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LEI N. 11.

34306
Lei de Entorpecentes

LEI DE ENTORPECENTES

Dando continuidade à lei antidrogas, agora será estudado sobre o crime previsto no art. 38.

14 Prescrição ou Aplicação Culposa (art. 38)

Art. 38. Prescrever ou ministrar, CULPOSAMENTE, drogas, sem que delas necessite o paciente,
ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.

Obs.: prescrever é receitar, como um médico, enquanto ministrar é aplicar, ou injetar, por
exemplo.

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzen-
tos) dias-multa.
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissio-
nal a que pertença o agente.

Obs.: quando houver a condenação, a doutrina ostenta que essa condenação deve ser defi-
nitiva, ou seja, com a condenação transitada em julgado, porque se comunicar antes
disso e houver a reversão dessa condenação (com recurso, por exemplo), de nada
valeria ter comunicado.

• E se houver dolo? Ler artigo 33.

15 Condução Perigosa de Embarcação ou Aeronave após o consumo de droga (art. 39)

Art. 39. Conduzir EMBARCAÇÃO ou AERONAVE após o consumo de drogas, expondo a dano
potencial a incolumidade de outrem:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, cassação da
habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade
aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, serão
de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo
referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros.

Obs.: a lei não exige transporte público, mas dispõe de transporte coletivo, pois transporte
público é, geralmente, coletivo, mas nem todo transporte coletivo é público. No en-
tanto, neste caso, também deve-se demonstrar situação de perigo, porque não basta
uma presunção abstrata que o tipo de transporte que a pessoa conduzia era coletivo,
o perigo é concreto, então tem que ter mais pessoas com o motorista para demonstrar
que a exposição ao perigo foi do transporte coletivo de pessoas.

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• Veículo terrestre (art. 306, CTB): A lei não dispõe de veículo terrestre, então, neste
caso, não se aplica o artigo 39, mas o artigo 306, do CTB.
• Precisa estar sob o efeito da droga? Não, a lei não exige, ela dispõe que basta prova
(testemunhal ou pericial) de que ele foi conduzir a embarcação ou aeronave após ter
consumido drogas.
• Crime de perigo concreto – porque nesse caso a lei exige que haja exposição a dano,
precisando de demonstração de que expôs a dano potencial a incolumidade de outrem.

DIRETO DO CONCURSO
7. (CESPE/TJ-AC/JUIZ SUBSTITUTO/2012/ADAPTADA) Quem, após consumir drogas, con-
duz embarcação coletiva de passageiros, expondo a dano potencial a incolumidade alheia,
comete, de acordo com a lei, crime qualificado.

É crime qualificado porque, se a condição do parágrafo único do art. 39 (transporte coletivo


de passageiros) estiver presente, a pena será maior. Não confundir crime majorado (causas
de aumento de pena, como do art. 40, que menciona tráfico interestadual e transnacional)
com crime qualificado, que é quando a lei traz uma conduta mais gravosa e, logo, uma pena
mais gravosa, é uma nova combinação de pena.

16 Majorantes (art. 40)


(um dos assuntos mais cobrados quando se trata da lei antidrogas, porque tem muita
jurisprudência)

Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
I – a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato
evidenciarem a transnacionalidade do delito;

Obs.: o examinador cobra muito em provas sobre precisar haver a efetiva transposição de
fronteiras, e não precisa. O STJ dispõe que basta a demonstração que essa droga se-
ria dirigida para o exterior, como, por exemplo, uma pessoa ser pega num aeroporto,
com passagens compradas e circunstâncias claras.

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• Súmula n. 607 – STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei n.
11.343/2006) configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda
que não consumada a transposição de fronteiras.
• Competência da Justiça Federal (Súmula n. 522, STF)

8. (CESPE/DPF/PERITO CRIMINAL FEDERAL/CARGO 1/2013) Considere que em uma ope-


ração da polícia federal, agentes tenham prendido em flagrante, na sala de embarque, um
homem que se preparava para embarcar para os Estados Unidos da América com dois
quilos de cocaína na mala, que já se encontrava dentro da aeronave. Nessa situação,
segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, apesar de haver a intenção do
agente de sair do país, para a caracterização da internacionalidade do delito, faz-se ne-
cessária a efetiva transposição de fronteiras.

Não precisa da efetiva transposição de fronteiras, de acordo com a Súmula n. 607, do STJ.

V – caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;

• Súmula n. 587, STJ: Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei n.
11.343/2006, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da
Federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o
tráfico interestadual.

9. (CESPE/POLÍCIA FEDERAL/AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL/2018) Durante uma vistoria,


no estado do Paraná, em passageiros que viajavam de ônibus de Foz do Iguaçu – PR para
Florianópolis – SC, policiais rodoviários federais encontraram seis quilos de maconha na
mochila de Lucas, que foi preso em flagrante delito. Nessa situação, no cálculo da pena
de Lucas, não se considerará a majorante do tráfico interestadual de drogas, pois a trans-
posição da fronteira entre os estados ainda não tinha ocorrido.

Segundo o STJ, não precisa a efetiva transposição de fronteiras.

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10. (CESPE/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO2018) A demonstração inequívoca da intenção


do agente de realizar tráfico entre estados da Federação é suficiente para a incidência
do aumento de um sexto a dois terços da pena para o crime de tráfico de drogas, sendo
desnecessária a efetiva transposição da fronteira entre os estados.

É exatamente isso que o STJ diz, por isso a questão está correta.

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Exemplo: supondo que uma pessoa traga drogas do Paraguai, na fronteira com Mundo
Novo ou Ponta Porã. A pessoa quer levar a droga para o Rio de Janeiro, então sai de Mato
Grosso do Sul, vai para São Paulo e, de lá, vai para o Rio; ou sai de Mundo Novo e então
passa no Paraná e depois para São Paulo, finalmente pro Rio de Janeiro.
Neste caso, ele pode ter acrescida a majorante, tanto da transnacionalidade quanto da
interestadualidade? O STJ responde que pode, na seguinte situação: se ficar demonstrada
a intenção de que o agente vai pulverizando a droga pelos distintos estados da federação,
porque se a intenção dele era pegar essa droga do Paraguai e levar para o Rio de Janeiro,
ele responderá pela majorante do tráfico transnacional, mas não a majorante do tráfico inte-
restadual. Se ele foi pego no Paraná, mesmo que não tenha chegado ao Rio de Janeiro, mas
ficou claro que ele pegaria essa droga e distribuiria dentro do Paraná e dentro de SP, e, por
fim, chegar ao Rio, ele responderá pelas duas majorantes.

Caderno 131, Tese 38 (STJ) – É cabível a aplicação cumulativa das causas de aumento
relativas à transnacionalidade e à interestadualidade do delito, previstas nos incisos I e V do
art. 40 da Lei de Drogas, quando evidenciado que a droga proveniente do exterior se destina
a mais de um estado da Federação, sendo o intuito dos agentes distribuir o entorpecente
estrangeiro por mais de uma localidade do país.

II – o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão


de educação, poder familiar, guarda ou vigilância (situações em que essas pessoas tem uma
exigência muito maior da sociedade, espera-se muito mais delas, tornando-se mais reprovável a
prática do crime nessas circunstâncias);
IV – o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou
qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;

Obs.: quando se fala de arma de fogo, fica vinculado ao processo de intimidação, porque
se a arma está guardada dentro da bolsa, por exemplo, não estando ostensiva, sem
intimidar ninguém pelo porte ostensivo da arma, nesse caso terá o crime de tráfico
acumulado com o crime do estatuto do desarmamento, porte ilegal de arma de fogo.
Mas se a pessoa está portando ostensivamente a arma, intimidando, aplica-se essa
majorante do crime de tráfico.

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DIRETO DO CONCURSO

11. (CESPE/TRF/5ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2015) O juiz pode aplicar causa


majorante de pena de um sexto a dois terços quando o crime de tráfico de drogas tiver sido
perpetrado com emprego ostensivo de arma de fogo para a intimidação difusa ou coletiva.
Se a arma tiver sido utilizada em contexto diverso do de crime de tráfico, tratar se-á de
concurso material de crimes.

É preciso ver a preocupação em mencionar na questão o emprego ostensivo, que leva à


intimidação difusa ou coletiva. Se a arma tiver sido utilizada em contexto diverso, trata-se de
concurso material de crimes, crime do estatuto de desarmamento com o crime de tráfico, sem
a majorante.

12. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS - ANALISTA LEGISLATIVO - CONSULTOR LEGIS-


LATIVO ÁREA VI/2014) O comércio de substâncias entorpecentes sem autorização ou em
desacordo com determinação regulamentar, praticado por bombeiro militar uniformizado, me-
diante o uso de sua viatura para o transporte das substâncias e com uso ostensivo de arma
de fogo, permite a majoração da pena-base do delito de tráfico de um sexto a dois terços.

Nesse caso, ele está se prevalecendo da função pública, o fato de ele ser bombeiro e estar
usando a arma não gera intimidação, mas ele está se prevalecendo da função pública,
então ele tem esse crime majorado.

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GABARITO

7. C
8. E
9. E
10. C
11. C
12. C

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Diego Fontes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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