intencionado de palavras promovido pelo constituinte,
resumo, os direitos sociais envolvem prestações positivas
pode levar à ne- gativa, paradoxal – e, portanto,
do Estado (diferente dos de liberdade, que referem-se à
inadmissível – consequên- cia de uma Carta Magna cujas
postura de abstenção estatal), ou seja, políticas estatais
finalidades não condigam com seus próprios prescritos,
que visem consolidar o princípio da igualdade não apenas
fato que deslegitima o Poder Público como determinador
formalmente, mas ma- terialmente (tratando os desiguais
de que particulares respeitem os direitos fundamentais, já
de maneira desigual).
que sequer eles próprios, os administradores, conseguem
Por seu turno, embora no capítulo específico do Título cumprir o que consta de seu Estatuto Máximo30.
II que aborda os direitos sociais não se perceba uma
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar
intensa regulamentação destes, à exceção dos direitos
a cláusula da reserva do possível como argumento para a
trabalhistas, o Título VIII da Constituição Federal, que
não implementação de determinado direito social – seja
aborda a ordem social, se concentra em trazer normativas
pela absoluta ausência de recursos (reserva do possível fá-
mais detalhadas a respeitos de direitos indicados como
tica), seja pela ausência de previsão orçamentária nos ter-
sociais.
mos do artigo 167, CF (reserva do possível jurídica).
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento
1) Igualdade material e efetivação dos direitos so- que os direitos sociais “não pode converter-se em
ciais
promessa constitucional inconsequente, sob pena de o
Independentemente da categoria de direitos que Poder Públi- co, fraudando justas expectativas nele
este- ja sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer
depositadas pela co- letividade, substituir, de maneira
num sentido meramente formal, mas necessariamente
ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por
material. Significa que discriminações indevidas são
um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao
proibidas, mas existem certas distinções que não só
que determina a própria Lei Fundamental do Estado”31.
devem ser aceitas, como também se mostram essenciais.
Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do
No que tange aos direitos sociais percebe-se que a possível, embora viável, não pode servir de muleta para
igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta
que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste
categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do Es-
viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada,
tado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com
entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se
suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e
eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen-
moradia, assim como nem todos se encontram na posição
to de que não há orçamento específico para isso – ele de-
de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria
veria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para
da população de explorados. Estas pessoas estão numa
atender esta demanda.
clara posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial,
para que progressivamente atinjam uma posição de
que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad-
igualdade real, já que não é por conta desta posição
ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas
desfavorável que se pode afirmar que são menos dignos,
a serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do
menos titulares de direitos fundamentais.
Poder Judiciário em prol de sua efetivação.
Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a
ser alcançada pelo Estado em prol da consolidação da
30 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do
igual- dade material. Sendo assim, o Estado buscará o
possí- vel e mínimo existencial: a pretensão de eficácia da
crescente aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos
norma constitucional em face da realidade. Curitiba: Juruá,
com quali- dade para que todos os nacionais tenham 2012, p. 56-57.
garantidos seus direitos fundamentais de segunda
31 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.
dimensão da maneira mais plena possível.
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34 http://www.juventude.gov.br/politica
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Art. 87. São linhas de ação da política de O artigo 5º ressalta o verdadeiro objetivo geral do
to atendimen- ECA: proteger a criança de qualquer forma de negligência,
: discri- minação, exploração, violência, crueldade e
I - políticas sociais básicas; opressão. Neste sentido, coloca-se a possibilidade de
II - serviços, programas, projetos e benefícios de as- responsabilização de to-
sistência social de garantia de proteção social e de preven- dos que atentarem contra esse propósito. A responsabilização
ção e redução de violações de direitos, seus agravamentos poderá se dar em qualquer uma das três esferas, isolada
ou reincidências; ou cumulativamente: penal, respondendo por crimes e
III - serviços especiais de prevenção e atendimento contra- venções penais todo aquele que praticá-lo contra
médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tra- criança e adolescente, bem como respondendo por atos
tos, exploração, abuso, crueldade e opressão; infracionais as crianças e adolescentes que atentarem um
IV - serviço de identificação e localização de pais, contra o outro; civil, estabelecendo-se o dever de indenizar
responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; por danos causados a crianças e a adolescentes, que se
estende a toda e qualquer pessoa física ou jurídica que o
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa
faça, inclusive o próprio Estado; e administrativa, impondo-se
dos direitos da criança e do adolescente.
penas disciplinares a funcionários sujeitos a regime jurídico
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou administrativo em trabalhos privados ou em cargos,
abreviar o período de afastamento do convívio empregos e funções públicos.
familiar e a garantir o efetivo exercício do direito à
convivência familiar de crianças e adolescentes; Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem
forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a
convívio familiar e à adoção, especificamente inter- condição peculiar da criança e do adolescente como
racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com pessoas em desen- volvimento.
necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de
grupos de ir- mãos. É pacífico que o processo de interpretação hoje faz
O artigo 87 descreve linhas de ação na política de parte do Direito, principalmente se considerada a constante
atendimento, que compõem a delimitação do princípio da evolução da sociedade, demandando diariamente por novos
prioridade absoluta na vertente da priorização na adoção modos de aplicação das normas. Como a sociedade é
de políticas públicas e na delimitação de recursos dinâmica e o Direito existe para servi-la, cabe a ele adequar-
financei- ros para execução de tais políticas. se às novas exigências sociais, aplicando-se da maneira
mais justa à vasta gama de casos concretos. Sobre a
b) Sistema secundário – artigos 98 e 101, ECA – interpretação, explica Gonçalves47: “Quando o fato é típico
e se enquadra perfeitamente no con- ceito abstrato da
abor- da as medidas de proteção destinadas à criança e
norma, dá-se o fenômeno da subsunção. Há casos, no
ao ado- lescente em situação de risco pessoal ou social.
entanto, em que tal enquadramento não ocorre, não
Obs.: as medidas de proteção são estudadas adiante encontrando o juiz nenhuma norma aplicável à hipótese
neste material. sub judice. Deve, então, proceder à integração normativa,
c) Sistema terciário – artigo 112, ECA – aborda as mediante o emprego da analogia, dos costumes e dos
medidas socioeducativas, destinadas à responsabilização princípios gerais do direito. [...] Para verificar se a norma é
penal do adolescente infrator, isto é, àquele entre 12 e 18 aplicável ao caso em julgamento (subsunção) ou se deve
anos que comete atos infracionais. proceder à integração nor- mativa, o juiz procura descobrir
Obs.: as medidas socioeducativas são estudadas o sentido da norma, interpre- tando-a. Interpretar é
adian- te neste material. descobrir o sentido e o alcance da norma jurídica”.
O sistema tríplice deve operar de forma harmônica, A hermenêutica possui 3 categorias de métodos.
com o acionamento gradual de cada um deles. Nas situa- Quanto às fontes ou origem, a interpretação pode ser
ções em que a criança ou adolescente escape ao sistema autêntica ou le- gislativa, jurisprudencial ou judicial e
primário de prevenção, ou seja, nos casos de ineficácia doutrinária. Quanto aos meios, pode ser gramatical ou literal,
das políticas públicas específicas, deve ser acionado o examinando o texto nor- mativo linguísticamente; lógica ou
sistema secundário, operado predominantemente pelo racional, apurando o sentido e a finalidade da norma;
Conselho Tutelas. Por sua vez, em casos extremos, é sistemática, analisando a lei de manei- ra comparativa com
necessário partir para a adoção de medidas outras leis pertencentes à mesma provín- cia do Direito (livro,
socioeducativas, operadas pre- dominantemente pelo título, capítulo, seção, parágrafo); histórica, baseando-se na
Ministério Público e pelo Judiciário. verificação dos antecedentes do processo le- gislativo;
sociológica, adaptando o sentido ou finalidade da norma
às novas exigências sociais (artigo 5°, LINDB). Quanto aos
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto resultados pode ser declarativa, quando o texto legal cor-
de qualquer forma de negligência, discriminação, responde ao pensamento do legislador; extensiva ou
explora- ção, violência, crueldade e opressão, punido ampliati- va, quando o alcance da lei é mais amplo que o
na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, indicado pelo seu texto; e restritiva, na qual se limita o
aos seus direitos fundamentais. campo de aplicação da lei. Nenhum destes métodos se
opera isoladamente48.
47 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil
Bra- sileiro. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2011, v. 1.
48 Ibid.
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Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o
mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente responsável prestará compromisso de bem e fielmente
da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desempenhar o encargo, mediante termo nos autos.
desta Lei.
§ 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescen- Existem três formas de colocação em família
te será previamente ouvido por equipe interprofissional, substituta: guarda, tutela e adoção. Neste sentido, a
respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de com- criança é retirada da esfera do poder familiar de ambos os
preensão sobre as implicações da medida, e terá sua pais (o que pode acontecer na tutela e na adoção), ou
opinião devidamente considerada. então permanece vinculado ao poder familiar de ambos
genitores enquanto apenas um ou um terceiro exerce a
§ 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de
idade, será necessário seu consentimento, colhido em guarda (o que ocor- re apenas na guarda). Trata-se de
audiência. situação excepcional, eis que em regra a criança deve
§ 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o permanecer na família natural, vinculada ao poder familiar
grau de parentesco e a relação de afinidade ou de atribuído a ambos os pais.
afeti- vidade, a fim de evitar ou minorar as consequências Neste tipo de circunstância, deve-se buscar sempre
decor- rentes da medida. ouvir a criança ou o adolescente. Caso já possua 12 anos
§ 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob ado- completos, a oitiva é obrigatória. Trata-se de respeito à
ção, tutela ou guarda da mesma família substituta, au- tonomia da criança e do adolescente.
res- salvada a comprovada existência de risco de abuso ou Os irmãos devem permanecer unidos em qualquer cir-
outra situação que justifique plenamente a cunstância, sendo a separação de irmãos medida excep-
excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em cional. Por exemplo, se um casal estiver disposto a adotar
qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos 4 filhos e existirem 4 irmãos, será dada prioridade a ele,
fraternais. passando na frente dos demais candidatos à adoção.
§ 5o A colocação da criança ou adolescente em família
substituta será precedida de sua preparação gradativa e Subseção
acompanhamento posterior, realizados pela equipe II Da
inter- profissional a serviço da Justiça da Infância e da Guarda
Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos
responsáveis pela execução da política municipal de Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência
garantia do direito à convivência familiar. material, moral e educacional à criança ou
§ 6o Em se tratando de criança ou adolescente indí- adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-
gena ou proveniente de comunidade remanescente de qui- se a terceiros, inclusive aos pais.
lombo, é ainda obrigatório: § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de
I - que sejam consideradas e respeitadas sua fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
identidade social e cultural, os seus costumes e procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por
tradições, bem como suas instituições, desde que não estrangeiros.
sejam incompatíveis com os direitos fundamentais § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos
reconhecidos por esta Lei e pela Cons- tituição Federal; casos de tutela e adoção, para atender a situações pecu-
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente liares ou suprir a falta eventual dos pais ou
no seio de sua comunidade ou junto a membros da responsável, podendo ser deferido o direito de
mes- ma etnia; representação para a práti- ca de atos determinados.
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Capítulo V
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no
anos, são assegurados os direitos trabalhistas e
Trabalho previden- ciários.
Uma vez que o adolescente está autorizado a
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de trabalhar, mesmo que na condição de menor aprendiz,
quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. possui direi- tos trabalhistas e previdenciários.
Preconiza o artigo 7º, XXXIII, CF a “proibição de tra-
balho noturno, perigoso ou insalubre a menores de Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é
dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis asse- gurado trabalho protegido.
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de O adolescente que possui deficiência não pode ser ex-
quatorze anos”. posto a uma situação de risco em decorrência da
Portanto, em decorrência da própria norma constitu- atividade laboral.
cional, nenhuma criança ou adolescente pode trabalhar
an- tes dos 14 anos de idade. Evidentemente que há Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regi-
algumas exceções a esta regra, devidamente fiscalizadas me familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido
pelo Con- selho Tutelar, como é o caso dos artistas mirins. em entidade governamental ou não-governamental, é ve-
Entre 14 anos e 16 anos de idade somente será dado trabalho:
possível o trabalho na condição de menor aprendiz, cuja I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de
natureza é de ensino técnico-profissional, viabilizando a um dia e as cinco horas do dia seguinte;
futura inser- ção do adolescente no mercado de trabalho. II - perigoso, insalubre ou penoso;
A partir dos 16 anos, o menor pode trabalhar, mas não III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e
no período noturno ou em condições de periculosidade e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
insalubridade. IV - realizado em horários e locais que não permitam a
frequência à
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é re- O menor aprendiz está proibido de trabalhar no
escola.
gulada por legislação especial, sem prejuízo do perío- do noturno, em trabalho que o coloque exposto a
disposto pericu-
nesta Lei. losidade (ex.: em andaimes, em áreas com risco de incêndio
ou choques), insalubridade (ex.: em freezers de frigoríficos,
expostos a radiação) ou penosidade (ex.: excesso de força
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação téc-
física exigida).
nico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases
da legislação de educação em vigor.
Art. 68. O programa social que tenha por base o tra-
balho educativo, sob responsabilidade de entidade
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
governa- mental ou não-governamental sem fins
seguintes princípios:
lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele
I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao participe condições de capacitação para o exercício de
en- sino regular; atividade regular remu- nerada.
II - atividade compatível com o desenvolvimento § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade
do adolescente; laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao
III - horário especial para o exercício das atividades. desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem
Aquele que trabalha na condição de menor aprendiz sobre o aspecto produtivo.
é
as condiçõesa para
obrigado frequentar
que o afaça,
escola, devendo ser
notadamente facilitadas
pelo estabe- b § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo tra-
lecimento de horário especial de trabalho. Além disso, a alho efetuado ou a participação na venda dos produtos de
atividade laboral deve ser compatível com as atividades seu trabalho não desfigura o caráter educativo.
de ensino, até mesmo por se tratar de ensino técnico- Os programas sociais voltados à capacitação dos ado-
profis- sionalizante. lescentes devem sempre ter por objetivo educá-lo para
Ex.: um jovem pode trabalhar no período matutino, que ele adquira condições de inserir-se no mercado de
fre- quentar o SENAI na parte da tarde e ir ao colégio no traba- lho. Deve ser ensinado, logo, dele não se deve
ensino médio noturno. cobrar tanta produtividade, mas sim deve ser avaliado
pelo seu apren- dizado. O fato do trabalho ser
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é remunerado não desvirtua este propósito.
assegurada bolsa de aprendizagem.
Toda criança e adolescente que necessitar receberá Art. 69. O adolescente tem direito à
fo- mento para que não se desvincule das atividades de profissionalização e à proteção no trabalho, observados
ensi- no. Trata-se de incentivo àquele que sem auxílio os seguintes aspec- tos, entre outros:
acabaria entrando em situação irregular e trabalhando. I - respeito à condição peculiar de pessoa em desen-
volvimento;
II - capacitação profissional adequada ao mercado de
trabalho.
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a infor-
ameaça ou violação dos direitos da criança e do mação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos
adoles- cente. e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar
de pessoa em desenvolvimento.
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Mu- nicípios deverão atuar de forma articulada na Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem
elaboração de políticas públicas e na execução de da prevenção especial outras decorrentes dos princípios
ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de por ela adotados.
tratamento cruel ou degradante e difundir formas não
violentas de educação de crianças e de adolescentes, Art. 73. A inobservância das normas de prevenção im-
tendo como principais ações: I - a promoção de portará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica,
campanhas educativas permanentes para a divulgação do nos termos desta Lei.
direito da criança e do adolescente de serem educados e
Capítulo II
cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel
ou degradante e dos instrumentos de prote- Da Prevenção Especial
ção aos direitos humanos;
Seção I
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do
Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões
Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Ado- e Espetáculos
lescente e com as entidades não governamentais que
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da Art. 74. O poder público, através do órgão competente,
criança e do adolescente; regulará as diversões e espetáculos públicos,
III - a formação continuada e a capacitação dos profis- informan- do sobre a natureza deles, as faixas etárias
sionais de saúde, educação e assistência social e dos a que não se recomendem, locais e horários em que sua
demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa apresentação se mostre inadequada.
dos di- reitos da criança e do adolescente para o Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e es-
desenvolvimento das competências necessárias à petáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil
prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e acesso, à entrada do local de exibição, informação
ao enfrentamento de todas as formas de violência contra a destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária
criança e o adolescente; especificada no certificado de classificação.
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pací-
fica de conflitos que envolvam violência contra a criança e Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às di-
o adolescente; versões e espetáculos públicos classificados como ade-
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que quados à sua faixa etária.
visem a garantir os direitos da criança e do adolescente, Parágrafo único. As crianças menores de dez anos so-
desde a aten- ção pré-natal, e de atividades junto aos pais mente poderão ingressar e permanecer nos locais de apre-
e responsáveis com o objetivo de promover a informação, sentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou
a reflexão, o de- bate e a orientação sobre alternativas ao responsável.
uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante
no processo educativo; VI - a promoção de espaços Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exi-
intersetoriais locais para a articulação de ações e a birão, no horário recomendado para o público infanto ju-
elaboração de planos de atuação conjunta focados nas venil, programas com finalidades educativas,
famílias em situação de violência, com participação de artísticas, culturais e informativas.
profissionais de saúde, de assistência social e de educação e Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado
de órgãos de promoção, proteção e defesa dos ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua
direitos da criança e do adolescente. transmissão, apresentação ou exibição.
Parágrafo único. As famílias com crianças e
adolescentes com deficiência terão prioridade de
atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e
proteção.
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Seção II
Como a medida é mais gravosa, a lei fixa um prazo
Da Advertência máximo de 6 meses para essa prestação e um máximo de
8 horas semanais. Essas 8 horas poderão ser estabeleci-
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação das discricionariamente, desde que não prejudiquem a
verbal, que será reduzida a termo e assinada. fre- quência ao trabalho e à escola. Deverá ser levada em
conta a aptidão do adolescente para a aplicação da
Disposta no art. 115 do ECA, é uma medida sócio-e- medida.
ducativa que consiste em uma admoestação verbal que é
aplicada pelo Juiz ao adolescente e que é reduzida a ter- Seção V
mo. É destinada a atos de menor gravidade. Da Liberdade Assistida
Para a aplicação da advertência, o Juiz deve levar em
consideração a prova da materialidade e indícios suficien- Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre
tes de autoria. É a única medida que o Juiz poderá aplicar que se afigurar a medida mais adequada para o fim
fundamentando-se somente em indícios de autoria. de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
Seção III acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
Da Obrigação de Reparar o Dano entidade ou programa de atendimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo míni-
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com re- mo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorro-
flexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se gada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o orientador, o Ministério Público e o defensor.
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o
prejuízo da vítima. Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a su-
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a pervisão da autoridade competente, a realização dos
medida poderá ser substituída por outra adequada. seguin- tes encargos, entre outros:
I - promover socialmente o adolescente e sua família,
Obrigação de reparar o dano (art. 116 do ECA). Há um fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário,
pressuposto: o ato infracional deve ter causado um dano em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência
à vítima. Essa reparação é para a vítima que sofreu o dano. so- cial;
É uma medida voltada para o adolescente, então deve ser II - supervisionar a frequência e o aproveitamento es-
estabelecida de acordo com a possibilidade de cumpri- colar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
mento pelo adolescente (ex.: devolução da coisa furtada, III - diligenciar no sentido da profissionalização do
pequenos serviços a título de reparação etc.). ado- lescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
A jurisprudência admite que essa reparação de dano IV - apresentar relatório do caso.
pode ser aplicada à criança (ex.: devolução da coisa fur-
tada). É a última medida em que o adolescente permanece
com sua família. O Juiz irá determinar um
Seção IV acompanhamen- to permanente ao adolescente,
Da Prestação de Serviços à Comunidade designando, para isso, um orientador, que poderá ser
substituído a qualquer tempo. A lei fixa um prazo mínimo
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste de 6 meses para a duração dessa medida. O orientador
na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, terá as seguintes obrigações legais:
por período não excedente a seis meses, junto a entida- - promover socialmente o adolescente, bem como a
des assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimen- sua família, inserindo-os em programas sociais. Promover
tos congêneres, bem como em programas comunitários ou socialmente é fazer com que o adolescente realize ativida-
des valorizadas socialmente (teatro, música etc.);
governamentais.
- supervisionar a frequência e o aproveitamento esco-
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme
lar do adolescente;
as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante
- profissionalizar o adolescente (nos termos da EC n. 20);
jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, do-
- apresentar relatório do caso ao Juiz.
mingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudi-
car a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.
Seção VI
Do Regime de Semiliberdade
Disposta no art. 117 do ECA, o adolescente será obri-
gado a prestar serviços em benefício da coletividade. São
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determi-
tarefas gratuitas de interesse geral junto a entidades as-
nado desde o início, ou como forma de transição para o
sistenciais, hospitais, escolas ou estabelecimentos congê-
meio aberto, possibilitada a realização de atividades exter-
neres. nas, independentemente de autorização judicial.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissio-
nalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os
recursos existentes na comunidade.
125
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
127
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
128
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Capítulo III
Da Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador
Competência especial à criança ou adolescente, sempre que os interes-
ses destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de quando carecer de representação ou assistência legal ainda
com- petência constante do art. 147. que eventual.
a) estádio, ginásio e campo desportivo; § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos
b) bailes ou promoções dançantes; seus procedimentos são contados em dias corridos, ex-
c) boate ou congêneres; cluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento,
d) casa que explore comercialmente diversões eletrôni- veda- do o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o
cas Ministério Público.
; e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e
televisão. II - a participação de criança e adolescente Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não cor-
em: responder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a
a) espetáculos públicos e seus ensaios; autoridade judiciária poderá investigar os fatos e
b) certames de beleza. ordenar de ofício as providências necessárias, ouvido o
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade Ministé-
judiciária levará em conta, dentre outros fatores: rio Público.
a) os princípios desta Lei; Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
b) as peculiaridades locais; para o fim de afastamento da criança ou do adolescente de
c) a existência de instalações adequadas; sua família de origem e em outros procedimentos necessa-
d) o tipo de freqüência habitual ao local; riamente contenciosos.
e) a adequação do ambiente a eventual participação
ou freqüência de crianças e adolescentes; Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
f) a natureza do espetáculo.
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste ar- A tutela sócio-individual abrange aspectos do direito
tigo deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as da criança e do adolescente voltado à criança e ao adoles-
determinações de caráter geral. cente individualmente concebidos, isto é, pensados como
sujeitos de direitos individuais que possam ser por eles
Seção III exercidos.
Dos Serviços Auxiliares A tutela sócio-educativa abrange aspectos do direito
da criança e do adolescente voltados às atividades de en-
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sino e aprendizagem, tanto no que se refere à educação
sua proposta orçamentária, prever recursos para formal quanto em relação à educação informal.
manutenção de equipe interprofissional, destinada a A tutela coletiva volta-se à proteção de direitos difu-
assessorar a Justiça da Infância e da Juventude. sos e coletivos da criança e do adolescente. Aos direitos
difusos e coletivos são conferidos mecanismos de tutela
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre ou- específicos para sua proteção, bem como atribuída com-
tras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação petência para tanto a órgãos determinados que exercerão
lo- cal, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou um papel representativo. No Brasil, destacam-se institui-
ver- balmente, na audiência, e bem assim desenvolver ções como o Ministério Público e a Defensoria Pública.
trabalhos de aconselhamento, orientação, Sem prejuízo, como visto, há remédios constitucionais que
encaminhamento, preven- ção e outros, tudo sob a se voltam à proteção de interesses desta categoria, como
imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada o mandado de segurança coletivo e a própria ação
a livre manifestação do ponto de vista técnico. popular, sem falar na ação civil pública, também
Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de servi- mencionada no texto constitucional.
dores públicos integrantes do Poder Judiciário responsáveis Considerados os diferentes tipos de tutelas inseridas
pela realização dos estudos psicossociais ou de quaisquer no direito da criança e do adolescente, justifica-se a tutela
outras espécies de avaliações técnicas exigidas por esta Lei jurisdicional diferenciada, adaptada à condição em desen-
ou por determinação judicial, a autoridade judiciária volvimento da criança e do adolescente, que deve ser ágil,
poderá proceder à nomeação de perito, nos termos do art.
efetiva, atenta às peculiaridades do caso concreto.
156 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
Os procedimentos especiais do ECA se referem a: per-
Processo Civil).
da e suspensão de poder familiar, destituição de tutela,
co- locação em família substituta, apuração de ato
Capítulo III infracional atribuído a adolescente, apuração de
Dos
irregularidades em atendimento, apuração de infração
Procedimentos
administrativa às nor- mas de proteção da criança e do
adolescente e habilitação em adoção.
Seção I
Disposições
Seção II
Gerais
Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei apli-
Art. 155. O procedimento para a perda ou a
cam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na
suspensão do poder familiar terá início por provocação do
legislação processual pertinente.
Ministério Público ou de quem tenha legítimo
§ 1o É assegurada, sob pena de responsabilidade, prio-
interesse.
ridade absoluta na tramitação dos processos e proce-
dimentos previstos nesta Lei, assim como na execução dos
atos e diligências judiciais a eles referentes.
13
1
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Seção III
§ 5o O consentimento é retratável até a data da reali-
Da Destituição da Tutela zação da audiência especificada no § 1o deste artigo, e os
pais podem exercer o arrependimento no prazo de 10 (dez)
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o pro- dias, contado da data de prolação da sentença de extinção
cedimento para a remoção de tutor previsto na lei proces- do poder familiar.
sual civil e, no que couber, o disposto na seção anterior. § 6o O consentimento somente terá valor se for dado
após o nascimento da criança.
A destituição da tutela pode, assim, ser decretada ju- § 7o A família natural e a família substituta receberão
dicialmente, em procedimento contraditório, nos casos a devida orientação por intermédio de equipe técnica inter-
previstos na legislação civil, bem como na hipótese de profissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
des- cumprimento injustificado dos deveres e obrigações. preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis
pela execução da política municipal de garantia do direito
Seção IV à con- vivência familiar.
Da Colocação em Família Substituta
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a reque-
Dos artigos 165 a 170 estão descritos procedimentos rimento das partes ou do Ministério Público, determinará a
adotados na colocação em família substituta: realização de estudo social ou, se possível, perícia por
equi- pe interprofissional, decidindo sobre a concessão de
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o
de colocação em família substituta: estágio de convivência.
I - qualificação completa do requerente e de seu Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda pro-
even- tual cônjuge, ou companheiro, com expressa visória ou do estágio de convivência, a criança ou o ado-
anuência deste; lescente será entregue ao interessado, mediante termo de
II - indicação de eventual parentesco do requerente e responsabilidade.
de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou
adolescente, especificando se tem ou não parente vivo; Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pe-
III - qualificação completa da criança ou adolescente e ricial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adoles-
de seus pais, se conhecidos; cente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público,
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária
anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão; em igual prazo.
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou
rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela,
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar- a perda ou a suspensão do poder familiar constituir
se- pressupos- to lógico da medida principal de colocação em
-ão também os requisitos específicos. família subs- tituta, será observado o procedimento
contraditório previsto nas Seções II e III deste Capítulo.
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda
destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houve- poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento,
rem aderido expressamente ao pedido de colocação em observado o disposto no art. 35.
família substituta, este poderá ser formulado diretamente
em cartório, em petição assinada pelos próprios Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-
requerentes, dispensada a assistência de advogado. á o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no
§ 1o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: art. 47.
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes, Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescen-
devidamente assistidas por advogado ou por defensor te sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhi-
públi- co, para verificar sua concordância com a adoção, mento familiar será comunicada pela autoridade judiciária
no prazo máximo de 10 (dez) dias, contado da data do à entidade por este responsável no prazo máximo de 5
protocolo da petição ou da entrega da criança em juízo, (cinco) dias.
tomando por ter- mo as declarações; e
II - declarará a extinção do poder familiar. Seção V
§ 2o O consentimento dos titulares do poder familiar Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Ado-
será precedido de orientações e esclarecimentos prestados lescente
pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da
Juventu- de, em especial, no caso de adoção, sobre a Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem
irrevogabilidade da medida. judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade
§ 3o São garantidos a livre manifestação de vontade judiciá- ria.
dos detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das
informações. Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato
§ 4o O consentimento prestado por escrito não terá va- infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade po-
lidade se não for ratificado na audiência a que se refere o § licial competente.
1o deste artigo.
133
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
137
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Capítulo IV
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a ins-
Dos
tauração de procedimento para apuração de responsabili-
Recursos
dades se constatar o descumprimento das providências e
do prazo previstos nos artigos anteriores.
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da
Infância e da Juventude, inclusive os relativos à execução
Capítulo V
das me- didas socioeducativas, adotar-se-á o sistema
recursal da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código Do Ministério Público
de Processo Ci- vil), com as seguintes adaptações: (Redação
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas
dada pela Lei nº 12.594, de 2012)
nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei
I - os recursos serão interpostos independentemente de
orgânica.
preparo;
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de decla-
Art. 201. Compete ao Ministério Público:
ração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa
I - conceder a remissão como forma de exclusão do
será sempre de 10 (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº
pro- cesso;
12.594, de 2012)
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos
III - os recursos terão preferência de julgamento e dis-
às infrações atribuídas a adolescentes;
pensarão revisor;
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e
VII - antes de determinar a remessa dos autos à
os procedimentos de suspensão e destituição do poder
superior instância, no caso de apelação, ou do instrumento,
familiar, nomeação e remoção de tutores, curadores e
no caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá
guardiães, bem como oficiar em todos os demais
despacho funda- mentado, mantendo ou reformando a
procedimentos da compe- tência da Justiça da Infância e
decisão, no prazo de cinco dias;
da Juventude;
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escri-
vão remeterá os autos ou o instrumento à superior IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interes-
sados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e a
instância dentro de vinte e quatro horas,
prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer ad-
independentemente de novo pedido do recorrente; se a
ministradores de bens de crianças e adolescentes nas hipó-
reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido
teses do art. 98;
expresso da parte interessada ou do Ministério Público, no
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública
prazo de cinco dias, contados da in- timação.
para a proteção dos interesses individuais, difusos ou
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. coletivos re- lativos à infância e à adolescência, inclusive os
149 caberá recurso de apelação. definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz ins- truí-los:
efei- to desde logo, embora sujeita a apelação, que será a) expedir notificações para colher depoimentos ou es-
recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se clarecimentos e, em caso de não comparecimento injusti-
tratar de adoção internacional ou se houver perigo de dano ficado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia
irrepará- vel ou de difícil reparação ao adotando. civil ou militar;
b) requisitar informações, exames, perícias e documen-
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer tos de autoridades municipais, estaduais e federais, da
dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que admi- nistração direta ou indireta, bem como promover
deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo. inspeções e diligências investigatórias;
c) requisitar informações e documentos a particulares e
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e instituições privadas;
de destituição de poder familiar, em face da relevância das VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências inves-
questões, serão processados com prioridade absoluta, de- tigatórias e determinar a instauração de inquérito policial,
vendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que para apuração de ilícitos ou infrações às normas de
aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e proteção à infância e à juventude;
serão colocados em mesa para julgamento sem revisão e VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
com parecer urgente do Ministério Público. legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo
as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e
mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) ha- beas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal,
dias, contado da sua conclusão. na de- fesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da afetos à criança e ao adolescente;
data do julgamento e poderá na sessão, se entender neces- X - representar ao juízo visando à aplicação de penali-
sário, apresentar oralmente seu parecer. dade por infrações cometidas contra as normas de proteção
à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da res-
ponsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível;
138
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público
de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tute- deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestan-
la específica da obrigação ou determinará providências que do-lhe informações sobre fatos que constituam objeto de
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimple- ação civil, e indicando-lhe os elementos de convicção.
mento.
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e ha- Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e
vendo justificado receio de ineficácia do provimento final, tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam
é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após jus- ensejar a propositura de ação civil, remeterão peças ao
tificação prévia, citando o réu. Ministério Público para as providências cabíveis.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior
ou na sentença, impor multa diária ao réu, independente- Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado
mente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível poderá requerer às autoridades competentes as certidões e
com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumpri- informações que julgar necessárias, que serão fornecidas
mento do preceito. no prazo de quinze dias.
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em
julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua
desde o dia em que se houver configurado o descumpri- presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pes-
mento. soa, organismo público ou particular, certidões,
informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o
qual não pode- rá ser inferior a dez dias úteis.
140
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Título VII Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua au-
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas toridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangi-
mento:
Capítulo I Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Dos Crimes
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa
causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou ado-
Seção I
lescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da
apreensão:
Disposições Gerais
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado
prejuízo do disposto na legislação penal. nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao pro- Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade
cesso, as pertinentes ao Código de Processo Penal. judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante
do Ministério Público no exercício de função prevista nesta
Lei:
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pú-
blica incondicionada. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua
disciplina apenas a educação escolar, ou seja, a educação
publicação.
formal, que não exclui o papel das famílias e das comuni-
Parágrafo único. Durante o período de vacância
dades na educação informal.
deverão ser promovidas atividades e campanhas de
divulgação e es- clarecimentos acerca do disposto nesta TÍTULO II
Lei. Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
Art. 267. Revogam-se as Leis nº 4.513, de 1964, e Art. 2º A educação, dever da família e do Estado,
6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e ins- pirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
as demais disposições em contrário. solida- riedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvi- mento do educando, seu preparo para o
Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e exercício da cidada- nia e sua qualificação para o trabalho.
102º da República.
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e
BRASIL. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. permanência na escola;
ESTABELECE AS DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
NACIONAL – LDB.
a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções
pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à
tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas
A lei estudada neste tópico, provavelmente a mais re- de ensino;
levante deste edital, tanto que é repetida em dois outros VI - gratuidade do ensino público em
tópicos, “estabelece as diretrizes e bases da educação estabelecimentos oficiais;
nacional”. Data de 20 de dezembro de 2016, tendo sido VII - valorização do profissional da educação escolar;
promulgada pelo ex-presidente Fernando Henrique Car- VIII - gestão democrática do ensino público, na
doso, mas já passou por inúmeras alterações desde então. forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
Partamos para o comentário em bloco de seus IX - garantia de padrão de qualidade;
dispositivos: X - valorização da experiência extraescolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e
TÍTULO I as práticas sociais.
Da Educação XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem
Art. 1º A educação abrange os processos formativos ao longo da vida.
que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
hu- mana, no trabalho, nas instituições de ensino e A educação escolar deve permitir a formação do cida-
pesqui- sa, nos movimentos sociais e organizações da dão e do trabalhador: uma pessoa que consiga se inserir
sociedade civil e nas manifestações culturais. no mercado de trabalho e ter noções adequadas de
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se de- cidada- nia e solidariedade no convívio social. Entre os
senvolve, predominantemente, por meio do ensino, em ins- princípios, trabalha-se com o direito de acesso à educação
tituições próprias. de quali- dade (gratuita nos estabelecimentos públicos), a
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo liberdade nas atividades de ensino em geral (tanto para o
do trabalho e à prática social. educador quanto para o educado), a valorização do
professor, o in- centivo à educação informal e o respeito
O primeiro artigo da LDB estabelece que a educação às diversidades de ideias, gêneros, raça e cor.
é um processo que não se dá exclusivamente nas escolas.
Trata-se da clássica distinção entre educação formal e não TÍTULO III
formal ou informal: “A educação formal é aquela desen- Do Direito à Educação e do Dever de Educar
volvida nas escolas, com conteúdos previamente
demarca- dos; a informal como aquela que os indivíduos Art. 4º O dever do Estado com educação escolar
aprendem durante seu processo de socialização - na pública será efetivado mediante a garantia de:
família, bairro, clube, amigos, etc., carregada de valores e I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4
cultura própria, de pertencimento e sentimentos (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada
herdados; e a educação não formal é aquela que se da seguinte forma:
aprende ‘no mundo da vida’, via os processos de a) pré-escola;
compartilhamento de experiências, princi- palmente em b) ensino fundamental;
espaços e ações coletivas cotidianas”58. A LDB c) ensino médio;
pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 14, n. 50, p. 27-38, jan./mar. 2006.
58 GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal,
participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas.
Ensaio: aval.
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
TÍTULO V
IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alu-
Dos Níveis e das Modalidades de Educação e nos de séries distintas, com níveis equivalentes de adianta-
Ensino mento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras,
artes, ou outros componentes curriculares;
CAPÍTULO I
V - a verificação do rendimento escolar observará os
Da Composição dos Níveis Escolares se- guintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho
Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre
I - educação básica, formada pela educação
os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre
infantil, ensino fundamental e ensino médio;
os de eventuais provas finais;
II - educação superior.
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos
CAPÍTULO II com atraso escolar;
DA EDUCAÇÃO BÁSICA c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries me-
diante verificação do aprendizado;
Seção I d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
Das Disposições Gerais e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de pre-
ferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo
Art. 22. A educação básica tem por finalidades desen- rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições
volver o educando, assegurar-lhe a formação comum de ensino em seus regimentos;
indis- pensável para o exercício da cidadania e fornecer- VI - o controle de frequência fica a cargo da escola,
lhe meios para progredir no trabalho e em estudos conforme o disposto no seu regimento e nas normas do
posteriores. res- pectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima
de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para
Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em sé- aprovação;
ries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância re- VII - cabe a cada instituição de ensino expedir histó-
gular de períodos de estudos, grupos não-seriados, ricos escolares, declarações de conclusão de série e di-
com base na idade, na competência e em outros critérios, plomas ou certificados de conclusão de cursos, com as
ou por forma diversa de organização, sempre que o especificações cabíveis.
interesse do pro- cesso de aprendizagem assim o § 1º A carga horária mínima anual de que trata o inci-
recomendar. so I do caput deverá ser ampliada de forma progressiva,
§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusi- no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, devendo
ve quando se tratar de transferências entre os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cinco
estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo anos, pelo menos mil horas anuais de carga horária, a
como base as normas curriculares gerais. partir de 2 de março de 2017.
§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se às pecu- § 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de
liaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular,
crité- rio do respectivo sistema de ensino, sem com isso adequado às condições do educando, conforme o inciso
reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei. VI do art. 4º.
Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades res-
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e
ponsáveis alcançar relação adequada entre o número de
médio, será organizada de acordo com as seguintes regras
alunos e o professor, a carga horária e as condições
comuns:
ma- teriais do estabelecimento.
I - a carga horária mínima anual será de oitocen-
tas horas para o ensino fundamental e para o ensino Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino,
médio, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de à vista das condições disponíveis e das características regio-
efetivo tra- balho escolar, excluído o tempo reservado aos nais e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do
exames finais, quando houver; ; disposto neste artigo.
II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto
a primeira do ensino fundamental, pode ser feita: Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino
a) por promoção, para alunos que cursaram, com fundamental e do ensino médio devem ter base nacional
apro- veitamento, a série ou fase anterior, na própria comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino
escola; e em cada estabelecimento escolar, por uma parte
b) por transferência, para candidatos procedentes de diversifica- da, exigida pelas características regionais e
outras escolas; locais da socie- dade, da cultura, da economia e dos
c) independentemente de escolarização anterior, me- educandos.
diante avaliação feita pela escola, que defina o grau de § 1º Os currículos a que se refere o caput devem
desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua abran- ger, obrigatoriamente, o estudo da língua
inscrição na série ou etapa adequada, conforme portuguesa e da matemática, o conhecimento do
regulamen- tação do respectivo sistema de ensino; mundo físico e na- tural e da realidade social e
III - nos estabelecimentos que adotam a progressão re- política, especialmente da República Federativa do Brasil,
gular por série, o regimento escolar pode admitir formas de observado, na educação in- fantil, o disposto no art. 31, no
progressão parcial, desde que preservada a sequência do ensino fundamental, o dis- posto no art. 32, e no ensino
currículo, observadas as normas do respectivo sistema de médio, o disposto no art. 36.
ensino;
15
1
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
152
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Seção II
§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em
Da Educação Infantil língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas
a utilização de suas línguas maternas e processos próprios
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educa-
de aprendizagem.
ção básica, tem como finalidade o desenvolvimento inte-
gral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos § 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o
físico, psicológico, intelectual e social, complementando a en- sino a distância utilizado como complementação da
ação da família e da comunidade. apren- dizagem ou em situações emergenciais.
§ 5º O currículo do ensino fundamental incluirá, obri-
Art. 30. A educação infantil será oferecida em: gatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei nº
de até três anos de idade; 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da
II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 Criança e do Adolescente, observada a produção e
(cin- co) anos de idade. distribuição de material didático adequado.
§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será
Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo incluído como tema transversal nos currículos do ensino
com as seguintes regras comuns: fundamen- tal.
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do
desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, Art. 33. O ensino religioso, de matrícula
mesmo para o acesso ao ensino fundamental; facultativa, é parte integrante da formação básica do
II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) cidadão e cons- titui disciplina dos horários normais das
ho- ras, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias
escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o
de trabalho educacional;
respeito à diversida- de cultural religiosa do Brasil, vedadas
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro)
horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a quaisquer formas de proselitismo.
jornada integral; § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os
IV - controle de frequência pela instituição de procedi- mentos para a definição dos conteúdos do
educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% ensino religioso e estabelecerão as normas para a
(sessenta por cento) do total de horas; habilitação e admissão dos professores.
V - expedição de documentação que permita atestar os § 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil,
processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. cons- tituída pelas diferentes denominações religiosas,
para a de- finição dos conteúdos do ensino religioso.
A educação infantil é ministrada em creches até os 3
anos de idade e em pré-escolas dos 3 aos 5 anos de Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental
idade. inclui- rá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo
em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o
Seção III período de permanência na escola.
Do Ensino Fundamental § 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das
formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei.
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com dura-
§ 2º O ensino fundamental será ministrado progres-
ção de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública,
sivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de
iniciando-
-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a ensino.
formação básica do cidadão, mediante:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, O ensino fundamental inicia-se aos 6 anos de idade e
tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da tem duração de 9 anos. Além de objetivar a alfabetização,
escrita e do cálculo; também incentiva a formação do cidadão, da pessoa em
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sis- contato com o mundo que o cerca estabelecendo vínculos
tema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que de solidariedade e amizade. O ensino fundamental deve
se fundamenta a sociedade; ser presencial, em regra. O ensino religioso é facultativo. A
III - o desenvolvimento da capacidade de carga horária diária é de no mínimo 4 horas.
aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e Seção IV
valores; Do Ensino Médio
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços
de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação bá-
se assenta a vida social. sica, com duração mínima de três anos, terá como finali-
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o
dades:
ensino fundamental em ciclos.
I - a consolidação e o aprofundamento dos
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão re-
gular por série podem adotar no ensino fundamental o conhecimen- tos adquiridos no ensino fundamental,
re- gime de progressão continuada, sem prejuízo da possibilitando o pros- seguimento de estudos;
avaliação do processo de ensino-aprendizagem,
observadas as nor- mas do respectivo sistema de ensino.
153
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
I - demonstração prática;
Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível mé-
II - experiência de trabalho supervisionado ou outra ex- dio será desenvolvida nas seguintes formas:
periência adquirida fora do ambiente escolar;
I - articulada com o ensino médio;
III - atividades de educação técnica oferecidas em
outras instituições de ensino credenciadas; II - subsequente, em cursos destinados a quem já
IV - cursos oferecidos por centros ou programas ocupa- tenha concluído o ensino médio.
cionais; Parágrafo único. A educação profissional técnica de ní-
V - estudos realizados em instituições de ensino nacio- vel médio deverá observar:
nais ou estrangeiras; I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes cur-
VI - cursos realizados por meio de educação a distância riculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional
ou educação presencial mediada por tecnologias. de Educação;
§ 12. As escolas deverão orientar os alunos no II - as normas complementares dos respectivos
processo de escolha das áreas de conhecimento ou de sistemas de ensino;
atuação pro- fissional previstas no caput. III - as exigências de cada instituição de ensino, nos
ter- mos de seu projeto pedagógico.
A etapa final do ensino médio tem a duração de três
anos e busca fornecer a consolidação e o Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível mé-
aprofundamento dos conhecimentos transmitidos no dio articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B
ensino fundamental, com a devida atenção a desta Lei, será desenvolvida de forma:
conhecimentos que permitam o ingresso do aluno no I - integrada, oferecida somente a quem já tenha con-
ensino universitário e na carreira de trabalho. Neste cluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de
ponto, a LDB sofreu alterações recentes pela Medida
modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica
Provisória nº 746/2016, convertida na Lei nº 13.415, de
de nível médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-
2017, que foi alvo de inúmeras críticas, nota- damente por
estabelecer como facultativos conhecimen- tos que antes -se matrícula única para cada aluno;
eram tidos como obrigatórios. Para entender melhor esta II - concomitante, oferecida a quem ingresse no
questão, percebe-se que na verdade a pro- posta é a ensino médio ou já o esteja cursando, efetuando-se
especificação de matrizes ainda durante o ensino médio: o matrículas dis- tintas para cada curso, e podendo ocorrer:
aluno poderá escolher em quais áreas de conheci- mento a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as
pretende se concentrar. Por exemplo, um aluno que não oportunidades educacionais disponíveis;
queira se especializar em ciências humanas, não teria a b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se
obrigação de cursar matérias como história e geografia. as oportunidades educacionais disponíveis;
Um aluno que não tenha interesse em ir para a c) em instituições de ensino distintas, mediante convê-
universida- de e já queira ingressar no mercado de nios de intercomplementaridade, visando ao planejamento
trabalho, terá aulas concentradas em formação técnica e e ao desenvolvimento de projeto pedagógico unificado.
profissional, apren- dendo marcenaria, mecânica,
administração, entre outras questões. As áreas que podem Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profis-
ser optadas são as seguin- tes: linguagens e suas sional técnica de nível médio, quando registrados, terão
tecnologias; matemática e suas tec- nologias; ciências da validade nacional e habilitarão ao prosseguimento de
natureza e suas tecnologias; ciências humanas e sociais estudos na educação superior.
aplicadas; formação técnica e profissio- nal. As únicas
Parágrafo único. Os cursos de educação profissional
matérias estabelecidas como obrigatórias são: português,
técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante
matemática, artes, educação física, filosofia e sociologia –
estas quatro últimas inicialmente seriam fa- cultativas, e subsequente, quando estruturados e organizados em eta-
mas devido a pressões sociais foram colocadas como pas com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certifi-
obrigatórias. Ainda é cedo para dizer se realmente este cados de qualificação para o trabalho após a conclusão,
será o rumo conferido pela reforma, eis que a Base com aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma
Nacional Comum Curricular que detalhará estas questões qualifi- cação para o trabalho.
ainda está em discussão.
A educação profissional e técnica pode se dar durante
Seção IV-A o Ensino Médio, notadamente se o estudante fizer a op-
Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio ção por esta categoria de ensino (o ensino médio pode
ser voltado à formação técnico-profissional, preparando o
Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste jovem para o ingresso no mercado de trabalho indepen-
Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do dentemente de ensino universitário), quanto após o
edu- cando, poderá prepará-lo para o exercício de Ensino Médio, em instituições próprias de ensino técnico-
profissões técnicas. profis- sionalizante (neste sentido, há cursos técnicos-
Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho profissio- nais com menor duração que os cursos de
e, facultativamente, a habilitação profissional poderão ser ensino superior e que são equiparados a este).
desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino mé-
dio ou em cooperação com instituições especializadas em
educação profissional.
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Seção V
§ 3º Os cursos de educação profissional tecnológica
Da Educação de Jovens e Adultos de graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que
con- cerne a objetivos, características e duração, de
Art. 37. A educação de jovens e adultos será desti- acordo com as diretrizes curriculares nacionais
nada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade
estabelecidas pelo Con- selho Nacional de Educação.
de estudos nos ensinos fundamental e médio na idade
própria e constituirá instrumento para a educação e a
Art. 40. A educação profissional será desenvolvida
aprendizagem ao longo da vida.
em articulação com o ensino regular ou por diferentes
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente
estratégias de educação continuada, em instituições es-
aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os es-
pecializadas ou no ambiente de trabalho.
tudos na idade regular, oportunidades educacionais apro-
priadas, consideradas as características do alunado, seus
interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cur- Art. 41. O conhecimento adquirido na educação profis-
sos e exames. sional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para
e a permanência do trabalhador na escola, mediante prossegui- mento ou conclusão de estudos.
ações integradas e complementares entre si.
§ 3º A educação de jovens e adultos deverá articular- Art. 42. As instituições de educação profissional e tec-
-se, preferencialmente, com a educação profissional, na nológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos
forma do regulamento. especiais, abertos à comunidade, condicionada a
matrícula à capacidade de aproveitamento e não
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e necessariamente ao nível de escolaridade.
exames supletivos, que compreenderão a base nacional
comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de A educação profissional e tecnológica pode se dar
estudos em ca- ráter regular. não apenas no ensino médio, mas também em
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se- instituições pró- prias, que podem conferir inclusive
-ão: diploma de formação em nível superior. Exemplos:
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para FATEC, SENAI, entre outros. O acesso a este tipo de
os maiores de quinze anos; ensino não necessariamente exige conclusão dos níveis
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os prévios de educação, eis que seu prin- cipal objetivo não é
maiores de dezoito anos. o ensino de conteúdos típicos, mas sim a capacitação
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos profissional.
educandos por meios informais serão aferidos e reconhe-
cidos mediante exames. CAPÍTULO IV
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
A educação de jovens e adultos objetiva permitir a
Art. 43. A educação superior tem por finalidade:
conclusão do ensino fundamental e médio para aqueles I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento
que já ultrapassaram a idade regular em que isso deveria do espírito científico e do pensamento reflexivo;
ter acontecido. II - formar diplomados nas diferentes áreas de co-
nhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais
CAPÍTULO III e para a participação no desenvolvimento da sociedade
Da Educação Profissional e Tecnológica bra- sileira, e colaborar na sua formação contínua;
III - incentivar o trabalho de pesquisa e
Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no investigação científica, visando o desenvolvimento da
cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra- ciência e da tec- nologia e da criação e difusão da cultura,
se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às e, desse modo, de- senvolver o entendimento do homem e
dimen- sões do trabalho, da ciência e da tecnologia. do meio em que vive; IV - promover a divulgação de
§ 1º Os cursos de educação profissional e tecnológica conhecimentos cultu- rais, científicos e técnicos que
poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibi- constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
litando a construção de diferentes itinerários formativos, saber através do ensino, de pu-
observadas as normas do respectivo sistema e nível de blicações ou de outras formas de comunicação;
en- sino. V- suscitar o desejo permanente de
§ 2º A educação profissional e tecnológica abrangerá aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a
os seguintes cursos:
correspondente concre- tização, integrando os
I – de formação inicial e continuada ou
conhecimentos que vão sendo adqui- ridos numa estrutura
qualificação profissional;
intelectual sistematizadora do conhe- cimento de cada
II – de educação profissional técnica de nível
geração;
médio; III – de educação profissional tecnológica
VI - estimular o conhecimento dos problemas do
de gra-
mundo presente, em particular os nacionais e regionais,
duação e pós-graduação.
prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer
com esta uma relação de reciprocidade;
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vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições alidade para o ano subsequente, considerando variações
educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se regionais no custo dos insumos e as diversas modalidades
destinam a: de ensino.
I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente
e demais profissionais da educação; Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e
II - aquisição, manutenção, construção e conservação dos Estados será exercida de modo a corrigir, progressiva-
de instalações e equipamentos necessários ao ensino; mente, as disparidades de acesso e garantir o padrão mí-
III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados nimo de qualidade de ensino.
ao ensino; § 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a
fórmula de domínio público que inclua a capacidade de
s IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas vi- atendimento e a medida do esforço fiscal do respectivo
ando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à
Estado, do Distrito Federal ou do Município em favor da
expansão do ensino;
manutenção e do desenvolvimento do ensino.
V - realização de atividades-meio necessárias ao
§ 2º A capacidade de atendimento de cada governo
funcio- namento dos sistemas de ensino;
será definida pela razão entre os recursos de uso constitu-
VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de
escolas públicas e privadas; cionalmente obrigatório na manutenção e desenvolvimen-
VII - amortização e custeio de operações de crédito to do ensino e o custo anual do aluno, relativo ao padrão
des- tinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; mínimo de qualidade.
VIII - aquisição de material didático-escolar e § 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e
manuten- ção de programas de transporte escolar. 2º, a União poderá fazer a transferência direta de recursos
a cada estabelecimento de ensino, considerado o número
Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção de alunos que efetivamente frequentam a escola.
e desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com: § 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser
I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos
en- sino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, Municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino
que não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua de sua responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10
qualida- de ou à sua expansão; e o inciso V do art. 11 desta Lei, em número inferior à sua
II - subvenção a instituições públicas ou privadas de capacidade de atendimento.
ca- ráter assistencial, desportivo ou cultural;
III - formação de quadros especiais para a Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no
administração pública, sejam militares ou civis, inclusive artigo anterior ficará condicionada ao efetivo cumprimento
diplomáticos; pelos Estados, Distrito Federal e Municípios do disposto
IV - programas suplementares de alimentação, nesta Lei, sem prejuízo de outras prescrições legais.
assistên- cia médico-odontológica, farmacêutica e
psicológica, e ou- tras formas de assistência social;
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas
sistemas de ensino no provimento da educação de realização de estágio em sua jurisdição, observada a lei
intercultural às comunidades indígenas, desenvolvendo federal sobre a matéria.
programas inte- grados de ensino e pesquisa.
§ 1º Os programas serão planejados com audiência
das
comunidades indígenas.
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a (*) Resolução CNE/CEB 4/2010. Diário Oficial da União,
Educação Básica. Brasília, 14 de julho de 2010, Seção 1, p. 824.
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
TÍTULO III
VII - integração dos profissionais da educação, dos
SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO estudantes, das famílias, dos agentes da comunidade inte-
ressados na educação;
Art. 7º A concepção de educação deve orientar a ins- VIII - valorização dos profissionais da educação, com
titucionalização do regime de colaboração entre União, programa de formação continuada, critérios de acesso,
Estados, Distrito Federal e Municípios, no contexto da es- permanência, remuneração compatível com a jornada de
trutura federativa brasileira, em que convivem sistemas trabalho definida no projeto político-pedagógico;
educacionais autônomos, para assegurar efetividade ao IX - realização de parceria com órgãos, tais como os
projeto da educação nacional, vencer a fragmentação das de assistência social e desenvolvimento humano, cidada-
políticas públicas e superar a desarticulação institucional. nia, ciência e tecnologia, esporte, turismo, cultura e arte,
§ 1º Essa institucionalização é possibilitada por um saúde, meio ambiente.
Sis- tema Nacional de Educação, no qual cada ente Art. 10. A exigência legal de definição de padrões mí-
federativo, com suas peculiares competências, é chamado nimos de qualidade da educação traduz a necessidade de
a colaborar para transformar a Educação Básica em um reconhecer que a sua avaliação associa-se à ação planeja-
sistema orgâni- co, sequencial e articulado. da, coletivamente, pelos sujeitos da escola.
§ 2º O que caracteriza um sistema é a atividade inten- § 1º O planejamento das ações coletivas exercidas
cional e organicamente concebida, que se justifica pela pela escola supõe que os sujeitos tenham clareza quanto:
realização de atividades voltadas para as mesmas finalida- I - aos princípios e às finalidades da educação,
des ou para a concretização dos mesmos objetivos. além do reconhecimento e da análise dos dados indicados
§ 3º O regime de colaboração entre os entes pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
federados pressupõe o estabelecimento de regras de (IDEB) e/ou outros indicadores, que o complementem ou
equivalência entre as funções distributiva, supletiva, substituam;
normativa, de su- pervisão e avaliação da educação II - à relevância de um projeto político-pedagógico
nacional, respeitada a au- tonomia dos sistemas e concebido e assumido colegiadamente pela comunidade
valorizadas as diferenças regionais. educacional, respeitadas as múltiplas diversidades e a plu-
ralidade cultural;
TÍTULO IV III - à riqueza da valorização das diferenças manifes-
ACESSO E PERMANÊNCIA PARA A CONQUISTA DA tadas pelos sujeitos do processo educativo, em seus diver-
QUALIDADE SOCIAL sos segmentos, respeitados o tempo e o contexto
sociocul- tural;
Art. 8º A garantia de padrão de qualidade, com pleno IV - aos padrões mínimos de qualidade (Custo Alu-
acesso, inclusão e permanência dos sujeitos das no-Qualidade Inicial – CAQi);
aprendiza- gens na escola e seu sucesso, com redução da § 2º Para que se concretize a educação escolar, exige-
evasão, da retenção e da distorção de idade/ano/série, -se um padrão mínimo de insumos, que tem como base
resulta na qua- lidade social da educação, que é uma um investimento com valor calculado a partir das
conquista coletiva de todos os sujeitos do processo despesas es- senciais ao desenvolvimento dos processos e
educativo. procedimen- tos formativos, que levem, gradualmente, a
Art. 9º A escola de qualidade social adota como cen- uma educação integral, dotada de qualidade social:
tralidade o estudante e a aprendizagem, o que pressupõe I - creches e escolas que possuam condições de in-
atendimento aos seguintes requisitos: fraestrutura e adequados equipamentos;
I - revisão das referências conceituais quanto aos
diferentes espaços e tempos educativos, abrangendo es- II - professores qualificados com remuneração ade-
paços sociais na escola e fora dela; quada e compatível com a de outros profissionais com
igual nível de formação, em regime de trabalho de 40
II - consideração sobre a inclusão, a valorização das
(quarenta) horas em tempo integral em uma mesma
diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade
escola;
cultural, resgatando e respeitando as várias manifestações
III - definição de uma relação adequada entre o nú-
de cada comunidade;
mero de alunos por turma e por professor, que assegure
III - foco no projeto político-pedagógico, no gosto
aprendizagens relevantes;
pela aprendizagem e na avaliação das aprendizagens
IV - pessoal de apoio técnico e administrativo que
como instrumento de contínua progressão dos responda às exigências do que se estabelece no projeto
estudantes; político-pedagógico.
IV - inter-relação entre organização do currículo, do
trabalho pedagógico e da jornada de trabalho do profes- TÍTULO V
sor, tendo como objetivo a aprendizagem do estudante; ORGANIZAÇÃO CURRICULAR: CONCEITO, LIMITES,
V - preparação dos profissionais da educação, ges- POSSIBILIDADES
tores, professores, especialistas, técnicos, monitores e ou-
tros; Art. 11. A escola de Educação Básica é o espaço em
VI - compatibilidade entre a proposta curricular e a que se ressignifica e se recria a cultura herdada,
infraestrutura entendida como espaço formativo dotado reconstruindo-
de efetiva disponibilidade de tempos para a sua utilização -se as identidades culturais, em que se aprende a valorizar
e acessibilidade; as raízes próprias das diferentes regiões do País.
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Seção III
Avaliação institucional I - a compreensão da globalidade da pessoa, enquanto
ser que aprende, que sonha e ousa, em busca de uma
Art. 52. A avaliação institucional interna deve ser convivên- cia social libertadora fundamentada na ética cidadã;
previs- ta no projeto político- pedagógico e detalhada no II - a superação dos processos e procedimentos
plano de gestão, realizada anualmente, levando em burocrá- ticos, assumindo com pertinência e relevância: os
consideração as orientações contidas na regulamentação planos peda- gógicos, os objetivos institucionais e
vigente, para rever o conjunto de objetivos e metas a educacionais, e as ativida- des de avaliação contínua;
serem concretizados, me- diante ação dos diversos III - a prática em que os sujeitos constitutivos da
segmentos da comunidade educa- tiva, o que pressupõe comuni- dade educacional discutam a própria práxis
delimitação de indicadores compatíveis com a missão da pedagógica impreg- nando-a de entusiasmo e de
escola, além de clareza quanto ao que seja qualidade compromisso com a sua própria comunidade, valorizando-a,
social da aprendizagem e da escola. situando-a no contexto das relações sociais e buscando
soluções conjuntas;
Seção IV IV - a construção de relações interpessoais solidárias,
Avaliação de redes de Educação Básica ge- ridas de tal modo que os professores se sintam
estimulados a conhecer melhor os seus pares (colegas de
Art. 53. A avaliação de redes de Educação Básica trabalho, estudantes, famílias), a expor as suas ideias, a traduzir
ocorre periodicamente, é realizada por órgãos externos à as suas dificuldades e expectativas pessoais e profissionais;
escola e engloba os resultados da avaliação institucional, V - a instauração de relações entre os estudantes,
sendo que os resultados dessa avaliação sinalizam para a pro- porcionando-lhes espaços de convivência e situações de
sociedade se a escola apresenta qualidade suficiente para apren- dizagem, por meio dos quais aprendam a se
continuar funcio- nando como está. compreender e se organizar em equipes de estudos e de
práticas esportivas, artísti- cas e políticas;
CAPÍTULO III VI - a presença articuladora e mobilizadora do gestor no
GESTÃO DEMOCRÁTICA E ORGANIZAÇÃO DA cotidiano da escola e nos espaços com os quais a escola
inte- rage, em busca da qualidade social das aprendizagens
ESCOLA
que lhe caiba desenvolver, com transparência e
responsabilidade.
Art. 54. É pressuposto da organização do trabalho pe-
dagógico e da gestão da escola conceber a organização e
CAPÍTULO IV
a gestão das pessoas, do espaço, dos processos e
O PROFESSOR E A FORMAÇÃO INICIAL E
procedimen- tos que viabilizam o trabalho expresso no
CONTINUA-
projeto político-pe- dagógico e em planos da escola, em
que se conformam as condições de trabalho definidas DA
pelas instâncias colegiadas.
Art. 56. A tarefa de cuidar e educar, que a
§ 1º As instituições, respeitadas as normas legais e as
fundamentação da ação docente e os programas de formação
do seu sistema de ensino, têm incumbências complexas e
inicial e continuada dos profissionais da educação instauram,
abrangentes, que exigem outra concepção de organização
reflete- se na eleição de um ou outro método de
do trabalho pedagógico, como distribuição da carga
aprendizagem, a partir do qual é determinado o perfil de
horária, remuneração, estratégias claramente definidas
docente para a Educação Básica, em atendimento às
para a ação didático-pedagógica coletiva que inclua a
dimensões técnicas, políticas, éticas e estéticas.
pesquisa, a criação de novas abordagens e práticas
metodológicas, incluindo a produção de recursos § 1º Para a formação inicial e continuada, as escolas de for-
didáticos adequados às condições da escola e da mação dos profissionais da educação, sejam gestores,
comunidade em que esteja ela inserida. professores ou especialistas, deverão incluir em seus currículos
e programas:
§ 2º É obrigatória a gestão democrática no ensino
a) o conhecimento da escola como organização
público e prevista, em geral, para todas as instituições de
complexa que tem a função de promover a educação para e
ensino, o que implica decisões coletivas que pressupõem a
na cidadania;
participação da comunidade escolar na gestão da escola e
a observância dos princípios e finalidades da educação. b) a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de
in- vestigações de interesse da área educacional;
§ 3º No exercício da gestão democrática, a escola
c) a participação na gestão de processos educativos e na
deve se empenhar para constituir-se em espaço das
organização e funcionamento de sistemas e instituições de
diferenças e da pluralidade, inscrita na diversidade do
ensino;
processo tornado possível por meio de relações
d) a temática da gestão democrática, dando ênfase à
intersubjetivas, cuja meta é a de se fundamentar em
construção do projeto político- pedagógico, mediante trabalho
princípio educativo emancipador, ex- presso na liberdade
coletivo de que todos os que compõem a comunidade escolar
de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
são responsáveis.
pensamento, a arte e o saber.
Art. 57. Entre os princípios definidos para a educação
Art. 55. A gestão democrática constitui-se em
nacio- nal está a valorização do profissional da educação, com
instrumen- to de horizontalização das relações, de vivência
a com- preensão de que valorizá-lo é valorizar a escola, com
e convivência colegiada, superando o autoritarismo no
qualidade gestorial, educativa, social, cultural, ética, estética,
planejamento e na concepção e organização curricular,
ambiental.
educando para a con- quista da cidadania plena e
§ 1º A valorização do profissional da educação escolar
fortalecendo a ação conjunta que busca criar e recriar o
vin- cula-se à obrigatoriedade da garantia de qualidade e
trabalho da e na escola mediante:
ambas se associam à exigência de programas de formação
inicial e conti- nuada de docentes e não docentes, no
contexto do conjunto de múltiplas atribuições definidas para
os sistemas educativos, em que se inscrevem as funções do professor.
175
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Artigo 8
Conscientização a. Desenvolver, promulgar e monitorar a
implementa- ção de normas e diretrizes mínimas para a
acessibilidade das instalações e dos serviços abertos ao
1) Os Estados Partes se comprometem a adotar me-
público ou de uso públi- co;
didas imediatas, efetivas e apropriadas para:
a) Conscientizar toda a sociedade, inclusive as famí- b. Assegurar que as entidades privadas que
oferecem instalações e serviços abertos ao público ou de
lias, sobre as condições das pessoas com deficiência e fo-
uso público levem em consideração todos os aspectos
mentar o respeito pelos direitos e pela dignidade das pes-
relativos à acessi- bilidade para pessoas com deficiência;
soas com deficiência;
c. Proporcionar, a todos os atores envolvidos,
b) Combater estereótipos, preconceitos e práticas
formação em relação às questões de acessibilidade com as
nocivas em relação a pessoas com deficiência, inclusive
quais as pes- soas com deficiência se confrontam;
aqueles relacionados a sexo e idade, em todas as áreas da
d. Dotar os edifícios e outras instalações abertas ao
vida;
pú- blico ou de uso público de sinalização em Braille e em
c) Promover a conscientização sobre as capacidades
forma- tos de fácil leitura e compreensão;
e contribuições das pessoas com deficiência.
e. Oferecer formas de assistência humana ou animal
2) As medidas para esse fim incluem:
e serviços de mediadores, incluindo guias, ledores e
a) Lançar e dar continuidade a efetivas campanhas
intérpretes profissionais da língua de sinais, para facilitar o
de conscientização públicas, destinadas a:
acesso aos edifícios e outras instalações abertas ao
i) Favorecer atitude receptiva em relação aos
público ou de uso público;
direitos das pessoas com deficiência;
f. Promover outras formas apropriadas de
ii) Promover percepção positiva e maior consciência
assistência e apoio a pessoas com deficiência, a fim de
social em relação às pessoas com deficiência;
assegurar a essas pessoas o acesso a informações;
iii) Promover o reconhecimento das habilidades, dos
g. Promover o acesso de pessoas com deficiência a
méritos e das capacidades das pessoas com deficiência e
novos sistemas e tecnologias da informação e
de sua contribuição ao local de trabalho e ao mercado la-
comunicação, inclusive à internet;
boral;
h. Promover, desde a fase inicial, a concepção, o de-
b) Fomentar em todos os níveis do sistema
senvolvimento, a produção e a disseminação de sistemas
educacio- nal, inclusive em todas as crianças desde tenra
e tecnologias de informação e comunicação, a fim de que
idade, uma atitude de respeito para com os direitos das
esses sistemas e tecnologias se tornem acessíveis a custo
pessoas com deficiência; mínimo.
c) Incentivar todos os órgãos da mídia a retratar as
pessoas com deficiência de maneira compatível com o
Artigo 10
pro- pósito da presente Convenção; Direito à vida
d) Promover programas de formação em sensibili-
zação a respeito das pessoas com deficiência e sobre os
Os Estados Partes reafirmam que todo ser humano tem
direitos das pessoas com deficiência. o direito inerente à vida e tomarão todas as medidas
necessá- rias para assegurar o efetivo exercício desse direito
Artigo 9 pelas pes- soas com deficiência, em igualdade de
Acessibilidade oportunidades com as demais pessoas.
1. A fim de possibilitar às pessoas com deficiência Artigo 11
viver de forma independente e participar plenamente de Situações de risco e emergências humanitárias
todos os aspectos da vida, os Estados Partes tomarão as
medidas apropriadas para assegurar às pessoas com defi- Em conformidade com suas obrigações decorrentes
ciência o acesso, em igualdade de oportunidades com as do direito internacional, inclusive do direito humanitário
demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à inter- nacional e do direito internacional dos direitos
informação e comunicação, inclusive aos sistemas e humanos, os Estados Partes tomarão todas as medidas
tecnologias da in- formação e comunicação, bem como a necessárias para as- segurar a proteção e a segurança das
outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso pessoas com deficiência que se encontrarem em situações
público, tanto na zona urbana como na rural. Essas de risco, inclusive situações de conflito armado,
medidas, que incluirão a identificação e a eliminação de emergências humanitárias e ocorrência de desastres
obstáculos e barreiras à acessibilidade, serão aplicadas, naturais.
entre outros, a:
a. Edifícios, rodovias, meios de transporte e outras Artigo 12
instalações internas e externas, inclusive escolas, residên- Reconhecimento igual perante a lei
cias, instalações médicas e locais de trabalho;
b. Informações, comunicações e outros serviços, in- 1. Os Estados Partes reafirmam que as pessoas com
clusive serviços eletrônicos e serviços de emergência; deficiência têm o direito de ser reconhecidas em todos os
2. Os Estados Partes também tomarão medidas lu- gares como pessoas perante a lei.
apropriadas para: 2. Os Estados Partes reconhecerão que as pessoas
com deficiência gozam de capacidade legal em igualdade
de con- dições com as demais pessoas em todos os
aspectos da vida.
18
1
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
182
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Artigo 17
Artigo 20
Proteção da integridade da pessoa Mobilidade pessoal
Toda pessoa com deficiência tem o direito a que sua
Os Estados Partes tomarão medidas efetivas para as-
integridade física e mental seja respeitada, em igualdade
segurar às pessoas com deficiência sua mobilidade
de condições com as demais pessoas.
pessoal com a máxima independência possível:
Artigo 18 a. Facilitando a mobilidade pessoal das pessoas
com deficiência, na forma e no momento em que elas
Liberdade de movimentação e nacionalidade
quiserem, e a custo acessível;
b. Facilitando às pessoas com deficiência o acesso a
1. Os Estados Partes reconhecerão os direitos das
tecnologias assistivas, dispositivos e ajudas técnicas de
pessoas com deficiência à liberdade de movimentação, à
qua- lidade, e formas de assistência humana ou animal e
liberdade de escolher sua residência e à nacionalidade, em
de me- diadores, inclusive tornando-os disponíveis a custo
igualdade de oportunidades com as demais pessoas,
inclu- sive assegurando que as pessoas com deficiência: acessível;
c. Propiciando às pessoas com deficiência e ao pes-
a. Tenham o direito de adquirir nacionalidade e mu-
dar de nacionalidade e não sejam privadas soal especializado capacitação em técnicas de mobilidade;
arbitrariamente de sua nacionalidade em razão de sua d. Incentivando entidades que produzem ajudas
deficiência. téc- nicas de mobilidade, dispositivos e tecnologias
assistivas a levarem em conta todos os aspectos relativos
b. Não sejam privadas, por causa de sua deficiên-
cia, da competência de obter, possuir e utilizar documento à mobilidade de pessoas com deficiência.
comprovante de sua nacionalidade ou outro documento
de identidade, ou de recorrer a processos relevantes, tais Artigo 21
como procedimentos relativos à imigração, que forem ne- Liberdade de expressão e de opinião e acesso à in-
cessários para facilitar o exercício de seu direito à formação
liberdade de movimentação.
c. Tenham liberdade de sair de qualquer país, Os Estados Partes tomarão todas as medidas
inclusi- ve do seu; apropria- das para assegurar que as pessoas com
d. Não sejam privadas, arbitrariamente ou por causa deficiência possam exercer seu direito à liberdade de
de sua deficiência, do direito de entrar no próprio país. expressão e opinião, in- clusive à liberdade de buscar,
2. As crianças com deficiência serão registradas receber e compartilhar infor- mações e idéias, em
ime- diatamente após o nascimento e terão, desde o igualdade de oportunidades com as demais pessoas e por
nascimen- to, o direito a um nome, o direito de adquirir intermédio de todas as formas de co- municação de sua
nacionalidade e, tanto quanto possível, o direito de escolha, conforme o disposto no Artigo 2 da presente
co- Convenção, entre as quais:
nhecer seus pais e de ser cuidadas por eles. a. Fornecer, prontamente e sem custo adicional, às
pessoas com deficiência, todas as informações destinadas
Artigo 19 ao público em geral em formatos acessíveis e tecnologias
Vida independente e inclusão na comunidade apropriadas aos diferentes tipos de deficiência;
b. Aceitar e facilitar, em trâmites oficiais, o uso de
Os Estados Partes desta Convenção reconhecem o lín- guas de sinais, Braille, comunicação aumentativa e
igual direito de todas as pessoas com deficiência de viver alternati- va, e de todos os demais meios, modos e
na comunidade, com a mesma liberdade de escolha que formatos acessíveis de comunicação, à escolha das
as demais pessoas, e tomarão medidas efetivas e pessoas com deficiência;
apropriadas para facilitar às pessoas com deficiência o c. Urgir as entidades privadas que oferecem
pleno gozo des- se direito e sua plena inclusão e serviços ao público em geral, inclusive por meio da
participação na comunida- de, inclusive assegurando que: internet, a for- necer informações e serviços em formatos
a. As pessoas com deficiência possam escolher seu acessíveis, que possam ser usados por pessoas com
local de residência e onde e com quem morar, em igual- deficiência;
dade de oportunidades com as demais pessoas, e que não d. Incentivar a mídia, inclusive os provedores de in-
sejam obrigadas a viver em determinado tipo de moradia; formação pela internet, a tornar seus serviços acessíveis a
b. As pessoas com deficiência tenham acesso a uma pessoas com deficiência;
variedade de serviços de apoio em domicílio ou em insti- e. Reconhecer e promover o uso de línguas de sinais.
tuições residenciais ou a outros serviços comunitários de
apoio, inclusive os serviços de atendentes pessoais que Artigo 22
forem necessários como apoio para que as pessoas com Respeito à privacidade
deficiência vivam e sejam incluídas na comunidade e para
evitar que fiquem isoladas ou segregadas da comunidade; 1. Nenhuma pessoa com deficiência, qualquer que
c. Os serviços e instalações da comunidade para a seja seu local de residência ou tipo de moradia, estará
população em geral estejam disponíveis às pessoas com sujei- ta a interferência arbitrária ou ilegal em sua
deficiência, em igualdade de oportunidades, e atendam às privacidade, fa- mília, lar, correspondência ou outros tipos
suas necessidades. de comunicação, nem a ataques ilícitos à sua honra e
reputação. As pessoas com deficiência têm o direito à
proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
183
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Artigo 45
Entrada em Artigo 48
vigor Denúncia
1. A presente Convenção entrará em vigor no Qualquer Estado Parte poderá denunciar a presente
trigési- mo dia após o depósito do vigésimo instrumento Convenção mediante notificação por escrito ao
de ratifi- cação ou adesão. Secretário-
2. Para cada Estado ou organização de integração -Geral das Nações Unidas. A denúncia tornar- se-á efetiva
regional que ratificar ou formal- mente confirmar a um ano após a data de recebimento da notificação pelo
presen- te Convenção ou a ela aderir após o depósito do Secretário- Geral.
referido vigésimo instrumento, a Convenção entrará em
Artigo 49
vigor no trigésimo dia a partir da data em que esse Estado
ou orga- nização tenha depositado seu instrumento de Formatos acessíveis
ratificação, confirmação formal ou adesão
Artigo 46 O texto da presente Convenção será colocado à
Reservas dispo- sição em formatos acessíveis.
1. Não serão permitidas reservas incompatíveis com
o objeto e o propósito da presente Convenção. Artigo 50
2. As reservas poderão ser retiradas a qualquer mo- Textos autênticos
mento.
Os textos em árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e
Artigo 47 russo da presente Convenção serão igualmente
Emendas autênticos. Em testemunho disso, os plenipotenciários
abaixo assi- nados, sendo devidamente autorizados para
1. Qualquer Estado Parte poderá propor emendas à tanto por seus
presente Convenção e submetê-las ao Secretário-Geral respectivos Governos, firmaram a presente Convenção.
das Nações Unidas. O Secretário-Geral comunicará aos
Estados Partes quaisquer emendas propostas, solicitando- Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direi-
lhes que o notifiquem se são favoráveis a uma tos das Pessoas com Deficiência
Conferência dos Esta- dos Partes para considerar as
propostas e tomar decisão a respeito delas. Se, até quatro Os Estados Partes do presente Protocolo acordaram o
meses após a data da referida comunicação, pelo menos seguinte:
um terço dos Estados Partes se manifestar favorável a essa
Conferência, o Secretário-Geral das Nações Unidas ARTIGO 1
convocará a Conferência, sob os aus- pícios das Nações
Unidas. Qualquer emenda adotada por maioria de dois 1. Qualquer Estado Parte do presente Protocolo
terços dos Estados Partes presentes e vo- tantes será (“Es- tado Parte”) reconhece a competência do Comitê
submetida pelo Secretário-Geral à aprovação da sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (“Comitê”)
Assembleia Geral das Nações Unidas e, posteriormente, à para rece- ber e considerar comunicações submetidas por
aceitação de todos os Estados Partes. pessoas ou grupos de pessoas, ou em nome deles,
2. Qualquer emenda adotada e aprovada conforme sujeitos à sua juris- dição, alegando serem vítimas de
o disposto no parágrafo 1 do presente artigo entrará em violação das disposições da Convenção pelo referido
vigor no trigésimo dia após a data na qual o número de Estado Parte.
instrumentos de aceitação tenha atingido dois terços do 2. O Comitê não receberá comunicação referente a
número de Estados Partes na data de adoção da emenda. qualquer Estado Parte que não seja signatário do presente
Posteriormente, a emenda entrará em vigor para todo Protocolo.
Esta- do Parte no trigésimo dia após o depósito por esse
Estado do seu instrumento de aceitação. A emenda será ARTIGO 2
vinculante somente para os Estados Partes que a tiverem
aceitado. O Comitê considerará inadmissível a comunicação
3. Se a Conferência dos Estados Partes assim o de- quando:
cidir por consenso, qualquer emenda adotada e aprovada a. A comunicação for anônima;
em conformidade com o disposto no parágrafo 1 deste b. A comunicação constituir abuso do direito de
Artigo, relacionada exclusivamente com os artigos 34, 38, sub- meter tais comunicações ou for incompatível com as
39 e 40, entrará em vigor para todos os Estados Partes no dispo- sições da Convenção;
trigésimo dia a partir da data em que o número de instru- c. A mesma matéria já tenha sido examinada pelo
mentos de aceitação depositados tiver atingido dois Comitê ou tenha sido ou estiver sendo examinada sob ou-
terços do número de Estados Partes na data de adoção da tro procedimento de investigação, ou resolução
emen- da. internacio- nal;
d. Não tenham sido esgotados todos os recursos
internos disponíveis, salvo no caso em que a tramitação
desses recursos se prolongue sem justificativa, ou seja im-
provável que se obtenha com eles solução efetiva;
190
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
1. Qualquer Estado Parte poderá propor emendas DECRETO LEGISLATIVO Nº 186, DE 2008
ao presente Protocolo e submetê-las ao Secretário-Geral
das Nações Unidas. O Secretário-Geral comunicará aos Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das
Estados Partes quaisquer emendas propostas, solicitando- Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo,
lhes que o notifiquem se são favoráveis a uma as- sinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007.
Conferência dos Es- tados Partes para considerar as
propostas e tomar decisão a respeito delas. Se, até quatro O Congresso Nacional decreta:
meses após a data da refe- rida comunicação, pelo menos
um terço dos Estados Partes se manifestar favorável a Art. 1º Fica aprovado, nos termos do § 3º do art. 5º da
essa Conferência, o Secretário- Constituição Federal, o texto da Convenção sobre os
-Geral das Nações Unidas convocará a Conferência, sob os Direi- tos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo
auspícios das Nações Unidas. Qualquer emenda adotada Facul- tativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março
por maioria de dois terços dos Estados Partes presentes e de 2007. Parágrafo único. Ficam sujeitos à aprovação do
votantes será submetida pelo Secretário-Geral à Con- gresso Nacional quaisquer atos que alterem a
aprovação da Assembleia Geral das Nações Unidas e, referida Con- venção e seu Protocolo Facultativo, bem
posteriormente, à aceitação de todos os Estados Partes como quaisquer outros ajustes complementares que, nos
2. Qualquer emenda adotada e aprovada conforme termos do inciso I do caput do art. 49 da Constituição
o disposto no parágrafo 1 do presente artigo entrará em Federal, acarretem en- cargos ou compromissos gravosos
vigor no trigésimo dia após a data na qual o número de ao patrimônio nacional.
instrumentos de aceitação tenha atingido dois terços do Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data
número de Estados Partes na data de adoção da emenda. de sua publicação.
Posteriormente, a emenda entrará em vigor para todo
Esta- do Parte no trigésimo dia após o depósito por esse Senado Federal, em 9 de julho de 2008. Senador
Estado do seu instrumento de aceitação. A emenda será GARI- BALDI ALVES FILHO
vinculante somente para os Estados Partes que a tiverem
aceitado. Presidente do Senado Federal
192
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
DECRETA:
193
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
1) AS COMPETÊNCIAS DO PROFESSOR
PROFISSIONAL: ENTRE CONHECIMENTOS, ESQUEMAS DE UMA FORMAÇÃO BASEADA NA ANÁLISE DAS PRÁTI-
AÇÃO E ADAP- TAÇÃO, SABER ANALISAR CAS E NA REFLEXÃO
Marguerite Altet
Análise das práticas está centrada num processo de
análise e reflexão das práticas vivenciadas. Em suas
Na França, com a nova Lei de Orientação para a Edu-
pesqui- sas e estudos, Altet construiu modelos que
cação, de 1989, o aluno passou a ser o centro do sistema
ajudam a ex- plicitar os conhecimentos empíricos
educacional. Fez-se necessário, segundo a autora, buscar
transformando-o em saberes pedagógicos que
os modelos sobre os quais se apoiam a profissão de edu-
contribuem na formatação das competências necessárias
cador. Após inúmeras pesquisas, a autora define o profis-
à formação docente.
sionalismo como um “processo de racionalização dos co-
nhecimentos postos em prática, somados às práticas que
2) TRABALHO DAS REPRESENTAÇÕES NA FORMAÇÃO
se mostraram eficazes em cada situação”. Para que isso
DOS PROFESSORES
ocorra, é necessário que a formação profissional una três
Simone Baillauqués
processos diferentes e suas respectivas lógicas: formação,
ação e pesquisa.
Simone Baillauqués estudou as competências profis-
sionais a partir do trabalho das representações dentro do
A ESPECIFICIDADE DA PROFISSÃO DE PROFESSOR ambiente de prática e formação de professores. Segundo
a autora, se por um lado diversos trabalhos causam
O professor profissional é um articulador do processo impacto sobre as competências exercidas ou adquiridas
de ensino aprendizagem. O ensino é um processo inter- pelos pro- fessores, por outro, não se sabe até que ponto
pessoal e intencional que utiliza a comunicação verbal e o essas com- petências encontram aderência junto à classe
discurso dialógico finalizado como meios para provocar, profissional. Dessa forma, aponta para a necessidade de
fa- vorecer e levar ao êxito a aprendizagem em dada se questionar as relações existentes entre pessoa e
situação; é uma prática relacional finalizada (Altet, 1994). profissão.
O que torna a tarefa do ensino específica é a necessi- Seu trabalho representa o professor como profissio-
dade de domínio, por parte do professor, da Didática e da nal crítico capaz de se auto avaliar e de tomar decisões de
Pedagogia. Enquanto a Didática trata da gestão da infor- acordo com preceitos éticos.
mação e sua transmissão ao aluno, a Pedagogia ocupa-se Baillauqués levanta algumas questões que devem ser
da transformação do Saber através de trocas cognitivas e consideradas no estudo das competências profissionais e
sócio afetivas. seus impactos reais na vida acadêmica.
194
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
200
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
CARVALHO, ROSITA EDLER. EDUCAÇÃO INCLUSIVA diferenças individuais como parâmetros para estabelecer
a quantidade e qualidade da educação destinada a cada
COM OS PINGOS NOS IS. 2. ED. PORTO ALEGRE:
pessoa. Nesse contexto é inerente na sociedade, o proces-
MEDIAÇÃO, 2005.
so de exclusão educacional a que são submetidos tantos
alunos, especialmente aqueles que apresentam algum tipo
de deficiência.
De uma visão positivista da educação, na qual cada
CARVALHO, Rosita Edler. Educação Inclusiva com os um deveria ocupar seu devido lugar em função de suas
Pingos nos Is. 2. ed. Porto Alegre: Mediação, 2005. apti- dões pessoais e da classe social a que pertencesse,
Luciana Cristina Salvatti Coutinho passa-
-se, por meio da crítica pedagógica, para o escolanovismo,
movimento que tem como lema o “aprender fazendo”,
Pedagoga pela Faculdade de Educação da Unicamp. des- locando, para o aluno, a centralidade do processo
Mestranda em Filosofia e História da Educação pela educa- tivo.
FE/Uni- camp. Membro do grupo de estudos e pesquisas Da crítica do positivismo e da escola nova surge um
HISTEDBR movimento socialista na e para a educação, iniciando-se
nas camadas populares. Destes, os ideais pedagógicos de
Introdução Paulo Freire são referendados pela autora como referência
de uma educação socialista.
Neste livro, a autora expõe vários textos escritos por Guardadas as diferenças teóricas entre as correntes
ela mesma acerca da temática da educação inclusiva. Estes emergentes no século XX, cabe salientar que elas apresen-
textos foram escritos em momentos diferentes, mas cola- tam um traço comum: a centralidade do educando no
boram, segundo ela, para esclarecimentos sobre a pro- cesso de ensino-aprendizagem.
questão em foco. Para Rosita, é importante colocar os Contrapondo-se a natureza excludente da sociedade e
pingos nos “is”, pois a diversidade de ideias e práticas da educação moderna, desabrocha um movimento de in-
acerca da educa- ção inclusiva gera uma confusão de clusão apoiado por vários segmentos da sociedade. Ainda
significados e sentidos que, consequentemente, acabam em clima de discussão, sobretudo, em fóruns de discus-
por provocar dúvidas e resistências por parte dos são especiais, muitas dúvidas e incertezas acometem pais,
educadores na implantação de processos inclusivos. educadores e comunidade que acabam por criar resistên-
cias na promoção de processos inclusivos. Cabe, portanto,
1. Correntes teóricas e sua influência no processo incluir família, escola e comunidade nas discussões acerca
educacional. da educação inclusiva a fim de elaborar e efetivar projetos
Neste capítulo, Rosita fará uma análise das correntes inclusivos que atendam às diferenças. Para isso, a escola
teóricas e o impacto de cada uma delas na educação, so- não pode ser vista e pensada apartada da sociedade. Deve
bretudo à educação inclusiva, entendendo que, assim, é ser antes de tudo, “espaço da alegria” (p.32) no qual os
possível visualizar o que permaneceu e o que mudou na interesses e necessidades de todos e de cada um são con-
“humanização do Homem” ao longo de sua história. siderados e valorizados.
Em poucas palavras, a autora identifica a origem da
educação à origem da história do próprio homem. Afirma 2. A contribuição da histórica da filosofia da
que na antiguidade primitiva a educação era, essencial- ciên- cia para a proposta de educação inclusiva.
mente, prática, voltada às necessidades cotidianas e era Analisando a história da filosofia da ciência,
transmitida de geração para geração por meio da brevemen- te, a autora identifica que há um processo em
oralidade e de exemplos práticos. Na antiga Grécia, era curso, que emergiu no século XX, da exclusão para a
proclamada a formação integral do homem denominada inclusão.
de Paideia. No entanto, como alerta Rosita, havia uma Do ápice do positivismo, essencialmente excludente,
educação mais prá- tica destinada aos escravos e aos no qual cada um deveria ser educado em função do lugar
social ocupado e das aptidões pessoais, passa-se à crítica
guerreiros e outra do “es- pírito” (intelectual) para os
em meados dos anos 50 chegando até mesmo a “nega-
homens livres, ou seja, que não precisavam prover seu
ção da necessidade de haver método para se fazer
sustento material. Na idade Média, com a influência
ciência” (p.33). Esse movimento crítico evolui para a teoria
massiva do cristianismo, destaca-se a edu- cação do
quântica e o misticismo oriental que apontam para a
espírito voltada, sobretudo, aos nobres e cleros. Com o
necessidade de estudar e compreender o mundo e suas
renascimento, ressurgem os valores Greco- romanos para
relações. Esse processo, segundo Rosita, caminha para a
a educação destinados, mais, aos estudos da nature- za
evolução “...da dimensão do ‘eu’ para a do ‘nós’ e, desta,
(astronomia, matemática, artes, medicina, biologia, etc.).
para a de ‘todos nós’ numa extraordinária dinâmica em
Os conceitos de universalidade e individualidade
espiral...”(p.34).
emergem como fundamentos da educação moderna. A
Assim como no campo da ciência, também no da edu-
universalida- de, contudo, apresenta caráter elitista e
cação percebe-se processo semelhante culminando hoje,
segregacionista já que, segundo Gadotti (1995), citado
nos primórdios do século XXI, no movimento pela educa-
pela autora, aos traba- lhadores deveria ser destinada
ção inclusiva. A educação inclusiva, para a autora, significa
uma educação para o traba- lho e, aos dirigentes, voltada
não oferecer educação igual a todos mas, antes e acima
à arte de governar. Além da diferenciação em função da
de tudo, oferecer a cada um de acordo com seus
classe social acrescentem-se as
interesses e necessidades, a educação que lhe é
adequada. Para ela,
201
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
203
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
7. Políticas públicas para a educação inclusiva. Deve-se adotar um outro modelo de planejamento e
Educação inclusiva vem sendo sinônimo para muitos ad- ministração no qual participam, efetivamente,
como a transferência de alunos da educação especial para representantes dos diferentes setores da educação. É
as escolas regulares. Essa ideia pressupõe o “desmonte da necessário que os admi- nistradores disponham de
educação especial” sem, contudo, prover as escolas regu- “autoridade profissional” (p.101), ou seja, que tenham
lares das condições necessárias para assegurar que esses acúmulo de experiências e conhecimentos na área. Além
alunos estarão sendo bem atendidos. disso, uma outra dimensão deve fazer parte do perfil da
A educação inclusiva, destaca a autora, não se administração: a vontade, o ideal de atender o bem
restringe aos alunos com deficiências, ao contrário, ela comum. O papel do administrador é possibilitar a
deve atender as necessidades e diferenças de todas as articulação daqueles que planejam com os que executam e
pessoas indiscri- minadamente. Os recursos, vice versa.
atendimentos, apoio, acompa- nhamento, enfim, todas as As escolas contam com autonomia para elaborar seus
condições necessárias para que os alunos possam projetos político-pedagógicos, mas devem se pautar nas
desenvolver todas as suas potencialida- des, devem ser orientações dadas pelas Secretarias de Educação que, por
asseguradas. sua vez, adotam as diretrizes provenientes do MEC. Este, no
Diante do quadro de exclusão e deficiência da educa- cum- primento de seu papel, inspira-se nas diretrizes
ção, em 1981 a UNESCO elaborou um Projeto Principal no elaboradas pe- los organismos internacionais.
qual foram apontados como objetivos urgentes: erradica- Internamente, mudanças devem ser expressas, com
ção do analfabetismo, melhoria da qualidade e eficiência base nos princípios da educação inclusiva, nas salas de aula,
dos sistemas educacionais e universalização da educação. na prá- tica pedagógica, nos recursos tecnológicos, entre
Foi sugerido o sistema de colaboração intra e entre os outras estra- tégias a fim de ressignificar o trabalho
países para a concretização desses objetivos. Esse Projeto pedagógico.
Principal e seus desdobramentos nos diferentes países do
mundo foram sendo discutidos em encontros periódicos. 9. A função da escola na perspectiva da educação
Destes, o sétimo, ocorrido em 2001 em Cocha bamba, na inclusiva.
Bolívia, teve como resultado a Declaração de Cochabam- A escola que se tem hoje é, pela sua própria natureza,
ba sobre Políticas Educativas para o século XXI. A autora ex- cludente. Este fato é demonstrado pela autora através
destaca algumas orientações contidas nesse documento: de da- dos estatísticos que revelam que 2/3 dos alunos
necessidade de acelerar as mudanças nos sistemas edu- ingressantes no ensino fundamental não chegam ao ensino
cacionais para acompanhar as em curso na sociedade, a médio.
educação é primordial para o desenvolvimento humano, Verificam-se, também, atualmente, projetos em anda-
mento que objetivam a inclusão dos alunos deficientes
nas escolas regulares.
são. Práticas inclusivas em uma escola com práticas de exclu-
E a escola não é inclusiva porque a sociedade não o é. Eis
flexibilização da escola, autonomia pedagógica e de a realidade.
gestão das escolas, participação de outros atores nas Uma educação inclusiva pressupõe, não só a inserção dos
instituições educativas,
alunos independente das diferenças que apresentem, mas
uso de novas tecnologias da informação e comunica- sobretudo, a permanência e a garantia de
ção nos processos pedagógicos. Para Rosita, o desafio, no desenvolvimento de todas as potencialidades de cada um.
Brasil é: Vê-se que a função da escola não é a de selecionar,
A tarefa, nada fácil, por sua extensão e complexidade segregar. A função da escola, numa sociedade e educação
é fazer prevalecer, nas políticas públicas brasileiras, os inclusiva, é o desenvolvimento do próprio ser humano
objeti- vos e diretrizes que atendam às recomendações dos respeitando as diferenças e necessidades de cada um.
organis- mos internacionais aos quais estamos afiliados,
garantindo a todos, o que a letra de nossas próprias leis 10. Removendo barreiras para a aprendizagem e
assegura. (p.91) A autora, para concluir, elenca alguns para a participação na educação inclusiva.
pontos negativos que permeiam as políticas sociais Nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na
brasileira, incluindo aí a educação: falta de articulação Edu- cação Básica, de 2001, ampliou-se, significativamente,
entre os ministérios para a promoção efetiva dos o sig- nificado do termo educação especial, incluindo
direitos dos cidadãos (saúde, edu- cação, trabalho), nesse leque, alunos já inseridos nas escolas regulares não
recursos financeiros, falta de valorização do magistério. considerados, até então, deficientes. Alunos com
Os pontos positivos são: instituição dos parâmetros necessidades educacionais es- peciais são aqueles que
curriculares nacionais, programa do livro didá- tico, apresentam, no processo educativo, dificuldades de
capacitação de professores por meio de TV, munici- aprendizagem e, segundo Rosita, analisando as falas de
palização da merenda, reforma do Ensino Médio, reforma alguns educadores, qualquer aluno pode ser con- siderado
do ensino técnico, diretrizes curriculares para os cursos de especial.
graduação, sistema de avaliação. Há um ponto positivo considerado pela autora ao
8. Planejamento e administração escolar para a ampliar o sentido do termo “especial”: requer que o foco
educação inclusiva. seja posto nos alunos, no sentido de os profissionais da
Uma proposta de educação inclusiva deve ser educação serem chamados a responder às necessidades de
entendi- da não só como um direito de todos, mas aprendizagem dos alunos. Para tanto, é necessário
sobretudo, como um dever a ser assumido pelo Estado proporcionar formação conti- nuada aos professores a fim
com a participação efetiva de toda a sociedade em todas de que conheçam os tipos e esti- los de aprendizagem de
as etapas para sua concretização desde o planejamento seus alunos possibilitando a organiza- ção de práticas
até as ações práticas. pedagógicas adequadas ao perfil de cada um.
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1
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“Acontece que um homem não atinge a condição de Galileu “Não lhe perguntem mais nada. O mestre falou. Agora,
simplesmente por ter sido perseguido; ele também precisa é interpretá-lo, nas nuanças chinesas do seu falar murado.
estar certo”. (Stephen Jay Gould) Ele não tem obrigação de ser claro. Muitas reputações de
mestre faleceriam, submetidas à prova da clareza”. (Carlos
Capítulo 4 Drummond de Andrade). (p. 160)
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
O processo de socialização
Há uma forte ligação entre os processos psicológicos
e a inserção do indivíduo num contexto sócio-histórico
A socialização vai do grau zero (recém-nascido) ao
es- pecífico. Instrumentos e símbolos construídos
grau máximo (personalidade). O indivíduo mais evoluído
socialmente é que definem quais possibilidades de
pode usufruir tanto de sua autonomia quanto das contri-
funcionamento ce- rebral serão concretizadas. Vygotsky
buições dos outros.
apresenta a ideia de mediação: a relação do homem com
os objetos é mediada pelos sistemas simbólicos
Para Piaget, “autonomia significa ser capaz de se
(representações dos objetos e situações do mundo real no
situar consciente e competentemente na rede dos diversos
universo psicológico do indiví- duo), que lhe possibilita
pontos de vista e conflitos presentes numa sociedade” (p.
planejar o futuro, imaginar coisas, etc.
17). Há uma “marcha para o equilíbrio”, com bases
Em resumo: operar com sistemas simbólicos permi-
biológicas, que começa no período sensório-motor, com a
te o desenvolvimento da abstração e da generalização e
construção de esquemas de ação, e chega às ações
define o salto para os processos psicológicos superiores,
interiorizadas, isto é, efetuadas mentalmente.
tipicamente humanos. Estes têm origem social, isto é, é a
Embora tudo pareça resumir-se à relação sujeito-
cultura que fornece ao indivíduo o universo de
obje- to, para La Taille, as operações mentais permitem o
significados (representações) da realidade. As funções
conhe- cimento objetivo da natureza e da cultura e são,
mentais superio- res baseiam-se na operação com
portanto, necessidades decorrentes da vida social. Para ele,
sistemas simbólicos e são construídas de fora para dentro
Piaget não compartilha do “otimismo” de que todas as
num processo de interna- lização.
relações sociais favorecem o desenvolvimento. Para La
Taille, a peculiaridade da teoria piagetiana é pensar a
O processo de formação de conceitos
interação da perspectiva da ética (igualdade, respeito
mútuo, liberdade, direitos huma- nos). Ser coercitivo ou
A linguagem é o sistema simbólico fundamental na
cooperativo depende de uma atitude moral, sendo que a
mediação entre sujeito e objeto do conhecimento e tem
democracia é condição para o desenvol- vimento da
duas funções básicas: interação social (comunicação entre
personalidade. Diz ele: “A teoria de Piaget é uma grande
indivíduos) e pensamento generalizante (significado com-
defesa do ideal democrático” (p. 21).
partilhado pelos usuários). Nomear um objeto significa
co- locá-lo numa categoria de objetos com atributos
Vygotsky e o processo de formação de conceitos comuns. Palavras são signos mediadores na relação do
homem com o mundo.
Morto Kohl de
O desenvolvimento do pensamento conceitual segue
um percurso genético que parte da formação de
Oliveira Substratos biológicos e construção cultural no
conjuntos sincréticos (baseados em nexos vagos e
subjetivos), pas- sa pelo pensamento por complexos
desenvol-
(baseado em ligações concretas e factuais) e chega à
vimento humano
formação de conceitos (ba- seados em ligações abstratas
e lógicas).
A perspectiva de Vygotsky é sempre a da dimensão
Esse percurso não é linear e refere-se à formação de
so- cial do desenvolvimento. Para ele, o ser humano
conceitos cotidianos ou espontâneos, isto é,
constitui-se como tal na sua relação com o outro social; a
desenvolvidos no decorrer da atividade prática da criança
cultura torna-
em suas inte- rações sociais imediatas e são, portanto,
-se parte da natureza humana num processo histórico que
impregnados de experiências. Já os conceitos científicos
molda o funcionamento psicológico do homem ao longo
são os transmiti- dos em situações formais de ensino-
do desenvolvimento da espécie (fïlogenética) e do
aprendizagem e ge- ralmente começam por sua definição
indivíduo (ontogenética). O ser humano tem, assim, uma
verbal e vão sendo expandidos no decorrer das leituras e
dupla natu- reza: membro de uma espécie biológica que
dos trabalhos esco- lares. Assim, o desenvolvimento dos
só se desenvol- ve no interior de um grupo cultural.
conceitos espontâ- neos é ascendente (da experiência
Vygotsky rejeitou a ideia de funções fundamentais
para a abstração) e o de conceitos científicos é
fixas e imutáveis, “trabalhando com a noção do cérebro
descendente (da definição para um nível mais elementar e
como um sistema aberto, de grande plasticidade, cuja
concreto). A partir do exposto, duas conclusões são
estrutura e mo- dos de funcionamento são moldados ao
fundamentais:
longo da história da espécie e do desenvolvimento
1 - diferentes culturas produzem modos diversos de
individual” (p. 24). Para ele, o cérebro é formado por
fun- cionamento psicológico;
sistemas funcionais complexos, isto é, as funções não se
2 - a instrução escolar é de enorme importância nas
localizam em pontos específicos, mas se organizam a
so- ciedades letradas.
partir da ação de diversos elementos que atuam de forma
articulada. O cérebro tem uma estrutura bá- sica,
resultante da evolução da espécie, que cada membro traz
consigo ao nascer. Essa estrutura pode ser articulada de
diferentes formas pelo sujeito, isto é, um mesmo
problema pode ser solucionado de diferentes formas e
mobilizar dife- rentes partes do cérebro.
222
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
b) O dever moral
O problema da afetividade em Vygotsky
O ingresso da criança no universo moral se dá pela
apren- dizagem dos deveres a ela impostos pelos pais e
Morta Kohl de Oliveira
demais adul- tos, o que acontece na fase de heteronomia
e se traduz pelo “realismo moral” que tem as seguintes
Vygotsky pode ser considerado um cognitivista (inves-
características:
tigou processos internos relacionados ao conhecimento
- a criança considera que todo ato de obediência às
e sua dimensão simbólica), embora nunca tenha usado o
re- gras impostas é bom;
termo cognição, mas função mental e consciência. Para
- as regras são interpretadas ao pé da letra e não se-
ele há uma distinção básica entre funções mentais
gundo seu espírito;
elementa- res (atenção involuntária) e superiores (atenção
- há uma concepção objetiva de responsabilidade: o
julgamento é feito pela consequência do ato e pela inten- voluntária, memória lógica). É difícil compreender cada
cionalidade. função men- tal isoladamente, pois sua essência é ser
c) A justiça inter-relaciona- da com outras funções. Sua abordagem é
globalizante. Ele utiliza o termo consciência para explicar a
A noção de justiça engloba todas as outras noções
morais e envolve ideias matemáticas (proporção, peso, relação dinâmica (interfuncionalidade) entre afeto e
igualdade). Quanto menor a criança mais forte a noção de intelecto e, portanto, questiona a divisão entre as
justiça imanente (todo crime será castigado, mesmo que dimensões cognitiva e afetiva do funcionamento
seja por força da natureza), mais ela opta por sanções ex- psicológico. Para ele, não dá para disso- ciar interesses e
piatórias (o castigo tem uma qualidade estranha ao delito) inclinações pessoais (aspectos afetivo-voli- tivos) do ser
e mais severa ela é (acha que quanto mais duro o castigo, que pensa (aspectos intelectuais).
mais justo ele é). A partir dos 8/9 anos a desobediência já
é vista como ato legítimo quando há flagrante injustiça. Consciência
As duas morais da criança e os tipos de relações sociais
Vygotsky concebe a consciência como “organização
Mesmo concordando que a moral é um ato social, objetivamente observável do comportamento, que é im-
para Piaget o sujeito participa ativamente de seu posta aos seres humanos através da participação em prá-
desenvolvi- mento intelectual e moral e detém uma ticas socioculturais”(p.78). É evidente a fundamentação em
autonomia possível perante os ditames da sociedade. postulados marxistas: a dimensão individual é considerada
As relações interindividuais são divididas em duas ca- secundária e derivada da dimensão social, que é a essen-
tegorias: cial. Carrega ainda um fundamento sócio-histórico, isto é,
- coação: derivada da heteronomia, é uma relação a consciência humana, resultado de uma atividade
assi- métrica, em que um dos polos impõe suas verdades, complexa, formou-se ao longo da história social do
sendo contraditória com o desenvolvimento intelectual; homem durante a qual a atividade manipuladora e a
coopera- ção: é uma relação simétrica constituída por linguagem se desen- volveram.
iguais, regida pela reciprocidade; envolve acordos e exige As impressões que chegam ao homem, vindas do
que o sujeito se descentre para compreender o ponto de mundo exterior são analisadas de acordo com categorias
vista alheio; com ela o desenvolvimento moral e que ele adquiriu na interação social. A consciência seria a
intelectual ocorre, pois ele pressupõe autonomia e própria essência da psique humana, o componente mais
superação do realismo moral. elevado das funções psicológicas humanas e envolve a in-
Em resumo: para Piaget, a coerção é inevitável no ter-relação dinâmica e em transformação entre: intelecto e
início da educação, mas não pode permanecer exclusiva afeto, atividade e representação simbólica, subjetividade e
para não encurralar a criança na heteronomia. Assim, para interação social.
favore- cer a conquista da autonomia, a escola precisa
respeitar e aproveitar as relações de cooperação que Subjetividade e intersubjetividade
espontaneamen- te, nascem das relações entre as
crianças. As funções psicológicas superiores, tipicamente
huma- nas, referem-se a processos voluntários, ações
Afetividade e inteligência na teoria piagetiana do consciente- mente controladas, mecanismos intencionais.
desen- volvimento do juízo moral Apresentam alto grau de autonomia em relação a fatores
biológicos, sendo, portanto, o resultado da inserção do
Para La Taille, o notável na teoria piagetiana é que homem em determinado contexto sócio-histórico.
nela “não assistimos a uma luta entre afetividade e O processo de internalização de formas culturais de
moral”(p.70). Afeto e moral se conjugam em harmonia: o comportamento, que corresponde à própria formação da
sujeito autôno- mo não é reprimido, mas um homem livre, consciência, é um processo de constituição da subjetivi-
convencido de que o respeito mútuo é bom e legítimo. A dade a partir de situações de intersubjetividade. Assim, a
afetividade ade- re espontaneamente aos ditames da passagem do nível interpsicológico para o
razão. Ele considera que na obra «O juízo moral na intrapsicológico envolve relações interpessoais e a
criança» intui-se um Piaget movido por alguma construção de sujeitos únicos, com trajetórias pessoais
«emoção», que sustenta um grande otimismo em relação singulares e experiências particulares em sua relação com
ao ser humano. No entanto, para ele, o estudo sobre o o mundo e, fundamental- mente, com as outras pessoas.
juízo moral poderia ter sido completado por outros que se
detivessem mais nos aspectos afetivos do problema.
224
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Sentido e significado
A opção metodológica adotada por Wallon é o mate-
rialismo dialético. Isso quer dizer que não dá para pensar
Para Vygotsky, os processos mentais superiores são
o desenvolvimento como um processo linear, continuista,
mediados por sistemas simbólicos, sendo a linguagem o
que só caminha para a frente. Pelo contrário, é um
sistema simbólico básico de todos os grupos humanos. O
processo com idas e vindas, contraditório, paradoxal.
significado é componente essencial da palavra, o filtro
Assim, sua teo- ria da emoção é genética (para
atra- vés do qual o indivíduo compreende o mundo e age
acompanhar as mudanças funcionais) e dialética.
sobre ele. Nele se dá a unidade de duas funções básicas A origem da conduta emocional depende de centros
da lin- guagem: a interação social e o pensamento subcorticais (de expressão involuntária e incontrolável) e
generalizante. Na concepção sobre o significado há uma tor- na-se susceptível de controle voluntário com a
conexão entre os aspectos cognitivos e afetivos: maturação cortical. Para Wallon, as emoções podem ser de
significado é núcleo estável de compreensão e sentido é o natureza hi- potônica ou redutora do tônus (como o susto
significado da palavra para cada indivíduo, no seu e a depressão) e hipertônica ou estimuladora do tônus
contexto de uso e relacionado às suas vivências afetivas. (como a cólera e a ansiedade).
A linguagem é, assim, polissêmica: requer interpreta- Características do comportamento emocional
ção com base em fatores linguísticos e extralinguísticos.
Para entender o que o outro diz, não basta ‘entender suas A longa fase emocional da infância tem
palavras, mas também seu pensamento e suas correspondên- cia na história da espécie humana: é a
motivações. emoção que garante a solidariedade afetiva e a
sobrevivência do indivíduo.
O discurso interior Da função social da emoção resultam seu caráter con-
tagioso (a ansiedade infantil pode provocar irritação ou
O discurso interior corresponde à internalização da an- gústia no adulto, por exemplo) e a tendência para
lin- guagem. Ao longo de seu desenvolvimento, a pessoa nutrir-se com a presença do outro (uma plateia alimenta
passa de uma fala socializada (comunicação e contato uma chama emocional entre os participantes, por
exemplo). Devido a seus efeitos desorganizadores,
social) a uma fala internalizada (instrumento de
anárquicos e explosivos, a emoção pode reduzir o
pensamento, sem vocalização), correspondente a um
funcionamento cognitivo, se a ca- pacidade cortical da
diálogo consigo mes- ma.
ação mental ou motora para retomar o controle da
situação for baixa. Se a capacidade cortical for alta,
A afetividade e a construção do sujeito na psicoge- soluções inteligentes poderão ser encontradas.
nética de Wallon Para Wallon não existe estado não emocional. Até a
serenidade exprime emoção. Assim, a educação da
Heloysa Dantas emoção deveria ser incluída entre os propósitos da ação
pedagógi- ca para evitar a formação do “circuito perverso
A teoria da emoção de emoção”: a emoção surge num momento de
incompetência do sujei- to e, não conseguindo
Para Wallon a dimensão afetiva ocupa lugar central, transformar-se em atividade racio- nal, provoca mais
tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto incompetência. O efeito desorganizador da emoção
do conhecimento. A emoção é instrumento de sobrevi- concentra a sensibilidade no próprio corpo e diminui a
vência típico da espécie humana. O bebê humano, frágil percepção do exterior.
como é, pereceria não fosse sua capacidade de mobilizar
poderosamente o ambiente para atender suas necessida- Afetividade e inteligência
des. A função biológica do choro, por exemplo, é atuar
for- temente sobre a mãe, fornecendo o primeiro e mais O ser humano é afetivo por excelência. É da
forte vínculo entre os humanos. Assim, a emoção tem afetividade que se diferencia a vida racional. No início da
raízes na vida orgânica e também a influência, um estado vida, afetivi- dade e inteligência estão sincreticamente
emocional intenso, por exemplo, provoca perda de misturadas. Ao longo do desenvolvimento, a
reciprocidade se mantém de tal forma que as aquisições
lucidez.
de uma repercutem sobre a outra. A pessoa se constitui
Segundo Wallon, a atividade emocional é simultanea-
por uma sucessão de fases com predomínio, ora do
mente social e biológica. Através da mediação cultural afetivo, ora do cognitivo. Cada fase in- corpora as
(so- cial), realiza a transição do estado orgânico para a aquisições do nível anterior.
etapa cognitiva e racional. A consciência afetiva cria no ser Para evoluir, a afetividade depende da inteligência e
huma- no um vínculo com o ambiente social e garante o vi- ce-versa. Dessa forma, não é só a inteligência que
acesso ao universo simbólico da cultura - base para a evolui, mas também a emoção. Com o desenvolvimento, a
atividade cognitiva - elaborado e acumulado pelos afetivi- dade incorpora as conquistas da inteligência e
homens ao longo de sua história. Dessa forma, para tende a se racionalizar. Por isso, as formas adultas de
Wallon, o psiquismo é uma síntese entre o orgânico e o afetividade são diferentes das infantis. No início a
social. Daí sua natureza contraditória de participar de dois afetividade é somática, tônica, pura emoção. Alarga seu
mundos. raio de ação com o sur- gimento da função simbólica. Na
adolescência, exigências racionais são colocadas: respeito
recíproco, justiça, igual- dade de direitos.
225
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Inteligência e pessoa
Os Sete Saberes indispensáveis enunciados por Mo-
rin — As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão; Os
O processo que começa com a simbiose fetal tem por princípios do conhecimento pertinente; Ensinar a condição
horizonte; individualização. Para Wallon, não há nada mais humana; Ensinar a identidade terrena; Enfrentar as incerte-
social do que o processo pelo qual o indivíduo se singu- zas; Ensinar a compreensão; e A ética do gênero humano
lariza, em que o eu se constrói alimentando-se da cultura,
— constituem eixos e, ao mesmo tempo, caminhos que se
sendo que o destino humano, tanto no plano individual abrem a todos os que pensam e fazem educação, e que
quanto no social, é uma obra sempre inacabado. es- tão preocupados com o futuro das crianças e
adolescentes. Os Sete Saberes abrem uma perspectiva sem
Fonte: http://www.professorefetivo.com.br/resumos/ preceden-
Piaget-Vygotsky-e-Wallon-Teorias-Psicogeneticas-em-Dis- tes. Estou seguro de que a Unesco, ao editar este livro,
cussao.html cum- pre, mais uma vez, sua missão ética e seu
compromisso com uma educação integral e de qualidade.
228
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
229
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
230
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
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LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
235
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Fonte: http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/artigos/
uma.html
236
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Fonte: http://deacoordenacao.blogspot.com/2013/08/
aquino-julio-groppa-org-indisciplina-na.html
237
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
EXERCÍCIOS aprendiz.
238
LEGISLAÇÃO E CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
Todo esse processo contaria com a adesão (nem sem-
pre tácita) dos educadores à cultura aristocrática, na a teoria do governo sobrecarregado. A territorialização é
medi- da em que estes elaborariam e implementariam concebida como “um fenômeno essencialmente político
métodos pedagógicos voltados para “o desenvolvimento e que implica um conjunto de opções que têm por pano
dos dons” (dons estes que consistiriam numa combinação de fundo um conflito de legitimidade entre o Estado e a
entre o “ethos” da valorização da prática escolar e o sociedade, entre o público e o privado, entre o interesse
“habitus” con- dizente com as práticas culturais escolares comum e os interesses individuais, entre o central e o lo-
encontrado nas classes dominantes), tornando assim cal” (p. 14). Nessa perspectiva, é também entendida como
possível o reconhe- cimento dos “mais aptos”, os quais processo de apropriação, por uma determinada
devido às vantagens anteriormente mencionadas, comunida- de, de diversos espaços sociais objetivando:
geralmente pertenceriam às classes dominantes. contextualizar e localizar políticas e ação educativas em
Tensionando essa questão no sentido da avaliação contraposição à homogeneidade das normas e dos
escolar, Bourdieu entende os procedimentos avaliativos processos; conciliar in- teresses públicos e privados;
como sendo estruturados em torno de: “(...)uma cultura redefinir no processo de ela- boração e execução das
aristocrática e sobretudo uma relação aristocrática com a políticas a participação do atores na perspectiva da lógica
cultura, que o sistema de ensino transmite e exige (p. 55)”. de implicação; transpor a relação de autoridade baseada
Concluindo, com base nos elementos indicados ao no “controlo vertical”, exercido de maneira monopolista e
longo do artigo, o autor indica que a escola, ao contrário hierárquica pelo Estado, para uma relação contratual,
do que é afirmado pelas ideologias defensoras da negociada e fundamentada no processo de “...
igualda- de de oportunidades mediada pela escola, essa desmultiplicação e ‘horizontalização’ dos controlos
instituição teria na realidade um papel de suma (centrais e locais)”. (p. 16). Com base nesses pressupostos
importância na ma- nutenção das desigualdades sociais e Barroso elabora um programa de reforço da autonomia
culturais, na medida em que, mesmo ampliando o acesso das escolas portuguesas, entendendo a autonomia como
das classes não-domi- nantes à escola, devido aos um conceito relacional.
mecanismos de seleção social e cultural contidos em seu
interior, esta continuaria a frustrar o êxito desse alunos, O segundo capítulo aborda as mudanças no mundo
enquanto consagraria os esforços da- queles pertencentes do trabalho e os novos desafios para a gestão da educa-
às classes dominantes. ção. Acácia Zeneida Kuenzer contempla-nos com um estu-
do sobre os impactos da globalização da economia e das
novas estratégias da gestão sobre a educação, especifica-
mente, versa sobre os impactos nas políticas educacionais
FERREIRA, NAURA SYRIA CARAPETO (ORG). GESTÃO e curriculares. Com base nas pesquisas desenvolvidas na
DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO: região metropolitana de Curitiba/PR e em alguns parques
ATUAIS TENDÊNCIAS, NOVOS DESAFIOS. 8ª produtivos direcionados ao ramo eletromecânico busca
ED. SÃO PAULO: CORTEZ, 2013. identificar as correlações/mediações entre as mudanças
ocorridas no mundo do trabalho e as novas demandas
para a educação e para gestão das instituições escolares.
Argu- menta ser possível estabelecer os primeiros
delineamentos de uma pedagogia do trabalho que se
GESTÃO DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO desenvolve no cerne das novas relações econômico-
ATUAIS TENDÊNCIAS, NOVOS produtivas e socais visando à compreensão desta nova
DESAFIOS pedagogia escolar determinada pelas mudanças no
mundo do trabalho. Nessa perspectiva Kuenzer (p. 56)
O livro “Gestão Democrática da Educação: atuais ten- incita-nos à reflexão e à construção de uma “escola
dências, novos desafios”, sob a organização de Naura comprometida com os trabalhadores e os excluí- dos”,
Syria Carapeto Ferreira, atinge com destaque a sua sexta tomando “como referência as positividades presentes nas
edição, constituindo-se em um importante referencial de mudanças que ocorrem no mundo do trabalho” rom-
leitura no campo da política e gestão da educação. É pendo-se com a racionalidade meramente financeira, a
resultante da contribuição de seis renomados autores, fim de construir um novo projeto pedagógico na
que abordam com propriedade questões candentes da perspectiva emancipatória.
educação na con- temporaneidade, especificamente, os O terceiro capítulo aborda os conceitos de
desafios e as atuais tendências do processo de participação e da gestão escolar, discutindo suas
democratização da gestão es- colar e das políticas de potencialidades. Os autores Gustavo Luis Gutierrez e
formação. Afrânio Catani objetivam apresentar um panorama atual
O primeiro capítulo versa sobre a autonomia e a flexi- das questões emergentes no campo da gestão
bilização da gestão escolar em Portugal. João Barroso democrática, da participação e da au- togestão. Nesse
con- templa-nos com o estudo que apresenta a texto, primeiramente focalizam a questão conceitual
fundamentação de propostas para a implementação de apresentando-nos uma descrição aprofundada sobre as
um programa de re- forço da autonomia escolar. Neste alternativas organizacionais participativas nos di- ferentes
texto discute o conceito de “territorialização das políticas contextos. Em seguida apresentam reflexões sobre a
educativas” situando-o no contexto da crise de gestão participativa das universidades públicas paulistas
governabilidade do sistema de ensino, ocorrida em (USP, Unesp e Unicamp), mencionando suas especificida-
muitos países europeus, e enquadrada como des e as correlações entre as formas de participação e a
2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
democratização do ambiente escolar. Gutierrez e Catani
(p. 74) destacam que a gestão dessas universidades revela profissionais “exige sólida formação humana e que esta
um processo de adoção de instrumentos de consulta aos re- lacionase diretamente com a sua emancipação como
di- versos segmentos e sujeitos escolares, bem como indi- víduo social, sujeito histórico em nossa sociedade.”
ilustra os entraves e conflitos ocorridos no anseio de (p. 110). Em síntese, podemos afirmar que esta coletânea
vivenciar uma prática autogestionária. é ex- pressão da sólida fundamentação teórico-
O quarto capítulo versa sobre as políticas e gestão da metodológica das pesquisas a que se reportam, e
educação no Brasil focalizando o processo de escolha de também do efetivo trabalho coletivo a que se destinaram
dirigentes escolares. Luiz Fernandes Dourado concebe as seus autores. Dessa forma alcança com grande destaque
políticas educacionais como expressão dos embates tra- o seu maior objeti- vo: estimular à reflexão e à
vados no âmbito do Estado e dos seus desdobramentos. problematização de questões candentes da educação
Embates esses situados no contexto das mudanças tec- contemporânea, especificamente das políticas
nológicas e no reordenamento das relações sociais sob educacionais, da formação de profissionais e da
a égide ideológica da globalização da economia (p.78). democratização da gestão escolar oferecendo subsídios
Neste artigo o autor apresenta-nos um mapeamento das teóricos para análises aprofundadas e necessárias
modalidades de escolha de dirigentes escolares no Brasil, interven-
destacando-se a relevância da eleição direta. Diante dos ções na realidade educacional brasileira.
embates e perspectivas das diversas formas de
provimento objetiva situar elementos para a rediscussão
das políticas educacionais, bem como estabelecer as
FREIRE, PAULO. PEDAGOGIA DO OPRIMIDO. 57A ED.
correlações entre as políticas e a democratização da
gestão escolar. Dourado (p. 79) concebe a gestão SÃO PAULO: PAZ E TERRA, 2014.
democrática como:
Processo de aprendizado e de luta política que não se
circunscreve aos limites da prática educativa, mas vislum-
bra, nas especificidades dessa prática social e de sua re- Mais uma vez os homens, desafiados pela
lativa autonomia, a possibilidade de criação de canais de dramaticida- de da hora atual, se propõem a si mesmos
efetiva participação e de aprendizado do “jogo” democrá- como problema. Descobrem que pouco sabem de si
tico e, consequentemente, do repensar das estruturas de mesmos como proble- ma. Descobrem que pouco sabem
poder autoritário que permeiam as relações sociais e, no de si, de seu “posto no cosmos”, e se inquietam por saber
seio dessas, as práticas educativas. mais. Estará, aliás, no reconhecimento do seu pouco saber
Nas suas considerações argumenta que o tipo e a de si uma das razões desta procura. Ao se instalarem na
defi- nição das modalidades de acesso ao cargo de quase, senão trágica descoberta do seu pouco saber de si,
dirigente es- colar devem resultar das definições e se fazem problemas a eles mesmos. Indagam.
orientações contidas no projeto político-pedagógico, bem Respondem, e sua resposta as levam as novas perguntas.
como nos embates travados no âmbito das relações O problema de sua humanização deve haver sido, de
sociais e políticas. Explicita ainda que a forma de um ponto de vista axiológico, o seu problema central, as-
provimento ao cargo de dirigente escolar pode não sume, hoje caráter de preocupação iniludível.”
definir o tipo de gestão, mas necessaria- mente interfere “Pág 30. “A desumanização, que não se verifica
no seu curso. apenas nos que tem sua humanidade roubada, mas
também ain- da que forma diferença nos que a roubam, é
O quinto capítulo contempla com uma vigorosa distorção da vocação do ser mais. É distorção possível na
análise sobre a gestão escolar e os desafios das políticas história, mas não vocação histórica. Na verdade, se
de forma- ção dos profissionais da educação na admitíssemos que a desumanização é vocação histórica
contemporaneidade. Naura Syria Carapeto Ferreira, autora dos homens, nada mais teríamos que fazer a não ser
desse capítulo e or- ganizadora da coletânea, incita-nos a adotar uma atitude cínica ou de total desespero. A luta
refletir sobre a com- plexidade dos “nexos entre a pela humanização , pelo trabalho livre, pela desalienação,
administração da educação e as políticas de formação dos pela afirmação dos homens como pessoa, como”seres
profissionais de educação” no contexto de transformações para si”, não teria significação. Esta so- mente é possível
que vêm ocorrendo no mundo. A autora reflete sobre as porque a desumanização, mesmo que um fato concreto
questões fundamentais contem- porâneas (imagens na história, não é porém, destino dado, mas resultado de
desestabilizadoras) que se constituem em desafios no uma “ordem”injusta que gera violência dos opressores e
processo de elaboração e implementação das políticas está, ser o menos.”
públicas, em especial, das políticas educacio- nais, e para
a gestão escolar e formação de profissionais da educação. A contradição opressores-oprimidos. Sua superação.
Ressalta a importância da “direção” construída e A violência dos opressores, que os faz também de-
legitimada na participação e no exercício da democracia. sumanizados, não instaura uma outra vocação – a do ser
Ao delinear o cenário atual Ferreira reporta-se às reflexões menos. Como distorção do ser mais, o ser menos leva os
de Einstein, à análise da Schaff sobre a nova Revolução In- oprimidos, cedo ou tarde, a lutar contra que os fez menos.
dustrial; e à proposta emancipatória e solidária de E esta luta somente tem sentido quando os oprimidos, ao
Boaven- tura S. Santos. Nessa perspectiva, afirma que a buscarem recuperar sua humanidade, que é uma forma de
formação de cria-la, não se sentem idealistamente opressores, nem se
3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
tornam, de fato, opressores dos opressores, mas restaura-
dores da humanidade em ambos. E aí está a grande tarefa os opressores de ontem não se reconheçam em
humanista e histórica dos oprimidos – libertar-se a si e libertação. Pelo contrário, vão sentir-se como se realmente
aos opressores. Estes, que oprimem, exploram e estivessem sendo oprimidos. É que, para eles, “formados”
violentam, em razão de seu poder, não podem ter, neste na experiên- cia de opressores, tudo o que não seja o seu
poder, a força da libertação dos oprimidos nem de si direito antigo de oprimir significa opressão a eles.
mesmos.” Vão sentir-se agora, na nova situação, como
oprimidos porque, se antes podiam comer, vestir, calçar,
PUBLICIDADE educar-se… qualquer restrição a tudo isso, em nome do
Pág.31. ” Quem, melhor que os oprimidos, se direito de to- dos, lhes parecem uma profunda violência a
encontra- rá preparado para entender o significado seu direito de pessoa. Direito de pessoa que, na situação
terrível de uma sociedade opressora? Quem sentirá, anterior, não respeitava nos milhões de pessoas que
melhor que eles, os efeitos da opressão? Quem, mais que sofriam e morriam de fome, de dor, de tristeza, de
eles, para ir com- preendendo a necessidade da
desesperança.
libertação? Libertação a que não chegarão pelo acaso,
mas pela práxis de sua busca; pelo conhecimento e É que, para eles, pessoa humana são apenas eles. Os
reconhecimento da necessidade de lutar por ela. Luta que, outros são coisas. Para eles, há um só direito – o direito de
pela finalidade que lhe derem os oprimidos, será um ato viverem em paz, ante o direito de sobreviverem, que
de amor, com o qual se oporão ao desamor contido na talvez nem sequer reconheçam, mas somente admitam
violência dos opressores, até mesmo quando esta se aos opri- midos. E isto ainda, porque, afinal, é preciso que
revista da falsa generosidade referida.” os oprimi- dos existam, para que eles existam e sejam
Pág.36. ” o opressor só se solidariza com os oprimidos “generosos”…
quando o seu gesto deixa de ser um gesto sentimental, de Esta violência, como um processo, passa de geração
caráter individual, e passa a ser um ato de amor àqueles. a geração de opressores, que se vão fazendo legatários
Quando, para ele, os oprimidos deixam de ser uma desig- dela e formando-se no seu clima geral. Este clima cria nos
nação abstrata e passam a ser os homens concretos, injus- opressores uma consciência fortemente possessiva. Pos-
tiçados e roubados. Roubados na sua palavra, por isto no sessiva do mundo e dos homens. Fora da posse direta,
seu trabalho comprado, que significa a sua pessoa concreta, material, do mundo e dos homens, os
vendida. Só na plenitude deste ato de amar, na sua opressores não se podem entender a si mesmos.”
existenciação, na sua práxis, se constitui a solidariedade A situação concreta de opressão e os oprimidos
verdadeira. Dizer que os homens são pessoas e, como Pág.48. “Há em certo momento da experiência
pessoas, são livres, e nada concretamente fazer para que
existen- cial dos oprimidos, uma irresistível atração pelo
esta afirmação se ob- jetive, é uma farsa.”
opressor. Pelos seus padrões de vida. Participar destes
Pág.40.” A pedagogia do oprimido que, no fundo, é a
pedagogia dos homens empenhando-se na luta por sua padrões cons- titui uma incontida aspiração. Na sua
libertação, tem suas raízes aí. E tem que ter nos próprios alienação querem, a todo custo, parecer com o opressor.
oprimidos, que se saibam ou comecem criticamente a sa- Imita-lo. Segui-lo. Isto se verifica, sobretudo, nos
ber-se oprimidos, um dos seus sujeitos. oprimidos de “classe média”, cujo anseio é serem iguais
Nenhuma pedagogia realmente libertadora pode ficar ao “homem ilustre” da chamada “classe superior”.
distante dos oprimidos, quer dizer, pode fazer deles seres De tanto ouvirem de si mesmos que são incapazes,
desditados, objetos de um “tratamento” humanitarista, que não sabem nada, que não podem saber, que são
para tentar, através de exemplos retirados de entre os enfermos, indolentes, que não produzem em virtude de
opressores, modelos para a sua “promoção”. Os oprimidos tudo isso, ter- minam por se convencer de sua
hão de ser o exemplo para si mesmos, na luta por sua “incapacidade”. Falam de si como os que não sabem e do
redenção. “doutor” como o que sabe e a quem devem escutar. Os
A pedagogia do oprimido, como pedagogia huma- critérios de saber que lhe são impostos são os
nista e libertadora, terá dois momentos. Distintos. O pri- convencionais.
meiro, em que os oprimidos vão desvelando o mundo da A te o momento em que os oprimidos não tomem
opressão e vão se comprometendo, na práxis, com a sua
consciência das razões de seu estado de opressão “acei-
transformação; segundo, em que, transformada a realida-
tam” fatalistamente a sua exploração. Mais ainda, prova-
de opressora, esta pedagogia deixa de ser do oprimido e
passa a ser a pedagogia dos homens em processo de per- velmente assumam posições passivas, alheadas, com rela-
manente libertação. ção à necessidade de sua própria luta pela conquista da
Daí a afirmação anteriormente feita, de que a supera- liberdade e de sua afirmação no mundo. Nisto reside sua
ção autêntica da contradição opressores-oprimidos não “conivência” com o regime opressor.”
está na pura troca de lugar, na passagem de um pólo a Ninguém liberta ninguém, ninguém liberta sozinho:
outro. Mais ainda: não está em que os oprimidos de hoje, Os homens se libertam em comunhão.
em nome de sua libertação, passem a ter novos Pág. 52. “Somente quando os oprimidos descobrem,
opressores. nitidamente, o opressor, e se engajam na luta organizada
por sua libertação, começam a crer em si mesmos, supe-
A situação concreta de opressão e os opressores. rando, assim, sua “convivência” com o regime opressor.
Pág.44. ” Mas o que ocorre, ainda quando a superação Se esta descoberta não pode ser feita em nível puramente
da contradição se faça em termos autênticos, com a insta- intelectual, mas da ação, o que nos parece fundamental é
lação de uma nova situação concreta, de uma nova reali- que esta não se cinja a mero ativismo, mas esteja
dade inaugurada pelos oprimidos que se libertam, é que associada a sério empenho de reflexão, para que seja
práxis.
4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
A ação política junto aos oprimidos tem de ser, no
fun- do, “ação cultural” para a liberdade, por si mesmo, papel que não o de disciplinar a entrada do mundo nos
ação com eles. A sua dependência emocional, fruto da educandos. Seu trabalho será, também, o de imitar o
situação concreta de dominação em que se acham e que mun- do. O de ordenar o que já se faz espontaneamente.
gera tam- bém a sua visão inautêntica do mundo, não O de encher os educandos de conteúdos. É o de fazer
pode ser apro- veitada a não ser pelo opressor. Este é que depósitos de comunicados – falso saber – que ele
se serve desta dependência para criar mais dependência. considera como verdadeiro saber.
A ação libertadora, pelo contrário, reconhecendo esta Não pode perceber que somente na comunicação
dependência dos oprimidos como ponto vulnerável, deve tem sentido a vida humana. Que o pensar do educador só
tentar, através da reflexão e da ação, transforma-la em ganha autenticidade na autenticidade do pensar dos edu-
independência. Esta, porém, não é doação que uma lide- candos, mediatizados ambos pela realidade, portanto, na
rança, por mais bem-intencionada que seja, lhes faça. Não intercomunicação. Por isso, o pensar daquele não pode
podemos esquecer que a libertação dos oprimidos é liber- ser um pensar para estes nem a estes imposto. Daí que
tação de homens e não de “coisas”. Por isto, se não é au-
não deva ser um pensar no isolamento, na torre de
tolibertação – ninguém se liberta sozinho -, também não é
marfim, mas na e pela comunicação, em torno, repitamos,
libertação de uns feita por outros.”
de uma rea- lidade.”
A concepção “bancária” da educação como instru-
mento da opressão. Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mes-
Seus pressupostos, sua crítica mo. Os homens se educam entre si, mediatizados pelo
Pag. 57.” A narração, de que o educador é o sujeito, mundo
conduz os educandos à memorização mecânica do con- Pag.68. ” Em verdade, não seria possível à educação
teúdo narrado. Mais ainda, a narração os transforma em problematizadora, que rompe com os esquemas verticais
“vasilhas”, em recipientes a serem enchidos pelo característicos da educação bancária, realizar-se como
educador. Quanto mais vai se enchendo os recipientes, prá- tica da liberdade, sem superar a contradição entre o
com seus “de- pósitos”, tanto melhor educador será. educa- dor e os educandos. Como também não lhe seria
Quanto mais se dei- xem docilmente encher, tanto possível faze-lo fora do diálogo.
melhores educandos serão. Desta maneira, o educador já não é o que apenas
Em lugar de comunicar-se, o educador faz “comunica- edu- ca, mas o que, enquanto educa, é educado, em
dos” e depósitos que os educandos, meras incidências, re- diálogo com o educando que, ao ser educado, também
cebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em
con- cepção “bancária” da educação, em que a única que crescem jun- tos e em que os “argumentos de
margem de ação que se oferece aos educandos é a de autoridade” já não valem. Em que, para ser-se,
receberem os depósitos, guardá-los e arquiva-los. funcionalmente autoridade, se neces- sita de estar sendo
Na visão “bancária” da educação, o “saber” é uma com as liberdades e não contra eles.”
doa- ção dos que se julgam sábios aos que julgam nada
saber. Doação que se funda numa das manifestações
O homem como um ser inconcluso, consciente de
instrumen- tais de ideologia da opressão – a
sua inconclusão, e seu permanente movimento de bus-
absolutização da ignorân- cia, que constitui o que
chamamos de alienação da igno- rância, segundo a qual ca do ser mais
esta se encontra sempre no outro.” Pag. 72. “A concepção e a prática “bancárias”,
imobilis- tas, “fixistas”, terminam por desconhecer os
A concepção problematizadora e libertadora da homens como seres históricos, enquanto a
educação problematizadora parte exata- mente do caráter histórico
Seus pressupostos e da historicidade dos homens. Por isto mesmo é que os
Pag.62.”A educação “bancária”, em cuja prática se dá a reconhece como seres que estão sendo, como seres
inconciliação educador- educandos, rechaça este compa- inacabados, inconclusos, em e com uma realidade que,
nheirismo. E é lógico que seja assim. No momento em sendo histórica também, é igualmente ina- cabada.
que o educador “bancário” vivesse a superação da Na verdade, diferentemente dos outros animais, que
contradição já não seria “bancário”. Já não faria depósitos. são apenas inacabados, mas não são históricos, os
Já não tenta- ria domesticar. Já não prescreveria. Saber homens se sabem inacabados. Têm a consciência de sua
com os educan- dos, enquanto estes soubessem com ele, inconclu- são. Aí se encontram as raízes da educação
seria sua tarefa. Já não estaria a serviço da mesma, como manifestação exclusivamente humana. Isto
desumanização. A serviço da opressão, mas a serviço da é, na inconclu- são dos homens e na consciência que
libertação.” dela têm. Daí que seja a educação um fazer permanente.
Permanente, na ra- zão da inconclusão dos homens e do
A concepção “bancária” e a contradição educador- devenir da realidade. Em busca do ser mais, porém, não
-educando pode realizar-se no isolamento, no individualismo, mas na
Pag.63. ” Se para a concepção “bancária” a comunhão, na soli- dariedade dos existires, daí que seja
consciência é, em sua relação com o mundo, esta “peça”
impossível dar-se nas
passivamente escancarada a ele, à espera de que entre
nela, coerente- mente concluirá que ao educador não relações antagônicas entre opressores e oprimidos.”
cabe nenhum outro
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
A dialogicidade – essência da educação como prá-
tica da liberdade. a ser depositado nos educandos -, mas a devolução or-
Pag.77. ” Esta busca nos leva a surpreender, nela, duas ganizada, sistematizada e acrescentada ao povo daqueles
dimensões: ação e reflexão, de tal forma solidárias, em elementos que este lhe entregou de forma
uma interação tão radical que, sacrificada, ainda que em desestruturada. Por isto é que não podemos, a não ser
parte, uma delas, se ressente, imediatamente, a outra. Não ingenuamente, esperar resultados positivos de um
há pa- lavra verdadeira que não seja práxis. programa, seja edu- cativo num sentido mais técnico ou
Esta é a razão porque não é possível o diálogo entre de ação política, se, desrespeitando a particular visão do
os que querem a pronúncia do mundo e os que não a mundo que tenha ou esteja tendo o povo, se constitui
que- rem; entre os que negam aos demais o direito de numa espécie de invasão cultural, ainda que feita com a
dizer a palavra e os que se acham negados deste direito. É melhor das intenções. Mas
preciso primeiro que, os que assim se encontram negados “invasão cultural” sempre.
no direi- to primordial de dizer a palavra, reconquistem As relações homens-mundo, os temas geradores e o
esse direito, proibindo que este assalto desumanizante conteúdo programático desta educação
constitui. Será a partir da situação presente, existencial,
concreta, refletindo o conjunto de aspirações do povo,
Educação dialógica e diálogo
que podere- mos organizar o conteúdo programático da
Não há diálogo, porém, se não há um profundo amor educação ou da ação política.
ao mundo e aos homens. Não é possível a pronúncia do
mundo, que é um ato de criação e recriação, se não há O que temos a fazer, na verdade, é propor ao povo,
amor que a infunda. através de certas contradições básicas, sua situação exis-
Sendo fundamento do diálogo, o amor é, também, tencial, concreta, presente, como problema que, por sua
diálo- go. Daí que seja essencialmente tarefa de sujeitos e vez, o desafia e, assim, lhe exige resposta, não só no nível
que não possa verificar-se na relação de dominação. Nesta, intelectual, mas no nível da ação.
o que há é patologia de amor: sadismo em quem domina; Nosso papel não é falar ao povo a nossa visão do
masoquismo nos dominados. Amor, não. Porque é um ato mun- do, ou tentar impo-la a ele, mas dialogar com ele
de coragem, nunca de medo, o amor é compromisso com sobre a sua e a nossa. Temos de estar convencidos de que
os homens. Onde que estejam estes, oprimidos, o ato de a sua visão do mundo, que se manifesta na várias formas
amor está em comprometer-se com sua causa. A causa de de sua ação, reflete a sua situação no mundo, em que se
sua libertação. Mas, este compromisso, porque é amoroso, consti- tui. A ação educativa e política não podem
é dialógico. prescindir do conhecimento crítico dessa situação, sob
Somente com a supressão da situação opressora é pena de se fazer “bancária” ou de pregar no deserto.
possível restaura o amor que nela estava proibido Os homens, ao terem consciência de sua atividade e
Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo do mundo em que estão, ao atuarem em função de
os homens, não me é possível o diálogo. finalidades que propõem e se propõem, ao terem o ponto
Não há, por outro lado, diálogo, se não há humildade. de decisão de sua busca em si e em suas relações em
A pronúncia do mundo, com que os homens o recriam mundo, e com os outros, ao impregnarem o mundo de
per- manentemente, não pode ser um ato arrogante. sua presença criadora através da transformação que
Como posso dialogar, se me admito como um realizam nele, na medida em que dele podem separar-se
homem diferente, virtuoso por herança, diante dos outros, e, separando-se, podem com ele ficar, os homens, ao
meros “isto”, em que não reconheço outros eu? contrário do animal, não somente vivem, mas existem, e
A auto-suficiência é incompatível com o diálogo. Os sua existência é histórica.”
homens que não têm humildade ou a perdem, não
podem aproximar-se do povo. Não podem ser seus A investigação dos temas geradores e sua
companheiros de pronúncia do mundo. Se alguém não é metodologia Pag.95. ” A questão fundamental, neste
capaz de sen- tir-se e saber-se tão homem quanto os caso, está em que, faltando aos homens uma
outros, é que lhe falta ainda muito que caminhar, para compreensão critica da to- talidade em que estão,
chegar ao lugar de encontro com eles, Neste lugar de
captando-a em pedaços nos quais não reconhecem a
encontro, não há igno- rantes absolutos, nem sábios
interação constituinte da mesma totali- dade, não podem
absolutos: há homens que, em comunhão, buscam saber
conhece-la. E não o podem porque, para conhece-la, seria
mais.
necessário partir do ponto inverso. Isto é, lhes seria
Sem o diálogo, não há comunicação e sem esta não
há verdadeira educação. A que, operando a superação da indispensável ter antes a visão totalizada do contexto
con- tradição educador-educandos, se instaura como para, em seguida, separarem ou isolarem os ele- mentos
situação gnosiológica, em que os sujeitos incidem seu ato ou as parcialidades do contexto, através de cuja cisão
cognos- cente sobre o objeto cognocível que os voltariam com mais claridade à totalidade analisada. Este
mediatiza.” é um esforço que cabe realizar, não apenas na me-
todologia da investigação temática que advogamos, mas,
O diálogo começa na busca do conteúdo progra- também, na educação problematizadora que defendemos.
mático O esforço de propor aos indivíduos dimensões significa-
Pag.83. ” A inquietação em torno do conteúdo do diá- tivas de sua realidade, cuja análise crítica lhes possibilite
logo é a inquietação em torno do conteúdo programático reconhecer a interação de suas partes.
da educação. Para o educador-educando, dialógico, pro- É preciso que nos convençamos de que as aspirações,
blematizador, o contudo programático da educação não é os motivos, as finalidades que se encontram implicitados
uma doação ou uma imposição – um conjunto de na temática significativa são aspirações, finalidades, mo-
informes tivos humanos. Por isto, não estão aí, num certo espaço,
6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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como coisas petrificadas, mas estão sendo. São tão
históri- cos quanto os homens. Não podem ser captados O diálogo com as massas não é concessão, nem pre-
fora de- les, insistamos. sente, nem muito menos uma tática a ser usada, como a
Captá-los e entende-los é entender os homens que os sloganização o é, para dominar. O diálogo, como encontro
encarnam e a realidade a eles referida. Mas, precisamen- dos homens para a “pronúncia” do mundo, é uma
te porque não é possível entende-los fora dos homens, é condição fundamental para a sua real humanização.”
preciso que estes também os entendam. A investigação
te- mática se faz, assim, um esforço comum de A teoria da ação antidialógica e suas
consciência da realidade e de autoconsciência, que a características: a conquista. Dividir para manter a
inscreve como ponto de partida do processo educativo, opressão, a manipu- lação e a invasão cultural.
ou da ação cultural de caráter libertador.” Conquista:
Pag.135. “.O primeiro caráter que nos parece pode ser
A significação conscientizadora da investigação surpreendido na ação antidialógica é a necessidade da
dos temas geradores. Os vários momentos da conquista”.
investigação. Pag. 100.” A investigação temática, que se A conquista crescente do oprimido pelo opressor apa-
dá no domí- rece, pois como um traço marcante da ação antidialógi-
nio do humano e não no das coisas, não pode reduzir-se ca. Por isto é que, sendo a ação libertadora dialógica em
a um ato mecânico. Sendo processo de busca, de conheci- si, não pode ser o diálogo uma a posteriori seu, mas um
mento, por isto tudo, de criação, exige de seus sujeitos concomitante dela. Mas, como os homens estarão sempre
que vão descobrindo, no encadeamento dos temas libertando-se, o diálogo se torna um permanente da ação
significati- vos, a interpenetração dos problemas. libertadora.
Por isto é que a investigação se fará tão mais pedagó- O desejo de conquista, talvez mais que o desejo, a ne-
gica quanto mais crítica e tão mais crítica quanto, cessidade da conquista, acompanha a ação antidialógica
deixando de perder-se nos esquemas estreitos das em todos os seus momentos.”
visões parciais da realidade, das visões “focalistas” da
realidade, se fixe na compreensão da totalidade. Dividir, para manter a opressão:
Não posso investigar o pensar dos outros, referido ao Esta é uma outra dimensão fundamental da teoria da
mundo, se não penso. Mas, não penso autenticamente se ação opressora, tão velha quanto a opressão mesma.
os outros também não pensam. Simplesmente, não posso Na medida em que, as minorias, submetendo as a
pensar pelos outros nem para os outros, nem sem os ou- maio- rias a seu domínio, as oprimem, dividi-las e mantê-
tros. A investigação do pensar do povo não pode ser feita las dividi- das são condição indispensável à continuidade
sem o povo, mas com ele, como sujeito de seu pensar, na de seu poder. Não se pode dar ao luxo de consentir na
ação, que ele mesmo se superará. E a superação não se unificação das massas populares, que significaria,
faz no ato de consumir idéias, mas no de produzi-las e de indiscutivelmente, uma
transforma-las na ação e na comunicação.” séria ameaça à sua hegemonia.
O que interessa ao poder opressor é enfraquecer os
A teoria da ação antidialógica oprimidos mais do que já estão, ilhando-os, criando e
Pag.121. “Começaremos reafirmando que os homens aprofundando cisões entre eles, através de uma gama va-
são seres da práxis. São seres do quer fazer, diferentes, riada de métodos e processos.
por isto mesmo, dos animais, seres do puro fazer. Os Desde os métodos repressivos da burocratização es-
animais não “ad-miram” o mundo. Imergem nele. Os tatal, à sua disposição, até as formas de ação cultural por
homens, pelo con- trário, como seres do quefazer meio das quais maneja as massas populares, dando-lhes a
“emergem” dele e, objetivan- do-o, podem conhece-lo e impressão de que as ajudam.”
transforma-lo com seu trabalho. Manipulação
Mas, se os homens são seres do quefazer é Pag.144. “Através da manipulação, as elites
exatamente porque seu fazer é ação e reflexão. É práxis. É dominado- ras vão tentando conformar as massas
transforma- ção do mundo. E, na razão mesma em que o populares a seus objetivos. E, quanto mais imaturas,
quefazer é práxis, todo fazer do quefazer tem de ter uma politicamente, estejam elas ( rurais ou urbanas), tanto mais
teoria que necessariamente o ilumine. O quefazer tem de facilmente se deixam manipular pelas elites dominadora
ter uma teo- ria e prática. É reflexão e ação. Não pode que não podem querer que se esgote seu poder.
reduzir-se, à pala- vra, nem ao verbalismo, nem ao A manipulação aparece como necessidade imperiosa
ativismo.” das elites dominadoras, com o fim, através dela, conseguir
Pag. 134. ” Se não é possível o diálogo com as massas um tipo inautêntico de “organização”, com que evite o seu
populares antes da chegada ao poder, porque falta a elas contrário, que é a verdadeira organização das massas po-
experiência do diálogo, também não lhes é possível pulares emersas e emergindo.
chegar ao poder, porque lhes falta igualmente experiência Estas, inquietas ao emergir, têm duas possibilidades:
dele. Precisamente porque defendemos uma dinâmica ou são manipuladas pelas elites para manter a dominação
perma- nente no processo revolucionário, entendemos ou se organizam verdadeiramente para sua libertação. É
que é nesta dinâmica, na práxis das massas com a óbvio, então, que a verdadeira organização não possa ser
liderança revolucio- nária, que elas e seus líderes mais estimulada pelos dominadores. Isto é tarefa da liderança
representativos apren- derão tanto o diálogo quanto o revolucionária.”
poder. Isto nos parece tão óbvio quanto dizer que um
homem não aprende a nadar numa biblioteca, mas na
água.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
Invasão cultural
Pag. 149.” Desrespeitando as potencialidades do ser Desta forma, ao buscar a unidade, a liderança já bus-
a que condiciona, a invasão cultural é a penetração que ca, igualmente, a organização das massas populares, o
fazem os invasores no contexto cultural dos invadidos, im- que implica o testemunho que deve dar a elas de que o
pondo a estes sua visão do mundo, enquanto lhes freiam esforço de libertação é uma tarefa comum a ambas.
a criatividade, ao inibirem sua expansão. Na teoria da ação dialógica, portanto, a organização,
Neste sentido, a invasão cultural, indiscutivelmente implicando autoridade, não pode ser autoritária; implican-
alienante, realizada maciamente ou não, é sempre uma do liberdade, não pode ser licenciosa.
violência ao ser da cultura invadida, que perde sua Pelo contrário, é o momento altamente pedagógico,
origina- lidade ou se vê ameaçado de perde-la. em que a liderança e o povo fazem juntos o aprendizado
Por isto é que, na invasão cultural, como de resto em da autoridade e da liberdade verdadeira que ambos,
todas as modalidades da ação antidialógica, os invasores como um só corpo, buscam instaurar, com a
são os autores e os atores do processo, seu sujeito; os in-
transformação da realidade que os mediatiza.”
vadidos, seus objetos. Os invasores modelam; os
Pag.183. *
invadidos são modelados. Pelo menos é esta a expectativa
daque- les. Os invasores atuam; os invadidos têm a ilusão Síntese cultural:
de que atuam, na atuação dos invasores. ” Em todo o corpo deste capítulo se encontra firmado,
A invasão cultural tem uma dupla face. De um lado, é ora implícita, ora explicitamente, que toda ação cultural é
já sempre uma forma sistematizada e deliberada de ação
dominação; de outro, é a tática de dominação. que incide sobre a estrutura social, ora no sentido de
Na verdade, toda dominação implica uma invasão, mantê-la como está ou mais ou menos como está, ora no
não apenas física, visível, mas às vezes camuflada, em que de trans- forma-la.
o invasor se apresenta como se fosse o amigo que ajuda. “Finalmente, a invasão cultural, na teoria antidialógica
No fundo, invasão é uma forma de dominar econômica e da ação, serve de manipulação que, por sua vez, serve à
cul- turalmente o invadido. conquista e esta à dominação, enquanto a síntese serve à
Pag. 165. A teoria da ação dialógica e sua organização e sesta à libertação.”
característica: Este livro quer nos transmitir que: assim como o
opres- sor, para oprimir, precisa de uma teoria de ação
A colaboração, a união, a organização e a síntese opressora, os oprimidos, para se libertarem, igualmente
cultural. necessitam de uma teoria de sua ação.”
” A colaboração, como característica da ação FREIRE, Paulo, Pedagogia do Oprimido Editora Paz e
dialógica, que não pode dar-se a não ser entre sujeitos,
Terra – 29ª edição – 1987
ainda que tenham níveis distintos de função, portanto, de
responsa- bilidade, somente pode realizar-se na ]
comunicação. Aprender a dizer a sua palavra
O diálogo, que é sempre comunicação, funda a cola- A mudança só pode acontecer através da Educação Li-
boração. Na teoria da ação dialógica, não há lugar para a bertadora.
conquista das massas aos ideais revolucionários, mas para O homem deve conhecer todo o mundo em sua volta,
a sua adesão. assim a antropologia deveria fazer parte integrante do
A comunhão provoca a colaboração que leva con- texto da educação de jovens e adultos.
liderança e massas àquela fusão a que se refere a um líder. Alfabetizar é conscientizar, o educando deve refletir
Fusão que só existe se a ação revolucionária é realmente suas próprias palavras desta forma cria-se a cultura.
humana, por isto, simpática, amorosa, comunicante, “Não teme enfrentar, não teme ouvir, não teme o des-
humilde, para ser libertadora.” nivelamento do mundo. Não teme o dialogo com ele, de
que resulta o crescente saber de ambos”.
União O “medo da liberdade”, não significa que o poder do
“Seria uma inconseqüência da elite dominadora se dialogo possa trazer desordem, o que o homem tem
consentisse na organização das massas populares oprimi- medo é de enfrentar novas situações, transformações, isso
das, pois que não existe aquela sem a união destas entre
faz com que o mesmo se acomode.
si e destas com a liderança. Enquanto que, para a elite
domi- nadora, a sua unidade interna, que lhe reforça e A justificativa da “Pedagogia do oprimido” mostra a
organiza o poder, implica a divisão das massas populares, busca e o empenho dos homens por uma libertação.
para a li- derança revolucionária, a sua unidade só existe Essa luta só tem sentido quando os oprimidos busca-
na unidade das massas entre si e com ela.” rem recuperar sua humildade e libertar-se dos opressores.
A união dos oprimidos é um quefazer que se dá no Em um primeiro momento do descobrimento os opri-
domínio do humano e não no das coisas. Para que os midos tendem a ser opressores, o que dificulta uma práxis
opri- midos se unam entre si, é preciso que cortem o libertadora, por terem uma visão individualista.
cordão umbilical, de caráter mágico e mítico, através do A liberdade é uma busca permanente .é uma
qual se encontram ligados ao mundo da opressão.” conquista que exige força, responsabilidade e espirito de
Pag. 175 . * luta.
Organização: Libertar-se de sua força exige, a imersão dela, a volta
” A organização não apenas está diretamente ligada à sobre ela. .É essencial que a práxis seja autentica para que
sua unidade, mas é um desdobramento natural desta uni- exista a açao e reflexão sobre o mundo para transforma-
dade das massas populares. lo.
8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
Para que haja o oprimido .é necessário que exista o
opressor. A dialogicidade – essência da educação como pra-
Os opressores tem uma ânsia de posse, onde o poder tica da liberdade
de compra transforma tudo em sua volta, possuem uma A essência do dialogo é a palavra. Mas, ao encontrar-
concepção materialista de existência. mos a palavra, na análise do dialogo, como algo mais que
Os oprimidos são considerados como coisas, não pos- um meio para que ele se faça, se nos impõe buscar, tam-
suindo direitos apenas deveres. bém, seus elementos construtivos.
Os oprimidos dificilmente lutam , aceitam tudo o que Esta busca nos leva a surpreender, nela duas dimen-
lhe é imposto, são dependentes emocionais. sões : ação e reflexão, de tal forma solidaria, em uma inte-
Ninguém se liberta , ninguém se liberta sozinho, os ração tão radical que, sacrificada, ainda que em parte,
ho- mens se libertam em comunhão. uma delas, se ressente, imediatamente a outra. Não há
Quando os oprimidos descobrem a opressor só então palavra verdadeira que não seja práxis.
se engajam na luta por sua libertação, superando seus A palavra inautêntica por outro lado, com que não se
limites. pode transformar a realidade, resulta da dicotomia aliena-
É necessário que a ação política junto aos oprimidos da e alienante, pois não há denúncia verdadeira sem com-
se faça pela reflexão . promisso de transformação.
Para que haja uma transformação faz-se necessário Se é dizendo a palavra com que, “pronunciando” o
que o indivíduo (oprimido) tenha em mente sua responsa- mundo, os homens o transformam, o dialogo se impõe
bilidade só assim será liberto para criar, construir. como caminho pelo qual os homens ganham significação
A concepção bancaria da Educação como instrumento enquanto homens. O dialogo é a exigência existencial que
da opressão. Seus pressupostos – sua crítica. se solidarizam o refletir e o agir de sujeitos endereçados
A educação bancaria tem como denominador o pro- ao mundo a ser transformado e humanizado.
cesso do depositante do saber (educador) e depositário Não há dialogo se não há amor, não há dialogo se
do mesmo (educandos passivos). não há humildade, não há dialogo se não há uma intensa
A relação professor-aluno é baseada nos falsos fé, não existe diálogo sem esperança ,finalmente não há
valores de que um sabe tudo e o outro nada sabe, dia- logo verdadeiro se não há nos seus sujeitos um
cultivando-se assim o silencio e tolhendo-se a pensar ver- dadeiro, um pensar crítico.
criatividade, estimulando assim o interesse dos
opressores. Sem ele não há comunicação e sem esta não há
A conscientização problematizadora e libertadora da ver- dadeira educação.
“educação” e seus pressupostos esta principalmente no O diálogo começa na busca do conteúdo programá-
educador e educando para que haja relação de compa- tico em uma concepção como prática da liberdade, a sua
nheirismo entre ambos. dialogicidade comece, não quando o educador-educando
Somente assim a vivência bancária, deixaria sua forma se encontra em situações pedagógicas, mas antes, quando
inicial para atingir a libertação. aquele se pergunta em torno do que vai dialogar com
A concepção bancária e a contradição educador- estes. As relações homens-mundo, os temas geradores e
educando. O âmbito da concepção bancaria é o de o conteúdo programático será a partir da situação
controlar pen- samentos e ações. Se hoje pretende-se a presente, existencial, concreta, refletindo o conjunto de
humanização em processo, necessita-se da reflexão dos aspirações do povo, que podemos organizar o conteúdo
homens sobre o programáti-
mundo para transforma-lo. ca da educação ou de ação política.
Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, Nunca apenas dissertar sobre ela e jamais doar-lhe
os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo. conteúdos que pouco ou nada tenham haver com seus
A práxis educacional passa a ser a maior fonte de rom- an- seios, com suas duvidas, com suas esperanças, com
pimento com as características da Educação Bancaria. seus temores.
O professor é o ser, que não mais educa, mas sim Nosso papel não é falar ao povo sobre a nossa visão
aquele que aprende no processo da aprendizagem. do mundo, ou tentar impô-la a ele ,mas dialogar com ele
Ele .é educado em dialogo com o educando, para que sobre a sua e a nossa.
ambos tornem-se sujeitos do mesmo processo. E na realidade mediatizadora, na consciência que dela
Na educação com pratica de liberdade, quanto mais tenhamos, educadores e povo, que iremos buscar o con-
se problematizam os educandos como seres no mundo , teúdo programático da educação, neste momento se faz
mais se sentirão desafiados e responderão. necessária a investigação que chamamos de conjunto de
O homem como ser incluso, consciente de sua temas geradores que proporcione a tomada de
inclusão consciência dos indivíduos em torno dos mesmos.
e seu permanente movimento de busca em ser mais. A investigação dos temas geradores e sua
Na historia, percebe-se a historicidade do homem metodologia tem como objetivo propor aos indivíduos
com ser inacabado e incluso. Esta concepção ,é dimensões signi- ficativas de sua realidade, cuja analise
desconhecida para a pratica bancaria. crítica lhes possibilite reconhecer a interação de suas
Desta forma percebesse que Educação refaz-se na partes, neste sentido é que a investigação do tema
prá- tica, onde a problematização é uma constante, onde gerador, que se encontra contido no “universo temático
o alu- nos passam a estar interagindo no processo mínimo”, se realiza por meio de uma
educacional, para seu verdadeiro crescimento intelectual e
cognitivo.
9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
metodologia conscientizadora, além de nos possibilitar LIBÂNEO, JOSÉ CARLOS; OLIVEIRA, JOSÉ FERREIRA DE
sua apreensão, insere ou começa a inserir os homens TOSCHI; SEABRA, MIRZA.
numa forma crítica de pensarem seu mundo. EDUCAÇÃO ESCOLAR: POLÍTICA, ESTRUTURA E
Os temas em verdade, existem nos homens, em suas ORGANIZAÇÃO. 10A ED. SÃO PAULO: CORTEZ, 2012
relações com o mundo, referidos a fatos concretos.
A significação conscientizadora da investigação dos
temas geradoras e os vários momentos da investigação
tem que se tornar um processo de busca, de conhecimen-
to, de compreensão da totalidade que deve estar presente
a preocupação pela problematização dos próprios temas . EDUCAÇÃO ESCOLAR: POLÍTICAS, ESTRUTURAS E
ORGANIZAÇÃO
A investigação da temática envolve a investigação do
próprio pensar do povo, assim toda investigação temática
O sistema educativo e as escolas estabelecem relações
de caráter conscientizador se faz pedagógica e toda
entre si e existem duas importantes razões para conhecer
autên- e analisá-las. A primeira faz referência às políticas
tica educação se faz investigação do pensar. educacio- nais e as diretrizes organizacionais e
A coleta de dados da investigação apresentará um curriculares que são as ideias, valores, atitudes e práticas
marco no qual se encontrará uma temática de percepção capazes de influenciar as escolas e seus profissionais no
crítica da realidade, a investigação temática se vai expres- que diz respeito às práticas formativas dos alunos. A
sando como um que fazer educativo, como ação cultural. segunda está pautada aos profis- sionais das escolas os
Após esta primeira investigação os investigadores estarão quais podem aceitar ou rejeitar essas políticas e diretrizes
capacitados para organizar o conteúdo programático da educacionais, ou até mesmo, dialogar com elas e então
ação educativa. formular, de modo coletivo, práticas for- mativas e
Segunda fase da investigação começa precisamente inovadoras.
quando os investigadores, com os dados que recolheram Para tanto, é preciso conhecer e analisar como se inter-
chegam à apreensão daquele conjunto de contradições. -relacionam as políticas educacionais, a organização e
A partir deste momento, sempre em equipe, escolhe- ges- tão das escolas e as práticas pedagógicas na sala de
rão algumas desta contradições, com que serão aula. O professor não pode se contentar apenas em
elaboradas as codificações que vão servir à investigação desenvolver saberes e competências para ter uma boa
temática. As codificações consistem entre o “contexto atuação em sala de aula, é preciso tomar consciência do
concreto ou real”, em que se dão os fatos, e o “contexto sistema escolar e enxergar além.
teórico”. Outra razão torna esses estudos importantes que é o
Os indivíduos imersos na realidade, com a pura sen- fato de que as normas, leis e diretrizes da educação, es-
sibilidade de suas necessidades, emergem dela e , assim, tão sujeitas a decisões políticas. Cabe ao sistema de
ganham a razão das necessidades. ensino e as escolas contribuírem de maneira significativa
Terceira fase da investigação são nos “círculos de para a construção de um projeto de nação e, para a
investigação temática” formação de sujeitos capazes de participar ativamente
desse processo.
Do ponto de vista metodológico, a investigação que
As políticas educacionais e organizacionais que vemos
desde seu inicio, se baseia na relação simpática até sua
hoje estão diretamente relacionadas às transformações
fase final, a da analise da temática encontrada, que se
econômicas, políticas, culturais e geográficas que quali-
prolonga na organização do conteúdo programático da ficam o mundo atual. A exemplo disso nós temos as vá-
ação educa- tiva, como ação cultural. rias reformas educativas realizadas nos países da Europa e
Além do investigador, assistirão mais dois América durante os últimos 20 anos.
especialistas, um psicólogo e um sociólogo, cuja tarefa é Tais reformas se justapõem com a recomposição do
registar as rea- ções mais significativas ou aparentemente sistema capitalista mundial que trouxe consigo a doutri-
pouco significa- tivas dos sujeitos descodificados.. na neoliberal, caracterizada por três traços particulares:
Os participantes do “circulo de investigação temáti- mudanças no processo de produção (avanços científicos
ca” vão extrojetando , pela força catártica da metodologia, e tecnológicos), superioridade do livre funcionamento do
uma série de sentimentos, de opiniões, de si , do mundo e mercado e redução do papel do Estado que por sua vez,
dos outros. afetam diretamente a educação tendo em vista que para o
A sua ultima etapa se inicia quando os investigadores, neoliberalismo, o desenvolvimento econômico fomentado
terminadas as descodificações nos círculos, dão começo pelo desenvolvimento técnico-científico garante, por si só,
ao estudo sistemático e interdisciplinar de seus achados. o desenvolvimento social.
Feita a delimitação temática, caberá a cada Essa falta de consideração com as implicações sociais
especialista, dentro de seu campo, apresentar à equipe e humanas geram vários problemas sociais como desem-
interdisciplinar o projeto de “redução” de seu tema. prego, fome e desigualdade entre países, classes e grupos
Com o mínimo de conhecimento da realidade, podem sociais. E também, problemas globais como a devastação
os educadores escolher alguns temas básicos que funcio- ambiental, o desequilíbrio ecológico, o esgotamento dos
nariam como codificações de investigação. recursos naturais e problemas atmosféricos.
Fonte: https://pedagogiaaopedaletra.com/resumo-do- Progredindo na mesma proporção, mudanças signifi-
-livro-pedagogia-do-oprimido-de-paulo-freire/ cativas nos processos de produção e transformações nas
condições de vida e de trabalho devido à associação entre
10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
ciência e técnica, proporcionou uma necessidade de se ter
conhecimento e informação a tal ponto que influenciaram Já nos anos 80, propostas curriculares alternativas sur-
a economia e seu desenvolvimento. Os países industriali- giram com conteúdos semelhantes à Administração Esco-
zados então viram a necessidade de se rever o lugar das lar e à Estrutura e Funcionamento do Ensino do 2º Grau,
instituições encarregadas de produzir conhecimento e in- mas como denominações diferentes: Educação Brasileira,
formação, tornando-se prioridade, a reforma dos sistemas Políticas Educacionais, Organização do Trabalho Pedagó-
gico (ou Escolar).
educacionais os quais giram em quatro pontos: o currícu-
As Resoluções 2/69 e 9/69 foram as primeiras a apre-
lo nacional, a profissionalização dos professores, a gestão sentarem a denominação Estrutura e Funcionamento do
educacional e a avaliação institucional. Ensino. Está fixava os mínimos de conteúdos das discipli-
No Brasil, também houve algumas transformações, nas e a duração do curso de Pedagogia, aquela,
no que diz respeito ao sistema educacional. Que ocorreu estabelecia os mínimos de conteúdos e a duração dos
a partir do ano de 1990, início do governo Collor, e tam- cursos para a formação pedagógica em nível de
bém ano em que se realizou a Conferência Mundial sobre licenciatura.
Educação para Todos, ocasião em que se estabeleceram Segundo a Resolução 9/69, os currículos de licenciatu-
prioridades para a educação, entre elas, a universalização ra deveriam abranger as seguintes matérias: Psicologia da
do ensino fundamental. Em 1993, no governo de Itamar Educação, Didática, Estrutura e Funcionamento do Ensino
Franco, cria-se o Plano Decenal de Educação para Todos e de 2º Grau e Prática de Ensino, sob forma de estágio su-
em 1995, no governo de Fernando Henrique Cardoso, es- pervisionado, mas em conformidade com a Lei 5.692/71,
tabeleceram-se metas pontuais, que são: descentralização na qual instituiu o ensino de primeiro e segundo graus, a
denominação alterou-se para Estrutura e Funcionamento
da administração das verbas federais, elaboração do currí-
do Ensino de 1º e 2º graus.
culo nacional, educação à distância, avaliação nacional das
De acordo com a legislação, há dois elementos bási-
escolas, incentivo a formação de professores, parâmetros cos na disciplina: a escola e o ensino, onde,
de qualidade para o livro didático, entre outras. Já essas, primeiramente, apresenta-se a organização e o
acompanham as tendências internacionais se alinhando à funcionamento da escola e em seguida, o ensino.
política neoliberal e às orientações dos organismos finan- Contudo, essas abordagens mostram a escola e o
ceiros como o Banco Mundial e o FMI. ensi- no como elementos prontos e acabados no interior
Nesse mesmo âmbito, se deu a elaboração e promul- de um sistema educacional racionalmente organizado e
gação da LDB, do PNE, das diretrizes curriculares, normas de uma sociedade organicamente constituída e
e resoluções do Conselho Nacional de Educação. funcional fazen- do com que se torna evidente a
No entanto, essas políticas e diretrizes demonstram importância da legislação como eixo básico da disciplina.
ser, salvo raras exceções, intenções declaradas ao invés de Obrigatória em algumas habilitações do curso de
me- didas efetivas. Ocorre então um impasse, de um Pedagogia, a disciplina Legislação do Ensino de 1º e 2º
lado, po- líticas educativas que expressam intenções de se Graus tornou-se base da Estrutura e Funcionamento do
Ensino. Já na organização do ensino es- colar, se tem a
aumentar a autonomia e a participação das escolas e dos
descrição dos órgãos e seu funcionamento e, a análise de
professores, do outro, há a questão da crise de seus componentes administrativos e curricu- lares, através
legitimidade dos esta- dos que dificulta a efetivação de de textos legais.
investimentos em salários, carreira e formação do Os currículos de Pedagogia e das licenciaturas, atual-
professorado, com o pretexto de que o Estado requer mente, apresentam várias denominações, entre elas, as
redução de despesas, transmitindo uma lógica contábil e mais corriqueiras são: Estrutura e Funcionamento do En-
economista ao sistema educacional. Desde a estruturação sino Fundamental e Médio – oferecida no segundo ou no
do curso de Pedagogia, em 1939, sempre houve a terceiro ano do curso de Pedagogia, com carga anual que
preocupação com os aspectos legais e administrativos varia entre 60 128 horas e ministrada em um ano ou seis
da escola, geralmente vistos na disciplina meses – e, Didática e Prática de Ensino de Estrutura e Fun-
Administração Escolar. cionamento do Ensino Fundamental e Médio – disciplina
Está mencionado, no Parecer 292/62 – do Conselho em forma de estágio supervisionado, geralmente com car-
Federal de Educação – a disciplina Elementos de Adminis- ga anual de 128 horas, no último ano do curso de Peda-
gogia. Em geral, os conteúdos e objetivos dessa disciplina,
tração Escolar a qual tinha como finalidade proporcionar o
assumem três abordagens distintas:
conhecimento, por parte do licenciado, da escola em que Abordagem legalista e formal: Os textos legais e os
iria atuar (seus objetivos, estrutura e seus aspectos de seu do- cumentos são apresentados e analisados sistêmica e
funcionamento), além de proporcionar uma visão única do fun- cionalmente. Essa abordagem acosta-se à letra, linhas
aspecto escola-sociedade. e ao texto legal. O estudo aí acaba por se tornar árido,
Em 1968, houve a homologação dos Pareceres 252/69 insípido e aversivo.
e 672/69 como forma de se adequar os currículos de Abordagem político-ideológica: Dá ênfase aos textos
Pedago- gia e das licenciaturas à Lei 5.540/68. Esses críticos, procura-se mostrar o real com base em uma pos-
pareceres incluí- ram a disciplina Estrutura e tura e visão político-ideológica. Essa abordagem
Funcionamento do Ensino de 2º Grau, substituindo a aproxima-
disciplina Administração Escolar. O motivo pelo qual se -se mais ao contexto, ao espírito e às entrelinhas dos
deu essa substituição foi o fato de que com a textos legais. O estudo aí acaba por se tornar parcial e
denominação Administração Escolar, se fazia ressal- tar o partidário. Abordagem histórico-crítica: Os textos legais
aspecto administrativo, não levando em conta aspec- tos são usa- dos como referencial para a análise crítica da
organização escolar e como forma de confrontar a
referente à estrutura e ao funcionamento do ensino.
situação proclamada (ideal) com a situação real. O estudo
aí acaba por se tornar
mais fértil, dinâmico, investigativo e crítico-reflexivo.
11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
O desenvolvimento dos conteúdos, por uma ótica me-
todológica, deve estar alinhado à articulação de três ele- É apropriado adotar então a denominação Estrutura e
mentos, segundo Monteiro (1995): visão oficial (conheci- Organização da Educação Escolar – Políticas Educacionais
mento da legislação educacional, programas e planos de e Funcionamento da Escola, tendo como ideia principal a
governo); visão da realidade (comparação da visão oficial possibilidade em aprender as imbricações entre decisões
com o que realmente acontece no funcionamento do en- centrais e decisões locais, a fim de articular, em torno da
sino) e visão crítica (após o conhecimento das anteriores, escola, as abordagens mais gerais de cunho sociológico,
pratica-se a leitura fundamentada, para geração de novos político e econômico e os processos escolares internos de
conhecimentos. cunho pedagógico, curricular, psicológico e didático.
Para Saviani (1987), há três etapas no exame crítico da A partir da leitura da obra, é possível fazer uma
legislação de ensinos: contato com a lei (análise textual, reflexão a respeito da educação escolar como um todo,
para captar a estrutura do texto); exame das razões mani- bem como as suas políticas educacionais e educativas. No
festas (leitura da exposição de motivos, dos pareceres, dos decorrer da leitura do livro os autores trazem informações
relatórios, etc.) e busca das razões reais (exame do importan- tes relacionadas à história das políticas
contex- to – processo histórico socioeconômico e político educacionais, como surgiram, porque surgiram e como
– exame da gênese da lei – processo de elaboração da lei, foram transformadas para atenderem as necessidades que
os autores e seus papéis). se apresentaram.
Textos legais, documentos e textos críticos, também Percebe-se a dedicação dos autores em levar ao co-
podem ser usados como auxilio ao estudo de alguns te- nhecimento do leitor os processos pelos quais ocorre a
mas da disciplina (municipalização do ensino, organização formação de professores, as disciplinas que são
formal e informal da escola, financiamento do ensino, oferecidas, as leis que regulam essa formação e também
etc.), servindo de fundamento para elucidar uma as mudanças que essas leis trouxeram ao longo do tempo.
situação/ques- tão norteadora de investigação, aliando Recomenda-se a leitura e a apreciação dessa obra a
assim, ensino e pesquisa, tornando o método de ensino e estudantes de pedagogia e das licenciaturas, para que
aprendizagem mais dinâmico e reflexivo, desenvolvendo pos- sam entender melhor o seu futuro ambiente de
também, a habi- lidade de investigação, proporcionando, trabalho, a escola – seus objetivos e estruturas e
assim, que o tra- balho acadêmico seja um momento em professores, para que possam conhecer ainda mais o seu
que o aluno possa procurar, investigar e produzir local de trabalho e as- sim, se tornar um agente ativo no
conhecimento, orientado pelo professor. processo de construção da educação e das políticas
As abordagens identificadas e os aspectos educacionais.
metodológi- cos de tratamento dos conteúdos se
relacionam ao conhe- cimento do objeto de estudo, tendo
em vista que refletem a trajetória da disciplina. Contudo,
percebe-se que houve uma significativa evolução na LIBÂNEO, JOSÉ CARLOS. DIDÁTICA. SÃO PAULO:
abordagem da disciplina, em sua ampliação e CORTEZ, 1983.
diversificação, o mesmo não ocorreu com objeto de
estudo, não com clareza. Qual é e qual era ele?
Vemos que houve uma mudança na ênfase da disci-
plina, de aspectos estruturais e formais do ensino para as APRESENTAÇÃO
questões de funcionamento onde o foco saiu do ensino Na abertura, o autor determina os princípios que nor-
de primeiro e segundo graus para a concreta escola de teiam a narrativa durante a obra, da importância da didáti-
primeiro e segundo graus. Proporcionando assim que a ca e seu caráter aglutinador dos conteúdos e procedimen-
perspectiva legalista, descontextualizada e limitada fosse tos, da sua característica de englobar conhecimentos da
modificada com a finalidade de se privilegiar a discussão área da psicologia da educação, sociologia da educação,
de alternativas para a reconstrução da escola e do sistema filosofia da educação, entre outras áreas a fim para
educacional brasileiro. explicar o ato e a forma do aprender. Logo no início, o
Houve assim uma transformação democrática de um autor mostra
ensino genérico para uma abordagem de uma escola e o que irá falar: Percepção e compressão reflexiva e crítica
en- sino concretos, todavia, cabe-se questionar se a das situações didáticas; compreensão crítica do processo
mudança ocorreu somente na abordagem/compreensão de ensino; a unidade objetivos-conteúdos-métodos como
do objeto; se o objeto de estudo da disciplina continuou a a espinha dorsal das tarefas docentes e o domínio de mé-
ser a escola e a organização do ensino e até mesmo se a todos e procedimentos para usar em situações de
legislação e os documentos constituem o eixo básico da didáticas concretas.
apreensão da escola e do ensino. Verifica-se a intenção do autor de construir um
A escola e o ensino ainda continuam como foco da conteú- do e organizar uma discussão que tenha um
dis- ciplina, mas agora contextualizados de maneira caráter prático no processo educativo. Isto também se
concreta, crítica e histórica. Dá ótica sistêmica/tecnicista demonstra da di- visão dos capítulos que contemplam as
para a ótica histórico-crítica, onde as políticas de diversas áreas de abrangência da didática.
educação são trata- das com maior intensidade, uma vez
em que são elas as responsáveis por definirem, em grande CAPÍTULO 01 – Prática educativa, Pedagogia e
parte, a legislação educacional, a escola e o ensino. Didática O autor começa o tema situando a didática no
con- junto dos conhecimentos pedagógicos,
demonstrando a fundamental importância do ato de
ensinar na formação
12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
humana para vivermos em sociedade. Neste capítulo, o
au- tor aborda a prática educativa em sociedade, a Educação escolar, Pedagogia e Didática
diferença entre a educação, instrução e ensino; a A educação escolar é um sistema de instrução e
educação, o escolar, pedagogia e didática, e a didática e ensino de objetivos intencionais, sistematizados e com
sua importância na for- mação dos professores. alto grau de organização, dando a importância da mesma
para uma democratização maior dos conhecimentos. O
Prática educativa e sociedade autor coloca que as práticas educativas é que
Os professores são parte integrante do processo edu- verdadeiramente podem determinar as ações da escola e
cativo, sendo importantes para a formação das gerações seu comprometimento so- cial com a transformação.
e para os padrões de sociedade que buscamos. Neste Afirma que a pedagogia inves- tiga estas finalidades da
subtítulo, o autor situa a educação como fenômeno social educação na sociedade e a sua inserção na mesma, diz
universal determinando o caráter existencial e essencial da que a Didática é o principal ramo de estudo da pedagogia
mesma. Estuda também os tipos de educação, a não para poder estudar melhor os mo- dos e condições de
inten- cional, refere-se a influências do contexto social e realizarmos o ensino e instrução. Ainda coloca a
do meio ambiente sobre os indivíduos. Já a intencional importância da sociologia da educação, psicologia da
refere-se àquelas que têm objetivos e intenções definidos. educação nestes processos de relação aluno-professor.
A educa- ção pode ser também, formal ou não-formal,
dependen- do sempre dos objetivos. A educação não- A Didática e a formação profissional do professor
formal é aquela realizada fora dos sistemas educacionais Determina, o autor, que as duas dimensões da forma-
convencionais, e a educação formal é a que acontece nas ção profissional do professor para o trabalho didático em
escolas, agências de instrução e educação ou outras. sala de aula. A primeira destas dimensões é a teórico-
Libâneo também relata o papel social da educação e cien- tífica formada de conhecimentos de filosofia,
como seus conteúdos objetivos são determinados pelas sociologia, história da educação e pedagogia.
sociedades, política e ideologia predominantes. Fala desta A segunda é a técnico–prática, que representa o
relação importante da educação com os processos forma- traba- lho docente incluindo a didática, metodologias,
dores da sociedade “desde o início da historia da huma- pesquisa e outras facetas práticas do trabalho do
nidade, os indivíduos e grupos travavam relações recípro- professor. Neste subtítulo, Libâneo define a didática como
cas diante da necessidade de trabalharem conjuntamente a mediação entre as dimensões teórico-científica e a
para garantir sua sobrevivência” (Libâneo, 1994, p.19).O prática docente.
autor considera estas influencias como fatores fundamen-
tais das desigualdades entre os homens, sendo um traço
CAPÍTULO 02 – Didática e Democratização do Ensino
fundamental desta sociedade. Coloca as ideologias como
Neste capítulo, continua a discussão colocada no ca-
valores apresentados pela minoria dominante, politizando
pítulo anterior, sobre a democratização do ensino e a im-
a prática educativa e demonstrando o seu envolvimento
portância de oferecer este de qualidade e a toda socieda-
com o social.
de. Inicia com a colocação que a participação ativa na vida
Ele afirma que escola é o campo específico de atuação
social é o objetivo da escola pública, o ensino é colocado
po- lítica do professor, politizando ainda mais o ambiente
como ações indispensáveis para ocorrer à instrução.
escolar.
Levan- ta e responde algumas perguntas envolvendo a
Educação, instrução e ensino escolariza- ção, qualidade do ensino do povo e o fracasso
Neste subtítulo, o autor define as três palavras cha- escolar, fala também da Ética como compromisso
ves, suas diferenças e sentidos diversos. A educação que é profissional e social.
apresentada com um conceito amplo, que podemos sinte-
tizar como uma modalidade de influências e inter-relações A Escolarização e as lutas democráticas
que convergem para a formação da personalidade social e Realmente a escolarização é o processo principal para
o caráter, sendo assim uma instituição social. oferecer a um povo sua real possibilidade de ser livre e
Já a instrução está relacionada à formação e ao de- buscar nesta mesma medida participar das lutas democrá-
senvolvimento das capacidades cognoscitivas, mediante o ticas, o autor endente democracia como um conjunto de
domínio de certos conhecimentos. O ensino por sua vez conquistas de condições sociais, políticas e culturais, pela
é conceituado aqui como as ações, meios, condições para maioria da população para participar da condução de de-
que aconteça a instrução. cisões políticas e sociais. Libâneo, (1994, 35) cita Guiomar
Observa-se que a instrução esta subordinada à edu- Namo de Mello: “A escolarização básica constitui instru-
cação. Estas relações criam uma relação intrincada destes mento indispensável à construção da sociedade democrá-
três conceitos que são responsáveis pelo educar. Destaca tica“, fala também dos índices de escolarização no Brasil,
que podemos instruir sem educar ou vice-versa, pois a mostrando a evasão escolar e a repetência como graves
real educação depende de transformarmos estas problemas advindos da falta de uma política pública, de
informações em conhecimento, tendo nos objetivos igualdade nas oportunidades em educação, deixando
educativos uma forma de alcançarmos esta educação. como resultado um enorme número de analfabetos na fai-
Coloca que a educa- ção escolar pode ser chamada xa de 5 a 14 anos. A transformação da escola depende da
também de ensino. transformação da sociedade, afirma Libâneo, e continua
di- zendo que a escola é o meio insubstituível de
contribuição para as lutas democráticas.
13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
O Fracasso escolar precisa ser derrotado
Nessa parte, o autor fala mais detalhadamente deste assim a didática como mediação escolar entre objetivos e
grave problema do nosso sistema escolar, detalha gráficos conteúdos do ensino. Define, o autor, mais alguns termos
que apontam para um quadro onde a escola não fundamentais nesta estruturação escolar, a instrução
consegue reter o aluno no sistema escolar. Aponta muitos como processo e o resultado da assimilação sólida de
motivos para isto, mas considera, como principal, a falta conheci- mentos; o currículo como expressão dos
de pre- paro da organização escolar, metodológica e conteúdos de ins- trução; e a metodologia como conjunto
didática de procedimentos adequados ao trabalho com as dos procedimen- tos de investigação quanto a
crianças po- bres. Isto acontece devido aos planejamentos fundamentos e validade das diferentes ciências, sendo as
serem feitos prevendo uma criança imaginada e não a técnicas recursos ou meios de ensino seus complementos.
criança concreta, aquela que esta inserida em um contexto Sintetizando, os temas fundamentais da didática são:
único. Somente o ingresso na escola pode oferecer um 1. Os objetivos sócio pedagógicos;
ponto de partida no processo de ensino aprendizagem. 2. Os conteúdos escolares;
Levanta, também, neste capítulo, outros fatores como 3. Os princípios didáticos;
dificuldades emocionais, falta de acompanhamento dos 4. Os métodos de ensino aprendizagem;
pais, imaturidade, entre outros. Cita aqui David Ausubel As formas organizadas do ensino;
que afirma que o fator isolado mais importante que in- Aplicação de técnicas e recursos;
fluencia a aprendizagem é aquilo que o aluno já conhece, Controle e avaliação da aprendizagem.
complementa dizendo que o professor deve descobri-lo e Objetivo de estudo: o processo de ensino
basear-se nisto em seus ensinamentos. Sem dúvida, o objetivo do estudo da didática é o pro-
cesso de ensino. Podemos definir, conforme o autor, o
As tarefas da escola pública democrática processo de ensino como uma sequência de atividades do
Todos sabemos da importância do ensino de primei- professor e dos alunos tendo em vista a assimilação de
ro grau para formação do indivíduo, da formação de suas co- nhecimentos e habilidades. Destaca a importância da
capacidades, habilidades e atitudes, além do seu preparo na- tureza do trabalho docente como a mediação da
para as exigências sociais que este indivíduo necessita, relação cognoscitiva entre o aluno e as mateiras de
dando a ele esta capacidade de poder estudar e aprender ensino. Libâneo ainda coloca que ensinar e aprender são
o resto da vida. O autor lista as tarefas principais das duas facetas do mesmo processo, que se realiza em torno
escolas públicas, entre elas, destacam-se: das matérias de ensino sob a direção do professor.
Proporciono escola gratuita pelos primeiros oito anos
Os componentes do processo didático
de escolarização;
Assegurar a transmissão e assimilação dos conheci- O ensino, por mais simples que pareça, envolve uma
mentos e habilidades; atividade complexa, sendo influenciado por condições in-
ternas e externas. Conhecer estas condições é fator fun-
Assegurar o desenvolvimento do pensamento crítico e
damental para o trabalho docente. A situação didática em
independente;
sala de aula esta sujeita também a determinantes
Oferecer um processo democrático de gestão escolar
econômi- co-sociais e sócio–culturais, afetando assim a
com a participação de todos os elementos envolvidos
ação didática diretamente.
com a vida escolar.
O compromisso social e ético dos professores
Assim sendo, o processo didático está centrado na re-
O primeiro compromisso da atividade profissional de
lação entre ensino e aprendizagem.
ser professor (o trabalho docente) é certamente de pre-
Podemos daí determinar os elementos constitutivos
parar os alunos para se tornarem cidadãos ativos e parti-
da Didática:
cipantes na família, no trabalho e na vida cultural e políti-
1. Conteúdos da matérias;
ca. O trabalho docente visa também a mediação entre a
2. Ação de ensinar;
sociedade e os alunos. Libâneo afirma que, como toda a
Ação de aprender.
profissão, o magistério é um ato político porque se realiza
Desenvolvimento histórico da Didática e tendências
no contexto das relações sociais.
pedagógicas
O autor afirma que a didática e sua história estão liga-
CAPÍTULO 03 – Didática: Teoria da Instrução e do
das ao aparecimento do ensino.
Ensino
Desde a Antiguidade clássica ou no período medieval
Neste capítulo, o autor aborda, em especial, os víncu- já temos registro de formas de ação pedagógicas em
los da didática com os fundamentos educacionais, esco- las e mosteiros. Entretanto, a didática aparece em
explicita seu objetivo de estudar e relacionar os principais obra em meados do século XVII, com João Amos
temas da didática indispensáveis para o exercício Comenio, ao es- crever a primeira obra sobre a didática “A
profissional. didática Magna”, estabelecendo na obra alguns princípios
A didática como atividade pedagógica escolar com:
Sabedores que a pedagogia investiga a natureza das A finalidade da educação é conduzir a felicidade eterna
finalidades da educação como processo social, a didática com Deus.
coloca-se para assegurar o fazer pedagógico na escola, na O homem deve ser educado de acordo com o seu de-
sua dimensão político, social e técnica, afirmando daí o senvolvimento natural, isto é de acordo com suas caracte-
ca- ráter essencialmente pedagógico desta disciplina. rísticas de idade e capacidade.
Define
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
A assimilação dos conhecimentos não se da de forma
imediata. Conhecer as características sócio culturais e
O ensino deve seguir o curso da natureza infantil; por individuais dos alunos.
isto as coisas devem ser ensinadas uma de cada vez. Domínio de métodos de ensino.
Já mais adiante, Jean Jacques Rousseau (1712-1778) Conhecimento dos programas oficias.
propôs uma nova concepção de ensino, baseado nas ne- Manter-se bem informado sobre livros e artigos liga-
cessidades e interesses imediatos da criança. Porém, este dos a sua disciplina e fatos relevantes.
autor não colocou suas idéias em prática, cabendo mais Já a direção do ensino e aprendizagem requer outros
adiante a outro pesquisador faze-lo, Henrique Pestalozzi procedimentos do professor:
(1746-1827), que trabalhava com a educação de crianças Conhecimento das funções didáticas
pobres. Estes três teóricos influenciaram muito Johann Compatibilizar princípios gerais com conteúdos e mé-
Friedrich Herbart (1776-1841), que tornou a verdadeira todos da disciplina
ins- piração para pedagogia conservadora, determinando Domínio dos métodos e de recursos tauxiares
que o fim da educação é a moralidade atingida através da Habilidade de expressar idéias com clareza
ins- trução de ensino. Estes autores e outros tantos Tornar os conteúdos reais
formam as bases para o que chamamos modernamente Saber formular perguntas e problemas
de Pedagogia Tradicional e Pedagogia Renovada. Conhecimento das habilidades reais dos alunos
Oferecer métodos que valorizem o trabalho intelectual
Tendências pedagógicas no Brasil e a Didática independente
Nos últimos anos, no Brasil, vêm sendo realizados Ter uma linha de conduta de relacionamento com os
muitos estudos sobre a história da didática no nosso país alunos
e suas lutas, classificando as tendências pedagógicas em Estimular o interesse pelo estudo
duas grandes correntes: as de cunho liberal e as de cunho Para a avaliação os procedimentos são outros por par-
progressivista. Estas duas correntes têm grandes te do professor:
diferenças entre si. A tradicional vê a didática como uma Verificação continua dos objetivos alcançados e do
disciplina normativa, com regras e procedimentos rendimento nas atividades
padrões, centran- do a atividade de ensinar no professor e Dominar os meios de avaliação diagnóstica
usando a palavra (transmissão oral) como principal Conhecer os tipos de provas e de avaliação qualitativa
recurso pedagógico. Já a didática de cunho progressivista Estes requisitos são necessários para o professor poder
é entendida como direção da aprendizagem, o aluno é o exercer sua função docente frente aos alunos e institutos
sujeito deste processo e o professor deve oferecer em que trabalha. Por isto, o professor, no ato profissional,
condições propícias para estimu- lar o interesse dos deve exercitar o pensamento para descobrir constante-
alunos por esta razão os adeptos desta tendência dizem mente as relações sociais reais que envolvem sua
que o professor não ensina; antes, ajuda o aluno a disciplina e a sua inserção nesta sociedade globalizada,
prender. desconfiando do normal e olhando sempre por traz das
Também temos aqui colocado pelo autor as aparências, seja
tendências principais desta evolução e suas principais do livro didático ou mesmo de ações pré-estabelecidas.
publicações na época. Vimos também que as tendências
progressivas só tomaram força nos anos 80, com as CAPÍTULO 04 -O Processo de Ensino na Escola
denominadas “teorias críticas da educação”. O autor lista O magistério se caracteriza nas atividades de ensino
também as várias divi- sões destas duas tendências e das matérias escolares criando uma relação recíproca
explica suas diferenças vitais. entre a atividade do professor (ensino) e a atividade de
estudo dos alunos (aprendizagem). Criar esta unidade
A Didática e as tarefas do professor entre o en- sino-aprendizagem é o papel fundamental dos
O modo de fazer docente determina a linha e a qua- processos de ensino na escola, pois as relações entre
lidade do ensino, traça-se aqui, pelo autor, os principais alunos, profes- sores e matérias são dinâmicas.
objetivos da atuação docente:
Assegurar ao aluno domínio duradouro e seguro dos As características do processo de ensino
conhecimentos. Inicia-se analisando as características do ensino tradi-
Criar condições para o desenvolvimento de capacida- cional e suas principais limitações pedagógicas: o
des e habilidades visando a autonomia na aprendizagem professor só passa a matéria e o aluno recebe e reproduz
e independência de pensamento dos alunos. mecanica- mente o que absorve; é dada uma excessiva
Orientar as tarefas do ensino para a formação da per- importância a matéria do livro sem dar a ele um caráter
sonalidade. vivo; o ensino é somente transmitido com dificuldades
Estes três itens se integram entre si, pois a aprendiza- para detectar o ritmo de cada aluno no aprender; o
gem é um processo. Depois, o autor levanta os principais trabalho docente está restrito às paredes da sala de aula.
pontos do planejamento escolar: O autor propõe que entendamos o processo de en-
Compressão da relação entre educação escolar e sino como visando alcançar resultados tendo com ponto
obje- tivo sócio-políticos. de partida o nível de conhecimentos dos alunos e deter-
Domínio do conteúdo e sua relação com a vida minando algumas características como: o ensino é um
prática. Capacidade de dividir a matéria em módulos ou processo, por isto obedece a uma direção, este processo
unidades.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
visa alcançar determinados resultados como domínio de
conhecimentos, hábitos, habilidades, atitudes, convicções resolver esta contradição entre ensino e aprendizagem,
e desenvolvimento das capacidades cognoscitivas, dando em outras palavras, esta contradição acontece entre o
ao ensino este caráter bilateral, combinando as atividades saber sistematizado e o nível de conhecimento esperado.
do professor com as do aluno. Existem algumas condições para que a contradição se
transforme em forca motriz:
Processos didáticos básicos: ensino e aprendizagem 1. Dar ao aluno consciência das dificuldades que apa-
O livro mostra novamente a importância de garantir a recem no confronto com um conhecimento novo que não
unidade didática entre ensino e aprendizagem e propõe conhecem.
que analisemos cada parte deste processo 2. O volume de atividades, conhecimento e exercícios
separadamente. A aprendizagem esta presente em devem considerar o preparo prévio do aluno.
qualquer atividade humana em que possamos aprender 3. Estas condições devem constar do planejamento.
algo. A aprendizagem pode ocorrer de duas formas: A estruturação do trabalho docente
casual, quando for espontâ- nea ou organizada quando O autor reflete sobre este entendimento errôneo de
for aprender um conhecimento que o trabalho docente na escola é o de “passar” a
específico. matéria de acordo, geralmente, com o livro didático. E
Com isto defini-se a aprendizagem escolar como um mostra que a estrutura da aula deve ter um trabalho ativo
processo de assimilação de determinados conhecimentos e conjunto entre professor e aluno, ligado estreitamente
e modos de ação física e mental. Isto significa que com a meto- dologia específica das matérias, porém, não
podemos aprender conhecimentos sistematizados, se identifica com leia. A cinco momentos da metodologia
hábitos, atitudes e valores. Neste sentido, temos o de ensino na sala de aula:
processo de assimilação ativa que oferece uma Orientação inicial dos objetivos de ensino
percepção, compreensão, reflexão e aplicação que se aprendizagem; Transmissão /assimilação da matéria
desenvolve com os meios intelectuais, motivacionais e nova; Consolidação e aprimoramento dos
atitudes do próprio aluno, sob a direção e orientação do conhecimentos,
professor. Podemos ainda dizer que existem dois níveis de habilidades e hábitos;
aprendizagem humana: o reflexo e o cogniti- vo. Isto Aplicação de conhecimentos, habilidades e hábitos;
determina uma interligação nos momentos da assi- Verificação e avaliação dos conhecimentos e habilidades.
milação ativa, implicando nas atividades mental e práticas. O caráter educativo do processo de ensino e o ensino
O livro coloca a aprendizagem escolar como uma ativi- crítico
dade planejada, intencional e dirigida, não sendo em
Este caráter educativo do processo de ensino está inti-
hipó- tese alguma casual ou espontânea. Com isto, pode
mamente ligado com o ensino crítico, dando a ele uma
pensar
ca- racterística mais ampla, determinada social e
que o conhecimento se baseia em dados da realidade.
pedagogica- mente. Este ensino é critico por estar
De início, é importante definir o ensino e o autor co-
engajamento social, político e pedagogicamente,
loca-o como o meio fundamental do processo intelectual
determinando uma postura frente às relações sociais
dos alunos, ou seja, o ensino é a combinação entre a con-
vigentes e à prática social real.
dução do processo de ensino pelo professor e a assimila-
ção ativa do aluno. O ensino tem três funções
inseparáveis: CAPÍTULO 05 – O Processo de Ensino e o Estudo Ativo
Organizar os conteúdos para transmissão, oferecendo Neste capítulo, entende-se melhor a relação entre o
ao aluno relação subjetiva com os mesmos. processo de ensino (falado no capítulo anterior) e o estu-
Ajuda os alunos nas suas possibilidade de aprender. do ativo, este definido aqui como uma atividade cujo fim
Dirigir e controlar atividade do professor para os direto e específico é favorecer a aprendizagem ativa. Nes-
obje- ta medida, o capítulo discutirá também como o professor
tivos da aprendizagem. pode dirigir, estimular e orientar as condições internas e
Mostra-se também a unidade necessária entre ensino externas do ensino.
e a aprendizagem, afinal o processo de ensino deve es-
tabelecer apenas exigências e expectativas que os alunos O estudo ativo e o ensino
possam cumprir para poder realmente envolve-los neste É necessário ter presente que os conteúdos represen-
processo e mobilizar as suas energias. tam o elemento em torno do qual se realiza a atividade de
estudo. O estudo ativo é por consequência uma postura
Estrutura, componentes e dinâmica do processo de do aluno e do professor frente ao conteúdo, pois as
ensino A estrutura e componentes explica o processo atividades deste estudo ativo se baseiam nas atividades
didático como a ação recíproca entre três componentes; do aluno de observação e compreensão de fatos ligados a
os con- teúdos, o ensino e a aprendizagem. Já o processo matéria, da atenção na explicação do professor,
de ensi- no realizado no trabalho docente é um sistema favorecendo o desen- volvimento das capacidades
articulado, formado pelos objetivos, conteúdos, métodos cognitivas do aluno. Não exis- te ensino ativo sem o
e condições, sendo, como sempre, o professor o trabalho docente.
responsável por esta condução. Neste quadro, o autor A atividade de estudo e o desenvolvimento intelectual
diz que o processo de ensino consiste ao mesmo tempo Neste subtítulo, o autor declara algo muito
na condução do estudo e na auto atividade do aluno, e importante e já dito em outros momentos humanos “O
levanta a contradição deste fato. Deixa clara a dificuldade objetivo da escola e do professor é formar pessoas
de execução da tarefa docen- te e afirma que a Didática inteligentes…”
contribui justamente para tentar
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
Neste aspecto, o professor deve se satisfazer se o alu-
no compreende a matéria e tem possibilidade de pensar determinação de propósitos definidos e explícitos quanto
de forma independente e criativa sobre ela. Levanta às qualidades humanas que precisam ser adquiridas. Os
dificulda- des do trabalho docente para estimular aos objetivos têm pelo menos três referências fundamentais
alunos, princi- palmente porque o professor usa um para a sua formulação.
estilo convencional de aula, igual para todas as matérias, Os valores e ideias ditos na legislação educacional.
com falta de entusias- mo e sem adequação com o Os conteúdos básicos das ciências, produzidos na his-
mundo prático e real do aluno. tória da humanidade.
Porém, estas dificuldades podem ser superadas com As necessidades e expectativas da maioria da
um domínio maior do conteúdo por parte do professor, sociedade. Ë importante destacar que estas três
eleger mais do que um livro de referência, estar atualiza- referências não devem ser tomadas separadamente, pois
do com as notícias, conhecer melhor as características dos devem se apre- sentar juntos no ambiente escolar.
seus alunos, dominar técnicas, didáticas e metodologias. Devemos ter claro que o trabalho docente é uma
Com isto, cada tarefa didática será uma tarefa de pensa- atividade que envolve opções so- bre nosso conceito de
mento para o aluno. sociedade, pois isto vai determinar a relação com os
alunos. Isto prova que sempre consciente-
Algumas formas de estudo ativo mente ou não, temos ou traçamos objetivos.
O estudo ativo envolve inúmeros procedimentos para
despertar no aluno hábitos, habilidades de caráter perma- Objetivos gerais e objetivos específicos
nente. Para isto temos várias tarefas e exercícios Os objetivos são o marco inicial do processo pedagó-
específicos para este fim, listados aqui como pelo autor: gico e social, segundo Libâneo. Os objetivos gerais expli-
Exercícios de reprodução – testes rápidos para cam-se a partir de três níveis de abrangência. O primeiro
verificar assimilação e domínio de habilidades.
nível é o sistema escolar que determina as finalidades
Tarefa de preparação para o estudo – Diálogo estabe-
edu- cativas de acordo com a sociedade em que está
lecido entre o professor/aluno, aluno/aluno e observa e
inserido; o segundo é determinado pela escola que
re- visão de matérias anteriores.
estabelece as diretrizes e princípios do trabalho escolar; o
Tarefas de fases de assimilação de matérias – Ativida-
des que favoreçam o confronto entre os conhecimentos terceiro nível é o professor que concretiza tudo isto em
sistematizados e a realidade dos alunos. ações práticas na sala de aula.
Tarefas na fase de consolidação e aplicação – com- Alguns objetivos educacionais podem auxiliar os pro-
põem-se de exercícios e revisão de fixação. fessores a determinar seus objetivos específicos e conteú-
Fatores que influenciam no estudo dos de ensino. Entre estes objetivos educacionais desta-
ativo cam-se: a) colocar a educação no conjunto de lutas pela
Há vários fatores que influenciam no ato de estudar e democratização da sociedade; b) oferecer a todos as
aprender, entre estes fatores destacam-se alguns que in- crian- ças, sem nenhum tipo de discriminação cultural,
fluenciam de sobremaneira no estudo ativo. racial ou política, uma preparação cultural e científica a
1. O incentivo ao estudo – conjunto de estímulos que partir do ensino das materiais; c) assegurar a estas
estimulam no aluno sua motivação para aprender. crianças o desen- volvimento máximo de suas
2. As condições de aprendizagem – para oferecermos potencialidades; d) formar nos alunos a capacidade crítica
condições mínimas de aprendizagem, temos que e criativa em relação a matérias e sua aplicação; e) formar
conhecer muito bem as condições sócio-culturais dos convicções para a vida futura; f) institucionalizar os
alunos. processos de participação envolvendo todas as partes
3. A influência do professor e do ambiente escolar – formadoras da realidade escolar.
certamente o professor e o meio exercem uma influencia
muito forte no aluno. Os conteúdos de Ensino
O autor reitera aqui também a necessidade de uma Desde o início do livro, o autor vem reiterando a ideia
só- lida assimilação de conhecimentos para ocorrer uma que as escolas têm, como tarefa fundamental, a democra-
ver- dadeira aprendizagem. tização dos conhecimentos, garantindo uma base cultural
para jovens e crianças. Sob este aspecto, muitos professo-
CAPÍTULO 06 – Os Objetivos e Conteúdos de Ensino res fazem a ideia que os conteúdos são o conhecimento
Neste capítulo, o autor aborda a relação entre s com- corresponde a cada matéria, ou mesmo, que são a matéria
ponentes do processo de ensino, determina a unidade en- do livro didático. O autor fala que esta visão não é com-
tre objetivos-conteúdos e destes com os métodos. plemente errada, pois há sempre três elementos no ensi-
Os objetivos determinam de antemão os resultados no: matéria, professor e o aluno. Neste aspecto, devemos
esperados do processo entre o professor e aluno, deter- estudar o ensino dos conteúdos como uma ação recíproca
minam também a gama de habilidades e hábitos a serem entre a matéria, o ensino e o estudo dos alunos. Por isto é
adquiridos. Já os conteúdos formam a base da instrução. muito importante que os conteúdos tenham em si
O método por sua vez é a forma com que estes objetivos momen- tos de vivências práticas para dar significado aos
e conteúdos serão ministrados na prática ao aluno. mesmos. Definindo os conteúdos, eles são o conjunto de
A importância dos objetivos educacionais conhe- cimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos
A prática educacional baseia-se nos objetivos por e atitu- des, organizados pedagógica e didaticamente,
meio de uma ação intencional e sistemática para oferecer
buscando
apren- dizagem. Desta forma os objetivos são
a assimilação ativa e aplicação prática na vida dos alunos.
fundamentais para
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
Agora uma questão importante, apresentada no livro,
é a de quem deve escolher os conteúdos de ensino? Tem-se, assim, que as características dos métodos de
Certa- mente, deve-se considerar que cabe ao professor, ensi- no: estão orientados para os objetivos, implicam
em últi- ma instancia, esta tarefa. Nesta tarefa o professor numa su- cessão planejada de ações, requerem a
enfrenta pelo menos dois questionamentos fundamentais: utilização de meios.
Que con- teúdos e que métodos?
Para responder a primeira pergunta, o autor diz que Conceito de métodos de ensino
há três fontes para o professor selecionar os seus Um conceito simples de método é ser o caminho para
conteúdos do plano de ensino, a primeira é a atingir um objetivo. São métodos adequados para realizar
programação oficial para cada disciplina; a segunda, os objetivos. É importante entender que cada ramo do co-
conteúdos básicos das ciências transformados em nhecimento desenvolve seus próprios métodos, observa-
matérias de estudo; a terceira, exigên- cias teóricas se então métodos matemáticos, sociológicos,
práticas colocadas na vida dos alunos e sua inserção pedagógicos, entre outros. Já ao professor em sala de aula
social. cabe estimu- lar e dirigir o processo de ensino utilizando
Porém, a escolha do conteúdo vai além destas três um conjunto de ações, passos e procedimentos que
exigências, para entendermos, tem-se que observá-las em chamamos também de método. Agora não se pode
outros sentidos. Um destes sentidos é a participação na pensar em método como apenas um conjunto de
prática social; outro sentido fundamental é a prática da procedimentos, este é apenas um detalhe do método.
vida cotidiano dos alunos, da família, do trabalho, do meio Portanto, o método corresponde à se- quência de
cultural, fornecendo fatos a serem conectados ao estudo atividades do professor e do aluno.
das matérias. O terceiro destes sentidos refere-se à
própria condição de rendimento escolar dos alunos. A relação objetivo-conteúdo-método
Nesta visão, há uma dimensão crítico-social dos con- Um entendimento global sobre esta relação é que os
teúdos, e esta se manifesta no tratamento científico dado
métodos não têm vida sem os objetivos e conteúdos,
ao conteúdo, no seu caráter histórico, na intenção de vín-
dessa forma a assimilação dos conteúdos depende dos
culo dos conteúdos com a realidade da vida dos alunos.
métodos de ensino e aprendizagem. Com isto, a maior
Em síntese, esta dimensão crítica-social dos conteúdos
nada mais é do que uma metodologia de estudo e característica deste processo é a interdependência, onde o
interpretação dos objetivos do ensino. conteúdo de- termina o método por ser a base
Na atual sociedade, apesar do que foi visto anterior- informativa dos objetivos, porém, o método também
mente, tem-se conteúdos diferentes para diversas esferas pode ser conteúdo quando for objeto da assimilação.
e classes sociais, estas diferenças ratificam os privilégios O que realmente importa é que esta relação de unida-
existentes na divisão de classes já estabelecida pelo siste- de entre objetivo-conteúdo–método constitua a base do
ma capitalista. Neste sentido, os livros didáticos processo didático.
oferecidos no ensino das disciplinas, além de sistematizar
e difundir conhecimentos, servem também para encobrir Os princípios básicos do ensino
estas di- ferenças, ou mesmo, escamotear fatos da Estes princípios são os aspectos gerais do processo de
realidade para evitar contradições com sua orientação ensino que fundamentam teoricamente a orientação do
sócio cultural polí- tica. Com isto, o professor deve trabalho docente. Estes princípios também e fundamental-
sempre analisar os textos e livros que vai usar com os mente indicam e orientam a atividade do professor rumo
alunos, no sentido de oferecer um ensino igualitário que aos objetivos gerais e específicos. Estes princípios básicos
possa olhar criticamente estas máscaras da sociedade. de ensino são:
Conhecer o conteúdo da matéria e ter uma Ter caráter científico e sistemático – O professor deve
sensibilida- de crítica pode facilitar esta tarefa por parte buscar a explicação científica do conteúdo; orientar o
do professor. estu- do independente, utilizando métodos científicos;
certificar-
Critérios de seleção -se da consolidação da matéria anterior antes de
Aqui, o autor propõe uma forma mais didática de re- introduzir as matérias novas; organizar a sequência entre
solver esta difícil tarefa de selecionar os conteúdos a conceitos e habilidades; ter unidade entre objetivos-
serem ministrados em sala de aula. Abaixo, coloca-se esta conteúdos-méto- dos; organizar a aula integrando seu
forma ordenada de elaborar os conteúdos de ensino: conteúdo com as de- mais matérias; favorecer a formação,
Correspondência entre os objetivos gerais e os con- atitudes e convicções. Ser compreensível e possível de ser
teúdos. assimilado – Na prática, para se entender estes conceitos,
Caráter científico. deve-se: dosar o grau de dificuldade no processo de
Caráter sistemático. ensino; fazer um diag- nóstico periódico; analisar a
Relevância social. correspondência entre o nível de conhecimento e a
Acessibilidade e solidez. capacidade dos alunos; proporcionar
o aprimoramento e a atualização constante do professor.
CAPÍTULO 07 – Os Métodos de Ensino Assegurar a relação conhecimento-prática – Para
Como já se viu anteriormente, os métodos são deter- ofere-
minados pela relação objetivo-conteúdo, sendo os meios cermos isto aos alunos deve-se: estabelecer vínculos entre
para alcançar objetivos gerais e específicos de ensino. os conteúdos e experiências e problemas da vida prática;
pedir para os alunos sempre fundamentarem aquilo que
realizam na prática; mostrar a relação dos conhecimentos
com o de outras gerações.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
Assentar-se na unidade ensino-aprendizagem – ou
seja, na prática: esclarecer os alunos sobre os objetivos São todos os meios e recursos materiais utilizados
das aulas, a importância dos conhecimentos para a pelo professor ou alunos para organizar e conduzir o
sequência do estudo; provocar a explicitação da ensino e a aprendizagem. Os equipamentos usados em sala
contradição entre ideias e experiências; oferecer de aula (do quadro-negro até o computador) são meios de
condições didáticas para o aluno aprender ensino gerais possíveis de serem usados em todas as
independentemente; estimular o aluno a defender seus matérias. É importan- te que os professores saibam e
pontos de vista e conviver com o diferen- te; propor dominem estes equipamen- tos para poderem usá-los em
tarefas que exercitem o pensamento e soluções criativas; sala de aula com eficácia.
criar situações didáticas que ofereçam aplicar conteúdos
em situações novas; aplicar os métodos de so- luções de CAPÍTULO 08 – A Aula como Forma de Organização
problemas. do Ensino
A aula é a forma predominante de organização do
Garantir a solidez dos conhecimentos pro- cesso de ensino. Neste capítulo, o professor Libâneo
Levantar vínculos para o trabalho coletivo-particula- expli- ca o conjunto de meios e condições necessárias
ridades individuais, deve-se adotar as seguintes medidas para rea- lizarmos um conjunto de aulas, estruturando sua
para isto acontecer: explicar com clareza os objetivos; de- relação entre tipos de aulas e métodos de ensino.
senvolver um ritmo de trabalho que seja possível da tur-
ma acompanhar; prevenir a influência de particularidades Características gerais da aula
desfavoráveis ao trabalho do professor; respeitar e saber Abaixo, o autor determina algumas exigências a serem
diferenciar cada aluno e seus ritmos específicos. seguidas nas aulas:
Ampliação do nível cultural e científico dos alunos.
Classificação dos métodos de ensino Seleção e organização das atividades para prover um
Sabe-se que existem vários tipos de classificação de ensino criativo e independente.
métodos, seguindo determinados autores, no nosso estu- Empenho na formação dos métodos e hábitos de estudo.
do, o autor define os métodos de ensino como estando Formação de hábitos, atitudes e convicções ligadas à
intimamente ligados com os métodos de aprendizagem, vida prática dos alunos.
sob este ponto de vista o eixo do processo é a relação Valorização da sala de aula como meio educativo.
cog- noscitiva entre o aluno e professor. Pode-se Formação do espírito de coletividade, solidariedade e
diferenciar es- tes métodos segundo suas direções, ajuda mútua sem esquecer o individual.
podendo ser externo e interno. A partir disto, o autor lista
todos os métodos mais conhecidos de atividade em sala Estruturação didática da aula
de aula por parte do professor. A estruturação da aula deve ser indicada por etapas,
Método de exposição pelo professor – Este método é pla- nejadas e organizadas para favorecer o ensino e
o mais usado na escola, onde o aluno assume uma aprendiza- gem. Portanto, é importante no planejamento
posição passiva perante a matéria explanada. Ele pode ser da aula que este processo seja criativo e flexível por parte
de vá- rios tipos de exposição: verbal, demonstração, do professor. Estes passos ou etapas didáticas da aula são
ilustração, exemplificação. os seguintes:
Método de trabalho independente – consiste em ta- Preparação e introdução da matéria – visa criar as con-
refas dirigidas e orientadas pelo professor para os alunos dições de estudo, motivacionais e de atenção.
resolverem de maneira independente e criativa. Este Tratamento didático da matéria nova – se os passos
méto- do tem, na atitude mental do aluno, seu ponto do ensino não são mais que funções didáticas, este
forte.Tem também a possibilidade de apresentar fases tratamen- to já esta sendo feito. Tem-se que entender que
com a tarefa preparatória, tarefa de assimilação de a assimi- lação da matéria nova é um processo de
conteúdos, tarefa de elaborarão pessoal. Uma das formas interligação entre percepção ativa, compreensão e
mais conhecidas de trabalho independente é o estudo reflexão, sendo o proces- so de transmissão-assimilação a
dirigido individual ou em duplas. base metodológica para o tratamento didático da matéria
Método de elaboração conjunta – é um método de nova.
in- teração entre o professor e o aluno visando obter Consolidação e aprimoramento dos conhecimentos e
novos conhecimentos. habilidades – este é um importante momento de ensino
Método de trabalho de grupo – consiste em distribuir e muitas vezes menosprezado ou diminuído na escola. A
tarefas iguais ou não a grupos de estudantes, o autor cita consolidação pode acontecer em qualquer etapa do pro-
de três a cinco pessoas. Têm-se também formas cesso didático, podendo ser reprodutiva, de generalização
específicas de trabalhos de grupos comuns: debate, e criativa.
Philips 66, tem- pestade mental, grupo de verbalização, A aplicação – esta fase é a culminância do processo de
grupo de observa- ção (GV-GO), seminário. ensino. Seu objetivo é estabelecer vínculos entre os
Atividades especiais – são aquelas que complementam conhe- cimentos e a vida.
os métodos de ensino. Controle e avaliação dos resultados escolares – esta
Meios de ensino função percorre todas as etapas de ensino, cumprindo
três funções: a pedagógica, diagnóstica e de controle. A
inte- gração destas funções dá à avaliação um caráter
mais geral e não isolado.
19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
Tipos de aulas e métodos de ensino
Neste estudo, o autor coloca que, na concepção de Instrumentos de verificação do rendimento escolar
ensino, as tarefas docentes visam a organização e assimi- Uma das funções da avaliação é com certeza a de de-
lação ativa. Isto significa que as aulas podem ser prepara- terminar em que nível de qualidade está sendo atendido
das em correspondência com os passos do processo de os objetivos; para este fim, são necessários instrumentos
ensino. Neste sentido, pode-se ter aulas de preparação e e procedimentos. Alguns destes procedimentos ou instru-
introdução, início de uma unidade, aula de tratamento sis- mentos já são conhecidos, mas, neste subtítulo, o autor
tematizado da matéria nova, consolidação, verificação da re- visa e cita muitos deles ou os mais usados para
aprendizagem. Conforme o tipo de aula escolhe-se o mé- verificar o rendimento escolar:
todo de ensino. Prova escrita dissertativa.
Prova escrita de questões objetivas.
A tarefa de casa Questões certo-errado (C ou E).
Esta tarefa é um importante complemento das ati- Questões de lacunas (para completar).
vidades didáticas de sala de aula. O autor considera que Questões de correspondência.
esta tarefa cumpre também uma função social integran- Questões de múltipla escolha.
do a família às atividades escolares, integrando os pais Questões do tipo “teste de respostas curtas” ou de
aos professores. Estas tarefas não devem ser apenas evocação simples.
exercícios, devem ser também preparatórias ou de Questões de interpretação de texto.
aprofundamento da matéria. Questões de ordenação.
Questões de identificação.
CAPÍTULO 09 – A Avaliação Escolar Procedimentos auxiliares de avaliação
A avaliação escolar é abordada em minúcias neste ca-
pitulo pelo autor. A avaliação é em última análise uma re- 11.1 A Observação;
flexão do nível qualitativo do trabalho escolar do A Entrevista;
professor e do aluno. Sabe-se também que ela é Ficha sintética de dados dos alunos.
complexa e não envolve apenas testes e provas para Atribuição de notas ou conceitos
determinar uma nota.
As notas demonstram de forma abreviada os resulta-
dos do processo de avaliação. Esta avaliação tem também
Uma definição de avaliação escolar
uma função de controle, expressando o resultado em no-
Segundo o professor Cipriano C. Luckesi, a avaliação é
tas e conceitos. O autor fala também da importância de se
uma análise quantitativa dos dados relevantes do
processo de ensino aprendizagem que auxilia o professor valorizar todas as formas de avaliação, ou instrumentos, e
na tomada de decisões. Os dados relevantes aqui se não apenas a prova no fim do bimestre como grande nota
referem às ações didáticas. Com isto, nos diversos absoluta, que não valoriza o processo. Propõe uma escala
momentos de ensino a avaliação tem como tarefa: a de pontos ensinando como utilizar médias aritméticas
verificação, a qualificação e a apreciação qualitativa. Ela para pesos diferentes, por fim, mostra como se deve
também cumpre pelo menos três funções no processo de aproximar notas decimais.
ensino: a função pedagógica didática, a função de
diagnóstico e a função de controle. CAPÍTULO 10 – O Planejamento Escolar
O autor começa este capítulo dizendo que o planeja-
Avaliação na prática escolar mento, ensino e a avaliação são atividades que devem su-
Lamentavelmente a avaliação na escola vem sido re- por conhecimento do processo de ensino e
sumida a dar e tirar ponto, sendo apenas uma função de aprendizagem. O planejamento escolar propõe uma
controle, dando a ela um caráter quantitativo. Certamente, tarefa ao profes-
com isto, os professores não conseguem efetivamente sor de previsão e revisão do processo de ensino
usar os procedimentos de avaliar. Com estas ações, completa- mente. Há três modalidades de planejamento:
quando a avaliação se resume a provas, professores com o plano da escola, o plano de ensino e o plano de aulas.
critérios onde décimos às vezes reprovam alunos, há a
exclusão do professor do seu papel docente, que é de Importância do planejamento escolar
fornecer os meios pedagógico-didáticos para os alunos O planejamento do trabalho docente é um processo
aprenderem sem intimidação. de racionalização, organização e coordenação da ação do
Características da avaliação escolar professor, tendo as seguintes funções: explicar princípios,
Agora, o autor sintetiza as principais características da diretrizes e procedimentos do trabalho; expressar os
avaliação escolar. víncu- los entre o posicionamento filosófico, político,
Reflete a unidade objetivos-conteúdos- pedagógico e profissional das ações do professor;
métodos. Possibilita a revisão do plano de assegurar a racio- nalização, organização e coordenação
ensino. do trabalho; prever objetivos, conteúdos e métodos;
Ajuda a desenvolver capacidades e habilidades. assegurar a unidade e a coerência do trabalho docente;
Volta-se para a atividade dos alunos. atualizar constantemente o conteúdo do plano; facilitar a
Ser objetiva. preparação das aulas.
Ajuda na auto percepção do professor. Tem-se que entender o plano como um guia de orien-
Reflete valores e expectativas do professor em relação tação devendo este possuir uma ordem sequencial, objeti-
aos alunos. vidade e coerência entre os objetivos gerais e específicos,
Esta frase marca este subtítulo “A avaliação é um ato sendo também flexível.
pedagógico”. (Libâneo, 1994, p.203).
20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
Requisitos para o planejamento
Os principais requisitos para o planejamento são os Aspectos cognoscitivos da interação
objetivos e tarefas da escola democrática; as exigências O autor define como cognoscitivo o processo ou mo-
dos planos e programas oficiais; as condições prévias dos vimentos que transcorre no ato de ensinar e no ato de
alunos para a aprendizagem; e as condições do processo aprender. Sob este ponto de vista, o trabalho do professor
de transmissão e assimilação ativa dos conteúdos. é um constante vai e vem entre as tarefas cognoscitivas e
o nível dos alunos. Para se ter um bom resultado de
O plano da escola interação nos aspectos cognoscitivo deve-se: manejar os
O plano de escola é um plano pedagógico e adminis- recursos de linguagem; conhecer o nível dos alunos; ter
trativo que serve como guia de orientação para o planeja- um bom plano de aula; objetivos claros; e claro, é
mento e trabalho docente. O autor descreve os passos indispensável o uso cor- reto da língua Portuguesa.
para a realização de um plano da escola, as principais
premissas e perguntas que devemos formular para sua Aspectos sócio emocionais
elaboração são: posicionamento da educação escolar na Estes aspectos são os vínculos afetivos entre o profes-
sociedade; bases teórico-metodológicas da organização sor e os alunos. É preciso aprender a combinar a
didática e administrativa; características econômicas, severidade e o respeito. Deve-se entender que neste
social, política e cultural do contexto em que a escola está processo peda- gógico a autoridade e a autonomia
inserida; carac- terísticas sócio-culturais dos alunos; devem conviver juntas, a autoridade do professor e a
diretrizes gerais sobre sistema de matérias, critério de autonomia do aluno, não de forma contraditória comum
seleção de objetivos e con- teúdos; diretrizes pode parecer mais de forma complementar.
metodológicas, sistemáticas de avaliação; diretrizes de
organização e administração. A disciplina na classe
Uma das grandes dificuldades em sala de aula é a
O plano de ensino cha- mado “controle da disciplina”.
O autor afirma o plano de ensino como o roteiro de- Não existe uma fórmula mágica para esta tarefa, mas
talhado das unidades didáticas. Podemos chamar também o autor coloca que a disciplina na classe está tão
de plano de curso ou plano e unidades didáticas. diretamente ligada à prática docente, quanto à autoridade
profissional, moral e técnica do professor. Este conjunto
Este plano de ensino é formado das seguintes compo- de característi- cas é que vai determinar a disciplina na
nentes: classe.
Justificativa das disciplinas; Autor: Max Gunther Haetinger
Delimitação dos conteúdos;
Os objetivos gerais;
Os objetivos específicos; LUCKESI, CIPRIANO CARLOS. AVALIAÇÃO DA
Desenvolvimento metodológico; APRENDIZAGEM ESCOLAR. 17A ED. SÃO PAULO:
Conteúdos;
CORTEZ, 2005.
Tempo provável;
Desenvolvimento metodológico.
O plano de aula
O plano de aula é certamente um detalhamento do O QUE É MESMO O ATO DE AVALIAR A APRENDI-
plano de ensino, é uma especificação do mesmo. O deta- ZAGEM?
lhamento da aula é fundamental para obtermos uma
quali- dade no ensino, sendo assim o plano de aula torna- Cipriano Carlos Luckesi
se indis- pensável. Em primeiro lugar, deve-se considerar
que a aula é um período de tempo variável, sendo assim, A avaliação da aprendizagem escolar se faz presente
as unidades devem ser distribuídas sabendo-se que às na vida de todos nós que, de alguma forma, estamos
vezes é preciso bem mais do que uma aula para finalizar compro- metidos com atos e práticas educativas. Pais,
uma unidade ou fase de ensino. Nesta preparação, o educadores, educandos, gestores das atividades
professor deve reler os objetivos gerais das matérias e a educativas públicas e particulares, administradores da
sequência dos conteúdos; desdobrar as unidades a serem educação, todos, estamos comprometidos com esse
desenvolvidas; redigir obje- tivos específicos por cada fenômeno que cada vez mais ocupa espaço em nossas
tópico; desenvolver a metodolo- gia por assunto; avaliar preocupações educativas.
sempre a própria aula. O que desejamos é uma melhor qualidade de vida. No
caso deste texto, compreendo e exponho a avaliação da
CAPÍTULO 11 – Relações Professor-Aluno na Sala de Aula aprendizagem como um recurso pedagógico útil e neces-
Um fator fundamental do trabalho docente trata da sário para auxiliar cada educador e cada educando na
re- bus- ca e na construção de si mesmo e do seu melhor
lação entre o aluno e o professor, da forma de se modo de ser na vida.
comunicar, se relacionar afetivamente, as dinâmicas e A avaliação da aprendizagem não é e não pode con-
observações são fundamentais para a organização e tinuar sendo a tirana da prática educativa, que ameaça e
motivação do trabalho docente. O autor chama isto de submete a todos. Chega de confundir avaliação da apren-
“situação didática” para al- cançarmos com sucesso os dizagem com exames. A avaliação da aprendizagem, por
objetivos do processo de ensino.
21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
ser avaliação, é amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva,
diversa dos exames, que não são amorosos, são excluden- uma melhor qualidade de vida se estiver assentada sobre
tes, não são construtivos, mas classificatórios. A avaliação a disposição para acolher, pois é a partir daí que podemos
inclui, traz para dentro; os exames selecionam, excluem, construir qualquer coisa que seja.
marginalizam.
No que se segue, apresento aos leitores alguns enten- Por uma compreensão do ato de avaliar
dimentos básicos para compreender e praticar a avaliação
da aprendizagem como avaliação e não, Assentado no ponto de partida acima estabelecido, o
equivocadamente, como exames. ato de avaliar implica dois processos articulados e indisso-
Antes de mais nada, uma disposição psicológica ciáveis: diagnosticar e decidir. Não é possível uma decisão
neces- sária ao avaliador sem um diagnóstico, e um diagnóstico, sem uma decisão
O ato de avaliar, devido a estar a serviço da obtenção é um processo abortado.
do melhor resultado possível, antes de mais nada, implica Em primeiro lugar, vem o processo de diagnosticar,
a disposição de acolher. Isso significa a possibilidade de que constitui-se de uma constatação e de uma
tomar uma situação da forma como se apresenta, seja ela qualificação do objeto da avaliação. Antes de mais nada,
satisfatória ou insatisfatória agradável ou desagradável, portanto, é preciso constatar o estado de alguma coisa
bonita ou feia. Ela é assim, nada mais. Acolhê-la como (um objeto, um espaço, um projeto, uma ação, a
está é o ponto de partida para se fazer qualquer coisa que aprendizagem, uma pes- soa...), tendo por base suas
pos- sa ser feita com ela. Avaliar um educando implica, propriedades específicas. Por exemplo, constato a
antes de mais nada, acolhe-lo no seu ser e no seu modo existência de uma cadeira e seu esta- do, a partir de suas
de ser, como está, para, a partir daí, decidir o que fazer. propriedades ‘físicas’ (suas caracterís- ticas): ela é de
madeira, com quatro pernas, tem o assento estofado, de
A disposição de acolher está no sujeito do avaliador, e cor verde... A constatação sustenta a configu- ração do
não no objeto da avaliação. O avaliador é o adulto da ‘objeto’, tendo por base suas propriedades, como estão
rela- ção de avaliação, por isso ele deve possuir a no momento. O ato de avaliar, como todo e qualquer ato
disposição de acolher. Ele é o detentor dessa disposição. de conhecer, inicia-se pela constatação, que nos dá a
E, sem ela, não há avaliação. Não é possível avaliar um garantia de que o objeto é como é. Não há possibilidade
objeto, uma pessoa ou uma ação, caso ela seja recusada de avaliação sem a constatação.
ou excluída, desde o início, ou mesmo julgada A constatação oferece a ‘base material’ para a segun-
previamente. Que mais se pode fazer com um objeto, da parte do ato de diagnosticar, que é qualificar, ou seja,
ação ou pessoa que foram recusados, desde o primeiro atribuir uma qualidade, positiva ou negativa, ao objeto
momento? Nada, com certeza! que está sendo avaliado. No exemplo acima, qualifico a
Imaginemos um médico que não tenha a disposição cadeira como satisfatória ou insatisfatória, tendo por base
para acolher o seu cliente, no estado em que está; um em- as suas propriedades atuais. Só a partir da constatação, é
presário que não tenha a disposição para acolher a sua que qua- lificamos o objeto de avaliação. A partir dos
em- presa na situação em que está; um pai ou uma mãe dados consta- tados é que atribuímos-lhe uma qualidade.
que não tenha a disposição para acolher um filho ou uma
fi- lha em alguma situação embaraçosa em que se Entretanto, essa qualificação não se dá no vazio. Ela é
encontra. Ou imaginemos cada um de nós, sem estabelecida a partir de um determinado padrão, de um
disposição para nos acolhermos a nós mesmos no estado determinado critério de qualidade que temos, ou que es-
em que estamos. As doenças, muitas vezes, não podem tabelecemos, para este objeto. No caso da cadeira, ela
mais sofrer qualquer intervenção curativa adequada está sendo qualificada de satisfatória ou insatisfatória em
devido ao fato de que a pessoa, por vergonha, por medo fun- ção do quê? Ela, no caso, será satisfatória ou
social ou por qualquer outra razão, não pode acolher o insatisfatória em função da finalidade à qual vai servir. Ou
seu próprio estado pes- soal, protelando o momento de seja, o objeto da avaliação está envolvido em uma
procurar ajuda, chegando ao extremo de ‘já não ter muito tessitura cultural (teó- rica), compreensiva, que o envolve.
mais o que fazer!’. Mantendo o exemplo acima, a depender das
A disposição para acolher é, pois, o ponto de partida circunstâncias onde esteja a cadeira, com suas
para qualquer prática de avaliação. É um estado psicoló- propriedades específicas, ela será qualificada de positiva
gico oposto ao estado de exclusão, que tem na sua base ou de negativa. Assim sendo, uma mesma cadeira poderá
o julgamento prévio. O julgamento prévio está sempre na ser qualificada como satisfatória para um determi- nado
defesa ou no ataque, nunca no acolhimento. A disposição ambiente, mas insatisfatória para um outro ambiente,
para julgar previamente não serve a uma prática de avalia- possuindo as mesmas propriedades específicas. Desde
ção, porque exclui. que diagnosticado um objeto de avaliação, ou seja,
Para ter essa disposição para acolher, importa estar configu- rado e qualificado, há algo, obrigatoriamente, a
atento a ela. Não nascemos naturalmente com ela, mas ser feito, uma tomada de decisão sobre ele. O ato de
sim a construímos, a desenvolvemos, estando atentos ao qualificar, por si, implica uma tomada de posição –
modo como recebemos as coisas. Se antes de ouvirmos positiva ou negativa –, que, por sua vez, conduz a uma
ou ver- mos alguma coisa já estamos julgando, positiva tomada de decisão. Caso um objeto seja qualificado como
ou nega- tivamente, com certeza, não somos capazes de satisfatório, o que fazer com ele? Caso seja qualificado
acolher. A avaliação só nos propiciará condições para a como insatisfatório, o que fazer com ele? O ato de avaliar
obtenção de não é um ato neutro que
22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
se encerra na constatação. Ele é um ato dinâmico, que im-
plica na decisão de ‘o que fazer’ Sem este ato de decidir, o A recusa pode se manifestar de muitos modos, desde
ato de avaliar não se completa. Ele não se realiza. Chegar os mais explícitos até os mais sutis. A recusa explícita se
ao diagnóstico é uma parte do ato de avaliar. A situação dá quando deixamos claro que estamos recusando
de ‘diagnosticar sem tomar uma decisão’ assemelha-se à alguém. Porém, existem modos sutis de recusar, tal como
situação do náufrago que, após o naufrágio, nada com to- no exem- plo seguinte. Só para nós, em nosso interior,
das as suas forças para salvar-se e, chegando às margens, sem dizer nada para ninguém, julgamos que um aluno X
morre, antes de usufruir do seu esforço. Diagnóstico sem ‘é do tipo que dá trabalho e que não vai mudar’. Esse
tomada de decisão é um curso de ação avaliativa que não juízo, por mais silencioso que seja em nosso ser, está lá
se completou. colocando esse educando de fora. E, por mais que pareça
Como a qualificação, a tomada de decisão também que não, estará interferindo em nossa relação com ele. Ele
não se faz num vazio teórico. Toma-se decisão em função sempre estará fora do nosso círculo de relações. Acolhê-lo
de um objetivo que se tem a alcançar. Um médico toma significa estar aberto para recebê-lo como é. E só vendo a
decisões a respeito da saúde de seu cliente em função de situação como é podemos compreendê-la para,
melhorar sua qualidade de vida; um empresário toma dialogicamente, ajudá-lo.
deci- sões a respeito de sua empresa em função de
melhorar seu desempenho; um cozinheiro toma decisões Isso não quer dizer aceitar como certo tudo que vem
a respeito do alimento que prepara em função de dar-lhe do educando. Acolher, neste caso, significa a possibilida-
o melhor sabor possível, e assim por diante. de de abrir espaço para a relação, que, por si mesma, terá
Em síntese, avaliar é um ato pelo qual, através de uma confrontos, que poderão ser de aceitação, de negociação,
disposição acolhedora, qualificamos alguma coisa (um ob- de redirecionamento. Por isso, a recusa
jeto, ação ou pessoa), tendo em vista, de alguma forma, consequentemente impede as possibilidades de qualquer
tomar uma decisão sobre ela. relação dialógica, ou seja, as possibilidades da prática
Quando atuamos junto a pessoas, a qualificação e a educativa. O ato de aco- lher é um ato amoroso, que traz
decisão necessitam ser dialogadas. O ato de avaliar não ‘para dentro’, para depois (e só depois) verificar as
é um ato impositivo, mas sim um ato dialógico, amoroso possibilidades do que fazer.
e construtivo. Desse modo, a avaliação é uma auxiliar de Assentados no acolhimento do nosso educando, po-
uma vida melhor, mais rica e mais plena, em qualquer de demos praticar todos os atos educativos, inclusive a
seus setores, desde que constata, qualifica e orienta pos- avalia- ção. E, para avaliar, o primeiro ato básico é o de
sibilidades novas e, certamente, mais adequadas, porque diagnos- ticar, que implica, como seu primeiro passo,
assentadas nos dados do presente. coletar dados relevantes, que configurem o estado de
aprendizagem do educando ou dos educandos. Para
Avaliação da aprendizagem escolar tanto, necessitamos instrumentos. Aqui, temos três pontos
básicos a levar em consideração: 1) dados relevantes; 2)
Vamos transpor esse conceito da avaliação para a instrumentos; 3) utili- zação dos instrumentos.
com- preensão da avaliação da aprendizagem escolar. Cada um desses pontos merece atenção.
Tomando as elucidações conceituais anteriores, vamos Os dados coletados para a prática da avaliação da
aplicar, passo a passo, cada um dos elementos à avaliação aprendizagem não podem ser quaisquer. Deverão ser co-
da aprendiza- gem escolar. letados os dados essenciais para avaliar aquilo que esta-
Iniciemos pela disposição de acolher. Para se proces- mos pretendendo avaliar. São os dados que caracterizam
sar a avaliação da aprendizagem, o educador necessita especificamente o objeto em pauta de avaliação. Ou seja,
dispor-se a acolher o que está acontecendo. Certamente a avaliação não pode assentar-se sobre dados secundários
o educador poderá ter alguma expectativa em relação a do ensino-aprendizagem, mas, sim, sobre os que efetiva-
possíveis resultados de sua atividade, mas necessita estar mente configuram a conduta ensinada e aprendida pelo
disponível para acolher seja lá o que for que estiver acon- educando. Caso esteja avaliando aprendizagens
tecendo. Isso não quer dizer que ‘o que está acontecendo’ específicas de matemática, dados sobre essa
seja o melhor estado da situação avaliada. Importa estar aprendizagem devem ser coletados e não outros; e, assim,
disponível para acolhê-la do jeito em que se encontra, de qualquer outra área do conhecimento. Dados
pois só a partir daí é que se pode fazer alguma coisa. essenciais são aqueles que estão de- finidos nos
Mais: no caso da aprendizagem, como estamos traba- planejamentos de ensino, a partir de uma teoria
lhando com uma pessoa – o educando –, importa acolhê- pedagógica, e que foram traduzidos em práticas educati-
lo como ser humano, na sua totalidade e não só na vas nas aulas.
aprendi- zagem específica que estejamos avaliando, tais Isso implica que o planejamento de ensino necessita
como lín- gua portuguesa, matemática, geografia.... ser produzido de forma consciente e qualitativamente sa-
Acolher o educando, eis o ponto básico para proceder tisfatória, tanto do ponto de vista científico como do
atividades de avaliação, assim como para proceder toda e ponto de vista políticopedagógicos.
qualquer prática educativa. Sem acolhimento, temos a re- Por outro lado, os instrumentos de avaliação da
cusa. E a recusa significa a impossibilidade de estabelecer apren- dizagem, também, não podem ser quaisquer
um vínculo de trabalho educativo com quem está sendo instrumentos, mas sim os adequados para coletar os
recusado. dados que estamos necessitando para configurar o estado
de aprendizagem do nosso educando. Isso implica que os
instrumentos: a) sejam adequados ao tipo de conduta e
de habilidade que estamos avaliando (informação,
compreensão, análise, sín-
23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
tese, aplicação...); b) sejam adequados aos conteúdos es-
senciais planejados e, de fato, realizados no processo de entre nossos educandos ou pesaroso e ameaçador?
ensino (o instrumento necessita cobrir todos os Aplicar instrumentos de avaliação exige muitos cuidados
conteúdos que são considerados essenciais numa para que não distorçam a realidade, desde que nossos
determinada unida- de de ensino-aprendizagem; c) educandos são seres humanos e, nessa condição, estão
adequados na linguagem, na clareza e na precisão da submetidos às múltiplas variáveis intervenientes em
comunicação (importa que o educando compreenda nossas experiências de vida.
exatamente o que se está pedindo dele); adequados ao Coletados os dados através dos instrumentos, como
processo de aprendizagem do edu- cando (um nós os utilizamos? Os dados coletados devem retratar o
instrumento não deve dificultar a aprendizagem do estado de aprendizagem em que o educando se encontra.
educando, mas, ao contrário, servir-lhe de reforço do que Isto feito, importa saber se este estado é satisfatório
já aprendeu. Responder as questões significativas sig- ou não. Daí, então, a necessidade que temos de qualificar
nifica aprofundar as aprendizagens já realizadas.). a aprendizagem, manifestada através dos dados coleta-
Um instrumento de coleta de dados pode ser dos. Para isso, necessitamos utilizar-nos de um padrão de
desastro- so, do ponto de vista da avaliação da qualificação. O padrão, ao qual vamos comparar o estado
aprendizagem, como em qualquer avaliação, na medida de aprendizagem do educando, é estabelecido no plane-
em que não colete, com qualidade, os dados necessários jamento de ensino, que, por sua vez, está sustentado em
ao processo de avalia- ção em curso. Um instrumento uma teoria do ensino. Assim, importa, para a prática da
inadequado ou defeituo- so pode distorcer qualificação dos dados de aprendizagem dos educandos,
completamente a realidade e, por isso, oferecer base tanto a teoria pedagógica que a sustenta, como o planeja-
inadequada para a qualificação do objeto da avaliação e, mento de ensino que fizemos.
consequentemente, conduzir a uma decisão também A teoria pedagógica dá o norte da prática educativa
distorcida. e o planejamento do ensino faz a mediação entre a teoria
Será que nossos instrumentos de avaliação da apren- pedagógica e a prática de ensino na aula. Sem eles, a
dizagem, utilizados no cotidiano da escola, são suficien- práti- ca da avaliação escolar não tem sustentação.
temente adequados para caracterizar nossos educandos? Deste modo, caso utilizemos uma teoria pedagógica
Será que eles coletam os dados que devem ser coletados? que considera que a retenção da informação basta para o
Será que eles não distorcem a realidade da conduta de desenvolvimento do educando, os dados serão qualifica-
nossos educandos, nos conduzindo a juízos distorcidos? dos diante desse entendimento. Porém, caso a teoria pe-
Quaisquer que sejam os instrumentos – prova, teste, dagógica utilizada tenha em conta que, para o desenvolvi-
redação, monografia, dramatização, exposição oral, argui- mento do educando, importa a formação de suas
ção, etc. – necessitam manifestar qualidade satisfatória habilida- des de compreender, analisar, sintetizar, aplicar...,
como instrumento para ser utilizado na avaliação da os dados coletados serão qualificados, positiva ou
apren- dizagem escolar, sob pena de estarmos negativamente, diante dessa exigência teórica.
qualificando ina- dequadamente nossos educandos e, Assim, para qualificar a aprendizagem de nossos edu-
consequentemente, praticando injustiças. Muitas vezes, candos, importa, de um lado, ter clara a teoria que utili-
nossos educandos são competentes em suas habilidades, zamos como suporte de nossa prática pedagógica, e, de
mas nossos instrumen- tos de coleta de dados são outro, o planejamento de ensino, que estabelecemos
inadequados e, por isso, os jul- gamos, incorretamente, como guia para nossa prática de ensinar no decorrer das
como incompetentes. Na verdade, o defeito está em unida- des de ensino do ano letivo. Sem uma clara e
nossos instrumentos, e não no seu de- sempenho. Bons consistente teoria pedagógica e sem um satisfatório
instrumentos de avaliação da aprendiza- gem são planejamento de ensino, com sua consequente execução,
condições de uma prática satisfatória de avaliação na os atos avaliativos serão praticados aleatoriamente, de
escola. forma mais arbitrária do que o são em sua própria
constituição. Serão praticados sem vínculos com a
Ainda uma palavra sobre o uso dos instrumentos. realidade educativa dos educandos.
Realizados os passos anteriores, chegamos ao diag-
Como nós nos utilizamos dos instrumentos de avalia- nóstico. Ele é a expressão qualificada da situação, pessoa
ção, no caso da avaliação da aprendizagem? Eles são utili- ou ação que estamos avaliando.
zados, verdadeiramente, como recursos de coleta de Temos, pois, uma situação qualificada, um
dados sobre a aprendizagem de nossos educandos, ou diagnóstico. O que fazer com ela? O ato avaliativo, só se
são utili- zados como recursos de controle disciplinar, de completará, como dissemos nos preliminares deste estudo,
ameaça e submissão de nossos educandos aos nossos com a toma- da de decisão do que fazer com a situação
desejos? Po- demos utilizar um instrumento de avaliação diagnosticada.
junto aos nos- sos educandos, simplesmente, como um Caso a situação de aprendizagem diagnosticada seja
recurso de coletar dados sobre suas condutas aprendidas satisfatória, que vamos fazer com ela? Caso seja insatisfa-
ou podemos utilizar esse mesmo instrumento como tória, que vamos fazer com ela? A situação diagnosticada,
recurso de disciplinamen- to externo e aversivo, através seja ela positiva ou negativa, e o ato de avaliar, para se
da ameaça da reprovação, da geração do estado de completar, necessita da tomada de decisão A decisão do
medo, da submissão, e outros. Afinal, aplicamos os que fazer se impõe no ato de avaliar, pois, em si mesmo,
instrumentos com disposição de aco- lhimento ou de ele contém essa possibilidade e essa necessidade. A
recusa dos nossos educandos? Ao aplicar- mos os avalia- ção não se encerra com a qualificação do estado
instrumentos de avaliação, criamos um clima leve em que está o educando ou os educandos ela obriga a
decisão, não
24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
é neutra. A avaliação só se completa com a possibilidade
de indicar caminhos mais adequados e mais satisfatórios teóricos para se discutir como se configura a ação admi-
para uma ação, que está em curso. O ato de avaliar nistrativa do diretor de escola básica (com enfoque espe-
implica a busca do melhor e mais satisfatório estado cial no ensino fundamental) diante dos fins da educação e
daquilo que está sendo avaliado. da especificidade do processo de produção pedagógico.
A avaliação da aprendizagem, deste modo, nos pos- Tendo por base a literatura científica sobre administração
sibilita levar à frente uma ação que foi planejada dentro escolar, o trabalho traz à discussão uma concepção
de um arcabouço teórico, assim como político. Não será conser- vadora, mais identificada com o senso comum
qualquer resultado que satisfará, mas sim um resultado educacional, que advoga métodos e princípios idênticos
compatível com a teoria e com a prática pedagógica que aos aplicados na administração empresarial capitalista, e
estejamos utilizando. a confronta com uma concepção de cunho progressista,
Em síntese, avaliar a aprendizagem escolar implica es- que leva em conta a condição cultural e histórica do
tar disponível para acolher nossos educandos no estado trabalho pedagó- gico. Ao adotar o ponto de vista desta
em que estejam, para, a partir daí, poder auxiliá-los em última concepção, o texto examina a direção escolar
sua trajetória de vida. Para tanto, necessitamos de cuida- tanto em sua condição técnica, ligada à condição de
dos com a teoria que orienta nossas práticas educativas, utilização racional de meios, que precisa ser consentânea
assim como de cuidados específicos com os atos de com o caráter educativo de seu produto, quanto em sua
avaliar que, por si, implicam em diagnosticar e renegociar condição política, ligada (do mesmo modo) a seu
perma- nentemente o melhor caminho para o produto, mas principalmente à forma de relação social,
desenvolvimento, o melhor caminho para a vida. Por que se impõe como relação democrática. Fonte:
conseguinte, a avaliação da aprendizagem escolar não http://www.scielo.br/scielo.php?pi-
implica aprovação ou repro- vação do educando, mas sim d=S1517-97022010000300008&script=sci_abstrac-
orientação permanente para o seu desenvolvimento, t&tlng=pt
tendo em vista tornar-se o que o seu SER pede.
Concluindo
PARO, VITOR. DIRETOR ESCOLAR:
A qualidade de vida deve estar sempre posta à nossa EDUCADOR OU GERENTE?. SÃO PAULO: CORTEZ,
frente. Ela é o objetivo. Não vale a pena o uso de tantos 2015.
atalhos e tantos recursos, caso a vida não seja alimenta-
da tendo em vista o seu florescimento livre, espontâneo
e criativo. A prática da avaliação da aprendizagem, para
manifestar-se como tal, deve apontar para a busca do me- O professor titular da Faculdade de Educação da Uni-
lhor de todos os educandos, por isso é diagnóstica, e não versidade de São Paulo (USP), Vitor Henrique Paro, tem
voltada para a seleção de uns poucos, como se muito bem definido o objetivo da escola. “Ela tem o papel
comportam os exames. Por si, a avaliação, como dissemos, de fazer crianças e adolescentes se apropriarem daquilo
é inclusiva e, por isso mesmo, democrática e amorosa. Por que o homem produziu historicamente, ou seja, ela tem
ela, por onde quer que se passe, não há exclusão, mas sim um compromisso com a formação desse ser humano
diagnóstico e construção. Não há submissão, mas sim histórico”.
liberdade. Não há medo, mas sim espontaneidade e
busca. Não há chegada definitiva, mas sim travessia É desse lugar que o educador e pesquisador lança
permanente, em busca do me- lhor. Sempre! suas análises, reflexões e provocações sobre o sistema
educacio- nal e seu funcionamento. Em mais de uma
dezena de livros publicados, Vitor já se encontrou com
PARO, VITOR. A EDUCAÇÃO, A POLÍTICA E A temas como gestão democrática, qualidade do ensino,
ADMINISTRAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DO reprovação escolar e es- trutura das escolas, entre outros.
DIRETOR DE ESCOLA IN: Na obra “Diretor Escolar: educador ou gerente?”, o
au- tor se debruça sobre a prática do principal dirigente
EDUCAÇÃO E PESQUISA, SÃO PAULO, V. 36, N.3, P.
esco- lar, buscando examinar como a sua atuação técnica
763-778, SET./DEZ, 2010.
e po- lítica pode ser promotora de uma educação de
qualidade. Em entrevista concedida ao Centro de
Referências em Educação Integral, Vitor Paro reconhece
que o diretor é um administrador, uma vez que precisa
À luz de um conceito de administração (ou gestão) gerir recursos para al- cançar um fim educacional. No
como mediação para a realização de fins e de uma con- entanto, reforça que essa atuação em nada tem a ver com
cepção de política como convivência (conflituosa ou não) pensar a escola dentro de uma lógica empresarial. Pelo
entre sujeitos, e tendo presente o caráter necessariamente contrário, o diretor será capaz de gerir melhor os seus
democrático da educação para a formação de personali- recursos à medida em que for um
dades humano-históricas, este artigo apresenta subsídios bom educador.
Alinhando conceitos
Já nas primeiras linhas de seu livro, o pesquisador es-
clarece porque traz o conceito da administração para falar
sobre a prática do diretor escolar.
25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
“Tradicionalmente, os estudos sobre a atuação do PARO, VITOR. GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA
dire- tor costumam ater-se a uma concepção de PÚBLICA. 4A ED. SÃO PAULO: CORTEZ, 2016.
administração diversa do conceito amplo utilizado neste
livro, razão pela qual restringem a ação administrativa dos
diretores apenas às atividades-meio, dicotomizando,
assim, as atividades es- colares em administrativas e
pedagógicas”, relata em tre- cho da obra.
Segundo Paro, essa abordagem acaba por tornar as A escola básica, sua gestão, a educação pública e de
atividades administrativas e pedagógicas mutuamente ex- qualidade como alvo supremo: eis os temas centrais que
clusivas, como se elas não pudessem coexistir. consagraram este verdadeiro clássico da gestão escolar no
Reconhecendo o diretor como um administrador Brasil, que agora aparece em edição revista e atualizada.
O pesquisador explica que administrar é utilizar Nos sete ensaios aqui reunidos são discutidas questões
recursos de maneira racional para atingir um determinado re- lacionadas à organização e funcionamento da escola
fim. Na escola, segundo ele, isso também se aplica, já que bási- ca e ao desenvolvimento das atividades de ensino
o objetivo da instituição deve ser o fim educativo,
em seu interior. Sempre na perspectiva da gestão escolar
garantindo o direito dos estudantes a terem acesso a
como como mediação para a realização de fins
diversas aprendizagens.
educativos, Vitor Henrique Paro examina problemas
Em sua análise, no contexto educacional, os recursos
que devem ser administrados pelo diretor se classificam relacionados à efetiva participação de alunos, professores,
em objetivos e subjetivos. Os objetivos se referem a ele- pais, e demais sujeitos envolvidos no trabalho da escola,
mentos fundamentais no processo do trabalho, como o buscando formas demo- cráticas de realização de uma
prédio escolar, o mobiliário, o material escolar e livros, en- educação verdadeiramente emancipadora de cidadãos
tre outros componentes. humano-históricos.
Os subjetivos, por sua vez, referem-se à força de tra- Fonte: http://www.cortezeditora.com.br/gestao-
balho, à energia daqueles que trabalham dentro da -democratica-da-escola-publica-1614.aspx/p
escola. Aqui, são colocados os diversos atores escolares –
coor- denadores, professores, demais funcionários e os
próprios estudantes, “já que eles também depositam
nesse ambien- te sua personalidade, seus
conhecimentos, habilidades e desejos”, explica. VYGOTSKY, L. PENSAMENTO E LINGUAGEM. SÃO
Administração ou gestão escolar? PAULO: MARTINS FONTES, 2001.
Para o pesquisador, não há uma diferença conceitual
entre os termos, embora reconheça que existam correntes
que defendam uma ou outra nomenclatura. “Você pode
falar em administração ou gestão escolar, desde que se Vygotsky, um gênio da Psicologia. Quanto não poderia
entenda que ambas pressupõem uma mediação”, explica.
legar-nos se não tivesse partido tão jovem?
Em relação ao termo administração, no entanto, Paro
reforça que é necessário compreendê-lo para além do Agradeço ao Odair Furtado, professor de Psicologia
sen- so comum e de seu uso empresarial, que veem o ato da PUC-SP que, há vários anos, indicou-me esta obra
de administrar como uma prática centralizadora e de como de leitura quase obrigatória. Aprendi a entender
mando. “Nesse caso, o que se tem é uma confusão entre minha filha, criança ainda, compreendi melhor os adultos
o caráter técnico – de utilizar os recursos da maneira mais e a mim pró- prio inclusive.
adequada Vygotsky estava preocupado em entender a relação
– com o político, que se refere ao poder de fazer com que entre as ideias que as pessoas desenvolvem e o que dizem
os outros hajam sob a sua vontade”, argumenta. ou escrevem. Não o fez apenas especulando em uma
O elemento mediação mesa de escritório, mas foi a campo, pesquisou, fez
Segundo Paro, para o gestor chegar a determinados experiências. Extraiu conclusões como:
fins, precisa lançar mão de alguns meios, o que ele chama “A estrutura da língua que uma pessoa fala influencia
de trabalho de mediação. “Em uma empresa, por exemplo, a maneira com que esta pessoa percebe o universo ...”
a mediação também está presente, pois é o meio que essa Para aqueles que veem na linguagem apenas um
companhia vai encontrar para chegar ao seu objetivo final, códi- go aleatório, o autor responderia:
no caso, obter lucro”, coloca. “Uma palavra que não representa uma ideia é uma
“Na escola é diferente”, avalia, já que o objetivo dela é coi- sa morta, da mesma forma que uma ideia não
garantir o pleno desenvolvimento dos estudantes,
incorporada em palavras não passa de uma sombra.”
forman- do cidadãos críticos capazes de atuar na nossa
sociedade. Vygotsky desenvolveu inúmeros conceitos fundamen-
É essa tarefa de gerir uma escola na qual no centro de tais para que compreendamos a origem de nossas
tudo estão os estudantes é que faz do diretor uma concep- ções e a forma como as exprimimos:
educador. “A criança só aprende se ela quiser”, atesta “pensamento egocên- trico”, “pensamento socializado”,
Vitor Paro. “conceito espontâneo”, “conceito científico”, “discurso
Por isso, o processo de aprendizagem só se efetiva interior”, “discurso exterio- rizado”, e tantos outros.
quando a criança ou o jovem é cativado. “O que só é Para quem se interessa por entender as ideologias,
possível atra- vés do diálogo, democraticamente”, aponta. co- municação, aprendizagem, doutrinação, persuasão
Fonte: https://jornalggn.com.br/blog/centro-de-refe- esta é uma obra básica e indispensável.
rencias-em-educacao-integral/diretor-escolar-educador-
-ou-gerente
26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
Prefácio (2) descobrimos a forma singular como se desenvol-
Este livro aborda o estudo de um dos mais complexos vem os conceitos “científicos” das crianças, em compara-
problemas da psicologia — a inter-relação entre o pensa- ção com os conceitos espontâneos e formulamos as leis
mento e a linguagem. Tanto quanto sabemos esta ques- que regem o seu desenvolvimento,
tão não foi ainda estudada experimentalmente de forma (3) demonstramos a natureza psicológica específica e
sistemática. Tentamos operar, pelo menos, uma primeira a função lingüística do discurso escrito na sua relação com
abordagem desta tarefa, levando a cabo estudos experi- o pensamento e
mentais sobre um certo número de aspectos isolados do (4) clarificamos por via experimental a natureza do
problema de conjunto. Os resultados conseguidos forne- dis- curso interior e as suas relações com o pensamento.
cem-nos uma parte do material sobre que se baseiam as Não é do pelouro do autor fazer uma avaliação das
nossas análises. suas próprias descobertas e da forma como as
As análises teóricas e críticas são uma condição pré- interpretou: isso caberá aos leitores e aos críticos.
via necessária e um complemento da parte experimental O autor e os seus associados têm vindo a investigar os
e, por isso, ocupam uma grande parte do nosso livro. domínios da linguagem e do pensamento há já quase dez
Houve que basear as hipóteses de trabalho que serviram anos, durante os quais as hipóteses de que partiram foram
de ponto de partida ao nosso estudo nas raízes genéticas revistas ou abandonadas por falsas. No entanto, a linha
do pensa- mento e da linguagem. Com vista a fundamental da nossa investigação não se desviou da
desenvolvermos este quadro teórico, revimos e dire- ção tomada desde início. Compreendemos
analisamos acuradamente os da- dos existentes na perfeitamente o quanto o nosso estudo é imperfeito, pois
literatura psicológica pertinentes para o estudo. não é mais do que o primeiro passo numa nova via. No
Simultaneamente, sujeitamos a uma análise crítica as entanto senti- mos que, ao descobrirmos o problema do
teorias mais avançadas do pensamento e da linguagem, pensamento e da linguagem como questão central da
na esperança de superarmos as suas insuficiências e psicologia humana demos algum contributo para um
evitar- mos os seus pontos fracos na nossa busca de um progresso essencial. As nossas descobertas apontam o
caminho teórico por onde enveredar. caminho a seguir por uma nova teoria da consciência,
Como seria inevitável, a nossa análise invadiu alguns nova teoria essa que afloramos apenas no fim do nosso
domínios que lhe eram chegados, tais como a linguística livro.
e a psicologia da educação Na análise que realizamos do Fonte; http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/vigo. html
desenvolvimento dos conceitos científicos nas crianças,
utilizamos a hipótese de trabalho relativa à relação entre
o processo educacional e o desenvolvimento mental que VEIGA, ILMA PASSOS ALENCASTRO. INOVAÇÕES E
havíamos elaborado noutra oportunidade fazendo uso de PROJETO POLÍTICO-
um corpo de dados diferente. PEDAGÓGICO: UMA RELAÇÃO REGULATÓRIA OU
A estrutura deste livro é forçosamente complexa e EMANCIPATÓRIA? IN: CADERNO CEDES, CAMPINAS,
multifacetada. No entanto, todas as suas partes se orien- V. 23, N. 61, P. 267-281.
tam para uma tarefa central: a análise genética das
relações entre o pensamento e a palavra falada. O
primeiro capitulo põe o problema e discute o método.
Os segundo e ter- ceiro capítulos são análises críticas
das duas mais influen- tes teorias da linguagem e do Neste artigo a autora demonstra a necessidade de um
pensamento, a de Piaget e a de Stern. No quarto projeto político inovador, que envolva tanto a educação
capítulo tenta-se detectar as raízes genéticas do básica quanto a superior, de modo a garantir o acesso e
pensamento e da linguagem; este capítulo serve de desenvolvimento de crianças, jovens e adultos na socieda-
introdução teórica à parte principal do livro, as duas de, como parte fundamental no exercício da cidadania. Ela
investigações experimentais descritas nos dois capí- tulos discute a inovação e projeto político-pedagógico fazendo
capítulos seguintes. O primeiro estudo (capítulo 5o.) trata a distinção entre ação regulatória ou técnica e ação eman-
da evolução genérica geral dos significados durante a cipatória ou edificante.
infância; o segundo (capítulo 6o.) é um estudo A inovação regulatória significa assumir o projeto po-
comparativo do desenvolvimento dos conceitos lítico-pedagógico como um conjunto de atividades que
“científicos” e espontâ- neos da criança. O último capítulo vão gerar um produto: um documento pronto e acabado,
tenta congregar os fios das nossas investigações e deixando de lado o processo de produção coletiva, além
apresentar o processo total do pensamento verbal tal de negar a diversidade de interesses e de atores que es-
como surge à luz dos nossos dados. Pode ser útil tão presentes. Na emancipatória, há uma articulação entre
enumerar brevemente os aspectos da nossa obra que inovação e projeto político, integrando o processo com o
julgamos serem novos, exigindo, por con- seguinte, uma produto, onde o resultado final é um produto inovador
nova e mais cuidada verificação. Além da nova que provocará também ruptura epistemológica.
formulação que demos ao problema e da parcial no- Veiga ressalta que a grande preocupação do sistema
vidade do nosso método, o nosso contributo pode ser re- educativo está relacionada à melhoria na qualidade da
sumido como se segue: educação pública, a qual se expressa na educação da pes-
(1) fornecemos provas experimentais de que os soa em si, enquanto cidadã, e na sua preparação para o
signifi- cados das palavras sofrem uma evolução durante a mercado de trabalho.
infância e definimos os passos fundamentais dessa
evolução;
27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
A inovação regulatória ou técnica tem bases VEIGA, ILMA PASSOS ALENCASTRO. PROJETO
epistemo- lógicas no caráter regulador e normativo da POLÍTICO PEDAGÓGICO DA
ciência conser- vadora, deixando de lado os que inovam, ESCOLA: UMA CONSTRUÇÃO POSSÍVEL. SÃO PAULO:
ou aqueles que se interessam em introduzir algo PAPIRUS, 1998.
efetivamente diferente dentro do sistema. Essa inovação
tem o critério de provo- car mudanças, porém não produz
um projeto pedagógico novo, faz parte do mesmo
sistema, modificado temporária
e parcialmente. São diretrizes, formulários, fichas, parâme- PROJETO POLÍTICOPEDAGÓGICO DA ESCOLA:
tros, critérios etc., um conjunto de ferramentas propostos UMA CONSTRUÇÃO POSSÍVEL.
em nível nacional sem a participação de todos os interes-
sados. Nesse sentido, o projeto político-pedagógico está O Projeto Políticopedagógico é uma forma de organi-
voltado para a burocratização da instituição educativa, zação do trabalho pedagógico da escola que facilita a
apenas como cumpridora de normas técnicas e mecanis- bus- ca de melhoria da qualidade do ensino. Esta
mos reguladores. organização se dá em dois níveis: no da escola como um
Referindo-se ao projeto político-pedagógico como todo, o que envolve sua relação com o contexto social
imediato; e no da sala de aula, incluindo as ações do
inovação emancipatória ou edificante a autora assinala
professor na dinâmi- ca com seus alunos.
que não se pode confundi-lo com reforma, evolução ou
A implantação do Projeto Pedagógico, no contexto da
mudança, pois suas bases epistemológicas estão alicerça- gestão colegiada e de processos participativos de tomada
das no caráter emancipador e argumentativo da ciência de decisões, deve considerar os seguintes aspectos:
emergente, a qual procura uma maior comunicação com 1) a análise dos conflitos (abrindo espaço para gerenciá-
os saberes locais e diferentes atores, realizando-se num -los, pois são oportunidades de se exercer criatividade e inovar);
contexto histórico e social. Sendo de natureza ético-so- 2) a neutralização das relações corporativas e autoritá-
cial e cognitivo-instrumental, visa à eficácia dos processos rias (abrindo espaço à participação e colaboração);
formativos sob a exigência da ética, trazendo consigo a 3) o rompimento da burocracia excessiva que permeia
possibilidade de alunos, professores, servidores técno-ad- as relações na escola, tanto as técnico-administrativas
ministrativos unirem-se e separarem-se de acordo com as como as de ordem técnico-pedagógicas;
necessidades do processo. Dessa forma, é um processo de 4) a reformulação da divisão do trabalho, reduzindo o
dentro para fora, além de lutar contra os mecanismos de modelo fragmentado, que reforça as diferenças e hierar-
poder e as formas pré-estabelecidas. quiza os poderes de decisão, em favor de responsabilida-
des compartilhadas e direcionadas a resultados de
interes- se para todos.
Assim como Gadotti, Vasconcelos; Azevedo; Corte;
A construção do Projeto Políticopedagógico passa
Cunha; Ribeiro e Gusmão, a autora enfatiza a necessida- pela autonomia da escola e pela sua capacidade de
de de um projeto político-pedagógico bem estruturado, delinear sua própria identidade. Assim, deve ficar claro
participativo, inovador, construído em bases éticas onde a que a escola é um espaço público, lugar de debate e
preocupação maior seja a formação do cidadão. Os diálogo, fundado na reflexão coletiva.
autores têm em conjunto o ideal de um projeto político
compro- missado com a sociedade, buscando modificar a A elaboração do Projeto Políticopedagógico necessi-
realidade cultural com uma gestão democrática ta de um referencial que o fundamente: Os alicerces estão
potencializada pelo trabalho colaborativo, construindo nos pressupostos de uma teoria pedagógica viável, que
novos valores e novos caminhos, com perspectivas de parta da prática social e do compromisso de solucionar as
uma educação de melhor qualidade para todos. deficiências institucionais.
Fonte: http://serounaosereducarparaaprender. Há necessidade, também, de domínio dos aspectos
blogspot.com/2010/01/inovacoes-e-projeto-politico- metodológicos indispensáveis à concretização das
concep- ções assumidas coletivamente:
-pedagogico_21.html
As novas formas de trabalho têm que ser pensadas
em um contexto de tensão, de correlações de forças - às
vezes favoráveis, às vezes desfavoráveis. Terão que nascer
do pró- prio “chão da escola” e ser construídas
coletivamente. Não se trata de simplesmente adotar um
modelo pronto e aca- bado. Compete, assim, à
administração da escola viabilizar inovações pedagógicas
planejadas em conjunto e imple- mentadas através da
ação de cada membro da escola, sejam alunos,
professores, funcionários ou comunidade externa.
Para que isto ocorra, poderá haver necessidade de
mudanças na própria lógica de organização e de com-
portamento das instâncias superiores (SME´s), em relação
28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
às escolas. É essencial que sejam propiciadas condições
aos alunos, professores e funcionários que lhes permitam - Avaliação das condições de viabilidade dessa escola
aprender a pensar e a realizar o fazer pedagógico da ideal com definição de etapas e meios para concretizá-la;
forma mais efetiva e crítica. C - Gestão democrática - é um princípio consagrado
O Projeto Políticopedagógico visa a qualidade em na Constituição e abrange as dimensões pedagógica, ad-
todo o processo vivido pela escola. Não é um rearranjo ministrativa e financeira.
formal da instituição escolar. A busca da gestão democrática inclui a ampla
A organização do trabalho pedagógico da escola tem participa- ção dos representantes da comunidade escolar
também a ver com a organização da sociedade. A escola nas decisões
deve ser vista como uma instituição social, inserida na so- / ações administrativo-pedagógicas nela desenvolvidas.
ciedade, e sujeita às determinações e contradições dessa Implica a construção de um projeto de enfrentamento
sociedade. da exclusão social, da reprovação e da não permanência
na sala de aula. A socialização do poder pela prática da
Por meio do Projeto Político- Pedagógico da Escola participação coletiva atenua o individualismo; alimenta a
buscamos: reciprocidade, eliminando discriminações; e reforça a
- Democratização do processo de planejamento; auto- nomia, reduzindo a passividade e dependência de
- Melhoria da qualidade de ensino; órgãos intermediários que tornam a escola uma mera
- Incentivo às atividades culturais; executora de determinações alheias.
- Desenvolvimento da avaliação institucional da escola; A gestão democrática envolve a participação crítica e
- qualificação E desenvolvimento funcional do pessoal ampla na construção do Projeto Políticopedagógico e no
técnico-administrativo e técnicopedagógico; seu desenvolvimento, assegurando a transparência das
- Agilização da prática administrativo-pedagógica e de- cisões, fortalecendo as pressões para que elas sejam
- Provimento de condições facilitadoras para o efetivo legíti- mas, garantindo o controle sobre os acordos
cumprimento dos fins da escola. estabelecidos e, sobretudo, contribuindo para que sejam
contempladas questões que de outra forma não entrariam
PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROJETO em cogitação. D - Liberdade - é um outro princípio
PEDAGÓGICO consagrado na Constituição e está necessariamente
associado à idéia de autonomia. Liberdade e autonomia
O Projeto Políticopedagógico, como forma de fazem parte da própria
organi- zação do trabalho da escola, fundamenta-se nos natureza do ato pedagógico.
princípios que norteiam a escola democrática, pública e A liberdade, é algo que se experimenta, individual e
gratuita: coletivamente, e que envolve uma articulação de limites e
A - Igualdade - de condições para acesso e perma- possibilidades. É uma experiência que se constrói na
nência na escola. Sabemos que há grandes desigualdades vivên- cia coletiva, interpessoal.
de natureza socioeconômica, cultural e de cor entre as A liberdade é sempre liberdade para algo e não
crianças, antes mesmo de chegarem à escola. Os alunos já apenas liberdade de algo, em si. Se interpretamos a
são desiguais no ponto de partida. Sabemos também que liberdade ape- nas como o fato de sermos livres de
a escola é permeável aos mecanismos de discriminação e alguma coisa, encon- tramo-nos no estado de arbítrio. Ela
exclusão que existem na sociedade. é uma relação e, como tal, deve ser continuamente
construída.
No entanto, a igualdade no ponto de chegada (per- A liberdade na escola deve ser pensada na relação
manência do aluno na escola) deve ser garantida pela entre os seus diferentes segmentos em um contexto
mediação da escola. Igualdade das condições de acesso e participativo, onde todos têm liberdade para influir nas
permanência na escola requer muito mais do que a decisões e, por- tanto, têm também responsabilidades
simples expansão quantitativa da oferta de vagas. É sobre elas e, particu- larmente, sobre a construção do
necessário a ampliação do atendimento de boa qualidade. Projeto Políticopedagógico. E - Valorização do
B - Qualidade - não pode ser exclusiva a um magistério - é um princípio cen-
professor ou a alunos pertencentes às minorias sociais. O tral na discussão do Projeto - Pedagógico. A qualidade de
desafio do Projeto Pedagógico da escola é viabilizar ensino e o sucesso na tarefa de educar estão intimamente
qualidade para todos, o que vai muito além da meta relacionadas à:
quantitativa do aces- so global. Qualidade implica - Formação - inicial e continuada;
consciência crítica e capacida- de de ação, de saber e de - Às condições de trabalho - recursos didáticos, físicos,
mudar. humanos e materiais, número de alunos na sala de aula etc; e
A qualidade que desejamos e necessitamos conjuga - À remuneração docente.
caráter formal ou técnico (enfatiza os instrumentos, os
mé- todos e as técnicas), com o político (voltado para fins, Implementar e desenvolver o Projeto Políticopedagó-
va- lores e conteúdos). gico exige a qualificação dos profissionais da Escola, tanto
O Projeto Políticopedagógico exige: os técnicopedagógicos quanto os técnico-administrativos,
- Definição clara do tipo de escola que os educadores, buscando a interação das equipes de modo a haver uma
funcionários, alunos e pais desejam; ação em benefício do aluno.
- Definição dos fins a serem alcançados pela escola; A formação continuada deve ser um direito de todos
- Definição do perfil de cidadão que a escola formará. os profissionais que trabalham na escola e, portanto, deve
fazer parte do Projeto Pedagógico.
29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
CONSTRUINDO O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
Estrutura pedagógica
O Projeto políticopedagógico organiza o trabalho pe-
dagógico da Escola, sem perder de vista sua interação Determina a ação das estruturas administrativas.
com o trabalho administrativo. Organiza as funções educativas para que a escola
É um instrumento de conquista de espaços, que serve atin- ja de forma efetiva as suas finalidades.
para: Refere-se às interações políticas, às questões de ensino
1) evitar a fragmentação do trabalho pedagógico; -aprendizagem e às de currículo.
2) minimizar a rotinização de tarefas improdutivas;
A análise da estrutura organizacional da escola ser-
3) contrapor-se à dependência e aos efeitos negativos
da burocracia e do poder autoritário /centralizador dos ve para identificar quais estruturas são valorizadas e por
se- tores da administração superior. quem, verificando as relações funcionais entre elas. Isso
significa indagar sobre suas características, seus polos de
Na construção do Projeto Políticopedagógico, deve- poder, seus conceitos e orientar os questionamentos:
se levar em consideração os sete elementos constitutivos
da organização do trabalho pedagógico: O que sabemos da estrutura pedagógica?
A - Finalidade da escola; Que tipo de gestão está sendo praticada?
B - Estrutura organizacional; O que queremos e precisamos mudar na Escola?
C - Currículo;
Qual o organograma previsto e qual está sendo pra-
D - Tempo / Calendário da escola;
E - Processo decisório; ticado?
F - Relações de trabalho; Quem constitui o organograma previsto e qual é a sua
G - Avaliação. lógica interna?
Quais as funções educativas predominantes?
A - Finalidades da escola Como são vistas a constituição e a distribuição da au-
toridade nessa área?
Referem-se aos efeitos pretendidos e almejados: Quais são os fundamentos regimentais e como estão
- Finalidade cultural: como a escola prepara, cultural- sendo praticados?
mente, os indivíduos para uma melhor compreensão da
sociedade em que vivem?
C - Currículo
- Finalidade política e social: como a escola forma o
indivíduo para a participação política que abrange direitos
e deveres da cidadania? É um importante elemento constitutivo da
- Finalidade de formação profissional: como a escola organização do conhecimento transmitido na escola e
pre- para os alunos para uma vida produtiva, capaz de se envolve, neces- sariamente, a interação entre sujeitos que
valer efetivamente das oportunidades econômicas e têm um mesmo objetivo e a opção por um referencial
ocupacionais? teórico que o susten- te. É uma construção social do
- Finalidade humanística: como a escola promove o conhecimento, que abrange as formas de transmissão e
desenvolvimento intelectual, emocional, integral do de assimilação.
aluno? A análise conjunta pela comunidade escolar dessas
Vale ressaltar que o currículo expressa uma dada cul-
dimensões levará à identificação das finalidades que pre-
cisam ser reforçadas, das que estão relegadas a segundo tura, não sendo um instrumento neutro. Por essa razão, a
plano e de como elas poderão ser detalhadas segundo sua definição requer reflexão crítica, que interprete tanto
as áreas, os cursos, as diversas disciplinas, e os conteúdos as suas implicações no âmbito da cultura dominante,
programáticos. quanto no da cultura popular.
O importante é decidir, coletivamente, o que se quer O currículo não pode ser separado do contexto social,
reforçar dentro da escola, detalhando as finalidades para uma vez que ele é historicamente situado e culturalmente
se conseguir um processo ensino-aprendizagem bem- determinado.
sucedi- do e se formar o cidadão desejado. O currículo formal está explícito e “decodificado” em
conteúdos, metodologias e recursos de ensino, avaliação
B - Estrutura organizacional
e relação pedagógica, de tal forma que permita controle
A escola dispõe de dois tipos básicos de estrutura: a e avaliações pelas autoridades. O currículo formal convi-
administrativa e a pedagógica ve com o currículo oculto, entendido como as mensagens
Estrutura administrativa transmitidas na sala de aula e no ambiente escolar.
Nossas escolas têm sido orientadas para a
Realiza a alocação e gestão dos recursos humanos, fí- organização hierárquica e fragmentada do conhecimento
sicos e financeiros. escolar. No entanto, a escola deve buscar uma nova forma
Abrange todos os elementos de natureza física, tais de orga- nização curricular na qual o conhecimento
como o estado de manutenção do prédio e das sistematizado para cada disciplina (o conteúdo),
instalações e equipamentos; os materiais didáticos, estabeleça uma relação aberta e inter-relacionada em
mobiliário, distri- buição das dependências e espaços
torno de uma idéia integra- dora - o currículo integração -
livres, limpeza, ventila- ção e iluminação.
com o objetivo de reduzir o isolamento entre as
disciplinas curriculares.
30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
D - Tempo escolar
- Processos coletivos de avaliação continuada dos ser-
O calendário ordena o tempo: determina o início e o viços escolares.
fim do ano letivo, prevê os dias letivos, as férias, os perío-
dos em que o ano se divide, os feriados cívicos e F - Relações de trabalho
religiosos, as datas reservadas à avaliação, os períodos
para reuniões técnicas e colegiadas etc. Um aspecto básico a ser considerado, na concretiza-
O horário fixa o número de horas por semana, que va- ção do Projeto Político - Pedagógico da Escola, é a
ria em razão das disciplinas constantes da grade curricu- existên- cia, ou não, de relações de trabalho apoiadas em
lar. Estipula, também, o mínimo de aulas por professor. Há atitudes de: solidariedade, reciprocidade, e participação
disciplinas que se tornam equivalentes porque ocupam o coletiva; em oposição a relações regidas pelos princípios
mesmo número de horas por semana, e são vistas como de divisão do trabalho, fragmentação e controle
tendo menor prestígio se ocuparem menos tempo que as hierárquico.
demais. O que deve orientar a equivalência é a análise do Em qualquer ambiente de trabalho há confrontos de
conteúdo de modo a se concretizar a proposta de uma interesses ou opiniões dentro e, especialmente, entre os
idéia integradora. diferentes segmentos que compõem a organização. No
Quanto mais compartimentado for o tempo, mais hie- nosso caso, estamos falando de alunos, professores e fun-
rarquizadas e ritualizadas serão as relações sociais, e mais cionários.
reduzidas serão as possibilidades de se institucionalizar o Desses embates podem resultar conflitos, tensões e
currículo integração. rupturas e/ou negociações, acertos e amadurecimento
A sucessão de períodos muito breves dedicados a dis- sobre os problemas em questão. Podem também resultar
ciplinas muito diferentes entre si, sem necessidade de se- mudanças qualitativas, inovações. É muito importante não
quência lógica entre elas, sem atender à adequação de fugir dos atritos e encará-los como oportunidades que
seu conteúdo a períodos mais longos ou mais curtos e via- bilizam a construção de novas relações de trabalho
sem prestar atenção à cadência do interesse e do trabalho que fa- voreçam o diálogo entre os diferentes segmentos.
dos estudantes, tem o efeito de ensinar aos alunos que o
im- portante não é a qualidade de seu trabalho, mas a G - Avaliação
duração do curso.
Para elevar a qualidade do trabalho pedagógico tor- Acompanhar e avaliar as atividades escolares são ati-
na-se necessário que a instituição educacional reformule vidades que levam à reflexão sobre como a escola está
seu tempo, estabelecendo períodos de estudo e reflexão organizada para colocar o Projeto Político - Pedagógico
de equipes de educadores, fortalecendo a instituição em ação. A avaliação crítica do projeto é aquela que bus-
como instância de educação continuada. ca explicar e compreender as causas das insuficiências e
É preciso tempo para que os educadores troquem ex- problemas conhecidos, as relações entre essas causas e as
periências, trabalhem em conjunto e aprofundem seu co- necessidades de atuar nessas causas, buscando ações al-
nhecimento sobre os alunos e sobre o que estão apren- ternativas criadas coletivamente.
dendo, para acompanhar e avaliar o Projeto Políticopeda- A autocrítica exige que se analise o Projeto Políticope-
gógico em ação, e, para os estudantes se organizarem e dagógico, não como algo estanque, desvinculado dos as-
criarem seus espaços para além da sala de aula. pectos políticos e sociais, mas como um projeto que
aceita, reconhece e reflete as contradições e conflitos.
E - O processo de decisão Acompanhar e avaliar o Projeto Políticopedagógico é
avaliar os resultados da própria organização do trabalho
Na organização formal das nossas escolas, o fluxo pedagógico.
das tarefas é orientado por procedimentos formalizados, O processo de avaliação envolve três momentos:
pre- valecendo relações hierárquicas de mando e - Descrição e a problematização da realidade escolar;
submissão. - Compreensão crítica da realidade descrita e proble-
Para minimizar isso, a escola deve prever mecanismos matizada;
que estimulem a participação comprometida de todos no - Proposição das alternativas de ação - momento de
processo de decisão e promovam a revisão periódica das criação coletiva.
atribuições específicas e gerais. Para tal, é necessário
haver uma distribuição de responsabilidades e um A avaliação deve, portanto:
processo de decisão participativo. - Ser democrática;
Nesse sentido, há necessidade de mecanismos institu- - Favorecer o desenvolvimento da capacidade de apro-
cionais de participação de todos os envolvidos com o pro- priar os conhecimentos científicos, sociais e tecnológicos;
cesso educativo da instituição escolar. Para tanto, sugere- - Ser resultante de um processo coletivo de avaliação
-se a instalação de: diagnóstica.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
Referência: da psicologia histórico-cultural e da pedagogia histórico-
VEIGA, Ilma Passos A. Projeto Políticopedagógico da -crítica. Essa tese tem uma importância pedagógica incon-
escola: uma construção coletiva. In Projeto Políticopeda- testável, mas tem também um significado político da
gógico da escola: uma construção possível. Campinas: Pa- maior relevância. O que está em tela é a relação entre a
pirus, 1995. organiza- ção coletiva da classe trabalhadora com vistas à
superação revolucionária da sociedade capitalista e a
formação de um tipo de psiquismo sem o qual se torna
quase impossível a compreensão da realidade social para
MARSIGLIA, ANA CAROLINA GALVÃO. A além das aparências cotidianas.
PRÁTICA PEDAGÓGICA HISTÓRICO-CRÍTICA NA Fonte: https://www.autoresassociados.com.br/o-
EDUCAÇÃO INFANTIL E NO ENSINO -desenvolvimento-do-psiquismo-e-a-educac-o-esco-
FUNDAMENTAL. CAMPINAS, SP: AUTORES lar-contribuicoes-a-luz-da-psicologia-historico-cultu-
ASSOCIADOS, 2011. ral-e-da-pedagogia-historico-critica.html
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
Teoria da escola enquanto aparelho ideológico de
estado (AIE): Essa teoria entende a escola como o instru- de uma teoria denominada crítica seria preciso,
mento mais acabado de reprodução das relações sociais sobretudo, de acordo com o autor, lutar contra a
da sociedade capitalista. Nesse contexto os seletividade, a discri- minação e o rebaixamento do ensino
marginalizados são considerados os próprios das camadas popu- lares. Lutar contra a marginalidade
trabalhadores. Ao invés de instrumento de equalização nessa perspectiva seria garantir aos trabalhadores um
social, a escola, constituída pela própria burguesia tem a ensino da melhor qualidade possível nas condições
função de garantir o funcio- namento do sistema burguês históricas atuais.
de produção. Na busca da síntese de uma nova teoria, Saviani, utili-
Teoria da escola dualista: A escola estaria dividida em za-se da Teoria da Curvatura da Vara, abordando o
duas grandes redes: a burguesa e a proletária, explicada conflito histórico travado entre a Pedagogia Tradicional e
pela divisão da sociedade em duas classes opostas. a Peda- gogia Nova. De acordo com essa teoria é preciso
Nessa perspectiva o papel da escola não é mais o de que a vara seja curvada para o lado oposto para que tome
reforçar a marginalidade, mas sim, impedir o desenvolvi- uma direção não-tendenciosa. Logo, entendendo que a
mento da ideologia dos trabalhadores e a, consequente vara es- teja historicamente sendo curvada para a direção
luta revolucionária. Saviani considera assim, que a escola da Esco- la Nova, o autor levanta questionamentos e
se assume como duplo fator de marginalização críticas a essa pedagogia.
convertendo os trabalhadores em marginais, colocando à Posteriormente, Saviani, inicia suas considerações so-
lado do movi- mento proletário todos aqueles que bre a formulação de uma nova teoria. Destacando que a
ingressam nas escolas. Pode-se concluir com essa teoria historicidade seria uma das principais características de
que a escola serve como aparelho ideológico apenas à uma pedagogia superadora das discutidas.
burguesia na luta con- Uma nova pedagogia não precisaria negar a essên-
tra o operariado. cia (escola tradicional) para admitir o caráter dinâmico
da realidade e também não vê a necessidade de negar o
Saviani destaca que as teorias críticoreprodutivistas ti- movimento para entender a essência. A pedagogia revo-
veram como ponto positivo evidenciar a ligação da escola lucionária é crítica, entendendo assim a educação como
e os interesses capitalistas, no entanto, não têm uma pro- condicionada e não como a redentora da sociedade como
posta pedagógica porque se preocupam apenas em expli-
as pedagogias Nova e Tradicional. Logo, Saviani destaca
car o mecanismo da escola atual.
ainda que um método novo não seria a soma da
Outra teoria abordada nesse texto é a da educação
Pedagogia Tradicional e da Pedagogia Nova, porque o
compensatória, que promove uma valorização da pré-es-
método que Saviani preconiza relaciona educação e
cola. Essa, segundo Saviani, se configura como uma res-
sociedade.
posta não crítica às dificuldades educacionais trazidas à
tona pelas teorias críticoreprodutivistas. De acordo com a Para uma nova pedagogia, a educação relaciona-se
teoria da educação compensatória, a educação dialeticamente com a sociedade, assim ela é sim determi-
continuaria tendo função de equalização social, porém, nada pela sociedade, porém, também influencia a socie-
para que ela pudesse concretizar tal função, seria dade.
necessário compensar suas deficiências. Logo se busca Uma pedagogia que supere as anteriores teria de
resolver problemas de or- dem: de saúde e nutrição, estar articulada aos interesses populares, sendo assim,
familiares, dentre muitas outras, como se a escola tivesse estaria empenhada na valorizaria da escola, para que
o poder de resolver todos esses problemas. Como funcione da melhor maneira possível.
resultado, tem-se uma pulverização de esforços e recursos O primeiro passo para nessa nova pedagogia seria a
que acabam por defasar ainda mais o setor educacional. prática social, sendo essa atividade comum ao professor
Ainda sobre essa teoria, Saviani considera que se o e ao aluno. O segundo passo seria a problematização. Já
objetivo é compensar as deficiências escolares, devem-se o terceiro estaria pautado na apropriação dos instrumen-
atentar-se para as deficiências que são de campo estrita- tos teóricos e práticos para a resolução desse problema. O
mente educacional, caracterizando então uma compensa- quarto passo é denominado de catarse e trata-se da
ção educacional. efetiva incorporação dos instrumentos culturais,
Nesse sentido, ficou claro, mediante análise dos dois transformando-
grupos de teorias que a escola é materialmente determi- -os em elementos ativos de transformação sociais. O quin-
nada pelos interesses da classe dominante. Assim, Savia- to e último passo constituiria-se na própria prática social.
ni levanta a seguinte questão: é possível articular a escola A compreensão dessa prática social ao longo desses
com os interesses dominados? É possível uma teoria da passos passaria por alterações qualitativas.
educação que capte criticamente a escola como um Em busca da democracia, a educação deveria ter
instru- mento capaz de contribuir para a superação do como ponto de partida a desigualdade (realidade social) e
problema da marginalidade? ter a igualdade no ponto de chegada (em busca de uma
Esses seriam os questionamentos básicos para a cons- trans- formação social). O processo educacional constitui-
trução de uma teoria crítica. Tal teoria teria de superar o se as- sim na passagem da desigualdade para a igualdade.
poder ilusório posto à escola pelas teorias não-críticas, Para Saviani a educação não deve ter relações demo-
bem como superar o ar de impotência dada a essa cráticas ou autoritárias, mas sim, deve articular o trabalho
institui- ção pelas teorias criticoreprodutivistas. Para a desenvolvido nas escolas com o processo de democratiza-
construção ção da sociedade.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
A nova pedagogia apresentada no texto, que supere a
Nova e a Tradicional, indica para uma sociedade que Fonte
tenha superado a divisão do saber, diferentemente de BARBIERI, A. F.
nossa rea- lidade social. Bibliografia
Porém, para Saviani, cada professor pode dar sua con- SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da
tribuição para uma transformação estrutural da sociedade. educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e
Essa contribuição se daria na medida em que o professor política. Campinas-SP: Autores Associados, 2008
enfatiza a transmissão e assimilação de conhecimentos,
do conteúdo o qual constituí sua especificidade, sempre
apre- sentando esse conteúdo relacionando-o com a SAVIANI, DERMEVAL. O PAPEL DO DIRETOR DE
sociedade, com seus determinantes. O professor deve ESCOLA NUMA SOCIEDADE EM CRISE.
impedir a ten- dência de dissolução dos conteúdos IN: EDUCAÇÃO: DO SENSO COMUM À CONSCIÊNCIA
escolares. FILOSÓFICA. COLEÇÃO EDUCAÇÃO
No último tópico do livro, que tem como título Onze CONTEMPORÂNEA. 11A
teses sobre educação e política o autor afirma que se cos- EDIÇÃO. SÃO PAULO: EDITORA AUTORES
tumou socialmente considerar a educação como sempre ASSOCIADOS,1996, P.206 A 209.
sendo um ato político. Tal afirmação, salienta o autor,
surge da necessidade de contraposição à educação
técnica peda- gógica (Escola Tecnicista). Do mesmo modo
como deu-se na teoria da curvatura da vara, tentou-se Para Vigotski, a cultura é uma instância mediadora en-
curvar a vara para a outra direção e assim, por muitas tre as pessoas e o mundo em que vivem bem como entre
vezes, a educação foi considerada como sendo sinônimo as pessoas e elas mesmas, e possui tanto a função de de-
de política, desconfigu- rando-se nesse sentido a terminante quanto de produto das relações humanas. O
especificidade da educação. desenvolvimento filogenético e ontogenético do ser hu-
Para o autor, educação e política são práticas mano é mediado pela cultura, e a impregnação social e
distintas, porém inseparáveis e com íntima relação. São cultural do psiquismo possibilitou a diferenciação humana
modalidades especificas da prática social, integrando uma ao longo da História. A humanidade tornou-se o que é
mesma totali- dade. Se educação e política forem vistas por- que cria, assimila e reconstrói a cultura, que é
como iguais, uma vez que a política exerce uma certa formada por elementos materiais e simbólicos. O
superioridade em nossa sociedade de classes, a desenvolvimento da criança se encontra inevitavelmente
especificidade e a função educacio- nal desapareceriam. vinculado à incorpora- ção mais ou menos criativa da
As reflexões expostas nesse momento por Saviani podem cultura de sua comunidade (Pérez Gómez, 1998).
ser ordenadas e sintetizadas nas onze teses que se Brandão (1983) define a relação da cultura com a edu-
seguem: cação como um processo de transformação daquilo que
já foi anteriormente transformado por meio do trabalho e
Tese 1: Não existe identidade entre educação e da consciência. O processo de socialização do indivíduo
política; na sua cultura é um processo de ensino e de
Tese 2: Toda prática educativa contém, aprendizagem que ocorre implicitamente, sendo anterior
inevitavelmente, uma dimensão política; ao surgimento do ensino formal. Na medida em que as
Tese 3: Toda prática política contém, por sua vez, organizações so- ciais se tornam mais complexas, as
inevi- tavelmente uma dimensão educativa. formas e os processos envolvidos na transmissão do
Tese 4: A explicitação da dimensão política da prática saber são vistos como um problema a ser pensado, que
educativa está condicionada à explicitação da dá origem à educação formal. A teoria das organizações
especificida- de da prática educativa; diferencia cultura organi- zacional de estrutura
Tese 5: A explicitação da dimensão educativa da organizacional (Nóvoa, 1995). Nes- sa perspectiva, a
prática política está, por sua vez, condicionada à escola como organização social pode ser vista como
explicitação da especificidade da prática política. possuidora de uma cultura própria, na qual o
pesquisador focaliza sua atenção para compreender o
Tese 6: A especificidade da prática educativa define-se
ato educativo que ocorre nesse contexto. A cultura esco-
pelo caráter de uma relação que se trava entre contrários
lar pode ainda ser caracterizada pelo chamado currículo
não-antagônicos.
oculto, ou seja, pelas diretrizes tácitas que atuam de
Tese 7: A especificidade da prática política define-se modo importante no funcionamento da escola e nas
pelo caráter de uma relação que se trava em contrários práticas dos seus profissionais. Tais diretrizes afetam a
antagônicos. aprendizagem dos alunos e o trabalho dos professores,
Tese 8: As relações entre educação e política dão-se na configurando os valores e os significados vivenciados na
forma de autonomia relativa e dependência recíproca; própria escola. O currículo está oculto, porque ele não é
Tese 9: As sociedades de classes caracterizam-se pelo prescrito, embora se
primado da política, o que determina a subordinação real constitua em importante fator de aprendizagem.
da educação à prática política; Não se deve esquecer também que a escola está inse-
Tese 10: Superada a sociedade de classes, cessa o rida em um contexto sociocultural e político mais amplo,
primado cuja influência é determinante na sua organização, daí a
da política e, em consequência, a subordinação da educação. importância de se considerar os valores e as
Tese 11: A função política da educação cumpre-se na medida interpretações
em que ela se realiza como prática especificamente pedagógica.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
das pessoas em relação aos objetivos e propósitos sociais
da organização escolar dentro da realidade sociocultural De minha parte, venho dedicando-me a uma pesquisa de
e política (Libâneo, 2001). A escola, portanto, não divulga longo alcance que se desenvolve com ritmo variável e sem
simplesmente o conhecimento acumulado pela prazo para sua conclusão, por meio da qual se pretende
humanida- de, mas o seu recorte, contextualizado social e rastrear o percurso da educação desde suas origens remo-
historica- mente nas práticas de formação do indivíduo, tas, tendo como guia o conceito de ‘modo de produção’.
de sociali- zação do conhecimento e de reprodução social Trata-se de explicitar como as mudanças das formas
(Silva Jr. & Ferretti, 2004). de produção da existência humana foram gerando histori-
Decorre daí que a principal questão não é investigar camente novas formas de educação, as quais, por sua vez,
como a criança se socializa, mas como a sociedade sociali- exerceram influxo sobre o processo de transformação do
za a criança (Miranda, 2004, p. 131). Por meio de modo de produção correspondente. [...] Pretende-se, as-
processos de socialização vividos na escola, a criança sim, revelar as bases sobre as quais se assenta a
pedagogia histórico-crítica para viabilizar a configuração
internaliza valo- res e comportamentos da sua cultura,
consistente do sistema educacional em seu conjunto do
sendo fundamental compreender como se dá esse
ponto de vista dessa concepção educacional.”
processo. A escola pode ser vista, portanto, como uma
Fonte: https://www.autoresassociados.com.br/educa-
organização social dotada de uma cultura própria, e, ao cao-contemporanea/pedagogia-historico-critica.html
mesmo tempo, como parte de uma cultura mais ampla,
que reflete em suas ações os con- dicionantes e QUESTÕES
contradições ali presentes.
Fica patente a importância que o processo de 01- (FUNDEP – PEDAGOGO Contagem) São princí-
escolari- zação exerce na vida da criança, por ser a escola o pios da educação libertadora (Paulo Freire) EXCETO:
espaço de socialização mais legitimado na sociedade atual, (A)Acreditar na igualdade fundamental entre os seres
onde se re- cria um conhecimento específico, diferente da humanos, independentemente de quaisquer diferenças.
educação in- formal ou familiar. Excluir a criança com (B)Buscar a transformação social, constituindo-se
deficiência da escola significa, portanto, negar-lhe o acesso como meio de contribuir para a justiça social e para a
a essa forma de aqui- sição cultural específica e participação. (C)Conceber a participação como um
fundamental em uma sociedade em que a educação processo que fa- voreça cada vez mais a centralização
escolar é altamente valorizada. O fato de o indivíduo não das decisões tendo
ter acesso à escola significa um impedimen- to da em vista a unidade institucional.
apropriação do saber sistematizado, de instrumentos de (D)Organizar-se como um processo em que as
atuação no meio social e de condições para a construção pessoas sejam sujeitos de sua própria formação.
de novos conhecimentos (Rego, 2002, p. 48).
Nessa perspectiva, a escola desempenha papel impor- 2- (FUMARC - PROFESSOR GOV.VALADARES) “Não
tante não só na aquisição sistematizada de há docência sem discência”. Em seu texto, Freire (2000)
conhecimentos mas também no desenvolvimento das dis- cute a importância de uma reflexão envolvendo a
funções psicológicas superiores, isso porque as atividades formação docente e a prática educativo-crítica em favor
educativas na escola, diferentemente do cotidiano extra- da autono- mia dos educandos.
escolar, são sistemáti- cas, têm uma intencionalidade
deliberada e um compro- misso explícito em tornar Avalie as afirmativas abaixo:
acessível o conhecimento for- malmente organizado. Em
I. A temática abordada incorpora a análise de saberes
tal contexto, os estudantes são desafiados a entender as
fundamentais, apresentando elementos constitutivos para
bases dos sistemas de concep- ções científicas, a realizar
a compreensão da prática docente enquanto dimensão
abstrações e generalizações mais amplas acerca da so- cial da formação humana.
realidade e, ainda, a tomar consciência de seus próprios II. A tarefa do educador não se resume apenas em
processos mentais (metacognição), modi- ficando a en- sinar os conteúdos, mas ensinar a pensar certo,
relação cognitiva com o mundo. exigindo rigorosidade metódica. Ensinar, aprender e
Fonte: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=s- pesquisar en- volvem dois momentos do ciclo
ci_arttext&pid=S1414-98932009000300006 gnosiológico.
III. O ato de ensinar exige a corporeificação das pala-
vras através do exemplo. Uma vez que, não há pensar
certo fora de uma prática testemunhal que o re-diz em
SAVIANI, DERMEVAL. PEDAGOGIA HISTÓRICO-
lugar de desdizê-lo.
CRÍTICA: PRIMEIRAS
IV. Na formação permanente dos professores, ensinar
APROXIMAÇÕES. CAMPINAS, SP: AUTORES exige reflexão crítica a respeito da prática, é pensando cri-
ASSOCIADOS, 2011. ticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode me-
lhorar a próxima prática.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
3- (FUMARC - PROFESSOR GOV.VALADARES) Leia
atentamente o trecho extraído do livro “Pedagogia da Au- (D) visões distorcidas do mundo do trabalho.
tonomia: Saberes necessários à prática educativa”: (E) novas formas de ordenação da experiência
O ato de cozinhar, por exemplo, supõe alguns sabe- humana, com múltiplos reflexos positivos na cognição dos
res concernentes ao uso do fogão, como acendê-lo, como estudantes. 6- Os pedagogos e demais profissionais e
equilibrar para mais, para menos, a chama, como lidar pessoas que circulam na escola pública devem considerar,
com certos riscos mesmo remotos de incêndio, como har- segundo Paulo Freire, a importância das relações entre
educador e educando, entre autoridade e liberdade,
monizar os diferentes temperos numa síntese gostosa e
entre pais, mães,
atraente. A prática de cozinhar vai preparando o novato,
filhos e filhas o que contribui para a:
ratificando alguns daqueles saberes, retificando outros, e
(A) reinvenção do ser humano no aprendizado de sua
vai possibilitando que ele vire cozinheiro. A prática de autonomia.
vele- jar coloca a necessidade de saberes fundantes, como (B) elaboração do calendário escolar que marca as li-
o do domínio do barco, das partes que o compõem e da ções de vida e deve inibir as liberdades dos alunos na ava-
função de cada uma delas, como o conhecimento dos liação da escola.
ventos, de sua força, de sua direção, os ventos e as velas, (C) elaboração de um regimento escolar apenas por
a posição das velas, o papel do motor e da combinação quem entende de legislação de ensino.
entre motor e velas. Na prática de velejar se confirmam, se (D) elaboração das diretrizes escolares por pessoas que
modificam ou se ampliam esses saberes. de- tém o saber pedagógico e encontram-se fora de sala de
FREIRE, 2000, P. 23 e 24 aula.
(E) produção de documentos e registros escolares ex-
O texto acima permite analisar que: clusivamente pelos pedagogos.
(A) Ensinar é um processo que pode tornar o aprendiz
mais e mais criador. Quanto mais criticamente se exerça a 7- De acordo com a Pedagogia defendida por Paulo
capacidade de aprender, mais se constrói e se desenvolve Freire, a autonomia, enquanto amadurecimento do ser
o que pode ser chamado de “curiosidade epistemológica. para si, é processo, é vir a ser. Não ocorre em data
(B) Existe uma relação entre o ato de ensinar e a marcada. É nesse sentido que os pedagogos devem
prática de cozinhar, mostrando que o professor precisa estimular refle- xões centradas em experiências
diversificar sua prática, promovendo atividades fora do estimuladoras da decisão e da responsabilidade, o que
ambiente escolar. pressupõe:
(C) Na prática pedagógica, é importante estabelecer (A) experiências respeitosas da liberdade.
atividades que relacionem com o cotidiano dos alunos, (B) o receio às críticas mesmo construtivas.
(C) a espera para saber onde as pessoas podem ir e em
uti- lizando receitas familiares e atraentes.
seguida mostrar o caminho certo.
(D) Com o objetivo de criar “espaços inovadores”, cabe
(D) a licenciosidade que hipertrofia a decisão coletiva.
aos professores utilizarem com frequência todo o espaço
(E) o espontaneísmo.
escolar.
8- A pedagoga Cláudia respalda a sua prática na Pe-
4- Segundo Paulo Freire ensinar exige segurança, dagogia da Autonomia coordena o planejamento escolar
com- petência profissional e generosidade. Assim o clima lembrando a necessidade de elevar os índices de apren-
de respeito que nasce de relações justas, sérias, humildes, dizagem do/as alunos/as e a importância das ferramentas
ge- nerosas em que a autoridade docente e as liberdades básicas para que eles/elas circulem na sociedade letrada.
dos alunos se assumem eticamente deve contribuir para: Reconhece a importância dos saberes e dos conhecimen-
(A) reforçar o autoritarismo na escola pública. tos de experiência que chegam à escola. Nesse sentido o
(B) reforçar o medo que os pais tem dos professores e saber ingênuo deve ser:
os conduz a afastar-se da escola. (A) preservado.
(C) os alunos reagirem negativamente ao exercício do (B) considerado como produto final do ensino e
comando. apren- dizagem escolar.
(D) fortalecer o caráter formador do espaço (C) superado pelo saber produzido através do exercício
pedagógico. da curiosidade epistemológica.
(E) estabelecer na escola o mandonismo que tolhe a (D) considerado como ponto de partida e de chegada
criatividade do educando. na aprendizagem assistemática escolar.
(E) motivo de exclusão no processo de ensinar e aprender.
5- A escola X vem trabalhando na construção coletiva
do PPP escolar que tem como base a Pedagogia da Auto- 9- O pedagogo Joaquim dá testemunho de respeito
nomia. Um dos pontos elencados e operacionalizados ao seu aluno pelo exercício cotidiano de responsabilidade,
pelo grupo foi a formação continuada dos docentes, pontualidade, assiduidade e cumprimento dos seus
partindo do entendimento de ser essa a forma de deveres como educador. Segundo Paulo Freire as
favorecer: características des- sa prática pedagógica docente
especificamente humana é:
(A) uma prática pedagógica neutra que reflete positi-
(A) incoerente pela realidade educacional e antiética.
vamente no meio social.
(B) profundamente formadora, por isso, ética.
(B) o desenvolvimento de experiências que só servem (C) esteticamente assistemática.
para cada profissional do ensino. (D) espontânea e assistencialista.
(C) o desenvolvimento de atividades pragmáticas que (E) assistemática e escapa ao juízo que dele fazem os
centram o ensino em atividades descontextualizadas.
alunos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
10- Segundo Paulo Freire os homens e mulheres são
os únicos seres que socialmente são capazes de aprender. 13- A partir do saber fundamental “mudar é difícil,
Assim toda prática educativa demanda processos inte- mas é possível” é que se deve programar a ação político-
rativos que favorecem: peda- gógica. Com base nesse pressuposto e
(A) a constatação que para mudar, é necessário práti- considerando, ain- da, o texto de Paulo Freire, assinale a
cas assistemáticas. opção correta.
(B) o espírito negativo e o fechamento ao risco. (A) O educador deve assumir uma postura neutra
(C) a construção, reconstrução, a constatação que dian- te do real, pois a função da educação é estudar e
para mudar é necessário abertura ao risco. constatar a realidade, para compreendê-la e admirá-la
(D) o nível de adestramento dos outros animais ou do como obra da construção humana.
cultivo das plantas. (B) O educador deve tomar consciência de que não é
(E) a construção dos saberes do senso comum e a apenas objeto da história, mas também sujeito. No
constatação que para mudar é necessário apenas do mé- mundo da história, da cultura e da política, deve constatar
rito individual. a reali- dade não para se acomodar, mas para mudar.
Leia o texto abaixo para responder às questões 11, 12 e (C) Para que se possa transformar o mundo por meio
13 da educação é preciso pregar a rebelião e instigar a
revolta nas camadas populares, pelo fato de estas serem
A questão da formação docente, ao lado da reflexão profun- damente injustiçadas.
sobre a prática educativo-progressista em favor da auto- (D) O educador deve respeitar o saber dos grupos
nomia do ser dos educadores, é a temática central em tor- com que trabalha. Porém, não pode permitir que estes
no da qual gira este texto. É também temática a que se predomi- nem, por ter consciência de que aquilo que
incorpora a análise de saberes fundamentais àquela pensa, em face de sua formação, é melhor para o grupo.
prática e aos quais espero que o leitor crítico acrescente
alguns que me tenham escapado ou cuja importância não 14- Considere as três afirmativas abaixo:
tenha percebido. I - A finalidade do currículo crítico é o inverso da do
Paulo Freire. Pedagogia da autonomia: currículo tradicional: este último tende a naturalizar’ acon-
saberes necessários à prática tecimentos; aquele tenta obrigar o aluno a que questione
educativa. as atitudes e comportamentos que considera naturais. O
São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 13 (com currículo crítico oferece uma visão da realidade como um
adaptações). processo mutante e descontínuo, cujos agentes são os se-
res humanos, os quais, portanto, estão em condições de
11- De acordo com o pensamento predominante no realizar sua transformação.
texto, o ato de ensinar exige: II - O currículo comum é um meio para ajudar na
igual- dade de oportunidades; pois “numa sociedade
I rigorosidade metódica, pesquisa e criticidade.
em que a cultura de procedência dos indivíduos
II respeito aos saberes dos educandos, estética e ética. condiciona suas capacidades, interesses e aspirações, o
III corporeificação das palavras pelo exemplo.
currículo comum da escolaridade deve ser entendido
IV risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma
como o conjunto de conhecimentos, competências e
de discriminação.
valores para aqueles que sem a sua aquisição seriam mais
discriminados fora da es- cola. Esses conteúdos são a
A quantidade de itens certos é igual a
oportunidade para que todos aqueles que, por sua cultura
(A) 1.
de procedência ou origem so- cial, teriam menos
(B) 2.
oportunidades de ter acesso ao conhe- cimento e às
(C) 3.
distintas formas de expressão cultural.
(D) 4.
III - A determinação de um currículo básico comum
tem um papel essencial, já que condiciona horários,
12- Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
as possibilidades para sua própria produção ou sua sistemas de especialização do professorado, disposição de
própria construção, o que exige que o professor pense recursos, dotação mínima das escolas, etc. Algo que é
certo. Com relação aos pressupostos filosóficos imprescindível num sistema educativo complexo e
subjacentes a essa afirmativa e ao texto, assinale a opção universal para garantir a igualdade de condições e a
correta. homologação dos resultados e certificados que fornece.
(A) Pensar certo é uma postura exigente, difícil e
peno- sa que o professor tem de assumir diante dos A partir da compreensão das ideias expressas por Gi-
outros e com os outros, em face do mundo e dos fatos. meno Sacristán sobre a teoria curricular, estão corretas as
(B) Pensar certo é ter a certeza de que todas as ações afirmativas:
humanas estão predeterminadas pelo destino, que a inter- a) I e II
ferência do indivíduo pouco mudará a realidade. b) II e III
(C) Pensar certo é agir com espontaneidade, a ponto c) I e III
de todas as ações serem pautadas pelo espontaneísmo. d) I, II e III
(D) Pensar certo é fácil, pouco exigente e e) Apenas II.
complementa a atitude autoritária do professor, que cada
vez menos ne- cessita da rigorosidade metódica.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
15- Segundo Sacristán, interferem no processo de se-
leção, elaboração e realização do currículo uma série de a) defende grupos homogêneos na organização do
forças. As alternativas abaixo trazem alguns exemplos ensi- no, mas adverte que essa prática, se for mal gerida,
des- sas forças, EXCETO a alternativa: acaba não distinguindo os estudantes por competência ou
a) As forças sociais e econômicas que brigam por he- nível de capa- cidade e rendimento e sim por outros
gemonia e fazem com que o currículo tenha determinada critérios mais subjetivos
tendência; b) defende grupos homogêneos na organização do
b) Decisões administrativas sobre como desenvolver o ensino e argumenta que os alunos aprendem melhor e
mais rapidamente e podem ser agrupados por nível de
ensino (políticas públicas)
rendimento e capacidade
c) Elaboração e mercado de distribuição de livros e
c) defende a desconstrução da lógica homogeneiza-
ma- teriais didáticos
dora da escola, propondo a superação da tendência de se
d) O pertencimento racial dos estudantes organizar sempre grupos homogêneos, defendendo que
e) Influência de determinados grupos acadêmicos que os interesses de “melhor funcionamento” ou de melhor
pressionam para que sua especialização esteja representa- manejo de classe devem ser rediscutidos à luz dos valores
da no sistema escolar éticos contra a segregação dos alunos
d) defende a desconstrução da lógica homogeneiza-
16- Leia o trecho abaixo: dora da escola, pois a igualdade absoluta não existe, já
“A sequência mecânica de estímulos, respostas e de que os estudantes chegam à escola em pontos de partida
re- forços não funciona na escola, é um esquema di- ferentes. Por isso, propõe que, ao invés de
demasiado simplista e não reflete a riqueza das trocas na homogeneizar grupos dentro da sala de aula, sejam
aula. Estímu- los e reforços similares provocam reações costuradas turmas que aproximem estudantes com o
bem diferentes e inclusive contraditórias em diferentes mesmo grau de desen- volvimento, criando salas
indivíduos, e também nos próprios sujeitos em situações e homogêneas e não grupos ho- mogêneos nas salas de
contextos diferentes. Por outro lado, quando funciona, aula
escapa do professor a complexidade dos efeitos e) defende a homogeneização das turmas como
secundários, não previstos e não desejáveis que pode forma de ajudar os professores no manejo de sala de aula
provocar o condicionamento mecâni- co de uma resposta e de me- lhorar o funcionamento e a qualidade do ensino
ou linha de comportamento. O aluno pode aprender oferecido.
mecanicamente uma conduta e ao mesmo tempo se
18- É muito importante que o educador propicie um
tornar incapacitado para desenvolver estratégias de busca
ensino que instigue o educando a pensar, a refletir, ela-
nesse mesmo âmbito ou desencadear aversões emotivas borar suas próprias ideias e, também, possibilite que ele
em relação à mesma.” adquira conceitos e conhecimentos básicos: até porque os
conhecimentos se desenvolvem a cada dia, sendo impos-
Neste trecho, Gimeno Sacristán tece criticas a um dos sível à apreensão de todo saber na escola. Os educandos,
conjuntos de teorias de ensino e aprendizagem que quando estimulados a enfrentar novos problemas, por
analisa em seu livro COMPREENDER E TRANSFORMAR O meio de pesquisas e reflexões, estarão conquistando sua:
ENSINO. (A) autonomia
A que teorias o autor se refere? (B) cidadania
a) Teorias Construtivistas (C) inteligência emocional
b) Teorias do Processamento da Informação (D) habilidade de pensar
c) Teorias da Gestalt ou do Campo (E) honestidade intelectual
d) Teorias do Condicionamento
e) Teorias de fundamentação psicanalítica. 19- O pensamento pedagógico parte de alguns prin-
cípios que marcam de forma clara e objetiva o modo de
17- Leia o trecho abaixo: entender o ato educativo.
As práticas de homogeneizar para manejar com mais
Considerando as características do pensamento desse
facilidade o grupo foram legitimadas com a ideia de que
autor, analise as afirmações que se seguem:
os alunos aprendem melhor e mais rapidamente em
I – ensinar é um ato que envolve a reflexão sobre a
grupos homogêneos; o que não deixa de ocultar certo própria prática;
darwinis- mo social sob a ideia de ordem e de rendimento II – modificar a cultura originária é parte do processo
que seria necessário discutir, já que ao fazer grupos educativo;
homogêneos se acaba distinguindo os alunos com III – superar a consciência ingênua é tarefa da ação
diferentes níveis de ca- pacidade e rendimento. educativa;
IV – educar é um ato que acontece em todos os espa-
Considerando as ideias defendidas por Gimeno Sa- ços da vida;
cristán em seu livro COMPREENDER E TRANSFORMAR O V – educar é transmitir o conhecimento erudito e uni-
ENSINO, podemos dizer que, no que tange à organização versalmente reconhecido.
didática dos grupos de estudantes, o autor:
Estão de acordo com este pensamento APENAS as
afir- mações:
(A) I e II
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
(B) II e V
(C) I, III e IV ANOTAÇÕES
(D) I, IV e V
(E) I, II, III e
IV
20- Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
as possibilidades para sua própria produção ou sua
própria construção, o que exige que o professor pense
certo. Com relação aos pressupostos filosóficos
subjacentes a essa afirmativa, assinale a opção correta.
(A) Pensar certo é uma postura exigente, difícil e
peno- sa que o professor tem de assumir diante dos
outros e com os outros, em face do mundo e dos fatos;
(B) Pensar certo é ter a certeza de que todas as ações
humanas estão predeterminadas pelo destino, que a inter-
ferência do indivíduo pouco mudará;
(C) Pensar certo é agir com espontaneidade, a ponto
de todas as ações serem pautadas pelo espontaneísmo;
(D) Pensar certo é fácil, pouco exigente e
complementa a atitude autoritária do professor, que cada
vez menos ne- cessita da rigorosidade metódica;
(E) Pensar certo é seguir as orientações das propostas
curriculares.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretor de Escola, Supervisor de Ensino e Vice-Diretor de Escola
ANOTAÇÕES
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