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nunes
April 2020
Princı́pio 1 (Boa-ordenação1 :). Todo subconjunto não-vazio X ⊂ N possui um menor elemento. Isto significa
que existe um elemento m0 ∈ X que é menor do que todos os demais elementos de X.
1 2 3 4 5 6 7 ···
Em cada um dos diagramas a seguir, um ou mais dos axiomas de Peano são violados. Diga quais são
eles.
(a) 1 2 3 4 5 6 7 ···
(b) 1 2 3 4 5 6 7 ···
O terceiro axioma é violado. O elemento 2 também não é sucessor nenhum natural. O quarto
axioma é violado. O conjunto A = {1, 3, 5, 7, . . .} ⊂ N contém o 1 e o sucessor de cada elemento.
No entanto, A não é igual a N.
(c) 1 2 3 4 5 6 7 ···
O segundo e terceiro axiomas são violados. O número 3 é sucessor de dois números diferentes e,
além disso, 2 também não é sucessor de nenhum natural. O quarto axioma é violado. O conjunto
A = {1, 3, 4, 5, 6, 7, . . .} ⊂ N contém o 1 e o sucessor de cada elemento. No entanto, A não é igual
a N.
(d) 1 2 3 4 5 6 7
1
1(1+1)(2+1)
Para n = 1, 1 = 6 . Suponha que
m(m + 1)(2m + 1)
1 + 22 + 32 + · · · + m2 = .
6
Observe que
m(m + 1)(2m + 1)
1 + 22 + 32 + · · · + m2 + (m + 1)2 = + (m + 1)2
6
(m + 1)(m + 2)(2m + 3)
=
6
1 + 2 + 4 + 8 + · · · + 2n = 2n+1 .
A propriedade é trivialmente válida para n = 1. Suponhamos que seja válida par n, ou seja 1 + 2 + 4 +
8 + · · · + 2n = 2n+1 . Então,
Portanto, a propriedade também é válida para n + 1. Logo, pelo Princı́pio da Indução Finita,
1 + 2 + 4 + 8 + · · · + 2n = 2n+1 , ∀n ∈ N.
2
Capı́tulo 1 – 1.6 Exercı́cios3
1. Prove, por indução, que se X é um conjunto finito com n elementos, esses elementos podem ser orde-
nados de n! modos.
Um conjunto com 1 elemento sé pode ser ordenado de 1 = 1! modo, o que mostra que a propriedade
vale para n = 1. Suponhamos que ela valha para n e consideremos um conjunto {a1 , a2 , . . . , an , an+1 }
com n + 1 elementos. As possı́veis ordenações desse conjunto podem ser obtidas tomando cada uma das
n! ordenações de {a1 , a2 , . . . , an , an } é inserindo an+1 , em uma das n + 1 posições possı́veis, gerando
assim n!(n + 1) = (n + 1)! possı́veis ordenações. Logo, a propriedade também vale para n + 1. Portanto,
pelo Princı́pio da Indução, vale para todo n natural.
OU
Observe que as possı́veis ordenações de X estão associadas às diferentes bijeções definidas de In em X.
Provaremos por indução que se n(X) = n, então há n! bijeções definidas de In em X. Se n = 1, temos
apenas uma bijeção f : I1 → X, f (1) = x, x ∈ X.
Nossa hipótese de indução: se n(X) = k, então há k! bijeções definidas de Ik em X.
Seja X tal que n(X) = k + 1. Para cada x ∈ X, considere o conjunto Yx = X − {x}. Considere os
conjuntos
Gx = {g, g : Ik → Yx , g é bijeção}
Fx = {f, f : Ik+1 → X, f|Yx ∈ G§ , f (k + 1) = x}
Pela HI, n(Gx ) = k!. É fácil ver que também há uma bijeção entre Gx e Fx . Logo, n(Fx ) = k!.
Afirmamos que o conjunto
∪x∈X Fx .
Sabemos que
∪x∈X Fx ⊂ F.
3
3. Dados 3n objetos de pesos iguais, exceto um, mais pesado que os demais, mostre que é possı́vel deter-
minar este objeto com n pesagens em uma balança de pratos.
Para n = 1, basta de fato uma pesagem, feita com dois dos objetos: se ela indicar um objeto mais
pesado do que o outro, ele é o procurado; se os objetos tiverem pesos iguais, o objeto que ficou de fora
na pesagem é o mais pesado. Suponhamos agora que seja possı́vel determinar qual é mais pesado dentre
3n objetos com n pesagens e consideremos um conjunto com 3n+1 objetos. Dividimos estes objetos em
três grupos com 3n objetos cada e comparamos o peso de dois deles. Se um deles for mais pesado, o
objeto procurado está nele: senão, está no grupo que ficou de fora da pesagem. De qualquer modo,
pela hipótese de indução, ele pode ser encontrado em n pesagens adicionais, para um total de n + 1
pesagens. Logo, a propriedade vale para conjuntos de 3n+1 objetos e, pelo Principio da Indução, para
conjuntos com 3n objetos, qualquer que seja n.
4. Prove que, dado um conjunto com n elementos, é possı́vel fazer uma fila com seus subconjuntos de tal
modo que cada subconjunto da fila pode ser obtido a partir do anterior pelo acréscimo ou supressão de
um único elemento.
A propriedade vale para um conjunto com um único elemento a1 : seus dois únicos subconjuntos são ∅
e {a1 } e é possı́vel passar do primeiro ao segundo acrescentando-se a1 . Suponhamos que a propriedade
seja válida para conjuntos com n elementos e consideremos o conjunto com n + 1 elementos X =
{a1 , a2 , . . . , an , an+1 }. Consideremos a lista L dos subconjuntos de {a1 , a2 , . . . , an } satisfazendo as
condições do enunciado (ela existe, pela hipótese de indução) e formemos uma lista de subconjuntos
de X do seguinte modo: começamos com L e acrescentamos a lista L0 que consiste dos subconjuntos
de L em ordem reversa, acrescentando-se an+1 a cada um deles. A nova lista é formada por todos os
subconjuntos de X (ela lista primeiro todos os subconjuntos que não contém an+1 e, a seguir, todos que
o contém). Além disso, sempre é possı́vel passar de um subconjunto ao próximo da lista acrescentando-
se ou retirando-se um elemento. De fato, pela hipótese de indução isto ocorrem em L; a passagem do
último subconjunto de L para o primeiro de L0 ocorre pela adição de an+1 ; finalmente, a passagem de
cada subconjunto de L0 para o próximo se dá de forma inversa à ocorrida em L. Assim, a propriedade
vale também para conjuntos com n + 1 elementos. Logo, por indução, vale para qualquer conjunto
finito.
5. Diga onde está o erro na seguinte demonstração da afirmativa . . . Todas as bolas de bilhar têm a mesma
cor”.
Seja P (n) a propriedade “todas as bolas em um conjunto com n bolas têm a mesma cor”. A propriedade é
trivialmente verdadeira para n = 1. Suponhamos agora que ela seja verdadeira para n e consideremos um
conjunto com n+1 bolas B = {b1 , b2 , . . . , bn , bn+1 }. Os subconjuntos {b1 , b2 , . . . , bn } e {b2 , . . . , bn , bn+1 }
de B têm n elementos cada: logo, pela hipótese de indução, todas as bolas em cada um deles têm a
mesma cor. Mas os elementos b2 , . . . , bn são comuns a esses dois subconjuntos. Daı́, concluı́mos que
todos os n + 1 elementos de B têm mesma cor, o que mostra que a propriedade vale para n + 1. Logo,
pelo Princı́pio da Indução, em uma coleção com n bolas todas têm a mesma cor, para todo n ∈ N.
O erro está no passo de indução para n = 1. Neste caso, os subconjuntos {a1 , a2 , . . . , an } e {a2 , . . . , an , an+1 }
não tem elementos em comum.
6. Diga se cada conjunto abaixo é finito ou infinito, justificando:
4
• o conjunto de todos os números naturais cuja representação decimal tenha apenas algarismos
diferentes de zero, cuja soma seja menor que 1000.
Finito. Observe que a maior quantidade n de algarismos de tais números é 999 correspondendo
ao número em que todos os 999 algarismos são iguais a 1. Para cada 1 ≤ k ≤ n, a quantidade de
soluções positivas de
x1 + · · · + xk ≤ 1000, xi ∈ {1, 2, 3, . . . , 9}
é finita.
• o conjunto de todos os números racionais que podem ser escritos como fração com denominador
menor que 1000.
Infinito. Todos os naturais pertencem a tal conjunto.
• o conjunto de todos os números primos.
Infinito.
7. Sejam X e Y dois conjuntos infinitos enumeráveis. Isto significa que existem sequências (x1 , x2 , x3 , . . .)
e (y1 , y2 , y3 , . . .) incluindo todos os elementos de X e Y , respectivamente. Explique como construir uma
sequência incluindo todos os elementos de X ∪ Y , mostrando assim que X ∪ Y também é enumerável.
A sequência {x1 , y1 , x2 , y2 , x3 , y3 , . . .} inclui todos os elementos de X ∪ Y , que é, portanto, enumerável.
8. Considere o conjunto N2 de todos os pares ordenados de números naturais. Encontre uma sequência
que inclua todos os elementos de N2 , mostrando assim que N2 é enumerável. Isto mostra que o conjunto
dos números racionais também é enumerável. Por quê?
Um modo de construir tal sequência é ordenar os pares ordenados de números naturais de acordo com a
soma das coordenadas: primeiro, os que têm soma 2, depois 3, e assim diante, dando origem à sequência
{(1, 1), (1, 2), (2, 1), (1, 3), (2, 2), (3, 1), . . .},
o que nos mostra que N × N é enumerável. Cada par (m, n) corresponde aos números racionais em
−m/n e m/n. Logo, a partir dessa sequência podemos construir uma outra sequência que inclui todos os
números racionais, o que mostra que o conjunto dos racionais também é enumerável. Por exemplo,
{(1, 1), (−1, 1), (1, 2), (−1, 2), (2, 1), (−2, 1), (1, 3), (−1, 3), (2, 2), (−2, 2), (3, 1), (−3, 1), . . .},
9. Mostre que o conjunto de todos os subconjuntos de N é não enumerável. [Sugestão: associe cada
subconjunto de N a uma sequência em que os termos são iguais a 0 ou 1.]
Cada subconjunto X de N corresponde a uma sequência (xn ) em que xn = 1 se n ∈ X e xn = 0 caso
contrário. Como o conjunto de tais sequências é não enumerável, o conjunto de todos os subconjuntos
de N também é não enumerável. (ver Exemplo 1.4, página 10 de [1])
Referências
[1] Paulo Cezar Pinto Carvalho and Augusto César Morgado. Matemática discreta. SBM, 2015.