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2.1 No relacionamento interpessoal. As primeiras qualidades do fruto do Espírito – amor, alegria e paz – são
ingredientes essenciais de nossa vida espiritual interior, de nossa relação pessoal com Deus; os três seguintes começando
com a paciência ou longanimidade, são manifestações exteriores do amor, da alegria e da paz em nossas relações com as
pessoas à nossa volta (GILBERTO, 2004, p. 76). Sobre a importância da longanimidade destacamos: (a) O apóstolo Paulo
expressa aos Colossenses o desejo de que eles tenham essa qualidade (Cl 1.9-11); (b) uma das características do autêntico
cristão (Cl 3.12); (c) deve ser exercitada com todos (1 Ts 5.14); (d) virtude imprescindível para o ministério do ensino (2
Tm 4.2); (e) pacifica as intrigas (Pv 15.18).
2.2 Prevenindo contra a dissenção. Sobre a dissenção, já temos visto ser uma das obras da carne listadas pelo apóstolo
Paulo aos gálatas. Do grego “dichostasia”, significa “sedição, rebelião”, e também “posicionar-se uns contra os outros”;
trata-se daquele sentimento que só pensa no que é seu, e não também no que é dos outros (LOPES, 2011, p. 245). Na igreja
que estava em Corinto, Paulo faz uma incisiva advertência sobre esse sentimento presente entre os irmãos; apesar de ser
uma igreja fervorosa onde havia manifestações diversas dos dons espirituais (1Co 1.7) contudo, o apóstolo os chama de
crentes carnais e não de espirituais (1Co 3.1). “A rivalidade, motivada por egoísmo, só pode resultar em divisões que
destroem a unidade da igreja. Aqui, Paulo não está falando de diferenças fundamentadas em crenças sinceras; ele está
preocupado com divisões ocasionadas por motivos errados, cuja procedência é determinada pela natureza
pecaminosa”. (BEACON, 2006, p.72). Uma vez que havia dissensões no seio da igreja trazendo partidarismo (1Co 1.10-
12; 3.1-4) como também prejuízo à liturgia do culto (1Co 11.17-21); para corrigir esses e outros erros, o apóstolo reafirma
a necessidade de possuir o “fruto do Espírito” caracterizado pela sua principal virtude o amor (1Co 13.1-7).
2.3 Um remédio contra ansiedade. De acordo com Andrade (2006, p.49) a ansiedade é: “Aflição, inquietação,
preocupação. Estado de angústia que induz o ser humano a projetar, no futuro, perigos irreais, nascidos, via de regra,
das interrogações do dia-a-dia”. A ansiedade tem sido responsável por grande parte dos problemas espirituais e
emocionais de muitos crentes. Segundo Lopes (2007, p. 229): “A ansiedade é a maior doença do século. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde, mais de 50% das pessoas que passam pelos hospitais são vítimas da ansiedade”. Em
função disso, o Senhor Jesus adverte: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de
si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6.34). O ansioso geralmente antecipa os problemas. A ansiedade produz o
sofrimento antecipadamente; a ansiedade esgota as forças antes do problema chegar; por essa e outras razões precisamos
da paciência como remédio para a alma (Fp 4.6; 1Pe 5.7).
3.1 A segunda vinda de Cristo, uma motivação à paciência (Tg 5.7-9). É importante destacar que a segunda vinda de
Cristo é mencionada três vezes nessa passagem, por certo, com o objetivo de animar os irmãos a cultivarem a
longanimidade ao terem em vista a bendita esperança da volta de Jesus (Tt 2.13). Ao ter essa esperança gloriosa em vista,
somos fortalecidos para continuarmos sendo pacientes (Tg 5.8); não menos importante, Tiago lembra que a atitude inversa
à vontade de Deus, ou seja, o crente não ser longânimo, será julgada (Tg 5.9).
3.2 Exemplos de paciência, uma referência a ser seguida (Tg 5.10,11). Para encorajar os seus leitores ao exercício da
paciência, o apóstolo faz alusão a figuras e personagens que servem de modelo a serem seguidos. Vejamos:
3.2.1 O lavrador. Uma das atividades que mais exige paciência, com certeza, é de agricultor, isso se dá por razões
conhecidas, pois, nenhuma planta cresce da noite pra o dia, pelo fato de o lavrador não controla as condições climáticas,
etc. Na Palestina, o grão é plantado no outono e recebe a chuva temporã no final de outubro. Ele recebe a chuva [...]
serôdia em março e abril, pouco antes de estar maduro. Durante todo esse tempo, o agricultor espera pacientemente pela
colheita (BEACON, 2006, p.191). Por essa razão Tiago retrata o cristão como um “agricultor espiritual” à espera da
colheita espiritual. A razão da sua paciência é sua esperança confiante na colheita, a ceifa faz a espera valer a pena (Tg
5.7). “Porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” (Gl 6.9). “Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso
coração” (Tg 5.8). Nesse exemplo a paciência é sinônimo de perseverança em aguardar pelos resultados (Hb 10.36-38).
3.2.2 Os profetas. Chamados para serem porta-voz de Deus, geralmente em períodos marcados por crises diversas, foram
perseguidos e alguns mortos por sua fidelidade; perseguição essa, denunciada por Estevão diante do Sinédrio: “A qual dos
profetas não perseguiram vossos pais? até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo [...]” (At 7.52).
Os profetas são exemplos de pessoas que suportaram as mais diferentes dificuldades de forma resoluta, para proclamar a
verdade de Deus, servindo de referência conforme ensinou o Senhor Jesus: “Bem-aventurados sois vós, quando vos
injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é
grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mt 5.11,12).
3.2.3 O patriarca Jó. Lembrado como exemplo de piedade (Ez 14.14,20), cuja integridade foi atestada pelo próprio Deus
(Jó 1.1; 2.3). O patriarca por meio das aflições que enfrentou e venceu, tornou-se também um exemplo daqueles que por
meio da perseverança e paciência, alcançam as bençãos do Senhor (Jó 42.10-17). Por meio desses exemplos Tiago deseja
estimular os leitores a serem pacientes em momentos de aflições. Como um lavrador, esperamos a colheita espiritual, pois
os frutos glorificarão a Deus; à semelhança dos profetas, testemunhamos apesar das perseguições; e como Jó, esperemos o
Senhor cumprir seu propósito amoroso, sabendo que jamais causará qualquer sofrimento desnecessário na vida de seus
filhos (Rm 8.28).
CONCLUSÃO
Concluímos que ter paciência é uma necessidade de todo cristão, diante das diversas situações a que estão
submetidos, como também nos tornar capazes de suportar e saber agir pacientemente, para conservação da unidade cristã
evitando as divisões.
REFERÊNCIAS
BARCLAY, William. As obras da carne e o fruto do Espírito. VIDA NOVA.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS
LOPES, Hernades dias. Comentário Expositivo Gálatas. HAGNOS
OLIVEIRA, Raimundo de. As Grandes Doutrinas da Bíblia.CPAD
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
TYNDALE, Dicionário Bíblico. GEOGRÁFICA