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RESUMO
O presente trabalho visa expor que a Lei 11.343/2006, ao estabelecer critérios para
distinguir o usuário do traficante de drogas, no artigo 28, § 2º, acabou por confirmar
a seletividade existente na norma penal brasileira. Foram analisados os artigos 28 e
33 da Lei de Drogas vigente, os quais criminalizam as condutas referentes ao uso e
ao tráfico de drogas e um estudo da construção da política de drogas tanto no
âmbito internacional quanto no Brasil e quais os interesses que norteiam a produção
legislativa e seu processo de criminalização dos ilícitos. Também foi estudado o
estereótipo do traficante no Brasil e a forma em como são associados a sujeitos de
classes socioeconômicas inferiores, resultando em uma legislação que possui
critérios normativos altamente subjetivos de diferenciação entre usuários e
traficantes de drogas, acompanhado por uma atuação também subjetiva das
instâncias de controle.
ABSTRACT
The present work aims to expose that Law 11.343/2006, by establishing criteria to
distinguish the user from the drug dealer, in article 28, § 2, ended up confirming the
selectivity existing in the Brazilian criminal law. Articles 28 and 33 of the current Drug
Law were analyzed, which criminalize conduct related to drug use and trafficking,
and a study of the construction of drug policy both internationally and in Brazil and
which interests guide the production legislation and its criminalization process. The
stereotype of drug dealers in Brazil and the way in which they are associated with
subjects from lower socioeconomic classes were also studied, resulting in a
legislation that has highly subjective normative criteria for differentiating between
drug users and drug dealers, accompanied by an also subjective performance of the
instances of control.
INTRODUÇÃO
1
Discente do 10º período do curso de bacharelado em direito pelo Centro Universitário Uninorte.
² Docente do curso de direito do Centro Universitário Uninorte. Graduada em Direito pela U:Verse. Especialista
em Psicopedagogia pela Universidade Varzeagrandense.
2
2.1- O USUÁRIO
penas, proibiu a concessão de benefícios que não são restringidos nem mesmo pela
lei de crime hediondos (Lei nº 8072/90), como a possibilidade do sursis.
3 A Seletividade penal
De fato, o medo dos traficantes, o medo das drogas ilícitas e do seu impacto
no comportamento dos jovens, a necessidade de se combater o “crime organizado”
e de guerrear contra um inimigo declarado, justificam a manutenção da militarização
do modelo repressivo contra as drogas e da previsão de tão rigorosas penas
destinadas ao traficante no Brasil.
Assim, com o apoio da mídia e da sociedade elitista opressora e
amedrontada, a repressão policial que recai sobre as favelas e comunidades
carentes, sempre é justificada em nome da “guerra às drogas” que ilusoriamente
ocasionaria a pacificação social. O número de mortes, por ano, de negros, pobres,
moradores de favelas e bairros carentes, evidenciam um verdadeiro genocídio por
parte do Estado, porém essas mortes são vistas por muitas pessoas, e pelo próprio
ente estatal, como necessárias para o combate às drogas e alcance do objetivo
comum da sociedade.
O que causa perplexidade é que essas mortes, por serem justificadas pelo
Estado e “autorizadas” por uma grande parte da população, não serão, em sua
15
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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