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Colegiado

Gestor

PROCESSOS E MÉTODOS PARA O


FORTALECIMENTO DO SUS NO RN

CGTES
Maria de Fátima Bezerra Organização do Ebook:
Governadora do Estado do Rio Produção textual
Grande do Norte Anna Karlla Fontes

Cipriano Maia de Vasconcelos Edição


Secretário de Estado da Saúde Anna Karlla Fontes
Pública Mª. Eufrásia F. Ribeiro

Maura Vanessa Silva Sobreira Diagramação


Secretária-Adjunta Mª. Eufrásia F. Ribeiro

Lyane Ramalho Cortez Revisão final


Subsecretária de Planejamento e Carlézia Alves
Gestão
Colaboração
Elenimar Costa Bezerra Ana Carla Macedo
Coordenadora de Gestão do Carlézia Alves
Trabalho e da Educação na Saúde Elenimar Costa

Renata Freire do Nascimento Imagens


Subcoordenadora da Gestão do Arquivo pessoal
Trabalho Freepik
Canva
José Evanildo Cândido
Subcoordenador de Administração
de Pessoal

Avânia Dias de Almeida


Subcoordenadora de Informação
em Gestão do Trabalho e da
Educação

Rayane Larissa Santos de Araújo


Subcoordenadora de Gestão da
Educação na Saúde

Carlézia Alves
Núcleo Audiovisual de Divulgação
Interna - NAVI

Julho 2021
Sumário

Apresentação .................................................4
Entrevista com Cipriano Maia.......................5
Colegiados: vez e voz ampliados...................8
Colegiado na ESP/RN.....................................10
Estrutura dos colegiados..............................12
Papel do Apoio Institucional...............................16
Material Complementar...............................19
Apresentação

Caríssimas(os),

É com enorme satisfação que apresentamos esse material para vocês. Uma singela
homenagem por estarmos completando um ano de funcionamento regular dos
espaços colegiados da Coordenadoria de Gestão do Trabalho e da Educação na
Saúde. Completar um ano significa muito para nós, significa que nos mantivemos
firmes no propósito de construirmos ações perenes quanto ao compartilhamento da
gestão, mesmo com o desafio da pandemia de covid-19, e seguimos amadurecendo
nosso “fazer juntos”.
Para comemorarmos este momento tão precioso, estamos lançando um
E-book temático sobre Colegiado Gestor, seus processos e métodos que tanto
contribuem para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Entendendo que
a maior homenagem que fazemos ao nosso coletivo é a contribuição para o
fortalecimento de outros coletivos, pois sabemos a relevância da co-gestão para que
o nosso SUS ganhe força e queremos contribuir para ampliar essas experiências na
SESAP.
Por isso produzimos este material que tem o objetivo maior de destacar e fortalecer
ainda mais esse dispositivo tão importante para a gestão de uma politica pública
como o SUS. Faço aqui uma apresentação curtinha pra não perder o ar festivo e
homenageio todas e todos os que fazem o campo da gestão do trabalho e da
educação na saúde em nosso Estado com dois trechinhos da música “Diversidade”,
de Lenine, que diz assim:

Se cada ser é só um
E cada um com sua crença
Tudo é raro, nada é comum
Diversidade é a sentença
(...)
O mundo segue girando
Carente de amor e paz
Se cada cabeça é um mundo
Cada um é muito mais.

Que venham muitos mais anos e aproveitem a leitura!!

por Elenimar Costa Bezerra – Coordenadora de Gestão do Trabalho


e da Educação na Saúde (CGTES)

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!? Entrevista com
Cipriano Maia
Nesta entrevista o titular da Sesap, o médico sanitarista Cipriano de Vasconcelos
Maia discorre sobre a grande conquista que é o SUS para a sociedade brasileira.
Ele foi um dos participantes da 8ª Conferência Nacional de Saúde, que definiu os
princípios e as diretrizes do SUS, dentre os quais a gestão participativa com a
defesa da instituição das Conferências e dos Conselhos de Saúde foi destaque.
Além disso, tem uma trajetória profissional pautada pela atuação em experiências
inovadoras de planejamento e gestão, seja no exercício da gestão, no ensino ou
práticas de pesquisa e extensão relacionadas à gestão participativa.

Qual a importância do dispositivo colegiado para a Gestão de uma política


como o SUS? O SUS foi uma conquista da Sociedade brasileira num contexto de
transição democrática em que a mobilização social pela Reforma Sanitária fez valer
seu direito e conseguiu inscrever na Constituição Cidadã o direito à saúde.

O SUS foi institucionalizado sob a égide da democracia participativa em que os


cidadãos organizados influenciam as Políticas de Saúde e a gestão do Sistema,
através das Conferências e dos Conselhos de Saúde. Contudo, a democratização
do Sistema de Saúde, e dos demais sistemas de direitos, para ser efetiva precisa
adentrar o cotidiano das organizações que o constituem, no caso do SUS –
hospitais e demais serviços, diretorias e departamentos, coordenações…

A instalação e funcionamento dos colegiados de gestão em todas as Unidades é a


estratégia para viabilizar a participação continuada de todos os trabalhadores na
tomada de decisões sobre o planejamento e a gestão do serviço. Espaço para
discutir e deliberar sobre os modos de organizar o trabalho para o alcance dos
objetivos e metas de cada serviço no contexto do Plano Estadual e da
programação anual de Saúde.

Assista
A história da saúde pública no Brasil –
500 anos na busca de soluções

Papel do apoiador na integração da


Atenção Básica e Vigilância em Saúde

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Um pouco de história: o senhor que participou ativamente da implantação
do SUS, qual o seu primeiro contato com a Gestão participativa e o que lhe
chamou a atenção para esse modo diferente de gerir os processos de
saúde? O Meu aprendizado nas práticas democráticas foi exercitado nas
experiências participativas do movimento estudantil, depois no movimento sindical
na saúde e nas práticas partidárias. Participei da 8ª Conferência Nacional de Saúde
que definiu os princípios e as diretrizes do SUS, dentre os quais a gestão
participativa com a defesa da instituição das Conferências e dos Conselhos de
Saúde foi destaque.

Desde então no exercício da gestão, do ensino e das práticas de extensão e


pesquisa a gestão participativa, a co-gestão e a gestão colegiada ocuparam lugar
de destaque em inúmeras experiências inovadoras de planejamento e gestão nos
serviços de saúde em que atuamos. A Política Nacional de Humanização, instituída
no SUS a partir de 2004, incorporou essa diretriz e contribuiu para disseminar
essa prática no conjunto dos serviços de Saúde nas três esferas de governo. Na
gestão municipal em Natal, no período 2013-2014, impulsionamos essas práticas e
estimulamos a implantação de colegiados nos serviços e nos órgãos de gestão da
SMS.

Esse modo de gerir mais participativo ainda não é compreendido por


muitos. Ao seu ver e sua experiência enquanto secretário de saúde (Natal
e Sesap) e professor da UFRN, quais são os principais desafios que um
gestor enfrenta para efetivar esse tipo de dispositivo? O principal desafio é
ganhar a confiança dos sujeitos envolvidos, dirigentes, trabalhadores e usuários.
Segundo, promover o debate sobre o significado das práticas democráticas nas
instituições para um processo de aprendizado permanente. Democracia é um
exercício desafiador que precisa ser praticado e debatido todo dia. A gestão
colegiada nos serviços de saúde não substitui nem concorre com o controle social
exercido pelos Conselhos, sejam locais, municipais ou estadual. O colegiado gestor
é o espaço no interior das organizações que possibilita a instalação de rodas de
diálogo permanente entre quem tem a responsabilidade de conduzir e dirigir a
organização e o conjunto dos sujeitos trabalhadores que realizam as práticas
assistenciais e de suporte ao funcionamento dos serviços. Continua na próxima
página.

Assista
Conselho Nacional de Saúde - Como funciona
o Controle Social?

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E ainda, superar a confusão na compreensão de alguns, que confundem
democracia e participação com ausência de ordem e indefinição de
responsabilidades. A diferença numa organização democrática é que a ordem,
traduzida em normas e protocolos, é instituída com a escuta e a opinião dos
representantes dos vários coletivos que constituem a organização, na construção
de um consenso progressivo que busca equilibrar os diversos interesses e o
melhor funcionamento da organização na busca de seus objetivos. Objetivos esses
que são definidos e regulados por Lei, a quem, todos, servidores e dirigentes,
devem obedecer. Assim, o colegiado não pode ser confundido com o espaço de
negociação e defesa de interesses sindicais e corporativos, que são as mesas de
negociação, mas, ser visto como uma instância de gestão para a tomada de
decisões fundamentadas, baseada na escuta e na análise de informações.

Deve ser também o espaço de avaliação dos resultados e das consequências das
decisões tomadas, num exercício permanente de planejar, executar e avaliar. E
para que essa prática participativa se legitime e consolide dentro de cada
Organização precisa ser espraiada a todas às Unidades de cuidados ou serviços,
numa espiral que envolva todos os sujeitos nesse aprendizado participativo que
produza sujeitos democráticos.

E não esquecer que o objetivo de qualquer instituição pública é servir ao público


com a melhor qualidade possível, no caso da saúde prestar serviços de proteção,
de cura e de reabilitação com a máxima eficácia possível. Para isso, a
responsabilidade e o compromisso ético de cada um e de todos deve está na
ordem do dia das práticas de gestão e avaliação cotidianas.

Saiba Apoio Integrado à Gestão


Descentralizada do SUS

mais O SUS no seu município


Garantindo saúde para
todos

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Colegiados: vez e voz ampliados
Algumas reuniões ocorrem semanalmente, outras a cada 15 dias e, no caso do
colegiado Voz Ativa, um dos maiores da Sesap, o encontro é mensal. O fato é que
desde que começou a quarentena imposta pela pandemia de covid-19, com a
implantação do sistema de trabalho híbrido (remoto e presencial), a Coordenadoria
de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (CGTES) e suas subcoordenadorias,
mantiveram a alta frequência e regularidade das reuniões, deliberando sobre
assuntos os mais variados pertinentes à rotina laboral.

A tecnologia só contribui e vem sendo usada a favor, permitindo,


seja via aplicativo WhatsApp para a construção de pautas que
versam sobre o dia-a-dia dos setores, sua discussão ou no
encaminhamento de soluções pela coletividade com o uso das
plataformas Zoom ou Google Meet. “Estamos exercitando a
participação por meio de encontros mensais virtuais com o conjunto
dos servidores da CGTES, algumas subcoordenadorias têm realizado
seus momentos setoriais”, afirma a coordenadora Elenimar Bezerra,
mais conhecida como Leninha.

Para a titular da Subcoordenadoria da Gestão do Trabalho (SGT),


Renata Freire do Nascimento, a equipe passa por importantes
mudanças e o colegiado tem potencialidade para ser um espaço de
democratização das informações, buscando agilidade e integração
das ações. “Nossa equipe ainda está aprendendo como desenvolver
a corresponsabilização. Acredito que o comprometimento será o
nosso grande diferencial. A cada conquista ficaremos mais
motivados em evoluir”, afirma ela.

Na avaliação da subcoordenadora de Informação em Gestão do Trabalho e da


Educação (SIGTE), Avânia Dias de Almeida, esse formato de reunião já demonstrou o
seu alcance. “O colegiado da SIGTE é um momento para falar das atividades
individuais e discutir os processos de trabalho que impactam nos resultados de toda
a equipe, o modo virtual se tornou essencial, sobretudo, nesse contexto de pandemia
onde são raros os momentos de encontro presencial dos pares em razão do trabalho
remoto”.

Para José Evanildo Cândido, subcoordenador de Administração de


Pessoal, o colegiado é trabalhar junto com toda equipe e ser um
atuante, estando sempre apto a ouvir e pronto a atender as
aspirações do grupo de maneira solícita e bem disposta. "Acredito
que quando estando unidos nossa voz torna-se mais forte e eficaz e
poderemos atingir nossos objetivos: a melhoria nos processos de
trabalho".

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Avânia avalia que ainda há muito a avançar: “Desde a formulação de
pautas estruturantes por toda a equipe ao monitoramento e
avaliação das ações pactuadas. Mas, um passo de cada vez! Estamos
felizes em dar esse primeiro passo e reforçar um ambiente
democrático e participativo de trabalho. Ah, não poderia esquecer
do apoio qualificado de Carlézia Alves na construção desse modelo
de gestão”, afirma.

Rayane Larissa Santos de Araújo Monteiro, subcoordenadora de


Gestão da Educação na Saúde (SGES), antiga SUCA, afirma que,
mesmo com as experiências anteriores na gestão do SUS, foi na
CGTES da Sesap onde teve uma aproximação mais aprofundada
com a Política Nacional de Humanização (PNH) e, por consequência,
com a gestão participativa e cogestão.

“Em minha experiência a construção coletiva vem sendo fundamental por vários
motivos. Primeiro, porque o setor precisou construir uma nova lógica para o seu
processo de trabalho, que pudesse possibilitar o fortalecimento da Política de
Educação Permanente no Estado, na perspectiva da regionalização, bem como uma
melhor gestão do campo do Ensino Serviço”, afirma. Depois, na sua avaliação, porque
a equipe tem uma composição diversa em saberes e perfis de atuação e passou por
algumas transformações ao longo dos últimos meses. “Fizemos ensaios na
perspectiva de uma construção e planejamento coletivos, mas, posso dizer que esse
processo se solidificou a partir da pandemia, com a sistematização de reuniões
colegiadas”, analisa.

CGTES Voz SUAP


Ativa
SGT Mensal (geralmente às
ESP/RN
13h para participação Mensal (última
Mensal, Quinzenal (entre
dos trabalhadores dos quarta do mês,
geralmente na 3ª 13h e 15 h). dois turnos)
sexta-feira 9h)

Chefias
CGTES SIGTE SGES
Semanal, Mensal (entre Quinzenal
segunda-feira, 9h e 10h) (quinta-feira, 9h)
8:30h

Cronograma de reuniões da CGTES

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Colegiado na ESP/RN
As reuniões colegiadas no âmbito da Escola de Saúde Pública do Rio
Grande do Norte (ESP/RN) já faziam parte do cotidiano das equipes,
porém, sua constituição ou organização se dava a partir de
representações das áreas junto ao Núcleo Diretor. A atual diretora
da escola, Cláudia Frederico, faz um relato da experiência.

“Em 2019 quando assumimos a gestão mantivemos o compromisso de manter as


reuniões colegiadas mensais e com toda a equipe a fim de garantirmos espaço
para discussão dos projetos estratégicos da escola e definirmos estratégias de
trabalho coletivamente”, afirma.
.
Ela conta que durante esse período se observou que a participação dos profissionais
era muito tímida e a discussão pouco circulava e, quase sempre, era pouco
propositiva. “Face às mudanças propostas acerca das novas atribuições da escola
(de Centro Formador para ESP/RN) e as dúvidas frente ao novo, as pautas eram
praticamente preenchidas por informes e esclarecimentos”, relembra.

Assim sendo, em 2020 se deu continuidade à agenda mensal, que ocorre na última
quarta-feira de cada mês. “Invertemos a pauta no sentido de privilegiar os temas
para discussão e reduzir os informes a fim de qualificar o nosso processo de
trabalho interno e as demandas e ações propostas na Programação Anual de Saúde
(PAS). Considerando que nossa equipe é relativamente pequena, alguns informes
podem ser compartilhados diariamente através de conversas junto às equipes e
pelo WhatsApp”, conta a diretora.

Pandemia
Durante a pandemia, ela afirma que como já existia um processo instituído, mesmo
com as fragilidades inerentes à construção desse processo, foi possível identificar a
potencialidade desses dispositivos de gestão. “Após superarmos o uso das novas
ferramentas de tecnologia da informação para comunicação à distância, os
colegiados assumiram um papel de destaque no nosso cotidiano, porque tornou-se
também um espaço para discussão sobre o contexto da pandemia, dos medos, das
inseguranças e também para ressignificação dos nossos encontros”, afirma.

10
Cláudia conta que na pandemia as reuniões passaram a ser mais longas e, aos
poucos, bem mais produtivas em relação ao desenvolvimento de um trabalho mais
articulado e mais cooperativo. “Os diversos colegiados – com o Núcleo Dirigente e
com a CGTES constituídos no âmbito da SESAP – permitiram o fortalecimento do
Colegiado Setorial tendo em vista que o compartilhamento de uma agenda
prioritária, definida no âmbito da SESAP, constitui um movimento essencial para a
redução de ruídos na comunicação e potencializa a participação dos trabalhadores
na tomada de decisão da gestão”, atesta Cláudia.

Ela reforça que a corresponsabilização é um processo a ser construído e fonte de


aprendizados constantes para superação das dificuldades apresentadas. “Nossa
avaliação é positiva e entendemos que sempre há necessidade de aprimorar as
nossas pautas, as discussões e a participação ativa de todos”, finaliza.

É a portaria-SEI 2918, de outubro de 2020,

Saiba que institui, define as atribuições e orienta o


funcionamento dos Colegiados Gestores nas
unidades e serviços da Secretaria de Estado

mais da Saúde Pública do Rio Grande do Norte


(Sesap) e a portaria-SEI Nº 3107, de 03 de
novembro de 2020 institui os Colegiados
Regionais das Unidades Estaduais.

Atualmente, a sede da Secretaria conta com


13 colegiados em atividade e são eles: o
Colegiado Gestor (formado pelo Núcleo
Dirigente, Coordenadores e Gerentes das
Regionais de Saúde) Colegiado de Unidades
(Coordenado pela Secretária Adjunta que
reúne mensalmente diretores das Unidades
e áreas técnica da SESAP), e os colegiados:
CAS (antiga COHUR), CVS, COADI, DPIPS e os
sete colegiados da CGTES (SUAP, SGES, SIGTE,
ESP/RN, SGT, chefias da CGTES e CGTES Voz
Ativa).

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!? Estrutura dos
colegiados
Na sede da Sesap, a servidora Carlézia Alves, apoiadora da Política Nacional de
Humanização – PNH com curso de Formação em 2013, é a secretária do colegiado
da CGTES Voz Ativa. Carlézia tem formação em Serviço Social, especialização em
Gestão em Qualidade de Vida e Saúde no Trabalho e atuou por 10 anos no Núcleo
Técnico da Política Estadual de Humanização. Ela também oferece apoio técnico-
operativo aos demais colegiados da CGTES e nesta entrevista traz dicas
importantes sobre o funcionamento dos colegiados.

Para se implantar hoje um colegiado, o que um setor ou serviço precisa?


Qual o passo a passo? O primeiro passo é entender que não existe um modelo
perfeito de colegiado. Precisamos ter clareza dos limites e possibilidades do
colegiado, enquanto instrumento de gestão. Para se implantar, é necessário que a
gestão maior daquele grupo o reconheça como instrumento de gestão, por ser um
modelo centrado no trabalho em equipe, na construção coletiva e em espaços
coletivos que garantem que o poder seja de fato compartilhado por meio de
análises, decisões e avaliações construídas coletivamente, seguindo o pressuposto
que diz “planeja quem executa”. A gestão precisa estar envolvida juntamente com
todos os outros atores para que o colegiado flua de fato na sua efetividade e
eficiência.

Quais os tipos diferentes de colegiados que existem? E quais


representantes devem participar? Os colegiados podem ser de diferentes
grupos: por unidade de produção, coordenações, setorial e outros, o importante é
que seja um espaço democrático, de discussão coletiva que siga o modelo da roda
e uma linha de discussão horizontal que inclua todos os sujeitos (gestores,
trabalhadores de saúde e usuários), democratizando a gestão para compartilhar
decisões, descentralizando responsabilidades, funções e tarefas gerenciais na
garantia da efetividade e eficiência dos serviços.

Qual o modelo de ATA adotado pela Sesap? Na Secretaria como um todo, mas
precisamente o Colegiado Gestor e a CGTES vêm produzindo em seus colegiados
uma ATA simplificada, sem textos longos, que tem sido bem aceita por todos os
envolvidos. Nela estão elencados os pontos mais importantes das discussões:
Decisão (D), Informação (I), Tarefas (T), Ponto de Atenção (PA), Proposta (P), todos
os pontos com responsáveis e prazos pactuados coletivamente. Ver modelo na
página 12.

12
Quais as principais características de um colegiado? Não existe um número
exato de participantes, mas é necessário que seja garantida a representatividade
de trabalhadores de todos os segmentos (todos os sujeitos) dentro do espaço de
discussão. A metodologia usada é a da “roda”, na perspectiva da constituição
horizontal de coletivos organizados participativos.

É necessário que se tenha uma sistemática de lista de frequência, duração das


reuniões e registros em ATA acordados com todos os membros participantes. O
intervalo entre um colegiado e outro é pactuado entre os participantes, alguns
colegiados se reúnem semanalmente, alguns por quinzena e outros mensalmente,
podendo ser conforme a realidade organizacional de cada grupo de trabalho.

A pauta deverá ser construída coletivamente e divulgada a todos os participantes


do Colegiado, com antecedência mínima de 48 horas antes da reunião para que
os sujeitos envolvidos programem suas agendas.

Todo colegiado deverá dispor de um(a) secretário(a) designado pelo coordenador


ou diretor da unidade ou serviço, podendo também ser pactuado pelo colegiado,
o qual será responsável pela organização e divulgação da pauta, elaboração da
ATA e o monitoramento dos encaminhamentos necessários.

Um colegiado se torna produtivo quando?


- Aumenta a comunicação nas instituições, incluindo a análise dos conflitos
existentes;
- Amplia a capacidade de análise da instituição, com trabalhadores e usuários
corresponsáveis pelos processos
- É um espaço pedagógico, lugar de aprender e de ensinar, de socialização de
conhecimentos;
- Apropria os trabalhadores acerca dos processos de Planejamento,
Monitoramento e avaliação (indicadores)
- Potencializa a dimensão inventiva de todos que estão implicados no processo de
produção de saúde;
- Favorece o trabalho em equipe, com uma atenção ampliada, garantindo o
princípio da integralidade;
- Colabora na construção de redes solidárias de gestão e atenção no SUS.

Foto de uma reunião colegiada da CGTES


em formato virtual. Esse encontro que
ocorre mensalmente já chegou a contar
com quase 80 participantes numa
única reunião

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Colegiado
Métodos e práticas

CHECK-LIST
Produção da Divulgação da Colegiado Divulgação
pauta pauta da ATA

Produção
da pauta
O responsável pelo
secretariado da reunião
deve enviar a proposta de
construção da pauta para
todos os participantes. Com
uma boa antecedência.

Divulgação
da pauta

A pauta deve ser divulgada


para todos os participantes
com antecedência mínima de
48 horas antes da reunião

Realização Durante a reunião não


esquecer de passar a LISTA DE
do Colegiado FREQUENCIA e construir
a ATA da reunião.

Divulgação Após a reunião a ATA deve ser


divulgada com todos os
da ATA participantes por e-mail ou pelo
sistema SEI.

14
Modelo de ATA

15
!? Papel do Apoio
Institucional
Nesta entrevista, a apoiadora institucional da Sesap, Ana Carla Macedo do
Nascimento, servidora psicóloga, especialista em Gestão do Trabalho e Educação
na Saúde, com formação em apoio institucional pela PNH, destaca pontos de
como se dá o apoio institucional dentro do contexto da cogestão.
Ela atuou por seis anos no Hospital Giselda Trigueiro, referência em gestão
participativa no RN e atualmente desempenha sua função junto a CGTES e na
Escola de Saúde Publica do RN.

Como definir na prática o trabalho do apoiador?


No contexto das organizações, a “função” Apoio é compreendida como o papel
exercido por agentes que trabalham e assumem posicionamento subjetivo, ético e
político de acordo com uma metodologia de Apoio. O fazer do apoio forma-se em
ato, pois desde o início tem que ser a clareza da complexidade de se fazer saúde e
uma gestão partilhada. A singularidade de cada contexto precisa ser preservada
em cada arranjo de apoio e tudo deve se adequar ao constante movimento. Por
isso, a Educação Permanente é a dobra perfeita do Apoio Institucional. Por meio
da análise das vivências, da troca de experiências, do compartilhamento de
saberes, poderes e afetos, o Apoiador (a) pode se constituir como tal e criar
condições de apoiar.

E como se dá na prática esse trabalho inserido no contexto da cogestão?


Ele é realizado junto as equipes e não por elas. A matriz geradora desse trabalho
é elaborar, planejar tarefas, suscitar a análise, elaboração e planejamento de
tarefas e projetos de intervenção, com os recursos da própria equipe.
Segundo o sanitarista e acadêmico, professor Gastão Wagner de Sousa Campos, o
Apoio é pensado como função gerencial que, a partir do princípio da cogestão, visa
reformular o modo tradicional de fazer coordenação, planejamento, supervisão e
avaliação em saúde. Os objetivos dos arranjos de Apoio Institucional
experimentados pelas organizações são, em geral, comprometidos com a
transformação dos processos de trabalho e das relações exercidas entre os
sujeitos.

Assista
Gastão Wagner de Sousa Campos
Apoio Institucional como estratégia
de inovação em saúde

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No caso de uma Secretaria tão importante na estrutura dos serviços
públicos essenciais quanto a Sesap, quais as contribuições desse modelo
de gestão, que impactam diretamente na vida dos servidores e da própria
população usuária dos serviços do SUS? A Política Nacional de Humanização
(PNH), que norteia nosso fazer, incentiva a implantação de colegiados gestores nos
serviços de saúde como dispositivo de humanização visando promover mudanças
positivas nos modelos de atenção e de gestão.

A cogestão é uma diretriz que possibilita a discussão e envolvimento de processos


para a melhoria das relações individuais, conjuntas e necessárias para a
população, com negociação permanente, onde a decisão se dá por meio da
participação de todos, e pressupõe que a gestão deixa de ter um titular e evolui
para um colegiado formado por trabalhadores e gestores.

Pretende contribuir, principalmente, para o desenvolvimento da capacidade de


tomar decisões, lidar com conflitos, estabelecer compromissos e contratos, além
disso, garante que haja um espaço permanente de formação em ato, havendo a
possibilidade para discussão, explicitando a distribuição do poder, da negociação e
principalmente a possibilidade para resolver os problemas mais críticos.

Quais as ideias centrais da cogestão? Começa com o modelo centrado no


trabalho em equipe, na construção coletiva e em espaços coletivos que garantem
que o poder seja, de fato, compartilhado por meio de análises, decisões e
avaliações construídas coletivamente, seguindo o pressuposto que diz “planeja
quem executa”, visando a ampliação do grau de transversalização entre sujeitos
envolvidos na trama do cuidado em saúde dos afetos, dos saberes e dos poderes.
Ela também altera a correlação de forças na equipe e desta com os usuários e sua
rede social e favorece a produção/ampliação da corresponsabilização no processo
de cuidado.

Assista
EspaSUS: Apoio Institucional ao SUS - 1/3

EspaSUS: Apoio Institucional ao SUS - 2/3


EspaSUS: Apoio Institucional ao SUS - 3/3

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Como garantir na prática a Cogestão? É importante ressaltar que só a
existência do colegiado gestor não garante a democratização da gestão. Cabe aos
gestores garantir que o colegiado gestor seja, de fato, um instrumento de
construção coletiva. Nenhum colegiado de gestão, mesmo o que se aproxime do
ideal, como estratégia de gestão, dará conta da complexidade da vida
organizacional.

É necessário, portanto, ter clareza dos limites e possibilidades do colegiado


enquanto instrumento de gestão. A garantia se dará na prática constante de
dialogo nos grupos, na abertura da democracia institucional, na aposta da
autonomia das pessoas que fazem um sistema ser resolutivo e eficiente.

Para finalizar cite alguns recursos metodológicos. O Apoio Institucional se


utiliza de, alguns recursos metodológicos, dentre os quais:

Capacidade de construir rodas, ou seja, ativador de espaços coletivos visando


a interação intersujeitos na análise de situações e na tomada de decisão;
Habilidade em incluir as relações de poder, de afeto e a circulação de
conhecimentos em análise;
Capacidade de pensar e fazer junto com as pessoas e não em lugar delas,
estimulando a capacidade crítica dos sujeitos;
Habilidade de apoiar o grupo para construir objetos de investimento e compor
compromissos e contratos;
Capacidade de trabalhar com uma metodologia dialética que, ao mesmo
tempo em que traga ofertas externas, valorize as demandas do grupo apoiado,
pois a metodologia dialética entende o homem como um ser ativo e de
relações.

18
Material complementar

SITES

Política Nacional de Humanização - HumanizaSUS


https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-
programas/humanizasus

Site da Rede Humanizasus


https://redehumanizasus.net/

MATERIAL INFORMATIVO

Paidéia e a Gestão: Indicações Metodológicas sobre o Apoio-


Gastão Wagner Sousa Campos
https://www.saude.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.php?
C=MTg0NjQ%2C

A Humanização como Eixo Norteador das Práticas de Atenção


e Gestão em Todas as Instâncias do SUS
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_2004.pdf

Politica Nacional de Humanização


Politica Nacional de Humanizacao

LEGISLAÇÃO

Portaria que institui, define atribuições e orienta o


funcionamento dos Colegiados Gestores nas Unidades da
Sesap.
http://diariooficial.rn.gov.br/dei/dorn3/docview.aspx?
id_jor=00000001&data=20201010&id_doc=699656

Portaria que institui, os Colegiados Regionais das Unidades


Estaduais da Sesap.
http://diariooficial.rn.gov.br/dei/dorn3/docview.aspx?
id_jor=00000001&data=20201104&id_doc=701797

19
CGTES

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