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Departamento de Estatística – EST/IE Estatística Aplicada

EST0019 – 3B e 4ª

Período letivo: 2º semestre de 2020

Professor: Luis Guilherme Alho Batista

Alunas: Gilceli Menezes (202055602) e Maria Eduarda Alves Ferreira (202055424)

Uma análise crítica e estatística dos dados referentes

ao Relatório de Inspeção Nacional

Brasília, 19 de maio de 2021


O Relatório de avaliação dos serviços hospitalares foi feita pelo Ministério da
Saúde, por meio do Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares/Psiquiatria
(PNASH/Psiquiatria) e do Programa Anual de Reestruturação da Assistência Hospitalar
Psiquiátrica no SUS. Foi uma pesquisa realizada em âmbito nacional, e com isso, os dados
obtidos subsidiam as ações de políticas públicas para a restruturação da assistência em
psiquiatria hospitalar no Brasil. Os principais pontos analisados pelo programa abrangem
aspectos como implantação, consolidação territorial da rede de atenção, gestão dos recursos
financeiros aplicados e a avaliação da qualidade dos serviços já implementados.

Com efeito, são apresentados dados qualitativos dos hospitais, abrangendo aspectos
sobre a natureza jurídica, a gestão estadual ou municipal, qual município, entre outras
características e categorias. São também apresentados dados quantitativos de leitos cadastrados
por hospital e também sobre o repasse financeiro, por exemplo. Um importante dado analisado
é a qualidade da implementação da politica de assistência psiquiátrica no Brasil, por meio dos
instrumentos de gestão. Nesse viés, conforme os dados são dispostos, são feitas análises em
relação aos principais desafios encontrados na gestão das unidades de psiquiátricas no Brasil.
Esse estudo mostra de forma crítica e ativa, a necessidade de politicas de desistituicionalização
e a importância da implementação da assistência terapêutica progressiva.

Ademais, o relatório aponta a importância e a necessidade de estudos e da estatística


para o acompanhamento da situação dos hospitais psiquiátricos brasileiros. No entanto,
observa-se uma preocupante falta de dados e de informações das instituições, ou seja, um baixo
número de instituições são periodicamente avaliadas e monitoradas. Aliado a isso, tem-se uma
deficiente participação judiciária na gestão das entidades, mesmo sendo competência do
judiciário resguardar a proteção e os direitos das pessoas privadas de liberdade.

Por conseguinte, são apresentados os dados dedutivos e indutivos do relatório. As


informações dedutivas, que envolvem a coleta, organização e o processamento de dados, são
realizadas na própria unidade hospitalar, que são previamente indicadas para a ação de
monitoramento. A análise indutiva, que envolveu o uso de uma amostra para chegar as suas
conclusões, compõem os textos complementares a cada apresentação tabular de dados. Na
primeira tabela apresentada neste capítulo são informados os 16 hospitais alvos de inspeção e
suas localidades e natureza jurídica. Dessa forma, conclui-se que a maior parte das instituições
são públicas e estão localizadas na região nordeste. Logo, torna-se evidente a importância do
Sistema Único de Saúde (SUS) na atuação e no bom funcionamento dos hospitais psiquiátricos
brasileiros.
Nesse sentido, os dados indutivos são apresentados principalmente em tabelas
temáticas que proporcionam comparação entre as variáveis. Isso é mostrado de acordo com o
foco de cada conjunto das variáveis apresentadas, como número de pacientes em situação de
moradia, qualitativo e quantitativo de leitos credenciados e aporte financeiro recebidos por
unidade hospitalar.

Outro ponto a ser observado, é o uso dados primários e secundários. Dados primários
são aqueles coletados pelo pesquisador direto da fonte, já os dados secundários são coletados
utilizados fontes disponíveis de informação. Este relatório de monitoramento há indicativo de
que seja composto de dados primários obtidos por meio de uma amostragem aleatória pelos
pesquisadores diretamente nas unidades hospitalares pesquisadas: “a seleção das instituições
visitadas nesta Inspeção Nacional considerou tais elementos, incluindo a totalidade de hospitais
psiquiátricos(...). E secundários “valendo-se das bases de dados nacionais públicas de
informação no âmbito do SUS, serão analisados neste capítulo os achados de inspeção à luz dos
normativos vigentes que tratam: do cadastro dos estabelecimentos, da composição de leitos, das
habilitações, (...).”

A apresentação dos dados variáveis foi feita em tabelas ao longo do texto, sendo que
em cada tabela orientada pelo foco do dado a ser analisado. Na tabela 6, por exemplo, o foco
principal é apresentar as instituições indicadas para descredenciamento e as variáveis de dados
consistia nas informações qualitativas institucionais, como localização e natureza jurídica. Na
tabela 7, o foco da apresentação era o número de moradores encontrados na inspeção dos
hospitais psiquiátricos, que já estavam indicados ao descredenciamento.

Outrossim, os dados publicado em módulos temáticos foram essenciais para o


entendimento do relatório e eficiente para análise do modelo de assistência hospitalar
psiquiátrica e a gestão dos financiamentos. As informações relativas ao número de leitos que
deveriam ser descredenciados e ainda estão sendo ocupados por pacientes moradores da
instituição levam a dedução de que os recursos financeiros para assistência terapêutica não estão
sendo devidamente utilizados, ao contrário, a gestão desses hospitais permanecem com a lógica
da hospitalização.

Em seguida, alguns gráficos foram utilizados nas apresentações dos dados relativos aos
financiamentos. A representação gráfica é eficiente para demonstrar dados comparativos ao
longo de um período e destacar as assimetrias de distribuição. Um exemplo, é o gráfico da
figura 9, que em serviços hospitalares, sua análise permite afirmar que desde 2005 os gastos
com atenção comunitária psicossocial vêm aumentando em relação aos gastos com internações
psiquiátricas. O período das informações foi apresentado é de 2002 até 2013, e essa afirmativa
relativa aos investimentos nas ações comunitárias e hospitalares permanece ascendente até
2013.

Por outro lado, os números apresentados nos gráficos apontam para o aumento de
investimentos para terapêuticas comunitária. Entretanto, as informações foram
complementadas com dados secundários, que não aparecem nos gráficos, e que destacam para
o período de 2017 e 2018, os valores de investimento em internações hospitalares voltaram a
crescer. No site do CFP, consta que em 2017, este conselho mobilizou seus membros e buscou
apoio da sociedade para combater as modificações que já estavam sendo sinalizadas pelo
Governo Federal. Ou seja, modificações no gerenciamento de recursos orçamentários e
financeiros com propostas para aumento de gastos com manutenção de leitos em hospitais
psiquiátricos, resultaram na ampliação de recursos para comunidades terapêuticas e na
limitação da oferta de serviços extra-hospitalares.

Em relação às medidas- resumo de variáveis, que se dividem entre as de posição, de


dispersão e de forma, os gráficos do relatório, de forma geral, não abordaram as médias,
medianas, modas, nem variâncias e desvios padrões. A partir dos dados informados, pode-se
chegar a qualquer umas dessas medidas usando-se do ferramental estatístico básico, somente
com os valores exemplificados no texto. O gráfico 9, relativo à proporção de recursos federais
destinados à saúde mental em serviços hospitalares em serviços, é um exemplo de gráfico de
dispersão. Com isso, tem-se pares ordenados representados como pontos no plano cartesiano,
mostrando a relação entre duas variáveis qualitativas em questão: gastos hospitalares e gastos
em atenção comunitária/territorial. A partir desse gráfico, conclui-se que a de 2005 em diante,
os recursos investidos em serviços extra-hospitalares ultrapassa o financiamento dado aos
serviços hospitalares.

Nesse contexto, o presente relatório é um documento extremamente necessário para


reafirmar a importância do SUS na saúde pública, tendo em vista que esse sistema presta
atenção direta relativa às questões sobre saúde mental; tanto na prevenção, quanto no combate,
quanto na recuperação do indivíduo. Além disso, ressalta-se a importância desse estudo para a
gestão das futuras políticas públicas, possibilitando a redução do problema e na melhoria da
qualidade de vida dos pacientes. Por fim, com os dados apresentados, é possível notar uma
demanda significativa por uma melhoria nos canais de denúncia e nos controles de
monitoramento, a fim de evitar os casos cruéis vistos nos manicômios em um passado não tão
distante. Nesse sentido, reverbera-se a importância na continuidade da luta antimanicomial
iniciada na década de 90 e comemorada no dia 18 de maio. Assim, os tópicos abordados
contribuem para um atendimento de caráter mais humanizado e, consequentemente, para a
preservação dos direitos humanos básicos.

“Querer-se livre é também querer livre os outros” (Simone de Beauvoir)

Referências:

BARBETTA, P.A. - Estatística aplicada às ciências sociais. rev, Florianópolis: Ed. da UFSC,
2005

LARSON, R.; FABER, B. Estatística aplicada, São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2004.

Hospitais Psiquiátricos no Brasil: Relatório de Inspeção Nacional CFP – Monitoramento,


Avaliação e Financiamento Público de Hospitais Psiquiátricos: pp. 453-490.

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