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SUMÁRIO
LEI DE DROGAS (11.343/2006) .......................................................................................................................... 2
DOS CRIMES E DAS PENAS ............................................................................................................................. 2
ART. 34 – OBJETOS E MAQUINISMOS DESTINADOS À PRODUÇÃO DE DROGAS ...................................... 2
ART. 35, – ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO................................................................................................. 3
ART. 36 – FINANCIAMENTO OU CUSTEIO DO TRÁFICO ............................................................................. 3
ART. 37 – INFORMANTE COLABORADOR .................................................................................................. 3
ART. 38: PRESCRIÇÃO OU MINISTRAÇÃO CULPOSA .................................................................................. 4
ART. 39: CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE SOB INFLUÊNCIA DE DROGA ............................ 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

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LEI DE DROGAS (11.343/2006)


DOS CRIMES E DAS PENAS
ART. 34 – OBJETOS E MAQUINISMOS DESTINADOS À PRODUÇÃO DE
DROGAS
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender,
distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer,
ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou
qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou
transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200
(mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
Este delito consagra uma exceção dentro do ordenamento jurídico, pois, via de regra, a
conduta só é punível a partir do início dos atos executórios, porém, a exceção também se
vislumbra em outros dispositivos, tais como artigos 253, 286, 288, 291, todos do CP.
Porém, este delito consagra o chamado crime subsidiário, ou soldado de reserva, pois tem
por objetivo evitar toda e qualquer conduta que possibilite a fabricação e posterior circulação
de substância entorpecente. Em exemplo, vejamos: se alguns indivíduos montam um
laboratório para fabricação de drogas, e, após serem surpreendidos por uma ação da polícia,
não se identifica nenhuma substância, eles responderão de acordo com o artigo 34 da Lei de
Drogas. Porém, se com os indivíduos forem encontradas drogas, serão responsabilizados de
acordo com o art. 33, caput, pois a conduta de possuir os materiais destinados à fabricação de
drogas foram o crime meio para que se alcançasse o crime fim, que é o tráfico, propriamente
dito.
A prudência aqui recomenda a análise de contexto fático. O STJ já se manifestou que é de
se reconhecer o concurso de crimes dos arts. 33 e 34 quando se verifica uma verdadeira fábrica
para a produção de drogas em grande escala. Aqui, não haverá aplicação do princípio da
consunção pelo crime subsidiário, pois a capacidade lesiva do maquinismo representa risco
gravíssimo à saúde pública. Além disso, também haverá concurso quando existirem contextos
diversos (Ex.: Indivíduo tem em depósito 20kg de maconha e adquire uma máquina para
fabricação de ecstasy).
 O delito previsto no art. 34 também é considerado hediondo, devendo ser analisado
sob a ótica da Lei 8.072/90.
 O elemento subjetivo aqui é específico, pois é necessário um especial fim de agir,
pois os objetos, materiais ou maquinários devem ser destinados à preparação,
fabricação, produção ou transformação da droga.
 Embora exista controvérsia doutrinária sobre o tema, ainda prevalece a ideia de que
é aplicável a causa de redução de pena prevista no art. 33, §4º da Lei de drogas, uma
vez que, em se tratando de normas semelhantes, com disposições distintas, o
processo hermenêutico nos conduz à ideia de que UBI EADEM RATIO IBI IDEM JUS,
ou seja, onde existem as mesmas razões, que exista o mesmo direito. Portanto, a
doutrina que prevalece entende que é cabível a aplicação do privilégio através da
analogia in bonam partem.

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ART. 35, – ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO


Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar,
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,
caput e § 1º , e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700
(setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre
quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36
desta Lei.

Trata-se de delito em que a legislação exige a pluralidade de agentes (pelo menos dois),
para a sua consumação.
Para a corrente majoritária, este delito não se enquadra no rol dos crimes hediondos, e
não receberá o mesmo tratamento do tráfico ilícito de entorpecentes.
O tipo previsto no art. 35 somente será caracterizada se demonstrada a estabilidade e
permanência entre seus integrantes. Para a consumação, é imprescindível que exista o dolo de
se associar com a referida permanência e estabilidade. Ocorrendo um ânimo associativo
eventual, a conduta será atípica.
Ressalte-se também que a associação para o tráfico só será considerada para a prática das
figuras descritas nos arts. 33 caput e §1º e art. 34.
Em outro prisma, se o objetivo dos agentes é praticar o financiamento ao tráfico (art. 36),
incidirá o parágrafo único do art. 35, nominado de associação para o financiamento.
 Para a consumação deste delito, exige-se finalidade específica, consistente em ter a
finalidade de praticar o tráfico de drogas ou de petrechos ou de financiamento, na
hipótese do parágrafo único.
ART. 36 – FINANCIAMENTO OU CUSTEIO DO TRÁFICO
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes
previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500
(mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa.
Pelo fato de este delito permitir o desenvolvimento da atividade da traficância, é
equiparado a hediondo.
O financiamento ou custeio aqui mencionado não precisa necessariamente ser realizado
apenas em dinheiro. O Supremo Tribunal Federal entendeu como típica a conduta de indivíduo
que fornecia veículos para transporta das drogas, ou para que fossem negociadas.
O delito em comento só terá incidência quando o agente não tenha participado do tráfico
de drogas. Se tiver participado como financiador e como agente efetivo na traficância,
responderá por apenas um crime (tráfico), acrescido de causa de aumento prevista no art. 40,
VII 1 da Lei 11.343/2006.
ART. 37 – INFORMANTE COLABORADOR
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou
associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos
arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei:

1
“Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
(...)
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.

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Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300


(trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.
Figura que possui importante participação na empreitada criminosa, por ter a função de
informar os membros do grupo sobre a chegada de substância ou em razão de atuação policial
na localidade, o “olheiro” ou “figueteiro” também recebe uma chancela específica. Ademais, pelo
fato de auxiliar no desenvolvimento do tráfico, também é conduta equiparada a hedionda.
O Superior Tribunal de Justiça já reconheceu 2 a tipicidade desta conduta quando um
indivíduo usava um apito e uma arma de fogo para informar os membros da facção, além de
receber semanalmente determinada quantia dos líderes da quadrilha pelas funções
desempenhadas.
A colaboração deve ser efetiva, permitindo aos membros do grupo criminoso agirem de
modo distinto ou desviarem suas funções após a sinalização do agente. O aviso ou colaboração
inócuos, que não sejam suscetíveis de auxiliar efetivamente a organização, por desconhecer a
natureza do aviso, não configura o crime em comento.
CUIDADO!!!
A jurisprudência exige a eventualidade da participação do agente para a
configuração do crime do art. 37. Tendo o informante uma atuação habitual, o crime
praticado será o de associação ao tráfico (pois já possível identificar uma função por
ele desempenhada), sem prejuízo de enquadrá-lo no art. 33 caso praticado algum de
seus verbos.

ART. 38: PRESCRIÇÃO OU MINISTRAÇÃO CULPOSA


Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas
necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50
(cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho
Federal da categoria profissional a que pertença o agente.
Trata-se da única figura culposa prevista na Lei de Drogas.
Naturalmente que, se houver a prescrição ou ministração DOLOSA de drogas, haverá a
incidência da figura descrita no art. 33, caput.
É um crime próprio, pois somente o médio ou o dentista podem praticá-lo. Não há que se
falar em prescrição por veterinário, pois somente tem autorização legal para prescrever
medicamentos para animais.
 Ocorrendo a superveniência de lesão corporal culposa ou morte culposa, entende-
se, majoritariamente, que estarão caracterizados, em concurso formal, o delito
previsto no art. 38 da Lei de Drogas com o de lesão culposa ou homicídio culposo.
 Ocorrendo a condenação do agente, há obrigação legal de comunicação ao órgão de
classe que pertença o agente, a fim de que seja igualmente apurada eventual
responsabilidade administrativa.
ART. 39: CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE SOB
INFLUÊNCIA DE DROGA
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de
drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem:

2
HC 156.656/RJ, rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 15.05.2014.

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Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão


do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-
la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e
pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas
cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos
e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo
referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de
passageiros.
Trata-se de crime de perigo concreto, pois se exige que outra pessoa seja colocada perigo
para a consumação.
A condução de embarcação ou aeronave em situações regulares após o consumo de
drogas é atípica. É necessário que se demonstre que o agente estava sob o efeito da droga, sendo
desnecessária a completa intoxicação. Basta o andar cambaleante, a perturbação, para que a
infração seja suscetível de consumação.
A previsão elencada no artigo 39 também não abrange a condução após o consumo de
álcool, hipótese que, em ocorrendo, caracterizará contravenção penal (art. 34 ou 35 do Dec. Lei
3688/41).
Se o agente conduzir veículo automotor após o consumo de drogas, violará o disposto no
art. 306 do CTB.
Caso o agente se negue a participar de exame toxicológico para se apurar suas reais
condições clínicas (corolário do princípio da vedação à autoincriminação), não há óbice em se
utilizar analogicamente do disposto no art. 306, §2º do CTB para avaliar a real situação do
agente.
A autocolocação em risco, após a ingestão de substância alucinógena, não é passível de
punição, pois há a necessidade de colocar sob risco de lesão bem jurídico de terceiro, pois, como
regra, a lesão a bem jurídico próprio não é tutelada (princípio da alteridade).
Penas previstas:
a) pena privativa de liberdade;
b) apreensão do veículo;
c) cassação da habilitação ou proibição de obtê-la (mesmo prazo da pena privativa de
liberdade);
d) multa.
Já a figura qualificada, impõe pena mais severa para aqueles que praticarem a conduta em
aeronave (avião comercial) ou embarcação (navios, balsas etc.) de transporte coletivo de
passageiros.

EXERCÍCIOS
1. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-
ES - Investigador
Considerando o disposto na Lei nº 11.343/06 (Lei Antidrogas), assinale a alternativa
correta.
a) Constitui crime punido com pena de reclusão a conduta de oferecer droga,
eventualmente e sem objetivo de lucro, à pessoa de seu relacionamento, para juntos a
consumirem.
b) A Lei nº 11.343/06 não criminaliza a conduta de conduzir embarcação ou aeronave após
o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem.

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c) Quem adquirir, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar poderá ser submetido à pena de prestação de
serviços à comunidade.
d) Prescreve em 1 ano a imposição e a execução da pena para quem adquirir, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar.
e) O tráfico transnacional de drogas não configura uma causa de aumento de pena.

Gabarito: C
a) INCORRETA: O crime mencionado está descrito no artigo 33, §3º, da Lei de
Drogas e é punido com pena de DETENÇÃO.
b) INCORRETA: A Lei incrimina a conduta descrita na alternativa, com previsão
no artigo 39 da Lei de Drogas.
c) CORRETA: Trata-se da figura do usuário, que não recebe pena privativa de
liberdade, em razão da despenalização que a conduta sofreu. Previsão no art. 28 da
Lei de Drogas.
d) INCORRETA: O prazo prescricional para o crime de posse/porte para
consumo de drogas, nos termos do artigo 30, é de dois anos.
e) INCORRETA: O tráfico internacional é causa de aumento de pena, conforme
art. 40, I da Lei 11.343/2006.

2. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE -
Delegado de Polícia
Acerca do tráfico ilícito de entorpecentes, de ações de prevenção e repressão a delitos
praticados por organizações criminosas, de abuso de autoridade e de delitos previstos na Lei
de Tortura, julgue o item que se segue.
Situação hipotética: Em um mesmo contexto fático, um cidadão foi preso em flagrante por
manter em depósito grande variedade de drogas, entre elas, cocaína, maconha, haxixe e crack,
todas para fins de mercancia. Foram apreendidos também maquinários para o preparo de
drogas, entre eles, uma balança digital e uma serra portátil. Assertiva: Nessa situação, afastada
a existência de contextos autônomos entre as condutas delitivas, o crime será único.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: CERTO.

3. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia
Federal - Delegado de Polícia Federal
Acerca de tráfico ilícito de entorpecentes, crimes contra o meio ambiente, crime de
discriminação e preconceito e crime contra o consumidor, julgue o próximo item.
Aquele que adquirir, transportar e guardar cocaína para consumo próprio ficará sujeito
às mesmas penas imputadas àquele que adquirir, transportar e guardar cocaína para fornecer
a parentes e amigos, ainda que gratuitamente.
Certo ( ) Errado ( )

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Gabarito: ERRADO.

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GABARITO
1. C
2. Certo
3. Errado

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