Você está na página 1de 3

LEI DE DROGAS –

LEI Nº 11.343/06
CRIME DO ART. 35 –
ASSOCIAÇÃO PARA
O TRÁFICO
2

LEI DE DROGAS – LEI Nº 11.343/06


CRIME DO ART. 35 – ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO
É um crime especial em relação ao art. 288 do Código Penal (crime de associação criminosa).
O delito da Lei de Drogas exige dois requisitos para a sua configuração:
» associação de duas ou mais pessoas.
Para a computação do mínimo de duas pessoas, é possível contabilizar o menor inimputável,
desde que ao menos um dos integrantes seja indivíduo imputável. Ademais, a presença de um
menor inimputável atrai a causa de aumento de pena prevista no art. 40, inciso VI da Lei de Drogas.
Diferenças entre mínimo de pessoas nos crimes associativos:

Associação para
Associação para o tráf- Associação criminosa Organização crimino-
genocídio (Lei
ico (Lei 11.343/06) (art. 288, CP) sa (Lei 12.850/13)
2.889/56)
Quatro ou mais pes-
Quatro ou mais soas (“mais de três
Duas ou mais pessoas. Três ou mais pessoas.
pessoas. pessoas”, conforme
diz a lei.
» finalidade da prática reiterada ou não dos delitos do art. 33, caput e §1º ou do
art. 34 da Lei.
Para todos os crimes associativos, exige-se a estabilidade e permanência do vínculo de asso-
ciação. Caso seja uma mera reunião esporádica ou eventual, configura-se concurso de pessoas.
Não confunda a necessidade de estabilidade e permanência da associação com a prática reite-
rada ou não dos crimes! O primeiro está ligado a todos os crimes de natureza associativa, enquanto
o segundo está relacionado com os crimes que a associação visa cometer.
ͫ Exemplo: três pessoas se reúnem toda sexta-feira, às 19h, há seis meses, para cometer
um único crime de tráfico internacional. Desejam transportar 300kg de maconha, com o
lucro de 10 milhões de reais. Veja que é uma associação estável e permanente (reunião
por seis meses) com a finalidade da prática não reiterada (apenas uma vez) de crime.
Já o elemento subjetivo do tipo é o dolo associativo combinado com a finalidade de traficar
(art. 33, caput e §1º e art. 34). Para a consumação do delito, não é necessário que efetivamente
haja o tráfico de drogas ou o tráfico de maquinário.
» Havendo o cometimento do art. 33 e 34, além do crime do art. 35 estaremos diante
de concurso material de crimes.
Por fim, a consumação do crime do art. 35 da Lei de Drogas se dá com a reunião, formação
da associação de forma estável e permanente com a finalidade de cometer tráfico de drogas ou
de maquinário. Em adição, trata-se de um crime permanente, pois a sua consumação se perdura
enquanto durar a associação.
Ademais, pode-se entender este delito como um crime de mera conduta e que não admite
tentativa.
LEI DE DROGAS – LEI Nº 11.343/06 3

PARÁGRAFO ÚNICO – EQUIPARAÇÃO


O paragrafo único do art. 35 equipara ao crime definido no caput a prática de associação para
financiamento ao tráfico, este definido no art. 35 da Lei 11.343/06.
Para esta modalidade, diferentemente do caput do artigo, exige-se a prática reiterada.

ART. 36 – FINANCIAMENTO AO TRÁFICO


Este delito cuida da prática de financiamento ou custeio para o cometimento dos crimes
definidos no art. 33, caput e §1º e art. 34 da mesma Lei. Tal financiamento ou custeio pode se dar
por meio de dinheiro e bens.
Importante ressaltar que o art. 40 traz uma causa de aumento de pena, no seu inciso VII,
que é idêntica à previsão do art. 36 da lei em estudo, que pode ser aplicada aos delitos de tráfico
de drogas e de maquinário, por exemplo. No entanto, não é possível a incidência desta causa de
aumento ao art. 36, sob pena de bis in idem, visto que penalizam a mesma prática.
Tem-se que a causa de aumento prevista no art. 40, inciso VII é aplicável a apenas uma hipó-
tese: o autofinanciamento, conforme entendimento jurisprudencial. O autofinanciamento ocorre
quando o sujeito financia ou custeia tráfico de drogas ou de maquinários ao mesmo tempo que
concorre para estes delitos – ou seja, financia a própria atividade delituosa.
Portanto, neste caso, não se fala em concurso material entre o tráfico e financiamento ao
tráfico, pois na realidade incide a causa de aumento do art. 40, inciso VII ao crime principal (art.
33, caput e §1ª e art. 34).
Em relação à consumação do crime, ela se dá com a disponibilização dos recursos para o
traficante, mesmo que não ocorre o tráfico e não se exige a prática reiterada – basta que seja uma
única vez. Sendo assim, é um crime forma, instantâneo e cabe tentativa.

Você também pode gostar