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BACHELARD, G.

INTRODUÇÃO IMAGINAÇÃO E MATÉRIA. A água e os sonhos. São


Paulo: Martins Fontes, 1997.

Fichamento
Ideia central: Bachelard irá focar na imaginação íntima da imaginação da matéria. Para desse
modo, encontrar atrás das imagens, as imagens que se ocultam. Bachelard irá estudar a forma
substancial da água, logo a imaginação material da água.

Objetivos: Determinar as substâncias das imagens poéticas e a adequação das formas as


matérias fundamentais (p. 15).

A introdução do livro dos sonhos de Bachelard distingue duas maneiras imaginativas


diferentes presentes em nossa mente. Primeiro, tem o “impulso da novidade” do inesperado
da vida, os acontecimentos não previstos. Elas floreiam a vida. Já uma segunda maneira, diz
respeito ao ser, buscar a origem do ser. Estas produzem germes no qual para Bachelard
correspondem a nossa forma interna: “Expressando-nos filosoficamente desde já, poderíamos
distinguir duas imaginações: uma imaginação que dá vida à causa á formal e uma imaginação
que dá vida à causa material” (p. 5). Existem as imagens da matéria, no qual sonhamos e as
imagens da forma no qual os psicólogos prestam mais atenção. Portanto, Bachelard irá focar
na imaginação da matéria no livro identificando sua obscuridade e o seu florescer.

Existe uma carência de informações sobre a materialidade na filosofia estética. Tal


tradição clássica do conhecimento retira da matéria a sua importância e conteúdo, apenas
focalizando e situando o indivíduo em sua forma: “Acreditamos, pois, que uma doutrina
filosófica da imaginação deve antes de tudo estudar as relações da causalidade material com a
causalidade formal. Esse problema se coloca tanto para o poeta como para o escultor. As
imagens poéticas têm, também elas, uma matéria.” (p. 7). Bachelard destaca a lei dos 4
elementos: fogo, ar, água e terra. As filosofias antigas conservam fontes de convicção
utilizavam tais princípios que se tornavam “temperamentos filosóficos”, há uma
substancialidade.

Uma verdade onírica na cosmologia dos sonhos são os elementos materiais “toda
paisagem é uma experiência onírica” (p. 9). Bachelard irá estudar a forma substancial da água,
logo a imaginação material da água. Tal escolha é realizada devido a uniformidade da água e
simples e particular de imaginação. Dentre suas características, referenciadas pelo filósofo
Heráclito, ela é transitória e se encontra em constante metamorfose. Contudo, tecer tal
análise é um grande desafio perante a escassez de documentos. Bachelard inicia nesse
momento da introdução explicando o título da obra e destaca que não se instala no
conhecimento racional, mas a água como uma complexidade presente muitas vezes irracional:

Foi perto da água e de suas flores que melhor compreendi ser o


devaneio um universo em emanação, um alento odorante que se
evola das coisas pela mediação de um sonhador. Se quero estudar a
vida das imagens da água, preciso, portanto, devolver ao rio e às
fontes de minha terra seu papel principal (p. 12)
Bachelard justifica a escolha da água e do título inicialmente por sua história de vida e
a sua relação com a água desde a infância. Ele nasceu em uma região de riachos no Vallage.
Para ele são nas águas que materializamos os desvaneios e os nossos sonhos. Paralelo a isso,
sua escolha também parte da questão teórica da psicanálise da água:
É na carne. nos órgãos, que nascem as imagens materiais primordiais.
Essas primeiras imagens materiais usam dinâmicas, ativas; estão
ligadas as vontades simples, espantosamente rudimentares. A
psicanálise provocou muitas revoltas quando falou da libido infantil.
Talvez se compreendesse melhor a ação dessa libido se lhe
devolvêssemos sua forma confusa e geral, se a ligássemos a todas as
funções orgânicas (p. 13)

É um conceito fundamental para compreensão da psicologia humana.


Capítulo 1: Nosso primeiro capítulo será dedicado às águas claras, às águas brilhantes que
fornecem imagens fugidias e fáceis (...) Faremos então prever a passagem de uma poesia das
águas para uma metapoética da água, a passagem de um plural para um singular (...) é um
suporte de imagens (p. 16).
Capítulo 2: a água substancial, a água sonhada em sua substância (...) Estudando as obras de
Edgar Poe, teremos então um bom exemplo da dialética cuja necessidade para a vida ativa da
linguagem (...) Lendo Poe, compreendemos mais intimamente a estranha vida das águas
mortas, e a linguagem ensina a mais terrível das sintaxes, a sintaxe das coisas que morrem, a
vida que morre (...)Para bem caracterizar essa sintaxe de um devir e das coisas, essa tripla
sintaxe da vida, da morte e da água, propomos considerar dois complexos que chamamos de
complexo de Caronte e complexo de Ofélia (p. 16, 17 e 18)
Capítulo 3: Segundo Bachelard a água é associada diretamente a pureza e atribuída ao
feminino nos aspectos no que tange uma imaginação ingênua e poética Existe uma espécie de
moral natural.
Capítulo 4: Nosso último capítulo abordará o problema da psicologia da água por caminhos
muito diferentes. Esse capítulo não será propriamente um estudo da imaginação material, mas
um estudo da imaginação dinâmica, à qual esperamos dedicar outra obra. O capítulo intitula-
se A água violenta (...) A princípio, em sua violência, a água assume uma cólera específica, ou
seja, a água recebe facilmente todas as características psicológicas de um tipo de cólera. Essa
cólera, o homem se gaba rapidamente de domá-la (...) A água assume um rancor, muda de
sexo. Tornando-se má, torna-se masculina. Eis, de um modo novo, a conquista de uma
dualidade inserida no elemento, novo signo do valor original de um elemento da imaginação
material! (p. 20).
Conclusão: A água aparecerá como um ser total
Este consistirá em provar que as vozes da água quase não são metafóricas, que a linguagem
das águas é uma realidade poética direta, que os regatos e os rios sonorizam com estranha
fidelidade as paisagens mudas, que as águas ruidosas ensinam os pássaros e os homens a
cantar, a falar, a repetir, e que há, em suma, uma continuidade entre a palavra da água e a
palavra humana (p. 21).
Documentos históricos: A maioria dos exemplos são retirados da poesia, pois cantam a
realidade; Crítica literária

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