Você está na página 1de 3

LEI DE DROGAS –

LEI Nº 11.343/06
CRIME DO ART. 33, §2º
2

LEI DE DROGAS – LEI Nº 11.343/06


CRIME DO ART. 33, §2º
Primeiramente, cumpre dizer que todos os crimes que serão estudados, desde o art. 33 até o
art. 39 da Lei de Drogas, são dolosos e podem ser praticados por qualquer pessoa – com exceção
do delito previsto no art. 38 (crime culposo e próprio).
O art. 33, §2º da Lei de Drogas é a conduta de induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso
indevido de droga.
ͫ Induzir: fazer nascer a ideia.
ͫ Instigar: reforçar uma ideia já existente.
ͫ Auxiliar: fornecer ajuda de forma material (fornecer um cachimbo para o uso da droga,
por exemplo).
Portanto, quem induz, instiga ou auxilia é o autor do crime. Este ponto merece destaque, pois
as ações mencionadas são bastante comuns na participação do crime, mas, neste caso, trata-se da
autoria de um delito.
Salienta-se, também, que o induzimento, instigação ou auxílio é para o uso indevido de droga.
Quando as ações destinam para o tráfico de droga, fala-se do art. 33, caput (tráfico de droga clás-
sico, por participação).

CONSUMAÇÃO
A consumação do crime descrito no art. 33, §2º da Lei de Drogas se consuma quando ocorre
a prática de algum dos verbos do núcleo do tipo (induzir, instigar ou auxiliar). Além disso, é impres-
cindível que a pessoa efetivamente faça o uso da droga.
Quando o indivíduo induzido, instigado ou auxiliado não fizer o uso da droga, não haverá crime
consumado. Portanto, trata-se de um crime material, que exige produção de resultado e alteração
no mundo material.
Posto isso, como desdobramento, não havendo o consumo da droga, estaremos diante do
crime na forma de tentativa.
Por fim, exige-se que a conduta seja direcionada a pessoa ou grupo determinado.
» Quando a conduta está dirigida a grupo indeterminado, pode-se estar diante do
crime do art. 287 do Código Penal (apologia ao crime).
A manifestação ou debate para a legalização ou descriminalização das drogas não configura crime, tanto da Lei
de Drogas, quanto do Código Penal.
Exemplo: a chamada “Marcha da Maconha” não configura crime algum, desde que não haja o consumo da droga
naquela manifestação e respeitado o direito de reunião.
Trata-se de entendimento do STF, firmado na ADPF 187.

ART. 33, §3º


A conduta descrita neste artigo trata da cessão gratuita e eventual de drogas para consumo
compartilhado. Nesse delito, existe a conduta de oferecer droga de forma eventual e gratuita a
pessoa de seu relacionamento para juntos consumirem.
LEI DE DROGAS – LEI Nº 11.343/06 3

» Todos estes requisitos devem estar preenchidos para que se enquadre no art. 33,
§3º da Lei de Drogas.
Ainda, as condutas descritas nos §§ 2º e 3º do art. 33 da Lei de Drogas não são equiparadas
ao tráfico de drogas, portanto, também não são equiparadas a crime hediondo.
É um delito de menor potencial ofensivo, vez que a pena cominada é de 6 (seis) meses a 1 (um)
ano, podendo ser aplicadas as penas previstas no art. 28 do mesmo diploma legal (advertência,
comparecimento a programa educacional, entre outros).
Acerca do elemento subjetivo do tipo, existe o dolo genérico e o dolo específico, que é a
finalidade para consumo compartilhado. Caso este dolo específico não seja verificado no caso, não
é possível enquadrar a conduta no art. 33, §2º da Lei 11.343/06.
Já a consumação do delito se dá com o oferecimento da droga – não se faz necessária a acei-
tação por parte da outra pessoa para a consumação do crime.
Portanto, trata-se de um crime meramente formal e que comporta a tentativa.

ART. 34 – TRÁFICO DE MAQUINÁRIOS


O crime previsto no art. 34 da Lei 11.343/06 engloba 11 condutas, mas destacam-se as condutas
de adquirir, vender ou fabricar ilegalmente maquinários e objetos destinados à produção de drogas.
Assim como o art. 33, caput, o delito previsto no art. 34 desta lei também é equiparado a
hediondo.
Além disso, como o núcleo do tipo possui 11 verbos, pode-se classificar este delito como de
ação múltipla (ou conteúdo variado ou tipo misto alternativo). Significa que vários verbos expressam
a conduta criminosa, de modo que a prática de mais de um verbo configura crime único.
Perceba que o art. 34 pode ser considerado como a tipificação dos atos preparatórios para a
conduta do tráfico de drogas. Via de regra, os atos preparatórios não podem ser punidos, mas foi
opção do legislador tipificar antecipadamente o crime de tráfico, em razão da sua potencialidade
lesiva.
Também é importante salientar que este crime é subsidiário, ou seja, estará configurado quando
não houver conduta mais gravosa no mesmo contexto fático. Sendo assim, quando houver a prática
do tráfico de drogas e do tráfico de maquinários no mesmo contexto fático, o delito do art. 34 será
absorvido pelo do art. 33.
Não é necessário que o objeto material (maquinário) tenha dedicação exclusiva para o tráfico
de drogas. Ora, seria raro encontrar um maquinário que tenha sido construído exclusivamente
para este fim – o mais comum é que o objeto tenha uma finalidade de uso lícita, mas é desviada
para uso ilícito.
» Por exemplo, as balanças de precisão. Basta que seja usada para a produção da droga.
Por fim, para a consumação deste crime, não se faz necessário que a droga seja efetivamente
produzida, bastando a prática de qualquer um dos verbos do tipo. Trata-se de um crime formal,
que comporta a forma tentada.

Você também pode gostar