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Os primeiros vestígios de produção industrial de Cal Viva surgem no Egipto, cerca de 3000
anos AC. De fato, as famosas pirâmides foram construídas com grandes blocos de calcário,
ligados entre si por um cimento constituído por uma mistura de cal e gesso.
Tecnologia semelhante foi utilizada pelos Maias e pelos Incas na execução das suas obras
monumentais; e o mesmo se poderá dizer dos índios Mogul, 2500 anos AC.
No século IV AC, o filósofo e historiador Grego Xenofonte refere que, para além das utilizações
em estuques e argamassas, "É a Cal serve, também, para o branqueamento de tecidos de
linho".
Mais tarde, em 75 AC, o Romano Dioscorides, faz referência às aplicações farmacológicas da
Cal, "É desde que diluída em água".
Devido às suas propriedades especiais, a Cal assume, ao longo dos séculos, um papel
extraordinariamente importante em múltiplas actividades, industriais ou não.
Para além das suas múltiplas aplicações na Construção Civil (caiação, formulação de
argamassas de reboco e enchimento, estuques, etc.), as suas propriedades higroscópicas
fazem da Cal Viva um agente desumidificador ambiente de reconhecida eficácia.
Na Agricultura, o seu efeito alcalinizante, fazendo subir o pH dos solos, promove a melhoria
das trocas catiónicas, potenciando a eficácia dos adubos e micronutrientes em relação às
culturas.
B. Processo Produtivo
B1. DESCRIÇÃO
O processo de fabricação da Cal inicia-se na jazida de calcário, de onde é extraída a rocha
calcária utilizada para fabricação da cal. Para que a rocha seja extraída da jazida o processo
normalmente utilizado é o desmonte por meio de explosivos.
O interesse pela rocha calcária vem de sua composição que é basicamente constituída de
carbonato de cálcio [CaCO3] e carbonato de magnésio [MgCO3] dentre outros, compostos
estes que serão transformados na cal posteriormente.
A primeira etapa realizada é a furação que varia em número e profundidade de acordo com os
estudos geológicos pré-existentes, quantidade de rocha que se deseja desmontar e até mesmo
a granulometria desejada no minério desmontado .
Depois de realizado a furação o explosivo é colocado nos furos para que a detonação (?fogo?)
seja efetuada e o desmonte da rocha aconteça.
Estas etapas devem ser precedidas de um estudo geológico que visa identificar através de
amostragens e ensaios químicos o mapeamento da jazida segundo as características químicas
da rocha. Apesar de muitas vezes ignorada, esta operação é de fundamental importância para
que a qualidade do produto final seja alcançada bem como para o aproveitamento adequado
da jazida.
A rocha desmontada é carregada com o auxílio de pá carregadeiras em caminhões e
transportada até o britador, equipamento que efetuará a britagem das rochas nas dimensões
desejadas e adequadas para a próxima etapa do processo.
À adequação das dimensões das rochas pode ser realizado no próprio canteiro suprimindo o
uso de britadores, no entanto esta prática esta praticamente em desuso devido à baixa
produtividade e alto custo operacional.
A rocha transportada até o britador é britada onde a granulometria desejada é obtida por meio
de regulagem do equipamento conjugado com peneiramento.
As ?pedras? que apresentam dimensões dentro dos limites desejados são estocadas em
montes onde posteriormente serão transportadas até o forno, as de menor dimensão serão
desviadas do processo e conduzidas para a fabricação de outros produtos e as de maiores
dimensões serão realimentadas ao britador para adequação das dimensões.
As pedras são transportadas ao forno, podendo este transporte ser por meio de pás
carregadeiras e caminhões ou por meio de transportadores mecânicos como exemplo as
correias e cintas transportadoras.
O forno é um dos principais equipamentos do processo, e é onde ocorre a calcinação da
rocha calcária e transformação em cal.
Para esta importante etapa do processo existem vários tipos de fornos que vão desde fornos
verticais construídos em pedra com processos manuais ou semi-automatizados, sendo estes
normalmente de baixa capacidade de produção ou modernos fornos metálicos verticais ou
horizontais totalmente automatizados de alta capacidade de produção.
Uma vez alimentada ao forno, as pedras irão permanecer no seu interior para que as reações
ocorram sendo que e o tempo de permanência da pedra no interior do forno esta diretamente
ligado ao tipo de forno que a linha produtiva dispõe.
A principal reação que ocorre no interior do forno durante a calcinação é descarbonatação do
calcário, em outras palavras o carbonato de cálcio e o carbonato de magnésio são
transformados em óxido de cálcio [CaO] e óxido de magnésio [MgO] respectivamente.
A descarbonatação se dá por meio da ação do calor que é obtido no forno através da queima
do combustível. Os combustíveis utilizados são de várias origens sendo os mais utilizados:
lenha, serragem, borracha, gás natural, biogás, óleos minerais e até mesmo resíduos
industriais ou um mix dos combustíveis citados.
A descarga do forno se dá de forma contínua ou intermitente (batelada) a depender do tipo de
forno e o produto obtido nesta etapa é a CAL VIRGEM EM PEDRA que após o resfriamento já
possui diversos tipos de aplicação podendo assim ser comercializada ou alimentada ás fases
seguintes do processo. Nesta etapa do processo, a cal virgem em pedra poderá seguir
caminhos distintos sendo um para a produção de cal virgem em pó ou um outro para a
produção da cal hidratada.
Cal Virgem em Pó: A cal virgem em pedra é armazenada para resfriamento e posteriormente
será alimentada ao moinho onde será britada e moída até que seja alcançada a granulometria
desejada. Posterior a moagem o produto obtido é a CAL VIRGEM EM PÓ que é conduzida aos
silos de armazenagem onde posteriormente será ensacada ou comercializada a granel.
Cal Hidratada: A cal virgem em pedra é armazenada para resfriamento e posteriormente
transportada para a fase seguinte do processo, a hidratação. Nesta etapa ocorre a reação de
hidratação do óxido de cálcio e óxido de magnésio onde os mesmos são transformados em
Hidróxido de Cálcio [Ca(OH2)] e Hidróxido de Magnésio [Mg(OH2)], esta reação se processa
quando a cal virgem entra em contato com a água [H2O].
A hidratação, como é conhecida esta etapa, normalmente ocorre nos hidratadores,
denominação utilizada para o conjunto de equipamentos utilizados nesta etapa do processo.
A forma de hidratação bem como os equipamentos utilizados podem variar bastante de acordo
com a linha produtiva uma vez que muitas linhas realizam uma etapa de pré-hidratação
utilizando a cal virgem em pedra quando ainda armazenadas em montes enquanto outras
possuem equipamentos mais modernos e automatizados onde a hidratação ocorre após a
moagem da cal virgem em pedra.
Após a hidratação a cal agora denominada de CAL HIDRATADA é armazenada para
posteriormente ser ensacada ou mesmo comercializada a granel.
Independentemente dos equipamentos utilizados no processo de fabricação, ou do grau de
modernidade da linha produtiva a qualidade da CAL é função e resultado do controle que se
realiza nas matérias primas bem como em todas as fases do processo produtivo.
B2. PROCESSO PRODUTIVO ? (parte prática / campo)
inserir
Fluxograma de Processo de Fabricação da Cal Virgem
MgCO3 MgO + CO2
700ºC
d) Composição: Basicamente a cal virgem é composta de óxido de cálcio ou óxido de magnésio ou
mais comumente pela mistura destes dois compostos. Ainda há a presença de outros compostos de
menor importância, provenientes da rocha calcária onde a concentração de cada um destes
compostos esta diretamente ligada com a composição química do calcário.
Compostos presentes na cal:
CaO > Óxido de Cálcio
MgO > Óxido de Magnésio
SO3 > Anidrido Sulfúrico
SiO2 > Óxido de Silício
Al2O3 > Óxido de Alumínio
Fe2O3 > Óxido de Ferro
CO2 > Anidrido Carbônico (proveniente da presença de carbonato residual
oriundo da deficiência da reação de descarbonatação ou mesmo da reversão da reação onde
ocorre a recarbonatação)
e) Classificação quanto à concentração de Cálcio e Magnésio
Cálcica ou Calcítica % CaO > 90 %
Magnesiana 65% < %CaO < 90%
Dolomítica % CaO < 65%
f) Características: Na forma mais comumente encontrada a Cal Virgem é um pó de cor branca,
inodoro que em presença de água reage facilmente liberando calor. Além de pó também pode
ser encontrada em pedra possuindo neste estado as mesmas características básicas que
quando em pó.
Quando em pó possui massa específica que pode variar de 3,0 a 3,6 g/cm3 e densidade
aparente com valor aproximado de 0,90 a 1,1 g/cm3
g) Propriedades: São diversas as propriedades da Cal Virgem onde se pode destacar: Produto
cáustico, Aglomerante, Anti-séptico, Fungicida, Desidratante.
C2. Cal Hidratada
a) Norma NBR de especificação: NBR 7175 de dez/2002
b) Definição: Pó seco obtido do processo de hidratação da cal virgem constituída
essencialmente de hidróxido de cálcio e/ou hidróxido de magnésio podendo ainda conter óxido
de magnésio?
c) Reação de Hidratação dos Óxidos de Cálcio e Magnésio
Os óxidos de cálcio e magnésio presentes na Cal virgem em contato com a água reagem
formando os hidróxidos de cálcio e magnésio respectivamente. Esta reação possui
característica exotérmica, isto é a liberação de calor.
CaO + H2O Ca(OH)2 + Calor
CV-E
CV-C CV-P
Parâmetros de Qualidade Cal Virgem
Cal Virgem Comum Cal Virgem Pedra
Especial
c) Exigências Físicas segundo a NBR 6453 dez/2002 - Anexa
Da mesma forma que as exigências químicas, as físicas não contemplam uma série de
parâmetros que melhor avaliem a qualidade da Cal Virgem.
Peneira 1,00
< 2,0% < 5,0% > 85,0%
Finura ( mm (#50)
% retido
Peneira 0,30
acumulada) < 15,0% < 30,0% -
mm (#18)
d) Outras menções do texto: Uma vez que a norma de especificação da Cal hidratada NBR
7175 de jun/92 ou seu projeto de dez/2002 muitas avaliações que se faz para a Cal Virgem
toma-se como prática o texto da Cal hidrata no que se referem a tolerâncias de pesos,
avaliação de lotes, e etc, no entanto sempre considerando as diferenças existentes entre os
dois materiais.
D2. Cal Hidratada
a) NBR 7175 dez/2002 (projeto) ? Norma de especificação e classificação da Cal Hidratada em
três tipos:
CH I ? Cal hidratada Especial
CH II ? Cal hidratada Comum
CH III ? Cal hidratada Comum com Carbonatos
b) Exigências Químicas segundo a NBR 7175 dez/2002
CV-E
CV-C CV-P
Parâmetros de Qualidade Cal Virgem
Cal Virgem Comum Cal Virgem Pedra
Especial
c) Exigências Físicas segundo a NBR 6453 dez/2002 - Anexa
Da mesma forma que as exigências químicas, as físicas não contemplam uma série de
parâmetros que melhor avaliem a qualidade da Cal Virgem.
Peneira 1,00
< 2,0% < 5,0% > 85,0%
Finura ( mm (#50)
% retido
Peneira 0,30
acumulada) < 15,0% < 30,0% -
mm (#18)
d) Outras menções do texto: Uma vez que a norma de especificação da Cal hidratada NBR
7175 de jun/92 ou seu projeto de dez/2002 muitas avaliações que se faz para a Cal Virgem
toma-se como prática o texto da Cal hidrata no que se referem a tolerâncias de pesos,
avaliação de lotes, e etc, no entanto sempre considerando as diferenças existentes entre os
dois materiais.
D2. Cal Hidratada
a) NBR 7175 dez/2002 (projeto) ? Norma de especificação e classificação da Cal Hidratada em
três tipos:
CH I ? Cal hidratada Especial
CH II ? Cal hidratada Comum
CH III ? Cal hidratada Comum com Carbonatos
b) Exigências Químicas segundo a NBR 7175 dez/2002
b) Exigências Físicas segundo a NBR 7175 dez/2002
Peneira 0,60
< 0,5% < 0,5% < 0,5%
Finura ( mm (#30)
% retido
Peneira 0,075
acumulada) < 10,0% < 15,0% < 15,0%
mm (#200)
C3. Normas Complementares para Cal Virgem e Cal Hidratada
NBR 6471 ? Cal Virgem e cal Hidratada ? Retirada e preparação de amostras
NBR 6472 ? Cal Virgem ? Determinação do Resíduo a Extinção ? Método de ensaio
NBR 6473 ? Cal Virgem e cal hidratada ? Análise química ? Método de Ensaio
NBR 9205 ? Cal hidratada para Argamassas ? Determinação da Estabilidade ? Método de
Ensaio
NBR 9206 ? Cal hidratada para Argamassas ? Determinação da plasticidade ? Método de
Ensaio
NBR 9207 ? Cal hidratada para Argamassas ? Determinação da Capacidade de incorporação
de areia no plastômero de Voss ? Método de Ensaio
NBR 9289 ? Cal hidratada para Argamassas ? Determinação da finura ? Método de ensaio
NBR 9290 ? Cal hidratada para Argamassas ? Determinação da Retenção de Água ? Método
de Ensaio
NBR 9551 ? Cal Virgem para Aciaria - Especificação
E. Laboratório: Noções Básicas (Ensaios de Caracterização) / Coleta e Preparação de
Amostras
Conhecendo melhor os parâmetros de controle e suas interferências na qualidade da Cal
a) PF ? Perda ao Fogo: É a grandeza que indica a qualidade da Cal quanto sua queima no
forno.
Também orienta quanto a possíveis adições na Cal e qualidade da hidratação.
b) RI ? Resíduo Insolúvel: É a grandeza que esta relacionada com a qualidade da Cal quanto
sua composição mineral. É um indicativo da presença de material inerte, e orienta quanto a
possíveis adições.
c) Soma de Óxidos: É a grandeza que indica a qualidade da Cal em sua classificação quanto a
presença da Cálcio ou Magnésio.
Também é uma das grandezas responsáveis pela classificação da Cal hidratada em CHI e
CHIII
d) Finura nas peneiras # 30 e # 200: É a grandeza que esta relacionada com a granulometria
da Cal.
Indica a finura e consequentemente é um indicador de reatividade
Obs.: A parte teórica esta baseada no novo texto da norma NBR 6473 ? versão nov/2000, o
qual é a proposta para votação depois de modificado e revisado.
Parte prática ? Realizada em laboratório para acompanhamento do fluxo de processo desde a
coleta, preparação e realização de ensaios.
F. Patologia das Argamassas
Anexo
G. Usos da Cal
Além do largo emprego na construção civil onde tem dentre outras a finalidade de ser um
aglomerante, a cal, sobretudo a cal virgem é empregada em outros setores com
fiunções: Hidrolizante / Absorvente / Solvente / Neutrralizante / Floculante / Fluxo /
Lubrificante / Caustificante / Desidratante e outro