Você está na página 1de 27

A demografia abarca estudos sobre a dinâmica da população no que diz respeito

à distribuição e crescimento demográficos tanto sobre os diferentes países do


globo terrestre, quanto sobre território do Brasil.

Estuda-se a mortalidade infantil, a expectativa de vida através do IDH, o


crescimento vegetativo etc., além das grandes concentrações demográficas na
Ásia ou metrópoles globais. Adamais, estuda-se as teorias demográficas e sua
relação com a distribuição de alimentos no mundo e a fome.

Conceitos Importantes:

Populoso: número absoluto de habitantes de determinado país, continente,


regiões, estados, cidades etc. Exemplifique-se: os países mais populosos são a
China e a Índia com populações acima de 1 bilhão de habitantes cada. O Brasil
em 2010 era o quinto país mais populoso do mundo com 190 milhões de
habitantes.

Já o município mais populoso do Brasil é São Paulo com 12,5 milhões de


habitantes, já o município menos populoso ficava em Minas Gerais e contava
com apenas 786 habitantes em 2010, trata-se do município Serra da Saudade
na região central do estado mineiro.

Povoado: número relativo de habitantes de determinada região, país, ou cidade


etc. No caso, trata-se do número de habitantes por quilômetro quadrado.

Exemplifique-se em números aproximados do ano de 2018:

Macau possui 20 mil habitantes por km²;


Hong Kong, na China, possui 7 mil habitantes por km²;
Manhattan, em Nova Iorque, possui 27 mil habitantes por km²;
São Paulo, capital, possui 7300 habitantes por km² e o estado de São Paulo
possui 177 habitantes por km²;
Rio de Janeiro, capital carioca, tem 5600 habitantes por km² e o estado
fluminense 396 habitantes por km²;
Já o Brasil possui apenas 25 habitantes por km².

Migração: fluxo demográfico de determinada região para outra.


- Imigrante: chegada;
- Emigrante: saída.

Taxa de Fecundidade: número médio de filhos por mulher, em seu período de


fertilidade, num universo de 1 mil mulheres. No Brasil a idade fértil das mulheres
é considerada, segundo o IBGE, entre os 15 anos e 49 anos.

Crescimento Vegetativo (C.V = T.N.- T.M.: Taxa de Natalidade (nascimentos


por mil habitantes ao longo de um ano) subtraída a Taxa de Mortalidade (mortes
por mil habitantes ao longo de um ano).
Mortalidade Infantil: Mortalidade Infantil (crianças até completarem o 1° ano de
vida) num universo de 1 mil nascimentos.

Exemplifique-se com dados de 2010 levantados por órgãos da ONU:

Países com baixa mortalidade infantil:

Noruega: 3;
Islândia: 3
Japão: 3
Finlândia: 3; e
Suécia: 3.

Países com altíssima mortalidade infantil:

Afeganistão: 152;
Chade: 127;
Angola: 111;
Guiné-Bissau: 109;
Nigéria: 107;
Somália: 106;
Mali: 103.

O caso do Brasil:

Em 2000 o Brasil registrou, segundo os dados do IBGE, a taxa de 29 mortes por


1 mil habitantes no que concerne a mortalidade infantil. Como se pode constatar,
nosso País tem menor taxa de mortalidade infantil se comparado aos países cuja
cifra excede os 100/1000, mas ainda há muito o que melhorarmos. Pois os
países desenvolvidos apresentam uma taxa próxima de zero.

Apesar disso, se considerarmos a década de 2000 veremos que melhoramos


nesse quesito, pois em 1998 nossa taxa de mortalidade infantil era de 33/1 mil
e, como se expressou acima, em 2000 nossa taxa baixou para 29/1 mil e em
2010 tal taxa estava em torno de 14/ 1 mil.

Causas da Mortalidade Infantil: são variadas as causas, mas há fortes relações


entre pobreza e alta mortalidade infantil. No caso brasileiro, um dos fatores
preponderantes diz respeito à ausência de saneamento básico em mais da
metade das cidades do País.

A ausência de saneamento básico contamina rios e recursos hídricos em geral,


além de alimentos e, consequentemente, as populações sujeitas a tais
condições estão mais expostas às doenças das mais variadas, desde malária,
hepatite A, febre amarela, cólera e diarréia.

Além disso, o déficit em assistência hospitalar, assistência às gestantes em


exames pré-natal, a subnutrição, a fome e a pobreza em geral tendem a agravar
os indicadores sobre a mortalidade infantil.
Expectativa de Vida: esperança de vida ao nascer. Vários fatores de ordem
econômica e social contribuem para maior ou menor expectativa de vida.

IDH (Índice de Desenvolvimento Humano): tal índice procura avaliar as


condições de vida da população e oscila entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1,
melhor será a qualidade de vida no País ou região analisada.

Tais índices são divididos em baixo (abaixo de 0,499 pontos), médio (entre
0,500 e 0,799 pontos) e alto (acima dos 0,800 pontos). Classificam- se os países
em desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos de acordo com seu
IDH.

Tais pontos são obtidos conforme os critérios de renda, saúde e educação.

Renda: Renda Nacional Bruta com base no poder de compra da população


através da capacidade de compra por habitante.
Saúde: Expectativa de vida ao nascer.
Educação: acesso ao ensino formal em anos de estudo.

O Brasil é um país com IDH médio, mas o IDH brasileiro varia


consideravelmente a depender do estado. Observe o ranking abaixo conforme
os dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) de
2006:

1° - Distrito Federal – 0,874


2° - Santa Catarina – 0,840
3° - São Paulo – 0,833
4° - Rio de Janeiro – 0,832
5° - Rio Grande do Sul – 0,832
6° - Paraná – 0,820
7° - Espírito Santo – 0,802
8° - Mato Grosso do Sul – 0,802
9° - Goiás – 0,800
10° - Minas Gerais – 0,800
11° - Mato Grosso – 0,796
12° - Amapá – 0,780
13° - Amazonas – 0,780
14° - Rondônia – 0,756
15° - Tocantins – 0,756
16° - Pará – 0,755
17° - Acre – 0,751
18° - Roraima – 0,750
19° - Bahia – 0,742
20° - Sergipe – 0,742
21° - Rio Grande do Norte – 0,738
22° - Ceará – 0,723
23° - Pernambuco – 0,718
24° - Paraíba – 0,718
25° - Piauí – 0,703
26° - Maranhão – 0,683
27° - Alagoas – 0,677

Conforme se pode constatar até a décima posição, dentre os estados nacionais,


o IDH do Brasil é alto (excede os 0,800). No caso, os quatro estados da região
Sudeste, mais os três estados da região Sul, bem como Mato Grosso do Sul,
Goiás e D.F. apresentam IDH elevado denotando melhores condições de vida e
tais condições exerceram forte influência no fluxo migratório interno nas últimas
décadas. Em contrapartida os estados da Região Nordeste ocupam os últimos
lugares.

Observe a tabela abaixo com o IDH mundial com dados de 2018:

Figura 1. IDH Mundial. Fonte: Pnud

Como se pode constatar com os dados da tabela acima os maiores IDH estão
na Europa. Já os piores estão no território africano. A posição do Brasil em 2018
era 79.

Atualização do IDH: questões ambientais

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) considerou,


para classificar o IDH dos países em sua edição mais recente (2020), alguns
aspectos associados ao meio ambiente. Considerou a emissão de gás carbônico
(CO2) e o que chamam de ‘’rastro ecológico’’. O rastro ecológico se refere à
geração de lixo.

O ranking do IDH para o ano de 2020 traz os seguintes países nas 5 primeiras
posições sem considerar a pressão planetária. Note Hong Kong e Islândia
empatados:
1° Noruega;
2° Irlanda;
3° Suíça;
4° Hong Kong (China);
4° Islândia; e
5° Alemanha.

Quando se considera a pressão planetária os países desenvolvidos ‘’perdem’’


pontos em sua classificação no relatório do Pnud. Os países menos
desenvolvidos não sofrem grandes alterações, isso evidencia que a pressão
planetária está associada à qualidade de vida da população e que os países
ricos são desenvolvidos à custa de elevados impactos ambientais.

O caso do IDH brasileiro é curioso, pois se considerarmos a pressão planetária


nosso país ‘’ganha alguns pontos’’ e subiríamos na tabela. Entretanto, segundo
o relatório mais recente do Pnud e sem considerar as questões ecológicas, o
que assistimos é o Brasil caindo algumas posições no ranqueamento do
IDH. Em 2018 ocupávamos a posição de 79° lugar, em 2019 caímos para
posição 80° e em 2020 caímos para a 84° posição.

Coeficiente de Gini: este índice avalia a distribuição de renda para


determinados grupos em determinado território. Varia de zero a um (de 0 a 1) e
quanto mais próximo o valor de 1 maior será a concentração de renda neste
grupo.

Exemplos: em 2004 o Brasil tinha tal índice de 0,591 e a Dinamarca apresentava


o índice de 0,247. Aqui há dois exemplos de países onde há menor distribuição
de riqueza e outro com menor concentração de renda. Historicamente, atribui-se
ao Brasil grande desigualdade social e o Coeficiente de Gini expressa bem isso.

Outros exemplos para 2004 conforme dados do Pnud:

Hungria: 0,244;
Japão: 0,249;
Índia: 0,325;
Estados Unidos: 0,408;
China: 0,447;
Rússia: 0,456;
África do Sul: e
Namíbia: 0,707.

Observe a tabela abaixo com o Coeficiente de Gini para as regiões do Brasil e


os estados nacionais, dados do biênio 2016 e 2017.
Figura 2. Gini e as regiões do Brasil.

População e seus objetivos: conforme se depreende do que se discutiu


acima, os estudos demográficos abrangem muitos aspectos das populações e
elucidam diferentes níveis de renda, qualidade de vida, pobreza e riqueza
distribuída pelos países ou regiões do Brasil do mundo.

Distribuição da população pelo mundo:

Os dez países mais populosos do mundo eram, segundo dados estimados de


2015:

China: 1,3 bilhão de habitantes;


Índia: 1,3 bilhão de habitantes;
E.U.A.: 325 milhões de habitantes;
Brasil: 208 milhões de habitantes;
Indonésia: 255 milhões de habitantes;
Paquistão: 188 bilhões de habitantes;
Nigéria: 183 milhões de habitantes;
Bangladesh: 160 milhões de habitantes;
Rússia: 142 milhões de habitantes; e
Japão: 126 milhões de habitantes.

Observemos o infográfico abaixo com os países mais populosos em 2017.

Figura 3. Distribuição da população mundial para o ano de 2017 em termos percentuais.

Percebe-se, segundo os dados, que as grandes concentrações demográficas estão na


Ásia. Tais concentrações populacionais se estendem sobre as planícies aluviais
asiáticas. Em outras palavras, é na várzea dos grandes rios em que vivem significativas
concentrações demográficas.

As populações que estão nas planícies alagáveis do Mekong, do Ganges ou mesmo do


Yang Tsé-Kiang são milenares, pois os corpos hídricos têm muitas funções para tais
sociedades. Usam os rios para transporte, consumo humano, agricultura e até para seus
rituais religiosos, notadamente na Índia, onde o rio Ganges é sagrado.

Observe o mapa abaixo das grandes concentrações demográficas no continente asiático.

Figura 4. Concentrações demográficas na Ásia


A população mundial se distribui de maneira desigual pelo mundo. No ano de
2011 a população mundial chegou a 7 bilhões de habitantes e uma de suas
características mais marcante é a concentração em certas regiões e imensos
vazios demográficos em outras.

Distribuição e porcentagem nos continentes:

Ásia: 60%
África: 15%
América: 14%
Europa: 10,5%
Oceania: 0,5%

Densidade demográfica

Conforme vimos acima o número relativo de pessoas em determinada região ou


área (habitantes/km²) se refere ao termo povoado. Deriva daí a densidade
demográfica. No caso, a distribuição da população absoluta pela área total do
país.

A China (9.597.000 km²) é país tanto populoso, quanto povoado, pois é um


pouco maior que o Brasil (8.516.000 km²) e apresenta uma população sete vezes
maior. Ou seja, por km2 vivem mais habitantes na China que no Brasil.

Outra comparação bastante ilustrativa é a da Índia (3.287.000 km²), cuja


população é de 1,3 bilhão de habitantes, em relação aos Estados Unidos
(9.834.000 km²) com população de apenas 325 milhões de habitantes, isto é, o
território americano é três vezes maior se comparado ao da Índia, mas é cinco
vezes menos populoso. Ou seja, consequente há muito menos habitantes por
km2 nos Estados Unidos em relação à Índia.

Em números aproximados, a densidade demográfica desses países


supracitados em 2017 era de:

China: 147 habitantes/km²;


Índia: 408 habitantes/km²;
Estados Unidos: 33 habitantes/km²;
Brasil: 25 habitantes/km².

O crescimento demográfico

Crescimento Populacional: o crescimento demográfico é a diferença entre a


taxa de natalidade (número absoluto de nascimento ao longo de um tempo,
geralmente um ano) e a taxa de mortalidade (número absoluto de mortes ao
longo de um tempo, geralmente um ano).

Decréscimo Populacional: decréscimo no número absoluto de determinada


população pode ocorrer quando a taxa de natalidade for inferior à taxa de
mortalidade. Suas causas estão associadas a diversos fatores: guerras, fome,
movimentos migratórios, catástrofes naturais, grandes epidemias etc.
O grande crescimento demográfico dos Século XIX & XX

O crescimento populacional foi bastante tímido nas sociedades humanas até


meados do século XVIII e o advento de novas tecnologias agrícolas e medicinais
oriundas da Revolução Industrial.

Até meados do século XIX a população mundial estava entre um bilhão e um


bilhão e meio de habitantes, entretanto nós entramos no século XXI com sete
bilhões de habitantes evidenciando enorme crescimento demográfico nos
últimos 150 anos.

Figura 5. Crescimento Populacional Mundial.

Conforme se depreende do gráfico acima a população mundial cresceu


sobremaneira nos últimos dois séculos. Em torno de 1800 a população mundial
atingiu 1 bilhão de habitantes. Só após um século e alguns anos a população
mundial atingiria os 2 bilhões de habitantes por volta de 1930. Em poucas
décadas, em 1961, a população saltaria mais 1 bilhão de habitantes chegando à
marca dos 3 bilhões. Desde então a população mundial viu seu número de
habitantes mais que dobrar. Em 1974 éramos 4 bilhões, em 1987 chegávamos
aos 5 bilhões e no ano 2000 atingimos a marca dos 6 bilhões de habitantes. Foi
no ano de 2011 que atingimos os 7 bilhões de habitantes e hoje se estima 7,8
bilhões de almas na superfície terrestre.

Desde 1974, a cada década, mais ou menos, a população mundial aumentou


em 1 bilhão de habitantes.

Tal cifra se deve a um conjunto de fatores associados à Revolução Industrial


conforme dissemos. Resultou daí avanços na área da medicina (vacinas,
medicamentos, técnicas novas de prevenção de doenças) e avanços na
capacidade de produzir alimentos. O destaque às técnicas agrícolas se deve à
Revolução Verde (agrotóxicos, maquinários etc.) que abordaremos no capítulo
sobre agricultura.

Teorias Demográficas

O grande crescimento demográfico observado nas sociedades humanas,


especialmente urbano-industriais, levou muitos intelectuais a pensarem a
relação crescimento demográfico versus a produção agrícola, ou ainda o
crescimento demográfico versus os recursos naturais em nossos dias.

Surgiram algumas teorias demográficas relacionando tais fenômenos. Há


especialmente três teorias que se debruçam sobre tal assunto: a teoria
malthusiana, o neomalthusianismo e a teria reformista.

Malthusianismo

O economista e clérigo anglicano, Thomas Malthus (1766-1834), considerado o


pai da demografia, estudou a dinâmica populacional inglesa do final do século
XVIII até meados do século XIX e constatou significativo crescimento
demográfico.

Segundo Thomas Malthus, a população cresceria conforme a fórmula


matemática de uma progressão geométrica (PG = 2; 4; 8; 16; 32; 64...) enquanto
a produção de alimentos, para o economista, teria crescimento em uma
progressão aritmética (PA = 2; 4; 6; 8; 10; 12...) que resultaria em fome e
guerras, porque a capacidade humana em produzir alimentos seria muito menor
do que o crescimento demográfico, o qual se avolumava após ganhos técnicos
e materiais da industrialização e de sua consequente urbanização. Nessas
proporções a população cresceria 28 vezes mais que a capacidade humana de
produzir alimentos nos próximos dois séculos, segundo sua perspectiva a
população dobraria a cada 25 anos. Haveria, portanto, inanição, guerras por
territórios agricultáveis, fome e doenças. As guerras seriam um mecanismo
importante de controle populacional.

Logo, Malthus propunha a castidade como meio de evitar crescimento


populacional e seus postulados ficaram conhecidos como malthusianismo. Ou
seja, o malthusianismo teria como premissa o controle populacional.

Entretanto, apesar das projeções catastróficas de Malthus, a população mundial


hoje em dia excede em alguns bilhões aquela dos séculos pré-Revolução
Industrial e se há fome no mundo não se deve à falta de bens agrícolas, mas por
outros motivos como as guerras tribais, a má distribuição, os fenômenos naturais
extremos como seca ou enchentes, ausência de armazenamento adequado para
produtos agrícolas e pastoris.

Ademais, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e


Alimentação (FAO, na sigla em inglês) a humanidade produz alimentos
suficientemente cada habitante que há na Terra e a fome seria fruto do sistema
de má distribuição conforme supracitado.

O neomalthusianismo

Para os teóricos demográficos do século XX, especialmente no pós-Segunda


Guerra Mundial, conhecidos como neomalthusianos, a fome e a pobreza se
deviam ao grande crescimento populacional nos países subdesenvolvidos. Em
tais países a taxa de fecundidade excedia os 6 filhos. Em síntese: a
superpopulação é a causa da pobreza para malthusianos e neomalthusianos.

A propósito é neste contexto que a humanidade vivencia o que se chamaria


explosão demográfica. No caso, em países subdesenvolvidos o excesso
demográfico – especialmente o número de jovens – sobrecarrega o Estado que
deve investir em educação e saúde e por isso não consegue desenvolver
investimentos em tecnologia.

Algumas propostas dos neomalthusianos são: métodos contraceptivos e


abortivos, aborto e esterilização em massa. Em linhas gerais, os
neomalthusianos propõem o controle demográfico (por meio de políticas
antinatalistas, contraceptivas e até abortistas) como soluções para a pobreza.
Além disso, os neomalthusianos propunham que o Estado deveria desenvolver
mecanismos de controle demográfico através de disseminação de métodos
anticoncepcionais.

Explosão Demográfica

Aumento significativo e elevado da população. No mundo ocorreu no pós-


Segunda Guerra Mundial quando saímos de 2,5 bilhões de habitantes, em
meados da década de 1950, para 6 bilhões em 2000!

A essa população nascida no pós-Guerra é dada a expressão de geração ‘’baby


boom!’’ Eram jovens nos anos 1970.

Reformistas: essa teoria surge em resposta aos neomalthusianos. Apregoam


que a pobreza não é resultado da superpopulação. Ou seja, a superpopulação
não é causa, mas consequência da pobreza. Em outras palavras, os países
pobres são populosos em virtude da necessidade que as famílias têm de suprir
a mão de obra em regiões rurais, por exemplo. Outrossim, parcelas
consideráveis de populações em países subdesenvolvidos têm filhos por falta de
informações e educação básica. Repousa na pobreza o problema populacional,
não na própria população.

No caso, se não houvesse pobreza a taxa de fecundidade cairia naturalmente


porque as pessoas teriam acesso à educação, à saúde, à melhor alimentação
etc. e haveria um controle demográfico natural e queda nas taxas de natalidade.

Propunham, por fim, uma divisão maior da riqueza produzida pelo homem,
porque a fome e a pobreza têm origens na má distribuição de renda e de riqueza.
Tal teoria também é conhecida como marxista.
Atribuem ao Estado uma tarefa de agente fundamental para mitigar e diminuir a
pobreza através de mecanismos de distribuição de renda e melhoria de vida da
população por meio de acesso à educação e à cultura.

Os reformistas são conhecidos como marxistas porque insistem na distribuição


da riqueza como fator de melhoria da qualidade de vida das populações e
consequente queda nas taxas de fecundidade. Aliás, a taxa de fecundidade dos
países pobres na década de 1960 excedia a taxa dos 5 filhos.

Taxa de fecundidade de alguns países pobres no ano de 1964:

Índia: 5,8.
China: 6,1.
Brasil: 6,3.
Sudão: 6,6;
Eritréia: 6,7.
Egito: 6,4.
Arábia Saudita: 7,2.
Líbia: 7,2.
México: 6,7.
Bolívia: 6,5.
Venezuela: 6,5.
África do Sul: 6,3.
Nigéria: 6,3.
Somália: 7,2.

Taxa de fecundidade de alguns países ricos no ano de 1964:

Estados Unidos: 3,1.


Canadá: 3,4.
Japão: 2,0.
Alemanha: 2,5.
França: 2,8.
Portugal: 3,2.
Espanha: 3,0.
Itália: 2,7.
Islândia: 3,8.
Finlândia: 2,5.
Noruega: 2,8.
Suécia: 2,4.
Coréia do Sul: 5,3.
Inglaterra: 2,9.

Tais números, com exceção da Coréia do Sul para o ano de 1964, nos possibilita
dividir os países em dois grupos desde aqueles dias até os nossos dias.

De um lado os países subdesenvolvidos tinham elevada taxa de fecundidade


e de outro os países desenvolvidos já apresentavam menores taxas de
fecundidade. A diferença de fecundidade é de quase a metade para a maioria
dos países.
Tal comparação nos permite compreender os debates populacionais acalorados
que se travaram em torno da dinâmica populacional no contexto do pós-Segunda
Guerra.

Breve consideração: ainda que haja muitas teorias populacionais a propósito


da fome (estimada em 821 milhões de pessoas pela FAO em 2018) e pobreza
generalizada em algumas regiões do planeta Terra (África Sub-saariana,
América Latina, sul da Ásia) que assolam a humanidade é inegável que não é o
número de entes familiares que resulta em fome.

Há muitos e variáveis fatores para a fome.

Desperdício: só em 2016 (1/3) um terço da produção de alimentos mundiais


teria sido desperdiçada, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para
Alimentação e a Agricultura). Contabiliza-se para tal perda os desperdícios de
água, energia e outros insumos fundamentais à agricultura. Há diferentes
padrões de desperdícios. Nos países ricos o desperdício se dá
preponderantemente nos ‘’restos’’, pois joga-se muita comida (restos) no lixo.
Nos países pobres muito se desperdiça em má infraestrutura de logística,
armazenagem e em transportes.

Insegurança Alimentar: a insegurança alimentar é fruto de uma série de fatores


que dificultam a produção e a distribuição de alimentos na cadeia produtiva.
Guerras, conflitos tribais, problemas no solo, questões ambientais etc. são
alguns dos fatores que intensificam a fome e pobreza no mundo.

O caso do Brasil: o Brasil é um dos grandes celeiros agrícolas do mundo. Mas


corre riscos de voltar ao Mapa da Fome mundial porque muito se desperdiça de
alimentos no país, segundo a ONU (2017). Os fatores que aumentam a fome no
Brasil são variáveis a depender da região, mas em linhas gerais o desemprego,
inflação e a queda no poder de compra comprometem a qualidade de vida do
brasileiro.

A população no mundo

Doravante abordaremos o comportamento demográfico em certas regiões do


planeta Terra. Analisaremos a dinâmica populacional sob os aspectos da
fecundidade, da pirâmide etária, das faixas etárias e da transição demográfica.

Mudanças na taxa de fecundidade, que é o número médio de filhos por


mulheres num universo de 1 mil mulheres. Taxa analisada a cada década
geralmente.

Há significativa mudança do número de filhos por mulheres ao longo do tempo,


especialmente nas últimas décadas. Tal número, em nossos dias, varia muito de
país a país segundo fatores econômicos, sociais e culturais.

Conforme visto acima a fertilidade feminina excedia 6 filhos em países pobres e


era inferior a 3 filhos em países ricos na década de 1960 (Somália: 7,2; Noruega:
2,8).
Veja o gráfico da fecundidade dos países pobres:

Figura 6. Fecundidade em países pobres. Feito pelo autor com base em dados do Banco Mundial.

Como se pode constatar, em países pobres e subdesenvolvidos, a taxa de


fecundidade ainda permanece acima dos 2,5 filhos em 2010. No gráfico acima
Sudão, Haiti e Camboja tinham fecundidade acima dos 3 filhos em 2000.
Enquanto na Somália e no Burundi a fertilidade excede os 5 filhos ainda em
2015.

É inquestionável que a mentalidade das sociedades humanas, de maneira geral,


acaba por influenciar o tamanho de suas famílias e mesmo o modo de
organização familiar o qual reflete, em muitos aspectos, a organização social. O
que vemos nesses países supracitados é que a dinâmica social se alterou em
ritmo bem mais vagaroso quando comparados com os países urbano-industriais.

O que nós observamos, nas últimas décadas, foi enorme queda na taxa de
fecundidade em parte considerável de países do chamado primeiro mundo (ver
gráfico abaixo) e significativas quedas em países em desenvolvimento, além de
quedas sensíveis em países pobres.

Veja o gráfico da fecundidade dos países ricos:


Figura 7. Fecundidade em países ricos. Feito pelo autor com base em dados do Banco Mundial.

Podermos observar que essas mudanças ocorreram de maneira semelhante nos


Estados Unidos e em geral nos países industrializados da Europa ocidental.

Tomemos o ano de 2012, com os dados do Banco Mundial, o que assistimos são
números baixos no que se refere à fecundidade feminina, pois na Alemanha era
de 1,3; no Reino Unido 1,9; na França 2,2; nos Estados Unidos 2,1. Em países,
não retratados no gráfico acima, como Bélgica e Holanda, a fecundidade no ano
de 2012 era de 1,7; já no Brasil 1,8. Tais números traduzem a diminuição de
membros nas famílias ocidentais nos últimos 50 anos se compararmos com sua
fecundidade em 1960.

Na Alemanha, por exemplo, a fecundidade na década de 1960, era de 2,7; no


Reino Unido 2,9; na França 2,8; na nos Estados Unidos 3,6; e em países fora do
gráfico era de 2,5 na Bélgica; e 3,2 na Holanda; já no Brasil 6,3.

Isto é, o país que mais sentiu as mudanças no tamanho de suas famílias foi o
Brasil ao longo deste período, o qual coincide com dois fatores que contribuem
decisivamente para tal fenômeno, quer sejam o êxodo rural e a industrialização.
Mas o Brasil é diferente dos países ricos (EUA e Bélgica, por exemplos) no que
se refere ao processo de urbanização e industrialização que ocorreu
tardiamente.

Os países europeus citados, bem como os Estados Unidos, já apresentavam


pequena fecundidade feminina nos anos 1960 se comparados ao Brasil porque
são industrializados e urbanizados desde fins do século XIX. Com exceção do
Reino Unido, especialmente a Inglaterra, cuja industrialização se deu no século
XVIII. Outro exemplo, na América Latina, que corrobora tais fatores é o
mexicano, pois em 1960 sua fecundidade era de 6,8; mas em 2012 era de
apenas 2,2 filhos em média. Em outras palavras, países de industrialização
tardia como México e Brasil têm queda na fecundidade só a partir da década de
1960, mas em países ricos a queda na fecundidade se deu antes dos anos 1960.

Entretanto, nos países de população islamita, a taxa de fecundidade tende a ser


maior que em países ocidentais, ainda que tenham sofrido mudanças ao longo
dos últimos 50 anos. Observa-se mudanças mais lentas no norte da África e no
Oriente Médio, cujas populações são predominantemente muçulmanas. Em
2012, segundo dados do Banco Mundial, Síria, Egito e Líbia, tinham fecundidade
de 3,0; 2,8; e 2,4; respectivamente. Em comparação aos países europeus a
fecundidade em países islamitas tende a ser maior, porque na Nigéria a
fecundidade era de 6,0; no Mali 6,8; na Somália 6,7; na Eritréia 4,7; na Etiópia
4,6; em 2012 segundo dados do Banco Mundial.

Os países, cujas taxas de fecundidade ainda são elevadas, para os padrões


ocidentais, em 2012 têm muito em comum, pois são sociedades tradicionais,
com populações rurais e camponesas que mantêm economias agropastoris,
sobretudo. Há elevada taxa de fecundidade também em países rurais africanos,
asiáticos e da América Latina.

Exemplifique-se, em Lesoto a fecundidade era de 3,0; na Namíbia 3,1; em


Moçambique 5,2; na Zâmbia 5,7; e no Zimbábue 3,5; dados de 2012 do Banco
Mundial. No Equador a fecundidade era de 2,9; na Colômbia 2,3; no Peru 2,4.
No Paquistão 3,2; na Índia 2,5; no Afeganistão 5,1.

Ainda que se evidencie a mudança do estilo de vida das populações


camponesas para as populações urbanas e industriais – à medida que se
consolidava no território o êxodo rural – é inegável que a mentalidade,
subsequente à mudança de valores, que modificou profundamente a taxa de
fecundidade no Brasil e no mundo nas últimas décadas. Ou seja, para além do
que chamamos papel da mulher nas sociedades urbanas o que temos, em
termos de fecundidade feminina, é uma drástica mudança em muitos países
ocidentais especialmente.

As causas da queda de fecundidade: tal fenômeno, conforme dito acima, está


associado a uma série de fatores locais e regionais que envolvem diferenças
econômicas, sociais e até religiosas.

Mas, poderíamos traçar um perfil semelhante para a queda no número de filhos


por mulheres nos vários países abordados.

O que há em comum, para a queda de fertilidade, é basicamente o


desenvolvimento de uma economia urbana com forte influência do processo de
industrialização, pois à medida que há industrialização o padrão econômico
muda e há crescentes taxas de urbanização nos espaços industrializados, logo
a urbanização é um grande indício que justifica a queda da fecundidade. Isto
pois, a vida nas cidades é mais ‘’cara’’ se comparada à vida em espaços rurais.
Além disso, com a urbanização há mudanças nos papéis sociais dos homens e
mulheres e o que assistimos é forte inserção feminina no mercado de trabalho.
Ademais, há crescente profissionalização das mulheres em sociedade urbano-
industriais que tenderão a ter menos filhos e em idades mais avançada.

Outro fator que justifica a queda na fecundidade são os métodos contraceptivos


que se disseminam nas sociedades urbano-industriais, especialmente no
ocidente.

Fecundidade no Brasil: as mulheres no Brasil, como supracitado,


acompanharam uma espécie de tendência ocidental no que se refere ao número
de filhos. O período fértil no Brasil é considerado entre os 15 anos e os 49 anos,
conforme dito acima.

Nas décadas de 1940 e 1950 as mulheres tinham 6,2 filhos; em 1960 eram 6,3;
em 1970 eram 5,2; em 1980 eram 4,1; em 1990 eram 2,8; em 2000 eram 2,3; e
em 2010 era 1,8. (Observe o gráfico abaixo – figura 6)

Figura 8. Fecundidade no Brasil. Fonte: IBGE.

O que vemos é uma gradativa diminuição no número de filhos por mulheres no


Brasil a partir da década de 1960, semelhantemente ao que acontece em países
emergentes. O mesmo fenômeno podemos observar na Rússia, na China, na
Índia e na África do Sul (Ver gráfico abaixo).

Tal fenômeno é semelhante à Argentina, ao México supracitado e em outros


países de industrialização tardia como Coréia do Sul ou mesmo Cingapura. Em
boa medida os países emergentes apresentam características semelhantes
quanto ao padrão de queda da fecundidade a partir da urbanização que se
intensifica em seus territórios a partir da década de 1960.

Veja o gráfico da fecundidade dos países emergentes:


Figura 9. Fecundidade em países emergentes. Feito pelo autor com base em dados do Banco Mundial.

Os motivos da queda da fecundidade no Brasil:

1. Escolaridade: é comum nos centros urbanos mulheres se dedicarem aos


estudos profissionalizantes a fim de terem melhor qualificação para o mercado
de trabalho.

Tal fato acaba por influenciar de maneira determinada o número de filhos de


nossas mulheres. No estado de São Paulo, por exemplo, a taxa de fecundidade
é menor que a média nacional. No Brasil, em 2012, a taxa era de 1,9 e em São
Paulo tal taxa era de 1,7 segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA). No estado de São Paulo as mulheres têm, em média, mais anos
de estudos que na maior parte dos estados brasileiros.

2. Mercado de Trabalho: a cada geração as mulheres são mais responsáveis


pela renda em suas famílias, portanto, a quantidade de filhos – dessas mulheres
– tende a diminuir na mesma proporção que em que assumem tal
responsabilidade.

3. Métodos Contraceptivos e Abortivos: o uso crescente de camisinhas, DIU,


pílulas e anticoncepcionais aumentou drasticamente no Brasil a partir dos anos
1970 e isso alterou muito o tamanho das famílias brasileiras.

Além disso, as relações humanas e familiares se alteraram também com o uso


de tais métodos refletindo no tamanho das famílias.

4. Urbanização: a vida nas cidades é totalmente diferente se comparada ao


campo. Um filho nas cidades é muito mais custoso às famílias urbanas se
comparado ao campo. Além disso, no campo os filhos servem como mão-de-
obra importante à colheita e ao plantio, nas cidades significam custos. Os custos
com os filhos nas cidades, em boa medida, são resultados de enorme
consumismo em detrimento das relações familiares, invariavelmente.

5. Fatores culturais & Secularismo: trata-se do distanciamento humano em


relação aos valores religiosos e de tradições sociais. No caso, o casamento
enquanto instituição indissolúvel, a importância de ter filhos, a fidelidade
conjugal, a vida religiosa, a sacralidade da vida, são alguns elementos basilares
da sociedade que passaram a ser abandonados ao longo de algumas gerações
à medida em que há crescente urbanização nos países. Tais mudanças resultam
em mulheres tendo menos filhos. Tais mudanças são mais perceptíveis em
alguns países na Europa ocidental e em grandes metrópoles nos Estados
Unidos.

6. Materialismo & Consumismo: nas cidades há forte apelo ao consumismo.


Por si só o consumismo não é ruim, mas o consumismo puro e simples faz com
que a vida humana seja relativizada em nome de compra de bens materiais. À
medida, portanto, que a vida nos espaços urbanos é muito cara – por causa de
uma série de fatores ligados ao consumo – as populações tendem a ter menos
filhos.

Faixas Etárias: a idade demográfica é dividida em três faixas etárias


Jovem: idade entre 0 e 19 anos
Adulto: idade entre 20 e 59 anos
Idoso: idade acima dos 60 anos

Pirâmides Etárias: são representações em gráficos a fim de mensurar a faixa


etária de determinado país, estado ou região, além da proporção entre homens
e mulheres.

Através das pirâmides etárias os países podem ser classificados em jovens,


adultos ou idosos a depender da percentagem que cada faixa etária
corresponder às pirâmides dos países analisados.

Tomemos como exemplo um país em cada situação.

País Jovem: país em que mais da metade da população tem menos de 20 anos.
Tal pirâmide apresenta uma base larga que indica elevado número de jovens em
consequência das altas taxas de fecundidade, possui um topo estreito, pois há,
geralmente, baixa expectativa de vida.

Nesses países parcelas consideráveis da população vivem em zonas rurais e há


baixo índice de desenvolvimentos humano. Esses países são compreendidos
como subdesenvolvidos e é comum que parcelas da população vivam abaixo da
linha da pobreza. Ademais, é comum em tais países pouco acesso à
escolaridade e à saúde de qualidade.
Na pirâmide abaixo temos o exemplo de um país jovem com dados de 2016. A
Somália é um bom exemplo de país jovem no mundo. Outros exemplos de
países jovens seriam a Líbia, Tunísia, Egito, Bolívia, Congo etc.

Figura 10. Pirâmide etária jovem. Somália.

País Adulto: os países adultos geralmente têm melhores condições de vida que
países jovens. Apresentam um leve estreitamento da base da pirâmide etária
porque houve alargamento do meio da pirâmide que é fruto de melhorias na
qualidade de vida nas últimas décadas em virtude de um conjunto de fatores
associados. Houve ligeira queda na mortalidade infantil junto com ligeiro
aumento na expectativa de vida.

São países de urbanização acelerada. Geralmente são países emergentes ou


em desenvolvimento e apresentam IDH médio (entre 0,500 e 0,799).

Nestes países houve queda na fecundidade nos últimos anos e há indícios de


um processo de envelhecimento para as próximas décadas. Destaque-se o
Brasil com tais características.

Na pirâmide abaixo temos o exemplo de um país adulto com dados de 2016. A


China é um bom exemplo de país em desenvolvimento, apesar de apresentar
fortes características de país camponês em muitas regiões do interior, pois parte
da população do gigante asiático ainda vive em zonas rurais. Entretanto, a China
tenha vivenciado expressiva urbanização nas últimas décadas – como
consequência do processo de industrialização que ocorre em suas Zonas
Econômicas Estratégicas (ZEEs).
Figura 11. Pirâmide etária adulta. China.

Os países adultos apresentam a importante característica do bônus demográfico


porque têm consideráveis parcelas de suas populações aptas ao trabalho.

País Idoso: os países idosos apresentam base estreita e topo ligeiramente mais
largo que sinalizam baixas taxas de fecundidade e elevada expectativa de vida,
respectivamente.

Os países com parcelas consideráveis de idosos são fortemente urbanizados e


têm elevado IDH. Além disso, têm fortes taxas de industrialização e capacidade
tecnológica avançada em vários setores produtivos, inclusive o agrícola.

São países do chamado primeiro mundo onde houve enorme inserção das
mulheres no mercado de trabalho e consequentes quedas na fecundidade antes
das décadas de 1950 e 1960.

Além da zona do Atlântico Norte (Europa Ocidental, Estados Unidos e Canadá),


nós podemos destacar o Japão ou países do sudeste asiático como exemplos
de países adultos e com grandes parcelas de pessoas com idade acima de 60
anos.

No caso do sudeste asiático destaque-se os Tigres Asiáticos que se


transformaram em plataformas de exportação. Observe na figura abaixo a queda
da fecundidade nos Tigres Asiáticos (exceto Taiwan) a partir da década de 1970,
fruto da forte industrialização e urbanização. Tal queda resulta em países com
pirâmides adultas com parcelas consideráveis de idosos conforme supracitado.

Destaque-se que os Tigres Asiáticos são países que investiram fortemente em


educação e tecnologia no contexto do pós-Segunda Guerra e isso transformou
drasticamente não só suas economias, mas suas pirâmides etárias. Hoje, Coréia
do Sul, Hong Kong e Singapura têm ao menos 20% de suas populações acima
dos 60 anos de idade.

O gráfico abaixo traz dados de alguns Tigres Asiáticos (Hong Kong, Coréia do
Sul e Cingapura), faltam dados de Taiwan.

Ademais, Malásia e Vietnã – expressos no gráfico –, além de Indonésia,


Tailândia e Filipinas correspondem aos Novos Tigres Asiáticos e não
apresentam pirâmides etárias de países idosos, mas elucidam o fenômeno de
queda da fecundidade a partir da década de 1970 e tal queda é forte indicador
da tendência de envelhecimento demográfico para as próximas décadas, pois
geralmente a queda da fecundidade vem acompanhada do aumento da
expectativa de vida e consequente envelhecimento.

Já a Coréia do Sul apresenta crescente número de idosos. O Japão já é um país


com parcelas consideráveis acima dos 60 anos. Reitere-se que a queda de
fecundidade é forte indício de urbanização, fruto de investimentos industriais, e
possíveis transformações etárias no sentido do envelhecimento.

Figura 12. Fecundidade Tigres Asiáticos, Japão, Cingapura e Malásia.

Entretanto, excetuando-se o Japão com mais de 25% de sua população idosa,


o fenômeno de envelhecimento da população em níveis alarmantes é
basicamente europeu. No ano de 2014, os países da Itália, Grécia, Alemanha,
Portugal Finlândia e Bulgária apresentavam em suas populações ao menos 20%
em idade acima dos 65 anos. Já Suécia, Letônia, Malta, França e Dinamarca
apresentavam 19% de suas populações acima de 65 anos de idade. Os países
Croácia, Estônia, Lituânia, Espanha, Áustria, Bélgica, Holanda e República
Tcheca apresentavam 18% de pessoas com idade acima dos 65 anos.
A pirâmide etária desses países é típica de países idosos. Vejamos as
semelhanças entre as pirâmides da França e da Itália.

Figura 13. Pirâmide etária de país idoso. França.

Figura 14. Pirâmide etária de país idoso. Itália.

Para o ano de 2014, as pirâmides etárias do Japão e da Alemanha ilustravam


bem o fenômeno de envelhecimento da população de países fortemente
industrializados e com fortes concentrações urbanas.

O Japão apresentava a taxa de 78% de urbanização e a Alemanha 88% já no


ano 2000. No ano de 2017 as mulheres, no Japão, tinham expectativa de vida
de 87 anos e os homens 79, já na Alemanha as mulheres tinham expectativa de
vida de 82 anos e os homens de 77 anos. Observem suas pirâmides etárias
abaixo.
Figura 15. Pirâmides etárias: Japão e Alemanha.

Japão e Alemanha são exemplos acabados de países com parcelas


consideráveis de idosos, são países desenvolvidos. Apresentam elevada
expectativa de vida, baixa fecundidade, elevada urbanização e alto IDH.

O Bônus Bebê!

Em alguns países desenvolvidos, notadamente os europeus, os governos


incentivam suas populações a terem filhos através de ajuda econômica.

Na Alemanha, a partir de 2007, as populações são incentivadas a terem filhos


através de licença paternidade longa, por um ano, sem prejuízo dos salários.
Neste caso os pais podem receber até 2/3 dos salários durante um ano.

Já na Espanha o governo de José Zapatero, a partir de 2007, criou uma lei de


incentivo às mulheres a fim de que tenham filhos. Será concedido 2,5 mil euros
por cada filho às mulheres espanholas.

Outros países em que as mulheres são incentivadas a terem filhos,


semelhantemente aos exemplos supracitados, são Estônia, Suécia, Escócia e
França. Além desses, a Austrália é outro exemplo.

França: ‘’Nesta quinta-feira, aproveitando a Conferência Anual sobre a Família,


o primeiro-ministro, Dominique de Villepin, anunciou que as francesas que derem
à luz um terceiro filho poderão desfrutar se quiserem de uma licença-
maternidade mais curta (de três anos para um) mas bem remunerada, com cerca
de 750 euros (US$900) por mês.

O governo francês também anunciou descontos fiscais importantes: quanto mais


filhos menos impostos, em um país onde a carga tributária é enorme.

A França, que possui uma das taxas de natalidade mais altas da Europa,
anunciou nesta quinta-feira um pacote de medidas que tentam conciliar a
maternidade com a vida profissional visando a estimular as mulheres a terem um
terceiro filho.

Atualmente, a França tem uma taxa de natalidade de 1,9 filho por mulher e é,
depois da Irlanda, o país da Comunidade Européia com os melhores índices.

A situação é bem melhor que em países como a Alemanha (1,4 filho por mulher),
Espanha e Itália, com 1,2. Os benefícios e ajudas que recebem as mães
francesas poderiam explicar em parte esta diferença em relação ao restante do
continente, mas o governo francês continua insatisfeito e deseja mais bebês e
mais famílias numerosas (a partir de três filhos).

Além da licença-maternidade ou dos meses correspondentes ao nascimento do


filho, ambos os progenitores podem aproveitar de um dispositivo da lei francesa
que os permite, a partir do segundo filho, interromper a atividade profissional
durante um, dois ou três anos para se dedicarem à educação do bebê. Nestes
casos, recebem um auxílio que pode chegar a 513 euros (US$ 615,60) líquidos
mensais.

Atualmente, 98% destas licenças são solicitadas por mulheres e por este motivo,
o primeiro-ministro manifestou o desejo de estimular também os homens a
desfrutarem deste direito.

Foram acrescentadas a estas medidas auxílios mais elevados para as despesas


com as crianças, além de creches gratuitas nas escolas, descontos em
restaurantes, supermercados, cinemas e transportes públicos, atividades extra-
escolares a preços reduzidos e outras vantagens para aliviar a carga das mães,
permitindo que continuem com sua carreira profissional.

A situação da França é quase que um sonho se comparada a países como


Espanha, Alemanha ou Suíça, onde as mulheres têm muitas vezes que escolher
entre serem boas profissionais ou mães, sobretudo na classe média.

A partir dos anos 70 as autoridades francesas estimularam o trabalho feminino


mas sem se descuidar da maternidade.

A taxa de ocupação das mulheres na França é uma das mais elevadas da


Europa. Atualmente, mais de 80% das mulheres entre 30 e 54 anos, trabalham.

As políticas públicas em favor da natalidade não pararam há décadas,


independentemente de o governo ter sido de esquerda ou direita. No entanto, as
medidas não garantiram a renovação das gerações sem ter que recorrer à
imigração.

Atualmente, as mulheres francesas e européias em geral esperam mais para ter


filhos já que desejam antes estar com uma boa situação profissional. A situação
é mais difícil para aquelas que voltam a trabalhar após uma licença-maternidade
de três anos.
As medidas anunciadas nesta quinta-feira, que custarão anualmente ao governo
cerca de 140 milhões de euros, fazem parte de um contexto orçamentário
apertado, já que o setor da seguridade social que deve ser o responsável por
estas remunerações suplementares registrou em 2004 um déficit de 400 milhões
de euros.’’ Fonte: Matéria do Jornal O Grande ABC. Acesso: 26/05/2021.

Os países desenvolvidos desenvolvem mecanismos econômicos de


fecundidade, mesmo assim a adesão a tais incentivos é baixíssima. As mulheres
deixaram de ter filhos não apenas por questões econômicas. Na Europa, merece
destaque, o fato de todos os países apresentarem taxa de fecundidade abaixo
da necessária para reposição populacional que é de 2,1 filhos.

Bônus Demográfico

Bônus demográfico ou janela demográfica se refere a taxas demográficas


adultas (entre 20 e 59 anos) em grandes parcelas populacionais nos países em
desenvolvimento econômico. Entende-se que países adultos tenham parcelas
consideráveis de pessoas aptas ao mercado de trabalho. No caso do Brasil
podem compor a População Economicamente Ativa (PEA).

Ocorre o bônus demográfico nos países quando há quedas nas taxas de


mortalidade e natalidade, e ao mesmo tempo aumento da expectativa de vida, o
que aumenta, por fim, as parcelas de adultos na população. Geralmente tais
mudanças demográficas resultam em transição populacional e são frutos de
avanços sociais nas áreas de saneamento básico, saúde e educação. Ou seja,
os países deixam de ser jovens e se transformam em países adultos.

Você também pode gostar