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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

Processo N° 0076380-30.2013.4.01.3400 - 5ª VARA FEDERAL


Nº de registro e-CVD 00529.2014.00053400.1.00089/00128

Processo 76380-30.2013.4.01.3400
Mandado de Segurança
Impetrante: Marcelo Jorge Pessoa
Impetrado: Diretora-Geral do Departamento de Policia Rodoviária Federal
Diretor-Geral do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos
da Universidade de Brasília - CESPE

SENTENÇA
1. Relatório

Trata-se de mandado de segurança, com pedido liminar, impetrado por


MARCELO JORGE PESSOA em face de ato imputado à DIRETORA-GERAL DO
DEPARTAMENTO DE POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL e ao DIRETOR-
GERAL DO CENTRO DE SELEÇÃO E DE PROMOÇÃO DE EVENTOS DA
UNIVERSIDADE DE BRASILIA - CESPE, objetivando que lhe seja garantido o
direito de prosseguir nas demais fases do concurso público para provimento do cargo
de Policial Rodoviário Federal (Edital nº 01/PRF, de 11/06/2013), com posterior
nomeação e posse.

O impetrante afirma que após aprovação nas fases objetiva e discursiva do


certame, foi convocado para a realização de exame de capacidade física, avaliação de
saúde, avaliação psicológica e investigação social.

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Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL DANIELE MARANHÃO COSTA em 25/09/2014, com base na Lei 11.419 de
19/12/2006.
A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 44690753400247.

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Aduz que embora aprovado nos demais exames acima referidos, foi
eliminado na etapa da verificação de saúde, ao fundamento de que teria apresentado
laudo oftamológico incompleto, sem a descrição da motricidade ocular e que não
teria apresentado o exame de sangue VDRL.

O impetrante alega que houve erro por parte das clínicas em que realizados
os exames, conforme as declarações médicas anexas e que prontamente supriu a
omissão.

O impetrante interpôs recurso administrativo contra a sua eliminação do


concurso, ocasião em que juntou declarações médicas, bem como o resultado
satisfatório da motricidade ocular e do VDRL. Contudo, não logrou êxito, eis que o
recurso foi indeferido.

Sustenta que sua eliminação fere a razoabilidade, uma vez que o próprio
edital prevê a entrega posterior de exames complementares e que a suposta falta dos
referidos exames ocorreu por razões totalmente alheias a sua vontade.

Inicial com procuração e documentos.

O pedido liminar foi indeferido (fls. 149/156).

Contra essa decisão foi interposto agravo de instrumento (fls. 160/192).

O Relator, Desembargador Federal Souza Prudente, deferiu a antecipação


de tutela, “para determinar que a Banca Examinadora responsável pelo concurso
público para o cargo de Policial Rodoviário Federal (Edital 1/PRF/2013) receba como
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tempestivos e considere os exames médicos apresentados pelo recorrente, facultando-


se-lhe, em caso de regular aptidão, a participação na prova de títulos e demais fases
do certame” (fls. 197/198).

Informações apresentadas pelo CESPE às fls. 211.

O Ministério Público Federal opinou pela concessão da segurança (fls.


529/530).

É o relatório.

2. Fundamentação

2.1. Mérito

O impetrante foi considerado inapto na avaliação de saúde por não ter


apresentado apenas um item do exame de sangue (VDRL) e um item da avaliação
oftamológica (motricidade ocular).

Consta nos autos declaração do médico na qual afirma que esqueceu de


incluir o VDRL na solicitação dos exames de sangue requeridos pelo impetrante.
Vejamos:

“Declaro que o Sr. Marcelo Jorge Pessoa portador da CI/RG n° 29 349/022-


3/SSP/SP, esteve em consulta nesta clinica no dia 11/09/2013, ocasião que
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me apresentou o anexo III do edital n° 1 PRF - Policial Rodoviário Federal,


de 11/06/2013, no qual constavam os exames laboratonais (bioquímica e
sorologia do sangue) a serem realizados pelo candidato para fins de
ingresso no cargo de Policial Rodoviário Federal, sendo que este subscritor
ao fazer o pedido dos vários exames ali relacionados, esqueceu-se de incluir
na solicitação o exame VDRL.” (fl. 39).

Considero que a apresentação de um número elevado de exames pode


realmente fazer com que um de seus itens, involuntariamente, não seja incluído pelo
médico e que sua falta não seja percebida por pessoas leigas às questões médicas,
como ocorreu in casu com o candidato ora impetrante.

Quanto à avaliação oftamológica, registra-se que esta foi efetivamente


realizada e entregue durante a fase de apresentação dos exames médicos.

A inaptidão do candidato em razão da ausência de menção no laudo ao item


da motricidade ocular revela um rigor exagerado, eis que se trata apenas de um dos
elementos integrantes da avaliação oftamológica e não um exame autônomo e
específico. A avaliação oftamológica, repita-se, foi entregue no prazo do edital, ainda
que incompleta.

Além disso, no momento da interposição do recurso administrativo, o


impetrante apresentou relatório oftamológico referente ao dia da avaliação, que
reiterou a aptidão do impetrante para a prática das atividades laborativas inerentes ao
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cargo de Policial Rodoviário Federal e ressaltou a normalidade com relação à


motricidade ocular:

“Relato para os devidos fins que o Sr. Marcelo Jorge Pessoa esteve nesta
clínica, no dia 09/09/2013, realizando exames médicos com laudo
oftamológico padrão da clínica. O paciente apresentou-se apto para exercer
suas atividades especificadas, com o exame de motricidade ocular normal.”

A eliminação do candidato em razão da falta de apenas dois itens de


exames, ambos apresentados posteriormente por ocasião do recurso e com resultados
normais, demonstra apego excessivo à formalidade, especialmente ao se considerar
que o objetivo da avaliação é afastar o candidato que apresente alguma patologia
impeditiva ao exercício do cargo público, o que não ocorreu no presente caso.
Confira-se a orientação do egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª Região nesse
sentido:

(...)
9. Não bastasse isso, quer me parecer que o que interessa à banca
examinadora, em verdade, é verificar as condições de saúde e da
existência de eventuais doenças, condições, sinais ou sintomas
incompatíveis com o Curso de Formação Profissional e com o exercício
do cargo de Policial Rodoviário Federal, sendo a respectiva avaliação de
saúde composta por exame clínico, exames laboratoriais, avaliações e
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exames complementares, bem como realizada por junta médica (subitem I


do item 1.2 do Anexo III do Edital nº 1/PRF, de 11/06/2013, fl. 163). (AI
0074550-44.2013.4.01.0000/DF; Relator: Desembargador: Jirair Aram
Meguerian; Julgado em 09/12/2013). Grifo nosso.

Assim, tendo o impetrante apresentado todos os exames médicos exigidos


pelo edital sem questionamentos da junta médica acerca de suas condições de saúde,
mas apenas declaração de inaptidão por apresentação incompleta de documentos,
considero desarrazoada e abusiva sua exclusão do certame.

Como bem explanou o Desembargador Federal Souza Prudente, Relator do


agravo de instrumento interposto no curso do processo:

“Em casos que tais, não raramente, os exames exigidos possuem


nomenclatura de pouco domínio do cidadão comum, circunstância essa que,
em princípio, pode ter gerado no candidato a certeza de que todos os
exames por ele apresentado, no prazo estipulado, atenderiam à norma
editalícia, impondo-se, assim, a prevalência do princípio da razoabilidade,
eis que, ainda que destempo, todos eles foram apresentados.”

3. Dispositivo

Ante o exposto, CONCEDO A SEGURANÇA para conferir ao impetrante


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o direito de prosseguir nas demais fases do concurso público para provimento do


cargo de Policial Rodoviário Federal (Edital nº 01/PRF, de 11/06/2013) e, respeitada
sua nota e classificação final, assegurar sua convocação para o curso de formação
profissional, culminando, se o caso, com a nomeação e posse.

Sem condenação em honorários advocatícios, conforme artigo 25 da Lei nº


12.016/2009.

Sentença adstrita ao duplo grau de jurisdição obrigatório, por força do art.


14, § 1º, da Lei nº 12.016/2009.

Após vencido o prazo para recurso voluntário, com ou sem ele, remetam-se
os autos ao egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Publique-se. Registre-se. Intime-se.

Brasília, 25 de setembro de 2014

Daniele Maranhão Costa


Juíza Federal Titular da 5ª Vara

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