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4 CORREÇÃO DAS FICHAS


Luís de Camões, Rimas

FICHA DE AVALIAÇÃO FORMATIVA 1

GRUPO I
Parte A
1 
1.1 Os versos que constituem uma separação clara na estrutura do poema são os versos 13 e 14 («Se isto
faz nos montes, / Que fará nas vidas?») porque o primeiro momento do poema (vv. 1-12) é relativo
aos efeitos que os olhos de Helena têm na natureza e o segundo momento do poema (vv. 15-24)
é relativo aos efeitos que os olhos de Helena têm nos seres humanos, em todas as pessoas que
a olham, inclusivamente o próprio Amor.
1.2 Os efeitos do olhar de Helena são os seguintes: na Natureza, mantém a verdura dos campos, serena

os ventos, transforma os abrolhos (espinhos ou rochedos) em flores, faz florescer as serras e tornas as
fontes (a água das fontes) claras — tranquiliza e transforma tudo, de forma a tornar a realidade mais
perfeita; nos seres humanos, o olhar de Helena tem um efeito de fascínio — as vidas humanas estão
«suspendidas» (v. 15), suspensas e dependentes da sua luz, os corações estão presos e as almas estão
penduradas — é um olhar que a todos encanta ou enfeitiça.

2 
a) A náfora — enfatiza a transformação extraordinária que se opera nos elementos naturais (serras,
fontes) como consequência de serem olhados por Helena/realça as capacidades do olhar feminino.
b) Comparação — destaca a quantidade de vidas humanas que foram cativadas e estão fascinadas
pelo olhar de Helena.
c) Hipérbole — destaca a quantidade de almas conquistadas pelo olhar de Helena, sugerindo que
a conquista de Helena atinge sobretudo a parte espiritual das vidas humanas (alma).

3 
A figura feminina do poema é retratada seguindo os modelos petrarquistas pois dá-se relevo ao seu
poder transformador absoluto, à sua perfeição, tornando-a numa figura superior aos que a rodeiam
e de quem todos dependem (inclusive, o próprio Amor, que lhe presta vassalagem, lembrando a poesia
provençal e o universo das cantigas de amor).
O único traço físico concreto referido é o seu olhar mas as suas características são, sobretudo, de natureza
espiritual («o ar de seus olhos», «na luz de seus olhos») ou psicológica. Na realidade, sabemos como
Helena é perfeita por causa das consequências que ela produz:
— torna os campos verdes, logo, terá olhos verdes;
— acalma os ventos, portanto, é tranquila;
— transforma os espinhos e as serras em flores, logo, é bela;
— torna as águas das fontes mais claras, portanto, isso será um indicador de pureza;
— possui uma «graça inumana» (v. 19), logo, a sua natureza é divina, celestial.

Parte B
1 
O sujeito poético dirige-se à amada (Dama), explicando-lhe que o desejo (a paixão) o incita a procurar vê-la.

2 
Podemos afirmar que este soneto se divide em duas partes: a primeira parte (as duas quadras) consiste na
explicação que o sujeito poético apresenta à Dama acerca do amor delicado que sente por ela («fino e
delgado») e de como o desejo sensual que o incita não tem razão de existir, não tem lógica, uma vez que,
se fosse concretizado, deixaria de ser «desejo».
A segunda parte (os tercetos) inicia-se com a conjunção adversativa «mas», indicando que se vai expor
uma objeção à teoria que foi anteriormente exposta. O sujeito poético explica que o afeto puro que sente
pela amada («Dama»: v. 1 / «Senhora»: v. 14) foi corrompido («se dana», v. 9) pelo seu pensamento que é de
natureza «terrestre e humana» (v. 13). Essa sua natureza humana fá-lo desejar a amada, o que entra em
conflito com o ideal de amor espiritual e puro exposto nas duas quadras.

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Comparação — (é utilizada como argumento) comprova a ideia de atração fatal sentida pelo eu do
poema, atração essa que é comprovada pela experiência, por factos reais, verdadeiros, que se podem 4
corroborar. O sujeito poético compara o seu desejo pela amada com a força da gravidade exercida pelo

Luís de Camões, Rimas


planeta em relação aos corpos que o habitam: tal como uma pedra é atraída para o centro da Terra, assim
ele se sente atraído pela amada, contrariando a ideia de amor ideal exposto na primeira parte do soneto.

GRUPO II
1 
1.1 (C); 1.2 (B); 1.3 (B); 1.4 (B); 1.5 (D).

2 
2.1 « uma personagem de corpo inteiro» — uma personagem rica, complexa e intensa; «só falta
o corpo» — conjunto dos sistemas orgânicos e dos membros que constituem um ser humano;
«um corpo que toda a gente conhece» — uma figura humana, a imagem de uma figura humana.
2.2 O Corpo de Fuzileiros atuou com eficácia. — regimento militar.

O corpo docente desta escola é extraordinário. — conjunto de indivíduos que pertence à mesma
classe profissional.
2.3 (Nós): sujeito nulo subentendido; Já os vimos mais poderosos, mais ferozes, com menos ganga:

predicado; os: complemento direto; mais poderosos, mais ferozes, com menos ganga: predicativo
do complemento direto; Já: modificador do grupo verbal.

2.4 a) que também tem uma espécie de sentimentos: oração subordinada substantiva completiva.
b) (que é Joaquin Phoenix): oração subordinada adjetiva relativa explicativa.

GRUPO III
Construção de texto com as características do texto expositivo, que respeite o tópico proposto e o limite
de palavras imposto. Indique exemplos de outros poemas analisados como forma de comprovar
as informações expostas.
Pode referir-se aos poemas de influência petrarquista (amor espiritualizado, a amada perfeita e inatingível),
às composições de tom mais ligeiro, aos poemas sobre a insatisfação, a impossibilidade de síntese entre o afeto
e o desejo sensual ou ainda referenciar os poemas que apresentam o amor enquanto fonte de contradições.

FICHA DE AVALIAÇÃO FORMATIVA 2

GRUPO I
Parte A
1 
O mote desta composição apresenta a temática da angústia existencial através da interrogação retórica
(que traduz a ideia da impossibilidade de viver sem preocupações e que anuncia que a tentativa de fuga
ao sofrimento é vã) e da enumeração de vocábulos de conotação negativa e pessimista (morte, dor,
perigo) que representam as realidades de que o sujeito poético deseja fugir. O verso 3 apresenta a
condição pela qual não é possível afastar-se da dor: ele próprio é a causa do seu sofrimento (me, eu,
comigo). As voltas do poema vão procurar responder à questão lançada no mote.

2 
O sujeito poético está insatisfeito porque nasceu, a vida tem sido uma experiência negativa, sendo que
são as suas características pessoais, inatas, que originam o seu estado de tristeza e depressão: «pois que
pude ser nascido» (v. 7) e «eu mesmo sou meu perigo» (v. 10).

3 
Neste vilancete, encontramos um sujeito poético fatalmente infeliz («não posso ser contente», v. 6),
constantemente atormentado («sempre tão unido/o meu tormento comigo», vv. 8-9), desiludido com a
sua vida e com a sua personalidade («eu mesmo sou meu perigo», v. 10), absolutamente angustiado com
a sua divisão interior («se de mi me livrasse,/nenhum gosto me seria», vv. 11-12), mortificado por um
conflito interior irresolúvel (se vive, é infeliz, se se suicida, deixa de viver, ou seja, eliminar o mal que é a sua
vida não é um bem porque deixaria ele próprio de existir).

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4 4 
A conclusão apresentada pelo eu do poema é a seguinte: não existe qualquer solução para o seu
problema, uma vez que a sua existência é uma contradição: se vive, sofre; se morrer, não existe.
A rima entre os vocábulos «perigo/comigo», presente no mote e repetida nas voltas acentuam e reiteram
Luís de Camões, Rimas

a noção de que é impossível, para este sujeito poético, viver e ser feliz, pois é «inimigo de si próprio»,
os perigos que enfrenta na sua vivência começam em si mesmo.

Parte B
1 
1.1 O
 s duas expressões utilizadas para definir «vida» são «peregrinação» (verso 2, palavra utilizada para
descrever um longo e difícil percurso, normalmente associada ao sofrimento) e «discurso humano»
(v. 4, etimologicamente significaria «correr em redor de algo», percorrer, uma metáfora para designar
o tempo que já se gastou no percurso de vida).

2 
Este soneto é uma reflexão sobre a vida, o cansaço de viver e a tristeza de estar perto da morte. Existe
uma antítese entre a forma verbal «se me alonga» (v. 1) e a forma verbal «se encurta» (v. 3) pois a primeira
aponta para a extensa, longa duração da vida do sujeito poético e a segunda indica que o fim, a morte,
se aproxima. Opõem-se as ideias de longevidade e finitude da vida humana.

3 Metáfora — «No meio do caminho» (v. 10), compara a vida humana a um caminho que se tem
de percorrer, logo, a meio da vida sente falta de algo que sempre buscou;
Hipérbole — «Mil vezes caio» (v. 11), exacerba a insistência com que tenta ultrapassar os obstáculos
colocados pela vida no seu percurso.

GRUPO II
1 
1.1 (A); 1.2 (D); 1.3 (C); 1.4 (C); 1.5 (A).

2 
2.1 O discurso do professor lembrou-nos que Camões foi um poeta excecional.
Este exercício pede-nos para diferenciar discurso direto de discurso direto.
2.2 O aparecimento de novos antidepressivos: sujeito; de novos antidepressivos: complemento

do nome; mais seguros e melhor tolerados: modificador apositivo do nome; acabou por generalizar
o seu uso entre os médicos não especialistas: predicado; por generalizar o seu uso: complemento
oblíquo de «acabou»; o seu uso: complemento direto de «generalizar»; entre os médicos não
especialistas: modificador do grupo verbal.

2.3 a) Oração subordinada adverbial causal.


b) Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
c) Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.

GRUPO III
Texto bem estruturado, respeitando as características do texto de apreciação crítica e o universo/objeto
a descrever e analisar (poemas de Luís de Camões que se centram na temática na reflexão sobre a vida pessoal
do sujeito poético), bem como o limite palavras imposto.
Pode referir-se à esparsa ao desconcerto do mundo, ao vilancete «Perdigão perdeu a pena», ou ainda aos
sonetos «O dia em que eu nasci, moura e pereça», «Erros meus, má fortuna, amor ardente», «Eu cantei já,
e agora vou chorando».

FICHA DE COMPREENSÃO DO ORAL


Transcrição:
Reportagem intitulada Livro Póstumo de Vasco Graça Moura procura verdadeira face do poeta Luís de Camões.
[Camões declamando o soneto «Amor é fogo que arde sem se ver», num excerto do filme Camões,
de Leitão de Barros] É um contentamento descontente…

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O protagonista do filme de Leitão de Barros poderia não estar longe da descrição que os cronistas
fazem de Luís Vaz de Camões. Tinha cabelos quase loiros ou arruivados e era de constituição forte. A pala
só apareceu no filme de 1946 mas a cegueira do olho direito afetou psicologicamente o Poeta.

Luís de Camões, Rimas


[Excerto do filme Camões, de Leitão de Barros] Estou velho. Estou mudado.
É um dos elementos da verdadeira face de Camões procurada por Vasco Graça Moura.
Manuel S. Fonseca — Ele tem uma tese à volta dos retratos de Camões e aponta para que dois dos retratos
correspondam, com alguma fidelidade, àquilo que fisicamente Camões foi, de facto.
Este é o retrato feito ainda em vida de Camões por Fernão Gomes e que o Poeta dizia não corresponder à sua
condição de homem amargurado. Já este foi feito numa prisão de Goa ou Moçambique onde Camões esteve
detido.
Manuel S. Fonseca — Ele defende a teoria que há um deles que é um retrato robot que se baseia em testemunhos
de terceiras pessoas que terão conhecido, no Oriente, Camões. Esses traços foram reunidos e com eles
se constituiu aquilo a que se chama a miniatura de Goa, por exemplo, de 1572, que é um retrato misterioso.
Conclusões de Vasco Graça Moura no quinto ensaio dedicado a Camões, com quem apresenta semelhanças.
Eduardo Lourenço — É um poeta que, sendo um grande poeta lírico, mas que tem uma conceção épica da vida.
É alguém para quem a existência é uma espécie de luta, em todos os campos. Ele é camoniano na alma.
É camoniano na admiração.
Vasco Graça Moura teve os seus textos sobre Camões ilustrados por artistas contemporâneos. A. José de Guima-
rães bastam poucos elementos para identificar o Poeta, presentes nesta escultura em papel da série Variações
Camonianas.
José de Guimarães — O espectador, quando olha para a escultura, revê-se no olho do Camões. O olho de Camões
é um espelho. Depois, tenho aqui uma espécie de gola, que é uma boca de uma serpente. E depois, temos
a espada, simbolizando o poeta guerreiro e que foi numa luta dessas que perdeu o olho.
Eduardo Lourenço — O maior dos poetas do Ocidente era cego. O Camões era só de um olho, era metade de
Homero. E isso era uma coisa com que Vasco Graça Moura, com certeza, faria um poema mas eu não sou
poeta.

GRUPO I
1 Ao lançamento e apresentação de um livro de Vasco Graça Moura.

2 Luís de Camões.

3 
Vasco Graça Moura escreveu um ensaio que se centra no estudo de imagens que reproduzem aquele
poeta.

4 RTP, no programa «Bom Dia, Portugal».

5 
Essa figura consiste no processo de tradução em Língua Gestual Portuguesa do discurso que está a ser
transmitido, de maneira a tornar acessível, aos cidadãos surdos, a mensagem da peça transmitida.

6 A Sociedade Portuguesa de Autores pois é o nome que surge na mesa em que se sentam os oradores.

7 Três.

8 O primeiro entrevistado.

9 José de Guimarães, artista plástico. Eduardo Lourenço, filósofo e crítico literário.

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4
GRUPO II
1 
O facto de não se saber quem é essa personalidade, que relação tem com a publicação do livro ou com
o seu autor acaba por colocar em risco a legitimidade das suas afirmações e, por conseguinte, da própria
Luís de Camões, Rimas

peça jornalística. O público é obrigado a inferir se essa personalidade estaria apenas a assistir ao
lançamento do livro ou se seria um dos responsáveis pela sua publicação. Na realidade, trata-se de
Manuel S. Fonseca, responsável da editora Guerra e Paz, que publica o livro em colaboração com a SPA
— Sociedade Portuguesa de Autores.

2 
O filme Camões é uma biografia sobre este poeta português. Segundo a jornalista, o ator escolhido
para protagonista teria algumas semelhanças físicas com o Poeta (cor de cabelos e constituição física),
segundo a tese que Vasco Graça Moura aponta no seu livro.

3 
O aspeto físico a que se faz referência no segundo excerto é a cegueira de Camões, que, segundo a tese
de Vasco Graça Moura, teria afetado negativamente o ânimo do Poeta. A frase da personagem («Estou
velho. Estou mudado») aponta exatamente no sentido de uma mudança radical na forma de encarar
a existência, remetendo para um ambiente mais reflexivo e melancólico.

4 Fernão Gomes.

5 
Segundo as afirmações do primeiro entrevistado, no seu ensaio, Vasco Graça Moura afirma que um dos
dois retratos que se pensa terem sido produzidos ainda durante a vida do Poeta será, afinal, um retrato
robô baseado em testemunhos de terceiros que terão conhecido Camões no Oriente.

6 
José de Guimarães é um dos artistas plásticos que produziu uma escultura de Camões que se encontra
fotografada no livro, logo, procura explicar como se pode identificar o Poeta na obra plástica que criou.

7 
A pergunta poderia ser: De que forma terá a cegueira afetado as temáticas da lírica camoniana?
ou De que forma terá a cegueira afetado as capacidades de escrita de Luís de Camões?

8 
O folhear do livro permite ao espetador perceber que estão reproduzidas no livro várias imagens a cores
referentes ao Poeta e que são alvo de análise nesse ensaio.

9 
Trata-se de uma pequena reportagem cujo objetivo é narrar um acontecimento da atualidade, recorrendo
a pesquisa e apresentando testemunhos.

FICHA DE COMPREENSÃO DA LEITURA


1 
1.1 (C); 1.2 (D); 1.3 (B); 1.4 (A); 1.5 (B); 1.6 (D); 1.7 (C); 1.8 (A); 1.9 (A); 1.10 (D).

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