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UNIVERSIDADE DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE ENGENHARIA ELÉTRICA E INFORMÁTICA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

LABORATÓRIO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS

GUIA DO EXPERIMENTO:

DISJUNTORES

Laboratório de Equipamentos Elétricos


Professores:Edson Guedes
Genoilton Carvalho

Revisado em Setembro de 2011 por:


Camila Guedes
Clarissa Custódio
Jamile Pinheiro
Marconni Freitas
Laboratório de Equipamentos Elétricos – Experimento: Disjuntores

Sumário
1-Introdução 3
2-Tipos de disjuntores 3
2.1-Disjuntores a Óleo 3
2.2-Disjuntores a gás SF6 4
2.3-Disjuntores a ar-comprimido 4
2.4-Disjuntores a vácuo 5
3-Parte Experimental 6
3.1-Inspeção do Disjuntor 6
3.2-Medição da resistência estática dos contatos de um disjuntor através da ponte
THOMPSON. 8
3.3-Medição de resistência do óleo isolante 11
3.4-Verificação da extinção do arco elétrico, produzido pela abertura de uma chave no
ar e no óleo. 11

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1-Introdução
Este experimento será utilizado como base para que seja possível reforçar a
teoria acerca de disjuntores, vista em sala de aula.
O disjuntor é um dispositivo prioritariamente mecânico e sua principal função
é a interrupção de correntes elétricas de falta tão rápido quanto possível. Além
das correntes de falta, o disjuntor pode interromper correntes nominais de carga,
correntes de magnetização de transformadores e reatores e as correntes capacitivas
de banco de capacitores e linhas em vazio.
O dispositivo trabalha em duas posições: fechado ou aberto, onde o normal
é estar fechado. Quando fechado, o mesmo trabalha como se fosse um condutor
oferecendo passagem da corrente elétrica à carga. Já em aberto, o mesmo isola o
circuito da carga, cessando assim a corrente de falta ou outros tipos de correntes.
Os disjuntores são projetados mecanicamente para abrir mesmo passando
meses na posição de fechado. Isso requer uma atenção especial em seu projeto
mecânico com a redução de massa nas partes móveis.
Existem quatro tipos de disjuntores e essa classificação é dada em função do
meio que estes utilizam para a extinção do arco elétrico em seu interior. São eles:
disjuntores a óleo, a gás SF6, a ar-comprimido e os disjuntores a vácuo.

2-Tipos de disjuntores
2.1-Disjuntores a Óleo
Os disjuntores a óleo são divididos em 2 grupos: os PVO (Pequeno Volume de
Óleo) e o GVO(Grande Volume de Óleo). Sendo que atualmente os GVO´s estão sendo
substituídos e quase já não existem. Os GVO´s são grandes tanques de óleo isolante
que contém em seu interior dois contatos elétricos. O óleo tem a função principal,
neste caso, de separar a parte condutora da terra, bem como a interrupção do arco
elétrico.
Os GVO´s vêm sendo substituídos porque apresentam grandes problemas
principalmente com relação à manutenção uma vez que o seu grande volume de óleo
oferece um risco grande de contaminação ao meio ambiente bem como o custo de
sua troca ou filtragem. Outro fator importante é que para manutenção dos GVO´s o
homem responsável pela manutenção tem que adentrar o tanque, trazendo com isso
riscos a ele, bem como ao equipamento.
O princípio de extinção do arco baseia-se na decomposição das moléculas do
óleo pela energia do arco. Esta decomposição resulta em gases que tem como efeito
refrigerar e aumentar a pressão em torno do arco favorecendo sua extinção.

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Figura 1 – GVO de 138kV

2.2-Disjuntores a gás SF6


O SF6 é um gás incolor, inodoro e não combustível. Em condições normais é
quimicamente estável e inerte. No seu estado puro é absolutamente não tóxico e
não causa corrosão. As principais razões que o faz ser utilizado em equipamento de
alta tensão é de ser um excelente meio isolante e possuir boas características para
interrupção da corrente elétrica.
A molécula do gás SF6 tem uma estrutura metálica simétrica sendo, por isso,
muito estável. A distribuição do potencial interno e as propriedades de absorção de
energia resultam na natureza eletronegativa da molécula do SF6, que capta os elétrons
livres e retarda o fenômeno de avalanche que inicia a disruptura. A rigidez dielétrica
do SF6 é cerca de 2,5 vezes a do ar a 1 atm de pressão e em um campo homogêneo.
Essa relação aumenta com o aumento da pressão.
A grande capacidade de transferência de calor e a baixa temperatura de
ionização fazem com que o SF6possua excelentes propriedades para extinção de arcos
elétricos. Em comparação com o ar, ele possui uma eficiência em suprimir arcos cerca
de 10 vezes maior. O tempo em que um arco é extinto no SF6 é 100 vezes menor que o
ar, sob condições similares. Apresenta as características de ser auto-regenerativo e
não formar depósitos de material condutor após a extinção do arco.

Figura 2 - Corte na câmara de interrupção de um disjuntor a SF6 de simples pressão.

2.3-Disjuntores a ar-comprimido
Os disjuntores a ar comprimido utilizam o ar comprimido como meio de
extinção do arco elétrico, isolamento e acionamento dos contatos móveis. Há dois
tipos de câmaras de extinção utilizadas nesses disjuntores: as câmaras de sopro axial
numa única direção e as de sopro axial em duas direções. Nos disjuntores modernos
as câmaras de interrupção estão permanentemente e totalmente pressurizadas. O
sopro de ar inicia-se pela abertura das válvulas de sopro para a atmosfera provocando
o fluxo de ar comprimido no interior das câmaras. O fluxo do ar na região entre os
contatos resfria e alonga o arco. Nos disjuntores de sopro, numa única direção, o fluxo
do ar comprimido para a atmosfera se dá através do contato móvel. Nos disjuntores
de sopro, em duas direções, uma válvula de sopro principal e uma auxiliar são abertas

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para a atmosfera dando origem a um fluxo de ar através dos contatos móvel e fixo.
As boas características dielétricas do ar comprimido e as de interrupção
dos disjuntores a ar comprimido (velocidade e intensidade do sopro) tornam estes
disjuntores adequados a grandes capacidades de interrupção. Os pólos dos disjuntores
a ar comprimido são individuais e de construção modular.
Através de combinações de idênticas unidades de câmara de interrupção,
permite-se sua utilização em diferentes classes de tensão e de capacidades de
interrupção, baseado no princípio de múltipla interrupção com controle da distribuição
da tensão nas várias câmaras de interrupção do pólo. Este arranjo depende do número
de cabeças de interrupção suportadas por uma coluna isolante: formação “T” no caso
da coluna isolante suportar uma cabeça de interrupção com duas câmaras de extinção
ou formação “Y” no caso da coluna isolante suportar duas cabeças de interrupção com
duas câmaras de extinção cada uma delas. Algumas vantagens da construção modular
são:
• Menor número de isoladores de porcelana requerido, uma vez que uma coluna
suporta duas ou quatro câmaras de extinção.
• Peças sobressalentes idênticas para todos os disjuntores.
• Facilidade de montagem.
• Possibilidade de modificações para aumento da capacidade de interrupção ou
da corrente nominal.

Figura 3 – Disjuntores a ar-comprimido, pólos modulares T e Y.

2.4-Disjuntores a vácuo
A técnica de interrupção da corrente no vácuo consiste na separação de um
contato móvel de um contato fixo dentro de um recipiente com vácuo, da ordem de
0,00001 TOR (0,00133M/m2).
O objetivo do processo de interrupção é como nos demais tipos de disjuntores,
extinguir o arco na passagem da corrente. O arco será extinto se a energia do sistema
for menor que a dissipada no processo de desionização e assim permanecerá se o
restabelecimento da suportabilidade dielétrica entre os contatos for suficientemente
rápida para suportar a tensão de restabelecimento transitória.

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Nos disjuntores a vácuo, a ionização do dielétrico é caracterizada por um


vapor metálico proveniente dos contatos. A eficiência do processo de interrupção é
determinada pela rapidez da condensação deste vapor metálico nas superfícies dos
contatos e barreiras de proteção. Os disjuntores à vácuo são constituídos por um
corpo cilíndrico isolante, normalmente cerâmico, onde num dos lados é montado
um fole de expansão, responsável pela estanqueidade do vácuo da parte interna das
câmaras para o ambiente.

Figura 4 - Corte da câmara de interrupção disjuntor a vácuo

Os contatos são projetados de tal modo que o campo magnético gerado


pelo próprio arco provoque deslocamento do mesmo,evitando sobreaquecimento
excessivo em determinado ponto do contato ao serem interrompidas correntes
elevadas.
O arco que se forma no vácuo não é resfriado. O plasma de vapor metálico
é altamente condutivo. Disto resulta uma tensão de arco muito baixa com valores
entre 20 e 200 V. Por este motivo, e devido à pequena duração do arco, a energia
dispersada no local de extinção é muito reduzida. Isto explica a elevada expectativa de
vida elétrica dos contatos. Em conseqüência do alto vácuo (até 10 bar) nas câmaras,
distâncias de 6 a 20 mm entre contatos são suficientes para se obter elevada rigidez
dielétrica.

3-Parte Experimental

3.1-Inspeçãodo Disjuntor

Objetivo

Buscar familiaridade com um disjuntor do tipo PVO e suas principais partes


constituintes.

Materiais e Equipamentos Utilizados


• Disjuntor;
• Chaves de boca ou estrela;
• Chaves em L;

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• Alicate;

Procedimentos

Inicialmente, será feita a análise dos dados da placa de identificação informados


pelo fabricante do equipamento. Estes valores devem ser anotados na tabela 1.Caso ache
pertinente anotar mais algum dado relevante, o faça.

Número de série Ciclo de operações


Ano de fabricação Frequência nominal(Hz)
Tipo Nível de isolamento(kV)
Tensão nominal (kV) Tempo de abertura(ms)
Corrente nominal (A) Tempo de fechamento(ms)
Tabela 1 - Dados de placa do disjuntor.

De modo a conhecer melhor o equipamento com o qual se realizarão os


experimentos, é importante iniciar pela inspeção do mesmo.

É fundamental saber identificar alguns componentes do disjuntor como: o medidor


de óleo, o contato móvel, o contato fixo, câmara de extinção do arco, entre outros. Assim,
faça uma inspeção detalhada.

O ensaio de inspeção ou comissionamento tem como objetivo avaliar fisicamente


o estado em que se encontra o disjuntor. Examine e anote o estado da pintura, das juntas
de vedação, a integridade dos contatos, o funcionamento do medidor de óleo. Verifique
se há vazamento de óleo e se há alguma avaria física, tal como a falta de porcas, arruelas,
parafusos e etc. Verifique, também,como está o mecanismo de acionamento.

Preencha a tabela 2 de acordo com sua avaliação para cada item descrito, após ter
feito a análise do equipamento.

COMPONENTE SITUAÇÃO

Pintura

Vazamento de óleo

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Mecanismo de acionamento

Medidor de óleo

Contato Móvel

Contato Fixo

Câmara de extinção

Juntas de Vedação

Componentes faltosos

Tabela 2 – Estado dos componentes do disjuntor.

3.2-Medição da resistência estática dos contatos de um disjuntor através da ponte


THOMPSON.

Objetivos:

Esse experimento tem como principal objetivo obter, com precisão, as resistências
estáticas dos contatos de um disjuntor trifásico, assim como familiarizar-se à ponte
THOMPSON.

Materiais utilizados:

• Fonte de tensão variável ajustada para gerar 2 V de tensão contínua.


• Ponte THOMPSON.
• Disjuntor trifásico a óleo.

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(a)

(b)
Figura 5: a)Ligação interna da ponte b) Esquema de ligação.

Procedimentos experimentais:

Uma ponte de Thompson (também conhecida por ponte de Kelvin) é uma versão
modificada da ponte de Wheatstone, de modo a eliminar o efeito das resistências dos
contatos e dos cabos de ligação do processo de medida, quando se pretende
determinar com rigor resistências de baixo valor (abaixo de 1Ω). Para compensar os
efeitos acima enumerados, esta ponte usa um segundo par de ramos de forma a
compensar o valor das resistências de contato e dos cabos. (Figura 6).

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Figura 6: Ponte de Thompson

Para a realização do experimento devem-se seguir os seguintes passos:

1. Ligue a fonte de tensão e utilizando um multímetro, verifique se a mesma


fornece 2 V.

2. Monte o arranjo conforme a figura 5b;

3. Ajuste a escala da resistência para a magnitude desejada (10-3);

4. Pressione o botão correspondente ao ajuste grosso e verifique se houve


variação no visor;

5. Caso ocorra, varie a resistência, utilizando para tal os quatro elementos


localizados na parte inferior da ponte. Quando o ponteiro estiver se aproximando
do zero, pressione o botão de ajuste fino juntamente com o do grosso, variando a
resistência até que o mostrador esteja centralizado em zero;

6. Para obter o valor da resistência estática do disjuntor, basta multiplicar o valor


obtido através dos quatro elementos variados pela magnitude aplicada e ao final
multiplicar por 10-3 (dado fornecido pela ponte);

7. Devido a problemas de cunho técnico, só será feita a medição em um dos pólos


do disjuntor. Anote, na tabela 3, os resultados obtidos.

Tabela3
C1
R (Ω)

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3.3-Medição de resistência do óleo isolante

Utilizando-se o megômetro e o disjuntor com os contatos abertos, deve-se realizar


o procedimento experimental descrito em seguida:

• Ligar um contato do megômetro na parte superior de uma fase do


disjuntor e o outro contato na parte inferior.

• Girar a manivela até o ponteiro do megômetrose estabilizar, observar o


valor e anotá-lo na tabela a seguir.

• Repetir o mesmo procedimento para as demais fases do disjuntor.

Deve-se tomar cuidado para não tocar nos contatos abertos do megômetro, pois
isto pode gerar uma descarga.

Tabela 4

P1 P2 P3

Comente sobre os resultados obtidos.

3.4-Verificação da extinção do arco elétrico, produzido pela abertura de uma chave


no ar e no óleo.

Objetivo:
Esse experimento tem como principal objetivo mostrar a diferença da
capacidade de extinção de um arco elétrico entre dois meios: o ar e o óleo.

Materiais utilizados:
• Um VARIAC;
• Um transformador 220/1910 V, X0 = 0,358 pu (75 °C), S = 1,15 kVA e 60 Hz;
• Uma chave a óleo;
• Uma chave a ar.

Figura 7

Procedimentos experimentais:
Chave a ar:

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• Conecte o variac no lado de baixa do transformador;


• Em seguida, conecte o lado de alta do transformador à chave a ar, de acordo
com a figura 7;
• Varie a tensão novariac e, através do afastamento dos contatos da chave,
observe a extinção do arco elétrico no ar.

Chave a óleo:
• Monte o arranjo da figura 7, porém utilizando uma chave imersa em óleo.
• Refaça o que foi feito anteriormente para a chave no ar e observe a extinção do
arco elétrico na chave a óleo.

Comente o que foi observado. Qual o método mais eficiente de se extinguir o arco elétrico, no
ar ou no óleo? Explique.

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