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TERNURA
E FIRMEZA
Com os filhos
TERNURA
E FIRMEZA
Com os filhos
Alexander Lyford-Pike é médico pela Faculdade de Medicina da Universidade da
República Oriental do Uruguai (1978). Em 1981 obteve uma pós-graduação em
Psiquiatria na Escola de Graduados da Universidade da República. Mais adiante, em
1985, realizou cursos de especialização em psiquiatria biológica na Universidade de
Navarra, Espanha, e de psicoterapia no Royal Edinburgh Hospital, Escócia. Nos anos
1988, 1989, 1992, 1993 esteve na Western Psychiatric Institute and Clinic da
Universidade de Pittsburgh, EUA., onde aprofundou seus estudos em psiquiatria.
INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 3
PRÓLOGO
Estas páginas são uma antologia de sua experiência profissional, e o título já anuncia
seu conteúdo: Ternura e firmeza; uma difícil harmonia para pais com critérios rígidos ou com
uma fácil disposição para o carinho brando. Essa harmonia apenas se consegue com uma
firmeza terna ou com uma ternura firme, isto, é, quando os pais não se guiam pelo amor
espontâneo mas optam por um amor inteligente por seus filhos, por cada filho. Não se trata
de um equilíbrio quantitativo. A ternura e a firmeza não são recursos nem receitas. São os
componentes de um amor verdadeiro, que busca o bem dos filhos e não a comodidade
própria.
Filhos com personalidade! Filhos que conquistem sua liberdade porque aprenderam a
ser responsáveis! Estas metas não são sonhos mas metas possíveis para pais que
efetivamente exercem seu papel de pais e que concebem que a autoridade bem entendida é
o melhor serviço que podem prestar a seus filhos.
Este livro é uma ajuda necessária para as famílias e para todo educador que queira
enfrentar seu trabalho com sentido comum.
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INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Não é fácil educar aos filhos. Depois de muitos anos de trabalho no manejo de
problemas de conduta, nos parece útil resumir e explicar aos pais os resultados destas
experiências, para ajudá-los na difícil tarefa formativa.
O nome designado para essa atitude educativa coerente não é arbitrário, já que EP
indica desenvolver a firmeza da personalidade, tanto nos pais como nos filhos. Pois a
firmeza dos pais se transmite aos filhos e os ajuda a conseguir uma personalidade bem
formada.
Além dos resultados de nosso trabalho direto com muitos casos, nos ajudou para a
confecção deste livro o estudo a fundo das conclusões de outros autores como: Lee Canter,
Assertive Discipline for Children; Gael Lindenfield, Confident Children; Fernando Corominas,
Educar Hoje; e Fred Gosman, Basta de niños malcriados!
A utilidade de seus trabalhos facilitou nossa tarefa para produzir este volume, como
ocorreu também com as sugestões recebidas de muitas pessoas, as quais devemos
expressar-lhes nosso reconhecimento.
Para terminar, este livro não haveria sido publicado sem o tenaz esforço do jornalista
José Maria Orlando, de Paula Barbé de Gari e de Ivan Pittaluga, que tiveram a árdua tarefa
de estar atrás de nós - entre paciente e paciente, e viagens de avião -, para conseguir que
um princípio de idéias e pensamentos pudesse ser transformado em letra impressa.
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INTRODUÇÃO
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NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE
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NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE
Em nossa sociedade, como em grande parte do mundo, existe atualmente uma crise
de autoridade da família. Esta crise tem três graves efeitos:
Este incumprimento priva aos filhos da orientação que buscam e necessitam de seus
pais e educadores: pontos de referência e modelos de conduta e aprendizagem.
A autoridade paterna cumpre sua função educativa quando é exercida com carinho,
estímulo e paciência. A ausência destes requisitos essenciais a converte em um
autoritarismo cujas consequências são tão perniciosas como a equivocada permissividade
que invadiu tantas sociedades modernas.
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NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE
Se os pais cumprem sua obrigação de formar a seus filhos, estes percebem clara e
proveitosamente os limites de seus direitos e os alcances de suas obrigações nas diferentes
etapas de sua formação e crescimento.
Não é um conceito abstrato e isolado. Não é abstrato porque se exerce no que agir
quotidiano. Não é isolado porque apenas pode ser exercida em função da liberdade
individual e coletiva.
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NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE
A tarefa de educar é talvez a principal missão que pode ter uma pessoa. Não basta
trazer uma criança ao mundo: Há que educá-los e os primeiros responsáveis deles, ante
Deus e ante a sociedade, são os pais. Essa responsabilidade é indelegável ante ninguém,
nem nos colégios, nem no Estado. Por isso, são o apoio e a esperança dos filhos enquanto
lhes vão ensinando a sustentar-se por si próprios, da mesma forma que a vara ou “tutor” que
se coloca junto a uma árvore recém plantada para assegurar que cresça direito.
Quando se planta uma pequena árvore, tende a crescer para cima, buscando a luz e
integrando-se a seu ambiente. Mas nesse processo de crescimento necessitará durante
certo tempo estar atado a essa vara para que o desenvolvimento em altura seja reto
enquanto afirma cada vez mais suas raízes na terra, alcançando sua máxima
potencialidade.
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NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE
Se isto acontece em um nível de vida elementar como a vegetativa, onde não existe a
necessidade de locomoção e discernimento para nutrir-se, crescer e reproduzir-se, a
importância dessa vara ou “tutor” é muito maior na pessoa, que integra em si própria tanto a
vida vegetativa como a vida animal e intelectual.
No caso do ser humano, essa vara de respaldo que guia seu crescimento reto exige
características de adaptabilidade, flexibilidade e firmeza.
Ser vara ou “tutor” equivale ao exercício da autoridade no caso dos pais, sustentando
para evitar desvios ou para corrigi-los se aparecem. Esta função de autoridade significa
sustentar para crescer. Ensinar a crescer é conseguir que os filhos aprendam a aproveitar as
experiências dos pais de maneira favorável e operativa em sua própria vida, em um clima de
liberdade e responsabilidade.
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NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE
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NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE
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NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE
Logo após enfurecer-se com sua mãe, porque não o deixava sair para brincar na
rua porque estava chovendo, uma criança de nove anos pegou uma pedra, e
lançou-a de fora de casa contra a janela da cozinha, onde estava sua mãe. A
pedrada estilhaçou um dos vidros, e um dos fragmentos cortou sua mãe. Ao
perceber o que havia ocorrido, correu de volta para casa, chorando muito e pedindo
perdão quase em desespero, enquanto repetia para sua mãe: “Te amo, te amo!”.
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NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE
Este último caso pode ser o de um garoto drogado ou com um distúrbio grave de
personalidade. Ambos exemplos refletem, talvez em grau extremo, a presença nas pessoas
do germe do amor e do ódio, do bom e do mau, de construir e de destruir.
É, por exemplo, uma constante dentro das famílias com filhos drogados a falta de
limites por parte dos pais na formação inicial da criança. E quando a família não consegue
impor limites, é muito difícil que a sociedade possa fazê-lo mais tarde.
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O QUE É A EDUCAÇÃO COM PERSONALIDADE
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O QUE É A EDUCAÇÃO COM PERSONALIDADE
Tomar decisões sobre o que corresponde fazer com respeito aos filhos e levá-las
a cabo sem mudanças de posição que signifiquem uma claudicação.
Todas as pessoas se dividem em três grupos de acordo com a resposta que dão ante
uma situação que envolva alguma forma de conflito:
Inseguros Agressivos
Não conseguem fazer valer Impõem seus direitos sem ter
eficazmente seus direitos, em conta os direitos
necessidades e afetos. dos demais.
Valem mais os direitos
dos demais.
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O QUE É A EDUCAÇÃO COM PERSONALIDADE
COM PERSONALIDADE
Conseguem fazer valer eficazmente seus direitos, tendo também em conta os direitos
dos demais. Dizem o que pensam. Sabem dizer que não (ASSERTIVO)
ATITUDE FLEXÍVEL
E FIRME AO MESMO TEMPO
Esta divisão não é categórica mas dinâmica e mutável. Muitas pessoas se verão
refletidas em mais de um desses grupos segundo sejam as situações em que pais e filhos
interatuam.
Mas a percepção esquemática destes três níveis de resposta ajudará aos pais a atuar
assertivamente na educação dos filhos mediante o exercício adequado da autoridade. Uma
atitude de submissão insegura ou de domínio agressivo constituem igualmente uma
mensagem ineficaz em matéria de autoridade educativa. Uma atitude assertiva, com firmeza
equilibrada e com a flexibilidade que cada situação requer, constitui a adequada mensagem
eficaz.
Por exemplo:
Há visitas em casa a noite e sua filha de quatro anos, já sendo tarde, ainda está
acordada. Como costuma acontecer, está cansada e irritável, mas se nega a ir
para cama. Você entende que sua filha não queira perder o entretenimento da
visita, mas também compreende que pelo bem dela e o seu próprio a criança deve
ir dormir. Como consegue que vá para a cama?
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O QUE É A EDUCAÇÃO COM PERSONALIDADE
A mãe tem um trabalho full time e necessita que seu filho adolescente colabore
com algumas tarefas da casa. Ele se nega e insiste que odeia fazer o que lhe
mandam.
A mãe percebe que os companheiros de seu filho não têm em suas casas
responsabilidades desse tipo, mas ela termina o dia muito cansada para fazer tudo
sozinha. Falou com seu filho até a exaustão, entretanto, ele segue negando-se a
fazer o que sua mãe lhe pede. Como conseguir que colabore?
Ante situações deste tipo, os pais devem desenvolver condutas específicas para
assegurar que seus filhos os escutem. Existem formas para manejar mais positivamente as
situações conflitivas e fazer entender aos filhos que os pais representam a autoridade. Isto
significa que os filhos devem respeito aos pais porque há entre ambos um vínculo
hierárquico e de amor simultâneo.
“Te amo muito como para deixar que se comporte assim. Seu problema de
comportamento deve terminar e estou disposto a fazer o necessário para que se dê conta de
que falo sério”.
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O QUE É A EDUCAÇÃO COM PERSONALIDADE
Uma dificuldade inegável é que é mais fácil capacitar um homem para curar
enfermos, ensinar matemática ou apagar um incêndio do que para ser um bom pai. Além
disso, não se trata apenas de “ser pai” como se fosse um generalizado título profissional
mas de ser pai de João ou Paula, de Ricardo ou de Maria, isto é, de crianças que possuem
características individuais próprias e que, por esse motivo, requerem em cada caso um trato
paterno individualizado.
Como forma de enfrentar estas dificuldades cremos ser de grande utilidade três
capacidades chaves no exercício da autoridade:
- falar claro.
- Respaldar as palavras com fatos.
- Estabelecer as regras do jogo.
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O QUE É A EDUCAÇÃO COM PERSONALIDADE
O ser humano é ao nascer o animal mais incompleto, mais inacabado, mais frágil e
indefeso. Diferente de um bezerro, que pode se separar da vaca um dia após haver nascido
e só tem a necessidade de alimentar-se bem, para o homem é nefasto isolá-lo de seus
progenitores, seja no dia seguinte ao seu nascimento, passado um mês ou um ano, aos seis
ou aos doze anos.
Esta insuficiência, este inacabamento do ser humano, lhe impõe dependência dos
demais para desenvolver-se, crescer e cultivar-se retamente. Necessitará durante a primeira
parte de sua vida o apoio afetivo e a orientação disciplinada do núcleo social básico, que é
sua família, para poder funcionar com plenitude tanto nessa esfera como no entorno mais
amplo de toda a sociedade.
O alcance deste objetivo lhe permitirá alcançar sua condição de sujeito social,
radicalmente orientado aos demais, aberto aos demais e interconectado com os demais,
mas sem perder sua individualidade que o faz único e irrepetível.
Quando um pai assume seu papel ou enfrenta uma situação conflitiva com um filho,
pode responder de forma muito direta ou muito forte. Muitos sentem que fracassaram se têm
que impor suas decisões pela força para conseguir que seus filhos lhes dêem ouvidos.
Outros foram instruídos por educadores que lhes asseguram que para conseguir uma
boa saúde mental nos filhos devem evitar todo tipo de atitudes “inflexíveis” ou “autoritárias” e
encontrar sempre alternativamente uma aproximação psicológica sem que importe a
gravidade das condutas.
A busca da aproximação psicológica como, por exemplo, falar com eles sobre os
motivos de sua má conduta, é correta, mas incompleta, é só um lado da moeda, se não vai
acompanhada de uma mensagem clara e precisa do que os pais esperam das crianças e
quais são os meios para consegui-lo.
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O QUE É A EDUCAÇÃO COM PERSONALIDADE
Mas por sua vez, como contrapartida, os canais de comunicação estão mais abertos.
Apenas é necessário saber usá-los para que a água corra mais clara e cristalina.
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UM CAMINHO EM TRÊS ETAPAS
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UM CAMINHO EM TRÊS ETAPAS
Cada um destes temas requer técnicas simples e outras ações cuja aplicação
aumentará a utilidade de um plano de EP para solucionar as condutas inadequadas das
crianças, consolidando a formação de sua personalidade.
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UM CAMINHO EM TRÊS ETAPAS
O plano que aqui se detalha foi desenhado para todos aqueles pais que querem e
necessitam desenvolver melhores condutas em seus filhos. Se trata de influir mais
positivamente em seu comportamento antes de que seja tarde.
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UM CAMINHO EM TRÊS ETAPAS
Por exemplo, uma mãe de quatro filhos estava com a menor, uma menina de três
anos, que se negava a comer o que havia pedido em um restaurante fast-food. Em
determinado momento a mãe passou um braço sobre os ombros da menina e falando-lhe
suavemente, começou a dar-lhe a comida que a menina recusava até esse momento
aceitar. Incentivada pela atitude materna, começou a comer sem reclamar. Esta mesma
mãe, entretanto, freqüentemente se equivoca ao gritar com seus filhos quando estes a tiram
do sério.
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UM CAMINHO EM TRÊS ETAPAS
Esta ação foi adequada e de acordo com um plano de EP. Mas comete um erro
quando não segue o mesmo caminho no trato contínuo com os filhos, isto é, quando não
aplica de forma ordenada e contínua as etapas da EP.
O plano de EP foi escrito para pais com filhos menores que não registrem alterações
graves de conduta até seu ingresso à adolescência. A partir do período adolescente, ainda
que o plano continue sendo muito importante, a autoridade dos pais será o resultado do
prestígio que tenham sabido conquistar ante seus filhos.
Nos casos de crianças com problemas graves de conduta, a EP também pode ajudar,
mas jamais deve substituir a atenção profissional ou de grupos especializados de orientação
e apoio. As condutas graves são as que não se conseguem modificar com a aplicação do
sentido comum e das sugestões contidas neste livro ou em outros manuais práticos para o
assessoramento tanto dos pais como dos demais educadores de crianças.
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O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO
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O QUE NÃO DEVE SER FEITO
A maioria dos pais não se dão conta de quão ineficazes são, as vezes, suas reações
ante um comportamento indesejável de seus filhos. Com frequência não percebem que sua
maneira de responder estimula aos filhos a manter e até acentuar uma conduta
inconveniente.
Inseguras
Hostis ou agressivas
Se você é como a maioria dos pais, com segurança reconhecerá algumas das
respostas que apresentamos nos exemplos deste capítulo.
Uma resposta é insegura quando não transmite à criança de forma precisa, facilmente
compreensível e firme o que se espera que faça.
Quando os pais agem desta maneira, estão abrindo a porta para que os filhos
ignorem suas palavras e até se aproveitem deles, porque lhes comunicam, mesmo sem dar-
se conta, que não estão falando a sério ou que carecem da fortaleza requerida para corrigi-
los.
Afirmação ineficaz
Mãe: “Te pedi que arrumasse seu quarto, mas ainda não o fez”.
A criança continua sem cumprir o pedido de sua mãe, ante o qual esta repete
frustrada: “Não liga para o que eu falo”.
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O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO
Este tipo de respostas, além de evidenciar que muitos pais sentem que é útil fazer ver
ao filho que não está se portando adequadamente, supõem também que as crianças não
são conscientes de que estão atuando mal e que, se o soubessem, parariam com sua
conduta inconveniente.
Na realidade, a maioria dos filhos são plenamente conscientes de que estão fazendo
algo inadequado. Dizer-lhes somente o que estão fazendo mal constitui uma mensagem
incompleta, porque não transmite de forma clara e definida o que você realmente quer que
façam e quando devem fazê-lo.
O pedido materno para que a criança ordene seu quarto seguido apenas por queixas
porque não lhe dá importância, dilui a instrução e lhe tira força, deixando margem para que o
filho a ignore.
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O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO
“Por que se comporta mal comigo?” ou “Por que não liga para o que eu falo?”.
O pedido paterno não funciona porque raramente o filho pode ou quer explicar-lhe o
motivo de seu comportamento impróprio, ou a razão pela qual não dá importância.
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O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO
Apesar de que este princípio tem uma base razoável, na prática as coisas são mais
complicadas. As crianças pequenas geralmente não sabem ou não podem explicar por que
se estão portanto de determinada maneira. As respostas inseguras de seus pais em forma
de pergunta, certamente não os ajudarão a compreender ou perceber o motivo de seu erro.
Criança (ao sair de casa para a de um amigo vizinho, sem terminar os deveres do
colégio): “Até logo, mamãe”.
Mãe (exasperada): “Quantas vezes tenho que dizer-lhe que termine seus deveres?”.
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O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO
Criança (depois de quebrar uma janela com uma bolada): “Papai, o vidro quebrou”.
É claro que o pai não espera que seu filho lhe informe o preço do conserto da janela,
mas sua reação insegura através da pergunta não chega a transmitir-lhe a verdadeira
mensagem: que um descuido irresponsável em seu comportamento está causando um
prejuízo econômico à família.
As perguntas inseguras refletem o fato de que as crianças sabem como tirar os pais
do sério quando estes se mostram incapazes de atuar com firmeza.
Súplica
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O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO
Quando os pais suplicam, estão pedindo a seus filhos que lhes tenham compaixão.
Isto não costuma ser razão suficiente para que deixe de comportar-se de forma imprópria,
porque não compreendem a magnitude do cansaço de um adulto, que é diferente do deles.
Pior ainda, a súplica para que seja compreensivo e se apiede do adulto, lhe transmite uma
imagem paterna de fragilidade e fraqueza que induz à desobediência.
Ignorar a desobediência
Igualmente inseguro é dar ao filho uma ordem específica para que se comporte
corretamente e depois fazer-se de desentendido se não obedece. Quando um pai dá uma
ordem e o filho não a cumpre, é indispensável tomar medidas para que seja obedecida. O
contrário é como dizer-lhe: “tenho que dar-lhe esta ordem, mas se não me dá importância,
não se preocupe porque não lhe acontecerá nada”.
Por exemplo:
Mãe (vários minutos depois): “Cecília, te disse que deixasse essa revista e fosse
secar o banheiro!”.
Passa mais tempo e Cecília no sofá lendo. A mãe a vê da cozinha, mas, vencida,
continua com seu trabalho como se não tivesse percebido que Cecília não a obedeceu.
Quando você tenta disciplinar seus filhos e depois faz a vista grossa, está lhes
ensinando a não o escutar nem lhe dar importância. Se der ordem, assegure-se de que seja
cumprida. Do contrário, enfraquece sua autoridade e reduz a utilidade de sua função
educativa.
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O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO
Dar uma ordem sem verificar que seja cumprida, é como dizer
à criança; “tenho que dar-lhe essa ordem..., mas se não obedecer,
não se preocupe porque não lhe acontecerá nada”.
Proceder assim é minar a educação em suas bases.
Por exemplo:
Uma senhora visita a uma amiga cujo filho de doze anos ligou o aparelho de som em
seu quarto com um volume ensurdecedor.
Mãe: “O que posso fazer? Pedi a Augusto até me cansar que ouça a música num
volume baixo e nunca me dá importância. É como se falasse com a parede e ele me venceu
pelo cansaço”.
Os exemplos dados, que constituem apenas algumas das muitas situações similares
que se apresentam na relação quotidiana entre pais e filhos, mostram respostas paternas
inseguras que vão desde frases indiretas e pouco claras até passar por alto o
comportamento inconveniente. Estas atitudes dos pais refletem ignorância de como
expressar uma ordem precisa, debilidade em assegurar seu cumprimento e, finalmente, dar-
se por vencidos. As três linhas mencionadas de atitude paterna prejudicam aos filhos.
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O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO
É uma forma improdutiva e até perigosa de atuar porque não consegue que um filho
entenda as razões pelas quais deve portar-se bem em seu próprio benefício e ignora, além
disso, as necessidades e sentimentos das crianças. A resposta hostil ou agressiva afasta ao
filho porque o faz sentir-se recusado por seu pai.
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O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO
Quanto mais gritar com seu filho, mais transmitirá sua perda de
controle e debilidade, fazendo com que sua mensagem careça de
autoridade. As crianças, com uma capacidade intuitiva
extraordinária, captam o descontrole; isto os convida
a colocar-se em uma luta de poderes que obstaculiza
o normal processo educativo.
Seguem alguns exemplos de respostas hostis em que os pais costumam cair com
frequência.
Formas de inferiorizá-los:
“Você é um desastre”.
Estas ameaças muitas vezes acontecem depois de frases paternas como: “se
continuar comportando-se mal vou...” ou “se brigar novamente com seu irmão vou...”. Estas
frases implicam ignorar a falta original, atitude incorreta agravada pela ameaça pouco
realista de uma forma indefinida e imprecisa de castigo.
As ameaças podem assumir formas diversas, mas observamos que a maioria das
crianças aprendem a uma idade precoce que frases como: “se voltar a fazer isso, vou...” não
costumam ser levadas a sério pelos pais que as formulam, os quais, na realidade, terminam
por não cumprir o castigo prometido. As crianças aprendem a não dar importância a
mensagens deste tipo e continuam portando-se como acham melhor.
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O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO
Castigos excessivos
Muitas vezes, os pais se excedem ao castigar seus filhos. Quando se dão conta de
que o castigo é excessivamente severo, muitas vezes têm que voltar atrás, o que também
dá a criança uma mensagem de fraqueza e inconsistência paterna.
O castigo consiste sempre em tirar da criança algo que lhe doa perder ou impor-lhe
fazer algo que o contraria. O castigo pensado de antemão e com tranquilidade pelos pais e
proporcional à conduta imprópria que se busca corrigir, é geralmente útil. Mas muitas vezes
é um desabafo em um momento de raiva ou frustração, em vez de uma medida corretiva
bem planificada.
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O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO
Por exemplo:
João, de doze anos, tinha ordem de voltar para sua casa às 8 da noite, mas chegou
da casa de seu amigo às 11, quando seus pais já se preparavam para ir dormir. Seu pai,
enfurecido, gritou-lhe que era “um vagabundo inútil” e que, exceto para ir ao colégio, não
sairia de casa durante um mês.
Na mesma semana, a mãe suspendeu o castigo e comentou com uma amiga: “Não o
agüentava mais dentro de casa, todo o tempo incomodando e dizendo que estava
aborrecido e eu não sabia o que fazer! Seu pai também não suportava mais”.
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O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO
Castigos físicos
Costuma ocorrer que um pai que foi incorreto, submisso e permissivo com seus filhos
exploda um dia e descarregue sua frustração com qualquer uma das muitas formas de
agressão física. O que tem um efeito ainda pior, já que desconcerta ao filho pela oscilação
de sua atitude entre extremos igualmente inconvenientes.
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O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO
É importante esclarecer que uma surra bem dada, que foi pré-avisada como eventual
castigo a uma falta de comportamento e que não responde à explosão descontrolada de um
pai mas a um calculado esforço corretivo, costuma ser altamente eficaz.
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
Explicaremos agora a forma efetiva de comunicar-se com seus filhos através da EP.
Este sistema, que também desenvolveram muitos outros profissionais e que se utiliza em
diferentes países, é a aplicação constante e coerente de uma mistura de sentido comum,
carinho, calma e firmeza para conseguir que os filhos percebam e entendam sua mensagem
e estejam mais dispostos a dar-lhe importância.
Muitas das indicações que encontrará nas páginas seguintes incluem, com certeza,
atitudes paternas que você já utilizou de forma natural, ainda que provavelmente as aplique
sem a ordem sistematizada que as tornam mais produtivas.
Para que a EP tenha êxito é necessário aplicar suas técnicas de forma permanente,
sem interrupções, claudicações ou debilidade. Se a primeira etapa do sistema, ou seja, a
comunicação assertiva, basta para melhorar aceitavelmente a conduta das crianças, não é
necessário recorrer às outras etapas mais severas.
Para comunicar-se de uma maneira efetiva com seus filhos neste primeiro passo da
EP, isto é, fazer-lhes entender o que você quer deles para que o cumpram, necessitará
aplicar quatro técnicas chave para assegurar-se que a mensagem seja clara e penetre.
A experiência de muitos profissionais ao longo dos anos mostrou que quando os pais
estão dispostos que seus filhos com má conduta se comportem como é desejável, se
dirigem a eles com frases assertivas diretas. Esta atitude é útil e correta e se reflete em
mensagens claras dos pais como, por exemplo:
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
Tais mensagens diretas e assertivas não deixam dúvida na mente de seus filhos
sobre o que você quer exatamente que façam e quando.
Quando falar com seus filhos seja concreto. Evite frases vagas e imprecisas como
“seja bonzinho” ou “comporte-se como uma criança de sua idade”, que reflitam apenas a
expressão de um desejo, mas não transmitem a instrução precisa de uma mensagem clara,
calma e firme.
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
Pai (com calma e firmeza diz ao filho que lhe argumenta que tem vontade de
continuar brincando): “Entendo-lhe que queira continuar brincando, mas já é hora de comer
e quero que guarde esses brinquedos em seu lugar IMEDIATAMENTE”.
Mãe (da sala para sua filha, que está em seu quarto falando ao telefone): “Andréia, já
terminou os deveres?”.
Andréa (de seu quarto): “Não, mamãe, estou falando no telefone com Paula”.
Mãe (caminha até o quarto de sua filha, se senta a seu lado na cama e lhe diz de
maneira calma e firme): “Andréa, quero que desligue JÁ e termine seus deveres AGORA
MESMO”.
Faltam quinze minutos para servir o jantar. A mãe entra no quarto de seu filho de sete
anos, onde há brinquedos esparramados pelo chão.
Mãe: Pedro, o jantar está quase pronto. Arrume seu quarto A SEGUIR E EM DEZ
MINUTOS venha sentar-se à mesa”.
Se quando você ordena a seu filho que arrume seu quarto, “AGORA MESMO!”, o faz
gritando e com raiva, lhe mostrará um descontrole autoritário que torna negativo o resultado
de sua mensagem.
Para que sua instrução tenha o necessário bom efeito, é tão importante o que diz a
seu filho como a forma que diz.
Para conseguir esse melhor resultado e que as palavras adequadas tenham maior
força de comunicação observe os pontos seguintes:
Olhar às crianças nos olhos, enquanto falamos com elas, aumenta a eficácia de
qualquer mensagem, ao refletir, o olhar, o carinho e a firmeza que há por trás do que um pai
está lhes dizendo.
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
Uma atriz filmava em uma ocasião um curto publicitário. O câmera lhe dizia que a
postura, os movimentos, as palavras e o sorriso estavam bem, mas que os olhos não
acompanhavam. Apesar de repetirem as filmagens várias vezes, não se pode melhorar a
produção. O motivo era que a atriz havia se separado de seu marido no dia anterior e,
apesar de que todos os elementos externos de sua atuação eram impecáveis, não
conseguia transmitir a mensagem com seus olhos, que apenas refletiam o impacto de seu
problema familiar.
Utilize gestos não intimidatórios, por exemplo, com suas mãos, para dar
maior ênfase e força a suas palavras.
Estes gestos geralmente comunicam à criança que você está falando a sério. Mas
tenha sempre presente a enorme diferença que existe entre o gesto útil que enfatiza e o
gesto contraproducente que intimida.
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
Pegar a criança pelo braço com violência para sacudi-lo ou beliscá-lo ou, inclusive,
colocar seu dedo indicador estendido frente a sua cara enquanto lhe dá uma instrução,
debilita a mensagem que você quer transmitir e que quer que seja entendida por seu filho.
Se este o obedece por submissão atemorizada, sua mensagem fracassou.
A criança deve obedecê-lo porque entende que assim deve fazê-lo, não porque está
assustada ou simplesmente para safar-se de uma situação de isolada repreensão paterna.
Se a reação da criança é pensar “melhor fazer o que me dizem até que passe o tormento”, a
mensagem paterna foi mal expressada. A forma paterna de expressar a mensagem é induzi-
lo à conclusão de que “papai evidentemente fala sério, e deve ter razões para isto e, ainda
que não me agrade, melhor fazer o que me manda”.
Por exemplo, se você coloca sua mão sobre o ombro da criança enquanto lhe fala,
olhando-a nos olhos, fortalecerá sua mensagem porque estará transmitindo sua firme
sinceridade em ajudá-lo e não de agredi-lo ou descarregar a própria frustração paterna.
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
Estas técnicas são conhecidas por “disco riscado”, “nevoeiro”, “interrogação negativa”,
“extinção” e “tempo afastado”.
De modo frequente ocorre que quando você quer dizer simplesmente a seu filho o
que deve fazer, o resultado é uma discussão.
Por exemplo:
Mãe: “Ricardo, por favor, pode recolher seus brinquedos? Estão jogados por todo o
quarto”.
Ricardo: “Por que sempre eu tenho que juntá-los? Alberto nunca os junta”.
Neste caso, a mãe terminou perguntando-se se era justa ou não e dando-se por
vencida em vez de estabelecer com firmeza o que queria, isto é, que Ricardo recolhesse os
brinquedos.
Nunca uma criança poderá vencer-lhe em uma discussão. Para ajudá-la a evitar que
seus filhos a levem a discussões inúteis e, pelo contrário, manter-se em seu objetivo,
encontramos um meio útil que chamamos “técnica do disco riscado”.
O nome reflete o fato de que quando você usa essa técnica, soa como um disco
riscado que continua repetindo sempre o mesmo, uma e outra vez, até que consegue a
penetração e aceitação de sua mensagem.
Quando aprender a falar como um disco riscado será capaz tanto de expressar o que
quer como de conseguir que a mensagem penetre. Ao mesmo tempo, aprenderá a ignorar
os esforços de seu filho para desviá-lo do tema e envolvê-lo em uma discussão que você
não poderá ganhar.
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
Mãe: “Ricardo, por favor, pode recolher seus brinquedos? (argumento do que você
quer). Estão jogados por todo o quarto”.
Ricardo: “Por que eu sempre tenho que juntá-los? Alberto nunca os junta”.
Mãe (com voz tranqüila): “Esse não é o tema. Eu quero que você recolha os
brinquedos”. (repetição, disco riscado).
“O disco riscado”
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
- Determinar claramente o que quer que seu filho faça. Por exemplo: “Eu quero que
recolha os brinquedos”.
- Continue repetindo o que você quer quando seu filho argumenta. Não responda a
nenhum de seus argumentos.
- Se depois de usar o “disco riscado” numa medida razoável seu filho ainda não faz o
que você quer, deve estar disposto a apoiar suas palavras com ações.
O exemplo que segue mostra como aplicar esses parâmetros e integrar os gestos à
técnica do “disco riscado”:
Pai (olhando-o nos olhos e com uma mão sobre seu ombro): “Raul, pare de
incomodar seu irmão” (estabeleceu especificamente o que quer).
Pai (com firmeza): “Esse não é o ponto. Você vai deixar de incomodar seu irmão
(disco riscado).
Pai (calmamente): “Raul, você vai deixar de incomodar seu irmão (disco riscado). Se
não deixar de incomodá-lo, ficará de castigo até a hora de deitar-se”.
Pai (calmamente): “Raul, se voltar a incomodar seu irmão estará de castigo até a hora
de deitar-se” (disco riscado).
TÉCNICA DO “NEVOEIRO”
Busca conseguir que os filhos não os tirem do sério, fazendo-se de surdos a suas
atitudes e argumentos provocativos, cuja finalidade é fazer com que os pais percam o
domínio de si próprios e da situação. Usemos seu nome metaforicamente pelo fato de isolar-
se das intenções manipulativas da criança, como acontece quando uma pessoa ou um barco
penetra em um “nevoeiro” e fica isolado do que o rodeia.
Por exemplo:
Mãe: (calmamente): “Pode ser que para você pareça que sou malvada” (nevoeiro).
Mãe: “Pode ser que você acredite que sempre zombo de você” (nevoeiro).
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
Essa técnica, combinada com a do “disco riscado”, favorece, por um lado, não reagir
à crítica do filho e a evitar ser desviado do objetivo. Por outro, conseguir que responda à
ordem.
Por exemplo:
Mãe (com calma): “Pode ser que você acredite que sou má (nevoeiro), mas recolha
seus brinquedos (disco riscado).
Mãe (com calma): “Pode ser que você acredite que eu fico lhe peseguindo (nevoeiro),
mas recolha seus brinquedos” (disco riscado).
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
Por exemplo:
É o aniversário de Maria. Sua mãe está lhe organizando a festa, entretanto, Maria
mostra uma atitude de crítica negativa.
Maria: “É que meus colegas vão rir” (se chega ao ponto que verdadeiramente afeta à
criança).
Maria: “Sempre zombam de mim e brigam comigo, não querem brincar comigo”.
Maria: “Sim”.
Mãe: “E não acha que parece que o fazem para irritá-la e divertir-se um pouco a suas
custas?”.
Mãe: “Muito bem, Maria, essa é precisamente a forma que evitará que riam de você”.
Lembre-se que quando seus filhos lhe fazem críticas agressivas estão buscando tirá-
la do sério. Dê respostas que neutralizem a agressão e esta irá desaparecendo,
especialmente se conseguiu levar a criança à verdadeira razão de sua hostilidade e
apresentar-lhe uma solução.
50
COMUNICAÇÃO EFETIVA
TÉCNICA DE EXTINÇÃO
É útil para suprimir ou extinguir uma determinada conduta indesejada em seu filho. A
manutenção dessa conduta dependerá em grande parte dos resultados que gera. Quando
estes aumentam, também aumenta a probabilidade de que a conduta indesejada volte a
produzir-se. O que reforça essa conduta são as consequências, que são conhecidas como
“reforçadores”.
Uma criança pode estar mantendo uma conduta inapropriada porque a reforçamos
positiva ou negativamente.
Técnica da extinção
Há um princípio psicológico que estabelece que todo estímulo
que não é respondido, se extingue. Quando não se responde
ante uma reclamação inadequada dos filhos, haverá inicialmente
um explosão de choro para captar a atenção e forjar uma
resposta favorável. Logo, esta irá se extinguindo pouco a
pouco. É imprescindível ter fortaleza para não ceder.
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
Por exemplo:
No segundo caso, há que buscar um método que realmente ajude a criança a perder
seu medo à escuridão, como deixar aceso um abajur de luz fraca durante algum tempo e ir
observando sua reação gradual até perceber que perdeu o medo.
Por exemplo, uma criança pequena atira pedacinhos de pão durante a refeição
familiar e seus irmãos riem dele. A mãe ordena à criança que deixe de fazê-lo, mas o
pequeno, incentivado pelas risadas de seus irmãos que comemoram seu proceder
impróprio, continua lançando pedacinhos de pão a torto e a direito.
O mais eficaz será tirá-lo da mesa e levá-lo a comer sozinho, em seu quarto. Dessa
maneira deixará de ser o centro de atenção. Ao separá-lo do ambiente ou das circunstâncias
que incentivavam seu comportamento inadequado, este tende a desaparecer.
Se bem que a aplicação desta técnica não é sempre simples. Há que mostrar-se firme
e não deixar-se levar a discussões ou a seguir seus pseudo-raciocínios, demonstrando-lhe,
desta maneira, que quem dita as regras do jogo é você. Conseguirá marcar os limites e
manter uma ordem respeitosa no lar.
As cinco técnicas propostas podem não ser as únicas, mas freqüentemente são as
mais úteis à hora de aplicar a autoridade.
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
As técnicas descritas para o manejo adequado das discussões podem ser ensinadas
às crianças para que elas as utilizem na interação com seus irmãos, colegas de jogos e
outras pessoas.
Exemplo:
Pai: “A semana passada você chegou tarde quatro vezes para o jantar”.
Pai: “Estou seguro de que tem essa sensação porque senão haveria vindo jantar a
tempo. Mas não me importa de quem seja a culpa. A única coisa que quero é que esteja
aqui à hora de jantar”(nevoeiro e disco riscado).
Pai: “Você me disse isso a última vez que falamos. Não acredito quando o diz dessa
maneira, como se estivesse tratando de encerrar o assunto e nada mais”.
Pai: “Vamos esclarecer as coisas. Explique-me por que tem a sensação de não poder
chegar em casa à hora de jantar” (compromisso viável).
Filho: “O que acontece é que me dá vergonha de voltar para casa antes que os outros
amigos”.
Pai: “O que lhe envergonha de voltar para casa antes que os outros?” (interrogação
negativa).
Filho: “Que me chame para voltar cedo para casa me faz sentir criança”.
Pai: “Que há no fato de que lhe chame, mais que lhe faça sentir criança?”
(interrogação negativa).
Filho: “Para os outros, seus pais não os fazem voltar para casa às oito e meia”.
Pai: “Jantarão mais tarde que nós, ou seus pais não se importam se seus filhos
jantam ou não. Que acha que pode ser?”.
Pai: “Bom, amanhã, se você for o último a voltar para casa, observe o que dizem os
outros quando se vão” (compromisso viável).
Pai: “Quero saber a que hora vão jantar os outros” (compromisso viável).
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
Pai: “E não crê que quando sentem fome preferirão ir para casa jantar?”.
Pai: “Crê que ficarão ali somente porque você também fica?”.
Pai: “Não. Creio que lhe perguntarão se você está com fome e por que não vai para
casa jantar”.
Filho: “Verdade?”.
Filho: “Claro”.
Pai: “E Acha que sentir fome é uma razão para ter vergonha?”.
Filho: “Não”.
Pai: “Então, que acha de lhes dizer que tem fome e vai para casa comer, em vez de
esperar que eu lhe chame? Assim continuarão achando-o muito criança?” (compromisso
viável).
Filho: “Não”.
Pai: “Acredita que amanhã a noite terá que ser outra vez o último em chegar a sua
casa?”.
Filho: “Não”.
A medida do equilíbrio com que você deve tratar a seu filho é impor as medidas
corretivas ou disciplinarias que sejam necessárias e a seguir, quando ele corrige e melhora
sua conduta, fazer-lhe perceber sua satisfação pelo resultado. (Não deve descuidar-se o
elogio às boas condutas espontâneas).
Para encontrar este equilíbrio lhe sugerimos formular-se a si próprio esse tipo de
perguntas:
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
- Como ajo quando agora vem do colégio com boas notas, depois de um período em
que o habitual era que chegasse com qualificações baixas?
- Como ajo quando vejo às crianças brincando de forma tranqüila e sem brigar,
quando antes o comum era que seus jogos terminassem com gritos ou socos?
Elogio o que espontaneamente fazem bem ou me calo porque devo dar por
compreendida sua boa conduta?
Respostas paternas usuais como: “Quem bom!” ou “Que lindo!” são assertivas, mas
às vezes são ditas como de passagem, com pouco ênfase e escassa penetração, o qual as
torna insuficientes. Quando seus filhos se comportam de modo adequado, você tem que
estar atento para reforçá-los mediante o reconhecimento.
O elogio
Os pais assertivos estão sempre atentos ao enorme impacto que podem ter seus
elogios. Os utilizam não apenas para ajudar a fortalecer a auto-estima das crianças mas
também para ensinar-lhes condutas apropriadas.
O elogio não deve ser impensado, mas medido, de acordo com o nível que se queira
dar a esse reforçador. Não elogie excessivamente um êxito pequeno, mas tampouco seja
modesto quando a criança deu um passo importante em melhorar sua conduta.
Se um filho melhorou um pouco suas notas no colégio, entretanto ainda não chegou
ao nível requerido, não lhe diga: “Que maravilhoso, estão muito bem!” mas: “Melhorou
bastante, mas ainda lhe falta um pouco. Um pouco mais de esforço e já conseguirá passar
de ano”.
O elogio ou esforço é o reforçador positivo mais útil com que contamos. Esta utilidade
se registra quando você lhe diz a um filho (sempre que as mereça) coisas como:
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
Quando elogiar a seus filhos, lhe convém ter em conta os seguintes parâmetros:
- Diga-lhes especificamente o que é que estão fazendo ou que fizeram que lhe
agrada.
- Quando elogiar a seus filhos evite o sarcasmo e toda outra forma de comentário
negativo. A forma mais rápida de desentusiasmá-los é diluir os comentários positivos com
outros como:
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
O elogio é umas das ferramentas mais importantes que você pode usar para fazer
saber a seus filhos que você está feliz com eles e que reconhece seu comportamento
adequado.
Mãe: “Me ajudou muito em casa hoje. Vamos contar ao papai quando chegar do
trabalho, ficará muito contente”.
Pai (a Maria): “Me alegra muito o que me conta mamãe. É realmente uma filha muito
especial”.
Junto com os elogios verbais vão as ações não verbais: uma carícia, um abraço,
podem significar tanto ou mais que o: “Que bom!”.
Por exemplo:
Pai (olhando ao filho nos olhos): “Pedro, não é hora de olhar televisão. Quero que se
apronte para o colégio agora mesmo!” (mensagem assertiva).
Pai (calmamente): “Entendo-lhe, mas quero que esteja pronto para o colégio agora
mesmo” (disco riscado).
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COMUNICAÇÃO EFETIVA
Pai (serenamente): “Quero que esteja pronto para o colégio agora mesmo” (disco
riscado).
Quando seus filhos fazem o que você se propôs, reconheça que estão atuando de
forma conveniente e elogie-os: “Cumprimento-lhe pelo seu bom comportamento hoje” ou,
“quanto me alegra que tenha chegado pontual à hora de jantar!”.
Pai: “Parabéns pelo ditado. Temos que mostrar para mamãe”. (Dirigindo-se à mãe):
“Olhe que bem feito o ditado que José fez”.
Mãe (ao filho): “Estou orgulhosa, eu sei como é difícil não errar nenhuma palavra em
um ditado”.
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
- Estejam seguros de que o que exigem a seus filhos é o melhor para eles. Antes de
tomar medidas de caráter disciplinário com as crianças, assegure-se que sua mensagem
original, que foi desobedecida, era correta. Por exemplo, se você ordenou a seu filho que
fizesse “os deveres de imediato”, deve estar seguro de que era impostergável ou
conveniente que os realizasse nesse momento. Se realmente não era necessário exigir-lhe
que os fizesse logo e podia realizá-los igualmente meia hora depois, permitindo-lhe, por
exemplo, que terminasse de ver um programa de televisão, não agrave seu erro castigando-
o por não haver obedecido uma ordem que inicialmente não esteve bem fundamentada.
- Se você antecipa que sua ordem verbal inicial, mediante a comunicação assertiva,
pode chegar a ser ignorada por seu filho, programe com antecedência as medidas que
tomará nesse caso para respaldar com atos suas palavras que foram ignoradas. As medidas
que você impor à criança terão sobre ela consequências positivas se lhe fazem
compreender seu erro, ou negativas se sua mensagem não penetra e continua sem
entender a razão das ações paternas.
POR ESTE MOTIVO, NÃO IMPROVISE. SE ANTEVÊ QUE SUA INSTRUÇÃO ORAL
ASSERTIVA PODE CHEGAR A SER DESOBEDECIDA, PROGRAME
ANTECIPADAMENTE COMO A RESPALDARÁ COM ATOS, ESTABELECENDO AS
MEDIDAS CORRETIVAS QUE APLICARÁ E QUE DEVEM SER PROPORCIONAIS À
FALTA PARA QUE TENHAM MAIORES POSSIBILIDADES DE UTILIDADE EFETIVA
PARA A CRIANÇA.
Para cumprir este objetivo há três táticas que se deve ter em conta, complementárias
entre si, para assegurar os melhores resultados:
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
Quando você completou a comunicação assertiva sobre o que quer que façam, tem
que preparar-se para o passo seguinte no caso de que não obedeçam suas instruções e
decidir o que fará se não o escutam e não lhe dão importância.
Determine com antecedência como vai respaldar suas palavras com ações para
assegurar-se que seus filhos sigam o comportamento adequado.
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
Por exemplo:
A chave é adiantar-se, sem esperar que seus filhos ignorem sua mensagem e
reiterem sua conduta improcedente, para decidir então como vai atuar.
Se educar é dirigir, dirige melhor quem vai adiante, não atrás, dos acontecimentos.
Quanto mais preparados estejam de antemão os pais, para respaldar suas palavras
com atos, mais ajudarão seus filhos a que terminem com suas condutas inadequadas.
As medidas disciplinarias devem consistir em algo que não lhes agrade, mas que não
os prejudique nem física nem psicologicamente.
Isolamento
É importante assegurar-se que o castigo seja algo que lhe desagrade. Se você
percebe que seu filho não se importa de ficar dentro de seu quarto, mude o castigo por outra
que lhe importe: não ver televisão, não usar o telefone, retirar-lhe um brinquedo.
Retirada de privilégios
Assegure-se de que cumpram com o que você deseja antes que eles sejam
autorizados a fazer o que querem.
Por exemplo:
“Não poderá sair para brincar com seus amigos enquanto não tiver ordenado todo seu
quarto”.
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
Retirada de privilégios
Significa a retirada temporária de atividades prazeirosas
habituais que podiam realizar até então. É uma forma
prática de que aprendam a ser responsáveis por seus atos,
ao mesmo tempo que captam a bondade ou maldade dos mesmos.
Colocar de castigo
Ação física
Significa dirigir fisicamente seus pequenos para que façam o que você considera mais
conveniente. Como pegá-lo pelo braço – suavemente, mas com firmeza – e conduzi-lo ao
lugar onde deixou jogado um brinquedo para que o recolha.
A ação física deve ser firme, mas suave, evitando cair no ato agressivo do golpe, da
zombaria ou qualquer forma de violência.
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
Habitualmente, sua filha de doze anos coloca Tirar-lhe o aparelho de som do quarto
música com volume excessivo no aparelho durante três dias.
de som de seu quarto.
Sua filha de nove anos quebra de propósito Pegar dinheiro de suas economias para
um brinquedo de seu irmão. trocar a peça. Retirar-lhe seu próprio
brinquedo semelhante e dar ao irmão.
Por exemplo:
Pai: “Alberto, não posso permitir que incomode seu irmão na mesa. Se voltar a fazê-lo
outra vez, irá para seu quarto. A escolha é sua”.
Alberto: “Está bem” (mas começa gradualmente a incomodar de novo seu irmão).
Pai: “Alberto, você voltou a incomodar a seu irmão, isto significa que escolheu ir par
seu quarto sem a sobremesa”.
Quando você faz com que seus filhos escolham um conduta disciplinada ou não, está
obrigando-os assertivamente a assumir a responsabilidade de sua própria decisão. No
exemplo precedente, a criança escolhe continuar incomodando seu irmão após a
advertência da ação disciplinária. Portanto, é a criança quem escolheu a opção de ir para
seu quarto.
A medida disciplinária deve ser executada o mais breve possível, pois se demora dilui
seu efeito corretivo. Quando seus filhos não o escutam, deve comunicar-lhes imediatamente
a conduta disciplinária e fazer com que se cumpra.
Por exemplo:
Mãe: “Pedro, não é hora de jogar futebol, é hora de arrumar seus brinquedos”.
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
Mãe: “Pedro, já sabe a regra: não há futebol se antes não arrumar seus brinquedos”.
Sob à conveniência de que a ação disciplinária seja cumprida o mais breve possível,
há casos em que é preferível adiá-la para poder aplicá-la sobre algo que seu filho planeja
fazer mais tarde, ou no dia seguinte.
Por exemplo:
Maria (volta a chegar tarde sem ter avisado a seus pais): “Olá, papai”.
Pai (se senta com a filha): “Maria, disse-lhe que não me agrada que saia sem avisar-
nos aonde vai. Disse-lhe que se tornasse a fazer, você estaria escolhendo ficar de castigo”.
Pai: “Nada de poréns. Sua mãe e eu temos que saber aonde vai. Lamento que não
tenha me escutado. Você escolheu ficar de castigo, portanto amanhã não irá à festa de
aniversário de sua amiga.”
Utilize a medida disciplinária cada vez que seu filho escolher comportar-se
inadequadamente.
Nenhuma medida funcionará a menos que seus filhos saibam com clareza e certeza
que ante cada conduta imprópria produzir-se-á sempre uma consequência.
Por exemplo:
Pai (ao filho que incomoda continuamente quando a família está conversando): “José,
está irritando todos nós. Como já avisei, com sua má conduta você mesmo escolheu ficar
em seu quarto até que se acalme”.
A criança vai a seu quarto, regressa após alguns minutos e continua incomodando.
Pai: “José, não posso permitir que incomode desta forma enquanto estamos falando.
Cada vez que não puder controlar-se, estará escolhendo ir para o seu quarto. Por favor, vá e
fique em seu quarto quinze minutos”.
Por essa tendência interior desintegradora e anti-social que temos todos, as crianças
passam por etapas de más condutas como: a mentira, o insulto, a falta de respeito, etc.
Estas podem estar dirigidas com especial agressividade contra os pais, por serem eles seus
principais educadores.
Por exemplo:
Pai (de maneira calma e firme): “Disse-lhe que não posso permitir que fale assim
comigo. Escolheu ficar em seu quarto até que resolva falar-me de boa maneira. Vá para seu
quarto agora mesmo!”.
Se a medida não funciona, mude-a por outra, mas nunca deixe sem efeito a ação
disciplinária. Se o faz, seu filho nunca acreditará que você fala a sério.
Algumas das medidas que recomendamos nem sempre são eficazes com todas as
crianças, por mais coerentemente que sejam aplicadas.
Se você usou uma medida disciplinária de maneira adequada, mas percebe que o
comportamento de seu filho não melhora, experimente outra.
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
Por exemplo:
Pai: “Manuel, quero que brinque sem fazer barulho, porque não nos deixa ouvir
música”.
Manuel: “Está bem, papai” (depois de alguns minutos começa a disparar sua
barulhenta metralhadora de plástico).
Pai: “Manuel, essa pistola faz muito barulho. Por favor dê-me isso”.
Manuel: “Está bem papai, toma a pistola” (começa a brincar com um instrumento
musical que novamente distrai toda a família).
Pai: “Manuel, esse instrumento faz muito barulho. Disse-lhe que queremos escutar
música e que tem que brincar em silêncio. Dê-me isso agora mesmo”.
Será então necessário para os pais recorrer a uma medida disciplinária diferente
como, por exemplo:
Pai: “Manuel, pode escolher: ou brinca em silêncio se quiser ficar aqui conosco ou vá
brincar em seu quarto”.
Perdoar e esquecer
Uma vez que seu filho recebeu a medida disciplinária que ele mesmo escolheu, o
assunto fica encerrado.
Por exemplo:
Pai (entrando no quarto de seu filho): “Já passou a meia hora e acabou-se o castigo.
Não me agrada trancar-lhe em seu quarto, mas tenho a obrigação de ajudar-lhe a aprender
como deve comportar-se”.
Pai: “Entendo-lhe, mas estou seguro que vai aprender. Não se esqueça que eu
sempre vou estar aqui para ajudá-lo”.
Quando estiver educando seus filhos com medidas disciplinárias por sua conduta
inapropriada, seja prudente e vigilante, porque de modo frequente o colocarão a prova para
ver se realmente fala a sério.
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
Muitas vezes, põem a prova a decisão disciplinária dos pais chorando, sendo
desafiantes ou tateando até onde podem chegar.
Filha (irritada): “Nem pense que vou lavar louça essa noite”.
Mãe: “Cecília, disse-lhe que se não me ajudasse, ficaria em seu quarto por meia hora,
portanto vá já e fique lá”.
A mãe leva a sua filha ao quarto, de onde a menina sai cinco minutos mais tarde.
Mãe (tensa): “Como não? Disse-lhe que ficasse em seu quarto. Estou farta de suas
encenações!”.
Mãe (em gesto de derrota): “Deixe-me sozinha, não aguento mais. Nunca liga para o
que eu digo”.
Os pais que cedem quando são postos a prova por seus filhos, estão ensinando-lhes
a seguinte lição inassertiva:
Para manter-se firme quando o põem a prova e cumprir melhor sua função de ajuda
educativa, você necessita responder assertivamente.
Nos dois exemplos anteriores, os pais foram postos a prova por seus filhos e
fracassaram nessa prova. Para que o manejo paterno de ambas situações fosse assertivo, e
conseqüentemente útil em sua formação, o desenvolvimento de cada caso deveria ter sido o
seguinte:
Pai (observando como seu filho, que levou ao parque, bate pela segunda vez em
outra criança): “Rafael, disse-lhe que se voltasse a bater-lhe iria para casa, portanto, venha
já!”.
Filho (começa a chorar de imediato): “Papai, perdoe-me, não voltarei a fazer, mas
deixe-me ficar”.
Pai (calmamente): “Rafael, entendo que queira ficar, mas voltou a brigar, portanto irá
para casa” (disco riscado).
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
Pai (pega-o firmemente por um braço e começa a levá-lo): “Rafael, entendo que lhe
afete, mas voltou a fazer o que não devia, portanto irá para casa” (disco riscado).
Pai: (suspende fortemente ao filho): “Rafael, vamos para casa, ainda que eu tenha
que arrastá-lo!”.
71
RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
No outro caso:
Filha (irritada): “Nem pense que vou lavar a louça esta noite!”.
Mãe (calmamente): “Cecília, disse-lhe que se não me ajudasse, iria para o seu quarto
por meia hora, portanto vá já e fique lá”.
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
A mãe leva a sua filha ao quarto, de onde a menina sai cinco minutos depois.
Mãe (levando-a com firmeza novamente a seu quarto): “Se voltar a sair ficará uma
hora, o dobro do tempo”.
Filha (irritada, volta a sair de seu quarto quase em seguida): “Não vou ficar!”.
Mãe (olhando-a nos olhos e marcando bem cada palavra): “Cecília, vai ficar em seu
quarto uma hora. Se voltar a sair antes de uma hora, ficará duas horas. Sou eu quem
manda, não você”.
Quando seus filhos o põem a prova, faça-os saber que você está resolvido a manter-
se firme. “Vá para seu quarto”, “não se mova daí” ou “não me importa quando chore” são
formas assertivas de dar uma ordem.
“Existe outro tipo de prova com a qual as crianças tentarão manipulá-lo quando você
marca limites. Diferente dos exemplos anteriores, esta prova difere em que tem menos carga
emocional, apesar de que é, em muitos sentidos, a mais difícil de ser manejada por parte
dos pais.
As crianças utilizam esta manipulação da seguinte maneira: você lhe diz como deve
comportar-se e qual será o castigo se não o fizer, ante o qual, em vez de irritar-se, chorar ou
argumentar, seu filho lhe responde: “Não me importo, para mim tanto faz...”
Uma resposta assim é difícil de manejar, já que você provavelmente está acostumado
a que a reação de seus filhos seja de medo, desconcerto ou protesto quando lhes impõe
uma penitência.
Mas não é assim. Os que utilizam o “não me importo...” estão manipulando, porque
perceberam que este tipo de resposta habitualmente deixa perplexos aos pais.
As crianças do “não me importo...” não requerem uma resposta tipo “disco riscado”
mas necessitam que você atue de acordo ao exemplo seguinte:
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
Mãe: “Beatriz, tem que fazer os deveres. Não pode falar pelo telefone nem ver
televisão até que os tenha terminado”.
Mãe: “A escolha é sua. Se não se importa, então hoje não haverá nem televisão nem
telefone”.
Mãe: “Mas você disse que não se importa. De todas maneiras a escolha é sua
escolha. Se quer ver o programa, primeiro termina os deveres”.
São poucas as crianças às quais realmente não lhes importe que os deixem sem
televisão, telefone, videogames ou seus brinquedos preferidos.
Se você está disposto a usar todos os meios apropriados e necessários para influir
positivamente em seus filhos a fim de que eliminem seu comportamento prejudicial, eles
perceberão sua determinação e começarão a preocupar-se pelas consequências que
enfrentarão se escolhem atuar inapropriadamente.
Por exemplo, uma mãe exasperada porque seu filho demora para entrar no carro
quando foi buscá-lo no clube e continuava falando com seus amigos, gritou-lhe: “Alberto, se
não se apressar e entrar de uma vez irá andando para casa”.
Quando lhe disse desafiantemente “tubo bem, não me importo...”, a mãe ficou sem
argumento porque não podia cumprir sua advertência de enviá-lo a pé para casa, era muito
longe. Isto é um claro exemplo do que não deve ser feito.
Não repita muitas vezes o mesmo castigo, pois cada vez surtirá menos efeito.
Quando um castigo se repete e continua sem produzir o efeito corretivo buscado, é
preferível impor outro mais severo.
O sentido comum ditará aos pais quantas vezes convém repetir o mesmo castigo ou
uma das técnicas corretivas aqui descritas. Desta maneira, os pais têm que se ajudar
bastante, atuando em equipe, intervindo um e a seguir o outro, evitando o desgaste e
controlando a eficácia das medidas. Este trabalho em equipe estimula aos pais para que
arrumem o tempo necessário para conversar entre eles sobre os temas educacionais que
estão utilizando.
É importantíssimo planejar o que fará quando seus filhos não o escutam e também
planificar como agirá quando lhe dão importância e reagem favoravelmente.
Mas com alguns, especialmente os menores, apenas o elogio pode não ser suficiente
para motivá-los a uma rápida e contínua melhora de seu comportamento.
Com estes é recomendável mudar o elogio por motivações mais tangíveis, como
privilégios ou prêmios especiais. Vejam os exemplos seguintes como referência:
- Privilégios especiais: “João, esteve tão bem brincando com tranqüilidade e sem
incomodar, que pode ficar acordado por mais uma hora”.
75
RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
- Prêmios especiais: “Rosana, ajudou-me tanto com a mesa e a cozinha, que convido-
lhe a tomar um sorvete”.
Muitos pais se negam a premiar seus filhos de outra forma que não seja com o elogio
por medo de que se habituem ao esquema de comportar-se bem apenas quando recebem
alguma recompensa palpável.
Por exemplo:
Este risco não existe se quando recorre aos prêmios você mantém presente que é
precisamente você quem exerce a autoridade e toma as decisões.
Se quer deixar que seus filhos escolham os prêmios que receberão pelos
comportamentos convenientes, estabeleça as coisas entre as quais podem escolher.
Como resposta que o motive a continuar com seu bom comportamento, o prêmio
deve ser algo que necessite ou deseje. Alguns se esforçarão muito por receber seu prêmio
que – além de objetos – pode ser: compartilhar atividades com você como ir ao futebol ou ao
cinema, ou assistir um vídeo ou ficar acordados até mais tarde.
Pode haver casos em que o prêmio seja concedido algum tempo depois como: “te
levarei ao futebol comigo no domingo”, mas o anúncio, ou seja, a concessão do prêmio,
deve ser feito logo em seguida do bom comportamento.
Privilégio especial
Filho (sem ter sido mandado, veste o pijama, arruma a roupa que tirou, lava as mãos
e escova os dentes): “Papai, já estou pronto para ir deitar”.
Pai: “Jorge, está muito bem que tenha feito tudo sem que tivesse que lembrá-lo. O
que acha de eu lhe contar uma história?”.
Para a maioria das crianças, o “tempo especial” dedicado a algo que lhes produza
prazer como: brincar ou que leiam uma história, é o melhor privilégio que se lhes pode
outorgar. Utilize este recurso como reforçador sempre que puder.
Prêmio especial
Mãe (depois de um jantar tranquilo, durante o qual seus filhos não discutiram): “Se
portaram tão bem que podem pedir sua sobremesa favorita esta noite”.
Muitos pais elogiam seus filhos de noite por sua boa conduta na manhã ou lhes
permitem uma saída extra porque se portaram bem durante a semana.
Os pais cometem muitas vezes o erro de oferecer prêmios a longo prazo. Não é
produtivo, por exemplo, oferecer a uma criança de sete anos um bicicleta nova para o
próximo verão ou prometer-lhe um brinquedo determinado para o Natal quando ainda faltam
vários meses.
Por exemplo:
- Os pais elogiaram sua filha de quatro anos cada vez que se vestiu sozinha
durante toda uma semana.
- Os pais elogiaram seu filho de oito anos cada vez que brincou amigavelmente
com sua irmãzinha menor e o premiaram cada dia durante oito dias permitindo-
lhe escolher sua sobremesa favorita.
- Os pais elogiaram seu filho de doze anos todas as noites durante duas
semanas por fazer os deveres bem e por iniciativa própria, premiando-o ao final
desse período com uma pequena soma de dinheiro para ir aos jogos do parque
de diversões.
Quanto mais positivo você for com seus filhos, menos terá que marcar os limites.
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
Neste capítulo dissemos que quando você fala assertivamente, não sendo suficiente,
deverá decidir rapidamente como respaldar suas palavras com atos. E quando seus filhos
começam a portar-se devidamente, esteja alerta para reforçá-los positivamente mediante
elogios, privilégios ou prêmios.
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
Por exemplo:
Pai (olhando à criança aos olhos): “Tomás, já lhe disse duas vezes que não permito
que seja grosseiro com seus amigos. Ou os trata bem, como se trata aos amigos, ou irão
para suas casas”.
Filho (incomodado): “Não quero que vão embora, eu não estou fazendo nada!”.
(A criança se distancia irritada e dez minutos depois começa a chamar seus amigos
com nomes debochantes).
Pai: “Tomás, está incomodando seus amigos. Escolheu que fossem para suas casas.
Estou seguro que amanhã brincará melhor com eles.
(No dia seguinte o pai observa Tomás brincando amigavelmente com as outras
crianças que vieram em sua casa).
Pai: “Tomás, é assim como devem brincar os amigos, sem deboches nem brigas. Que
tal se comprarmos um sorvete para cada um?”.
- São os pais que devem determinar limites equilibrados, mas firmes, quando se trata
de disciplinar aos filhos e quando corresponde elogiá-los ou premiá-los.
- Planeje sempre a forma em que respaldará suas palavras com atos em caso de ser
necessário. Quando disser a seus filhos o que você espera deles, pergunte-se em seguida:
O que farei se não me escutam nem me dão importância? Do contrário, sua reação à
desobediência corre o risco de ser tão imediata e irreflexiva quanto inconveniente.
- Seja consequente. Cada vez que a criança se comporta em forma inapropriada, leve
adiante a consequência programada por você, sem voltar atrás, sempre que esteja seguro
de que está fazendo o correto.
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
Quando ambos os pais trabalham, muitas vezes falta tempo para poder refletir sobre
as condutas dos filhos. Frequentemente o cansaço dos pais interfere negativamente.
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
É comum que as mãe reclamem uma atitude mais ativa por parte de seus maridos,
aos quais, por sua vez, chegam às vezes em casa fatigados por uma jornada complicada e
ansiando um tempo de descanso, ou com vontade de ver o noticiário da televisão sem que
os incomodem.
Nestes casos, é importante evitar o confronto entre os cônjuges, que prejudica sua
função de educadores. Se requer, ao contrário, compreensão carinhosa e paciente da
mulher, proporcionando a seu marido um momento de relaxamento e tranqüilidade para a
seguir animá-lo a colaborar no manejo dos problemas com os filhos.
Para tudo referente à educação das crianças, a mulher tem uma capacidade maior de
tolerância à pressão dos problemas e uma intuição superior porque está
temperamentalmente preparada para isso. Seu principal estímulo para ação é o afeto,
enquanto que, em geral, os homens tendem mais ao exercício do raciocínio.
Ao homem é mais difícil, por isso necessita de certo período preparatório desde que
chega em casa; porque sabe que os problemas dos filhos, que compartilhará com sua
mulher, exigem um enfoque radicalmente diferente do que utilizou durante o dia no centro
cirúrgico onde operava, ou no escritório, ou na fábrica.
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RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS
Estas situações não ocorrem sempre, mas a experiência nos mostrou que se
apresentam na maioria das famílias.
Outro obstáculo a superar é que freqüentemente os pais, que vêem pouco a seus
filhos, pensam erroneamente que, se durante o tempo que estão com eles se dedicam a
corrigi-los, as crianças terminarão perdendo-lhes o carinho. E não é assim. Eles necessitam
ser corrigidos em suas condutas inapropriadas e estimulados nos hábitos bons,
especialmente por aqueles que mais os querem e que são seus principais educadores.
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ESTABELECER AS REGRAS DO JOGO
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ESTABELECER AS REGRAS DO JOGO
Ao estabelecer junto com eles as regras de jogo para suas condutas, tanto dentro de
casa como fora dela, se lhes está estabelecendo o germe da responsabilidade própria,
intransferível, de seus atos. Se lhes transmite a idéia de que nosso atos são um
prolongamento do eu que todos temos dentro; que são “meus”, que são manifestação de
minha personalidade e que para tê-la devo ater-me às consequências de meus atos. Por
outra parte, ao estabelecer as regras de jogo e suas consequências, se lhes está ensinando
o exercício do livre-arbítrio e a descobrir a voz da consciência.
Exija a seu filho uma mudança de conduta e transmita-lhe a seguinte mensagem: “De
nenhuma maneira permitirei que brigue com seu irmão (especifique sempre a conduta que
quer melhorar para que a criança saiba com precisão o que se espera dela). Te amo muito
para tolerar que faça coisas indesejáveis e que prejudicarão a você e a toda família”.
- Para aumentar a probabilidade de que seu filho o escute, reúna-se com ele quando
ambos estão tranquilos. Não tente falar com a criança depois de uma grande briga ou
quando um de vocês esteja tenso.
- Se apenas um de seus filhos se comporta mal, não permita que um irmão intervenha
ou se intrometa na conversa.
- Estabeleça claramente que é escolha de seu filho o que acontecerá: “João, se não
faz de imediato os deveres, ficará em casa o resto do dia e sem ver televisão. Se isso não
funciona, ficará em seu quarto todo o dia”.
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ESTABELECER AS REGRAS DO JOGO
- Explique-lhe como fará o acompanhamento de suas instruções, ainda que você não
esteja presente: “Tua mãe ou eu telefonaremos todos os dias às duas para assegurar-nos
que chegou do colégio. Quando os dois voltarmos do trabalho, veremos todos os dias se já
fez os deveres. Se não está em casa quando ligamos ou se não fez os deveres, ficará sem
ver televisão o resto do dia”.
- Coloque seu plano escrito de EP onde todo o vejam. Após terminar de discuti-lo com
seu filho, e estabelecidas as regras do jogo, coloque uma cópia em um lugar visível da casa,
por exemplo, na porta do refrigerador ou do quarto da criança. Isto agregará um importante
impacto visual a suas afirmações verbais e lhe servirá de recordação de que realmente você
fala a sério. Também ajudará aos pais a perseverar no plano.
Em cada folha de papel que você coloque em um lugar visível escreva o nome da
criança, os comportamentos que você exigiu e o que acontecerá se não cumpre: “João fará
seus deveres antes de comer. Se escolhe não faze-lo, não poderá ir brincar com Paulo”.
A lousa ou folha onde contenha estas anotações será colocada junto com a que
registra as regras do jogo em seu plano disciplinário.
- Se você tem problemas com dois ou mais filhos, pode reuni-los todos ao mesmo
tempo, apesar de que sempre é melhor fazê-lo por separado, como sinal de respeito à
individualidade deles.
- É importante que os pais atuem juntos, quando ambos estão disponíveis. Primeiro
devem colocar-se de acordo sobre o que exigir-lhe-ão. A seguir, apresentem o plano ao filho
juntos, olhando-o ambos aos olhos ao falar-lhe.
Por exemplo:
Mãe: “João, estou muito preocupada com o seu comportamento. Não posso admitir
que ande vagabundeando pela vizinhança e metendo-se em confusões ao sair do colégio.
Quero que venha diretamente do colégio para casa sem andar por aí e que em seguida faça
seus deveres”.
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ESTABELECER AS REGRAS DO JOGO
Pai: “Estou de acordo com sua mãe. Se meteu em muitas confusões depois do
colégio. Virá direto para casa e fará os deveres”.
Nunca expresse uma opinião contrária à de seu cônjuge diante do filho nestas
situações, porque enfraquecerá fatalmente sua mensagem. Os pais devem acordar de
antemão o conteúdo e a forma do estabelecimento que farão à criança.
Nada funcionará se você, como pai, não está disposto a respaldar suas palavras com
atos cada vez que o comportamento de seus filhos o requeira.
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ESTABELECER AS REGRAS DO JOGO
Os pontos analisados neste capítulo servem para quando você vê que fracassou no
que tentou para melhorar as condutas impróprias de seus filhos.
Ante esta situação estabeleça primeiro um plano sistemático de EP, a seguir sente-se
com seus filhos e estabeleça as regras do jogo.
Pai (com calma coloca uma marca vermelha no papel de disciplina que está pregado
na porta da geladeira): “Disse-lhe que não deve responder. Esta é a segunda vez que o faz.
Você vá para seu quarto imediatamente”.
Filho (choramingando): “Mas acabo de estar em meu quarto! O que acontece é que
vocês não me querem e não lhes agrada estar comigo...”.
Pai (com calma): “João, foi escolha sua. Lhe dissemos quando conversamos com
você a noite que não podemos tolerar respostas de mal tom. Portanto, vá para seu quarto
imediatamente”.
Pai: “Estou muito contente pela forma como está se comportando. Ganhou outro xis.
Quando chegar a cinco, poderá ir dormir na casa de seu amigo Luis, como você queria”.
- Tente criar um equilíbrio. Estabeleça limites firmes e a seguir reforce-os com apoio
positivo.
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SITUAÇÕES ATÍPICAS
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SITUAÇÕES ATÍPICAS
A aplicação da EP nem sempre terá êxito já que, apesar de ser muito útil e
eficiente, existem situações na quais resultará insuficiente. Estas são cada vez mais
frequentes e você não deve sentir-se culpada ou infeliz se ocorrem em algum de seus filhos.
É importante enfrentar esses casos com a maior rapidez possível, porque, em geral,
costumam alterar toda a dinâmica familiar e, por imitação, filhos menores saudáveis
tenderão a reproduzir as condutas distorcidas de um irmão com problemas patológicos.
Déficit atencional.
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SITUAÇÕES ATÍPICAS
As crianças que sofrem Transtorno Atencional são dispersas, com dificuldades para
manter uma atenção sustentada no que fazem como: acompanhar a aula no colégio ou
concentrar-se nos deveres ou outra função em sua casa.
Geralmente, os pais deverão repetir-lhe uma ordem várias vezes e terão a impressão
de que não os escuta nem lhes presta atenção.
Ainda que muitos deles foram avaliados, mostrando um ótimo nível de inteligência, o
mais provável é que tenham baixas qualificações no colégio, com rendimento inadequado
em classe, más condutas e motivando queixas de seus mestres.
Depressão
Uma segunda situação atípica em que a criança provavelmente não responderá à EP,
e pela qual é necessário consultar a um profissional, está conformada pelos episódios de
depressão.
Depressão
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SITUAÇÕES ATÍPICAS
É difícil de diagnosticar porque a criança não sabe dizer que está triste. Se manifesta,
em geral, em decaimento ou movimento excessivo; agressividade; mal dormir ou
dificuldades para ser despertados na manhã, quando este problema não existia
anteriormente; inapetência ou grande voracidade; choro frequente com dificuldade para
explicar o motivo de sua tristeza.
Se você observa algum desses sintomas, mesmo que seja apenas um deles, não
hesite em consultar um especialista a fim de ser orientado.
Ansiedade
Em terceiro lugar, deve levar-se em conta a ansiedade como situação atípica nas
crianças. Principalmente porque é uma causa de sofrimento, mas também porque tampouco
responderão à EP.
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SITUAÇÕES ATÍPICAS
Ansiedade de separação.
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SITUAÇÕES ATÍPICAS
Qualquer destas três situações atípicas são entidades clínicas que requerem
necessariamente uma consulta profissional, já que se trata de dificuldades de
comportamento nas quais a EP, apesar de dever ser aplicada, é insuficiente.
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FILHOS RESPONSÁVEIS
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FILHOS RESPONSÁVEIS
Há duas palavras chaves para os pais quando educam seus filhos: compreensão e
firmeza.
Os pais devem procurar entender por que um filho se porta mal e ajudá-lo a corrigir
sua conduta, através de passos coerentes e consecutivos que incluem a persuasão, a
advertência, vias não violentas de castigo e formas de premiar que incentivem a criança a
perseverar no bom caminho.
A infância bem orientada pelos pais é o primeiro grande passo na busca da felicidade
ao longo da vida.
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SITUAÇÕES ATÍPICAS
O êxito desta busca depende de que cada pessoa seja orientada desde seus
primeiros anos ao máximo aproveitamento de suas boas qualidades e a renunciar a
desordem que se dá por uma vontade que também tende ao egoísmo e uma inteligência que
também tende a ser superficial. Na aprendizagem de como ser bom e obter êxito,
desempenha um papel decisivo o crescimento reto sob a orientação da vara ou “tutor”
paterno que descrevemos no começo deste livro.
Nessa tarefa difícil, mas essencial de encaminhar à criança a uma vida de retidão, a
EP ajuda aos pais. Mas é apenas um instrumento que lhes é oferecido. Sua utilidade
depende, como com todo instrumento, de que o utilize correta e adequadamente. A
responsabilidade principal recai nos próprios pais. Seu esforço responsável por educar seus
filhos com carinho, constância e firmeza dia após dia é o que produzirá filhos maduros e os
ajudará a ser felizes.
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TERNURA
E FIRMEZA
COM OS FILHOS
ALEXANDER LYFORD-PIKE
“Seu filho passa horas em frente à televisão, você observa-o, balança a cabeça, vai e se coloca entre
ele e a TV. Já tentou de várias formas: irritado, compreensivo, brincando e mais uma vez volta a dizer-
lhe – A que horas irá fazer a tarefa? – então seu filho lhe diz que saia de frente, que fará, que daqui a
pouco vai, que hoje não lhe deram nenhuma tarefa, que faça silêncio porque o programa está muito
interessante ou que o deixe em paz.”
Como ser terno e firme sem ser autoritário nem tampouco consentidor, em que momento dizer
sim ou dizer não, até onde tolerar as más condutas. O pai ou mãe de família encontrará técnicas,
conselhos e um guia que lhes ajudará no ofício diário de ser pais, na tarefa diária de formar aos
filhos.
Falar claro, respaldar as palavras com atos e estabelecer as regras do jogo são os três princípios
que fundamentam o sistema proposto pelo autor: Educação com Personalidade (EP). Das mãos
da ternura e da firmeza dos pais às mãos dos filhos.
Foi escrito com a experiência diária da convivência com os filhos, com as crianças, seja como pai
seja como profissional e especialista, mas dirigido aos pais de família.