Resumo sobre a lei (principais crimes e demais disposições): ARTS. 27 a
47
A Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, dispõe sobre a instauração do
Sistema Nacional de PolíticasPúblicas sobre drogas no Brasil. A criação dessa Lei teve como objetivo principal a determinação as normas aplicáveis à prevenção, ao tratamento e à reinserção social de pessoas dependentes de drogas, bem como a repressão à produção, ao tráfico, à posse e à utilização indevida de drogas. Como um dos principais crimes presentes na Lei, há o de porte de drogas para consumo pessoal, presente no Art.28 e que conta com as seguintes penas: Advertência sobre os efeitos das drogas; Prestação de serviços à comunidade; Medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo. Para a garantia do cumprimento das penas (medidas educativas) mencionadas anteriormente, no que se refere a recusa do indivíduo injustificadamente, o juiz poderá submetê-lo, sucessivamente a admoestação verbal ou multa, nesse caso, a multa só será imposta caso a admoestação não atinja seu objetivo. Nos casos em que a medida educativa imposta for a prestação de serviços a comunidade, ela deverá ser cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas, no mais, o juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. Para se ter uma determinação de que a droga em questão é destinada para o consumo pessoal, o juiz terá que analisar a quantidade, a natureza da substância aprendida, o local onde ocorreu o fato, as condições de como se determinou a ação, juntamente com os antecedentes e as condutas sociais e pessoais do indivíduo. Outra questão de grande importância citada ao decorrer do artigo é a reincidência nos casos das penas de prestação de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo, que nesses casos poderão ser aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. É importante ressaltar que essa Lei conta com modificações, e como uma das principais delas pode-se citar a de que não será aplicada a pena privativa de liberdade para aquele individuo denominado usuário de drogas, mas sim a pena restritiva de direitos de acordo com o tipo penal, no entanto, a conduta de porte para uso pessoal descrita no artigo mencionado acima, continuou sendo considerada um crime. Outro crime de suma importância presente na referida Lei, é o de tráfico de drogas, disposto no Art.33. Esse crime conta com uma pena de reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e o pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. A conduta típica do crime de tráfico de drogas baseia-se em importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Com isso, nota-se que pelo tipo penal possuir mais de um verbo, quando o agente cometer mais de uma das condutas mencionadas, dentro da mesma ação, ocorrerá apenas um crime, e a consumação se dará com a prática de qualquer das condutas desse tipo penal. O parágrafo segundo do Art. 33 refere-se a aquele que induz, instiga, ou auxilia alguém ao uso indevido de drogas e a pena estabelecida é a detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa, no tocante a esse parágrafo é necessário citar que caso esse induzimento, instigação ou auxílio se adeque a uma conduta típica especifica da Lei, o delito em questão será exaurido por ser um meio necessário ou normal fase para a execução do delito mais grave. A prática de qualquer das condutas do § 1º, independentemente do indevido uso da droga, consumarão o crime. O parágrafo terceiro refere-se a aquele que oferece droga a uma pessoa de seu relacionamento,eventualmente, mas sem visar o lucro, para juntos a consumirem. A pena é a detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, para a prática deste, é exigido que haja um relacionamento entre o sujeito ativo e o sujeito passivo, não bastando apenas se ter um relacionamento que surgiu naquele exato momento Ausente essa eventualidade descrita no parágrafo, o juiz terá que analisar se a conduta se adequa ao tipo penal do Art.33, caput, cuja pena será mais grave. Esse crime estará consumado quando ocorrer o oferecimento ou fornecimento, não havendo a necessidade do consumo em conjunto da droga. Por fim, ao falar sobre esse artigo deve-se citar os casos de diminuição de pena, elencados no parágrafo quarto do Art.33. O § 4º prevê a redução da pena de um sexto a dois terços, dos crimes previstos no seu caput e § 1º quando o agente for primário, possuir bons antecedentes, não se dedicar às atividades criminosas e nem integrar organização criminosa. Quando não possuir qualquer desses requisitos, a diminuição de pena não poderá ocorrer. É de suma importância ressaltar que o caput do Art.33 trata do tipo fundamental do tráfico de drogas, porém, a alguns delitos presentes no parágrafo primeiro desse mesmo artigo, bem como, nos Arts. 34 e 36, que pela Doutrina também são considerados modalidades de tráfico de drogas, sendo assim equiparados a ele. Ao falar sobre os principais crimes presentes na Lei n º 11.343/06, há o de Associação para o tráfico (Art.35, caput), que consiste na associação de duas ou mais pessoas com o objetivo de praticar, de maneira habitual ou não, qualquer dos crimes previstos nos Arts. 33, caput e § 1º, e 34 da Lei de Drogas. A pena prevista é reclusão de 3 (três)a 10 (dez) anos e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. Não há a necessidade de que os componentes dessa associação se conheçam ou que ocorra uma divisão de funções entre eles, sendo suficiente que eles objetivem um número indeterminado de crimes, por um tempo também, indeterminado. Esse crime pode ser praticado por qualquer pessoa, mas, exige ao mínimo 2 (duas) ou mais pessoas. O crime consuma-se com o ato de associar-se, independentemente da prática de um delito posterior e ao falar sobre a tentativa desse delito, não há a possibilidade, tendo em vista que há a exigência de estabilidade e permanência e havendo a prática do delito para o qual houve a associação, ocorrerá concurso material de crimes. Pode-se citar também, o parágrafo único deste mesmo artigo que faz referencia a associação para o financiamento ou custeio do tráfico de drogas, bem como, o Art.37 que dispõe sobre a colaboração com a prática do tráfico. Nota-se que diferentemente do crime mencionando anteriormente, o crime presente no parágrafo único exige a associação para a prática habitual, no entanto, é necessário existir os mesmos requisitos do crime de associação para o tráfico de drogas, são eles: duas ou mais pessoas; vínculo psicológico para a prática reiterada do crime de financiamento ou custeio para o tráfico de drogas, por tempo indeterminado.
Procedimento penal na Lei De Drogas: ARTS. 48 a 53
O procedimento penal é um instrumento da jurisdição que viabiliza a
aplicação da lei penal. O art. 48 da Lei 11.343/2006, dispõe sobre os procedimentos relativos aos processos enquadrados nesta Lei, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal. Seus parágrafos, descrevem a forma a qual lei será aplicada em seus distintos crimes, vejamos a seguir: O parágrafo primeiro discorre sobre os crimes de menor potencial lesivo, os quais serão julgados pelo Juizado Especial Legal. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. O segundo, complementa que, esses crimes não ensejaram prisão em flagrante. Neste caso, o autor do fato deve ser encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele aparecer, para tomadas das medidas necessárias. O terceiro ausência da autoridade judicial, caberá à autoridade policial a competência das providências, previstas antecedentemente. O quarto, complementa que após os procedimentos dispostos anteriormente, o agente será submetido a exame de corpo de delito, caso solicitado pelo mesmo, ou se a autoridade policial achar conveniente, após isso, será liberado. E o quinto, determina que o Ministério Público poderá propor a execução imediata da pena prevista no art. 28 desta Lei. E para finalizar o capítulo III, o art. 49 ressalta que, em casos de condutas tipificadas nos Arts. 33, caput e inciso 1°, e 34 a 37 desta lei, o juiz, sempre que necessário, admitirá o instrumento protetivo de colaboradores e testemunhas. Em seguida, os Arts. 50 a 53, regem sobre a fase de investigação, o qual se dá através do inquérito policial, que tem como objetivo realizar uma investigação preliminar para apurar a existência de um crime, reunindo informações e colhendo provas, além de apurar a identidade do autor do fato. O art. 50 determina que, ocorrendo a prisão em flagrante, será comunicado imediatamente ao juiz competente, encaminhando-lhe cópia do auto lavrado, e dado vista ao Ministério Público, em 24 horas. O parágrafo primeiro, estabelece que o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, estabelecido por perito oficial ou pessoa idônea, é suficiente para o efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e constituição da materialidade do delito. Ressalva-se no parágrafo segundo que, caso o laudo seja subscrito por perito, este não ficará impedido de participar da elaboração do laudo definitivo. O art. 51 expõe os prazos os quais o inquérito deve ser concluído, sendo 30 (dias) se o indiciado estiver preso e de 90 (noventa) dias, quando solto. Podendo ser duplicados, mediante pedido justificado da autoridade policial judiciária, segundo o parágrafo único. Prevê o art. 52 que, após esgotados os prazos da conclusão do inquérito, a autoridade de polícia judiciária remeterá o inquérito ao juízo, o qual relatará sumariamente as circunstâncias do fato, ou requererá sua devolução para a realização de diligências necessárias. E para complementar e finalizar, o art. 53 cita os procedimentos investigatórios, que podem ser aplicados aos crimes previsto nesta Lei, em qualquer fase da persecução criminal, sendo esses: I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes; II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. (Fazer a citação)
1. Instrução criminal na lei – Diferenças para o procedimento comum: ARTS. 54 A 59
Esta fase processual penal, está dirigida à atividade de coleta,
verificação, documentação e comprovação de dados e informações, com vistas a subsidiar a decisão da autoridade competente. O art. 54 estabelece que, após o recebimento do inquérito policial, o juízo dará vista ao Ministério Público para, no prazo de 10 (dez) dias, para anuir a umas das providências, disposta nos incisos deste artigo, sendo elas: I – requerer o arquivamento; II – requisitar as diligências que entender necessárias; III – oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e requerer as demais provas que entender pertinentes. (Fazer citação) Após oferecida a denúncia, o juiz ordenará, que seja feita a notificação do acusado, para oferecimento da defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias (art. 55). Na Resposta, o acusado poderá arguir preliminares e postular todas as razões de defesa, oferecer documentos e justificações, além de especificar as provas que pretende produzir e arrolar até 5 (cinco) testemunhas de defesa (parágrafo primeiro). Caso haja execuções, essas seriam processadas separadamente (parágrafo segundo). Em caso de não haver resposta à acusação, o juiz nomeará um defensor para oferecê-la (parágrafo quarto). Após recebida a defesa, o juiz decidirá em cinco dias (parágrafo quinto). O art. 56 dispõe que após recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, sendo realizada a citação pessoal do acusado, a intimação do Ministério Público e requisitará os laudos periciais. A audiência será realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao recebimento da denúncia, podendo ser realizadas em 90 (noventa) dias, caso haja determinação a realização de avaliação para atestar dependência química (parágrafo segundo). Após ouvido o réu e as testemunhas, será dada a palavra ao representante do Ministério Público, e sucessivamente, ao defensor, para sustentação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, havendo a possibilidade de ser prorrogado pelo juiz por mais 10 (dez) (art. 57). Após isso, o juiz questionará as partes se restou algum fato para ser esclarecido (parágrafo único). Findados os debates, o juiz proferirá sentença de imediato, ou em 10 (dez) dias (art.58). Caso, o crime cometido pelo réu seja anulado esteja previsto nos Arts. 33, caput e inciso primeiro, e 34 a 37 desta Lei, ele não poderá apelar sem recolher-se à prisão, exceto se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória (art.59) Vale observar que estamos diante de um procedimento especial, o qual tem como finalidade a simplificação e agilização dos trâmites processuais, por meio de expedientes específicos, com prazos adequados, eliminando assim atos desnecessários para a solução daquele conflito proposto. Diferente do procedimento comum que, é o rito aplicável a todo processo judicial que não tenha legislação própria (especial). Assim, conhecido pela doutrina como procedimento padrão. O parágrafo primeiro do art 394 CPP, dispõe que o procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo, vejamos às situações em que serão aplicados: I. ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; II. sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; III. sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei.
(Fazer citação)
Em complementação, o parágrafo segundo determina se aplicará a
todos os procedimentos comuns, exceto as disposições contrárias ao CPP ou de lei especial. Ou seja, o comum cabe a todos, enquanto o especial cabe a casos específicos.